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P R O J E T O Formação DE professores 2 página 1 de 23 1 Pedagogia do amor: o Sistema Preventivo de Dom Bosco 2 A Família Salesiana e a nova escola no continente americano Texto de apoio 3 Projeto pedagógico para a Rede Salesiana de Escolas Palavras de abertura Queridos educadores e educadoras, membros da Família Salesiana, amigos amigas de Dom Bosco: Na qualidade de Regional da zona Interamericana, tenho a alegria de poder dirigir-me a vocês nesta aber- tura do Encontro Continental Americano de Educa- ção Salesiana Cumbayá 2, para dar-lhes a saudação de boas vindas. Esta saudação quer ser também uma apre- sentação do horizonte no qual somos chamados a nos mover. Agradeço, em primeiro lugar, a participação de cada um e de cada uma de vocês, de suas comunidades e obras educativas, de suas inspetorias. O Equador é, geograficamente, o centro da terra. Tem este privilé- gio. O Equador Salesiano é, com frequência, centro de reuniões dos SDB e da Família Salesiana. Hoje, Cumbayá é centro de irradiação da Escola Salesiana A Família salesiana e a nova escola no continente americano (publicado originalmente pela Editora Salesiana em 2001 na Coleção Cidadão) para todo o Continente. Naturalmente, esta centralidade geográfica do Equador encontra seu

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Palavras de abertura

Queridos educadores e educadoras, membros daFamília Salesiana, amigos amigas de Dom Bosco:

Na qualidade de Regional da zona Interamericana,tenho a alegria de poder dirigir-me a vocês nesta aber-tura do Encontro Continental Americano de Educa-ção Salesiana Cumbayá 2, para dar-lhes a saudação deboas vindas. Esta saudação quer ser também uma apre-sentação do horizonte no qual somos chamados a nosmover.

Agradeço, em primeiro lugar, a participação de cadaum e de cada uma de vocês, de suas comunidades eobras educativas, de suas inspetorias. O Equador é,geograficamente, o centro da terra. Tem este privilé-gio. O Equador Salesiano é, com frequência, centrode reuniões dos SDB e da Família Salesiana. Hoje,Cumbayá é centro de irradiação da Escola Salesiana

A Famíliasalesiana

e a novaescola no

continenteamericano

(publicado originalmente

pela Editora Salesiana em

2001 na Coleção Cidadão)

para todo o Continente.Naturalmente, esta

centralidade geográficado Equador encontra seu

Para debate
Como o fenômeno da globalização está sendo sentido e percebido em sua escola e em sua cidade? O que significa educar para uma cultura da solidariedade e como a escola salesiana pode contribuir para isso? O que é possível fazer, no âmbito de sua atuação educativa, para educar para uma cultura da solidariedade?

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melhor complemento na incomparável capacidade de acolhida de seu povo e dosSalesianos e Salesianas. São anfitriões esplêndidos. Em nome de todos, agradeçosua fraterna acolhida.

Cumbayá é sinônimo de formação permanente, de renovação e projeção. Istoaconteceu há sete anos atrás, quando se realizou aqui o primeiro encontrolatinoamericano da escola salesiana. Este encontro liberou tanto dinamismo nasinspetorias, que já desembocou em propostas educativas de escola salesiana, comoa da Colômbia. Hoje torna-se, de novo, sede do relançamento da escola salesianaem nível de todo o Continente, incluindo Canadá e Estados Unidos. A ação detodos nós, com todo o peso da presença salesiana na América, quer contribuirpara a criação de uma cultura da solidariedade.

As circunstâncias históricas, sociais, políticas, econômicas e culturais queestamos vivendo caracterizam-se, de um lado, pelos processos de globalização emmarcha e, de outro, pela concentração da riqueza em alguns e, consequentemente,o empobrecimentos de outros, que são sempre as maiorias. Isto acontece tantoem nível de nações, como de pessoas.

O tema não poderia ser mais atual, providencial e profético, se é que dese-jamos ser uma instância de transformação social através da educação formalcom as escolas, institutos tecnológicos e universidades dirigidos pela FamíliaSalesiana.

