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UNIVERSIDADE SALESIANA – UNISAL. PÓS-GRADUAÇÃO EM CATEQUESE. PRIMEIRO SEMESTRE DE 2008. TRABALHO DE CATEQUÈTICA. PROFESSOR Pe. Dr. Luiz Alves de Lima. ALUNO Armando Limonete. TEMAS: 1) RUMO A UMA CATEQUESE EM ATO: A PERSPECTIVA METODOLÓGICA. 2) O CATEQUISTA: IDENTIDADE E FORMAÇÃO. EXTRAÍDO DO LIVRO... CATEQUESE EVANGELIZADORA – Manual de Catequética Fundamental. – AUTOR: Emilio Alberich.

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trabalho de catequetica do curso POS em catequese

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Page 1: UNIVERSIDADE SALESIANA-trabalhoCATEQUETICA

UNIVERSIDADE SALESIANA – UNISAL.

PÓS-GRADUAÇÃO EM CATEQUESE.

PRIMEIRO SEMESTRE DE 2008.

TRABALHO DE CATEQUÈTICA.

PROFESSOR Pe. Dr. Luiz Alves de Lima.

ALUNO Armando Limonete.

TEMAS:

1) RUMO A UMA CATEQUESE EM ATO: A PERSPECTIVA METODOLÓGICA.

2) O CATEQUISTA: IDENTIDADE E FORMAÇÃO.

EXTRAÍDO DO LIVRO...

CATEQUESE EVANGELIZADORA – Manual de Catequética Fundamental.

– AUTOR: Emilio Alberich.

– Adaptação para o Brasil e América Latina: Pe. Dr. Luiz Alves de Lima.

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ÍNDICE

PRIMEIRO TEMA

RUMO A UMA CATEQUESE EM ATO: A PERSPECTIVA METODOLÓGICA

O PROBLEMA DO MÉTODO CATEQUÉTICO1.1) A banalização do problema do método.1.2) A contraposição entre conteúdo e método1.3) A radicalização da “originalidade” do método catequético

A DIMENSÃO METODOLÓGICA NO CENTRO DA CATEQUESE2.1) Esclarecimento do conceito de “método” catequético2.2) Caráter metodológico da abordagem catequética2.3) Pela superação da tensão conteúdo-método2.4) Pedagogia divina e catequese.

QUE MÉTODO USAR NA CATEQUESE?3.1) Itinerário global para o Planejamento Catequético3.2) A escolha do modelo ou método catequético global3.3) Um pouco mais sobre a escolha dos atos no modo operativo3.4) TÉCNICAS, INSTRUMENTOS E SUBSÍDIOS na catequese3.5) O CATECISMO.3.6) QUE MÉTODOS USAR NA CATEQUESE MODERNA?3.7) CONCLUSÃO

SEGUNDO TEMA

O CATEQUISTA: IDENTIDADE E FORMAÇÃO

PERFIL DO CATEQUISTA OU ANIMADOR1.1) Níveis de Responsabilidade:1.2) Os catequistas ou animadores1.3) As competências do animador: ser, saber e saber fazer

A FORMAÇÃO2.1) Um olhar sobre a situação:2.2) As exigências da formação:

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PRIMEIRO TEMA

RUMO A UMA CATEQUESE EM ATO: A PERSPECTIVA METODOLÓGICA

Partindo do pressuposto que já conhecemos o que trata a catequese e seu significado dentro da missão evangelizadora da Igreja, vamos descrever um pouco do “como se faz”, ou seja, vamos fazer uma abordagem a respeito dos métodos: como deveriam ser planejados, escolhidos, aplicados e com quais subsídios podem contar. Tomaremos o exemplo prático da catequese familiar da Paróquia Santa Teresinha em S.Paulo, Capital.

1) O PROBLEMA DO MÉTODO CATEQUÉTICO: antes de entrar propriamente dito nas considerações acima propostas, iniciamos o tema com algumas questões a esclarecer. São elas:

1.1) A banalização do problema do método.

È um pensamento bastante comum em nossos meios paroquiais, talvez devido à dificuldade de se obter voluntários preparados para as diversas pastorais, que a “boa-vontade” e a “graça” bastam para a execução das diversas tarefas aí envolvidas, de onde reina a improvisação e até mesmo o desprezo pela adoção de métodos catequéticos.

1.2) A contraposição entre conteúdo e método.

