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Apesar de avanços – como o Plano Nacional de Banda Larga –, a infraestrutura brasileira deficiente é um dos maiores entraves para o crescimento do mercado digital Por Edianez Parente INFRAESTRUTURA OS DESAFIOS DO BRASIL DIGITAL PROBLEMAS 18 PROXXIMA Abril 2012

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Apesar de avanços – como o Plano Nacional de Banda Larga –, a infraestrutura brasileira deficiente é um dos maiores entraves para o crescimento do mercado digitalPor Edianez Parente

INFRAESTRUTURA

OS DESAFIOS DO BRASIL DIGITAL

PROBLEMAS

18 PROXXIMA Abril 2012

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ito redes de cabo e fibra servem a nobre Avenida Faria Lima, área de escritórios da capital paulista, que ainda conta com a cobertura de cinco operadoras de telefonia móvel, pelo

menos três sistemas de TV via satélite, TV digital aberta terrestre, fora o alcance de demais sistemas via rádio, satélite e MMDS. Já a cidade piauiense de Cristino Cas-tro, com dez mil habitantes e que fica a 555 km da ca-pital, Teresina, é o símbolo do abandono, como o único município brasileiro que não dispõe de nenhum servi-ço de comunicação, conforme aponta o Atlas Brasileiro de Telecomunicações 2012. O prefeito do município do Piauí foi à Anatel queixar-se por ser a única cidade do Estado a não dispor nem de rede de celular.

Entre a Faria Lima e Cristino Castro, há um projeto nacional que atende pela sigla PNBL. O Plano Nacional para a Banda Larga — que em 13 de maio completa dois anos desde que o ex-presidente Lula assinou o decre-to que o instituiu — no seu nascedouro versava que as redes de telecomunicações em banda larga são a infra-estrutura da sociedade da informação, e o documento foi desenvolvido em torno de aspirações por resultados sociais e econômicos. Maio marca o meio do caminho para as metas colocadas para serem atingidas até 2014, não por acaso, às vésperas do chute inicial da Copa do Mundo da Fifa no País.

O mesmo documento, no entanto, delineava as bar-reiras a serem superadas para a disseminação do uso das tecnologias de informação e comunicação (TICs) que, o tempo tem demonstrado, não seriam facilmente superadas. Os gargalos na oferta de soluções e serviços

de toda a cadeia produtiva do País não estão apenas nos pequenos municípios, mas são enfrentados no dia a dia até mesmo pelas corporações que pagam o carís-simo metro quadrado da Avenida Faria Lima.

O “Plano Brasil Mais”, sancionado este ano pela pre-sidente Dilma, veio corroborar o PNBL. No que tange ao setor de telecomunicações, coloca investimentos de R$ 12,7 bilhões até 2015, dos quais a Rede Nacional de Banda Larga, de fibra óptica, irá consumir R$ 7,1 bilhões, sob comando da renascida Telebrás. Reza o plano que, no horizonte de 2012-2015, o salto necessá-rio diz respeito à ampliação das redes de banda larga, à convergência de mídias e ao uso massificado dessas re-des através da política de inclusão digital. Entre as me-tas estão o atendimento de todas as escolas públicas ru-rais com internet banda larga; a oferta de banda larga fixa a 10 Mbps e móvel em redes 4G nas cidades-sede da Copa das Confederações de 2013, da Copa do Mun-do de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016, bem como o atendimento aos requisitos de qualidade necessários à realização dos eventos .

Estudo publicado por pesquisadores do BNDES pro-jeta investimentos em toda infraestrutura nacional até 2014 da ordem de R$ 380 bilhões, dos quais cerca de 30% — R$ 139 bilhões – destinados ao setor de energia elétrica. Mas a indústria nacional acha pouco: para a Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (ABDIB), o Brasil teria de investir R$ 187 bilhões / ano até 2015 para garantir uma infraestrutura condi-zente com seu crescimento econômico.

Há, felizmente, muita gente interessada na solução dos gargalos da infraestrutura nacional. De acordo com

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o economista e consultor Ricardo Amorim, dos 50 maiores projetos de investimento em infraes-trutura em andamento no mundo hoje, 14 estão no Brasil. Ainda, ele destaca, a infraestrutura nacional conta com um apoiador de peso: “Nos-sa falta de infraestrutura de transportes já se tornou um gargalo para o crescimento chinês. Se nossas matérias-primas não chegam lá por falta de portos, estradas e ferrovias, eles não po-dem construir por lá. Por isso, já começaram a investir maciçamente em nossa infraestrutura, o que os fez superar os americanos como maio-res investidores estrangeiros nos Brasil no ano passado, pela primeira vez.”

