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PAISAGEM CULTURAL DA VILA DE CONCEIÇÃO DE IBITIPOCA - MG: estratégias de resiliência sociocultural na contemporaneidade do ambiente construído GONZAGA. FLÁVIA G. (1) 1. Universidade Federal de Juiz de Fora. Faculdade de Engenharia, Programa de Pós-Graduação em Ambiente Construído - PROAC UFJF, sala 4156, Martelos, Juiz de Fora MG, CEP: 36036-900 E-mail: [email protected] RESUMO Com características peculiares em seu conjunto arquitetônico de importância histórica, assim como heranças ancestrais notáveis de um saber-fazer construtivo contemporâneo distribuído em um alto de serra na Zona da Mata mineira, o arraial de Conceição de Ibitipoca tem atualmente sua economia baseada no turismo, atraída fortemente pelas belezas naturais da região. Com as mudanças ocorridas nas últimas décadas na vila, a população vem perdendo seus vínculos com a cultura local, ao mesmo tempo em que não se identifica com os valores externos, diminuindo o sentido de pertencimento com o lugar e, consequentemente, enfraquecendo-o como símbolo cultural. Diante desse contexto contemporâneo, a presente investigação procurou responder ao seguinte problema de pesquisa: sob quais aspectos, enquanto bem patrimonial, podemos considerar o arraial como Paisagem Cultural? E ainda, quais desses aspectos são capazes de preservar sua singularidade simbólica enquanto Paisagem Cultural diante das transformações contemporâneas no ambiente construído? Utilizando-se do Inventário Nacional de Referências Culturais INRC/ IPHAN, assim como das recomendações propostas no Manual de Aplicação em Educação Patrimonial: Inventários Participativos/ IPHAN, este estudo se baseou em uma metodologia que incluiu pesquisa de campo, técnicas básicas de levantamento documental, questionários, sistematização e interpretação de dados e registro de informações para realizar um levantamento detalhado do conjunto arquitetônico e dos aspectos simbólicos característicos da identidade cultural do lugar, com fins de adequação à construção civil contemporânea na preservação da identidade local. Os resultados encontrados confirmam o princípio da salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial que define que compartilhar responsabilidades e informações, desenvolvendo um estreito contato com os grupos sociais que produzem, reproduzem e transmitem esse patrimônio, promove uma apropriação simbólica e o uso sustentável dos recursos patrimoniais para a sua preservação e para o desenvolvimento econômico, social, cultural e turístico local. Concluiu-se a pesquisa destacando-se a importância de um incentivo a futuras ações de educação patrimonial com a finalidade de amplificar a resiliência sociocultural da comunidade. . Palavras-chave: Paisagem Cultural; Patrimônio Imaterial; Vila Conceição de Ibitipoca.

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PAISAGEM CULTURAL DA VILA DE CONCEIÇÃO DE IBITIPOCA -

MG: estratégias de resiliência sociocultural na contemporaneidade

do ambiente construído

GONZAGA. FLÁVIA G. (1)

1. Universidade Federal de Juiz de Fora. Faculdade de Engenharia, Programa de Pós-Graduação em Ambiente Construído - PROAC

UFJF, sala 4156, Martelos, Juiz de Fora – MG, CEP: 36036-900 E-mail: [email protected]

RESUMO

Com características peculiares em seu conjunto arquitetônico de importância histórica, assim como heranças ancestrais notáveis de um saber-fazer construtivo contemporâneo distribuído em um alto de serra na Zona da Mata mineira, o arraial de Conceição de Ibitipoca tem atualmente sua economia baseada no turismo, atraída fortemente pelas belezas naturais da região. Com as mudanças ocorridas nas últimas décadas na vila, a população vem perdendo seus vínculos com a cultura local, ao mesmo tempo em que não se identifica com os valores externos, diminuindo o sentido de pertencimento com o lugar e, consequentemente, enfraquecendo-o como símbolo cultural. Diante desse contexto contemporâneo, a presente investigação procurou responder ao seguinte problema de pesquisa: sob quais aspectos, enquanto bem patrimonial, podemos considerar o arraial como Paisagem Cultural? E ainda, quais desses aspectos são capazes de preservar sua singularidade simbólica enquanto Paisagem Cultural diante das transformações contemporâneas no ambiente construído? Utilizando-se do Inventário Nacional de Referências Culturais – INRC/ IPHAN, assim como das recomendações propostas no Manual de Aplicação em Educação Patrimonial: Inventários Participativos/ IPHAN, este estudo se baseou em uma metodologia que incluiu pesquisa de campo, técnicas básicas de levantamento documental, questionários, sistematização e interpretação de dados e registro de informações para realizar um levantamento detalhado do conjunto arquitetônico e dos aspectos simbólicos característicos da identidade cultural do lugar, com fins de adequação à construção civil contemporânea na preservação da identidade local. Os resultados encontrados confirmam o princípio da salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial que define que compartilhar responsabilidades e informações, desenvolvendo um estreito contato com os grupos sociais que produzem, reproduzem e transmitem esse patrimônio, promove uma apropriação simbólica e o uso sustentável dos recursos patrimoniais para a sua preservação e para o desenvolvimento econômico, social, cultural e turístico local. Concluiu-se a pesquisa destacando-se a importância de um incentivo a futuras ações de educação patrimonial com a finalidade de amplificar a resiliência sociocultural da comunidade.

.

Palavras-chave: Paisagem Cultural; Patrimônio Imaterial; Vila Conceição de Ibitipoca.