É o dualismo entre os que defendem a importância do método e aqueles que defendem a importância do conteúdo. Tal dualidade nos remete à ânsia do ser humano em cumprir bem sua missão, gerenciando bem o tempo que tem disponível, querendo ser sempre mais eficiente e eficaz.

Claro que também podemos, através de métodos, atingir melhor a compreensão do conteúdo e a participação de todos os envolvidos na catequese, mas trata-se de um equilíbrio a ser atingido, ou seja, adotarmos métodos que não deixem de lado o conteúdo.

1.3) A radicalização da “originalidade” do método catequético

Trata-se de uma questão “pedagógica”: pedagogia Humana ou pedagogia Divina?Entende-se que Deus ao longo da história usou uma pedagogia própria, pois ninguém melhor do que Ele conhece a fundo o ser humano. Contudo o próprio ser humano não se conhece bem e, posto que a catequese é feita de homens para homens, torna-se necessário o uso do conhecimento científico do comportamento humano visando sua aprendizagem, que é objeto da pedagogia humana.A mim me parece que, assim como Jesus Cristo foi perfeito Homem E perfeito Deus, também podemos aliar o Humano ao Divino, procurando aplicar ambas as “pedagogias”.

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2) A DIMENSÃO METODOLÓGICA NO CENTRO DA CATEQUESE

Vamos agora esclarecer o próprio significado e a função do método no planejamento catequético.

2.1) Esclarecimento do conceito de “método” catequético

Podemos distinguir quatro significados do que se entende por “método” catequético:

a) Método como roteiro global de planejamento: é a elaboração de um roteiro global onde fazem parte o conhecimento da situação, sua interpretação, plano de ação, realização e avaliação.

b) Método como modelo particular: sistema estruturado de modo a alcançar determinados fins catequéticos, como por exemplo, o método da catequese familiar e o método do catecumenato.

c) Método como seqüência operativa: definição de “passos” a seguir rumo ao objetivo. Um exemplo é o método VER / JULGAR / AGIR. (atualmente conhecido por ver / avaliar e agir).

d) Método como emprego de técnicas e / ou instrumentos: conceito menos abrangente, uma vez que pode fazer parte integrante dos conceitos anteriores. Assim, por exemplo, um “audiovisual” pode fazer parte de um planejamento de ações ou mesmo ser um dos “passos” dados durante a catequese.

2.2) Caráter metodológico da abordagem catequética.

A catequese é a ação de educar, comunicar, ensinar e iniciar na fé, num processo pedagógico, didático e mistagógico, onde não se separa o objeto da fé. É preciso saber e saber fazer que é justamente o caráter metodológico da catequese.

2.3) Pela superação da tensão conteúdo-método.

Vivemos e pregamos a palavra de Deus encarnada que é Jesus Cristo. Para que haja uma verdadeira compreensão, aceitação e aprofundamento desta palavra, método e conteúdo implicam um no outro: é o Divino habitando no Humano.

2.4) Pedagogia divina e catequese.

Conforme colocado acima, Deus ao longo da história da humanidade usou uma pedagogia própria, e esta deve servir de modelo para pedagogia da fé. Portanto, se nossa pedagogia conduz à fé, educa para a fé, cumprirá a missão da catequese e estará em “sintonia” com a pedagogia divina.

3) QUE MÉTODO USAR NA CATEQUESE?

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Precisamos adotar uma metodologia Pastoral, isto é, concebida para interpretar e avaliar o efeito da AÇÃO tendo em vista seu APERFEIÇOAMENTO. Propomos a seguir um estudo, em linhas gerais, para auxiliar na escolha ou elaboração de um método que seja o mais adequado à situação concreta à qual se aplicará.

3.1) Itinerário global para o Planejamento Catequético: as fases a seguir, que compõem um itinerário metodológico catequético, devem ser observadas com bastante critério, sem deixar nenhuma de lado, de modo a se obter um registro confiável de informações e dados que dêem apoio a todas as ações e decisões envolvidas.

a) MOMENTO COGNITIVO: a princípio procura-se observar, descrever, conhecer a situação inicial dentro do ciclo de planejamento da catequese, envolvendo práticas existentes, o ambiente, os envolvidos, pessoas e instituições sociais, suas relações inter pessoais e funcionais.