De acordo com João Moura, presidente exe-cutivo da Telcomp – Associação Brasileira das Prestadoras de Serviço de Telecomunicações Competitivas — , há grandes desvantagens no Brasil comparativamente a outros países, a co-meçar pela excessiva carga tributária sobre os serviços de comunicações em geral. “A carga tributária alta sobre um serviço tão essencial e com capacidade de tributação tão pesada é claramente um tiro no pé que o nosso governo

dá, já que as comunicações alavancam o desen-volvimento econômico”. Para ele, a legislação trabalhista extremamente rígida para se con-tratar, estabelecer horários flexíveis ou trabalho remoto não tem nada a ver com um mundo di-gital empreendedor: “Não consigo imaginar um Google obrigando os seus funcionários a bater cartão”. Moura destaca ainda outro fator “sufo-cante” para o setor: o alto custo da energia elé-trica, que da metade do que custava em relação aos Estados Unidos, passou, após a privatização e durante o governo Lula, a custar exatamente o dobro. “As empresas elétricas passaram a ser geradoras de receitas”. Para ele, isto encarece e deixa área digital nacional em desvantagem. Basta ver que os datacenters – onde se mantêm os grandes computadores, os arquivos digitais, as centrais de comércio eletrônico – passam a se hospedar fora do País.

Para as agências digitais brasileiras, a postu-ra também é de sobreaviso: “Obviamente que os problemas de infraestrutura de internet tanto em termos de acesso quanto volume de transfe-rência de dados são as questões mais relevantes para o nosso segmento, mas de uma forma geral as agências digitais são afetadas por todas as restrições de infraestrutura do país”, afirma Cé-sar Paz, presidente da Associação Brasileira das Agências Digitais (Abradi). Ele também dá eco à questão da eletricidade: “A materialização e o li-mite dos problemas com impacto no nosso setor puderam ser observados em fevereiro de 2011,

quando 33 milhões de pessoas em oito estados ficaram sem energia elétrica”. Ele continua: “No caso específico do acesso à internet, tivemos em julho de 2008 em São Paulo um apagão de mais de 24 horas na maior parte do Estado”.

“Do ponto de vista dos negócios para a comu-nicação digital, as expectativas são boas, mas não temos uma euforia em relação ao PNBL”, complementa Paz. Embora ele reconheça a im-portância do programa sob o ponto de vista da inclusão sócio-digital, a questão do acesso na sua visão tem que estar associada ao formato e à qualidade dos conteúdos. “Uma banda larga de até 1Mega e num programa que evolui lenta-mente não permite que tenhamos expectativas ambiciosas”. Paz acredita que o tipo de conte-údo que poderá ser consumido ainda sofrerá enormes restrições e gargalos, como os vídeos, por exemplo, já que “veremos no interior do País uma condição de cobertura muito maior, mas ainda restrita”. Ele sintetiza: “Seria como termos a TV aberta chegando em 99% dos lares, mas na grande maioria deles em P&B e com chiado.”

Roberto Carlos Mayer, vice-presidente de rela-ções públicas da Associação das Empresas Bra-sileiras de Tecnologia da Informação e presiden-te da Federação Ibero-Americana de TI, acha que tanto os gargalos de infraestrutura como a carga tributária levam investidores estrangeiros a buscar outros países, em detrimento do Brasil: “Não adianta crescer a economia, se não estru-tura o País para tal”, diz.

“Problemas de infraestrutura de internet são as questões mais relevantes para o nosso segmento, mas, de uma forma geral agências digitais são afetadas por todas as restrições de infraestrutura do País”

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César Paz, presidente da Abradi

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MAPEANDO AS POSSIBILIDADES DA INTERNET MÓVELA pedido da GSM Associaton, o CPqD desen-volveu um trabalho cujo objetivo era ajudar a preparar a infraestrutura de telecomunicações do Brasil para a Copa do Mundo. O estudo deta-lhou os principais desafios que as operadoras de telefonia móvel terão de vencer para atender à demanda do País durante esse evento espor-tivo – e também durante a Olimpíada de 2016, no Rio de Janeiro.

