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PARA PROFESSORES DO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO ABORDANDO O SOLO NA ESCOLA: UNIDADE 2 COMPOSIÇÃO E CONTAMINAÇÃO DO SOLO

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PARA PROFESSORES DO ENSINOFUNDAMENTAL E MÉDIO

ABORDANDO O SOLO NA ESCOLA:

UNIDADE 2COMPOSIÇÃO E CONTAMINAÇÃO DO SOLO

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SUMÁRIO

1 APRESENTAÇÃO ����������������������������������������������� 1

2 COMPOSIÇÃO DO SOLO ����������������������������������� 2

3 POROS DO SOLO: FASES LÍQUIDA E GASOSA � 3

4 FASE SÓLIDA DO SOLO: MATÉRIA ORGÂNICA E MINERAL ��������������������������������������������������������������� 5

4�1 MATÉRIA ORGÂNICA ���������������������������������������������5

4�2 MATÉRIA MINERAL ������������������������������������������������8

4�2�1 Os minerais do solo ��������������������������������������9

4�2�2 As cargas no solo ����������������������������������������10

5 POLUIÇÃO DO SOLO ��������������������������������������� 13

6 SÍNTESE DA UNIDADE ������������������������������������� 15

7 REFERÊNCIAS ������������������������������������������������� 15

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1 APRESENTAÇÃO

Prezados professores,

Nesta unidade será estudada a composição e contaminação do solo. Sabe-se que o solo é a base para produção agrícola, edificações e estradas, entre outras coisas, mas muitas vezes não é dada a devida importância a ele. O solo é essencial para a vida, e sua preservação é primordial para que todo o meio ambiente funcione bem.

O solo é constituído por três fases diferentes que se relacionam, sendo que cada uma possui sua importância e função. Assim, esta unidade tem como objetivo estudar a composição do solo, entender como cada fase que o compõe tem seu papel relevante para o funcionamento do sistema de solo e compreender os processos de contaminação do solo.

Os objetivos específicos desta unidade são:

a) Entender a função de cada fase que compõe o solo e suas relações;

b) Estudar a porosidade, solução do solo e matéria orgânica e mineral do solo;

c) Compreender o processo de poluição do solo e como podemos evitar que sistemas bióticos sejam atingidos por contaminantes.

Esperamos que, ao final da unidade, você esteja apto a descrever todas as fases do solo e a entender como ocorre a contaminação dele.

COMPOSIÇÃO E CONTAMINAÇÃODO SOLOElen Alvarenga Silva

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2 COMPOSIÇÃO DO SOLO

O solo é constituído pelas fases líquida, gasosa e sólida. Um solo hipotético é constituído por 25% de água, 25% de gases, 45% de material mineral e 5% de material orgânico, conforme a imagem a seguir.

Proporção dos componentes de um solo hipotético.

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No entanto, as proporções entre essas fases podem variar bastante de um solo para outro, de acordo com as condições climáticas e o tipo de material que constitui a fase sólida. Por exemplo, em um lugar onde o período chuvoso seja mais longo, pode ocorrer, por um tempo, uma maior quantidade de água no solo em detrimento da fase gasosa. Em regiões mais frias, o conteúdo de matéria orgânica pode ser maior, enquanto em regiões mais quentes e/ou secas será menor.

No solo as fases líquida (água) e gasosa (ar) ocupam os poros, que são formados pela agregação das partículas sólidas, ou seja, estas se juntam formando estruturas, entre as quais se formam poros pelos quais a água e o ar entram no solo.

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3 POROS DO SOLO: FASES LÍQUIDA E GASOSA

A porosidade do solo é a porcentagem do volume do solo não ocupado por partículas sólidas, incluindo todo espaço poroso ocupado pelo ar e pela água (CURI et al., 1993).

No solo formam-se dois tipos de poros, os macroporos (poros com diâmetro maior que 0,05 mm) e os microporos (poros com diâmetro menor que 0,05 mm), conforme a imagem a seguir.