Exemplo CFST: Nosso objetivo é a catequese familiar, onde os pais participam de grupos de 7 a 9 famílias, em reuniões quinzenais coordenadas por um Casal Piloto, e uma reunião mensal com todos os grupos coordenada pelo Diretor Espiritual. Nestes eventos recebem lições com textos dirigidos a adultos, porém com tarefas dirigidas às crianças, seus filhos, com quem se reunirão em seu ambiente familiar, quando irão ler, meditar, explicar os temas abordados. No início dos trabalhos (início de cada ano) levantamos dados sobre os movimentos catequéticos próximos, como paróquias vizinhas, colégio Salesiano e outros. Divulgamos nossos objetivos e métodos em avisos nas missas, no site da Internet, nos boletins e jornais paroquiais, bem como em uma carta convite para a inscrição a qual é distribuída nos colégios próximos.

b) MOMENTO INTERPRETATIVO: a seguir analisar os dados relacionados anteriormente, visando formular os problemas de contexto pessoal, ambiental, e de ação inicial.

Exemplo CFST: Normalmente exigimos a participação de ambos os pais, porém o Diretor Espiritual analisa e decide sobre a participação de famílias incompletas, e normalmente aceita a inscrição quando há ao menos um parente próximo que se responsabiliza em assumir os compromissos propostos. O fato é que hoje muitas famílias são compostas apenas de pai ou de mãe vivendo junto com a criança, e muitas vezes precisam trabalhar à noite e não podem assumir compromissos novos. Assim entendemos que precisaríamos de um outro movimento catequético para atingir estas pessoas de boa vontade e de pouco tempo, mas que, mesmo parcialmente, estamos alimentando a fé destas pessoas.

c) MOMENTO DE PLANEJAMENTO / PROGRAMAÇÃO: esta é a fase mais conhecida, onde são detalhados os OBJETIVOS, escolhidos os métodos e seus respectivos conteúdos, modo operativo, estrutura de pessoal, técnicas, materiais, locais, horários, etc. Também é o momento de escolha e preparação de

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colaboradores e adoção de controles operativos, como presença, evolução, controle financeiro, cronograma de eventos dentre outros.

Exemplo CFST: Na carta (mensagem) inicial que passamos aos pais encontra-se descrito aquilo que planejamos e programamos. Segue parte do texto:

Temos como meta específica a iniciação à vida cristã, do Batismo à maturidade da Eucaristia, no dinamismo de um povo a caminho do Pai, em união com o Filho, pela ação do Espírito Santo.

Não visamos apenas a Comunhão, mas todo o Mistério Eucarístico: A Páscoa, A Santa Missa e a Comunhão.

Nossos instrumentos de trabalho serão: a Bíblia, um caderno de atividades e uma apostila, fruto de reflexões e experiências de vários anos de catequese, que é composta por 32 lições, divididas em 5 itens cada: 1) Momento de Vida; 2) Reflexões; 3) Palavra do Senhor; 4) Oração; 5) Atividades e ainda um complemento doutrinal.

Os textos das apostilas são dirigidos aos pais, pois estes são os catequistas ideais para os filhos. Nas reuniões com os Casais Pilotos e com a coordenação, os pais terão subsídios para orientarem seus filhos na elaboração das atividades. Com o Casal Piloto serão lidas e refletidas todas as lições, bem como as atividades das crianças, razão pela qual a presença dos pais é fundamental para o bom andamento da preparação.

d) MOMENTO OPERATIVO: é a realização de tudo o que foi planejado, fornecendo informações para o processo seguinte.

Exemplo CFST: a cada reunião dos pais, os casais pilotos preenchem um relatório para a coordenação onde constam informações sobre a participação dos elementos do grupo, problemas que surgem, questões a serem respondidas ou encaminhadas e até mesmo reflexões que mereceram destaque. Sempre na reunião seguinte os pais têm um retorno sobre seus problemas ou questionamentos, sua presença e participação no grupo.

e) MOMENTO DE AVALIAÇÃO: faz-se a recepção e análise das informações dadas no momento operativo, em comparação com as esperadas no momento de planejamento.

Exemplo CFST: Casos do dia a dia, cujas soluções já são conhecidas de casos semelhantes ocorridos no passado, são resolvidos diretamente pelos casais pilotos. Exceções à regra ficam a cargo da coordenação ou até mesmo do diretor espiritual o qual, em qualquer caso, toma conhecimento do andamento dos assuntos.

f) MOMENTO DE REPLANEJAMENTO: todos planos precisam de ajustes feitos a partir da realimentação das informações obtidas no momento cognitivo e atualização dos demais momentos, devidamente analisadas e avaliadas, em busca de um aperfeiçoamento prático.Neste ponto se reinicia o ciclo de planejamento continuo que deve ter o acompanhamento de todo o plano.