O ambíguo da globalização consiste em sua vinculação ao neoliberalismo,que a apresenta como uma nova forma, mais cínica e desenfreada, de exploraçãoe de exclusão. Isto explica a advertência de João Paulo II: “a globalização não deve

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ser uma nova versão do colonialismo”. (El Deber, Santa Cruz de la Sierra, Sábado, 28de abril de 2001).

De fato, a globalização, não é, em si mesma, nem boa nem má, dependendoda forma como é utilizada. Sob este ponto de vista, é positiva, enquanto favore-ce a intercomunicação dos povos. Ela torna-se, contudo, catastrófica quandopermanece ao serviço da economia e homogeneiza os estilos de vida e as cultu-ras, apagando todo tipo de fronteiras. Os protestos, cada vez mais orgânicos,nas reuniões da OCDE ou do Fundo Monetário Internacional, são uma amostrado mal-estar crescente do povo que vai ficando privado do acesso aos bens,percebendo que tal modelo lhe é imposto sem que ele tenha qualquer forma departicipação.

O resultado é que está-se dando uma perversão – no sentido literal e moral dapalavra – pois, como Octávio Paz já denunciava há anos, de forma aguda e certei-ra, trocaram-se os valores por preços. Trata-se de uma expressão sutil, porém a dife-rença que assinala é nefasta, porque está gerando um novo modelo antropológico:o homo oeconomicus, que tem como centro a economia no meio de um individu-alismo exacerbado, como motor, a competição desenfreada pelo ter e ter sempremais, a qualquer custo.

Logicamente esta nova “anticultura” – cultura é um termo que, por definição,alude ao que é bom, e por esta razão não se pode chamar “cultura da globalização”– está afetando severamente a educação, ou melhor dito, a escola a quem estariaconfiada aquela.

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Com efeito, através dos Meios de Comunicação Social (Internet – TV) proces-sam-se não somente dados, mas se está, sobretudo, promovendo e produzindoum “modelo” de homem e de mulher.

Naturalmente não podemos cair no maniqueismo de quem tenta satanizar osMCS e canonizar a escola. O que desejo afirmar é somente que a escola devevoltar às suas matrizes para ser realmente educadora e formadora de pessoas. Nãopode orientar-se para a transmissão de conhecimentos, mas à comunicação devalores. Tudo isto implica uma integração corresponsável de todos os segmentosdo fato educativo em torno de um projeto comum.

Somente desta forma será possível fazer da mesma globalização um instrumen-to ao serviço da pessoa humana e dos povos. Somente assim poder-se-á gerar ohomo solidalis com olhos abertos para ver a realidade dos pobres e desde a sua ótica,com mente lúcida para descobrir mecanismos imorais de injustiça e para desenharestruturas mais humanas, com coração generoso para partilhar e avaliar a novasociedade, essa que persegue a globalização, mas que deve ser “evangelizada”.

A globalização será boa somente “se garantir que a humanidade, como um todo,irá se beneficiar, e que não permanecerá reduzida a privilégio de uma elite privile-giada, que controla a ciência, a tecnologia, a comunicação e os recursos, em detri-mento da vasta maioria de seus povos”, como continua afirmando João Paulo II.

Tudo isto implica o estudo da globalização, seu governo, incluindo não so-mente os aspectos econômicos, como também os políticos, éticos e antropológi-cos. De nada serve cair em uma dicotomia estéril entre aqueles que pensam aglobalização como “a nova fronteira da expansão econômica” e aqueles que, ao

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contrário, temem-na “como primeira causa de efeitos perversos” (marginalizaçãoe empobrecimento, a priori).

Imagina que a educação feita na escola salesiana para uma cultura da solidari-edade obriga a atualizar e concretizar o que era um dos aspectos do CG23, a saber,a educação à dimensão social da fé.

Para os itinerários que precisamos criar, penso que podem ser útil ter presenteos princípios orientadores enunciados pelo jesuíta Johannes Schasching, daKatholiche Sozialakademie de Viena.

