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PORFIRIAS Paola Cristina Vieira R. Passos R1 Serviço de dermatologia HUEC

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PORFIRIAS

Paola Cristina Vieira R. Passos R1 Serviço de dermatologia HUEC

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PORFIRIAS Grupo de doenças causadas por

anormalidades herdadas ou adquiridas de enzimas que intervêm na biossíntese do heme levando ao acúmulo de porfirinas.

Heme: composto tetrapirrólico Protoporfirina + ferro ferroso =

Heme

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BIOSSÍNTESE DO HEME

Longa e complexa cadeia de reações bioquímicas que tem como

catalisadores diversas enzimas e resultado final o heme.

85% síntese na M.Óssea Pouco menos de 15% síntese no

Fígado Inicio e final da síntese ocorrem na

mitocondria e o restante no citosol

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BIOSSINTESE DO HEME

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HEME Constituinte celular essencial para vários

processos metabólicos. Habilidade única de captar e liberar oxigênio e

de facilitar o transporte de elétrons. É o grupo prostético (núcleo molecular) para um grupo significativo de proteínas celulares

importantes; hemoglobina, mioglobina, citocromos mitocondriais, citocromos microssomais (P450), catalase, peroxidase, prostaglandinas e outras.

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PORFIRINAS

Intermediários da via do heme

Porfirinas são classificadas em 2 grupos: eritropoiética e hepática, com base no principal local do defeito enzimático específico.

São diferenciadas medindo os precursores do heme na urina, nas fezes, nos eritrócitos e no plasma.

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TIPOS DE PORFIRIAS 1. Eritropoiéticas

- Porfiria eritropoiética congênita- Protoporfiria eritropoiética- Copoporfiria eritropoiética

2. Hepato-eritrocítica

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TIPOS DE PORFIRIAS 2. Hepáticas

- Porfiria aguda intermitente- Porfiria cutânea tardia- Porfiria variegata ou mista- Copoporfiria hereditária- Porfiria por deficiência de ALA

dehidratase

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FISIOPATOLOGIA Fotossensibilidade Porfirinas absorvem luz (bandas Soret

400-410nm)Moléculas em estado excitadoReagem com moléculas biológicasLiberação da energia sob a forma de

fluorescência, fosforecência e calorTransferência de energia a moléculas de

oxigênio

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FISIOPATOLOGIAEspécies reativas de O2Dano tecidual (peroxidação de lipídios e

alterações nas membranas celulares)

Liberação de mediadores e enzimas a partir de células como mastócitos e PMNL(resposta inflamatória)

Síntese de colágeno (incubação de fibroblastos)

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PORFIRIA ERITROPOIÉTICA CONGÊNITA (PEC) Doença de Günther – AR Rara / Grave Inicio na infância/primeira década Forma mais frequente em crianças Mutação no gene da Uroporfinogênio III

cossintetase – crom 10 Aumento da URO I e COPRO I urinárias

(diagn) Maior expressão de COPRO I nas fezes

(diagn) Aumento de URO I e PROTO nas hemácias e

plasma

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PECManifestações Clínicas: .Fotossensibilidade moderada-grave,

bolhas,úlceras, cicatrizes em áreas expostas.Deformidades mutilantes (acral).Infecção secundária.Cictrizes, Alopécia cicatricial.Onicólise, coiloniquia, melanoníquia.Hiper ou hipopigmentação e hipertricose facial.Esplenomegalia, anemia hemolítica,

trombocitopênia.Dentes e urina de cor vermelha

(fluorescência)

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PEC AP:Clivagem subepidérmica com infiltrado

inflamatório discreto Pode haver espessamento dos feixes

colágenos nas aréas cicatriciais. DD:Demais formas de porfiria, xeroderma

pigmentosos, epidermólise bolhosa, hidroa vaciniforme e penfigóide bolhoso.

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PEC Tratamento:

Medidas profiláticas - cuidados com a anemia, infecção secundária, fotoproteção (física)

Beta-caroteno 60-180mg dia/ PUVA

Esplenectomia

Transplante de MO

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PROTOPORFIRIA ERITROPOIÉTICA (PPE) AD Rara Inicio: infância (1-4 anos) Mutação no crom 18 Deficiência da enzima ferroquetalase nos

eritrocitos e fibroblastos da pele Aumento das protoporfirinas nos eritrócitos,

fezes e plasma (diagn) Ausência de excreção urinária(insolúvel

em água) (diagn) Fenômeno fotodinâmico levando a dano

tissular

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PPE Manifestações Clínicas.Graus variáveis de lesões cutâneas (nariz,

malares, dorso das mãos): prurido, queimação, eritema, edema, lesões urticariformes, raramente púrpuras, lesões cicatriciais, atrofias, espessamento céreo da face e dorso das mãos (metacarpofalangeana e interfalangeana), rugas periorais. Raramente bolhas.