Em relação a serviços, a tendência é o cres-cimento do acesso a dados móveis. Além do aumento no tráfego de SMS — em função de aplicações como publicidade móvel e de pro-moções durante a Copa do Mundo —, espera-se a expansão de serviços de TV móvel e, princi-palmente, das redes sociais móveis. E, segun-do o CPqD, isso poderá ter grande impacto no tráfego das redes em 2014, o que demandará mais faixa de frequência, otimização da infra-estrutura de rede e planejamento de contingên-cia para garantir a disponibilidade e a qualida-de dos serviços.

O trabalho levou em conta questões ligadas à segurança da informação, gestão de riscos e proteção de infraestrutura crítica – outro grande desafio em eventos do porte. Ainda sobre banda larga móvel, em fevereiro último a GSMA, que representa 800 empresas da in-dústria móvel, com sede em Londres, publicou

seu primeiro relatório sobre banda larga na América Latina. De um modo geral, os entra-ves para o Brasil se igualam aos dos vizinhos latino-americanos. Em alguns países, as recei-tas com banda larga móvel já ultrapassam as receitas com SMS.

Mas não adianta só reclamar, sem nada a fazer. O próprio relatório da GSMA dedica tre-cho ao Rio de Janeiro, onde diz que mais de 1,3 milhão de pessoas (22% da população da cida-de) enfrentam problemas diários de violência, más condições de saneamento, educação de má qualidade e falta de acesso a informações. Ali, diz o relato, devido à péssima infraestru-tura em áreas excluídas, o acesso a telefones – tanto fixos quanto móveis – é muito baixo e a operadora TIM tem se dedicado a levar as tecnologias da comunicação móveis para as populações mais pobres – “antes mesmo que a Polícia do Rio de Janeiro tivesse pacificado as áreas”. Assim, a operadora apoiou eventos e atividades sociais locais, anunciou nos veícu-los e rádios locais e recrutou residentes locais

para estimular o crescimento de pequenas empresas. Em consequência dessa estratégia, a TIM conseguiu acrescentar 600 mil novos clientes de áreas excluídas. O compartilha-mento de redes também é uma das soluções abordadas pela GSMA.

“É sufocante o custo de energia elétrica no Brasil. Isso deixa a área digital nacional em desvantagem”

ARA SABER MAIS, USE ESTE CÓDIGO1. No browse do seu celular, acesse o site www.phdmobi.com2. Faça o download do leitor de taggs3. Abra o aplicativo e use a câmera4. Mire ou fotografe esta imagem5. Assista ao vídeo

ASSISTA ENTREVISTA COM SERGIO AMADO, DO GRUPO OGILVY

João Moura, presidente da Telcomp

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GARGALOS NA INFRAESTRUTURA NÃO INIBEM INVESTIDORES – POR ENQUANTONa análise do economista Ricardo Amorim, as boas perspectivas para a economia brasi-leira e as dificuldades dos países desenvolvi-dos ajudam a tornar os investimentos no Bra-sil ainda mais atraentes em termos relativos. “Em pauta, estão decisões sobre uma even-tual entrada ou ampliação das operações de suas empresas por aqui. Quase sempre, algum tempo depois, os investimentos se materializam”, revela. Amorim lembra que, nos anos 1990 e início da década passada, perguntas em relação ao Brasil eram focadas em problemas e riscos, como infraestrutu-ra e carga tributária. “Agora”, ele relata, “a imensa maioria das perguntas dos estran-geiros foca principalmente em participar da emergência brasileira e não mais nos muitos problemas que o Brasil ainda tem”.

“Nos últimos três anos, investimentos pro-dutivos de empresas estrangeiras no País – IED no jargão dos economistas – triplica-ram, levando o País de 14º a 3º receptor glo-bal, atrás apenas da China e EUA”, afirma o consultor, lembrando que isso não significa que os nossos problemas não tenham impor-tância, nem que, de uma hora para outra, a postura dos estrangeiros em relação ao Bra-sil não possa mudar completamente nova-

mente. “Mais do que impedir que recebamos investimentos domésticos e estrangeiros, temo que nossos gargalos de infraestrutura irão limitar nosso ritmo de crescimento nos próximos anos”, analisa Amorim.

Na análise do economista, o investimen-to em infraestrutura já estava crescendo e continuará a crescer por diversas razões: “O investimento público em infraestru-

tura, por exemplo, triplicou em percentu-al do PIB ao longo dos últimos dez anos, à medida que a arrecadação de impostos cresceu exponencialmente no período. Além disso, por falta de boas opções de in-vestimentos nos países ricos devido às más perspectivas de crescimento econômico por lá, os investidores de lá, cada vez mais, vêm investir aqui.”