“Em primeiro lugar, a globalização deve ser um instrumento para fazer crescer obem-estar da humanidade de acordo com os princípios éticos”.“Em segundo, o livre mercado não garante automaticamente o bem comum, masprecisa de uma regulação e de umas leis”.“Em terceiro lugar, esta regulação não pode ser limitada somente ao âmbito nacional,mas tem necessidade de acordos e instituições internacionais”.“Como continuação, é importante que o controle do mercado global esteja garanti-do não somente por autoridades nacionais e internacionais, como também por partedas forças da sociedade civil”.“Em quinto lugar, tem-se que prestar especial atenção aos países em vias de desenvol-vimento. Na prática, as vantagens da globalização não podem limitar-se a algumasregiões do mundo privilegiadas – Estados Unidos, União Européia e Japão –, mas elasdevem ampliar-se e chegar àqueles estados que não estão ainda preparados para en-trar num âmbito de competência global.

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“Em sexto e último lugar, a doutrina social da Igreja sublinha que a soma das medi-das econômicas e sociais deve basear-se em um conjunto de valores éticosirrenunciáveis. O primeiro dentre todos é o da defesa da dignidade humana” (Zenit,26 de Abril de 2001).

É evidente que a educação à cultura da solidariedade comporta o fortaleci-mento de uma rede de comunicação com todos os homens e mulheres de boavontade.

Deve-se, pois, procurar uma globalização sem exclusão na qual todos/as te-nham acesso às fontes de informação, à educação, aos recursos necessários para avida.

Pela mesma razão, educar para uma cultura da solidariedade é plasmar todoum sistema de valores como a liberdade, a verdade, a justiça, a integração doContinente, a caridade.

Eu me pergunto se não se poderia reformular o binômio “honestos cidadãos ebons cristãos” para o qual tende a educação salesiana, segundo Dom Bosco, para“cidadãos solidários, porque são bons cristãos”.

Pascual Chávez Villanueva, SDBCumbayá, 7 de Abril de 2001

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A identidade da escola salesiana hojeEstou muito contente em estar aqui com vocês e

saúdo a cada uma e a cada um, com muito afeto. Esteé, assim penso, precisamente um momento históricopara a Família Salesiana da América, e desejo a mim ea vocês que o possam viver intensamente.

A reflexão que lhes proponho concerne à identi-dade do ambiente educativo, onde fazemos votos quecrianças, moços/as, jovens e adultos (pais, professo-res, religiosas e religiosos) aprendam a atuar a síntesefé, cultura e vida.

A escola salesiana é uma escola que sabe acolher

Sabemos bem quanto seja importante para cadaum de nós, quando faz o seu ingresso num novo con-texto, a fase de ambientar-se, isto é, o tempo que de-dicamos a perceber os sinais comunicativos do novoespaço, tanto físico como relacional, no qual devere-mos “habitar” por um determinado tempo.

Uma escola que sabe acolher é uma escola capazde organizar espaços, tempos, estilos relacionais para

Relançamentoda escola e

da formaçãoprofissional

salesiana nocontinenteamericanopara umacultura da

solidariedade

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colocar à vontade os meninos, as meninas, os rapazes, as moças e os jovens que afreqüentam.

Um ambiente acolhedor é um lugar com uma forte valência comunicativa,caracterizado por uma riqueza de mensagens e de linguagens, onde os feed-backrelacionais constituem para os jovens e os adultos o sentido partilhado do estarjuntos, das coisas que se fazem e daquelas que se poderão fazer.

É um ambiente capaz de aceitação sem condições dos jovens, de encontrá-loscomo pessoas dignas de estima e respeito, independentemente da sua proveniên-cia social, que se compromete a perceber o seu mundo assim como eles o vêm e oexperimentam, é um ambiente plenamente envolvido na sua vida.

A escola salesiana, como instituição que quer oferecer um serviço a todos, teminscrita na sua identidade a preocupação por quem é marginalizado. Esta caracte-rística da nossa vocação manifesta a coerência com a fé que professamos, com amissão carismática recebida do Senhor da vida que nos chama a encontrá-lo norosto dos jovens mais pobres.

A escola, fiel à inspiração carismática originária, trabalha para dar oportunida-des de crescimento aos jovens, privilegia aqueles que mais sofrem e experimen-tam a exclusão dos circuitos sociais. Se não é assim, devemos interrogar-nos.

