dispersÃo sÓlida como tecnologia para melhoria …

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DO ARAGUAIA INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE GRADUAÇÃO EM FARMÁCIA JOÃO AUGUSTO GARCIA AGUIAR DO NASCIMENTO DISPERSÃO SÓLIDA COMO TECNOLOGIA PARA MELHORIA DAS PROPRIEDADES BIOFARMACÊUTICAS: ÊNFASE EM ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO ESTEROIDAIS Barra do Garças MT 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DO ARAGUAIA

INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

CURSO DE GRADUAÇÃO EM FARMÁCIA

JOÃO AUGUSTO GARCIA AGUIAR DO NASCIMENTO

DISPERSÃO SÓLIDA COMO TECNOLOGIA PARA

MELHORIA DAS PROPRIEDADES BIOFARMACÊUTICAS:

ÊNFASE EM ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO ESTEROIDAIS

Barra do Garças –MT

2018

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DO ARAGUAIA

INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

CURSO DE GRADUAÇÃO EM FARMÁCIA

JOÃO AUGUSTO GARCIA AGUIAR DO NASCIMENTO

DISPERSÃO SÓLIDA COMO TECNOLOGIA PARA

MELHORIA DAS PROPRIEDADES BIOFARMACÊUTICAS:

ÊNFASE EM ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO ESTEROIDAIS

Monografia apresentada à banca examinadora do

Curso de Graduação de Bacharelado em

Farmácia do Campus Universitário do

Araguaia/UFMT, como requisito parcial para

obtenção do Título de Bacharel em Farmácia.

ORIENTADOR: Prof. Dr. Fernando Boldrini

Barra do Garças –MT

2018

JOÃO AUGUSTO GARCIA AGUIAR DO NASCIMENTO

DISPERSÃO SÓLIDA COMO TECNOLOGIA PARA

MELHORIA DAS PROPRIEDADES BIOFARMACÊUTICAS:

ÊNFASE EM ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO ESTEROIDAIS

Monografia apresentada à banca examinadora do

curso de Farmácia do Campus Universitário do

Araguaia/UFMT, como exigência para a

obtenção do Título de Bacharel em Farmácia.

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________

Prof. Dr. Fernando Boldrini

ORIENTADOR

___________________________________________________

Profª. Dra. Eliane Aparecida Suchara

EXAMINADORA

___________________________________________________

Prof. Dr. Claudemir Batalini

EXAMINADOR

Nota final:_____

Barra do Garças – MT

2018

RESUMO

A dispersão sólida é uma tecnologia muito empregada com a finalidade de melhorar a

biodisponibilidade oral de fármacos pouco solúveis como os anti-inflamatórios não esteroidas

(AINE's). Este trabalho teve por objetivo revisar a literatura sobre a aplicação da tecnologia

de dispersão sólida na melhoria das propriedades biofarmacêuticas de fármacos anti-

inflamatórios não esteroidais presentes em formas farmacêuticas sólidas orais. A plataforma

digital Web of Science foi a principal base de dados utilizada no período de 1961-2018.

Segundo o Sistema de Classificação Biofarmacêutica (SCB) os AINES’s podem ser da classe

II ou IV, em virtude de baixa solubilidade, e com isso devem ser empregadas novas

tecnologias, como as dispersões sólidas, para que seja possível a otimização do medicamento

em relação a sua biodisponibilidade. Isso decorre de propriedades típicas das dispersões

sólidas, tais como, redução total ou parcial de cristalinidade do fármaco e matriz, redução do

tamanho de partícula do fármaco, podendo alcançar o nível molecular e aumento de afinidade

do fármaco com o meio aquoso decorrente do uso de matrizes hidrofílicas. Os estudos

indicam que as dispersões sólidas são uma tecnologia eficiente para o aumento da

solubilidade dos AINE'S com resultados muito acima das formulações convencionais

disponibilizadas no mercado.

Palavras chave: Dissolução, Biodisponibilidade, AINE's.

ABSTRACT

Solid dispersion is a widely used technology for the purpose of improving the oral

bioavailability of poorly soluble drugs such as non-steroidal anti-inflammatory drugs

(NSAIDs). The objective of this work was to review the literature on the application of solid

dispersion technology in improving the biopharmaceutical properties of non - steroidal anti -

inflammatory drugs present in solid oral dosage forms. The Web of Science digital platform

was the main database used in the period 1961-2018. According to the Biopharmaceutical

Classification System (BCS), NSAIDs may be class II or IV, due to low solubility, and with

this new technologies, such as solid dispersions, must be employed, in order to optimize the

drug in relation to their bioavailability. This is due to the typical properties of the solid

dispersions, such as total or partial reduction of drug and crystalline matrix, reduction of drug

particle size, being able to reach the molecular level and increase of drug affinity with the

aqueous medium resulting from the use of hydrophilic matrices. The studies indicate that

solid dispersions are an efficient technology for increasing the solubility of NSAIDs with

results well above the conventional formulations available on the market.

Keywords: Dissolution, Bioavailability, NSAIDs.

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - Diferentes classes biofarmacêuticas de fármacos segundo o SCB ............. 18

FIGURA 2 - Processo do comprimido até a absorção ..................................................... 23

FIGURA 3 - Influências que o a matriz e o fármaco tem na dispersão ........................... 24

FIGURA 4 - Gerações das dispersões sólidas e suas características ............................... 26

FIGURA 5 - Perfil de dissolução por gerações de dispersão sólida ............................... 26

FIGURA 6 - Formas de dispersões sólidas ...................................................................... 27

FIGURA 7 - Exemplificação da extrutora por fusão a quente ......................................... 33

FIGURA 8 - Esquema de preparação da dispersão sólida por aspersão .......................... 36

FIGURA 9 - Cascata de inflamação ................................................................................. 38

FIGURA 10 - Estrutura molecular do Ibuprofeno ........................................................... 39

FIGURA 11 - Perfil de dissolução comparado com a MM do polímero ......................... 40

FIGURA 12 - Perfil de dissolução comparado com solvente usado na obtenção da DS . 40

FIGURA 13 - Comparação do perfil de dissolução da dispersão sólida com diferentes

tensoativos .........................................................................................................................

41

FIGURA 14 - Comparação da diferença e proporção de solventes (a) acetona; (b)

etanol, utilizados para a preparação de dispersão sólida de ibuprofeno e seu perfil de

dissolução ..........................................................................................................................

42

FIGURA 15 - Imagem de microscopia eletrônica de varredura comparando a dispersão

sólida 1:4 com acetona com a dispersão sólida 1:4 com etanol ........................................

43

FIGURA 16 - Estrutura molecular do Naproxeno ........................................................... 43

FIGURA 17 - Estrutura molecular do Cetoprofeno ......................................................... 44

FIGURA 18 - Imagem da Difração de Raio-X, (A) Cetoprofeno; (B) PM 30%

Cetoprofeno K30; (C) MF 30% Cetoprofeno PVPVA 6: 4; (D) MF 30% Cetoprofeno

PVA; (E) SD 30% Cetoprofeno PVP K30; (F) SD 30% Cetoprofeno PVPVA 6: 4; (G)

SD 30% Cetorpofeno PVA e (H) PVA puro .....................................................................

45

FIGURA 19 - (A) Perfil de dissolução cetoprofeno e PVP K30; (B) Perfil de

dissolução cetoprofeno PVP/VA; (C) Perfil de dissolução cetoprofeno e PVA; (D)

Comparação do perfil de dissolução de todas as dispersões sólidas .................................

46

FIGURA 20 - Possível mecanismo de liberação para a dispersão sólida com matriz

PVP-K30 ...........................................................................................................................

46

FIGURA 21 - Estrutura molecular do Piroxicam ............................................................. 47

FIGURA 22 - Imagem da difração de Raio-X do piroxicam puro, mistura fisica e

dispersão sólida para PVP K90 e PVP K17 ......................................................................

48

FIGURA 23 - Imagem de IVTF caracterização da amorfização da dispersão sólida ...... 48

FIGURA 24 - Comparação do perfil de dissolução das Dispersões sólidas com as

matrizes PVP K-90 e K17 .................................................................................................

49

FIGURA 25 - Estrutura molecular da Nimesulida ........................................................... 50

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

AA - Ácido araquidônico

AAS - Ácido acetilsalicílico

AINE's - Anti-inflamatórios não esteroidais

Compritol 888 ATO® - Behenato de glicerilo

COX-1 - Ciclooxigenase-1

DS - Dispersão sólida

FDA - Food and Drug Administration

IVTF - Infra Vermelho com Transformador de Fourier

Gelucire® - Stearoil polioxil-32 glicerides

HPMC - Hidroxipropilmetilcelulose

Kollicoat IR ® - polivinil álcool/polietileno glicol

Lutrol ® F 68 - Poloxamer 188

MF - Mistura Fisíca

PEG - Polietilenoglicóis

PVA - Acetato de polivinila

PVP - Polivinilpirrolidona

SCB - Sistema de Classificação Biofarmacêutica

Soluplus® - Polivinil caprolactam-polivinil acetato-poliethileno glicol

TGI - Trato gastrointestinal

Tween 80® - Polissorbato 80

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - Fatores que interferem na biodisponibilidade .................................................. 16

Sumário 1. Objetivo ............................................................................................................... 12

1.1.Objetivo geral ................................................................................................ 12

1.2.Objetivo específico ........................................................................................ 12

2. Metodologia ......................................................................................................... 13

3. Revisão de literatura ............................................................................................ 14

3.1.Introdução ...................................................................................................... 14

3.2.Biofarmácia ................................................................................................... 15

3.2.1.Fatores que afetam a biodisponibilidade ..............................................15

3.2.2.Sistema de Classificação Biofarmacêutica ........................................... 18

3.3.Mecanismo de liberação ................................................................................ 22

3.3.1.Desintegração e dissolução ................................................................... 22

3.3.2.Mecanismo de liberação das dispersões sólidas ................................... 24

3.4.Dispersão Sólida ............................................................................................ 25

3.4.1.Dispersão sólida cristalina (1ª geração) ................................................ 27

3.4.2.Dispersão sólida amorfa (2ª geração) ................................................... 28

3.4.3.Dispersão sólida amorfa + adjuvante (3ª geração) ............................... 30

3.4.4.Dispersão sólida amorfa de liberação controlada (4ª geração) ............. 31

3.5.Método de preparação ................................................................................... 32

3.5.1.Fusão ..................................................................................................... 32

3.5.2.Solvente ................................................................................................ 34

3.5.3.Solvente-fusão ...................................................................................... 37

3.6.Anti-inflamatórios não esteroidais ................................................................ 37

3.6.1.Ibuprofeno ............................................................................................ 39

3.6.2.Naproxeno ............................................................................................ 43

3.6.3.Cetoprofeno .......................................................................................... 44

3.6.4.Piroxicam .............................................................................................. 47

3.6.5.Nimesulida ............................................................................................ 50

4. Conclusão ............................................................................................................ 51

5. Referências .......................................................................................................... 52

12

1. Objetivo

1.1. Objetivo geral

O presente trabalho tem como finalidade desenvolver uma revisão da literatura sobre a

tecnologia da dispersão sólida aplicada a melhoria das propriedades biofarmacêuticas de

fármacos anti-inflamatórios não esteroidais presentes em formas farmacêuticas sólidas

destinadas a administração oral.