.Fotoonicólise

.Anemia, calcúlo renal, colelitíase, alterações hepáticas (até cirrose e insuficiência)

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PPE AP: Vesícula subepidérmica e acúmulo de

material homogênio eosinofilico, amorfo, PAS positivo em torno dos vasos da derme papilar. A histoquímica revela glicoproteínas, mucopolissacarídes ácidos e lípides nesse material. (≈ lipoidoproteinose)

IF: depósito de IgG

DD: Lipoidoproteinose, hidroa vaciniforme, erupção polimorfa à luz, urticária solar, queimadura solar e outras porfirias.

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PPE Tratamento:

.Fotoproteção

.Betacaroteno via oral (60-180mg/dia)

.Sugeridos sem comprovação:Drogas antimaláricasColestiraminaVit C e E

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COPOPORFIRIA ERITROPOIÉTICA (CPE)

Muito rara (apenas 3 casos descritos)

Lesões semelhantes a PPE

Aumento da coproporfirina III nas hemácias

Excreção urinária e fecal de porfirinas normal

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PORFIRIA AGUDA INTERMITENTE OU PORFIRIA HEPÁTICA AGUDA (PAI)

AD Rara (1,5:100.000); mais comum

Ecandinávia e Lapônia Início: 10-40 anos Deficiência de uroporfobilinigênio I

sintetase Aumento da ALA sintetase Precursores porfirínicos ALA e PBG não

fotossensibilizante Fotossensibilidade: ausente Reação cutânea: nenhuma

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PAI Lesão no sistema nervoso central,

periférico e autonômico Dor Abdominal, sintomas

neurológicos(convulsão, dor, fraqueza, paralisia) e psiquátricos.

Manifestação induzida por drogas ou álcool

Aumento de ALA e PBG na urina (diagn)

Ausência de tratamento específico; infusão de glicose (2l/dia a 20%), hematina (250-400g/dia)

Retirada de drogas agravantes

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PORFIRIA HEPÁTICA CRÔNICA OU PORFIRIA CUTÂNEA TARDIA (PCT)

Formas:

.Hereditária AD – acomete jovens

.Adquirida – acomete adultos(>40 anos)Influência genética, mas desencadeada

por drogas, álcool, infecções virais (Hep C e HIV)

Forma mais comum de porfiria Predomina em homens Ocorrência universal

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PCT Forma hereditária ou tipo II

.AD - Cromossomo 1p34 (baixa penetrância)

.Deficiência de uroporfobilinogênio decarboxilase (↓50%) em todos os tecidos

.Excreção aumentada de uroporfirinas I e III e copoporfirinas na urina e de isocoproporfirinas na fezes

.A maioria necessita de uma fator desencadeador para manifestar a doença

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PCT Forma Adquirida ou tipo I.Deficiência de uroporfobilinogênio

apenas no fígado por: defeito genético restrito ao fígado ou

exposição a substâncias químicas capazes de inibir a enzima do fígado mas não da hemácia

.Algumas substâncias (p.ex. álcool, estrógenos) causam porfiria apenas em predispostos e outras (p.ex hexaclorobenzeno) em todos indivíduos expostos

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PCTDrogas e agentes associados à expressão

clínica de PCT.Álcool Inibe algumas enzimas como a

uroporfibilinogênio decarboxilase, a ferroquetalase e a ALA dehidratase

Induz ALA sintase hepática em pctes com PCT Supressão da eritropoiese e absorção

aumentada de ferro da dieta

.Estrógenos Interferem na ALA sintetase hepática

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PCT.Hexaclorobenzeno, Bifenis clorados,

Dioxina Inibe a uroporfobilinogênio decarboxilase

após ativação metabólica dos compostos Causam uma Porfiria Química

.Ferro Inibe a uroporfobilinogênio decarboxilase Sobrecarga de ferro acompanha a PCT clínica

em quase todos os casos Aumento das concentrações de ferro sérico e

ferritina Associação com hemocromatose

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PCT Associação com HIV Sinais e sintomas de PCT precedentes ou

subsequentes ao diagnóstico do HIV Fisiopatologia não compreendidaPrejuizo da função hepática

Associação com Hepatite CMecanismo de interação desconhecidoForte ligação entre as doençasRelatos de estudos controversos