Em agosto passado, os animadores do Movimento Juvenil Salesiano, reunidosno Colle Don Bosco para o Fórum mundial, pediram aos Salesianos e às Filhas deMaria Auxiliadora que se comprometessem com mais clareza em favor dos maispobres. Devemos recordar este fato e tê-lo presente também nestes dias.

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Uma escola para a pessoa

Num artigo de Leónidas Ortiz Lozada lê-se este conto:

“Um pai cansado das perguntas insistentes de um dos seus filhos menores, decidiudar-lhe para resolver um difícil quebra-cabeça, que consistia em unir todos os frag-mentos do mapa-múndi. Depois de pouco tempo o menino volta com o trabalhoterminado.– Como é possível que em tão pouco tempo você resolveu o quebra-cabeça? Dissemaravilhado o pai.– Muito simples, responde o menino. Atrás dos fragmentos do mapa-múndi, desco-bri que se ia formando a figura de uma pessoa. Assim, construindo a pessoa, organi-zei o mundo.”

Este conto indica com clareza a coisa da qual nos ocupamos. A chave do “mun-do organizado” de modo harmônico é a formação da pessoa. Sabemos bem quetoda ação educativa está coligada com uma concepção da pessoa e da existênciahumana, a educação neutra não existe.

A educação cristã funda-se numa antropologia que concebe a pessoa aberta aomistério de Deus e como um sistema aberto, capaz de projetar-se, de entrar emrelação com os outros, com a cultura e de produzir significados.

A escola salesiana, no sulco da tradição cristã, é um ambiente de vida e deformação integral para meninos e meninas concretos; não se fixa exclusivamente

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sobre a pura instrução ou sobre a aquisição de habilidades técnicas funcionais àprodução e à eficiência econômica social.

Esta, tendo como horizonte de valor a pessoa, compromete-se na promoçãode personalidades autênticas e válidas, estimula a relacionar-se, a participar davida comunitária, a desenvolver os recursos individuais em vista de uma melhorqualidade da vida da pessoa e da comunidade.

Neste sentido, a relação educativa afetuosa, acolhedora, serena, disponível, paci-ente, livre, respeitosa, torna-se determinante e compromete a pessoa no seu processode crescimento; ajuda-a a descobrir os valores que possui e a colocá-los em foque paraconstruir a sua história, para decidir sobre si e sobre a orientação de vida.

Uma escola para a pessoa não tira nunca a esperança e a confiança dos jovens,dos educadores, das famílias, mas encoraja sempre a encontrar soluções diantedas dificuldades, dos inevitáveis conflitos que se apresentam numa normal con-vivência humana.

Hoje, somos todos conscientes que se trata de educar as nova gerações, cida-dãos e artífices do novo século, a aprenderem a apreender e a conhecer para toda avida, a serem de tal modo que desenvolvam da melhor maneira a própria perso-nalidade, autonomia, responsabilidade, a conviverem pacificamente com os ou-tros, manifestando compreensão e apreciação da interdependência, respeito dopluralismo, a fazerem na concretude das situações sociais e trabalhistas que seapresentam ao longo do curso da vida.

A estas orientações da Relação Unesco, permito-me acrescentar que se trata deeducar as novas gerações a crerem, a viverem e a celebrarem a fé.

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Em síntese, a educação é essencialmente exercício de humanização e, ao mes-mo tempo, é fé profunda na pessoa e na sua perfectibilidade.

Uma escola que se configura como comunidade educativa

A comunidade educativa é o centro propulsor da experiência cultural e formativa,em diálogo aberto com a comunidade territorial e com as necessidades de educa-ção dos jovens. É o lugar onde é possível não só aprender, mas também experimen-tar oportunidades, limites e confrontar-se com as diversas vocações cristãs.

O clima familiar de uma comunidade depende do grau de abertura e da medi-da em que os seus membros assumem o risco de auto-apresentar-se, de compor-tar-se como pessoas autênticas, não escondidas atrás de uma fachada. Na famíliasalesiana, temos sempre tido como meta a formação de uma comunidade educa-tiva onde as pessoas encontram-se num clima de confiança e abertura.

