otimização da produção com o andon system

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Este trabalho foi desenvolvido com o objetivo de divulgar um importante sistema de gerenciamento áudio-visual para o chão de fábrica, cujas principais finalidades são agilizar o fluxo de informações sobre problemas na cadeia produtiva, permitir que as lideranças possam aumentar sua capacidade de resposta pelo conhecimento quase que instantâneo sobre a ocorrência de problemas na linha de produção e fornecer dados quantitativos importantes para uma avaliação histórica das falhas inerentes aos processos de manufatura da empresa, dando subsídios à gerência para tomada de decisões e focalização das ações de correção. O desenvolvimento deste trabalho se deu com base em um estudo de caso, o qual será apresentado e discutido, onde se objetiva evidenciar os benefícios conseguidos com a implementação do sistema de gerenciamento áudio-visual, não esquecendo de levantar e identificar suas vulnerabilidades. Através de dados quantitativos foi apresentada uma comparação entre as performances passada e atual do setor onde o sistema foi instalado e ainda uma comparação direta com um setor onde o sistema ainda não se encontra operando, sendo esta última usada para ilustrar a aplicabilidade do sistema estudado e a sua importância. Por fim a conclusão do trabalho, com uma análise dos resultados.

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  • UNIVERSIDADE DE TAUBAT Jaime de Castro Campos

    OTIMIZAO DA PRODUO COM O ANDON SYSTEM

    Taubat SP 2006

  • UNIVERSIDADE DE TAUBAT Jaime de Castro Campos

    Otimizao da produo com o Andon System

    Monografia apresentada para obteno do Certificado de Especializao em MBA Gerncia de Produo e Tecnologia do Departamento de Economia, Contabilidade, Administrao e Secretariado da Universidade de Taubat. Orientador: Prof. Paulo Csar C. Lindgren

    Taubat SP 2006

  • JAIME DE CASTRO CAMPOS

    OTIMIZAO DA PRODUO COM O ANDON SYSTEM

    Monografia apresentada para obteno do Certificado de Especializao em MBA Gerncia de Produo e Tecnologia do Departamento de Economia, Contabilidade, Administrao e Secretariado da Universidade de Taubat. Orientador: Prof. Paulo Csar C. Lindgren

    Data: __________________

    Resultado: ______________

    BANCA EXAMINADORA

    Prof. _______________________________________ Universidade de Taubat

    Assinatura __________________________________

    Prof. _______________________________________ ____________________

    Assinatura __________________________________

    Prof. _______________________________________ ____________________

    Assinatura __________________________________

    Prof. _______________________________________ ____________________

    Assinatura __________________________________

  • DEDICATRIA

    Dedico este trabalho a minha esposa Benedita de Abreu Campos, que sempre me

    incentivou e apoiou nos momentos difceis, e tambm as minhas filhas Suelen, Amanda e

    Caroline, que participaram de cada momento deste desafio.

  • AGRADECIMENTOS

    A meu orientador, Prof. Paulo Csar C. Lindgren, que me contagiou com seu

    entusiasmo pelo saber e que me guiou na execuo deste trabalho. A ele expresso todo

    meu respeito e reconhecimento.

  • RESUMO

    Este trabalho foi desenvolvido com o objetivo de divulgar um importante sistema de

    gerenciamento udio-visual para o cho de fbrica, cujas principais finalidades so agilizar o

    fluxo de informaes sobre problemas na cadeia produtiva, permitir que as lideranas

    possam aumentar sua capacidade de resposta pelo conhecimento quase que instantneo

    sobre a ocorrncia de problemas na linha de produo e fornecer dados quantitativos

    importantes para uma avaliao histrica das falhas inerentes aos processos de manufatura

    da empresa, dando subsdios gerncia para tomada de decises e focalizao das aes

    de correo. O desenvolvimento deste trabalho se deu com base em um estudo de caso, o

    qual ser apresentado e discutido, onde se objetiva evidenciar os benefcios conseguidos

    com a implementao do sistema de gerenciamento udio-visual, no esquecendo de

    levantar e identificar suas vulnerabilidades. Atravs de dados quantitativos foi apresentada

    uma comparao entre as performances passada e atual do setor onde o sistema foi

    instalado e ainda uma comparao direta com um setor onde o sistema ainda no se

    encontra operando, sendo esta ltima usada para ilustrar a aplicabilidade do sistema

    estudado e a sua importncia. Por fim a concluso do trabalho, com uma anlise dos

    resultados.

    Palavras chave: Gerenciamento udio-visual, Capacidade de resposta, Sistema de

    gerenciamento, Andon System.

  • ABSTRACT

    This work was developed with the objective to divulge an important system of audio-visual

    management for the plant floor, which main purposes are to speed up the information about

    problems in the productive flow, to allow that the leaderships can increase its capacity of

    reply, having instantaneous knowledge of problems occurrence in the production line and

    supplying quantitative important information to a historical evaluation of the inherent

    imperfections of the manufacture processes from the company, giving subsidies to the

    managers for taking of decisions and focusing actions of correction. The development of this

    work was based on a case study, which will be presented and argued, where the objective is

    to evidence the benefits obtained with the implementation of the management audio-visual

    system, not forgetting to raise and to identify its vulnerabilities. Using quantitative data a

    comparison between the old and current performances of the studied area was made and

    even a direct comparison between the studied area and a new area where the system is not

    working yet, where this last was used to effort the system usability and its importance. Finally

    the work conclusion was given with an analysis of the results.

    Key Words: Management audio-visual, Capacity of reply, Management system, Andon

    System

  • LISTA DE QUADROS

    Quadro 1 Tempos de resposta para chamadas de produo ............................................ 48

  • LISTA DE ILUSTRAES

    Figura 1 Perdas que o Andon ajuda a evitar ..................................................................... 18

    Figura 2 Sinalizador luminoso para Andon ........................................................................ 23

    Figura 3 Quadro luminoso para Andon ............................................................................. 23

    Figura 4 Quadro luminoso para Andon com som .............................................................. 24

    Figura 5 Viso geral do Andon System ............................................................................. 35

    Figura 6 Fluxograma de funcionamento do Andon System ............................................... 36

    Figura 7 Estaes de trabalho .......................................................................................... 37

    Figura 8 Tela do relatrio eletrnico do Andon System via WEB ...................................... 38

    Figura 9 Histrico de Down Time .................................................................................... 46

  • SUMRIO

    1 INTRODUO ................................................................................. 11

    1.1 O Problema ...................................................................................................... 12

    1.2 Objetivos .......................................................................................................... 13

    1.2.1 Objetivo Geral ................................................................................................ 13

    1.2.2 Objetivos Especficos ..................................................................................... 13

    1.3 Delimitao do Estudo .................................................................................... 13

    1.4 Relevncia do Estudo ..................................................................................... 14

    1.5 Organizao do Trabalho ............................................................................... 14

    2 REVISO DA LITERATURA............................................................ 16

    2.1 Perdas .............................................................................................................. 17

    2.1.1 Superproduo ............................................................................................... 18

    2.1.2 Defeitos .......................................................................................................... 20

    2.1.3 Espera ............................................................................................................ 20

    2.1.4 Retrabalho ...................................................................................................... 21

    2.1.5 Inventrio ........................................................................................................ 21

    2.2 Jidoka ............................................................................................................... 21

    2.3 A evoluo do Andon ...................................................................................... 22

    2.4 Fluxo contnuo de produo .......................................................................... 26

    2.4.1 Cadncia ........................................................................................................ 28

    2.4.2 Eliminando problemas .................................................................................... 28

    2.5 Qualidade ......................................................................................................... 29

    2.5.1 No aceitar defeitos........................................................................................ 30

    2.5.2 No produzir defeitos ..................................................................................... 30

    2.5.3 No enviar defeitos ........................................................................................ 31

    3 O ANDON SYSTEM ......................................................................... 33

    3.1 Descrio do sistema...................................................................................... 34

    3.1.1 O que o sistema faz........................................................................................ 39

    3.1.2 O que o sistema no faz ................................................................................. 39

    4 O ANDON SYSTEM OPERANDO ................................................... 41

    4.1 Treinamento ..................................................................................................... 41

    4.2 Primeiros passos no uso do Andon System ................................................ 42

    4.3 Parando a Linha com o Andon System ......................................................... 43

  • 4.3.1 Ao dos operadores ..................................................................................... 43

    4.3.2 Ao dos coordenadores ................................................................................ 44

    4.4 Confiando no Andon System ......................................................................... 45

    4.5 O Andon System hoje ..................................................................................... 46

    5 UMA NOVA REA ANTES DO ANDON SYSTEM .......................... 48

    6 CONCLUSO .................................................................................. 50

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ................................................... 53

    BIBLIOGRAFIAS CONSULTADAS .................................................... 54

  • 11

    1 INTRODUO

    No mercado automobilstico atual, a necessidade de oferecer produtos cada

    vez melhores e com mais qualidade a preos competitivos, torna essencial para as

    empresas investir na reduo de custos e aumento de produtividade. Todas as

    tcnicas atuais de gerenciamento e melhora de desempenho so extremamente

    importantes para se atingir este estado de excelncia na manufatura.