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Exemplo CFST: Uma das formas de se ter um retorno da ação dos pais com os filhos é através da verificação do caderno de atividades. A principio previa-se nos procedimentos que os cadernos fossem verificados pelos casais pilotos a cada 6 ou 8 lições. Detectou-se que pedindo retorno a cada lição o acompanhamento e a participação nas tarefas tornou-se mais efetivo, sem atrasos e acúmulos.

3.2) A escolha do modelo ou método catequético global: corresponde à escolha de um sistema baseado em fatores pessoais, relacionais, conteudísticos, operativos e estruturais, dinamicamente organizados em função das finalidades catequéticas a alcançar. Qualquer que seja a ênfase é importante que o modelo selecionado abrace três aspectos: ensino, iniciação e educação, entendidos como formação, estilo catecumenal e promoção, respectivamente.

3.3) Um pouco mais sobre a escolha dos atos no modo operativo:3.3.1) Podemos considerar autêntico um modelo de catequese, quando a palavra

chave é a experiência, ou seja, quando as ações adotadas levam a suscitar ou alargar, aprofundar, comunicar e expressar a vida de fé na revelação do mistério cristão, recebida de Jesus Cristo desde o povo de Israel, até então o Povo de Deus, e nos tornando participantes do Atual Povo de Deus, a Igreja a qual, através da própria experiência de seus componentes trazida a nós ao longo da história pela bíblia, tradição oral e escrita, moral, doutrina, testemunhos, registros históricos e tantos outros meios, conforme esquema abaixo:

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SUSCITARSUSCITAR E E ALARGARALARGAR EXPERIÊNCIASEXPERIÊNCIAS

APROFUNDARAPROFUNDAR EXPERIÊNCIASEXPERIÊNCIAS

COMUNICARCOMUNICAR EXPERIÊNCIASEXPERIÊNCIAS

EXPRESSAREXPRESSAR EXPERIÊNCIASEXPERIÊNCIAS

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Revelação do Mistério

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Exemplo CFST: Para termos a certeza de que estamos realizando uma boa preparação, devemos ter em mente os objetivos a que nos propomos:- Dar uma visão global do Mistério da Salvação;-Indicar as principais diretivas da vida cristã;-Iniciar na vida litúrgico-sacramental da Igreja;Habilitar a participar plenamente da celebração eucarística, páscoa cristã.

3.3.2) A seqüência operativa pode ser uma combinação destes quatro fatores:- PALAVRA (elementos didático-cognitivos)- RELAÇÃO (fatores interativos, afetivos e relacionais).- AÇÃO (formas de agir concretamente)- CELEBRAÇÃO (viver, expressar de modo simbólico a fé).

Exemplo CFST: Sempre iniciamos nossas reuniões com a oração ao Espírito Santo, seguida da leitura da PALAVRA e reflexão da mesma, abordando assuntos do dia a dia das pessoas, o que anda pelo noticiário do mundo e a visão da Igreja, desenvolvendo assim uma afinidade, uma RELAÇÃO entre a vida no mundo e a vida interior. Sempre surgem idéias de como seria a nossa AÇÃO frente aos problemas humanos discutidos, como quando discutimos se devemos ou não dar esmolas (somente?); e ao final de cada reunião, na parte adicional referente à doutrina, mostramos o caminho da CELEBRAÇÃO, onde temos os sacramentos, a Santa Missa, a oração do Terço, descritas e explicadas de modo a incentivar a participação, a experiência de cada um, com cantos, alegria e fé. Juntos comemoramos ativamente da Liturgia da Igreja.

3.4) TÉCNICAS, INSTRUMENTOS E SUBSÍDIOS na catequese: para catequizar é necessário se comunicar, com muito ânimo. Daí decorre que todas as técnicas mais atuais e conhecidas de comunicação e animação podem ser aplicadas, inclusive variando-se os tipos para permitir um maior interesse e participação de todos os envolvidos, sendo estes os objetivos a atingir quando da seleção de um ou outro recurso. A questão da formação dos catequistas ajuda muito na ampliação do leque de escolhas a considerar (no próximo tema comentaremos um pouco da pessoa do catequista); um exemplo é o estudo de como a tecnologia moderna tem influenciado no aprendizado, progressivamente tendo passado da vida real à simbologia gestual, desta para a simbologia desenhada e depois escrita, num processo de abstração, e hoje, no sentido oposto, as mensagens são transmitidas cada vez mais por imagens e seqüências de imagens, representando a realidade ou, por muitas vezes, a pura ficção tal como se fosse realidade: este processo leva à necessidade de se adaptar as formas de passar as mensagens levando em conta o dia a dia daqueles a quem se quer atingir.