A educação é fruto da reflexão pessoal e da interação entre dirigentes, docen-tes, estudantes, famílias, comunidades religiosas, representantes das Instituiçõese das forças operantes no território no qual as escolas estão colocadas.

Hoje somos chamados, sobretudo nós religiosos e religiosas, a definir o nossopapel na comunidade educativa, tornando concretas algumas palavras como co-responsabilidade, como subsidiário, igual dignidade, recíproca potenciação.

Agora, brevemente, quero sublinhar alguns elementos que caracterizam osdiversos componentes da comunidade educadora (CE):

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Os rapazes e as moças

São chamados a serem protagonistas do crescimento e da vida de fé da CE.Os jovens estão no centro da vida da CE, das suas opções e das suas respostas.

Como queriam Dom Bosco e Madre Mazzarello, são parte integrante da comuni-dade à qual dão a sua contribuição original e criativa, segundo a sua idade e seugrau de maturação. Na CE os jovens encontram espaços e estruturas nos quaispossam sentir-se protagonistas, assumir responsabilidades, confrontar-se com oprojeto e os valores propostos pela comunidade e entrar em diálogo com os pro-blemas e a vida do ambiente mais amplo no qual vivem, até chegarem a ser elesmesmos animadores dos outros jovens.

Os educadores leigos e as educadoras leigas

Os leigos, com a sua competência, assumem co-responsavelmente, o projetoeducativo a serviço dos jovens.

Os leigos dão à CE e ao seu modelo concreto de missão uma contribuiçãosegundo a vida secular, vivida em família, na profissão, no próprio ambiente so-cial e político. Dão um contributo específico em termos de competências profis-sionais, educativas e pastorais.

Sua presença torna a CE uma verdadeira experiência de igreja, referência sig-nificativa para os jovens.

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As famílias

Os pais são os primeiros e os principais responsáveis da educação. Esta respon-sabilidade manifesta-se na busca das intervenções educativas mais adequadas eurgentes, segundo a idade e as situações dos filhos.

Daqui deriva a participação co-responsável na elaboração e assimilação co-mum do projeto educativo, na convergência das escolhas e na necessidade deintegrar as propostas dos distintos elementos educativos.

A comunidade religiosa

Na CE, a comunidade religiosa é animadora junto com os outros, segundo oestilo do Sistema preventivo, promove a participação, as relações interpessoaisentre todos os membros, colabora eficazmente a criar um clima de família queune, numa única experiência de vida, religiosas, leigos e jovens.

A comunidade religiosa, como comunidade carismática que vive, guarda,aprofunda e desenvolve constantemente o carisma salesiano, cumpre uma fun-ção animadora específica dentro da CE:

• manifestando o primado de Deus na vida e na dedicação total à missãoeducativa evangelizadora;

• garantindo a identidade carismática salesiana;• fazendo-se promotora de comunhão e de participação na missão;

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• assumindo a responsabilidade da formação cristã de todos os membros daCE.

Uma escola experta na evangelização a partir da vida

Encontramo-nos freqüentemente diante de uma ignorância fortíssima noque diz respeito à dimensão religiosa, da qual podem facilmente nascerintegralismos e superficialidades. É necessário superar esta situação com umamultiplicidade de propostas, oferecendo ocasiões e possibilidades de compro-missos, de responsabilidades intra-escolares e extra-escolares, numa fecundainteração de estimulações ambientais, contribuições disciplinares, atividadesformativas, participações a iniciativas comunitárias do território, ações de vo-luntariado civil e eclesial, inserção na pastoral de conjunto a nível paroquial,diocesano, nacional, internacional.

Somos todos conscientes que a evangelização deve interpelar todas as dimen-sões da pessoa; se ela não chega a tocar o coração, a profundidade da pessoa, oscritérios de juízo, os valores determinantes, os interesses, as linhas do pensamen-to permanecem como uma verniz superficial destinada a esvair-se velozmente.

Uma evangelização eficaz passa através de uma comunidade caracterizada pelaexperiência de fé, que assume o mistério da encarnação do Senhor e que, com aforça do Espírito, propõe uma mensagem inculturada. Uma comunidade dispos-ta, portanto, a entrar em diálogo com a cultura, que reconhece os sinais positivos

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nela presentes e descobre as chaves para anunciar, com a sua proposta cultural eo seu testemunho, uma mensagem entusiasmante e de jubilosa esperança.