    Neste ponto, a Toyota reconhecidamente um ponto de referncia, e tem no

    seu Sistema Toyota de Produo (TPS), todos os elementos considerados

    indispensveis para o atendimento dos requisitos de uma manufatura sem perdas,

    ou seja, da manufatura enxuta.

    So vrias as tcnicas de identificao e eliminao de desperdcios no cho

    de fbrica, onde cada uma delas tem sua importncia para se atender ao estado

    Lean, ou seja, uma manufatura enxuta e isenta perdas. Neste trabalho, ser

    abordado o gerenciamento visual, um dos pontos mencionados no TPS e que no

    caso em questo foi adaptado e melhorado, se transformado em gerenciamento

    udio-visual.

    Dentro do TPS, pode-se observar que o gerenciamento visual importante

    para a manuteno da cadncia de produo e que uma das ferramentas usadas

    so os quadros Andon.

    Adaptado do sistema Toyota, o Andon System, estudado neste trabalho, tem

    a finalidade de auxiliar os lideres de manufatura no controle da qualidade, na

    manuteno da cadncia da produo e no acompanhamento da produtividade.

    O sistema estudado faz parte das ferramentas de gerenciamento udio-visual

  • 12

    de uma grande indstria automobilstica instalada na regio do Vale do Paraba e de

    acordo com os dados levantados, trouxe grande contribuio para a melhora de

    desempenho desta empresa aps sua implementao.

    Para atingir sua finalidade, o Andon System necessita basicamente de

    informaes do cho de fbrica, as quais fornecero os dados necessrios para a

    gerao de um grande banco de dados e tambm para as tomadas de decises

    automticas por parte do prprio sistema de parar ou no a linha de produo, caso

    alguma anomalia seja detectada.

    Tais informaes so coletadas diretamente dos equipamentos usados no

    processo produtivo, dos atuadores manuais espalhados pela fbrica (cordinhas) e

    tambm dos dispositivos Poka-Yoke, que so dispositivos capazes de evitar erros de

    operao.

    1.1 O Problema

    Aps implementar as ferramentas de melhoria do sistema produtivo, como

    garantir que cada etapa do processo de montagem de um veculo automotor seja

    concluda sem falhas, dentro do tempo previsto e da forma como foi planejada?

    Como evitar variaes indesejveis na cadncia de produo e garantir o fluxo

    contnuo do processo, mesmo considerando que podem ocorrer problemas durante

    as variadas etapas da manufatura? possvel atravs de sistemas automatizados

    evitar a propagao de erros dentro da cadeia produtiva?

    Em resposta a estas perguntas, surge o conceito do Andon System, cuja

    principal finalidade agilizar a comunicao entre os diversos membros de time e

    suas respectivas lideranas.

  • 13

    1.2 Objetivos

    1.2.1 Objetivo Geral

    objetivo deste trabalho abordar as funcionalidades do Andon System nas

    linhas de montagem de veculos automotores de uma grande indstria

    automobilstica da regio do Vale do Paraba, buscando ratificar sua importncia no

    auxlio do cumprimento das metas produtivas da fbrica, bem como mostrar o papel

    gerencial deste sistema, atuando como gerador de informaes importantes para a

    administrao da fbrica e elemento de deciso para paradas de linha quando

    problemas mais graves ocorrem.

    1.2.2 Objetivos Especficos

    Definir os pr-requisitos usados para implementao do Andon System na

    fbrica estudada e mostrar como o Andon System capaz de auxiliar a liderana na

    manuteno do fluxo contnuo dentro da cadeia de produo, mantendo a cadncia

    e impedindo a propagao de falhas operacionais que possam implicar na perda de

    qualidade dos produtos fabricados.

    1.3 Delimitao do Estudo

    Este trabalho foi desenvolvido aps a anlise do Andon System instalado nas

    linhas de montagem de uma indstria automobilstica de grande porte da regio do

    Vale do Paraba, onde o sistema faz parte da prpria cultura da fbrica, tornando-se

    elemento indispensvel para o bom andamento da produo.

    No pretenso deste estudo provar que a utilizao do Andon System a

  • 14

    nica soluo para problemas de quebra de cadncia produtiva ou de qualidade,

    nem tampouco que sua implementao baste para resolver todos os problemas que

    ocorrem no dia-a-dia das linhas de produo, mas sim mostrar sua eficincia em

    auxiliar a liderana da fbrica a atender as metas, bem como, sua importncia, para

    o sistema de produo da empresa estudada.

    1.4 Relevncia do Estudo

    Sendo a qualidade um dos pilares da produo enxuta e tendo como meta

    manter o fluxo contnuo de produo como forma de garantir o controle adequado

    dos nveis produtivos, eliminando desperdcios e custos, torna-se extremamente

    importante, dispor de sistemas capazes de monitorar e ajudar no controle de tais

    princpios.

    Neste sentido, o gerenciamento udio-visual oferecido pelo Andon System

    surge como uma importante ferramenta, que merece um estudo especfico sobre

    suas formas de implementao e resultados.

    1.5 Organizao do Trabalho

    Este trabalho foi realizado como um estudo de caso, onde se buscou

    primeiramente, no Captulo 1, apresentar os objetivos gerais e especficos do

    trabalho, definindo a delimitao do estudo, sua relevncia e a forma como foi

    organizado.

    No Captulo 2, so levantadas informaes da literatura disponvel para

    consolidar os conceitos estudados e servir de referencial para as argumentaes

    apresentadas. Tambm mostrado um breve levantamento histrico para ajudar a

  • 15

    situar o leitor sobre o estgio de desenvolvimento do sistema.

    No Captulo 3 apresentado o Andon System, onde se pode ver de forma

    sistmica sua forma e funcionalidades. Tambm foram apresentados os

    mecanismos de coleta de dados e interligaes com dispositivos prova de erros.

    No Captulo 4, utilizando um estudo de caso real, apresentado o processo

    de implementao do Andon System e os resultados obtidos pela empresa, antes e

    aps sua implementao.

    No Captulo 5 realizada uma comparao entre os resultados obtidos pela

    rea estuda e os resultados de uma rea recm-implementada, onde o sistema

    ainda no se encontra operando.

    Finalmente, ao Captulo 6, apresenta-se a concluso do trabalho, mostrando

    os ganhos obtidos com a implementao do sistema, sua vulnerabilidade e

    propostas de melhoria.

  • 16

    2 REVISO DA LITERATURA

    consenso entre os estudiosos sobre manufatura que o Sistema Toyota de

    Produo (TPS) rene o mais completo conjunto de solues para garantir a

    produtividade, qualidade e rentabilidade de suas empresas. Sem desprezar estas

    evidncias, empresas dos mais variados ramos de atividade tm realizado seus

    esforos para atingir seus prprios graus de excelncia em suas respectivas

    operaes, de forma a garantir a to necessria competitividade no mercado

    globalizado que se apresenta na atualidade.

    Seguindo esta viso, as empresas automobilsticas de forma geral tambm

    desencadearam suas lutas internas para desenvolver seus prprios sistemas de

    manufatura enxuta, que muito se assemelham ao TPS.

    Como descreve Lindgren (2001) em seu estudo:

    O Sistema de Manufatura Enxuta, ou Lean Manufacturing, um conjunto de atividades que tem como meta o aumento da capacidade de resposta s mudanas e a minimizao dos desperdcios na Produo, se constituindo num verdadeiro empreendimento de gesto inovadora (LINDGREN, 2001, p. 32).

    Guiando-se neste caminho, uma grande indstria automobilstica do Vale do

    Paraba tem realizado uma srie de melhorias em seus processos produtivos e tem,

    no Andon System, uma importante ferramenta para garantir sua capacidade de

    resposta.