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Normalmente a água ocupa os microporos e o ar ocupa os macroporos. Entretanto, após uma chuva intensa, tanto os macroporos quanto os microporos estarão ocupados por água e, depois de algumas horas, a água presente nos macroporos será drenada até chegar ao lençol freático. Essa drenagem da água dos macroporos ocorre por simples ação da gravidade que “puxa” a água para baixo. A gravidade, no entanto, não consegue retirar a água presente nos micro-poros e, desta forma, a água dos microporos fica disponível para as plantas e os organismos que vivem no solo

SAIBA MAIS:

Os macroporos do solo também ajudam na diminuição da erosão. Eles melhoram a infiltração de água e com isso diminui a quantidade de água que vai escorrer sobre o solo.

Representação esquemática mostrando a relação entre a fase sólida e os poros (macro e micro) no solo.

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Com o passar do tempo, a água presente nos micro-poros será absorvida pelas plantas e organismos, e também pode ocorrer o processo de evaporação a partir da super-fície. Devido a isso, os microporos vão perdendo água, sendo preenchidos por ar. Assim, será necessária uma nova chuva para que os microporos sejam preenchidos novamente com água. A água presente no solo vem principalmente das chuvas, mas a composição da água da chuva é bem diferente da água do solo.

A fase líquida, ou a água do solo é chamada de solução do solo. Este nome é dado porque no solo a água não é pura, ou seja, quando a água infiltra no solo muitos íons se solubi-lizam (dissolvem) nela. Portanto, a solução do solo é resul-tante de inúmeras reações que ocorrem com as outras fases que constituem o solo, principalmente a fase sólida. Pode-se dizer que a solução do solo é um sistema dinâmico, e que troca matéria com suas vizinhanças - as plantas absorvem a água e nutrientes que necessitam da solução do solo.

O ar do solo ocupa principalmente os macroporos. Sua característica é semelhante ao do ar atmosférico, diferen-ciando apenas na concentração dos gases que os constituem.

É bem fácil mostrar para os alunos a presença de poros no solo. Para isto, basta pegar um torrão seco de solo e mergulhá-lo em um copo com água. Quando o torrão entra em contato com a água, os poros que estavam cheios de ar são preenchidos pela água, liberando bolhas de ar.

Confira o roteiro completo e um vídeo mostrando o experimento “Ar do solo”, disponível em:

Vídeo http://goo.gl/6Lnj8e

Roteiro completo http://goo.gl/WREsDh

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Essa diferenciação nos teores dos gases ocorre porque, em primeiro lugar, as raízes e organismos que vivem no solo necessitam respirar. Neste processo, eles consomem o oxigênio (O2) e liberam gás carbônico (CO2), aumentando os teores de CO2 e diminuindo os teores de O2. No solo os teores de CO2 ficam próximos a 1% enquanto que na atmosfera é de 0,03%. Em segundo lugar a difusão do ar no solo é dificultada porque os poros são tortuosos e descon-tínuos. Quando estamos em uma sala fechada e abrimos a porta e a janela, o ar atmosférico dentro da sala é rapida-mente renovado. No solo também existe essa difusão e renovação do ar, porém isso não é instantâneo, e ocorre em um tempo maior.

Embora não pareça, a boa aeração do solo é importante para a produção agrícola e o crescimento das plantas em geral, pois sem ar as raízes não conseguem respirar e podem morrer, causando danos e perdas no desenvolvimento vegetal. Um solo que permaneça muito tempo com excesso de água pode causar problemas de aeração para as raízes. Se a aeração for deficiente no solo, os organismos vão competir com as raízes, o que também pode causar danos à produção agrícola.

4 FASE SÓLIDA DO SOLO: MATÉRIA ORGÂNICA E MINERAL

Como visto, as fases líquida e gasosa ocupam o espaço poroso do solo, o qual é formado pela agregação das partí-culas sólidas.

Agora, será apresentada a fase sólida do solo, que pode ser dividida em duas partes: os sólidos orgânicos, ou matéria orgânica, e os sólidos inorgânicos, ou matéria mineral.

Para ficar mais fácil o entendimento, essas partes (orgânicas e inorgânicas do solo) serão apresentadas separa-damente.

4�1 MATÉRIA ORGÂNICA

A matéria orgânica, assim chamada a fase sólida orgânica do solo, é constituída por restos vegetais (folhas, galhos, frutos e raízes) e animais (esqueletos e fezes) em

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Decomposição – quebra das moléculas orgânicas dos resíduos vegetais e animais pelos organismos.