1.2. Objetivo específico

• Descrever as diferentes técnicas de preparação de dispersões sólidas;

• Descrever as possíveis composições para as dispersões sólidas;

• Relacionar a composição das dispersões sólidas e seus mecanismos de

liberação;

• Analisar a viabilidade das dispersões sólidas para correção de problemas de

baixa solubilidade dos anti-inflamatórios não esteroidais;

• Desenvolvimento de revisão das principais anti-inflamatórios não esteroidais

desenvolvidos como dispersões sólidas.

13

2. Metodologia

Nesta revisão foi utilizada as base de dados Web of Science, Science Direct e

PubMed, nos períodos de 1961-2018. O inglês foi a língua empregada na busca dos artigos.

Foram utilzadas as palavras-chave Solid dispersion, Solid dispersion amorphous, first solid

dispersion, non-steroidal anti-inflammatory and solid dispersion, non-steroidal anti-

inflammatory e solid dispersion method.

14

3. Revisão de literatura

3.1. Introdução

Com o passar das décadas a indústria farmacêutica percebeu que não era possível a

utilização apenas de fármacos com os requisitos de boa dissolução e permeação, pois a

maioria dos novos fármacos desenvolvidos já não apresentavam mais essas características

físico-químicas (KU & DULIN, 2012; VAN DEN MOOTER et al., 2006).

Para racionalizar o desenvolvimento de fármacos com problemas de dissolução e

permeação, em 1995 Amidon et al. criaram o sistema de classificação biofarmacêutica (SCB),

no qual os fármacos foram classificados conforme as duas propriedades de solubilidade e

permeabilidade. O SCB auxilia na melhor compreensão das necessidades típicas de cada

fármaco. Logo, segundo o SCB, resolvendo as limitações de cada classe, a biodisponibilidade

de cada fármaco aumenta, viabilizando o uso de muitos na terapêutica. Surgiram então

variadas tecnologias para elucidar tais limitações, tanto na modificação estrutural do fármaco,

como suas características físico-químicas, forma farmacêutica, entre outros (JERMAIN;

BROUGH; WILLIAMS III, 2018; KORN & BALBACH, 2014).

Das classes do SCB, a classe II. é a que mais tem estudos para solucionar suas

limitações. A solubilidade em tese é mais fácil de resolver, pois tem menos fatores externos

ao fármaco envolvidos na problemática. Dentre todas as tecnologias que são utilizadas para

aumentar a solubilidade do fármaco, o método de dispersão sólida tem sido a mais

promissora. Dentro da classe II os anti-inflamatórios não esteroidais (AINE's) é uma das

classes do SCB que mais possuem fármacos (ADEBISI et al., 2016).

As dispersões sólidas consiste em uma metodologia de trabalho antiga que vem sendo

aprimorada durante anos. Hoje ela é definida como uma dispersão de um fármaco

cristalino/amorfo em uma ou mais matrizes, através de métodos de fusão, solvente ou

solvente-fusão. A metodologia será escolhida de acordo com a necessidade de cada fármaco

ou matriz trabalhada (THIRY et al., 2016; SOSNIK & SEREMETA, 2015).

As características das dispersões sólidas para melhorar a solubilidade e dissolução está

na diminuição drástica das partículas do fármaco, a mudança da partícula do estado cristalino

para o amorfo quando dispersa na matriz, a utilização de polímeros hidrofílicos na formulação

e mais recentemente, a adição de adjuvantes que diminuem a força de coesão das partículas

(KOJO et al., 2017).

15

O aumento da solubilidade é de suma importância e reduzir a quantidade de fármaco

ingerido para uma ação terapêutica eficaz reduz a possibilidade da ocorrência de efeitos

adversos. Por exemplo, a inibição da ciclooxigenase-1 (COX-1), que tem ação citoprotetora

da mucosa gastrointestinal, pode causar úlceras ou até insuficiência renal (SMITH et al.,

2012;BATLOUNI, 2010).

3.2. Biofarmácia

Biofarmácia é definida como as características físico-químicas dos fármacos, forma de

dosagem e via de administração que possam afetar o perfil e o tempo de absorção do

medicamento. A relação medicamento, dosagem e via de administração determina a sua

biodisponibilidade efetiva. Para que um medicamento tenha o efeito desejado é necessário que

o fármaco alcance o seu sítio ativo e permaneça nele por tempo suficiente; e isso irá depender

da rota de administração, da forma em que é administrada e a taxa de dissolução (AULTON,

2005).

3.2.1. Fatores que afetam a biodisponibilidade

A biodisponibilidade de um fármaco administrado pela via oral está ligada a vários

fatores intrínsecos e extrínsecos. Os fatores intrínsecos ao medicamento, isto é, dependentes

dele são: características físico-químicas do fármaco, forma farmacêutica, excipientes

utilizados na sua formulação, processo de fabricação, via de administração e farmacocinética

(AULTON, 2005).

Os fatores extrínsecos, ou seja, aqueles exógenos ao medicamento, e, por conseguinte

ao fármaco são: tempo de transito gastrointestinal, metabolização de primeira passagem,

condições patológicas e idade (AULTON, 2005).

Os fatores intrínsecos ao fármaco são os mais relevantes, visto que são exatamente

nesses fatores que as dispersões sólidas irão atuar, deixando o fármaco com partículas

menores, na sua forma amorfa, com excipientes que irão ajudar na dispersão e dissolução e

utilizando um processo de fabricação que seja ideal. (AULTON, 2005).

Como a tecnologia que envolve a preparação de dispersões sólidas visa maximizar a

redução do tamanho de partículas do fármaco, na sua forma amorfa, com o uso de excipientes

que irão ajudar na dispersão e dissolução, os fatores que estão ligados ao fármaco se tornam

16

os mais relevantes. Portanto, serão esses os fatores mais abordados. De modo geral, os

principais fatores que afetam a biodisponibilidade de fármacos pela via oral estão

apresentados na Tabela 1 (ALLEN & ANSEL, 2013).

Tabela 1 - Fatores que interferem na biodisponibilidade de fármacos (fonte: modificado de ALLEN &

ANSEL, 2013)

Principais fatores que afetam a biodisponibilidade de fármacos pela via oral

Fatores relacionados ao fármaco

• Tamanho de partícula

• Cristalinidade e forma amorfa

• Forma salina

• Hidratação

• Solubilidade lipídica e aquosa

• pH e pka

• Complexos

Características próprias da forma farmacêutica

• Taxa de desintegração de comprimidos

• Tempo de dissolução

• Idade do produto e condições de estocagem

• Processo de fabricação

Excipientes farmacêuticos

• Diluentes

• Aglutinantes

• Desintegrantes

• Lubrificantes

• Agentes suspensores

• Agentes molhantes

• Agentes reológicos

• Estabilizantes

Fisiologia e características do paciente

• Tempo de esvaziamento gástrico

• Tempo de trânsito intestinal

• Anormalidade gastrintestinal ou condição

patológica

• Conteúdo gástrico

• Presença de outros fármacos

• Alimentos

• Condição dos fluidos

• pH gastrintestinal

• Metabolismo do fármaco

A redução do tamanho de partícula do fármaco pouco solúvel afeta a

biodisponibilidade porque aumenta a área de superfície, consequentemente, aumenta a taxa de

dissolução. A micronização é uma estratégia muito empregada para essa finalidade, porém

pode não ser capaz de promover substancial aumento da biodisponibilidade. A preparação de

dispersões sólidas consiste justamente em reduzir o tamanho da partícula do fármaco. Por

exemplo, na técnica em que se emprega a fusão do componente da matriz hidrofílica, como o

polietilenoglicol (PEG), com o fármaco, se alcança alto nível de redução de tamanho,

podendo chegar a dispersar molecularmente. Uma vez em um fluido gastrintestinal, a matriz

17

se dissolve rapidamente, tornando mais fácil a dissolução do fármaco (ALLEN & ANSEL,

2013).

Muitos fármacos possuem não apenas uma forma cristalina, com forma, estrutura e

propriedades físicas definidas, mas várias. Polimorfismo é o fenômeno no qual um fármaco

possui dois ou mais diferentes cristais, chamados de polimorfos. Esses podem ter não apenas

diferenças na solubilidade, mas também atividade biológica. Quando não há estrutura

cristalina definida é dito que o fármaco se apresenta amorfo. A dispersão sólida pode interferir

na estrutura de arranjo molecular do fármaco podendo obter preferencialmente seu amorfo, ou

a estabilização de algum polimorfo mais adequado. Em geral a técnica visa obter o fármaco

amorfo porque nessa forma se torna mais solúvel. Por exemplo, a insulina aplicada via

subcutânea pode estar amorfa, solúvel, ou cristalina, precipitada. Na forma amorfa a insulina é

usada para ação rápida, já na cristalina pode ser usada para ação prolongada até ação

ultralenta (ALLEN & ANSEL, 2013).

Outros importantes fatores que podem ser destacados são a forma salina ou hidratada

em que fármaco pode se apresentar. Como sal um fármaco se torna mais solúvel, logo, mais

biodisponível. A teofilina é usada como broncodilatador e é uma base pouco solúvel, podendo

ser preparada, na forma de solução apenas em misturas hidroalcoólica, mas o seu sal

etilenodiamina é bem solúvel em água, portanto preferível a ser usado (ALLEN & ANSEL,

2013).

Um fármaco na forma hidratada, isto é, possui molécula de água e seu retículo

cristalino, possui menor solubilidade que sua forma anidra. A ampicilina anidra é muito mais

solúvel que a trihidratada, por exemplo (ALLEN & ANSEL, 2013).

Os excipientes farmacêuticos desempenham fundamental importância na constituição

da forma farmacêutica na qual o fármaco estará presente, cada categoria atuando de modo

particular. Porém, se não houver um trabalho rigoroso do desenvolvimento da formulação é

possível que possam interferir negativamente na biodisponibilidade do fármaco. Os diluentes,

por exemplo, para otimizar a dissolução do fármaco pouco solúvel, devem ser insolúveis,

como o amido, pois não competindo com a água favorecem a dissolução do fármaco, ao

contrário dos solúveis, como lactose. Os aglutinantes naturalmente dificultam a desintegração,

por promoverem a adesão interpartícula, mas em quantidades adequadas o prejuízo na

biodisponibilidade é minimizado. Mas não apenas a quantidade aumentada afeta, o tipo de

substância também pode interferir. Foi demonstrado que a hidróxi-metil-etilcelulose retardou

a dissolução da clorpropamida em comprimidos porque formou um revestimento ao redor das

18

partículas de fármaco. Os lubrificantes geralmente são hidrofóbicos, como o estearato de

magnésio, portanto, sua concentração deve ser controlada para não dificultar a dissolução do

fármaco (ALLEN & ANSEL, 2013; ROWE; SHESKEY; QUINN, 2009 ).