    Baseado no conceito Jidoka, o Andon System prev um controle quase que

    autnomo da produo, onde o Andon System pode provocar paradas de linha, mas

    com monitoramento humano, promovendo uma grande interao entre homem e

    mquina. Conforme descrito por Fontes (2004, p. 3), Jidoka a Automao atravs

    da mente humana que implica em colaboradores e mquinas identificando erros e

  • 17

    interrompendo rapidamente o processo.

    importante neste ponto salientar que, a implementao pura e simples

    deste sistema no basta para que os resultados sejam alcanados, sendo

    extremamente importante contar com o comprometimento da liderana da fbrica na

    cobrana de resultados e com colaboradores treinados e conscientes de seus

    papis dentro deste contexto.

    Segundo Shingo (1996):

    Em relao a quebras e defeitos, precisamos de medidas fundamentais com o propsito de prevenir a reincidncia. Para conseguir isso, o Sistema Toyota de Produo no pode ser usado sem o comprometimento da alta gerncia em parar as mquinas e as linhas de produo, se necessrio (SHINGO, 1996, p. 247).

    justamente o compromisso da alta gerncia em cobrar as solues

    definitivas para os problemas apontados pelo sistema que trar o grande ganho

    esperado, ou seja, a gradual reduo dos problemas inerentes produo, com

    conseqente diminuio das paradas de linha, melhorando a cadncia e reduzindo

    defeitos, o que se obtm pela atuao mais direta nas causas-raiz dos problemas,

    melhorando significativamente a qualidade dos produtos produzidos.

    2.1 Perdas

    Considerando que a utilizao do Andon System visa melhorar a cadncia da

    produo e a qualidade dos produtos eliminando perdas desnecessrias e defeitos

    indesejveis, cabe aqui definir em quais tipos de perdas o sistema capaz de atuar

    e como elas podem ser eliminadas.

    Na Figura 1 possvel ter uma viso geral destas perdas, que descritas a

    seguir.

  • 18

    Figura 1 Perdas que o Andon ajuda a evitar Fonte: Elaborada pelo autor

    2.1.1 Superproduo

    A superproduo, como explica Shingo (1996), significa produzir mais do que

    o necessrio. Ohno (1997) evidencia este desperdcio da seguinte forma:

    Em qualquer situao de manufatura, freqentemente vemos pessoas que esto trabalhando adiantado. Ao invs de esperar, o operrio trabalha na tarefa seguinte, de forma que a espera no aparece. Se esta situao se repete, estoques comeam a acumular no final de uma linha de produo ou entre linhas. Este estoque tem que ser movimentado ou organizadamente empilhado. Se estes movimentos forem considerados como trabalho, em breve seremos incapazes de diferenar desperdcio de trabalho. No Sistema Toyota de Produo, este fenmeno chamado de desperdcio da superproduo - nosso pior inimigo - porque ele ajuda a ocultar outros desperdcios (OHNO, 1997, p. 75).

    Este desperdcio pode ser controlado medida que o sistema capaz de

    informar a toda a fbrica em tempo real quais so os volumes reais de produo e o

    volume programado para cada hora, facilitando liderana de produo decidir se

    Inventrio

    Retrabalho

    Espera

    Defeitos

    Superproduo

    Inventrio

    Retrabalho

    Espera

    Defeitos

    Superproduo

  • 19

    deve manter a linha em fluxo ou par-la, caso j tenha atingido o volume requerido.

    Tambm possvel evidenciar erros nos clculos de velocidade das linhas e

    fornecer dados concretos para a correo dos mesmos. Isso ocorre porque ao se

    conhecer o objetivo de produo a cada hora, o volume real produzido em dada hora

    e o montante de perdas que ocorreram na hora considerada, basta comparar o

    volume programado com o volume real, evidenciando se a produo est acima ou

    abaixo do esperado. No exemplo a seguir, possvel perceber como este erro de

    clculo pode ser detectado:

    Supondo-se que a demanda de um determinado produto de quatrocentos e

    oitenta unidades por dia, e que a linha de produo responsvel pela montagem

    deste produto trabalha normalmente oito horas por dia, define-se que a velocidade

    ideal de produo de sessenta unidades por hora, ou ainda, uma unidade por

    minuto. De posse desta informao, basta se comparar o volume de produo em

    determinada hora com o volume programado para saber se a velocidade da linha

    est adequada ou no. Caso o volume planejado no esteja sendo atingido, paradas

    de linha devem estar ocorrendo, e a cada minuto de linha parada, uma unidade deve

    estar sendo perdida. Se isso no estiver ocorrendo, o clculo de velocidade est

    errado. Outro caso ocorre quando, na hora considerada, a produo excede as

    sessenta unidades planejadas, significando que a linha est mais rpida do que o

    necessrio. Como o Andon System mostra em tempo real a contabilizao de cada

    unidade produzida e ainda fornece o volume atingido na hora e apresenta os

    volumes programados, torna-se possvel qualquer colaborador verificar a

    conformidade da velocidade real da linha com o programado.

  • 20

    2.1.2 Defeitos

    De acordo com as consideraes de Ohno (1997, p. 57-58), os defeitos so

    resultado de falhas de processamento, resultantes de operaes de montagem

    executadas incorretamente ou peas com problemas. Usando o Andon System os

    defeitos podem ser eliminados porque a linha para se ocorrerem falhas em funo

    de um mau funcionamento de equipamento, montagem inadequada detectada por

    um dispositivo Poka-yoke ou ainda nos casos em que o prprio operador identifica

    uma anomalia nas peas que monta ou operaes que realiza e solicitada ajuda por

    meio do Andon System.

    2.1.3 Espera

    A espera, que segundo Shingo (1996) normalmente est associada

    estocagem, decorrente do desbalanceamento de operaes ou de equipamentos

    que requerem ateno ininterrupta e pode ser reduzida quando o fluxo da produo

    corre constante e, portanto, as cargas de trabalho ficam evidentes e fceis de se

    redistribuir, mantendo a ocupao dos operadores dentro dos nveis desejados e as

    mquinas ocupadas de forma racionalizada.

    Outro tipo de espera que o Andon System ajuda a eliminar a de operadores

    aguardando atendimento quando esto enfrentando algum tipo de problema. Como

    o sistema facilita a comunicao tanto entre os membros do mesmo time como entre

    times diversos, o atendimento aos chamados para os times de suporte, como

    manuseio, qualidade e manuteno, extremamente agilizado e pode at mesmo

    contar com o apoio de toda fbrica, caso seja de grande importncia ou

    complexidade.

  • 21

    2.1.4 Retrabalho

    De acordo com artigo publicado na TenStep Brasil (2006) e que se aplica

    tambm realidade das indstrias de forma geral, descreve-se que:

    Teoricamente, se voc tiver um processo rigoroso, em termos de qualidade, no haver motivos para discutir sobre o retrabalho. De fato, o retrabalho o resultado da ausncia de processos rigorosos da qualidade. Mas, tambm sejamos prticos. Nenhum projeto poder investir o tempo e o esforo que seria necessrio para garantir que todos os deliverables sejam perfeitos na primeira vez. Mesmo uma empresa que opera em um nvel de "Seis-Sigma" possui uma pequena probabilidade de erro.

    Sendo ento o retrabalho fruto de falhas de processo ou peas defeituosas,

    tambm pode ser minimizado com a utilizao do sistema, uma vez que as falhas de

    montagem so reduzidas a nveis mnimos e quase sempre resolvidas antes que o

    produto passe para o estgio seguinte. A preveno dos defeitos o primeiro passo.

    2.1.5 Inventrio

    O inventrio, que de acordo com Shingo (1996) [...] pode ocorrer devido a

    ineficincias tanto no processo como nas operaes, reduzido uma vez que as

    perdas por defeitos so reduzidas e os retrabalhos tambm. Isto equivale dizer que,

    se no so geradas peas defeituosas e o fluxo de produo contnuo, no h

    necessidade de se ter estoques intermedirios para garantir o fluxo de produo nas

    eventualidades, e mais, se ocorrerem problemas, desejvel que a linha pare de

    forma a evidenci-los, o que desencadear aes buscando a soluo dos mesmos

    em suas causas raiz.

    2.2 Jidoka

    Dentro da filosofia Lean, consegue-se perceber claramente que existem dois

  • 22

    pilares a sustentar o sistema enxuto de produo, sendo estes o JIT e o Jidoka.