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INTRODUÇÃO

O presente artigo pretende trazer uma abordagem de conhecimento atualizada no que se

refere à importância dada à preservação das Paisagens Culturais, refletindo sobre as

consequências da produção/ apropriação/ reprodução do espaço, assim como técnicas

construtivas e sua relação com a dicotomia cultura local e desenvolvimento.

O processo construtivo de comunidades tradicionais é a expressão de um modo de vida

específico, decorrente de seu sistema de organização social, do respeito às condicionantes

do meio e dos aspectos simbólico-culturais que determinam como as ações devem se

realizar.

A importância da relação do fator humano às culturas de construções antigas, às técnicas

regionais artesanais e aos materiais de construção locais, é dada, em um primeiro momento,

no sentido de se fazer um resgate a um conhecimento peculiar ancestral de domínio com o

trato dos materiais locais, na sutileza dos afazeres manuais, na riqueza do valor dado à

sensibilidade de quem habita e, ancestralmente, sempre habitou determinada localidade e,

com o devido respeito ao meio, edifica com originalidade seus abrigos.

Porém, diante da atual dinâmica capitalista globalizada da construção civil, os materiais

artificiais industrializados surgem como recursos facilitadores dos processos construtivos e,

sem levar em conta o seu alto grau de impacto ambiental (ou impacto à relação

homem-natureza), sobrepõe-se às técnicas tradicionais, desconstruindo séculos de

aclimatação arquitetônica e deixando um rastro de aculturação.

Como sabemos que o atual modelo de desenvolvimento prioriza a dimensão econômica,

baseando-se no lucro e promovendo a efemeridade das paisagens, somando-se a este

contexto o constante crescimento da artificialização e banalização dos ambientes de convívio,

moradia e trabalho, a cada dia se torna mais importante o cuidado e o controle consciente da

forma como estes ambientes são concebidos, sobretudo no que se refere ao bem-estar dos

seus usuários e preservação da cultura local.

OBJETO EMPÍRICO

Para fim de uma análise mais aprofundada e específica, o presente estudo traz uma

discussão sobre uma pequena localidade inserida em uma paisagem exuberante que tem se

transformado aceleradamente em função do turismo, com mais intensidade na atualidade,

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onde o conjunto de edificações, desenho urbano, paisagem e ambiente natural constituem o

bem patrimonial maior, os quais caracterizam o lugar como singular e que, portanto, deve ser

resguardado como tal. (Figura 1).

O objeto empírico a ser tratado é a Vila Conceição de Ibitipoca, distrito da cidade de Lima

Duarte em Minas Gerais, a qual teve seu apogeu como rota alternativa do Caminho do Ouro,

tendo seus primeiros relatos datados de 1692. O "Monte de Ebitipoca" foi citado pelo padre

João de Faria Fialho e, já no século seguinte, a região possuía mais de 5 000 moradores em

decorrência da procura pelo ouro. Após a descoberta do mineral na antiga Vila Rica, atual

Ouro Preto, houve um grande êxodo da região e apenas a população mais humilde

permaneceu no local.

A partir do século XIX então, a população passou a dedicar-se à pecuária, com pequenos

rebanhos, e à agricultura, com lavouras de café e cana-de-açúcar (DELGADO, 1962). Essa

atividade se manteve até os fins do século XIX, sendo substituída pelo cultivo de feijão e

milho. O arraial viveu durante anos apoiado na agricultura de subsistência, mantendo contatos

externos apenas com algumas tropas de cargueiros que transportavam mercadorias na

região, passando por duzentos anos de esquecimento (SANTOS; CAMPELLO, 2008). A Serra

de Ibitipoca sempre contou ao longo desses anos, mesmo de forma esporádica e

não-organizada, com a presença de viajantes e pesquisadores. Na segunda metade do

século XX, moradores de municípios próximos começaram a visitar a Serra de Ibitipoca, em

busca de atividades de lazer, nos feriados e finais de semana. Em 1973, foi criado o Parque

Estadual de Conceição de Ibitipoca, o qual, durante a década de oitenta, foi preparado para

receber o público com infra-estrutura adequada, passando a ser amplamente divulgado. Nos

anos noventa, observou-se um aumento considerável no número de visitantes, atraídos pelos

atrativos do parque, que em 1995, chegou a acolher três mil e trezentos turistas por mês

(TRIBUNA, 1996).

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Assim, o turismo se estabeleceu como gerador de diversas atividades econômicas em

Conceição de Ibitipoca, agregando a maioria da população na prestação de serviços

relacionada direta ou indiretamente a esse setor e criando uma forte relação de dependência.

Pequenos agricultores começaram a vender suas propriedades às pessoas que vinham para

a vila, em sua maioria, com o intuito de estabelecer algum tipo de comércio. Este fato

permanece ainda hoje e tem ocasionado em uma diminuição da população residente na área

rural. O ex-agricultor, sem perspectivas de trabalho em sua área, acaba procurando algum

meio de sobrevivência no setor turístico. Muitas vezes, constrói, de forma precária, pequenos

alojamentos e estabelecimentos clandestinos para atender aos visitantes. A maioria dos

estabelecimentos comerciais, implantados visando o turismo, funciona apenas nos finais de

semana e feriados. Observa-se, assim, um esvaziamento na vila durante os dias de semana,

refletindo a relação de dependência econômica que a localidade estabeleceu com a atividade

turística.

Figura 1: Vista parcial da paisagem da Vila Conceição de Ibitipoca. Foto: Flávia Gaio.