A própria técnica usada na preparação da forma farmacêutica pode interferir

negativamente na biodisponibilidade. No caso de formas sólidas obtidas por compressão se a

pressão exercida pela máquina de compressão for aumentada pode dificultar a dissolução,

uma vez que aumenta a coesividade interpartícula, gerando comprimidos muito duros. Outros

fatores importantes que o formulador farmacêutico deve se atentar é a velocidade de

compressão para comprimidos, o tipo e tamanho de cápsulas gelatinosas e o tamanho de

partícula comparativa. Nesse último caso, por exemplo, a taxa de dissolução de fármaco a

partir de uma suspensão será maior do que uma cápsula, e essa de um comprimido

(AULTON, 2005).

3.2.2. Sistema de Classificação Biofarmacêutica

Amidon et al., (1995) desenvolveram o Sistema de Classificação Biofarmacêutica

(SCB), que tem como objetivo a inclusão dos fármacos em 4 classes distintas, de acordo com

a suas características de permeabilidade e solubilidade, classe I: alta solubilidade e alta

permeabilidade, classe II: baixa solubilidade e alta permeabilidade, classe III: alta

solubilidade e baixa permeabilidade e por ultimo, classe IV: baixa solubilidade e baixa

permeabilidade (Figura 1).

Figura 1 - Diferentes classes biofarmacêuticas de fármacos segundo o SCB (fonte: modificado de Amidon et al.,

1995).

19

Segundo o SCB e seguido pelo Food and Drug Administration (FDA) (2017) um

fármaco terá uma alta solubilidade quando a maior dose oral do princípio ativo for

solubilizado em um volume menor ou igual a 250 mL, em uma faixa de pH de 1 - 6,8, em

uma temperatura 37 ± 1°C. O valor de 250 mL é referência, pois os protocolos de estudos de

bioequivalência preconizam que os pacientes precisam estar em jejum e ingerir a medicação

com um copo de 250 mL de água.

A alta permeabilidade será dada aos fármacos que tiverem sua biodisponibilidade

sistêmica maior ou igual a 85% do princípio ativo ingerido, baseando na verificação do

balanço de massas (FDA, 2017).

Fármacos e critérios de escolha de excipientes

A classe I é constituída pelos fármacos que apresentam alta solubilidade e alta

permeabilidade (AMIDON et al., 1995). Isso significa que o fármaco não precisa sofrer

nenhuma alteração em sua forma para que ele apresente boa biodisponibilidade. Podem ser

citados o metoprolol, propranolol e teofilina (WU & BENET, 2005).

A classe II, de baixa solubilidade e alta permeabilidade (AMIDON et al. 1995), é a

que mais tem crescido nos últimos anos, pois cerca de 70% de potenciais novos fármacos se

encaixam nesta classe (KU & DULIN, 2012) e 40% dos fármacos já em comercialização

tem pouca solubilidade (VAN DEN MOOTER et al., 2006; TAKAGI et al., 2006). Dentre

esses, incluem uma grande parte da classe AINE's como cetoprofeno, ibuprofeno, naproxeno

e piroxicam (WU & BENET, 2005; TSUME, 2014).

Fármacos da classe III têm como fator limitante a baixa permeabilidade, mas sua

solubilidade é alta. Porém, o fármaco não consegue permear a membrana do trato

gastrointestinal (TGI) de forma adequada, prejudicando a absorção, afetando a sua

biodisponibilidade (AMIDON et al., 1995). O captropil, furosemida, amoxicilina e

ciprofloxacin são exemplos de fármacos de classe III (WU & BENET, 2005).

Como as mucosas absortivas possuem composição lipofílica, logo é necessário

empregar meios para tornar o fármaco mais lipofílico quando este estiver na interface

(KAWABATA et al., 2010). Podem ser feitas alterações na estrutura química do fármaco,

com risco de mudar a sua ação farmacológica. Podem ser usados promotores de permeação

como tensoativos, polissacarídeos, ácidos graxos, sais biliares, entre outros (THANOU;

VERHOEF; JUNGINGER, 2001; FASANO, 1998), ou o aumento do tempo de permanência

20

do fármaco no local de absorção, através de novas tecnologias como sistema de vacina oral

(mucojet), sistema para retenção gástrica, e cápsulas telemétricas (CHAVDA; PATEL;

ANAND, 2010; LENNERNÄS & ABRAHAMSSON, 2005).

Na classe IV os fármacos apresentam baixa solubilidade e baixa permeabilidade.

Diante disso, esses fármacos apresentam grandes desafios para a correção da

biodisponibilidade. Fatores fisiológicos influenciam fortemente a absorção desses fármacos,

como tempo de esvaziamento gástrico e tempo de trânsito gastrointestinal, já que, por

consequência, é baixa nesse grupo (HÖRTER & DRESSMAN, 2001). São exemplos de

fármacos da classe IV a amoxicilina triidratada, eritromicina, doxiciclina, sulfametoxazol,

meloxicam, ritonavir, saquinavir e paclitaxel (WU & BENET, 2005).

Excipientes em formas farmacêuticas sólidas orais

Como os medicamentos orais são formulados contendo fármaco e excipientes, torna

necessário conhecer sua importância e critérios para seleção para fármacos específicos

conforme a SCB.

Na preparação de medicamentos orais existirão excipientes mais apropriados para

determinadas classes do SCB, na tentativa de melhorar a biodisponibilidade do fármaco no

TGI. O termo excipiente farmacêutico, ou adjuvante, como definição, é a substância inerte

que não interfere na ação farmacológica e que está presente em uma formulação para otimizar

suas características tanto de fabricação, como a melhoria do fluxo e compactação, quanto a

biodisponibilidade do fármaco, melhorando a estabilidade, desintegração e dissolução

(VILLANOVA, 2010; ROWE; SHESKEY; QUINN, 2009).

Em cada formulação farmacêutica é empregada uma variedade de excipientes que são

classificados em uma série de classes como diluentes, absorventes, veículos, agentes

suspensores, revestimentos, agentes estabilizantes, flavorizantes, corantes, edulcorantes,

agentes molhantes, desagregantes, deslizantes, dentre outros. Porém, as que apresentam maior

importância para as formas farmacêuticas sólidas de uso oral são secantes, aglutinantes,

desintegrantes, diluentes, lubrificantes e molhantes (ALLEN & ANSEL, 2013). Os agentes

secantes, são substâncias que por serem higroscópicas isto é absorve água, protegem a

formulação contra umidade (PAPAGEORGIOU et al., 2017; FERREIRA, 2008). Os

desintegrantes ou desagregantes são utilizados para ajudar na desintegração das formas

farmacêuticas sólidas no TGI. Essa classe é importante, pois a desintegração tem como

21

finalidade o aumento da área superficial e promovendo a dissolução do fármaco (ZHAO et

al., 2017; AKIN-AJANI; ITIOLA; ODEKU, 2016).

Os diluentes têm como objetivo adequar o volume do comprimido para uma devida

compressão, ou para o enchimento de cápsulas (SALVADOR et al., 2012). Além disso,

podem também contribuir na dissolução. A lactose, por exemplo, é um diluente hidrofílico,

podendo aumentar a molhabilidade das partículas e aumentando assim o potencial de

liberação do fármaco (MIRANDA; CARDOSO; MORAIS, 2013). Os lubrificantes atuam no

processo de preparação de comprimidos promovendo a fluidez do pó, isto é, seu fluxo,

evitando a subdosagem de fármaco, porém, interferem dificultando a desintegração

(MERLIM, 2011). Os agentes molhantes têm como finalidade a redução da tensão superficial

entre o fluido gastrintestinal e o sólido, aumentando assim a interação entre as parte e

melhorando a taxa de dissolução (FERREIRA, 2008).

Os excipientes usados para a classe I são aqueles que tendem a apenas manter a

estabilidade e aumentar as propriedades de fluxo, como a sílica coloidal, que tem

características higroscópicas, mantendo o pó seco. A utilização do talco para a lubrificação e

aumento do fluxo, e o amido como diluente para a formulação também são muito usados

(RIBEIRO & RAU, 2012; PRISTA et al., 1995).

Na classe II, por sua baixa solubilidade, é necessário utilizar excipientes que possam

auxiliar no aprimoramento desta limitação, isto é, a incorporação de um tensoativo, como o

lauril sulfato de sódio e o polisorbato 80, que terão como função reduzir a tensão superficial.

Consequentemente melhoram a molhabilidade dos fármacos em água, promovendo aumento

da solubilidade e da taxa de dissolução (CHEN et al., 2016; ASHFORD, 2005).

O amido glicolato de sódio interfere na formulação aumentando a solubilidade dos

fármacos e facilitando a desintegração dos mesmos, sendo então um excelente excipiente para

a melhora da dissolução. Manitol, para essa classe, aparenta ser melhor opção, por ter alta

solubilidade, ajudar na desintegração e por ter baixo risco a incompatibilidade entre outros

componentes da formulação (ROWE; SHESKEY; QUINN, 2009).

O lauril sulfato de sódio é empregado como agente molhante e lubrificante. Ele é

utilizado nessa classe para elevar a dissolução e a biodisponibilidade, pois é um eficiente

agente molhante. Com isso, favorece a uma maior interação entre o fármaco e a água, causada

pelo seu caráter aniônico e sua cadeia apolar de tamanho significativo, e contribui no aumento

da permeabilidade do fármaco em contato com as membranas absortivas (CHORILLI et al.,

2007; ASHFORD, 2005).

22

Na classe III o excipiente mais utilizado é a celulose microcristalina. Isto se deve ao

fato de ter ampla variedade de funções, como ser um excelente diluente, ter propriedades

lubrificantes, desagregantes e adsorventes. Apesar de ser insolúvel na água, auxilia na

desagregação da forma farmacêutica sem interferir na solubilidade do fármaco no meio

dissolvente (SILVA et al., 2015; DOELKER, 1993).

O diluente mais utilizado é o amido, pelas suas características inertes e por não ser

incompatível com os fármacos e outros excipientes (RIBEIRO & RAU, 2012). Por ter

propriedades de fluxo ruim é importante que tenha uma mistura com outro diluente de melhor

fluxo, como a celulose microcristalina, que tem como características de fluxo muito melhor

que o amido, melhorando até a desagregação do fármaco (DIAS et al., 2018; PRISTA et al.,

1995).