Mineralização – é a transformação de moléculas orgânicas em compostos inorgânicos como CO2, H2O e nutrientes.

Humificação – é formação do húmus promovida pelos organismos a partir da matéria orgânica em decom-posição.

GLOSSÁRIO:

diferentes graus de decomposição. Os resíduos vegetais frescos, depositados sobre ou dentro do solo, sofrem o processo de decomposição pelos organismos do solo. Essa matéria orgânica será fonte de nutrientes tanto para plantas quanto para organismos. Parte desse material orgânico vai ser humificado pelos organismos do solo, formando uma fração conhecida como húmus, ou fração húmica, que é constituída de moléculas orgânicas bem grandes e complexas. A fração húmica é muito importante no solo, pois além de ajudar na agregação das partículas sólidas, ela também é responsável pela maioria das cargas, que podem reter nutrientes, presentes nos solos tropicais e subtropicais.

Embora a matéria orgânica seja importante para o solo, ela é encontrada em pequenas quantidades (cerca de 5% do volume de solo ou menos). Ela se concentra nas primeiras camadas, porque é depositada pelos animais e vegetais que estão principalmente sobre ou na superfície do solo. Assim, o teor de matéria orgânica no solo diminui conforme aumenta a profundidade do solo.

Os teores de matéria orgânica são bastante variáveis de um solo para outro, pois depende da quantidade de resíduos orgânicos que são depositados no solo e do quanto dessa matéria orgânica é mineralizada.

A mineralização destrói as moléculas orgânicas trans-formando-as em inorgânicas. Quando isso acontece, o solo perde material orgânico. Já quando o resíduo orgânico é decomposto, ele forma o húmus, aumentando o teor de material orgânico no solo, consequentemente melhorando a agregação e a quantidade de cargas negativas. Mais à frente será visto a importância das cargas negativas no solo.

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As plantas absorvem os nutrientes do solo e os incor-poram em seus tecidos vegetais. Quando essas plantas depositam seus resíduos sobre o solo, esses nutrientes voltam para o solo e são absorvidos novamente pelas novas plantas que crescem no local. Esse processo é conhecido como ciclagem de nutrientes.

A ciclagem de nutrientes é um processo muito impor-tante e garante que alguns solos pobres sustentem florestas exuberantes, ou seja, a ciclagem dos nutrientes pelas plantas vai sustentando a floresta. No Brasil, esse processo pode ser observado na Floresta Amazônica. A maior parte dos solos sob essa floresta são pobres em nutrientes, mas a ciclagem dos nutrientes pelas plantas faz com que exista uma floresta, mesmo se tratando de um solo pobre.

A matéria orgânica humificada pode, inclusive, dar cor ao solo. As camadas de solo que apresentam maior

teor de matéria orgânica apresentam coloração que varia de castanho a preto, conforme a imagem ao lado.

Relembrando: a matéria orgânica é formada pelo processo de decomposição e humificação do resíduo vegetal e animal depositado sobre o solo. Além de melhorar a agregação do solo, a matéria orgânica também aumenta a porosidade do solo e conse-quentemente melhora a infiltração de água. A quantidade de matéria orgânica que vai acumular no solo depende do clima, do tipo de vegetação, da textura do solo, da umidade e do tipo de uso que é dado ao mesmo.Coloração escura devida à presença de matéria orgânica em

um solo situado na Lapa (PR).

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4�2 MATÉRIA MINERAL

A parte mineral é constituída por fragmentos de rochas e minerais, com formas e tamanho variados. No solo, a matéria mineral ou simplesmente minerais do solo sofrem uma divisão por tamanho de partícula. Partículas maiores que 2 mm são chamadas de esqueleto do solo e são constituídas por cascalhos (2 mm a 2 cm), calhaus (2 a 20 cm) e matacão (> 20 cm). O esqueleto do solo vai constituir a pedregosidade ou rochosidade do solo e, ao contrário do que se imagina, é pouco comum encontrar partículas maiores que 2 mm nos solos brasileiros.

Já a fração mais importante do solo é chamada de terra fina, que é composta por partículas menores de 2 mm. É dividida da seguinte maneira: areia (2 a 0,05 mm), silte (0,05 a 0,002 mm) e argila (< 0,002 mm). Esta divisão está relacionada exclusivamente ao tamanho da partícula (conforme a imagem a seguir) e não com o tipo de mineral que a compõe.