Uma comunidade que se faz lugar de partilha, porque sente a necessidade dedifundir a boa notícia do Evangelho com uma atitude de diálogo diante dos outros,pronta a aprender o que há de válido no ponto de vista de outros horizontes cultu-rais. Uma comunidade que repercorre a estrada de Emaús para ajudar a descobrir osentido da vida, somente com a força da Palavra e do pão partido, que celebra e vivea mística do encontro com o Senhor ressuscitado e deixa-se conduzir pelo Espírito.

Uma comunidade que tem a consciência de fazer parte de uma comunidademaior: o povo de Deus, onde valorizam-se os diferentes carismas, onde cria-se co-munhão entre todos, onde se faz uma séria opção pela formação de cada membro.

Uma comunidade que não tem medo do futuro, porque tem confiança napalavra do Senhor: Eu estou convosco até o final dos tempos; que proclama acentralidade da pessoa de Jesus com gestos concretos, que torna crível a sua men-sagem para os homens e as mulheres que estão procurando o sentido da vida.

Uma escola dentro da contemporaneidade com sentido crítico

Uma escola acolhedora sabe também confrontar-se com as crianças, os adoles-centes de hoje. O seu papel deveria ser o de acompanhar seus alunos e alunas nocaminho da contemporaneidade, oferecendo-lhes ocasiões para que se apropriemdela de maneira mais pessoal e mais crítica.

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Não são somente as novas tecnologias, os mídias, com seus tempos rápidos, asugestão das imagens, a carga emotiva da música, a pôr em crise hoje a escola –mais lenta, menos sugestiva – são os mesmos mecanismos de aprendizagem dosmeninos, das meninas.

As novas tecnologias não só descentram as formas de transmissão e de circula-ção do saber, mas constituem um âmbito decisivo de socialização, de identifica-ção, de proposta de comportamentos, de estilos de vida, de modelos culturais.

O grande desafio da escola salesiana neste cenário é aquele de promover oacesso às novas formas de conhecimento e comunicação, dando oportunidadeàs camadas sociais mais em desvantagem, que residem em contextos geográfi-cos periféricos a respeito dos centros impelentes do multimidial, multiplicandoas iniciativas existentes de educomunicação, de media education, em todos osníveis de instrução; propondo-se como instituição educativa no Web, dando aprópria contribuição para orientar os “navegantes” na “rede das redes” parasites qualificados desde o ponto de vista formativo. Propor-se no Web como siteeducativo significa propor uma comunidade educadora em Internet, presençaamiga, capaz de servir-se dos grandes recursos interativos do novo medium parapropor a circulação e a difusão de valores alternativos a respeito da cultura mer-cantil dominante.

Saberemos oferecer um sustento à educação da pessoa, criando novas formasde presença e novas comunidades educadoras no ciberespaço?

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Uma escola comunicativa e transparente

Uma escola aberta é interessada a contar, de maneira eficaz e compreensível,os seus projetos, ela não tem medo de expor-se, porque tem clareza de objetivos,estilos educativos conscientemente individuados, conteúdos de experiência es-colhidos e definidos, momentos de verificação do percurso empreendido, gestãoatenta da riqueza dos imprevistos.

Uma escola que apresenta um quadro de referência não rígido, mas suficiente-mente definido, seqüências de metas para alcançar sem que necessariamente to-das as vias sejam já traçadas, para partilhar como equipe da escola, com os pais,com os colegas das outras escolas e com os/as alunos/as.

Uma escola que não sabe apresentar-se adequadamente, mesmo quando ela-bora projetos apreciáveis, terá dificuldade em partilhá-los com os pais, os alunos,o território.

A elaboração de estratégias comunicativas são indispensáveis para um ambi-ente educativo que quer dialogar com o mundo que o circunda, seja este repre-sentado pelos pais, por outros serviços no território ou por outras instituições.