Para a classe IV é importante que os excipientes tenham múltiplas funções, pois é

necessário uma série de melhorias nas propriedades do fármaco para aumentar a sua

biodisponibilidade. Devem corrigir ao mesmo tempo a baixa solubilidade e permeabilidade do

fárrmaco. Os excipientes incluem molhantes, desintegrantes, e componentes que promovam

aumento da lipofilia do fármaco, como ésteres graxos, e seu particionamento, como os

polissorbatos. Diante do uso de componentes com ações muitas vezes antagônicas, aliado às

fracas características biofarmacêuticas do fármaco, torna-se um desafio desenvolver eficientes

medicamentos orais para fármacos desta classe do SCB (AULTON, 2005).

3.3. Mecanismo de liberação

3.3.1. Desintegração e dissolução

Para compreensão do mecanismo de liberação das dispersões sólidas, é necessário

conhecer as definições dos processos pelos quais o fármaco passa até sua liberação no meio

gastrointestinal (Figura 2)(AULTON, 2005).

23

Figura 2 - Processo do comprimido até a absorção (fonte: modificado de Aulton et al., 2005).

De acordo com a figura 2, o comprimido passa por três processos determinantes para

que a sua biodisponibilidade seja eficaz: desintegração, desagregação e dissolução

(AULTON, 2005).

A desintegração é o fracionamento do comprimido oral compacto em partículas. Já a

desagregação é o fracionamento dessas partículas em partículas ainda menores. A dissolução,

por sua vez, consiste na passagem do fármaco para sua forma solúvel para então ser

absorvido. É importante ressaltar que quanto maior a superfície de contato, isto é, quanto

menor o tamanho da partícula, maior será o seu potencial para a dissolução (AULTON, 2005).

Podem ser solucionados problemas com a desintegração e dissolução com ajustes na

formulação, como adição de desintegrantes, tensoativos ou a diminuição de aglutinantes; na

regulagem das máquinas de compressão dos pós; e na produção de comprimidos de

desintegração rápida (ALLEN & ANSEL, 2013; KHAN, 2011).

Para melhor abordar estratégias para solucionar a fraca solubilidade aquosa dos

fármacos da classe II do SCB torna-se importante conhecer melhor em que consiste o

fenômeno da dissolução. Dessa forma, abaixo a equação de Noyes-Whitney explica a

dissolução do fármaco na (equação 1):

Equação 1: 𝑑𝐶

𝑑𝑡=𝐷. 𝑆

ℎ(𝐶𝑠 − 𝐶)

24

em que:

• dC/dt, é a taxa de dissolução,

• D, o coeficiente de difusão,

• S, é a superfície de contato do sólido,

• h, será a espessura da camada de difusão,

• Cs, máximo da fármaco dissolvida até sua saturação,

• C, a concentração da fármaco em massa,

De acordo com a equação de Noyes-Whitney os fatores que afetam a taxa de

dissolução do fármaco são definidos como a área de superfície efetiva, o coeficiente de

difusão, a espessura da camada de difusão, a solubilidade da saturação, a quantidade de

fármaco dissolvido e o volume de dissolução (ALLEN e ANSEL, 2013).

3.3.2. Mecanismo de liberação das dispersões sólidas

Existem dois mecanismos de liberação de fármacos a partir de dispersão sólida: i-

quando o agente limitante é o fármaco, ii- quando o agente limitante é o carreador, isto é, a

própria dispersão sólida como sistema de liberação.

Figura 3 - Influências que a matriz e o fármaco tem na dispersão. (Fonte: modificado de Hallouard et al., 2016).

O que determina um mecanismo ou outro é a viscosidade do carreador quando entra

em contato com a água. O carreador pode se dissolver ou reter a água, formando uma camada

concentrada de carreador ou um gel (camada de saturação). Se o fármaco for totalmente

25

solúvel nessa camada de carreador, porém esse carreador ter a viscosidade suficiente para que

o fármaco dissolvido não consiga ser liberado para o TGI então o limitante será o carreador.

Mas se o fármaco tiver baixa solubilidade quando o carreador tiver na fase da camada de

saturação, o fármaco será o limitante (SUN, 2015; CRAIG, 2002).

Estes dois mecanismos ocorrem frequentemente em simultâneo, porque o fármaco

pode ser parcialmente solúvel ou aprisionado na camada de saturação. A melhora do perfil de

dissolução do fármaco quando a proporção de carreador em dispersões sólidas foi aumentada

depende de que o fármaco esteja melhor disperso e que a cristalinidade do fármaco se reduza

(VO; PARK; LEE, 2013).

3.4. Dispersão Sólida

A dispersão sólida foi inicialmente definida como uma mistura eutética de um fármaco

hidrofóbico, isto é, insolúvel em água, em uma matriz altamente solúvel e cristalina como a

ureia (SEKIGUCHI & OBI, 1961).

A dispersão sólida é definida atualmente como uma dispersão de um fármaco em uma

ou mais matrizes inertes no estado sólido. Estes sistemas de liberação podem ser produzidos

por variados métodos, dependendo apenas das características das matrizes ou do fármaco,

como os métodos de fusão, solvente e solvente-fusão. Alguns autores classificaram as

dispersões sólidas em gerações (Figura 4), seguindo a evolução das proposições tecnológicas

para a melhoria da solubilidade, assim como de outros problemas associados

(VASCONCELOS; SARMENTO; COSTA, 2007; VO; PARK; LEE, 2013).

O fator que faz com que a dispersão sólida aumente a biodisponibilidade de um

fármaco é pela melhor molhabilidade, porosidade e características polimórficas dentre outros

pontos positivos em comparação a outras técnicas para melhorar a solubilidade do fármaco.

Além disso, há outras vantagens, como a não aglomeração das partículas tanto no

armazenamento ou na dissolução, que acontece em formulações convencionais (LELEUX &

WILLIAMS, 2014).

O que impede a aglomeração das partículas na dispersão sólida é a interação entre a

matriz e o fármaco, permitindo uma redução de tamanho a níveis moleculares. A falta de

aglomeração em dispersões sólidas permite evitar o uso de novos processos nanotecnológicos,

que são trabalhosos e caros, e requerem estabilizadores, assim como equipamentos específicos

(GAO et al., 2013; LELEUX & WILLIAMS, 2014).

26

Figura 4 - Gerações das dispersões sólidas e suas características (fonte: modificado de Vo et al., 2013).

Dispersões sólidas podem ser classificadas com base em diferentes aspectos como seu

perfil de liberação, seus processos de preparação ou suas composições. Atualmente a

indicação de gerações indica classificação das dispersões sólidas de acordo com suas

composições..

Figura 5 - Perfil de dissolução por gerações de dispersão sólida fármaco puro (0), 1ª geração (1), 2ª geração (2),

3ª geração (3) e 4ª geração (4). (Fonte: modificado de Van Den Mooter, 2012).

Exemplificando na figura 5, a evolução das dispersões sólidas em comparação com as

matrizes, mostrando que independente da matriz, ela sempre será melhor que o fármaco puro

(0), entretanto a melhor dissolução está na geração 3 (3).

27

As dispersões sólidas, quando produzidas segue 3 modelos de dispersão (Figura 6), a

forma ideal para existir um bom resultado de dissolução é a forma (A), quando o fármaco

(representado pela parte vermelha) e a matriz (representada pela parte azul) são uniformes e

sem aglomeração, diferente da forma (B), onde caracteriza uma dispersão com fármaco

cristalino, pouca interação polímero fármaco, onde as moléculas do fármaco estão bem juntas,

dificultando a sua dissolução e a forma (C) onde apesar de existir um fármaco amorfo, ele não

tem uma boa interação com o polímero, indicando que pode acontecer uma separação de fase,

exemplificada na figura 6 (HUANG & DAI, 2014).

Figura 6 - Visão micromolecular das possíveis dispersões sólidas (Huang & Dai, 2014).

3.4.1. Dispersão sólida cristalina (1ª geração)

A primeira geração é a pioneira no processo de dispersão sólida, sendo elas cristalinas.

Foram desenvolvidas em 1961 por Sekiguchi & Obi utilizando uma mistura eutética de ureia

e sulfatiazol, método que consiste na mistura dos dois componentes, um que tenha alta

afinidade pela água que será o carreador e outro que será o fármaco geralmente com caráter

hidrofóbico alto. Obrigatoriamente o ponto de fusão é menor quando os componentes estão

juntos do que eles separados, caracterizando assim o ponto eutético. Quando resfriados eles

cristalizam no mesmo tempo formando uma dispersão microcristalina em água, o que tende a

deixar o composto mais solúvel, pois aumenta sua superfície de contato e sua molhabilidade.

No estudo notou-se uma melhora na dissolução do fármaco em meio biológico, no entanto, se

a mistura do fármaco e matriz não for exatamente na composição eutética, haverá uma

separação parcial dos dois componentes, levando à dispersão superfina do fármaco no

carreador (CHIOU & RIEGELMAN, 1971).

28

Logo depois, foram usados açúcares carreadores, como o manitol em solução sólida

(KANIG, 1964). Neste estudo constatou uma estabilidade em altas temperaturas e por ser um

açúcar a sua dissolução era melhor que a mistura eutética de ureia. A cristalinidade de tais

dispersões sólidas é no entanto também uma desvantagem significativa. Os compostos

cristalinos possuem maior energia livre de Gibbs que os amorfos (VAN DEN MOOTER,

2012). essa energia precisa ser superada para que moléculas do fármaco possa ser dissolvidas

no meio do solvente, portanto explica o por que um fármaco em qualquer forma cristalina,

será menos solúvel que a forma amorfa, pois não apresenta reticulo cristalino definido

(SINKO, 2008).

3.4.2. Dispersão sólida amorfa (2ª geração)

A segunda geração é caracterizada justamente pela utilização de carreadores amorfos,

inicialmente desenvolvidos no final da década de 60. Sua melhor eficiência na liberação do

fármaco em comparação com os cristalinos é explicada pela menor estabilidade

termodinâmica das dispersões sólidas amorfas (VIPPAGUNTA et al., 2007). As principais

matrizes utilizadas são os polímeros, que podem ser de origem natural, derivados da celulose,

ou sintética, como a polivinilpirrolidona (PVP) (XU et al., 2018; MOTALLAE; TAHERI;

HOMAYOUNI, 2018).

As matrizes amorfas também podem aumentar a molhabilidade e a dispersibilidade do

pó, bem como inibir o processo de precipitação do fármaco quando a dispersão sólida amorfa

entra em contato com a água (CHAUHAN; HUI-GU; ATEF, 2013). Estas propriedades,

juntamente com a taxa de dissolução rápida do carreador amorfo, devido à baixa estabilidade

termodinâmica das matrizes no estado amorfo, aumentam a solubilidade do fármaco e a taxa

de liberação (ZHANG et al., 2012).