Escala de tamanho da fração mineral do solo

Então, quando se diz que um solo é argiloso, está se dizendo apenas que neste solo existe um predomínio de minerais do tamanho de argila.

Quando seguramos um torrão de solo em nossas mãos, não estamos segurando apenas um grão de areia, ou silte, ou argila, estamos segurando bilhões de partículas de areia, silte e argila. Todo solo tem as três frações que compõem a terra fina. Lógico que em alguns solos uma fração vai ter maior porcentagem que as outras, mas sempre as três frações estarão presentes.

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4�2�1 Os minerais do solo

As frações areia e silte são compostas principalmente por minerais primários, enquanto que a fração argila é composta por minerais secundários. Os minerais primários são aqueles provenientes das rochas, que ao sofrerem a ação do clima e dos organismos começam a apodrecer e a dar origem ao solo – este processo de apodrecimento das rochas pela ação de agentes químicos, físicos e biológicos é chamado de intemperismo. Sendo assim, os minerais que estão no solo, da mesma forma de quando estavam na rocha, são chamados de minerais primários, pois sofreram apenas intemperismo físico (diminuição de tamanho).

Já os minerais secundários são formados no solo pelo intemperismo dos minerais primários. Isto é, os minerais primários que estavam no tamanho de areia ou silte sofrem intemperismo químico, podendo ser totalmente dissolvidos, e os elementos químicos liberados podem se recombinar e dar origem aos minerais secundários, ou seja, aos minerais que são formados no próprio solo e predominam na fração argila. Quando esses elementos dissolvidos não se recom-binam, eles permanecem na solução do solo, podendo ser absorvido pelas plantas ou simplesmente perdido por lixiviação.

Lixiviação – processo de percolação da água no solo, ou seja, quando a água é drenada pelo solo, até chegar ao lençol freático, levando consigo todos os elementos que estiverem nela dissolvidos, sejam estes elementos nutrientes ou contaminantes.

Como dito anteriormente, é nas frações areia e silte que se encontram os minerais primários. Estes minerais podem apresentar alguma reserva de nutrientes, ou seja, na constituição destes minerais podem-se encontrar alguns nutrientes para as plantas, tais como cálcio (Ca), potássio (K), magnésio (Mg), ferro (Fe), manganês (Mn), cobre (Cu), zinco (Zn), entre outros. Estes nutrientes fazem parte da estrutura

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As rochas são formadas pela agregação de um ou mais minerais predominantes. Por exemplo, a rocha denominada granito, é formada pela agregação de três minerais predominantes: quartzo, feldspato e mica.

Como demonstrar a presença de cargas no solo? Confira o roteiro Confira o roteiro completo e um vídeo do experimento “Cargas no Solo” no link:

Roteiro completohttp://goo.gl/J4p8X3

Vídeohttp://goo.gl/tfYNwY

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SAIBA MAIS:

EXPERIMENTE:

dos minerais primários que, ao sofrerem o intemperismo, liberam esses nutrientes para a solução do solo.

O quartzo, formado apenas por silício (Si) e oxigênio (O), embora não tenha nenhuma reserva de nutrientes, é o mineral primário mais comum na fração areia e silte dos solos brasileiros. Pela presença do quartzo, nossas areias são de cores claras, porém, em outras regiões, se pode encontrar areia de outras cores, de acordo com a cor do mineral que compõe esta fração.

4�2�2 As cargas no solo

A fração argila é composta principalmente por minerais secundários e, ao contrário das frações areia e silte, não apresenta nenhuma reserva de nutrientes. Mas, apesar de tão pequena, por que a fração argila é tão importante no solo? A resposta a essa pergunta é simples: embora a fração argila não possua reserva de nutrientes, ela possui cargas em sua superfície. Estas cargas são responsáveis pela capacidade de troca de cátions (CTC) do solo. As cargas na superfície da argila podem reter os nutrientes por simples atração eletros-tática, retirando-os da solução do solo e evitando que estes nutrientes sejam perdidos do solo por lixiviação.

As plantas e os organismos retiram os nutrientes que eles precisam da solução do solo, ou seja, dos nutrientes que estão retidos na superfície da argila. Para isso, a planta faz uma troca com a superfície da argila liberando um H+ para a superfície e a superfície libera o nutriente para ela, através da solução do solo.