    No caso do gerenciamento visual, basicamente trabalha-se no pilar do Jidoka,

    cujo conceito surgiu na Companhia Txtil da Famlia Toyoda, onde os teares

    possuam dispositivos capazes de parar a produo quando anomalias eram

    detectadas ou ento quando a produo era atingida.

    Termo que originalmente significa automao em japons, adquire novo

    sentido dentro da manufatura enxuta, passando a designar a Autonomao ou

    automao com um toque de inteligncia humana.

    Conforme afirma Ohno (1997), a Autonomao e uma das bases do TPS e

    no pode ser confundida com automao. As mquinas precisam ser capazes no

    apenas de detectar anomalias, mas tambm de verificar a conformidade dos

    produtos que processa, sendo por fim capaz de provocar a parada de seus

    processos para evitar a fabricao de produtos defeituosos.

    Baseado neste pensamento surge inicialmente o Andon, encontrado no TPS e

    posteriormente o Andon System, como est aplicado no caso estudado.

    2.3 A evoluo do Andon

    O ANDON aparece inicialmente na Toyota, sendo que sua funo bsica

    nesta fase indicar se um equipamento ou processo est com falha. Isto pode ser

    observado na descrio apresentada por Ohno (1997):

    Andon, o quadro indicador de parada da linha pendurado acima da linha de produo, um controle visual. A luz indicadora de problema funciona como segue: Quando as operaes esto normais, a luz verde est ligada. Quando um operrio deseja ajustar alguma coisa na linha e solicita ajuda, ele acende uma luz amarela. Se uma parada na linha for necessria para corrigir um problema, a luz vermelha acesa. Para eliminar completamente as anormalidades, os operrios no devem ter receio de parar a linha (OHNO, 1997, p. 129).

  • 23

    Este tipo de Andon pode ser observado na Figura 2, onde as trs cores de

    lmpadas esto conjugadas em uma nica pea denominada de sinalizador.

    Figura 2 Sinalizador luminoso para Andon Fonte: Elaborada pelo autor

    Com o passar do tempo o Andon comeou a evoluir e contar com novos

    recursos, passando ento a concentrar em um mesmo quadro, informaes sobre

    vrias partes da fbrica. Composto por sistemas de comando simples e quadros de

    lmpadas, o Andon adquiriu nesta fase a funo de indicar qual posto de trabalho

    estava enfrentando problemas e necessitava de ateno. A Figura 3 mostra um

    exemplo de quadro luminoso usado para visualizao de informao no Andon.

    Figura 3 Quadro luminoso para Andon Fonte: Keltour Controls Inc.

  • 24

    Seu funcionamento era bem simples. Quando um equipamento estava com

    falha ele acionava a lmpada correspondente estao em que estava localizado,

    fazendo que a mesma piscasse, significando que a manuteno deveria agir.

    Quando um operador precisava de ajuda, ele acionava um boto que fazia ascender

    a luz correspondente a sua estao de trabalho no quadro indicador. Isto acionava a

    liderana da fbrica que deveria ajud-lo a resolver o problema.

    Este tipo de uso do Andon citado por Arajo (1999) em seu trabalho, onde

    ele diz que:

    O Sistema Andon um sistema que consiste em um sinal luminoso acionado por boto fixado prximo ao ponto de uso do material. um sistema de puxar materiais que utiliza sinais eletrnicos, para comunicar a necessidade. Tem o propsito de prover um mtodo para abastecimento de equipamentos grandes e manuseados por empilhadeiras ou carrinhos (ARAJO, 1999, p. 34).

    Basicamente o Andon era usado para solicitar uma ao pr-definida e cuja

    finalidade era garantir o fluxo contnuo do processo.

    Em alguns casos, os quadros luminosos eram equipados com sistemas

    sonoros que tocavam uma msica monofnica, conforme mostrado na Figura 4.

    Figura 4 Quadro luminoso para Andon com som Fonte: Keltour Controls Inc.

  • 25

    Com a utilizao de msicas diferentes para cada quadro existente na linha

    de produo, era possvel identificar as reas da fbrica, conferindo ao Andon a

    capacidade de informar alm das estaes de trabalho, tambm as reas ou

    departamentos que estavam chamando.

    De acordo com dados obtidos nos livros de registros da fbrica estudada, por

    volta de 1996, comeou a instalao de um sistema de controle visual da produo

    que prometia eliminar perdas de produo e se baseava em um novo conceito de

    Andon, que passou ento a ser chamado de Andon System. A utilizao de um

    Controlador Lgico Programvel (CLP), conjugado com um micro computador de

    superviso, atribuiu ao Andon System a capacidade de auxiliar a produo na

    comunicao de problemas e tambm registrar os eventos em banco de dados para

    consulta futura.

    O primeiro Andon System utilizado na empresa alvo deste estudo, trazia

    novos recursos como: msicas diferenciadas para cada rea da fbrica, incluindo

    uma msica especfica para a manuteno, vrios quadros de lmpadas dispostos

    ao longo de toda linha e contendo um campo para cada posto de trabalho daquela

    rea, um micro computador que registrava todas as puxadas de cordinhas

    diferenciando as puxadas de produo e de manuteno.

    Embora fosse um projeto pioneiro para poca, sua implementao no foi

    bem sucedida, pois faltou o comprometimento da fbrica com a operacionalizao

    do sistema, fazendo que em pouco menos de dois anos o Andon System perdesse

    totalmente sua funo. Basicamente ele era usado para chamar a manuteno, e

    nada mais.

    Ainda assim, a empresa estudada considerou que o Andon System era uma

    importante ferramenta e que precisava ser implementada. Passaram-se

  • 26

    aproximadamente cinco anos para que uma nova tentativa fosse realizada.

    Foi quando um grupo de trabalho foi criado para avaliar os erros do passado e

    propor uma nova forma de implementar o Andon System. Em uma pgina da rede

    interna da empresa estudada onde podem ser acessados os relatrios e histricos

    do Andon System esto registrados os nomes e funes dos envolvidos no projeto.

    Contando com representantes de todas reas envolvidas no uso do sistema e

    tambm com novos recursos tecnolgicos, este grupo delineou o que seria o novo

    conceito de Andon System e qual a melhor forma de implement-lo para que no

    ocorresse um novo fracasso.

    O conceito deste novo sistema, os recursos tecnolgicos empregados para o

    seu desenvolvimento e o conjunto de aes adotadas para garantir o sucesso na

    sua implantao sero apresentados nos prximos captulos deste trabalho.

    2.4 Fluxo contnuo de produo

    Conforme descreve Ohno (1997) fluxo contnuo no se trata apenas de

    conseguir mais produo e mais rapidamente, passando a um conceito mais

    abrangente, onde evitar paradas desnecessrias se torna mais importante, e manter

    a cadncia de produo vital para o atendimento dos volumes planejados.

    Basicamente consiste em garantir que os lotes de produo possam passar

    pela linha de produo sem que ocorram paradas, em fluxo realmente contnuo.

    Mesmo quando necessrio alterar a caracterstica de um equipamento para atender

    a um lote especfico de produtos.

    Dentro da indstria automobilstica, comum encontrar-se equipamentos que

    so capazes de atender diversos modelos diferentes de carros sem a necessidade

  • 27

    de paradas para ajustes ou troca de ferramentas.

    Em alguns casos, equipamentos dedicados ao enchimento dos sistemas de

    arrefecimento, ar condicionado, leos e combustveis, possuem mltiplos cabeotes,

    tornando-os capazes de encher os mais variados tipos de veculos sem necessidade

    de ajustes.

    Nestes casos, dispositivos Poka-yoke so importantssimos para garantir que

    erros no ocorram com conseqentes paradas de linha.

    Isto evidenciado por Shingo (1996) quando cita que:

    Atualmente, a maior parte da produo repetitiva, baseada em taxas de produo diria de vrios modelos de carros relativamente fixas. Estou certo de que a produo mista permitir que essas combinaes ocorram fcil e fluentemente no futuro. A adoo de trocas de ferramentas sem toque, do balanceamento, de um sistema efetivo de inspees para prevenir defeitos e a adoo de dispositivos Poka-yoke sero elementos cruciais nessa evoluo (SHINGO, 1996, p. 241).

    A adoo de tais dispositivos elimina a necessidade de se manter alta

    velocidade na produo para garantir que paradas para ajustes de equipamentos

    no interfiram no volume planejado.