Essas dispersões sólidas podem ser classificadas em três subtipos: i - as soluções

sólidas amorfas, quando o fármaco e o veículo são miscíveis e naturalmente homogêneos; ii -

suspensões sólidas amorfas quando acontece a falta de solubilidade do fármaco no pó

formando duas fases podendo ser ocasionada pelo ponto de fusão do fármaco ser muito alto;

iii - não ocorrer miscibilidade completa entre a matriz e fármaco, gerando um sistema misto

de ambos os sistemas descritos, que é a solução e dispersão sólida do fármaco na matriz

(VAN DEN MOOTER, 2012).

29

Os polímeros sintéticos mais utilizados nessa geração são os polietilenoglicóis (PEG)

(BLEY et al., 2010), a polivinilpirrolidona (PVP) (WLODARSKI, 2015) e os polímeros

naturais como os que tem como base principal a celulose, por exemplo a etilcelulose

(OHARA,2005), hidroxipropilmetilcelulose (HPMC) (FAN, 2018; DROOGE et al.,2006) e a

não derivada ciclodextrina (YUVARAJA & KHANAM, 2014).

Para a preparação de um adequado sistema formado entre o fármaco e a matriz é de

suma importância a seleção de um polímero adequado que tenha alta temperatura de transição

vítrea, forte interação com o fármaco e baixa higroscopicidade. Com isso, tende-se a

estabilizar o estado físico dos fármacos em dispersões sólidas, evitando-se acontecer

interações, como o surgimento de efeito plastificante entre alguns fármacos e determinados

polímeros (VASANTHAVADA et al.,2004; YOSHIOKA; HANCOCK; ZOGRAFI, 1994).

A ligação de hidrogênio entre o fármaco e o polímero é a principal força para

aumentar a molhabilidade da dispersão sólida, pois quanto mais fortes forem as ligações de

hidrogênio, menor será seu tamanho de partícula, aumentando sua superfície de contato, e

ainda impedindo a separação de fases por aumentar a estabilidade evitando a recristalização

(KARAVAS et al., 2007; VASANTHAVADA et al., 2005).

O tamanho da cadeia polimérica e/ou o massa molecular (MM) do polímero pode

influenciar diretamente na performance de dissolução da dispersão sólida. Isto é explicado

pela viscosidade adquirida pelo polímero a medida que sua cadeia polimérica aumenta, e

quanto maior a viscosidade menor será a taxa de dissolução. No entanto, uma alta viscosidade

do polímero também apresenta algumas vantagens, como a prevenção da recristalização do

fármaco durante o processo de preparação, armazenamento e no processo de dissolução

(LEUNER & DRESSMAN, 2000).

Geralmente, quando o fármaco está supersaturado na matriz ele perde sua estrutura

cristalina, se convertendo ao estado amorfo. Essa matriz geralmente também está amorfa, o

que caracteriza esse tipo de dispersão sólida. As características amorfas melhoram a

dissolução por apresentar menor energia necessária nesse processo (CHAUHAN; HUI-GU;

ATEF, 2013).

A dispersão sólida de segunda geração consistiu em um avanço significativo em

relação a primeira, melhorando sua dissolução e sua biodisponibilidade. Entretanto, ainda

existem alguns fatores que precisavam ser aprimorados, como a estabilidade físico-química da

dispersão. Devido a sua supersaturação, a separação de fases ocorre com certa facilidade,

podendo ocorrer recristalização quando entra em contato com o estômago ou motivada por

30

interferências externas como umidade, calor e idade do produto. Estudos sobre o

envelhecimento das dispersões sólidas são realizados por análise térmica, por espectroscopia

de infravermelho e cristalografia de raios X, porque podem indicar se com o passar do tempo

a dispersão perde sua solubilidade (BAIRD & TAYLOR, 2012; VASANTHAVADA, 2005).

3.4.3. Dispersão sólida amorfa + adjuvante (3ª geração)

Diante dos problemas apresentados pelas dispersões sólidas de segunda geração,

foram propostas novas alternativas como o uso de matrizes contendo misturas de tensoativos,

auto-emulsionantes ou agentes de inclusão/complexação. Estas previnem desvantagens da

segunda geração, tais como cristalização da dispersão durante o armazenamento ou

precipitação de fármaco in vivo por supersaturação em meio de dissolução (CHAUDHARI et

al., 2013).

O uso dos tensoativos pode previnir a nucleação e a aglomeração do fármaco na

matriz, melhorando a estabilidade física e química durante a preparação. Além disso, os

tensoativos reduzem a taxa de recristalização do fármaco no meio de dissolução e reduzem a

tensão superficial da dispersão sólida com o TGI, fazendo que o tempo de dissolução diminua

ainda mais, comparado com a 2ª geração (KIM et al., 2011).

Os tensoativos mais utilizados na geração III são: Inutec SP1® (XU et al., 2016;

SRINARONG et al., 2011), polissorbato (Tween 80) (KOJO et al.,2017; LI; ORMES;

TAYLOR, 2016; RASHID et al., 2015), macrogol 32 (Gelucire 44/14®) (FARAH et al.,

2017; VERMA; PATEL; PATEL, 2017), lauril sulfato de sódio (JUNG et al., 2016; MAGGI

et al., 2015), behenato de glicerilo (Compritol 888 ATO®) (ROBERTS et al.,2015;

JAGDALE et al., 2011), poloxâmer (MEDAREVIĆ et al., 2016; SONG; YOON; KIM, 2016)

e polietilenoglicol (Soluplus®) (ALBADARIN et al., 2017; ALSHAHRANI et al., 2015).

Os agentes de inclusão/complexação são utilizados como forma de evitar a

aglomeração do fármaco na dispersão sólida, pois quanto mais dispersas estiverem as

partículas maior a superfície de contato, o que auxilia a evitar que o fármaco precipite no

meio de dissolução. Isto ocorre porque o adjuvante evita a supersaturação no resfriamento

forçado durante a preparação da dispersão sólida. Esses fatores fazem com que a dispersão

sólida tenha um rendimento melhor (FATMI et al., 2015; JOUDIEH et al., 2009).

A utilização de adjuvantes na formulação foi benéfica para as dispersões sólidas, por

aumentar significativamente seu perfil de dissolução, pela melhor molhabilidade, dando mais

31

estabilidade a dispersão e pela diminuição do percentual de recristalização e precipitação das

mesmas. Entretanto, é necessário ter atenção e empregar o tensoativo correto pois o efeito

pode ser contrário e ocorrer o aumento da recristalização (CHAUDHARI & DUGAR, 2017).

3.4.4. Dispersão sólida amorfa de liberação controlada (4ª geração)

A quarta geração consiste em sistemas de liberação prolongada a partir de dispersões

sólidas, que tem como objetivo deixar a fármaco mais solúvel através de uma dispersão e que

ela tenha liberação controlada através de polímeros que tenham afinidade baixa com a água

(HUANG; WIGENT; SCHWARTZ, 2006).

Nesta geração ocorrem dois processos: primeiro é a promoção da melhora na

dissolução das dispersões sólidas; e segundo é a obtenção de liberação gradativa do fármaco.

Um dos problemas encontrados nas dispersões sólidas de classe III era a maior probabilidade

de perda da homogeneidade intrapartícula, pois quanto mais substâncias incorporadas no

preparo da dispersão maior a facilidade de que ocorra a separação de fases. Para evitar isso

são utilizado polímeros com características tensoativas ou de complexação junto com a

função principal de matriz, contribuindo para reduzir a probabilidade de separação na

preparação da dispersão (DEBOUZY et al., 2014; SKIBA et al., 2014).

A maior característica dessa geração é justamente os estudos envolvendo a liberação

controlada de fármacos pouco solúveis em água, com meia vida curta. Isso significa que o

fármaco hidrolisa muito rápido, até antes de alcançar ao sítio de melhor absorção, o intestino.

Foi proposta a utilização de polímeros que não tem ou tem afinidade baixa com a água, que

demoram se dissolver. Ao contrário das outras gerações, em que o objetivo era a liberação e

absorção rápida para que a biodisponibilidade fosse maior, nessa geração se deseja que o

fármaco demore para dissolver e que tenha sua liberação no intestino (HUANG; WIGENT;

SCHWARTZ, 2006).

Os principais mecanismos de liberação de fármacos nessa geração são, portanto, a

difusão e a erosão. Portanto, essa dispersão sólida é capaz de fornecer uma quantidade

adequada de fármaco por um período prolongado de tempo, melhorando a adesão do paciente

devido à administração menos frequente, menos efeitos colaterais e efeito mais constante ou

prolongado do fármaco (CUI et al., 2003; DESAI; ALEXANDER; RIGA, 2006).

As matrizes poliméricas mais utilizadas são aquelas com maior dificuldade de

dissolver, podendo ser citados os polímeros acrílicos (RATCLIFFE et al., 2015), polímeros

32

carboxivinílicos (BI; RAHMAN; LESTER, 2015; URAMATSU et al. 2015), acetato de

celulose (LIU et al., 2014), hidroxipropilcelulose (OSAWA et al., 2014; HUGHEY et al.,

2015) e polietilenos (TEJA et al., 2016).

3.5. Método de preparação

3.5.1. Fusão

O método de fusão caracteriza por fundir o fármaco e o carreador em um só utilizando

calor, depois usando o resfriamento para solidificar a solução obtida para, posteriormente,

pulverizar em partículas menores, assim primeiramente proposto por Sekiguchi et al. (1964).

Logo vieram modificações para tentar melhorar a técnica, com a suspensão do fármaco em

um carreador previamente fundido. Isso leva a menor interferência do calor no fármaco, tendo

assim menor possibilidade de uma modificação da estrutura ou degradação da molécula, o que

poderia interferir na sua biodisponibilidade (VIPPAGUNTA et al., 2007).

Quanto ao resfriamento, existem uma série de métodos para a realização, entre eles

temos a agitação em meio ao gelo (SHETH, 2011; SEKIGUCHI; OBI; UEDA, 1964),

imersão em nitrogênio líquido (SARODE et al., 2013; SAREEN; MATHEW; JOSEPH,

2012) e extrusão por fusão a quente (Hot-melt) (VASOYA, et al., 2018; ZHANG et al.,

2018; VERHOEVEN et al, 2009).

Extrusão por fusão a quente

A extrusão por fusão a quente (hot-melt) é a técnica mais empregada no método de

fusão (THIRY et al., 2016) devido a sua escalabilidade e por ser desenvolvida em um

processo único, misturando fármaco/matriz homogeneamente, simultaneamente com a fusão e

extrusão, para então ser resfriada, pulverizada, para finalmente formar a dispersão sólida

(VERHOEVEN et al., 2009).