Exemplo CFST: é mais fácil para as crianças assistirem um desenho sobre o nascimento de Jesus e assim assimilarem o trecho do evangelho com este conteúdo que foi lido para elas. Ao fazerem sua Tarefa de Casa irão desenhar ou recortar uma cena de uma família com um recém-nascido nos braços e daí farão sua oração espontânea. Já com os pais passamos slides comentados com as palavras do evangelho. Neste momento, muitas crianças que já viram o desenho citado e eventualmente participam também da reunião com os pais, irão comentar o que viram com relação ao trecho estudado.

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3.5) O CATECISMO.Também conhecido como compêndio da fé cristã, já foi escrito e reescrito muitas

vezes e em muitas comunidades católicas, com o objetivo de ser o instrumento principal da catequese.

Contudo, hoje em nossa época, temos uma visão mais ampla de que o catecismo é sim mais um instrumento dos tantos que possuímos a serviço da catequese, mas não absoluto. Presta-se principalmente para:

- redescoberta do núcleo essencial da fé;- visão estruturada e sistemática da mensagem cristã;- referência de identidade religiosa;- resposta a possíveis objeções ou dificuldades.

Dentre os diversos catecismos existentes, destaca-se o recente Catecismo da Igreja Católica publicado pela Santa Sé em 1992, que se auto define como uma exposição orgânica e sintética dos conteúdos essenciais e fundamentais da doutrina católica, sobre a fé e a moral, à luz do Concílio Vaticano II e do conjunto da “Tradição da Igreja”. Este catecismo não é universal, mas antes encoraja e ajuda a redação de novos catecismos locais que considerem as diversas situações e culturas, fruto de um trabalho em equipe e da colaboração de pastores e leigos especialistas nas diversas disciplinas envolvidas (teologia, pedagogia, psicologia, comunicação, etc) preservando, contudo a unidade da fé e a fidelidade à doutrina católica.

3.6) QUE MÉTODOS USAR NA CATEQUESE MODERNA?A resposta a esta pergunta, em poucas palavras, seria: adotar um método que leve

em conta os destinatários.Podemos citar alguns métodos consagrados citados no Diretório Geral de

Catequese:

- indutivo consiste na apresentação de fatos (eventos bíblicos, atos litúrgicos, eventos da vida da Igreja e da vida cotidiana...) com o objetivo de discernir o significado que eles podem ter na revelação divina.

- dedutivo: explica e descreve os fatos, a partir de suas causas.

- descendente (querigmático): quando parte do anúncio da mensagem, expressa nos principais documentos da fé (Bíblia, liturgia, doutrina...), e a aplica à vida;

- ascendente (existencial): quando se move a partir de problemas e situações humanas e os ilumina com a luz da Palavra de Deus.

- cognitivos (informação, ensinamento, reflexão), afetivos (testemunho, vida em grupo, convivência) e ativos (ação, compromisso, participação).

O documento Diretório Geral de Catequese cita ainda as seguintes opções:

- experiência: é o próprio coração da catequese, como vimos no item 3.3 acima.

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- comunidade: é condição, lugar, sujeito, objeto e meta da catequese.

- grupo: faz parte da comunidade.

- pluralidade de linguagens e de mídias: como dissemos antes, todos os recursos de comunicação podem ser utilizados para a catequese, com ênfase à linguagem simbólica.

- participação: adota-se o princípio do “só se aprende (vive) fazendo (vivendo)”.

- criatividade: passagem de uma pedagogia de assimilação para uma de criatividade.

- primado do sujeito: o ser humano como objeto da mensagem de Deus.

- globalidade: a catequese como momento integrante da experiência de fé e vida cristã mais vasta e totalizante.

3.7) CONCLUSÃO: Vimos vários aspectos, modelos e características que os métodos catequéticos podem ter. Uma necessidade essencial é a de sairmos do empirismo rumo a um planejamento mais atento. Outra necessidade é de considerarmos objetivamente cada modelo ou mesmo a combinação de modelos existentes em nossos estudos de alternativas a escolher. Temos também disponível uma vasta gama de documentos da Igreja como os diretórios geral e nacional de catequese, bem como orientações da Santa Sé e da CNBB, que devem ser lidos a analisados complementarmente ao exposto acima. Por fim, munidos dos devidos instrumentos, falta-nos apenas saber operá-los, conhecê-los melhor e retornar com as mãos à obra, agora de um modo mais eficiente e eficaz.