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Segundo o Instituto Estadual de Florestas (IEF), órgão que gerencia o Parque Estadual do

Ibitipoca como Unidade de Conservação, este foi classificado como o 3º melhor parque da

América Latina pelo Traveller´s Choices 2013 do site de viagens TripAdvisior, considerado o

maior site de viagens do mundo. No Brasil, o Ibitipoca foi considerado o 2º melhor parque. Em

93% das avaliações e opiniões deixadas no site a Unidade de Conservação foi considerada

como excelente.

No entanto, apesar do forte atrativo ecoturístico da região, desenvolveu-se paralelamente um

turismo cultural independente do parque, motivado pela característica peculiar da paisagem

da vila, que traz consigo um ambiente bucólico rico em características simbólicas tradicionais

e um calendário cultural de eventos específicos, como festivais musicais, circuitos

gastronômicos e eventos esportivos em geral. Assim, constata-se a partir daí um crescimento

representativo da população fixa local, que de 1000 habitantes em 2010 passou para mais de

3.600 habitantes atualmente, sendo que nos finais de semana e feriados a visitação amplia

em mais de 100% com o número de turistas.

PROBLEMA DE PESQUISA

Com o constante aumento da incidência do turismo e a consequente especulação

desenfreada, o distrito tem sofrido com a falta de uma infraestrutura e de um planejamento

urbano adequados, havendo medidas acerca de preservação apenas no âmbito ambiental

relativa ao Parque Estadual e deixando-se desprotegida a questão urbana e periurbana.

Mesmo com a ordem de embargo imposta pela Prefeitura de Lima Duarte a respeito de novas

construções em uma delimitação na área central da vila, alguns aspectos impactantes podem

ser observados na situação atual da região, destacando-se a expansão dos loteamentos e a

monopolização territorial.

No documento intitulado Plano Diretor de Organização Territorial e Desenvolvimento do

Turismo de Conceição de Ibitipoca, editado pela Fundação João Pinheiro (2000) no ano

seguinte, há um capítulo que discorre sobre a organização territorial, indicando essa

“preocupação com o estabelecimento de padrões mais adequados de construção para que a

paisagem e as condições ambientais não sejam progressivamente desfiguradas”. Com base

neste trabalho, foi ainda editada a Lei de Uso e Ocupação do Solo de Conceição de Ibitipoca,

a qual prevê algumas normas para um planejamento urbano que mantenha as tipologias do

crescimento espontâneo original de Ibitipoca. Porém, a situação observada não condiz com a

legislação, seja por falhas na mesma, seja por falta de instrução ou mesmo fiscalização das

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obras, agravando o estado de conservação do conjunto da paisagem apresentado na

pesquisa de Creston (2012).

Assim, o processo de demolições e novas construções que se observa em Ibitipoca ocorre de

forma intensa. Em um período curto de tempo, a paisagem física e as relações sociais e de

trabalho sofrem bruscas modificações, adaptando-se à nova realidade. Com a inserção da

atividade turística na vila, alguns traços da cultura local vêm desaparecendo, na medida em

que são absorvidos por novos valores. As tradicionais técnicas construtivas, trabalhadas com

materiais locais e compondo uma tipologia original de um saber-fazer ancestral, vêm sendo

substituídas por padrões externos trazidos pela especulação.

Dessa forma, coloca-se à prova a identidade cultural, que contribui para o processo de

descaracterização. Segundo um de seus moradores, “a vila passa por um processo de

aculturação, gerado pelo turismo de massa, implantado de forma muito rápida. As pessoas

estão perdendo os valores tradicionais, têm baixa auto-estima, não estão organizados,

sentem-se desmotivados e incapazes de aprender coisas novas” (CASTRO apud SANTOS;

CAMPELLO, 2008).

Diante desse contexto contemporâneo, a presente investigação se direciona ao seguinte

problema de pesquisa: a Vila Conceição de Ibitipoca, com sua paisagem peculiar, motivo da

significativa atração turística a qual está submetida, corre riscos de enfraquecimento de

identidade, colocando à prova seu próprio valor enquanto símbolo cultural. Como então

manter a atratividade da vila, sem permitir que o impacto causado a descaracterize?

1. JUSTIFICATIVA

Temos assim com esse estudo uma oportuna chance de contribuição acadêmica acerca da

definição e lapidação do conceito de Paisagem Cultural, tema recentemente tão discutido nos

encontros e pesquisas, assim como direcionamentos e contribuição efetiva aos parâmetros

constituintes das políticas de preservação e desenvolvimento urbano.

Se com tais mudanças ocorridas nas últimas décadas na Vila de Conceição de Ibitipoca, a

população local vem perdendo seus vínculos com a cultura tradicional, ao mesmo tempo em

que não se identifica com os valores externos, diminuem-se o sentido de pertencimento com o

lugar. Assim, a localidade se enfraquece como símbolo cultural e instrumento material da vida

coletiva (ROSSI, apud SANTOS; CAMPELLO, 2008). De acordo com pesquisa realizada por

Santos e Campello (2008), o reconhecimento do potencial turístico da vila confirma a

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necessidade do planejamento urbano e da implementação de práticas de preservação, que

visualizem novas possibilidades e permitam a sustentabilidade da atividade turística, para não

esgotar os recursos disponíveis.

Assim, faz-se necessária a compreensão do dinamismo e da complexidade da vida urbana,

expressa em valores simbólicos e culturais, para que o desenvolvimento local seja compatível

com o modo de vida da comunidade, sendo capaz de se adaptar às diversidades e preservar

a sua identidade. Neste processo de preservação, é extremamente importante o envolvimento

da população, auxiliando no entendimento do espaço, para permitir o equilíbrio entre seus

valores culturais e as alterações ocorridas durante o tempo. Essa participação permite a

conscientização da sociedade, despertando seu sentido de cidadania e atraindo, portanto, o

próprio turismo para sua sustentação.