Uma escola, portanto, da comunicação e não somente da informação, queeduca a uma liberdade de palavra e a uma postura crítica fortemente enraizadanuma tradição e, ao mesmo tempo, aberta à novidade. Uma escola que tenha emgrande consideração o passado para olhar para o futuro.

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Uma escola que propõe uma visão da vidafundada em valores irrenunciáveis

Os valores são ligados a atitudes, comportamentos que manifestam historica-mente a orientação existencial de pessoas e de grupos sociais. A educação aosvalores é predispor experiências de vida nas quais os jovens possam experimentara verdade das propostas de valores testemunhadas pelos adultos. Estes últimossão chamados a narrar uma promessa boa sobre a vida, a animar espaços de con-fiança recíproca, de responsabilidade. O adulto, na espiritualidade salesiana, étestemunha de uma promessa boa sobre a vida, não obstante as palavras de morteque nos circundam.

A escola salesiana afirma a cultura da vida através da educação para a solidari-edade, para a paz, para a beleza do amor humano, para a salvaguarda da criação, paraa valorização das culturas e para a convivência democrática; e é sobre esta última quedesejo deter-me em particular.

Uma reflexão nesta direção propõe-nos a consideração da relação entre o glo-bal e o local. Com efeito, não é possível pensar uma convivência democráticaque não seja ancorada num preciso território e, ao mesmo tempo, coligada aosprocessos mais globais que concernem aos destinos da comunidade humana pre-sente e futura. Uma escola que quer conjugar local e global é chamada a eviden-ciar a riqueza da diferença, a redescobrir os valores da cultura popular, das minorias,a integrá-los no percurso cultural que vem proposto às novas gerações através docurrículo e das disciplinas.

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Está em gestação uma cidadania que sublinha os valores comunitários, o sen-tido da responsabilidade pública, a reciprocidade das relações humanas, a justiçaecológica e de gênero, a luta contra toda forma de discriminação e a valorizaçãodas culturas.

No campo educativo, isso significa reconstruir as possibilidades de participa-ção dos educadores e das comunidades no processo da formação democrática,implica a criação de redes profissionais de aprendizagem entre os educadores e apromoção de novas alianças entre as diversas instituições para gerar uma mudan-ça qualitativa na vida da comunidade. Significa ainda elaborar currículos quevalorizem a cidadania dos sujeitos em crescimento.

A cidadania não é só um conceito, mas também um método de trabalho comos jovens, porque chama a sair do espaço privado, a redescobrir o uso da palavra,a reviver a experiência da decisão. Hoje, mais do que ontem, é necessário motivaros jovens a se revelarem através da palavra e das decisões responsáveis. Por isso,na ação educativa, é decisivo multiplicar e concatenar espaços privados e públi-cos, redar e redescobrir a palavra, ativar processos de decisão responsáveis, não termedo do conflito que se gera no espaço público.

Para que se realize uma verdadeira formação à cidadania democrática, são ne-cessárias algumas condições:

• assumir os valores democráticos como fundamento da convivência na escola;• promover o reconhecimento das pessoas como sujeitos de direitos e deveres;• ativar processos para a construção partilhada das normas da convivência;• considerar a escola como ambiente de participação e cooperação;

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• facilitar aprendizagens significativas em referência aos direitos humanos,à história da própria cultura, à justiça, à responsabilidade social, à maturaçãoda fé, ao encontro inter-religioso;

• potencializar os processos associativos, através da criação de redes de mo-vimentos de opinião pública, local, regional, que concebem a políticacomo construção de direitos, de responsabilidades e de empowerment(capacitação).

Para concluir, uma metáforadirigida, de modo particular, aos educadores e educadoras. Com ela quero

precisar alguns elementos da relação intergeracional que me interessam particu-larmente. O diálogo entre adultos e jovens nem sempre é fácil, precisa ser cotidi-anamente cuidado, favorecido.

“A escola é um âmbito no qual a autenticidade do testemunho conta muito mais doque a habilidade da intervenção técnica e onde o alcance dos fins educativos depen-de não só das disciplinas, dos programas ou das técnicas didáticas – que riscam delevar a escola na direção opostas à enfatizada centralidade do aluno/a – quanto prin-cipalmente das pessoas que nela operam, e, portanto, dos encontros e das presenças;da sua formação e da sua sabedoria” (Carlo Maria Martini).