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SEGUNDO TEMA

O CATEQUISTA: IDENTIDADE E FORMAÇÃO

O Dr. Wayne Dyer em seu livro cujo título é “Seus pontos fracos”, cita uma série de dualidades que somente existem esquematicamente na mente humana e que são assumidas como uma forma de organizar as atividades num determinado momento.Uma dessas dualidades é o esquema “professor-aluno”. Todos nós, ao longo de nossa vida, nos colocamos como alunos e muitos de nós como professores. Quem segue a carreira acadêmica ou mesmo atua nos mais diversos segmentos profissionais, conhece bem a rotina para se manter atualizado em seu campo de trabalho. Trata-se de um ciclo onde, num primeiro momento, aprendemos teoricamente, depois colocamos em prática, ensinamos o que sabemos, compreendemos melhor a limitação de nossos conhecimentos e recomeçamos o ciclo buscando aprender mais. É claro que se trata de um esquema simplificado, pois podemos bem nos encontrar em situações onde ao mesmo tempo em que estamos “ensinando” também vamos “aprendendo”, numa troca de idéias e experiências. E é nesse aspecto que o Dr. Dyer afirma que, se assumirmos a dualidade como absoluta, poderemos ter um “ponto fraco” em nossa vida. Assim deveria ser nossa caminhada na fé: um ciclo de vida em que a formação deve ser encarada de modo contínuo, numa constante atualização que nos faça viver mais intensamente nossa relação com Deus, com os homens e conosco mesmos.

1) PERFIL DO CATEQUISTA OU ANIMADOR

Posta a colocação acima, podemos afirmar que a dualidade catequista catequizado deve ser assumida como um ciclo de vida própria, onde o catequista está constantemente sendo catequizado e o catequizado sempre ouvindo o seu catequista. Daí o sentido de chamarmos o catequista de ANIMADOR, pois caberá a ele dar Alma, dar identidade à obra, coordenando e orientando a caminhada de fé em sua comunidade.Isto tudo não significa que, para cumprir a missão catequética e evangelizadora, podemos dispensar a organização, necessária para estabelecer uma divisão de todas as tarefas, níveis de responsabilidade e competências.Também não pretendemos que tudo deva ser encarado como simples dualidades, mas tão somente considerar as citadas anteriormente. Por exemplo, não podemos considerar que, no momento de uma confissão, o Padre seja um simples homem como o é aquele que está se confessando, pois nesse momento ele representa o próprio Jesus Cristo. Embora num outro momento este mesmo sacerdote possa ocupar a cadeira de penitente junto a um outro sacerdote, seu confessor, eu como leigo que sou, não posso assumir a função de perdoar os pecados em nome de Deus.

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1.1) Níveis de Responsabilidade:Na organização eclesial são três os níveis mais conhecidos de responsabilidade: o de base, o de agentes intermediários, e o de especialistas e responsáveis superiores.

1.1.1) Os catequistas de base: são os tradicionalmente chamados de “catequistas”, sendo na prática os animadores de grupos de preparação para iniciação sacramental, batismo, matrimônio, grupos de reflexão, catequese de primeira comunhão, catequese familiar, movimentos e pastorais. São os “padeiros”, aqueles que põem as mãos na “massa”.

1.1.2) Os agentes intermediários são os coordenadores dos catequistas de base e seus colaboradores, assumindo funções antes exercidas por sacerdotes, hoje em grande parte delegadas pelos mesmos a leigos preparados que se tornam os “braços direitos” dos padres e bispos, devido à deficiência de vocações sacerdotais.

1.1.3) Especialistas e responsáveis superiores são as autoridades eclesiais, os responsáveis nacionais ou diocesanos bem como o âmbito do estudo e pesquisa referente à preparação e profissionalização.

1.2) Os catequistas ou animadores:Os agentes de pastoral, com seus diversos perfis “profissionais”, dividem a responsabilidade de um projeto operativo global em sua comunidade, onde a catequese é um serviço único e diferenciado e:

a comunidade é ao mesmo tempo agente e objeto da catequese

os pais são os primeiros educadores dos filhos, também na fé

os presbíteros fazem o papel de catequistas de catequistas.

Leigos assumem diferentes papéis com respectivas exigências formativas.