33

Figura 7 - Exemplificação da extrutora por fusão a quente (Fonte: modificado de PATIL et al., 2016).

O parafuso rotativo induz uma mistura intensa que leva à desagregação das partículas

do fármaco na matriz. A extrusão por fusão a quente tem a vantagem de limitar o tempo de

residência do fármaco e carreador a temperaturas elevadas na extrusora, reduzindo também o

risco de alterações de componentes devido à temperatura. (PATIL; TIWARI; REPKA, 2016;

CROWLEY et al., 2007; REPKA, 2007).

Meltrex™ é um processo patenteado e modificado de extrusão por fusão a quente que

usa uma extrusora de parafuso duplo especial com dois funis independentes. Este

equipamento reduz o tempo de permanência do fármaco à alta temperatura para

aproximadamente 2 minutos e, portanto, limita o risco da sua alteração dos componentes

(BALASAHEB; BALAJI; AVINASH, 2014; PARVE et al., 2014).

A vantagem do processo de fusão está no custo mais barato e por não ser tóxico.

Porém o método sofre com dois problemas: a primeira está no fato de alguns fármacos serem

termolábeis, ou seja em altas temperaturas ele pode mudar sua estrutura química ou ser

degradado e a outra está na viscosidade das matrizes, principalmente as poliméricas,

dificultando a miscibilidade dos compostos, podendo ocorrer a separação das fases o que

impedirá que a dispersão sólida seja obtida (KOLAŠINAC et al., 2012).

Foram propostas melhorias para o método de fusão, pois ainda é a técnica mais prática

e escalonável existente para a preparação de dispersão sólida. Esses aperfeiçoamentos

consistem na redução da duração do aquecimento e a dispersão do fármaco na matriz já

fundida em vez de aquecer ambos os componentes ao mesmo tempo (MEHANNA;

MOTAWAA; SAMAHA, 2010).

34

Dois processos que empregam esta adaptação foram patenteados - MeltDose®

(Lifecycle Pharma A/S) e Lidose® (laboratório SMB). No processo MeltDose® um fármaco

incorporado no carreador fundido é pulverizado sobre partículas carreadores inertes,

utilizando equipamento de leito fluidizado. Com as partículas obtidas podem ser preparados

comprimidos ou cápsulas. (JOSHI et al., 2012). Com relação à tecnologia Lidose®, um

medicamento após a mistura com carreador fundido é colocado em cápsulas duras e resfriado

sob condições específicas e constantes (ALAM et al., 2012).

3.5.2. Solvente

Com a dificuldade encontrada no processo de fusão foi proposto primeiramente por

Chiou & Riegelman (1971) outro método que pudesse ser feito sem a utilização de calor. Isso

facilitaria a utilização de mais compostos farmacêuticos na preparação de dispersões sólidas,

pois incluiria os fármacos ou matrizes termolábeis. Diante disso, foi proposto o método de

solvente, que consiste em dissolver a matriz e fármaco em um solvente comum a eles e em

seguida evaporá-lo por variados métodos.

As dispersões sólidas produzidas pelo método de solventes tendem a ter uma estrutura

altamente porosa induzida pela remoção rápida do solvente e levando ao aumento da taxa de

dissolução do fármaco. A escolha do polímero como matriz hidrofílico também influencia a

porosidade de dispersão sólida: polímeros lineares frequentemente levam a maior porosidade

de dispersão sólida do que os ramificados (KALPANA et al., 2010).

Porém a técnica sofre de problema como a dificuldade de esgotamento total do

solvente utilizado, pois pode ter alta toxicidade, além da dificuldade em se encontrar um

solvente que dissolva tanto a matriz quanto ao fármaco (SAHOO et al., 2011). A mistura de

solventes pode ser utilizada, com intuito de se obter uma polaridade comum aos dois

componentes, assim como o emprego de tensoativo como o polisorbato 80 para aumentar a

solubilidade nos solventes (HU; LOU; HAGEMAN, 2018; RASHID et al., 2015). Deve-se ter

o cuidado nessa etapa, visto que a adição de uma quantidade grande dos tensoativos aumenta

a precipitação (CHAUDHARI & DUGAR, 2017).

Uma alternativa para evitar a utilização de solventes muito voláteis é a utilização do

método de coprecipitação e antissolvente. Nesse método, primeiramente se dissolve o fármaco

e a matriz em um solvente orgânico, e, posteriormente, acrescenta-se um antissolvente para

reduzir a solubilidade dessa solução até chegar ao ponto de precipitação de ambos

35

simultaneamente. A suspensão resultante é então filtrada e para a remoção dos resíduos de

solvente (SHAH et al., 2013).

A principal vantagem deste método em comparação com os outros métodos de

evaporação de solvente é a possibilidade de remoção do solvente utilizado para dissolução do

fármaco/matriz. Além disso, a filtração pode permitir a utilização de solvente menos volátil

durante a coprecipitação do fármaco/matriz. Porém, a mistura de solvente/antissolvente

durante a etapa de precipitação deste método pode ter um efeito plastificante, pela geração de

mobilidade molecular, gerando assim um rearranjo, podendo recristalizar o fármaco.

(SERTSOU et al., 2002).

Existem variados métodos para a remoção do solvente ou secagem, pois um dos

fatores mais importantes em uma dispersão sólida é a sua rápida solidificação para manter o

fármaco no estado amorfo. Quanto mais rápido esse solvente for eliminado, mais rapidamente

será realizada a solidificação e tende-se a obter mais facilmente o fármaco em estado amorfo.

Os métodos mais usados são: aquecimento em uma chapa quente (FINI et al., 2005), secagem

a vácuo (CHOI et al., 2018; SAMMOUR et al., 2006), evaporação rotativa (HU; LOU;

HAGEMAN, 2018; FRIZON et al., 2013), Secagem por pulverização/aspersão

(MOTALLAE; TAHERI; HOMAYOUNI, 2018; HERBRINK et al., 2017; RASHID et al.,

2015; GU; LINEHAN; TSENG, 2015), congelamento ultra rápido (GUPTA; MISHRA;

PATHAK, 2015), liofilização (ANSARI et al., 2015; WLODARSKI et al., 2015), secagem

por congelamento por aspersão (MEHTA, 2016; WANNING; SÜVERKRÜP;

LAMPRECHT, 2015) e fluidos supercríticos (OBAIDAT et al., 2017; YANG et al., 2015).

Dos métodos citados o mais utilizado nas dispersões sólidas de anti-inflamatórios é a secagem

por aspersão. A tecnologia de fluidos supercríticos é uma inovação recente e tem potencial

para um futuro breve ser utilizado como método de primeira escolha.

Secagem por aspersão

A secagem por aspersão (spray drying) é um processo rápido e contínuo para a

produção de pós secos, demonstrado na figura 8, a partir de um material disperso em meio

líquido através de um atomizador para uma câmara de secagem arrastada por um meio gasoso

aquecido. Devido à grande área de superfície específica oferecida pelas gotículas o solvente

evapora rapidamente e a dispersão sólida é formada em frações de segundos, o que pode ser

rápido o suficiente para evitar a separação de fases. Além disso, as dispersões sólidas

36

preparadas por secagem por aspersão consistem de partículas cujos tamanhos podem ser

planejados, através de vários fatores, entre eles o diâmetro do orifício do atomizador. A

secagem por aspersão geralmente produz fármaco no estado amorfo (SOSNIK &

SEREMETA, 2015).

Figura 8 - Esquema de preparação da dispersão sólida por aspersão (Fonte: modificado de Peighambardoust et

al. 2011).

A secagem dos pós passa por 4 etapas: (1) em que a matriz e o fármaco previamente

dissolvidos são bombeados para o atomizador, e sob pressão o líquido é pulverizado; (2)

posteriormente, as gotículas geradas são secas por gás/ar quente na câmara de secagem; (3) à

medida que o pó seco é arrastado pelo gás ele se sedimenta no ciclone, onde as partículas da

dispersão sólida se depositam no coletor; (4) o gás e umidade são eliminados pelo exaustor

(CHAN et al., 2015).

Fluídos supercríticos

Os fluidos supercríticos, como o dióxido de carbono (CO2), estão substituindo os

solventes convencionais. O método é importante porque apresenta as propriedades favoráveis

dos gases (como alta difusividade) e, ao mesmo tempo, baixa tensão superficial e baixa

viscosidade transmitida aos líquidos (NI et al., 2017).

37

A manipulação da pressão de fluidos supercríticos permite um controle preciso da

dissolução de muitos fármacos. Assim, a extração de fluidos supercríticos é particularmente

fácil, rápida e não requer temperatura elevada. A extração é realizada simplesmente reduzindo

a pressão (YANG et al., 2015).

A taxa de extração também pode controlar o tamanho da partícula e o nível de

dispersibilidade encontradas nas dispersões sólidas. Como exemplo, dois processos

patenteados (RightSize™ da XSpray Microparticles e Formuldisp™ da Pierre Fabre) foram

desenvolvidos (ALAM; AL-JENOOBI; AL-MOHIZE, 2013).

Pela não utilização de solvente faz com que a técnica tenha vantagens, pois um dos

problemas relacionados ao método de solvente é a utilização de grandes quantidades quando é

usado como antissolvente para o método de co-precipiação, o que causa resquícios de

solvente na dispersão sólida (DJERAFI et al., 2017).

3.5.3. Solvente-fusão

O método do solvente-fusão é a combinação do método de fusão e do método do

solvente. Neste método, os fármacos são dissolvidos num solvente adequado e misturados

com o veículo fundido, seguido de remoção do solvente e solidificação para formar dispersões

sólidas. A vantagem deste método é que a temperatura e o tempo de mistura são menores que

o método de fusão, protegendo assim o fármaco da degradação térmica. Além disso, o

carreador no estado fundido é mais facilmente disperso e dissolvido no solvente em

comparação com o método solvente (PATEL & PATEL, 2006).

De fato, o método e a técnica ideais para a preparação de dispersão sólida foram

escolhidos com base nas propriedades físico-químicas de medicamento e matriz. Em geral, a

secagem por aspersão e a extrusão a quente são mais comumente usadas devido à sua alta

escalabilidade e aplicabilidade.

3.6. Anti-inflamatórios não esteroidais

Para o estudo dos anti-inflamatórios não esteroidais (AINE's) é de fundamental

importância compreender o processo inflamatório para assim conhecer os diferentes

mecanismo de ação desses fármacos (GOLAN et al., 2009).

38

A inflamação passa por etapas, na cascata de inflamação (Figura 9). Ela se inicia pelos

eucosanoides, que são produtos principalmente do ácido araquidônico (AA), um ácido graxo

de cadeia poli-insaturada, ômega 6 (GOLAN et al., 2009).