OBJETIVOS

Diante desse contexto contemporâneo, a presente investigação tem como objetivo principal

responder a seguinte questão: sob quais aspectos, enquanto bem patrimonial, podemos

considerar o arraial como Paisagem Cultural? Para tanto, os seguintes objetivos específicos

deverão ser alcançados: 1 – Enumerar parâmetros (ou marcos culturais cristalizados) que

sejam capazes de preservar sua singularidade simbólica enquanto Paisagem Cultural diante

das transformações contemporâneas no ambiente construído; 2 – Detectar pontos frágeis e

os sinais concretos de descaracterização; 3 - Garimpar manifestações artísticas que retratam

a valorização cultural e a memória implícita no inconsciente coletivo dos habitantes locais.

REFERENCIAL TEÓRICO

PAISAGEM

Para alcançarmos nosso objetivo principal, analisemos alguns conceitos básicos que retratam

o tema proposto. Iniciando uma reflexão acerca do termo “Paisagem”, primeiramente nos

recorremos à Geografia Crítica, baseada no materialismo histórico/marxista, a qual busca um

distanciamento dos considerados atrasados pressupostos da Geografia Tradicional

teorética-quantitativa, apresentando-se como uma geografia adaptada ao novo panorama

social e científico. Assim, espaço e sociedade devem ser trabalhados indissociavelmente, a

partir de uma formação socioespacial, que está contido nos conceitos-chave da geografia,

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incluso a paisagem (CORRÊA, 2008). Ergue-se desta forma um questionamento acerca dos

problemas sociais que estão por trás da transformação da paisagem, sendo esta não mais

uma evolução natural, mas o locus da relação sociedade-natureza (CAPEL, 1981). No Brasil,

o geógrafo Milton Santos (1989), conceitua:

“tudo aquilo que nós vemos, o que nossa visão alcança, é a paisagem. Esta pode ser definida como o domínio do visível, aquilo que a vista abarca. Não é formada apenas de volumes, mas também de cores, movimentos, odores, sons etc” (SANTOS, 1989, 2006, p.61).

No que diz respeito à morfologia da paisagem, as marcas inscritas aparecem como produto de

diferentes momentos históricos que se cristalizam no espaço geográfico, sendo formas-objeto

ou rugosidades (SANTOS, 1978, 2004). Estas rugosidades nos permitem entender

combinações particulares do trabalho, da técnica e do capital, testemunhando um momento

do modo de produção e um momento do mundo, onde a “paisagem é o resultado de uma

acumulação de tempos” (SANTOS, 2004, p. 54). Estas formas-objeto são, segundo o autor,

tempo passado cristalizado no espaço, mas são, também, tempo presente, pois abrigam uma

nova essência ao participar da vida atual como formas indispensáveis à reprodução social.

O também geógrafo brasileiro Aziz Nasser Ab’Sáber trouxe grandes contribuições sobre

paisagem natural e conceituou a paisagem como

“uma herança em todo o sentido da palavra: herança de processos fisiográficos e biológicos, e patrimônio coletivo dos povos que historicamente as herdaram como território de atuação de suas comunidades, que neste caso se inserem as comunidades tradicionais (AB’ SÁBER, 2003)

Paralelamente à Geografia Crítica, baseados na fenomenologia, no existencialismo, no

historicismo, na subjetividade, na intuição, nos sentimentos, na experiência, no simbolismo e

na contingência, no consciente e no inconsciente, temos com a Geografia Humanista e a

Cultural os conceitos do geógrafo Yu-Fu Tuan (1980) que defendia que as paisagens são

dotadas de um significado simbólico da relação sociedade-natureza. A abordagem

humanística adotada pelo autor procura dar um enfoque fenomenológico aos valores,

crenças, visão de mundo, ou seja, a visão dos pequenos grupos e seus valores. Esse foco na

subjetividade chega ao seu ápice ao valorizar a paisagem a partir de um sujeito individual,

valorizando também a expressão artística e as tradições.

Em um terceiro plano de análise, é possível afirmar que a “identidade da paisagem” pode ser

dada não somente pela forma, mas também pela maneira como as populações a apreendem,

ou seja, pela ideia de pertencimento, conforme estabelece a Convenção Europeia de

Paisagem (2000). Nesta vertente de discussão do pensamento acadêmico, entende-se que a

paisagem não é somente o visível, mas incorpora valores humanos e pode ser interpretada a

partir de seu conteúdo simbólico ou da relação íntima e afetiva que os grupos sociais

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estabelecem com os lugares onde a vida humana se reproduz (RIBEIRO, 2007). Neste plano,

o que dá identificação a uma determinada paisagem pode não corresponder somente à

unidade orgânica das formas, mas também o significado de fazer parte daquele lugar.

CULTURA

Já o modo de vida, as experiências e transformações implementados pelo homem em seu

meio físico e natural, através das contribuições coletivas, correspondem ao que designamos

como “Cultura”, segundo termo a ser analisado. A palavra surge do alemão kultur, através do

francês cultures, estando vinculada às práticas de cultivo da terra como trabalho humano e

também ao cultivo do espírito. Consagra-se, portanto, como um processo de desenvolvimento

de um grupo social, no aprimoramento de seus valores materiais e espirituais.