    Devido a sua caracterstica, de monitorar os Poka-yokes e mostrar onde os

    problemas ocorrem, o Andon System se mostra uma ferramenta eficaz para auxiliar

    na manuteno do fluxo de produo, pois ele no serve apenas para mostrar que

    local provocou uma parada de produo, mas serve principalmente para mostrar os

    locais que tem potencial de provocarem paradas de produo, proporcionando desta

    maneira, uma oportunidade significativa para a liderana da fbrica de evitar tais

    problemas.

  • 28

    2.4.1 Cadncia

    Consiste em manter um ritmo constante na produo, no fazendo nem mais

    nem menos do que o necessrio e no tempo planejado.

    O tempo da operao passa a ser pautado na puxada da produo, tornando

    desnecessrio que um operador ou um processo produza mais do que o

    estabelecido, mesmo porque se houver uma acelerao de determinada operao,

    est ter que esperar a concluso da prxima para passar seu produto frente, e

    em contrapartida se atrasar, provocar a parada de toda a linha, evidenciando a

    ocorrncia de um problema.

    2.4.2 Eliminando problemas

    Dentre os vrios mtodos para eliminao de problemas, o mais difundido nas

    empresas e usado na fbrica estudada, o mtodo dos 5 por qus. Conforme

    citado por Ohno (1997):

    A base da abordagem cientfica da Toyota perguntar-se cinco vezes por qu sempre que nos depararmos com um problema. No Sistema Toyota de Produo, 5W (5P) significa cinco por qus. Repetindo-se por qu cinco vezes, a natureza do problema assim como sua soluo tornam-se claros. A soluo, ou o como fazer, designado como 1H (1C). Assim, cinco por qus igual a um como fazer. (5W = 1H; 5P = 1C) (OHNO, 1997, p. 131).

    Esta prtica auxilia na busca e soluo da causa raiz dos problemas, sejam

    eles ligados produo propriamente dita ou a equipamentos, mquinas e at

    mesmo processos de suporte. Perguntar sucessivamente qual o motivo que levou a

    ocorrncia de uma anomalia guia o investigador soluo definitiva da mesma. A

    grande vantagem de se persistir na busca da causa raiz dos problemas, tornar a

    ao corretiva mais efetiva, eliminando a possibilidade de reincidncia do problema.

  • 29

    2.5 Qualidade

    Conforme descreve Shingo (1996), sistemas de produo convencionais

    necessitam de estoques para garantir o fluxo da produo, mas para se atingir a

    manufatura enxuta, a superproduo deve ser eliminada e, portanto, mtodos como

    no aceitar defeitos, no produzir defeitos e no enviar defeitos devem ser

    adotados.

    Nesta linha de pensamento, surge o conceito de qualidade dentro da

    indstria. Considerando que na cadeia de produo possvel designar cada etapa

    do processo produtivo como sendo respectivamente fornecedora e cliente de

    produtos e/ou servios, tem-se uma relao de qualidade entre cada etapa produtiva

    de uma indstria manufatureira.

    Quando considerada fornecedora, cada clula ou time de trabalho

    responsvel por somente enviar para a prxima etapa do processo, produtos isentos

    de problemas e rigorosamente dentro das especificaes.

    Em contra-partida, considerando que esta mesma clula ou time de trabalho

    cliente de sua etapa de trabalho antecessora, ela deve primar por receber produtos

    isentos de defeitos ou falhas de processamento.

    Agindo desta forma, possvel dizer que a tendncia do processo como um

    todo apresentar a mxima qualidade, pois cada etapa da manufatura sempre

    receber, processar e enviar adiante produtos conformes e sem defeitos.

    Com o objetivo de garantir a qualidade final de seus produtos, a indstria de

    forma geral tem dotado suas fbricas de departamentos da qualidade, onde se pode

    observar a presena de uma Gerncia da Qualidade, que responsvel por

    gerenciar, controlar e garantir a qualidade dos processos de fabricao de produtos

  • 30

    e/ou servios.

    Garantir a qualidade envolve uma srie de aes com objetivo de reduzir a

    gerao de defeitos durante o processamento, enquanto controlar a qualidade

    significa tomar aes relativas medio dos valores e atributos especificados para

    o produto, como forma de diagnosticar quaisquer problemas.

    2.5.1 No aceitar defeitos

    O mtodo de no aceitar defeitos consiste em efetivamente no aceitar um

    produto que tenha passado com uma falha qualquer pelo processo anterior. O

    operador inspeciona 100% o trabalho realizado pelo seu colega da operao

    anterior.

    Este tipo de inspeo mencionado por Shingo (1996), enfatizando que cada

    trabalhador inspetor de seu colega de trabalho da operao que o antecede.

    Cabe ao operador verificar se o produto que ele est recebendo realmente

    atende aos pr-requisitos para a continuidade do processo. Caso no atenda,

    melhor que a linha de produo pare e o problema seja resolvido.

    Esta prtica assegura que mesmo quando uma falha ocorrer, esta no ser

    perpetuada pela cadeia produtiva.

    Embora este mtodo j diminua a probabilidade de problemas de qualidade,

    ainda persiste o retrabalho.

    2.5.2 No produzir defeitos

    o mtodo pelo qual os operadores so estimulados a no produzir com

    peas de m qualidade e no prosseguir com o processo de montagem se algum

  • 31

    imprevisto ocorrer e comprometer o produto. Atendendo ao Jidoka, o operador tem

    autonomia para provocar a parada de linha se julgar necessrio.

    Esta prtica caminha no sentido de eliminar o retrabalho, buscando o zero

    defeito.

    Uma ferramenta importante para se atingir a meta de no produzir defeitos

    o Poka-yoke, pois como diz Shingo (1996) o Poka-yoke de controle o dispositivo

    corretivo mais poderoso, por que paralisa o processo at que a condio causadora

    de defeito tenha sido corrigida [...].

    Os Poka-Yokes so em sua maioria, dispositivos simples, mas eficientes,

    como por exemplo, pinos de localizao, que, posicionados estrategicamente,

    evitam a inverso da posio de uma pea durante sua montagem, ou ento,

    sistemas eletrnicos que indiquem quando uma determinada operao foi executada

    fora da seqncia previamente estabelecida ou algum dos valores determinados

    para o processo no tenham sido atingidos. Isto pode ser observado em painis

    eletrnicos de comando de apertadeiras eletrnicas, onde parmetros como: nmero

    mnimo de voltas, ngulo mnimo para se atingir um torque alvo, seqncia de

    apertos sucessivos e agrupados e torque mnimo especificado, se no forem

    atingidos plenamente, disparam um alarme que recebido pelo Andon System e

    pode provocar uma parada de linha.

    2.5.3 No enviar defeitos

    Consiste em garantir que os operadores estejam voltados para a auto-

    inspeo, de forma que estes sejam capazes de encontrar e corrigir defeitos gerados

    por suas prprias operaes.

  • 32

    Se os defeitos forem detectados durante a sua produo, mais fcil corrigi-

    los.

  • 33

    3 O ANDON SYSTEM

    De acordo com o que descreve Ohno (1997), o Andon um sistema indicador

    de parada de linha e basicamente utiliza uma luz verde para indicar quando a

    estao de trabalho est sem problemas. Caso o operrio necessite de ajuda, este

    deve acionar uma luz amarela, e se o problema for grave o suficiente para gerar uma

    parada de linha, uma luz vermelha deve ser acionada.

    No conceito do Andon System, esta situao torna-se um pouco mais

    complexa, pois o sistema passa a ter mais funcionalidades do que as descritas por

    Ohno (1997).