Existem variadas vias para o AA e que irão levar a diferentes eucosanoides, entre eles

a via dos isoeicosanoides, lipoxigenase, epoxigenase P450 e a cicloxigenase (COX), que vai

ter como produto final sintetizado as prostaglandinas, prostaciclina e tromboxano que são os

prostanoides (KATZUNG & TREVOR, 2017).

Importante salientar que COX, é dividida em duas subclasses de enzimas, COX-1 e

COX-2, capazes de transformar o AA em prostanóides específicos. Essas enzimas têm

funções distintas, como por exemplo, a COX-1 age no processo de citoproteção gástrica, e a

COX-2 age nos processos inflamatórios. Apesar disso, em alguns casos elas podem atuar em

conjunto, como nos casos dos AINE's (BATLOUNI, 2010).

Processo estimulador da membrana

Ácido araquidônico

Cicloxigenase

Prostaglandinas Tromboxano Prostaciclina

Modulação dos leucócitos

Inflamação

Figura 9 - Cascata de inflamação (fonte: modificado de KATZUNG & TREVOR, 2017.)

Logo, o mecanismo de atuação dos AINE's será de modo geral justamente na COX,

podendo ser de modo não seletivo, inibindo as duas COX´s, como o ibuprofeno, ácido

acetilsalicílico (AAS), piroxicam, naproxeno e diclofenaco; ou inibindo seletivamente a

COX-2, como o valdecoxibe, parecoxibe e celecoxibe (KATZUNG & TREVOR, 2017).

De modo geral, sendo uma das classes mais antigas e com uma grande importância

comercial, o desafio encontrado pela indústria é inovar essa classe de fármacos. A estratégia

mais comum é a síntese de novos fármacos, porém, praticamente estão esgotadas as inovações

em torno de grupos farmacofóricos inovadores. Nesse sentido, atualmente, os lançamentos de

39

novos AINE'S se baseiam em pequenas modificações de grupos ligados ao sítio

farmacofórico, obtenção de novos fármacos COX-2 seletivos, ou a síntese de pró-fármacos

(DEQUEKER et al., 1998).

Diante das limitações das estratégias de síntese, as ferramentas tecnológicas

disponíveis para correção de características biofarmacêuticas típicas dos AINE'S tornaram-se

muito atrativas. Entre as razões destacam-se o número variado de opções tecnológicas, o

menor tempo de desenvolvimento do medicamento e o menor custo final (JERMAIN;

BROUGH; WILLIAMS III, 2018).

A baixa solubilidade aquosa dos AINE'S causa baixa desintegração nas formas

farmacêuticas sólidas, como comprimido, com consequente baixa taxa de dissolução, como já

comentado anteriormente. Os aspectos biofarmacêuticos relacionados devem ser superados

para elevar a fraca dissolução, seguida da melhora da biodisponibilidade (ADEBISI et al.,

2016).

Com esse objetivo, uma série de inovações têm sido utilizadas como complexos de

inclusão (PEREVA,2016), adição de sais (KORN & BALBACH, 2014), pró-fármacos

(AMIN, 2015) nanosuspensões (MÖSCHWITZER, 2013), co-cristais (THAKURIA, 2013),

micelas (LU & PARK, 2013), microemulsões (HE; HE; GAO, 2010), nanoemulsões (KOTTA

et al., 2012), nanopartículas lipídicas (NASERI, 2015) e a utilização de dispersão sólida

(JERMAIN; BROUGH; WILLIAMS III, 2018).

Com a finalidade de se melhorar a dissolução, obtendo consequentemente mais rápida

ação farmacológica, a tecnologia da dispersão sólida demonstra ser relevante alternativa às

demais existentes. São muitos os estudos envolvendo essa tecnologia contendo AINE's e

muitas são as estratégias utilizadas. Neste trabalho elencamos os AINE's mais usados na

terapêutica estudados como dispersão sólida e apresentamos os trabalhos mais relevantes para

cada fármaco individualmente.

3.6.1. Ibuprofeno

CH3

CH3

CH3

O

OH

Figura 10 - Estrutura molecular do ibuprofeno (Produzido em: ACD/CHEMSKETCH, 2008).

40

Existem muitos estudos sobre dispersões sólidas contendo ibuprofeno em diferentes

matrizes poliméricas. Um dos primeiros estudos foram Najib et al. (1986), que avaliaram as

propriedades do ibuprofeno na matriz polimérica de PVP, utilizando o método de evaporação

por solvente. Foi observado um aumento na dissolução do fármaco em comparação com

formulações orais convencionais. Foi demonstrado que a massa molar (MM) do polímero

interferiu na liberação, quanto maior a MM menor foi a extensão da liberação (Figura 11). O

mecanismo de liberação envolveu o pH, demonstrado pela absorção e dissolução do fármaco

em pH's extremos, 8,5 e 1,1, explicada pela ionização do grupo ácido carboxílico em meio

básico e pela protonação do grupo amida em meio ácido. A escolha do solvente (Figura 12) e

do tensoativo (Figura 13), demonstrou ser relevante para aumentar o perfil de dissolução da

dispersão sólida.

Figura 11 - Perfil de dissolução comparado com a MM do polímero (fonte: Najib et al., 1986).

Figura 12 - Perfil de dissolução comparado com solvente usado na obtenção da DS. (1) Dispersão sólida

ibuprofeno com cloroformio; (2) Dispersão sólida ibuprofeno com etanol; (3) mistura física; (4) fármaco puro

(fonte: Najib et al., 1986).

41

Figura 13 - Comparação do perfil de dissolução da dispersão sólida com diferentes tensoativos (fonte: Najib et

al., 1986).

A melhor dissolução de uma dispersão sólida em relação a escolha de um solvente,

pode ser explicada pela velocidade de evaporação que o solvente tem (Figura 12). Quanto

mais rápida for a evaporação, menor será o tempo de reorganização das cadeias cristalinas da

dispersão, deixando-o com maior característica amorfa.

Quando tensoativos aniônicos foram utilizados houve substancial melhora no perfil de

dissolução, quando comparado a tensoativos de cargas diferentes do fármaco, isto é,

catiônicos ou não-iônicos. No caso, o lauril sulfato de sódio tem carga negativa (aniônico),

portanto, semelhante a carga do ibuprofeno ionizado, já a cetrimida tem carga positiva

(catiônico) e o span 60 não-iônica (Figura 13).

Além do PVP (ROSSMANN et. al., 2014), outros polímeros também foram usados na

preparação de dispersões sólidas como: PEG, (NEWA et al, 2008; KHAN & JIABI, 1998;

SHAKHTSHNEIDER et al., 1996), poloxamer 188 (NEWA et al., 2007), mistura de PVP/VA

(MONEGHINI et al., 2008), polivinil álcool/polietileno glicol (Kollicoat IR®) (XU et al.,

2009). Em todos os trabalhos analisados fica evidente que técnica usada e o tamanho da

cadeia polimérica são os fatores mais importantes que afetam a dissolução do fármaco.

Quanto maior for a MM e quanto mais cristalino for o estado físico do fármaco na matriz

menor será taxa de dissolução.

AKTER et al., (2015) fizeram um estudo com a finalidade de identificar qual polímero

seria mais eficiente na liberação do ibuprofeno em dispersão sólida. Foram utilizados como

matrizes o PVP, Poloxamer 407, PEG 4000, PEG 6000. Os melhores resultados foram obtidos

com a utilização da mistura de ibuprofeno, polaxamer 407 e PEG 6000 na proporção 1:1:1

42

preparados pelo método de fusão, pois demonstrou a maior taxa de dissolução. A análise dos

espectros de Infravermelho com Transformador de Fourier (IVTF) indicou que o fármaco

passou da sua forma cristalina para amorfa na forma de dispersão sólida.

Recentemente, Nokhodchi et al. (2017) utilizou a glucosamina como matriz para o

ibuprofeno, e preparou dispersão sólida pelo método de solvente, utilizando vários solventes,

como: acetona, etanol, metanol diclorometano e acetonitrila. Foi demonstrado que

dependendo do solvente utilizado a dispersão apresentará modificação no perfil de dissolução

do fármaco, sendo que a acetona foi o melhor solvente para a preparação da dispersão com a

maior taxa de dissolução (Figura 14). Podendo ser explicado a melhor dissolução na (Figura

15). Além disso, foi observado que a relação entre a porcentagem de ibuprofeno e

glucosamina interfere no perfil de dissolução, uma vez que a utilização de 1:4 teve perfil de

dissolução superior que 1:10.

Figura 14 - Comparação da diferença e proporção de solventes (a) acetona; (b) etanol, utilizados para a

preparação de dispersão sólida de ibuprofeno e seu perfil de dissolução (Fonte: Nokhodchi et al., 2017).

43

Figura 15 - Imagem de microscopia eletrônica de varredura comparando a dispersão sólida 1:4 (terceiro

quadrante) com acetona com a dispersão sólida 1:4 com etanol (quarto quadrante) (Fonte: Nokhodchi et al.,

2017).

Quando analisado em microscopia eletrônica de varredura, fica evidente a diferença

morfológica das dispersões quando utilizado solventes diferentes, explicando o melhor perfil

de dissolução quando utilizado a acetona e não o etanol.

3.6.2. Naproxeno

Figura 16 - Estrutura molecular do Naproxeno (Produzido em: ACD/CHEMSKETCH, 2008).

Mura et al. (1996) desenvolveram dispersões sólidas com a matriz PEG, com

diferentes tamanhos da cadeia polimérica com massa molecular (MM) de 4000, 6000 e 20000

pelos métodos de fusão e de solvente. A caracterização no estado sólido não identificou

associação compatível com mudança de estado cristalino do fármaco. Em relação ao fármaco

44

puro foi obtida melhora considerável na dissolução do anti-inflamatório, previstas pela melhor

molhabilidade e menor tamanho de partículas observadas. Tanto a técnica empregada na

preparação das dispersões sólidas, assim como a MM da matriz não causaram diferenças

significativas na dissolução. De acordo com outros estudos era previsto que a utilização de

polímeros de cadeias maiores causassem redução da taxa de dissolução, o que não foi

observado, talvez decorrente da falta de amorfização do naproxeno.

Adibkia et al. (2013) fizeram dispersões sólidas envolvendo as matrizes crospovidona

e HPMC, utilizando o método de solvente seguido de secagem por aspersão, em diferentes

proporções fármaco:matriz (1:0,5; 1:1 e 1:2). Foi avaliada a taxa de dissolução, tanto no pH 3

(estômago) quanto pH 7,4 (intestino). Em geral a dissolução em meio alcalino é muito

superior do que em meio ácido, tanto com a crospovidona a HPMC. A formulação

fármaco:crospovidona 1:1 otimizada apresentou 90% do fármaco dissolvido em 60 minutos,

enquanto que o fármaco puro apenas 40% foi dissolvida.