Na atualidade, na medida em que se desenvolve a globalização, colocando diferentes culturas

em estreito contato, é importante observar como uma cultura é imposta ou como recebe os

valores externos, resistindo ou se apropriando deles. Assim, podemos também entender a

cultura como transmissão de valores através da consolidação da tradição no tempo,

agregando as mudanças sociais.

A cultura e a memória são instrumentos fundamentais na consolidação de um povo em torno

de um senso comum de compartilhamento e identificação. O conjunto de fragmentos que

constituem o caráter de uma comunidade é denominado de identidade cultural. Assim, a

humanidade deve, acima de tudo, considerar o homem, as suas histórias de como vivem e a

importância da cultura local, incorporando às práticas arquitetônicas e urbanísticas, para a

sobrevivência do planeta. Morin apud Torres e Holzer (2010) assim define a cultura:

[...] A cultura é constituída pelo conjunto de hábitos, costumes, práticas, savoir-faire, saberes, regras, normas, proibições, estratégias, crenças, ideias, valores, mitos, que se perpetua de geração em geração, se reproduz em cada indivíduo, gera e regenera a complexidade social. A cultura acumula aquilo que é conservado, transmitido, aprendido, e ela comporta os princípios de aquisição, programas de ação.

Portanto, cultura é um legado que faz parte da realidade humana, produzido e praticado pelo

grupo e a ele pertencente. É também o resultado de experiências coletivas históricas no

espaço e no tempo e atua sobre o homem, determinando suas as ações sobre o meio

ambiente. Sendo assim, precisa da linguagem e se apoia em um conjunto de signos e

símbolos.

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PAISAGEM CULTURAL

Há uma longa discussão sobre o conceito de paisagem cultural, termo relativamente recente3,

que tem comparecido com frequência crescente nas discussões de âmbito patrimonial,

oriundo, de um lado, da produção acadêmica, sobretudo na ciência geográfica, e, por outro

lado, da experiência internacional a partir dos trabalhos da Unesco e da Convenção Europeia

da Paisagem (RIBEIRO, 2007). Apesar da proteção da paisagem no Brasil estar prevista,

desde a edição do decreto-lei federal no 25, de 1937, no âmbito do Iphan a renovação das

práticas possibilitou colocar a paisagem cultural como novo mecanismo de proteção do

patrimônio, a partir da regulamentação estabelecida pela recente Portaria no 127, de

30/04/2009.

De acordo com as Cartas Patrimoniais (UNESCO), destacam-se a seguir as sucessivas

definições de “Paisagem Cultural”. Em 1995, o documento Recomendação da Europa aborda

a paisagem cultural como:

Caracterizada pela maneira pela qual é percebida por um indivíduo, ou por uma comunidade, testemunhando, do passado ao presente, o relacionamento entre o homem e seu meio ambiente. Possibilitando, a partir de sua observação, especificar culturas e locais, sensibilidades, práticas, crenças e tradições. (UNESCO. Recomendação da Europa, 1995).

Em 1999, a United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization (UNESCO)

definiu paisagem cultural da seguinte maneira:

Paisagens culturais representam o trabalho combinado da natureza e do homem [...] são ilustrativas da evolução da sociedade e dos assentamentos humanos ao longo do tempo, sob a influência das determinantes físicas e/ou oportunidades apresentadas por seu ambiente natural e das sucessivas forças sociais, econômicas e culturais, tanto internas, quanto externas. Elas deveriam ser selecionadas com base tanto em seu extraordinário valor universal e sua representatividade em termos de região geocultural claramente definida, quanto por sua capacidade de ilustrar os elementos culturais essenciais e distintos daquelas regiões. (UNESCO. Convenção do Patrimônio Mundial, 1999).

Em 2009, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) considerou como

paisagem cultural brasileira “[...] a porção peculiar do território nacional, representativa do

processo de interação do homem com o meio natural, à qual a vida e a ciência humana

imprimiram marcas, ou atribuíram valores. ” (IPHAN, 2009).

Ainda sobre o conceito de “Paisagem Cultural”, o geógrafo Cosgrove (2004, p. 101) afirma: “a

paisagem urbana é um texto que pode ser lido através das fontes (códigos, símbolos),

evidências que encontramos e que podem nos informar os significados contidos”. A

proposição de Cosgrove (ibid., p. 102) aponta: “a cultura é sempre potencialmente capaz de

ser trazida ao nível da reflexão consciente e da comunicação”. Assim, considerando a cultura

local, estaremos evocando um clamor: o “amor à própria vida” e, naturalmente, considerando

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muitas questões sustentáveis que estão sendo relegadas. Considerando que todas as

paisagens são simbólicas Cosgrove (ibid., p. 106) propõe:

Revelar os significados na paisagem cultural exige habilidade imaginativa de entrar no mundo dos outros de maneira auto-consciente e, então, re-presentar essa paisagem num nível no qual seus significados possam ser expostos e refletidos. Uma vantagem que temos ao tratar a paisagem dessa maneira é que muitos de seus significados são ‘naturalmente’ encontrados no sentido de que seu ponto de partida é algo comum à nossa experiência, na medida, em que somos parte da natureza.

Para o geógrafo, no entanto, o pensamento moderno renunciando aos ambientes do passado

conservados e interpretados como herança e as paisagens e lugares não-materiais do

cinema, da pintura e da escrita promove a desconstrução constante de significados, tornando

os significados cada vez mais fragmentados, afetando aos lugares.