    No sistema estudado, ficou evidente que a funo de parar a linha passou a

    ser uma interao entre o operador e o Andon System, onde a parada efetiva de

    linha s ocorre se houverem concomitantemente a solicitao do operador e uma

    srie de condies exigidas pelo sistema. Esta complexidade pode em primeiro

    momento parecer prejudicial, visto que em alguns momentos o operador tem que

    aguardar a efetiva parada da linha, mas na prtica, fornece liderana da fbrica,

    uma oportunidade de resolver os problemas antes que uma parada realmente

    ocorra. Sempre que o operador aciona a chamada do Andon System, toda a fbrica

    toma conhecimento do problema e passa a trabalhar para que ele no gere impacto

    na produo. A primeira chamada do sistema j desencadeia uma srie de aes

    para ajudar o operador que efetuou a chamada.

    neste momento que surge a principal diferena entre o Andon descrito no

    TPS e o Andon System adotado na fbrica estudada. Enquanto o primeiro provoca a

    parada da linha para chamar a ateno a um determinado problema na esperana

    que ele seja resolvido definitivamente, mas j gerando perdas, o segundo busca

  • 34

    primeiramente alertar a liderana e fornecer um tempo mnimo para que uma ao

    de correo ou conteno seja tomada. Caso o problema no seja resolvido, ocorre

    ento, a parada do processo e conseqentemente as perdas. Para os casos onde

    existe reincidncia de acionamentos do Andon System sem a efetiva parada de

    linha, existe um banco de dados e os relatrios extrados a partir deste, que

    funcionam como ferramenta para a liderana tomar conhecimento dos problemas e

    tomar aes administrativas visando evitar a propagao de aes imediatstas e

    inconsistentes, que no resolvam definitivamente os problemas. Esta a garantia de

    que os problemas tm que ser resolvidos e no apenas contornados.

    3.1 Descrio do sistema

    Composto basicamente por um CLP, um computador supervisrio, painis

    digitais e um banco de dados, o Andon System recebe informaes das estaes de

    trabalho da fbrica monitorando os atuadores manuais (cordinhas) e as interfaces

    eletrnicas, que captam dados gerados automaticamente pelos vrios equipamentos

    e dispositivos Poka-yoke das linhas, conforme pode ser visto na Figura 5.

  • 35

    Figura 5 Viso geral do Andon System Fonte: Elaborado pelo autor

  • 36

    Sempre que alguma anomalia importante detectada, o sistema prepara a

    parada de linha, que efetivada quando o espao fsico da estao onde ocorreu o

    evento chega ao fim, ou seja, quando ocorre o fim de estao.

    Na figura 6 possvel visualizar o fluxograma de funcionamento do Andon

    System.

    Figura 6 Fluxograma de funcionamento do Andon System Fonte: Elaborado pelo autor

    Os trs tipos de entradas possveis so direcionados ao primeiro bloco de

    deciso do sistema, onde o Andon System verifica constantemente se existe algum

    evento ativo. Se no houver, o sistema mantm a liberao da linha de produo e

    esta segue seu fluxo normal.

    Caso um dos eventos torne-se ativo, imediatamente os alarmes udio-visuais

    sero disparados e o sistema far a prxima verificao, que consiste em determinar

    se o evento ativo no momento est catalogado como falha grave ou no. Est

    catalogao uma programao pr-definida que segue as diretrizes traadas pela

    EVENTO

    ATIVO

    FALHA

    GRAVE

    FIM DA

    ESTAO

    CORDINHAS

    EQUIPAMENTOS

    POKA-YOKE

    PARAR

    LIBERADO

    SIM

    SIM

    NO NO

    INTERFACE

    COM O

    PROCESSO

    SIM

    NO

    ARMAZENAMENTO

    DE DADOS

    FLUXOGRAMA

    EVENTO

    ATIVO

    FALHA

    GRAVE

    FIM DA

    ESTAO

    CORDINHAS

    EQUIPAMENTOS

    POKA-YOKE

    PARAR

    LIBERADO

    SIM

    SIM

    NO NO

    INTERFACE

    COM O

    PROCESSO

    SIM

    NO

    ARMAZENAMENTO

    DE DADOS

    FLUXOGRAMA

  • 37

    engenharia de produo da fbrica. Uma vez que o evento seja identificado como

    grave, a parada de linha ser acionada imediatamente. Caso o evento seja de

    gravidade menor, ento a parada de linha ainda no ser ativada e o sistema

    passar para o ltimo estgio de verificao, mantendo os alarmes ativos.

    Neste estgio, o Andon System determina se o final de estao foi atingido ou

    no. Caso ainda no tenha sido atingido, os alarmes continuaro sendo emitidos,

    mas a linha continuar rodando, porm, no momento em que o sistema identificar

    que o final da estao de trabalho foi atingido, o sistema provocar a parada de

    linha, sendo esta a garantia de que o problema no passar para a prxima estao

    de trabalho.

    Vale observar que a qualquer momento deste ciclo de verificao do sistema,

    o evento que estava ativo pode ser desativado, ou seja, a situao pode ser

    normalizada, fazendo com que o Andon System retorne ao estado inicial de

    monitorao, desativando os alarmes udio-visuais.

    Na figura 7 possvel visualizar os espaos definidos como sendo incio e fim

    da estao de trabalho.

    Figura 7 Estaes de trabalho Fonte: Elaborado pelo autor

    Fluxo da linha

    Incio e Fim de estao

    70 %

    Incio e Fim de estao

    70 %

    Incio e Fim de estao

    70 %

    Incio e Fim de estao

    Fluxo da linha

    Incio e Fim de estao

    70 %

    Incio e Fim de estao

    70 %

    Incio e Fim de estao

    70 %

    Incio e Fim de estao

  • 38

    Entre as marcaes de incio e fim das estaes de trabalho existem ainda as

    marcaes de 70% da estao, que servem de guia para os operadores. Se ao

    longo de suas atividades de montagem o operador verificar que est na linha de

    70% e est atrasado em seu processo de montagem, ele deve acionar o Andon

    System para que a liderana possa ajud-lo.

    Esta mais uma forma de evitar que as paradas de linha ocorram, pois,

    sempre que algo ocorrer fora da normalidade, existe ainda 30% do tempo de ciclo

    disponvel para se tomar uma ao corretiva antes que o fim de estao chegue e

    force uma parada de linha via sistema.

    O sistema conta ainda com outras funcionalidades, onde as informaes

    coletadas automaticamente so armazenadas no banco de dados e disponibilizadas

    em pgina WEB, conforme exemplo da Figura 8. Estas informaes servem para

    guiar aes corretivas e de melhoria.

    Figura 8 Tela do relatrio eletrnico do Andon System via WEB Fonte: Elaborado pelo autor

  • 39

    3.1.1 O que o sistema faz

    De acordo com a concepo do sistema, possvel concluir que ele capaz

    de:

    Permitir aes corretivas oportunas alertando o pessoal quando

    surgem circunstncias anormais;

    Permitir que os lderes de equipe da linha gastem menos tempo para

    monitorar e mais tempo para resolver anormalidades;

    Permitir que as equipes de operao monitorem o equipamento e o

    pessoal mais eficazmente; e

    Servir de canal de comunicao de dupla funo, pois quando no

    existe nenhuma mensagem sendo exibida toda a fbrica percebe a normalidade da

    produo.

    3.1.2 O que o sistema no faz

    Considerando que o sistema necessita da interao humana e

    comprometimento de toda a fbrica para funcionar, desde o operador at a alta

    gerncia, o estudo realizado revelou que o Andon System apresenta os seguintes

    limites:

    No consegue resolver anormalidades;

    No capaz de impedir que defeitos passem desapercebidos quando a

    deteco dos mesmos depende dos operadores;

    No substitui a comunicao verbal entre equipes de trabalho; e

    No elimina a necessidade de correo das anormalidades para

  • 40

    garantir a satisfao do cliente.

  • 41

    4 O ANDON SYSTEM OPERANDO

    No caso estudado, pode-se evidenciar que atualmente o Andon System faz

    parte da cultura da fbrica, constituindo o mais importante meio de comunicao da

    produo, sendo usado tanto para pedidos de ajuda por parte dos operadores como

    na funo de sistema de gerenciamento de paradas, onde todos os problemas

    registrados disparam um processo de anlise e eliminao de falhas.

    A implementao do Andon System nesta empresa ocorreu em 2002, quando

    os primeiros passos foram dados com o incio do treinamento de toda a fbrica,

    visando os operadores, lderes de times e supervisores quanto forma de

    funcionamento do sistema, buscando a conscientizao de todos para a

    necessidade de aumentar a capacidade de resposta da fbrica como forma de

    ganhar competitividade. Esta fase foi bastante longa e eficiente, pois permitiu a

    mudana necessria na postura dos empregados da fbrica, de forma a facilitar a

    implementao do sistema e garantir a sua funcionalidade.

    4.1 Treinamento

    No treinamento de operao e conscientizao do Andon System, o principal

    desafio foi deixar claro para fbrica, que a funo do sistema no era a de controlar

    a forma como cada pessoa trabalhava, mas sim, minimizar os esforos de cada um

    para manter o bom funcionamento da produo. A mensagem passada para o grupo

    foi a de usar o sistema para pedir ajuda antes que o problema ficasse grande

    demais para ser resolvido no prprio local onde ele comeou.