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“Mais do que impedir que recebamos investimentos estrangeiros, temo que gargalos de infraestrutura limitem nosso ritmo de crescimento”

Ricardo Amorim, economista

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DESAFIOS DE LOGÍSTICA PARA O E-COMMERCEAs estimativas dos economistas do BNDES para a área de logística ficam em segundo lugar no ranking dos investimentos neces-sários ao País, sendo necessários quase R$ 130 bilhões até 2014. Não por acaso, quem mais se ressente é a área do e-commerce. Na Vtex, empresa de tecnologia para comércio eletrônico que atende 140 empresas (entre elas Walmart, Nokia, Sack’s, Daslu, Chilli Beans, Marabraz, Brooksfield, Commcen-ter e Nikon), Alexandre Soncini, diretor de vendas e marketing, elege a logística como o principal gargalo para o comércio eletrô-nico, partindo desde a falta de preparo de diversas empresas de transporte até proble-mas da malha viária. “O principal player de

distribuição nacional é do governo e, por isso, acaba-se encontrando dificuldades na agilidade para crescer na mesma velocida-de do comércio eletrônico. Outro problema é a negociação que os grandes varejistas fazem para poder trabalhar promoções de frete grátis ao consumidor final, o que aca-ba espremendo ao máximo os valores pagos aos distribuidores”, diz. 

Pelos lados das redes de dados, o exe-cutivo da Vtex vê avanços com o PNBL: “Com o plano, pessoas das classes C, D e E terão acesso à internet mais facilmente e, consequentemente, tenderão a tornarem--se e-consumidores. Além disso, os sites de compra coletiva, por praticarem descontos extremamente atrativos, acabam conver-tendo internautas em e-consumidores”.

Clóvis Souza, diretor da Giuliana Flores, enumera outros fatores de dependência di-reta ou indireta do setor: energia, internet, segurança e bom estado das estradas para transporte e entrega dos pedidos. “Caso haja falha em algum destes pontos, con-sequentemente nossa prestação de servi-ço é prejudicada, bem como a divulgação e procura pela marca e pelos produtos”. Ainda, ele aponta o crescimento do acesso à web por celular e o crescente número de smartphones. “Com o PNBL, a tendência é aumentar ainda mais o número de pessoas online e, com isso, gerar mais oportunida-de para o e-commerce”, afirma Souza, cuja empresa espera colher os bons frutos da repercussão internacional que os grandes eventos esportivos trarão ao Brasil.

Avenida Paulista, em São Paulo: referência em infraestrutura para onde o Brasil precisa avançar

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FAZENDO A DIFERENÇA NA COMUNICAÇÃO DIGITALPara a comunicação de bens duráveis, o meio digital também é capaz de causar dife-rença. “No mercado de automóveis, a com-pra online não é algo tão simples. O percen-tual de consumidores dispostos a comprar online é muito pequeno”, afirma João Ciaco, diretor de publicidade e marketing de rela-cionamento da Fiat. No entanto, ele destaca

que mais de 60% dos consumidores entram na internet para conhecer o produto antes de efetivarem a compra. Assim, diz ele, “a boa experiência com o produto na internet é o que pode fazer com que o consumidor busque o ambiente off-line para adquiri-lo. Isso já mostra que a estrutura da internet é de extrema importância para o mercado.” Ciaco assinala que não basta ter uma ex-periência prazerosa apenas na internet: “A

“A boa experiência com o produto na internet é o que pode fazer com que o consumidor busque o ambiente off-line para adquiri-lo. Isso já mostra a importância da infraestrutura para o mercado”

“As plataformas digitais oferecem recursos para esclarecer e engajar a população de diferentes formas, para que juntos possamos superar problemas estruturais”

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João Ciaco, diretor de publicidade da Fiat Automóveis

Abel Reis, presidente da AgênciaClick Isobar

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experiência real tem que estar no mesmo patamar, o que somente é possível com uma infraestrutura desenvolvida e que garanta que todo o processo de compra seja realiza-do dentro do previsto”, conclui.  