Castriota (2009) verifica, a partir destas e mais algumas outras definições, que houve uma

ampliação no campo do patrimônio, na qual a paisagem cultural se fundamenta nas

interações entre o homem e a natureza, na medida em que considera formas tradicionais de

vida e de relação com o meio ambiente. Além disto, afirma que a paisagem reúne formas

criadas em momentos históricos diferentes, que coexistem no momento atual, onde os

aspectos materiais e imateriais do patrimônio estão entrelaçados na concepção das

paisagens culturais que congregam a vitalidade da cultura nas formas de produção da vida.

PATRIMÔNIO IMATERIAL, LUGAR E “ESPÍRITO DO LUGAR”

Desta forma, percebe-se que a dualidade material e imaterial da paisagem cultural merece

uma análise capaz de elucidar aspectos relevantes no esforço para sua conservação como

referência cultural ou bem patrimonial. Para o geógrafo Milton Santos (1999), o espaço é

constituído de um sistema de ações agindo conjuntamente com um sistema de formas-objeto,

as quais compõem a paisagem e preenchem, no momento presente, uma função como

resposta às necessidades da sociedade.

A paisagem nos permite apenas supor um passado. Se quisermos interpretar cada etapa da evolução social, cumpre-nos retomar a história que esses fragmentos de diferentes idades representam juntamente com a história tal como a sociedade a escreveu de momento em momento. (SANTOS, 1989, p. 86).

Deste modo, do ponto de vista material, a paisagem revela a importância de seu conteúdo

histórico. Porém, para melhor compreender os aspectos subjetivos inerentes à paisagem

cultural, consideramos pertinente recorrer a outro conceito espacial, o de lugar, onde estão

implícitos os laços sociais intangíveis que o conformam. Como patrimônio imaterial

entende-se

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as práticas, representações, expressões, conhecimento e técnicas, junto com os instrumentos, objetos, artefatos e lugares que lhe são associados, que as comunidades, os grupos e, em alguns casos, os indivíduos, reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural. (UNESCO. Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial, 2003).

Além disso, destaca-se também na definição de patrimônio imaterial seu caráter dinâmico,

que, ao ser transmitido de geração a geração, é constantemente recriado, gerando um

sentimento de identidade e de continuidade. Assim, o conceito de lugar passou a integrar a

categoria de patrimônio imaterial, por meio do reconhecimento de locais onde se concentram

e se reproduzem práticas culturais coletivas referentes a grupos que, nestes espaços,

efetuam trocas materiais e simbólicas, deparando-se com uma rede subjetiva de significados

e atribuindo valores culturais ao que transcendem a matéria. (NÓR, 2013). Comprovando

ainda a importância dada a este conceito, o Programa Nacional do Patrimônio Imaterial

(PNPI) instituiu, para o registro destes bens, o Livro dos Lugares. (FONSECA apud NÓR,

2013).

Como o lugar está intimamente associado ao mundo dos valores, mesmo que imaginários e

simbólicos, torna-se um elemento constitutivo dos grupos sociais e desempenha um papel na

estrutura dos indivíduos, os quais guardam em suas lembranças e emoções, identificações

com afetos e experiências de vida, comparecendo na formação complexa das personalidades

humanas. Para a preservação da identidade das comunidades que tenham produzido

espaços e práticas culturais transmitidos através de gerações, portanto, no âmbito da

paisagem cultural, entendemos ser pertinente identificar e compreender o lugar e seu

“espírito” por meio do reconhecimento dos componentes materiais e imateriais que os

caracterizam. Assim, a peculiaridade de um lugar é constituída pela constelação de relações

entre as variáveis, as quais se encontram e se entrelaçam num locus particular. (SANTOS;

MASSEY apud NÓR, 2013).

Essa abordagem nos remete à ideia histórica do genius loci, ou “espírito do lugar”, se referindo

ao elemento vital que expressa a singular identidade de um local, resultado da relação entre

uma determinada cultura e o sítio em que se desenvolve e que está intimamente vinculada à

interação de componentes materiais e imateriais presentes nos ambientes naturais e nos

espaços construídos. (NÓR, 2013) A preocupação com a salvaguarda e promoção do

“espírito dos lugares” se faz presente na esfera dos órgãos internacionais de patrimônio, a

exemplo da conceituação pelo Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (ICOMOS

apud NÓR):

O “espírito do lugar” consiste no conjunto de bens materiais (sítios, paisagens, edificações, objetos) e imateriais (memórias, depoimentos orais, documentos escritos, rituais, festivais, ofícios, técnicas, valores, odores), físicos e espirituais, que dão sentido, valor, emoção e

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mistério ao lugar, de tal modo que o espírito constrói o lugar e, ao mesmo tempo, o lugar constrói e estrutura o espírito. (ICOMOS. Declaração de Quebec, 2008).

Assim, através de diferentes significações e singularidades, o “espírito do lugar” incorpora um

caráter plural e polivalente, podendo ainda mudar de sentido com o tempo e ser compartilhado

por diferentes grupos. O diálogo entre passado e presente, revelando um caráter ao mesmo

tempo vivo e permanente, proporciona a um determinado lugar um “espírito”, definindo-o

como bem cultural e possibilitando-o tornar-se parte do patrimônio imaterial de uma sociedade

e auxiliar na compreensão dos estudos acerca da categoria de paisagem cultural.