Retomando o exemplo da CFST, temos um sacerdote como catequista e diretor espiritual dos animadores de reuniões, chamados casais pilotos e, dentre estes casais, alguns se encarregam de assuntos específicos relativos às atividades das crianças, dos pais, da programação e conteúdo de palestras, da secretaria, da liturgia, da música, e da coordenação geral. Para cada atividade extra programada o coordenador geral atribui atividades auxiliares a cada casal piloto como, por exemplo, cuidar do lanche após a reunião geral mensal. Todos recebem suas instruções previamente para desempenharem seus papeis com competência. Encontramos diversos movimentos e pastorais de cunho catequéticos dirigidos a

crianças, adolescentes, jovens, pessoas especiais, adultos, terceira idade, famílias, profissionais em diversos ramos e até mesmo aos próprios animadores, como é o caso da pastoral interpastoral, e pastoral da comunicação (PASCOM).

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Dado todo este universo de atuação, fica claro que não somente a formação religiosa, foco e núcleo, é importante, mas também a secular com um mínimo de conhecimento do meio sócio educativo e cultural da qual a pastoral é dirigida, auxilia no diálogo e no processo de inculturação da evangelização.

1.3) As competências do animador: ser, saber e saber fazer.

1.3.1) O “ser” ou fisionomia humana e cristã, corresponde aos traços gerais do perfil pessoal e interior do catequista, que são:

- Maturidade humana de base, conseqüência de longos anos de estudo associados a seu modo de vida, da análise de suas ações, antes, durante e depois, desenvolvendo em si um senso crítico construtivo que leva a uma capacidade de diálogo e compreensão maior dos problemas humanos em geral.

- Espiritualidade e identidade cristã e eclesial, a qual permita testemunhar sua fé com exemplos de vida próprios, atuais, em situações do dia a dia com a qual os destinatários da catequese se identifiquem culturalmente e socialmente, e tenham seu mesmo nível de compreensão (infantil para crianças e adulto para adultos).

- Autenticidade e atualidade: assim como Cristo foi homem como nós, exceto por nunca ter pecado, também devem ser autenticamente homens comuns que vivem no presente vidas comuns, mas participam de uma Igreja e buscam a santidade graças a sua fé.

1.3.2) O “saber”, ou a “bagagem intelectual”: como expusemos acima, além do conhecimento básico teológico, o catequista deve procurar uma continua formação pessoal, que permita seu próprio aprofundamento e vivência na fé. No ítem 2 vamos tratar mais deste tópico.

1.3.3) O “saber fazer” é a competência mais conclusiva e a que atesta as demais. Dizia meu professor de física no curso de engenharia que saber é ter a receita do bolo “de cabeça”, enquanto que “saber fazer” é apresentar o bolo pronto para ser “devorado”!

Para saber fazer, algumas atividades exigem do catequista alguma qualidades e uma preparação mais adequada:

Educação: necessário possuir tato e sensibilidade, capacidade de compreensão e acolhimento, incentivar processos de aprendizagem e, principalmente, orientar para a maturidade humana e cristã.

Comunicação: transmitir a mensagem de fé e ter RETORNO para avaliar se esta foi bem assimilada, utilizando-se de técnicas e meios atuais como apoio.

Animação: animar é dar “alma”, dar vida, movimento, alegria, características que somente podem ser “despertadas”, incentivadas, sem excessos nem permissividade; animar não é “bagunçar”, mas permitir a participação com a Alma de todos.

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Planejamento: estabelecer uma ordem operativa, controlar o tempo, as intervenções, os momentos de descontração, o foco no assunto, bem com a ordem de sua apresentação, são algumas tarefas de um plano exeqüível.

2) A FORMAÇÃO

2.1) Um olhar sobre a situação:Quando fornecemos uma “receita de bolo”, se a mesma não estiver correta ou se o

confeiteiro não seguir as proporções, os corretos ingredientes e modos de fazer, pode ser que o resultado não seja bem um bolo saboroso...

Na situação prática a catequese recebeu da hierarquia diversas “receitas de bolo” (documentos, orientações, catecismos, etc), mas por falta de “confeiteiros” (agentes de catequese) preparados, ou até mesmo pela “boa vontade” de se fazer logo o tal bolo (movimentos catequéticos evangelizadores), ainda reina muito amadorismo.

Para cada nível de responsabilidade, encontramos os seguintes panoramas:

2.2.1) Catequistas de Base: há uma grande concentração na formação de catequistas e mestres de crianças e pré-adolescentes, devido às tradicionais preparações, nas paróquias e instituições religiosas, para a primeira comunhão e à crisma. Já para outros movimentos e pastorais que possuem forte atuação catequética começam a surgirem algumas iniciativas, porém faltam formadores.