    Embora essa idia parecesse inicialmente como uma forma de delao, o

    treinamento simulado em sala de aula ajudou a quebrar este paradigma. medida

  • 42

    que cada colaborador praticava a operao com auxlio do Andon System em sala

    de aula, comeava a ficar mais clara a vantagem de receber ajuda rapidamente na

    prpria estao de trabalho ao invs de sair buscando-a fora do seu local de

    trabalho.

    O maior desafio para a elaborao deste treinamento foi criar, em sala de

    aula, um dispositivo capaz de simular a operao do Andon System na linha de

    manufatura, de forma a deixar evidente a sua importncia.

    4.2 Primeiros passos no uso do Andon System

    Depois de concluda a fase de treinamento, o sistema j se encontrava

    instalado na fbrica e pronto para entrar em operao.

    Isso exigiu uma fase de adaptao dos operadores, pois mesmo treinados

    alguns costumes antigos ainda persistiam, mas sem risco de comprometer a

    implementao do sistema.

    Passadas duas semanas, praticamente todos os colaboradores j faziam uso

    do Andon System da forma prevista.

    Desta forma, os primeiros dados comearam a ser coletados e analisados

    para se verificar o real potencial de paradas de linha que estava se instalando na

    cadeia produtiva. Nesta fase, a parada efetiva de linha ainda no se encontrava

    ativada. Somente os avisos estavam em funcionamento.

    Embora a linha no parasse, a fbrica recebia a notificao como se a parada

    estive ocorrendo e a liderana era cobrada para que agisse como se estivesse em

    situao real de parada de linha.

    Nesta fase, a anlise das falhas j se valia do mtodo dos 5 por qus, onde

  • 43

    resolver a causa-raiz dos problemas era a premissa para evitar reincidncias.

    Problemas simples, porm persistentes comearam a serem eliminados

    gradualmente, mostrando os primeiros frutos da implementao do sistema. J se

    percebia nesta fase a diminuio no tempo de atendimento s chamadas da linha.

    4.3 Parando a Linha com o Andon System

    Por volta de trs meses aps o incio da utilizao do sistema, comeou-se a

    ativar gradativamente as paradas de linha, tornando mais crtica a operao do

    Andon System. Como a prtica de atendimento gil s chamadas e a busca das

    causas-raiz dos problemas j ocorriam de forma consistente, o impacto causado no

    foi significativo.

    Reter defeitos e problemas na estao onde eram gerados passou a ser o

    principal objetivo, aspecto em que o Andon System tornou-se elemento

    indispensvel.

    Os primeiros eventos a provocarem paradas de linha foram aqueles

    relacionados aos dispositivos Poka-yoke e equipamentos. Estes independiam da

    ao dos operadores e, portanto, no dependiam da interao humana.

    Em aproximadamente um ms, todos os equipamentos e dispositivos

    monitorados j estavam provocando paradas de linha, via Andon System, quando

    anomalias eram detectadas.

    4.3.1 Ao dos operadores

    Depois de implementadas as paradas de linha automticas, era chegada a

    hora de ativar as paradas de linha devido a chamadas no-resolvidas dentro do

  • 44

    espao das estaes. Neste momento o fator humano passa a ter interferncia direta

    na produtividade.

    Os estudos preliminares dos registros histricos gerados pelo prprio sistema

    mostraram quais eram os principiais pontos de vulnerabilidade e serviram para

    direcionar os primeiros esforos para evitar paradas excessivas de linha. Tambm

    nesta fase as paradas foram implementadas de forma gradual, para evitar a perda

    de controle.

    Como os operadores e coordenadores j estavam habituados com os alarmes

    gerados pelo sistema, a expectativa era de que os problemas seriam mnimos.

    Essa esperana se confirmou na prtica, levando a uma acelerao no ritmo

    de ativao das paradas por estaes.

    4.3.2 Ao dos coordenadores

    Igualmente importante ativao das paradas de linha para as chamadas dos

    operadores era garantir que as paradas no chegassem a ocorrer. Neste sentido o

    papel dos coordenadores era fundamental, pois quanto mais rpido ocorresse o

    atendimento s chamadas, menor seria a probabilidade da gerao de parada

    efetiva da linha.

    Observou-se, nesta fase, que o esforo dos coordenadores foi fundamental

    para o sucesso do sistema, pois mesmo com todas as paradas ativadas e mesmo

    com o grande nmero de chamadas que ocorriam praticamente no ocorreram

    paradas de linha.

    Coube liderana da fbrica diagnosticar, com o auxlio dos relatrios do

    Andon System, quais eram as estaes mais problemticas e, a partir da

  • 45

    identificao das mesmas, tomar as aes necessrias para eliminar os problemas.

    4.4 Confiando no Andon System

    O Andon System se tornou uma ferramenta to confivel que a prpria

    gerncia da manufatura passou a usar o sistema para controlar a produo.

    Como os displays do Andon System apresentam, entre outras informaes,

    os volumes de produo real, volume planejado e volume no atingido, ficou

    evidente quando os valores planejados no estavam sendo atingidos, gerando

    reaes imediatas da gerncia, que passou a exigir da liderana, inicialmente, aes

    corretivas e, depois, aes preventivas, para evitar a ocorrncia de novos

    problemas.

    Devido preciso dos relatrios emitidos pelo sistema, tornou-se fcil

    visualizar onde os problemas iniciavam, viabilizando as aes corretivas, porm, as

    aes preventivas eram mais difceis de serem idealizadas em virtude de variveis

    que se apresentavam, como por exemplo:

    Defeitos de peas provenientes dos fornecedores externos;

    Quebras de mquinas; e

    Falhas do montador.

    Mesmo com estas dificuldades, vrias melhorias no processo puderam ser

    elaboradas e implementadas, graas ao direcionamento conseguido pelas anlises

    realizadas nos dados gerados pelo Andon System.

  • 46

    4.5 O Andon System hoje

    Atualmente o Andon System faz parte da cultura da fbrica estudada, sendo

    to importante que a sua ausncia implica em perdas significativas de volume de

    produo, pelo simples fato das informaes no circularem rapidamente entre os

    vrios setores da fbrica.

    Na atualidade possvel verificar que a liderana da fbrica estudada usa o

    Andon System consistentemente para acompanhar os problemas de produo e

    para detectar os pontos fracos da cadeia produtiva, de forma a ajudar na focalizao

    dos esforos para implementao de melhorias de processo, identificao de

    problemas de peas e equipamentos.

    Em uma breve comparao, possvel observar, pelos dados disponveis de

    mdia de paradas de linha (Down Time), que a melhora de desempenho aps

    Dezembro de 2002, data em que o Andon System entrou em operao, foi

    significativa. Isto evidenciado na Figura 9.

    0

    2,5

    5

    7,5

    10

    12,5

    15

    17,5

    20

    Mdia do Down Time

    ocorrido durante o ano

    em %

    2,43 1,31 1,62 1,06

    Mdia do Volume

    Produzido durante o ano

    em unid/hora

    11,43 13,68 16,38 19,74

    2002 2003 2004 2005

    Figura 9 Histrico de Down Time Fonte: Elaborado pelo autor

  • 47

    Mesmo com os aumentos no volume de produo em funo dos sucessivos

    aumentos de demanda, os tempos de Down Time permaneceram abaixo de 2,5%.

    Embora no estejam disponveis dados anteriores a 2002, a mdia de Down

    Time era superior a 2,5%, que, mesmo constituindo um valor considerado normal

    para o tipo de atividade da fbrica, mostrava potencial de melhoria. Neste sentido,

    aes de treinamento e mudana de postura foram tomadas e se consolidaram com

    entrada em operao do Andon System, que ocorreu no final de 2002. Na Figura 9

    fica visvel que ocorreu uma mudana de nvel de Down Time e que coincide

    exatamente com a implementao do Andon System.

    Um ponto importante a ser observado, que no ano de 2004, embora a

    mdia do Down Time se manteve abaixo de 2%, houve uma elevao de seu nvel

    se comparada com os anos de 2003 e 2005, onde se esperaria uma reduo

    contnua. Isto se explica pelo fato de que o Andon System atua na identificao de

    problemas, mas no na soluo dos mesmos.