METODOLOGIA

A fim de cumprir o objetivo central proposto, utilizou-se do Inventário Nacional de Referências

Culturais – INRC/ IPHAN (2000), assim como das recomendações propostas no Manual de

Aplicação em Educação Patrimonial: Inventários Participativos/ IPHAN (2016), baseando-se

em uma metodologia que incluiu pesquisa de campo, revisão de literatura e técnicas básicas

de levantamento documental de fontes primárias e secundárias, sistematização e

interpretação de dados, fotografias e registro de informações, além de uma atividade

específica realizada com alunos da única escola de Ensino Fundamental do arraial.

Segundo critérios da Unesco, a delimitação da paisagem cultural deve levar em conta o fato

de que a extensão e o limite devem garantir a sua funcionalidade e inteligibilidade. Nesse

sentido, a delimitação da paisagem não precisaria necessariamente abarcar a totalidade,

podendo constituir-se a partir de um recorte do todo que seja ilustrativo e representativo das

qualidades e caráter do conjunto. Desta forma, para realização da pesquisa, definiu-se um

recorte espacial do local proposto a ser trabalhado que englobou a área central da vila,

incluindo a Praça da Matriz, a Praça do Rosário e as cinco ruas com maior densidade

habitacional. (Figura 2). Neste núcleo estão inclusos o Conjunto Arquitetônico da Matriz de

Nossa Senhora da Conceição de Ibitipoca e acervo e a Capela de Nossa Senhora do Rosário

de Ibitipoca, ambos bens protegidos a nível municipal pelo IEPHA/MG no ano de 2002.

Também compõem o recorte definido os principais estabelecimentos comerciais da vila, além

da Escola Municipal Padre Carlos e um número expressivo de pousadas, bares e

restaurantes.

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Figura 2: Mapa da área central da Vila Conceição de Ibitipoca. Fonte:

https://www.google.com.br/maps/place/Conceição+da+Ibitipoca,+Lima+Duarte+-+MG

Para o cumprimento do primeiro e segundo objetivos específicos, através de uma metodologia

de observação direta em campo, primeiramente foram sendo levantadas as características

predominantes da estrutura urbana e dos assentamentos em relação ao relevo, assim como

das edificações históricas e contemporâneas presentes e realizados registros fotográficos de

visadas específicas a fim de documentação de materiais, técnicas construtivas, tipologias

arquitetônicas e volumetria. Para análise utilizou-se do método histórico-interpretativo,

fazendo-se uma linha do tempo em termos de preservação/ evolução/ adaptação/ releitura

dos elementos e o método qualitativo, o qual auxiliou na sistematização de parâmetros

simbólicos predominantes.

Em seguida, através do método pesquisa-ação, foi realizada uma atividade específica com

alunos variados do 5º ao 9º ano do Ensino Fundamental da Escola Municipal Padre Carlos,

onde foi pedido aos alunos que realizassem um desenho colorido em uma folha A4, retratando

a seguinte questão: “Quando você imagina a Paisagem Cultural da Vila Conceição de

Ibitipoca, qual imagem vem à cabeça? ”

Na intenção de abarcar o terceiro objetivo específico, realizou-se uma varredura de

observação pelos estabelecimentos comerciais, recepções de pousada, Centro de

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Informação do Parque Estadual de Ibitipoca, além de entrevistas com personalidades

artísticas habitantes da vila e garimpou-se aquelas de maior expressão cultural, com

características expressivas que retratassem as características pretendidas.

Para interpretação e definição dos parâmetros retratados nos desenhos infantis e nos

trabalhos artísticos locais, utilizou-se o método fenomenológico, levando em consideração

que nele é priorizada a descrição direta da experiência tal como ela é, ou seja, a realidade não

seria uma única verdade observada por um agente externo, o pesquisador, mas sim

construída socialmente e entendida como o interpretado, nesse caso, o ponto de vista da

criança ou do artista em questão. (TUAN, 1980)

Por último, analisou-se todo o conjunto de dados sistematizados, onde as informações

predominantes foram cruzadas, agrupadas e organizadas, para fim de definição de

parâmetros simbólicos satisfatórios.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Se para a definição do conceito de Paisagem Cultural é preciso se fazer uma abordagem mais

ampla capaz de tratar tanto do substrato natural, como das maneiras tradicionais de viver dos

sujeitos que dele usufruem, a presente pesquisa procurou realizar um diálogo entre os

saberes, fazeres, afetos e símbolos na dimensão dos usos e perspectivas dadas por sua

inserção na Vila Conceição de Ibitipoca, com foco especial aos padrões arquitetônicos e

técnicas construtivas.

Com a realização de uma caminhada atenta pelas vias declivosas de traçado orgânico do

arraial, com assentamentos espontâneos em lotes irregulares, permeados por representativa

arborização, foi possível definir uma clara linha do tempo em relação ao período de

construção das edificações encontradas, onde detectou-se exemplares remanescentes das

construções mais antigas que, além das igrejas Matriz e Rosário, compõem casas térreas de

estilo puro colonial mineiro. Estas construções possuem volumetria padronizada definida por

plantas-baixa regulares e telhados em quatro águas em telhas de barro, usualmente

chamadas “telhas de coxa”; alvenaria estrutural em tijolos maciços, sendo algumas

emboçadas e outras não; com fundações executadas em pedras locais e muitas delas

formando porões; barrotamento e assoalho em madeira; esquadrias em madeira do tipo

guilhotina. (Figura 3).