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Nas margens de um outro mar retira-se um outro oleiro nos anos da velhice.Velam-se-lhe os olhos, tremem-lhe as mãos. Chegou a sua hora.Então cumpre-se a cerimônia da iniciação:o oleiro velho oferece ao oleiro jovem a sua obra melhor.Assim quer a tradição dos índios da América norte ocidental:o artista que vai embora, entrega a sua obra-prima ao artista que é iniciado.O oleiro jovem não conserva aquele vaso perfeito para contemplá-lo e admirá-lo,mas joga-o no chão, rompe-o em mil pedaços,recolhe os pedacinhos e incorpora-os na sua argila.

Sirvo-me da leitura que fizeram deste conto dois educadores italianos, PaoloRaciti e Achille Tagliaferri, e, seguindo a experiência do velho oleiro, assinalo osseguintes aspectos:

O oleiro cria a própria “obra-prima”. Cria-a com paixão, com o estímulo dequem sabe que está vivendo uma arte; ele é consciente que o seu fim último é deacabar, um dia, quebrado em mil pedaços, absorvido por uma outra argila. Ooleiro cria para ser além de si mesmo.

Mas, que humildade no olhar de quem cria, sabendo que quem acolherá “aobra melhor” reduzirá em mil pedaços “a obra-prima”!

Que coragem em quem, mesmo sabendo isso, não para de criar obras-primascom paixão!

A entrega da obra melhor supõe o encontro. Ao artista jovem é entregue aobra melhor. O encontro é entre artistas, não entre mestre e discípulo, nem entre

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educador e educando, diria Paulo Freire: “ninguém educa ninguém, e nem sequer a simesmo, os homens educam-se em comunhão, através da mediação do mundo”.

É encontro entre artistas, homens e mulheres que se reconhecem reciproca-mente como portadores e produtores de arte, todavia, marcados em medida di-versa pelo peso e pelas oportunidades do tempo. É o contato entre velhice e juventudeque torna fértil o encontro dos dois artistas. A “obra melhor” é entregue; no atoda entrega a um outro está o cume do seu horizonte de significado, é “obra me-lhor” enquanto é con-fiada, entregue a outras mãos. É carregada de significados ahumildade de quem oferece, sabendo que o que dá é destinado a ser feito “emmil pedaços” pela força criativa do artista jovem.

A “obra melhor”, a obra-prima do velho oleiro é acolhida. Mas não para sercontemplada, admirada. Com efeito, a “obra-prima” do velho oleiro não é dispo-nível para ser posta no interior do horizonte do oleiro jovem, pode ser acolhidasó por aquilo que é, uma con-fiada, e, portanto, quebrada em “mil pedaços”. Oacolhimento da “obra melhor” do velho oleiro dá-se somente no ato da quebraem “mil pedaços”.

O olhar do velho oleiro está carregado de dor ao ver a sua “obra melhor”quebrada, e de ternura na espera do que acontece inesperadamente.

Mas, o acolhimento da “obra-prima” do velho oleiro não passa só pelo ato do“quebrar em mil pedaços”. Ainda mais, ele se exprime na colheita de todos ospedaços. Ato paciente que pressupõe a capacidade de reconhecer cada parte da“obra-prima”. Quanta paciência em recolher os “mil pedaços”, com a atenção anão perder nenhum deles, porque cada um deles é portador de significado!

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E quem, senão o velho oleiro, ensinou esta paciência ao jovem artista? Sim,nos dias da fadiga e da paixão que hospedaram a criação da “obra melhor”, ovelho oleiro narrava ao jovem sobre a paciência necessária para recolher, um dia,os mil pedaços daquela “obra-prima” que ele estava criando.

Eis o coração da relação entre as gerações: narrar a paciência que será necessáriapara reconhecer os mil pedaços de uma obra-prima con-fiada para ser quebrada.

Como família salesiana, na relação entre as gerações, seremos capazes de nar-rar a paciência que sustenta a entrega e acompanha o reconhecimentos dos “milpedaços”?

Ir. Georgina McPake FMAConselheira Geral para a Pastoral Juvenil