A CTC está relacionada com a presença de cargas negativas na superfície da matéria orgânica e da fração argila. A maioria dos nutrientes essenciais para as plantas possuem cargas positivas. Dessa forma, a retenção deles na superfície tanto da argila quanto da matéria orgânica será maior se estas superfícies apresentarem cargas negativas. É impor-tante que o nutriente seja retido na superfície dos minerais ou da matéria orgânica para evitar que seja lixiviado, ou seja, “lavado” do solo.

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Solo raso e pouco desenvolvido (“jovem”) situado em Renascença (PR).

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Os minerais secundários mais encontrados na fração argila são os minerais silicatados (que tem silício em sua estrutura) e os oxihidróxidos de ferro (Fe) e alumínio (Al). A presença de determinado mineral vai depender basica-mente do grau de intemperismo do solo.

Solos mais jovens, ou seja, em que o intemperismo atuou pouco, são normalmente solos mais rasos, a fração

argila terá o predomínio de minerais como a vermiculita e a esmectita.

A vermiculita e a esmectita apresentam alta CTC e características de expansão e contração com a presença e ausência de água. Essa característica de expansão e contração do mineral, de acordo com o grau de umidade do solo, gera algumas caracterís-ticas físicas indesejáveis ao solo, como elevada dureza e

pegajosidade e formação de muitas fendas no período seco do ano.

Já em solos muito intemperizados (“velhos”), normalmente solos profundos (conforme a imagem a seguir), a fração argila será constituída principalmente por minerais como a caulinita que apresenta baixa CTC.

Também nestes solos mais intemperi-zados há os óxidos de ferro (como hematita e goethita) e hidróxido de alumínio (como a gibbsita), os quais apresentam em sua superfície maior número de cargas positivas sendo responsáveis pela capacidade de troca de ânions (CTA) dos solos. Esses minerais são os mais comuns da fração argila dos solos brasileiros, pois,

Solo muito profundo e bem desenvolvido (“velho”) situado em Cianorte (PR)

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Agora que já sabemos do que é constituído o solo, assista ao vídeo “Especial: Conhecendo o Solo”, disponível em:

http://goo.gl/Unp0wQ

SAIBA MAIS:

devido ao clima tropical, concentra uma maior quantidade de solos mais intemperizados. A imagem a seguir apresenta a retenção de cátions e ânions.

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Representação esquemática da troca de íons entre a superfície das partículas sólidas (esquerda) e a solução do solo (direita).

Pode-se observar na imagem anterior que a superfície da argila que tem cargas negativas retém os cátions (íons com carga positiva como o Ca+2) e a superfície que tem cargas positivas retém os ânions (íons com carga negativa como o NO3

-). Cátions e ânions que estão na solução do solo podem ser perdidos por lixiviação antes de serem absorvidos pelas plantas. Já os cátions e ânions retidos nas superfícies dos minerais secundários e da matéria orgânica são nutrientes prontamente disponíveis para as plantas.

Você pode até mesmo baixar este vídeo e usar em suas aulas�

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5 POLUIÇÃO DO SOLO

O solo consegue controlar o transporte de muitos conta-minantes e eventuais poluidores para a atmosfera, hidrosfera e biota. Antes de apresentar um pouco desta importante função do solo, serão definidos alguns termos importantes e que muitas vezes são utilizados de maneira equivocada: a diferença entre contaminação e poluição.

A contaminação está relacionada com um aumento dos teores de determinado contaminante acima dos teores naturais encontrados no solo (COSTA et al., 2012). Por exemplo, alguns metais pesados são encontrados natural-mente na composição de alguns minerais, e o solo que se forma a partir da rocha que contenha esses minerais vai apresentar um teor natural daquele metal pesado. Já o termo poluição está relacionado com o aumento dos teores dos contaminantes a ponto de comprometer os sistemas bióticos, afetando suas funcionalidades e sustentabilidade (COSTA et al., 2012). Dessa forma, existem diversos elementos inorgânicos e orgânicos que podem contaminar e, eventual-mente, poluir o solo, as águas e os sedimentos.