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Figura 3: Casas históricas da Vila Conceição de Ibitipoca. Foto: Flávia Gaio

Entremeando estes relativamente poucos exemplares pioneiros, detectou-se três tipologias

de edificações posteriores: primeiramente notou-se um considerável número de casas de

construção subsequente, nas quais os habitantes locais procuraram manter as características

tradicionais, tanto em termos de volumetria e materiais, quanto nas técnicas tradicionais

construtivas, porém aqui com um acréscimo no uso da madeira e vidro; um segundo grupo

compõe-se de construções recentes, onde há uma preocupação inicial em determinados

aspectos construtivos que, do ponto de vista da imagem (ou simbólico) mantém os padrões

tradicionais, porém nesta releitura são utilizadas técnicas construtivas recentes, como o uso

de estruturas em concreto (o que possibilitou um segundo pavimento) e plantas mais

arrojadas, além de lajotas, tijolos à vista como vedação e revestimentos de pedra; por fim, há

um terceiro grupo que, apesar de ser em pequeno número, utilizou-se do uso de técnicas

construtivas recentes e, de forma displicente, compõem edificações visivelmente

descaracterizantes, salvas apenas por suas fiéis coberturas em telhas de barro. (Figura 4).

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Figura 4: Edificação descaracterizada entre duas composições de releitura dos padrões e técnicas

tradicionais. Foto: Flávia Gaio.

Assim, quando se observa o conjunto, verifica-se uma homogeneidade singular da paisagem,

objeto de interesse ao nosso estudo. Ao serem analisadas, técnicas construtivas tradicionais

são claramente preservadas e readaptadas, percebendo-se um “saber-fazer” preservado, de

geração em geração, enquanto patrimônio imaterial.

Seguindo então a metodologia proposta, foi possível verificar uma confirmação destas

características predominantes ao analisar os 30 desenhos feitos por crianças da escola e

seus respectivos pontos de vista de um habitante local. Deste material, um terço fez referência

às igrejas históricas, marcos turísticos da vila; outro terço se referiu às paisagens naturais e o

pôr do sol marcante que compõe a vista da paisagem. (Figura 5); e o restante fez referência

ao conjunto de edificações típicas, com seus materiais construtivos como o tijolo à vista,

pedras e telhados coloniais, inseridas nas ruas sinuosas arborizadas e a paisagem natural.

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Figura 5: Desenho infantil retratando a paisagem cultural da vila. Foto: Flávia Gaio.

Por fim, estas informações foram comparadas às manifestações artísticas locais encontradas

e sua simbologia. No livro de poesias do autor Antônio Cezar de Souza (2014) intitulado

“Veredas Secretas – Nas trilhas clandestinas de Ibitipoca”, foi possível observar em todo o seu

conteúdo menções às peculiaridades do lugar, referindo-se ao seu contexto bucólico, sua

fauna, sua flora e suas vielas, relacionados à rotina pacata de uma vila e seus personagens

locais, além os que vieram de fora e entraram para a história da vila. Nas entrelinhas desta

obra fica implícito o valor e o cuidado dispensado à preservação da identidade, mesmo com a

chegada do turismo.

Ao se analisar as obras encontradas de alguns artistas plásticos como Nathalie Borges e

Edgar Zurc, tais elementos descritos são confirmados, sendo de importância referencial

inclusive como mapas de localização do arraial. (Figura 6). Seus casarios são fielmente

retratados, as perspectivas da paisagem valorizadas e a identidade visual preservada

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simbolizando o “espírito do lugar”.

Figura 6: Pintura de Paisagem Cultural da Vila Conceição de Ibitipoca por Edgar Zurc. Foto: Evandro

Cruz.

Figura 7: Imagem de divulgação do documentário “Ibitipoca – droba pra lá”, de Felipe Scaldini. Fonte:

http://www.acessa.com/cultura/arquivo/noticias/2013/03/20-documentario-ibitipoca-droba-pra-la-sera-l

ancado-em-dvd

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Por fim, menciona-se o premiado documentário “Ibitipoca – droba pra lá”, com direção de

Felipe Scaldini, o qual retrata, através de imagens que valorizam a paisagem e o depoimento

de personagens, a transformação repentina no cenário da vila, gerando um contraste entre a

simplicidade original e a modernidade. (Figura 7). Nesta obra, observa-se o envolvimento

social e histórico do lugar, assim como sua relação com o patrimônio imaterial.

Podemos considerar que as manifestações artísticas analisadas, assim como os desenhos

infantis, são amostras fiéis da relação identidade cultural e pertencimento ao lugar, assim

como o estudo da paisagem através da observação direta se apresentou como uma maneira

eficaz de abordar a relação entre o homem e a natureza, a cultura e o meio. Na intenção de

eleger nosso objeto empírico como bem cultural, portanto, a associação da dimensão física e

a social, vinculada aos elementos tangíveis com os intangíveis, constituem e definem o

“espírito do lugar”, contribuindo para uma noção renovada de patrimônio cultural, imprimindo

novos postulados, os quais já se encontram presentes no debate acadêmico sobre o tema.

Assim, observa-se a superação de uma visão exclusivamente centrada nos “fatos

memoráveis” da história oficial nacional e o reconhecimento de uma memória plural,

representativa de diversos grupos que compõem a sociedade brasileira, desvinculada do

valor cultural ao caráter excepcional ou monumental dos bens, valor agora identificado nos

portadores de referência à ação, memória e identidade dos diversos grupos sociais,

confirmados, no caso deste estudo inclusive, pela forte atração turística.

Diante das atuais políticas de desenvolvimento urbano e preservação, atentamos para que se

façam presentes questões acerca das preocupações com patrimônio imaterial e

sustentabilidade (nos âmbitos social, econômica, ambiental e cultural), discutindo e aplicando

ações que mantenham a integridade e a resiliência da Paisagem Cultural na Vila Conceição

de Ibitipoca.

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