3.6.3. Cetoprofeno

Figura 17 - Estrutura molecular do Cetoprofeno (Produzido em: ACD/CHEMSKETCH, 2008).

A primeira dispersão sólida publicada com esse AINE's foi feita por Rogers &

Anderson (1982), utilizando ureia como matriz, através de uma mistura eutética.

Margarit et al. (1994) utilizaram na matriz PEG 6000 para a preparação de dispersão

sólida, pelo método de solvente. O método envolveu a utilização de álcool e evaporação em

estufa. Foi observado que à medida que se aumentou a quantidade de fármaco em relação ao

polímero sua velocidade de dissolução abaixou, embora tendo sido observadas taxas de

dissolução mais elevadas em todas as proporções cetoprofeno:PEG em comparação ao

fármaco puro. Para as proporções fármaco:matriz 10:90, 20:80 e 50:50, foram determinados,

respectivamente, 1,9; 3,2 e 4 minutos para a dissolução. Já para o fármaco puro 80% se

dissolveram em 88,5 minutos.

45

Chan et al. (2015) preparam dispersões sólidas com matrizes poliméricas hidrofílicas,

PVP K30; PVP:VA (6:4) e PVA, através do método de solvente, seguido por secagem por

atomização. Foram obtidas dispersões sólidas amorfas com as matrizes PVP K30 e PVP:VA;

e dispersão sólida parcialmente cristalina com PVA (Figura 18). Neste trabalho foi observado

resultado inesperado, pois apesar do fato da DS estar no estado amorfo, isso não causou

melhora na dissolução, quando comparado a DS cristalina (Figura 19). Com isso, foi

demonstrado que a interação fármaco-polímero pode proporcionar melhor dissolução do

fármaco em DS cristalina. Se a dissolução do polímero em DS contendo fármaco amorfo for

muito rápida, poderá causar a precipitação ou recristalização do fármaco durante a sua

liberação, mudando as característica da DS e resultando em um perfil de liberação lenta

(Figura 20).

Figura 18 - Imagem da Difração de Raio-X, (A) Cetoprofeno; (B) PM 30% Cetoprofeno K30; (C) MF 30%

Cetoprofeno PVPVA 6: 4; (D) MF 30% Cetoprofeno PVA; (E) SD 30% Cetoprofeno PVP K30; (F) SD 30%

Cetoprofeno PVPVA 6: 4; (G) SD 30% Cetorpofeno PVA e (H) PVA puro (Fonte: Chan et al., 2015).

A difração de raio-x mostrou que as dispersões sólidas com as matrizes PVP-K30 e

PVP/VA não apresentaram picos, representando amorfização das amostras, o que não

aconteceu na dispersão sólida com PVA, obtendo picos de cristalinidade.

46

Figura 19 - (A) Perfil de dissolução cetoprofeno e PVP K30; (B) Perfil de dissolução cetoprofeno PVP/VA; (C)

Perfil de dissolução cetoprofeno e PVA; (D) Comparação do perfil de dissolução de todas as dispersões sólidas

(Fonte: Chan et al., 2015).

O perfil de dissolução de dissolução da DS com matriz PVP/VA obteve resultados que

são explicados na literatura. Onde demonstra que a utilização de dispersão sólida melhora o

perfil de dissolução quando comparados a mistura física e fármaco puro, o que também

acontece com a matriz PVA, apesar de ter característica cristalina, o aumento da área

superficial e as características hidrofílicas do polímero, fazem com que seu perfil de

dissolução seja mais eficaz. Entretanto quando utilizado a matriz PVP-K30 obteve resultados

diferentes do que se espera de uma dispersão sólida de liberação rápida.

Figura 20 - Possível mecanismo de liberação para a dispersão sólida com matriz PVP-K30 (Fonte: Chan et al.,

2015)

A taxa de liberação lenta do fármaco pode ser explicada pelas características

extremamente hidrofílica da matriz, dissolvendo rapidamente, o fármaco por sua vez

47

hidrofóbico, ficou retido no meio de dissolução recristalizando e podendo ter ocorrido a

aglomeração reduzindo sua área superficial, levando a essa liberação lenta.

3.6.4. Piroxicam

Figura 21 - Estrutura molecular do Piroxicam (Produzido em: ACD/CHEMSKETCH, 2008).

A primeira dispersão sólida contendo piroxicam foi desenvolvida por Fernandez et al.

(1992), que utilizou PEG 4000 como matriz utilizando o método de fusão-solvente. No

estudo, diferentes proporções de fármaco:matriz foram usadas e foi observado através de

espectrometria de infravermelho que o fármaco se manteve disperso até o limite de 40 %.

Após isso o piroxicam se apresentou insolúvel na matriz polimérica.

Anos depois, Tantishaiyakul et al. (1999), utilizou outras matrizes, o PVP K17 e K90,

polímeros baseados na vinilpirrolidona com MM diferentes, para a preparação da dispersão

sólida pelo método de solvente, obtendo amorfização das dispersões, tanto para PVP-K17

quanto para K90 utilizando difração por Raio-X (Figura 22) e confirmada por IVTF (Figura

23) . Foi observado que a proporção de 1:5 e 1:6 de piroxicam: PVP K17 foi melhor que PVP

K90 (Figura 24).

48

Figura 22 - Imagem da difração de Raio-X do piroxicam puro, mistura fisica e dispersão sólida para PVP K90 e

PVP K17 respectivamentes (Fonte: Tantishaiyakul et al., 1999).

A utilização da difração de Raio-X determinou que não havia picos de cristalinidade

na DS 1:2 (Piroxicam:PVP K-90) e na DS 1:3 (Piroxicam: PVP K-17), entretanto a utilização

de um método mais sensível foi necessário para obter a proporção exata de amorfização total

da dispersão sólida.

Figura 23 - Imagem de IVTF caracterização da amorfização da dispersão sólida (Fonte: Tantishaiyakul et al.,

1999).

Utilizando o IVTF foi possível definir o desaparecimento da banda que caracteriza a

cristalinidade do piroxicam, e a formação da dispersão sólida amorfa nas proporções 1:3 e 1:4

com PVP K-90 e com PVP K-17 nas proporções 1:5 e 1:6.

49

Figura 24 - Comparação do perfil de dissolução das Dispersões sólidas com as matrizes PVP K-90 e K17

respectivamente (Fonte: Tantishaiyakul et al., 1999).

O fator que causa o melhor perfil de dissolução do PVP- K17, em comparação ao K-

90, é a sua MM. À medida que a MM polimérica aumenta a sua viscosidade é elevada,

dificultando a difusão do fármaco através da camada de saturação da partícula da DS gerando

uma taxa de dissolução menor. A dispersão sólida com PVP-K17 no estado amorfo 1:5 e 1:6

obteve resultados cerca de 40 vezes melhor que o fármaco puro, sendo assim a melhor opção.

Wu et al. (2009) prepararam dispersões sólidas empregando a técnica de precipitação

por antissolvente seguindo de secagem por aspersão (spray drying). A dispersão sólida obtida

pela precipitação por antissolvente obteve melhores resultados na dissolução. A dispersão se

dissolveu nos primeiros 5 minutos do teste e a sua dissolução foi pelo menos 20 vezes mais

rápida que o fármaco na sua forma pura.

Adebisi et al. (2016) trabalharam com a glucosamina como matriz utilizando o método

de solvente seguido por secagem por aspersão para a preparação da dispersão sólida. Na

proporção piroxicam:glucosamina 2:1 foi obtida a maior taxa de dissolução. Esse resultado

pode ser explicado pelo tamanho reduzido (2,5 µm) e esfericidade da partícula, pela

amorfização da glucosamina e piroxicam e pela carga de superfície quase nula. Como o

piroxicam passou por uma diminuição da área superficial utilizando a secagem por

atomização seria esperado melhor dissolução, mas isso não aconteceu. A otimização só foi

obtida após redução das forças coesivas das partículas, o que somente ocorreu após adição da

glucosamina. Com isso a taxa de dissolução aumentou, pois a carga eletrostática coesiva, ou

seja, a tensão superficial diminuiu, aumentando a molhabilidade da partícula.

50

3.6.5. Nimesulida

Figura 25 - Estrutura molecular da Nimesulida (Produzido em: ACD/CHEMSKETCH, 2008).

Gohel & Patel (2003) prepararam dispersão sólida de nimesulida com variados tipos

de promotores de dissolução como PEG 400, Propilenoglicol, PVP K30, os tensoativos lauril

sulfato de sódio, e polisorbato 80, e lactose e celulose microcristalina como matrizes pelo

método de evaporação de solvente. No estudo as formulações contendo PVP, misturado com

os tensoativos lauril sulfato de sódio e polisorbato 80 apresentaram melhor taxa de dissolução,

obtendo 70 % em 120 minutos, contra 15 % com o fármaco puro. Dessa forma, foi

demonstrado que a nimesulida pode ter sua biodisponibilidade aumentada quando presente em

dispersão sólida formada por PVP, tensoativos e lactose ou celulose microcristalina.

Moneghini et al. (2009) utilizou micro-ondas para a preparação de dispersão sólida.

Foram utilizados como matrizes o Stearoil polioxil-32 glicerides (Gelucire ® 50/13) e o

Poloxamer 188 (Lutrol ®F 68), ambos com função tensoativa. A irradiação por micro-ondas

reduziu a cristalinidade do fármaco. Para avaliar a estabilidade da estrutura física das

dispersões sólidas um estudo de estocagem por 6 meses foi realizado. Após isso não foi

obsevada recristalização ou mudança de fase do fármaco na dispersão sólida. No estudo de

liberação em 13 minutos 90% do fármaco dissolvido, enquanto o fármaco puro nesse mesmo

tempo teve 18%. Este estudo demonstrou um grande avanço, pois com o uso do micro-ondas

não foi necessária a utilização de solventes para a preparação de dispersão sólida.

51

4. Conclusão

Durante a revisão é notória a evolução histórica das dispersões sólidas, com um

evidenciado aumento da dissolução e por consequência elevada biodisponibilidade de

fármacos pouco solúveis, enfatizando os anti-inflamatórios não esteroidais (AINE's). A

melhoria dessa biodisponibilidade faz com que tenhamos uma menor quantidade de fármaco

ingerido, para atividade biológica eficaz, considerando que AINE´s podem causar efeitos

adversos, como problemas gástricos pela inibição da COX. Os estudos na área de dispersão

sólida para a correção de problemas biofarmacêuticos são promissores diante dos avanços

observados no aprimoramento dos métodos de obtenção, no aumento da estabilidade, dos

tipos de matrizes e adjuvantes a serem trabalhados e dos métodos de estudos da associação da

matriz/fármaco/adjuvante com maior potencial de dissolução.

52

5. Referências

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