Como visto anteriormente, a água que infiltra ou que escorre por cima do solo contém vários tipos de íons e substâncias nela dissolvidas. Pode-se ter muitos íons benéficos dissolvidos na água que infiltra no solo, tais como cálcio (Ca), potássio (K), ferro (Fe), magnésio (Mg) e outros nutrientes essenciais para as plantas. Mas também se pode ter muitos íons e compostos orgânicos tóxicos, tais como chumbo (Pb), cádmio (Cd), arsênio (As), agrotóxicos, entre outros. Assim, se houver um processo de lixiviação da solução do solo, que está contaminada por chumbo (Pb), por exemplo, esse metal pode sair do solo e chegar até o lençol freático, o qual é responsável pela manutenção de rios, lagos e mares, e, uma vez que o poluente alcança os cursos d’água, a contaminação fica disseminada.

Os contaminantes podem ser de origem natural, ou produzidos pelo ser humano. Este último tem um grande poder de poluir o meio ambiente. O solo e a água podem ser contaminados pela disposição de diversos tipos de resíduos

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no meio ambiente, tais como: lixo urbano, lodo de esgoto, resíduos industriais, resíduos de mineração, aplicação de agrotóxicos, adubação química e orgânica, entre outros.

No entanto, o solo pode ajudar a evitar a contaminação e poluição das águas superficiais e subterrâneas, visto que possui cargas e estas funcionam como uma barreira ao deslocamento de determinados poluentes, ou seja, assim como os nutrientes ficam retidos nas cargas da argila e da matéria orgânica, os poluentes também podem ficar retidos no solo, evitando que possam ser lixiviados e consequente-mente que contaminem as águas subterrâneas. As cargas negativas retêm os poluentes de carga positiva (CTC) e as cargas positivas retêm os poluentes de carga negativa (CTA).

É importante destacar que se deve tomar cuidado com a erosão, pois muitas vezes esses poluentes estão retidos nas cargas do solo e inativos até então. No entanto, se o solo começar a ser perdido por erosão, essas partículas serão carreadas para dentro dos rios, causando a sua contami-nação.

SAIBA MAIS:

Para mais detalhes sobre a poluição do solo, confira o capítulo 4 do livro “O Solo no Meio Ambiente: abordagem para professores do ensino fundamental e médio e alunos do ensino médio”, disponível em:

http://goo.gl/BCMxhj

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6 SÍNTESE DA UNIDADE

Nesta unidade foi apresentada a constituição do solo, que é dividida em três fases: gasosa, líquida e sólida. As fases gasosa (ar do solo) e líquida (solução do solo) ocupam os espaços porosos do solo; já a fase sólida contém a matéria orgânica do solo (que concentra resíduos orgânicos em vários estádios de decomposição) e a matéria mineral (compostas pelos minerais do solo), que podem ser divididas de acordo com o tamanho nas frações areia, silte e argila.

Também foi visto que as frações areia e silte são compostas principalmente por minerais primários, e a fração argila, por minerais secundários e que estes, junto com a matéria orgânica, são responsáveis pela formação de CTC e CTA nos solos.

Ainda foi apresentada a diferença de contaminação e poluição, e como o solo tem papel importante, pela sua capacidade de retenção de poluentes, contribuindo para a preservação de sistemas bióticos e evitando a contaminação de aquíferos. Assim, é muito importante preservar o solo e usá-lo da forma correta, pois esse é um sistema primordial à vida.

7 REFERÊNCIAS

COSTA, C. N. et al. Contaminantes e poluentes do solo e do ambiente. In: MEURER, E. J. (Ed.). Fundamentos de química do solo. Porto Alegre: Evangraf, 2012. p. 201-242.

CURI, N. et al. Vocabulário de ciência do solo. Campinas, SP: Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 1993. 90 p.

LEPSCH, I. F. 19 lições de pedologia. São Paulo: Oficina de Textos, 2011. 456 p.

MELO, V. F.; LIMA, V. C. Composição do solo, crescimento de plantas e poluição ambiental. In: LIMA, V. C.; LIMA, M. R.; MELO, V. F. (Eds.). O solo no meio ambiente: abordagem para professores do ensino fundamental e médio e alunos do ensino médio. Curitiba: Universidade Federal do Paraná, Departamento de Solos e Engenharia Agrícola, 2007. p. 27-48.