Também os players da comunicação digi-tal nacional acreditam no desenvolvimento do mercado, a despeito de deficiências de base. Abel Reis, presidente da AgênciaClick Isobar, vê riscos, mas enxerga oportunida-des: “As plataformas digitais oferecem recur-sos extraordinários para esclarecer e engajar a população de diferentes formas, para que juntos possamos superar esses problemas es-truturais”. Ele aposta que o esforço nacional para sediar os grandes eventos por si só será uma mola propulsora para várias indústrias. “Em particular, indústrias criativas tais como a de software e de publicidade pode-rão se beneficiar imensamente da demanda por informação, conteúdo e entretenimento”. Para ele, o País se destaca dentre os merca-dos emergentes, mesmo sem ter a maior po-pulação, nem o ritmo de crescimento dos chi-neses ou indianos. “Temos uma indústria de comunicação muito madura e bem-sucedida. Por isso, os problemas estruturais que tam-bém são comuns aos demais emergentes não são vistos como barreiras, mas como parte do processo de amadurecimento do nosso mercado”, afirma Reis, para quem a inter-net brasileira chegou aonde chegou mesmo

com suas limitações: “Somos hoje um meio fundamental na vida das empresas, das mar-cas e dos brasileiros. Temos hoje algo como 10% do investimento publicitário no digital e, muito embora essa parcela não faça jus ao tamanho da base de internautas brasileiros, seguiremos crescendo pelos próximos anos”.

“Somos hoje ‘a joia da coroa’, ao lado de China, Índia, México, África do Sul e Cinga-pura”, afirma Sérgio Amado, presidente do Grupo Ogilvy Brasil. Ele vê como fundamen-tal que o País tenha capacidade de responder a todas as demandas provocadas pelo cres-cimento: aeroportos, portos, estradas e sis-tema de transporte urbano, segurança. “No meu entendimento, no entanto, esses pontos já são prioridades do Governo, que trabalha para apresentar o Brasil com viabilidade e sucesso para a Copa das Confederações, Copa do Mundo e Jogos Olímpicos”. Amado lembra que nenhum país teve a ousadia de realizar uma Copa e uma Olimpíada prati-camente juntos. “É um desafio monstruoso, mas que já estamos encarando e andando para frente”. O presidente da Ogilvy Brasil diz estar confiante, já que, para os negócios da comunicação, esses eventos alavancam mídia e movimentam grandes investimen-tos: “Serão anos de crescimento perto de dois dígitos para a publicidade nacional, caso a economia mantenha o ritmo de crescimento entre 4,5% a 5% ao ano”.

“Copa do Mundo e Olimpíada são desafios para nossa infraestrutura, mas estamos encarando e andando para frente. No meu entendimento, o governo tem priorizado os investimentos para atendermos a demanda”

Sérgio Amado, presidente do Grupo Ogilvy Brasil

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“Nossas ideias são transformadas em produtos e serviços que precisam de estrutura, na produção de um comercial, por exemplo, ou na realização de um evento”

Na definição de Orlando Marques, CEO do Publicis no Brasil, a indústria da co-municação sofre com os percalços da in-fraestrutura de um “problema técnico, de produção”: “Não podemos esquecer que nossas ideias são transformadas em ser-viços e produtos que precisam de estru-tura, na produção de um comercial, por exemplo, ou na realização de um evento. Outros problemas do nosso cotidiano que parecem simples mas que afetam os resul-tados são o trânsito e o caos nos aeropor-tos. Transtornos que tomam o tempo que poderíamos estar investindo em negócios.” Há mais uma questão de extrema impor-tância, na visão de Marques: “Em um país sem infraestrutura, a população tem mais problemas, mais gastos extras e menor poder de consumo por escolha. Isso nos afeta diretamente, já que tra-balhamos para ajudar os nossos clien-tes a vender seus produtos e serviços”. Para ele, na preparação para os grandes

eventos, se cada empresa, cada cidadão fizer a sua parte, já estaremos contribuindo. “Do ponto de vista do cotidiano das agências, temos que trabalhar com os recursos que temos. Estamos acostumados a trabalhar com planejamento e tudo é levado em conta. Nessas horas, a criatividade também faz a diferença. Você precisa saber se adequar e trabalhar com o que tem, o que é possível. O famoso ‘fazer do limão uma limonada’”. Seja como for, lembra Orlando Marques, o Brasil de hoje para o mundo é um Brasil que está bem e que não foi afetado pela cri-se mundial. “Cabe a nós driblarmos obstá-culos como a falta de infraestrutura para garantir o crescimento e desenvolvimento de nossos clientes e, consequentemente, o crescimento e desenvolvimento do grupo no mundo”, arremata Marques. Complemen-tando seu raciocínio, vale acrescentar que cabe a todos nós trabalharmos para que, em breve, não haja mais um Cristino Castro fora do mapa nacional da conexão digital.

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