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PCT Manifestações Clínicas:

.Lesões cutâneas em face, pescoço e dorso das mãos (áreas expostas);

eritema, vesico-bolhas e erosões;fragilidade, cicatrizes atróficas, formação

de mília, hiperpigmentação e hipopigmentação moteada, sufusão vermelho-purpúrica;

hipertricose facial (região temporal e zigomática);

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PCT

Porém a fotosensibilidade aguda é rara

.Urina vermelha pelo aumento da excreção de URO e COPRO porfirinas

.Fluorescência vermelho-róseo à lâmpada de Wood

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PCT AP:.Bolhas subepidérmicas

caracteristicamente com base enrugada e ondulada, praticamente sem infiltrado inflamatório, e o PAS pode revelar discreto espessamento de vasos das papilas dérmicas

IF:.Depósitos de IgG e C3 de padrão

granular na ZMB e nas paredes vasculares

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PCT Diagnóstico:.Achados clínicos.Exame histopatológico.IFD.Aumento das Uroporfirinas I e III e

Coproporfirinas urinárias e Isocopro nas fezes

.Exame da urina com a lâmpada de Wood DDPorfiria variegata, pseudoporfiria,

esclerodermia e EBA

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PCT Tratamento:

.Suspensão do álcool e substâncias hepatotóxicas

.Fotoproteção

.Flebotomia periódica (vol variável ~ 500ml semanais ou bisemanais)

.Antimaláricos em baixas doses (Cloroquina 125mg 2x/sem ou HCQ 200mg 2x/sem)

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PORFIRIA VARIEGATA (PV) OU PORFIRIA HEPÁTICA MISTA AD Comum na África do Sul (3/1.000) Rara em outros lugares Início: 15-30 anos Deficiência de protoporfirinogênio

oxidase (crom 1q22) Lesões semelhantes a PCT (+ comum

homens) Manifestações de PAI (+ comum

mulheres) Isoladas ou simultaneamente

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PV

Lesões cutâneas mais precoces

Acompanham-se de sintomatologia abdominal e neurológica idênticas à PAI

Associação de lesões de fotossensibilidade com traumas mecânicos

Fotossensibilidade mais aguda

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PV AP:.Indistinguível da PCT

DD:.ALA e PBG urinários elevados durante os

ataques agudos porém caem a níveis normais entre os ataques. Enquanto na PAI os níveis são constantemente elevados

.O mesmo ocorre com os níveis fecais de Proto e Coproporfirinas

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PV.Excreção fecal maior de Copro e menor

de Uroporfirinas ao contrário da PCT . Contudo a excreção fecal total de

porfirinas é muito maior na PAI em relação a PCT

Tratamento:.Evitar uso de drogas desencadeantes.Proteção solar.Antimaláricos e flebotomia não efetivos

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COPROPORFIRIA HEREDITÁRIA (CPH) AD Rara Início: 15-30 anos Deficiência de coproporfirinogênio

oxidase (crom 3q12) Manifestações sistêmicas semelhantes

a PAI (crises abdominais, neurológicas e psiquiátricas)

20-30% apresentam fotossensibilidade semelhante a PCT e PV

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CPH

Níveis elevados de Coproporfirina III nas fezes e urina

Nenhum padrão histológico relatado até o momento

O mesmo tratamento mencionado para PAI

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PORFIRIA HEPATO-ERITROCITÁRIA (PHE) Profunda deficiência de

Uroporfobilinogênio- descarboxilase Forma homozigótica de PCT II ou

heterozigoto composto Manifestações precoces (1 ̊ ano de vida) Simulam PEC Urina escura é o sinal mais observado Fotossensibilidade intensa que diminui

ao longo do tempo; vésico-bolhas e prurido, hipertricose, hiperpigmentação, lesões esclerodermiformes.

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PHE

Pode haver acometimento ocular (ectrópio), anemia e esplenomegalia

Não há evidência de ação desencadeante de

droga AP mostra bolhas subepidérmicas

semelhantes à PCT Fotoproteção cautelosa

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PORFIRIA POR DEFICIÊNCIA DE ALA SINTETASE

Tipo extremamente raro (<10 casos) AR Qualquer idade Atividade da ALA sintetase eritrocítica <

5% do normal Sintomas similares à PAI Não há lesões cutâneas Tratamento sintomático

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Referências:

- Tratado de Dermatologia – FitzpatrickCap 151- Dermatologia – Sampaio e Rivitti Cap 60- Dermatologia Clínica – Thomas P Habif Cap 19