    De acordo com os registros disponveis sobre as quebras de equipamentos

    da linha de produo estuda, possvel verificar que em 2004, com a crescente

    demanda pelos veculos l produzidos, tornou-se necessrio modificar alguns

    equipamentos para que eles atingissem nveis mais elevados de produo, e isto

    acarretou uma srie se problemas como quebras e falhas de funcionamento, que s

    foram resolvidas com o passar de meses. Mesmo assim, em funo do uso do

    Andon System, todos estes problemas tiveram impacto menor do que o

    normalmente esperado quando uma linha de produo passa por reestruturaes.

  • 48

    5 UMA NOVA REA ANTES DO ANDON SYSTEM

    Na empresa estudada existem vrias reas produtivas, sendo que cada uma

    tem sua linha de produtos. Durante a elaborao deste trabalho foi acompanhada a

    instalao de uma nova linha de produo de veculos, assim como, o incio de suas

    operaes. Por se tratar de uma rea nova, o Andon System ainda no se

    encontrava operando e, portanto, ofereceu uma oportunidade de comparao entre

    os resultados da rea onde o Andon System j est implantado e esta nova rea.

    Embora os dados colhidos sejam referentes a um espao de tempo bastante

    reduzido de apenas trs meses, possvel verificar que o tempo de resposta para os

    problemas bem diferente entre as duas reas.

    No Quadro 1, se pode verificar que os tempos necessrios para reagir s

    chamadas so bem distintos.

    Evento Tempo de resposta na rea com Andon instalado

    Tempo de resposta na rea nova sem Andon

    Chamada de manuteno

    45 segundos 3 minutos

    Chamada para o Coordenador de Time

    30 segundos 1 minuto

    Chamada de qualidade

    1 minuto 5 minutos

    Identificao de falha em equipamento

    15 segundos 3 minutos

    Quadro 1 Tempos de resposta para chamadas de produo Fonte: Elaborado pelo autor

    Vale lembrar que, enquanto na rea com o Andon System instalado todas as

    solicitaes de ajuda, identificao de falhas de equipamentos e chamadas de

    qualidade so efetuadas via sistema, na rea nova todas estas chamadas e

    informaes necessitam ser passadas por rdio, ou seja, para chamar um tcnico de

  • 49

    manuteno, um Coordenador de Time ou um inspetor de qualidade, o operador

    precisa localizar algum que possua o rdio comunicador para efetuar a chamada.

    Os tempos apresentados no Quadro 1 so tempos mdios, e representam os

    tempos necessrios para que o operador seja atendido aps solicitar ajuda. Fica

    claro que os desempenhos so diferentes e isto se traduz em diferena de

    competitividade. A cada minuto que o operador aguarda por ajuda, aumenta o risco

    de parada de linha e conseqentemente de prejuzo para a empresa.

    Fatores como: aguardar que um coordenador seja localizado na linha de

    produo, esperar que um tcnico de manuteno perceba que um equipamento

    est com falha ou procurar por um inspetor de qualidade, so desperdcios de tempo

    que devem ser evitados, e neste sentido, o Andon System mostra-se muito eficiente.

    importar enfatizar que as estruturas de produo, manuteno e qualidade

    so idnticas em ambas as reas, o que torna evidente que, os diferencias nos

    tempos de resposta s chamadas, ocorrem exclusivamente em funo do

    mecanismo de comunicao, que neste caso so o Andon System e os rdios

    comunicadores.

    Tambm se faz necessrio esclarecer que os rdios comunicadores so

    utilizados tambm na rea onde o Andon System encontra-se instalado, mas neste

    caso, no so responsveis pela comunicao primria, que aquela do pedido de

    ajuda, e sim pela comunicao secundria, onde, aps o primeiro atendimento, se

    faz necessrio solicitar um suporte posterior a alguma outra rea, mas j com o

    problema sob controle.

  • 50

    6 CONCLUSO

    Por meio do caso estudado pode-se evidenciar a funcionalidade do sistema

    no sentido de melhorar o fluxo de informaes sobre:

    Tempos de paradas;

    Locais onde existia maior incidncia de problemas; e

    Volumes de produo.

    O potencial de atendimento as chamadas de produo e, conseqentemente,

    de soluo dos problemas foi significativamente maximizado.

    Tambm notrio que a atuao do sistema prove importantes informaes

    do ponto de vista gerencial, auxiliando de forma significativa na hora de definir

    prioridades para implementao de melhorias de processo.

    O Andon System trouxe maior disciplina por parte dos coordenadores de

    produo, que passaram a atuar mais consistentemente na busca das causas-raiz

    de problemas, deixando de atuar simplesmente nos sintomas com uso de medidas

    corretivas. A busca constante por atender as chamadas em tempos cada vez

    menores, conferiu um grande aumento de eficincia implementao de solues

    para os problemas, pois com os coordenadores mais presentes nos times de

    trabalho, passaram a contar com um nvel melhor de informao, o que contribuiu

    para aes de correo mais eficientes.

    A disciplina no uso do sistema, e a certeza de que os problemas devem ser

    resolvidos pelas pessoas, e no pelo sistema, foi amplamente divulgada durante os

    treinamentos realizados antes do incio de operao do Andon System. Um detalhe

    importante que, como o sistema no capaz de solucionar aos problemas

  • 51

    sozinho, mas extremamente hbil em apontar os problemas, a liderana da fbrica

    praticamente se obrigou a ser mais eficiente nas anlises e adoo de solues,

    mostrando que o sistema realmente atinge seus objetivos.

    Um importante indicador do aumento de eficincia da manufatura aps a

    implementao do Andon System o Down Time da fbrica, que girava na casa de

    2,5% antes da implementao do sistema e baixou para uma mdia 1,5% aps o

    incio de operao do mesmo.

    Indicadores da qualidade tambm mostraram uma sensvel melhora aps a

    entrada do Andon System em operao, pois o sistema tambm se tornou uma forte

    ferramenta da engenharia da qualidade, a qual passou a ter o poder de interferir na

    continuidade do fluxo de produo, visto que a ela tambm foi liberado o recurso de

    parar a linha na ocorrncia de problemas graves de qualidade.

    No balano final, a adoo deste sistema conferiu fbrica estudada um

    diferencial de qualidade e produtividade que se tornou referncia para as demais

    fbricas da organizao (e que hoje tambm j contam com sistema semelhantes).

    Comparando a rea onde o sistema est implementado e uma nova rea

    onde o sistema ainda no se encontra em operao, possvel verificar a diferena

    no tempo de resposta aos problemas e como importante a adoo do Andon

    System como ferramenta fundamental para melhor-lo.

    O Andon System no resolve os problemas da manufatura sozinho, mas

    uma ferramenta muito til para auxiliar a liderana da fbrica a agilizar a

    comunicao e evidenciar as oportunidades de melhorias.

    Finalmente, deve ser salientado que o compromisso da administrao foi e

    continuando sendo um dos pilares do bom funcionamento desta ferramenta, que

  • 52

    tanto tem contribudo para o processo enxuto de manufatura da fbrica estudada.

    Com a rpida evoluo dos sistemas eletrnicos de controle, da informtica e

    dos dispositivos de comunicao via rdio freqncia, j existe a possibilidade de se

    incorporarem novos dispositivos ao Andon System, como, por exemplo, leitores de

    cdigos de barras, e estes, podero conferir ao sistema novas funcionalidades, que

    vo desde a contagem de peas usadas na linha de montagem com o objetivo de

    disparar a reposio das mesmas de forma mais controlada e otimizada at, a

    verificao de conformidade entre as peas a serem montadas e o produto que esta

    sendo processado. Isso pode ser verificado em locais onde, o operador,

    primeiramente faz a leitura do cdigo de barras existente na pea que est na

    prateleira e que dever ser montada em uma determinada unidade que est em

    processo. Se ao efetuar a leitura do cdigo de barras da unidade, este no conferir

    com o cdigo de barras da pea, o prprio sistema poder disparar um alarme de

    falha na montagem, e em um caso extremo, at mesmo gerar uma parada de linha.

  • 53

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    ARAJO, Vander Pereira. A Cadeia de Suprimentos e o Fluxo Efetivo de Materiais na Indstria Automobilstica. 1999. 59 f. Monografia de concluso de curso (MBA)-Departamento de Economia, Contabilidade, Administrao e Secretrio Executivo, Universidade de Taubat, Taubat, 1999.

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  • 54

    BIBLIOGRAFIAS CONSULTADAS

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