2.2.2) Agentes intermediários: conforme acima exposto, a necessidade de se obter mais formadores, coordenadores, animadores para atuarem como agentes intermediários, tem apresentado alguns fatos característicos:

> Tendência a atribuir status universitário aos diversos processos de formação

> Aumento no número de “cursos” visando outros movimentos, pastorais e serviços.

> Maior tônica para a formação integral e não apenas formação intelectual.

2.2.3) Especialistas e responsáveis superiores: seguindo a necessidade de formação ascendente, para suprir as necessidades dos níveis anteriores, há que se dar maior ênfase à formação catequética de pastores e responsáveis, atualmente em grande maioria com boa formação teológica mas pouca formação catequética.

Um dos bons exemplos de iniciativa surgida recentemente é justamente nosso curso de Pós Graduação em Catequese, da UNISAL de S.Paulo, iniciado em Março de 2008, onde temos um corpo discente composto por sacerdotes, religiosos e leigos buscando graduarem-se com reconhecimento do M.E.C. (Ministério da Educação e Cultura). Certamente caberá a estes futuros formandos a missão de prosseguirem seus estudos e alavancarem o ensino catequético no Brasil.

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2.2) As exigências da formação: diante desta situação, tem-se de imediato alguns pontos de atenção:

2.2.1) Planejar e investir na formação: torna-se necessário a execução de um plano mais amplo que abranja a formação de agentes de pastoral em geral. Tal plano deve incluir ciclos com primeira formação pastoral mais genérica para todos, passando para formações mais pontuais segundo o nível de responsabilidade e a pastoral específica.

2.2.2) Organizar e programar a “Pastoral dos Catequistas”: passar de uma organização na qual as diversas pastorais organizadas têm em seus “quadros” pessoas que efetivamente agem como catequistas, para uma organização à qual façam parte todos os catequistas da comunidade (mesmo sem deixar de fazer parte de suas atuais pastorais), de modo a preparar melhor todos que atuam catequizando. Uma pastoral que se organizou com “agentes” em todas as pastorais foi a PASCOM, onde o núcleo coordenador tem em cada pastoral, “repórteres” que passam para a PASCOM as “comunicações” que desejam fazer de suas pastorais.

2.2.3) Aplicar a pedagogia da formação: podemos distinguir três modelos mais freqüentes de formação:

“Divulgação Teológica”: de estilo professoral, tradicional no ensino teológico. Recebe-se uma “informação” que geralmente se configura como verdadeira “doutrinação”.

“Tecnicista”: segue a linha do “adestramento”, pois procura transmitir um “saber fazer” relacionado à animação. Bom para desenvolver habilidades de gerenciamento e relações, porém sem levar em conta conteúdos e objetivos da ação empreendida.

“Teológica Metodológica”: une ambas as concepções acima sendo a mais seguida atualmente.

Fica claro que uma pedagogia é a mais adequada em função dos objetivos da formação e de suas exigências, das quais se destacam:

A “personalização”, ou seja, o situar a pessoa no centro da formação, fazendo uma verdadeira “trans-formação”. Valoriza-se muito o uso de relatos de vida.

A “formação permanente” ou a auto avaliação que leva a reconhecer a necessidade de auto formação e auto aprendizagem.

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A integração entre teoria e prática: De maneira mais concreta, dever-se-á habilitar o catequista, e de maneira particular, aquele que se dedica à catequese a tempo integral, a saber, programar a ação educativa, no grupo de catequistas, ponderando as circunstâncias, elaborando um plano realista e, após a sua realização, a avaliá-lo criticamente. Ele deve ser capaz de animar um grupo, utilizando, com discernimento, as técnicas de animação de grupo que a psicologia oferece.Esta capacidade educativa e este saber fazer, saber utilizar bem os conhecimentos, aptidões e técnicas que ele comporta, « são melhor assimilados se fornecidos de pari passu com o desenvolvimento de seu empenho apostólico; por exemplo, durante as reuniões nas quais são preparadas e criticadas as lições de catecismo .O objetivo ou a meta ideal é aquela, segundo a qual os catequistas deveriam ser os protagonistas de sua aprendizagem, colocando a formação sob o signo da criatividade e não apenas da mera assimilação de regras externas. Por isso, a formação deve ser muito próxima da prática: é preciso partir desta para chegar àquela.

CONSIDERAÇÕES FINAIS:

BIBLIOGRAFIA: vasta bibliografia pode ser encontrada no mesmo livro citado na capa.

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