os maias - contextualização histórica e literária
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EçadeQueirós-OsMaias
CaricaturadeAbelManta
EçadeQueirós
Contextohistórico1845–NascimentodeEçadeQueirós1855–AclamaçãodeD.PedroV1861–MortedeD.PedroV/IníciodoreinadodeD.Luís1871–RealizaçãodasConferênciasDemocráCcasnoCasinodeLisboa1886–MapaCordeRosa1889–MortedeD.Luís/IníciodoreinadodeD.Carlos1900–MortedeEçadeQueirós
CONTEXTUALIZAÇÃOHISTÓRICO-LITERÁRIA
Contextualizaçãohistórica
A França assinou, em 1886, um tratado com Portugal pelo qual era assegurado oexercíciodanossa influênciaesoberanianoterritóriopercorridopelosexploradoresSerpaPinto,CapeloeRobertoIvensequeestabeleceramaligação,porterra,entreaszonasdeAngolaeMoçambique.EsseterritórioficouaserconhecidopeladesignaçãodeMapacor-de-rosaporseressaacorqueoevidenciavanomapa
ULTIMATOINGLÊS-1890
D.JoãoVI(filhodeD.MariaI)eD.CarlotaJoaquina• Reinado1816-1826• AbsoluCsta• FogeparaoBrasildevidoàsinvasõesfrancesas
• RevoluçãoliberaldoPorto1820• AssinaaCartaConsCtucionalem1822
D.PedroIV/D.PedroIdoBrasil• Reinadodemarçoamaiode1826.• Liberalista• Abdicaafavordesuafilha–D.MariaII
D.MariaIIcasacomD.FernandoII• Reinadode1826atéserdepostaem1828porseuCoD.
Migueledepoisde1834atéàsuamorte(1853)
D.PedroV
• 16desetembrode1855,éaclamado
reiaocompletar18anos.
• Algumasobras:
• inauguraçãodoprimeiro
telégrafoeléctrico;
• inauguraocaminhodeferro
entreLisboaaCarregado;
• primeirasviagensregularesde
navio,entrePortugaleAngola.
• 1858, D. Pedro V casa-se, por procuração, com a princesa Estefânia deHohenzollern-Sigmaringen,quemorreunoanoseguinte.
• Sendo a saúde pública uma das suas preocupações, foi, juntamente com a suaesposa, a princesa Estefânia de Hohenzollern-Sigmaringen, que Pedro fundouhospitaispúblicoseinsCtuiçõesdecaridade.
• Cumprindoosdesejosporelamanifestados,omonarcafundouoHospitaldeDona
Estefânia,emLisboa,apósasuamorte.
• Portugal é, por essa altura, flagelado por duas epidemias, uma de cólera, quegrassade1853a1856,eoutradefebreamarela.Duranteessesanosomonarca,em vez de se refugiar, percorria os hospitais e demorava-se à cabeceira dosdoentes,oquelhetrouxemuitapopularidade.
• Morreucomapenas24anos,em11denovembrode1861,quesegundoparecer
dos médicos, devido à febre Xfóide (enquanto o povo suspeitava deenvenenamento e por isso viria a amoCnar-se). A sua morte provocou umaenorme tristeza em todos os quadrantes da sociedade. Não tendo filhos, foisucedidopeloirmão,oinfanteD.Luís,quehabitavaentãonosuldeFrança.
D.Luís• CasoucomD.MariadeSabóia.• Teve cognome de “O Popular” pela
maneira como convivia com todososPortugueses.
• Muitocultoebondoso,D.Luís I,aolongo do seu reinado, foi animadopelo propósito de fazer progredirPortugal.
• AsdificuldadesconCnuavam,devidoà incapacidade governaCva, àirresponsabilidade parlamentar e àfaltadeumaconsciênciaunificadoraepatrióCca.
• D. Luís era um homem muito culto e de grande
sensibilidadearpsCca.
• Pintava, compunha e gostava de tocar piano e
violoncelo.
• Falavacorretamentediversaslínguasefeztraduçõesde
Shakespeare.
• MaseraprincipalmenteumhomemdasCiências, com
uma enorme paixão pela oceanografia, financiando
projetos cienpficos e importantes pesquisas
oceanográficasembuscadeespécimesdos“7mares”.
• No reinado de D. Luís realizaram-se grandes melhoramentos eimportantesreformas,quecontribuíramparaoprogressodePortugal:Foialargadaarededeestradasedecaminhosdeferro;construíram-seaspontesdeferrosobreorioDouroeoPaláciodeCristal,noPorto;aumentou-se a marinha de guerra; criaram-se escolas primárias,agrícolaseindustriaisebancosdecrédito.D.LuísIpublicouumCódigoCivil. Acabou com a pena de morte em Portugal, para crimes civis.Aboliu definiCvamente a escravatura em todos os territóriosportugueses
ArmazénsdoChiado-Lisboa
ChaletdaCondessad’EdlaemSintra,mandadoconstruirporD.FernandoII
Fotografiadafamíliarealportuguesade1854
MedidastomadasporFontesPereiradeMelo
• FontesPereiradeMelotentourecuperaroatrasoeconómicodePortugalemrelaçãoaosoutrospaíses.
Regeneração
• A Regeneração focou-se essencialmente no desenvolvimentodostransportesemeiosdecomunicaçãoqueconsideravaseremas infra-estruturas fundamentaisdoprogressoeconómicoedamodernização.
• EstapolíCcatomouadesignaçãodeFonCsmoemvirtudedetersidolevadaacaboporAntónioMariaFontesPereiradeMelo.
Infra-estruturasfundamentaisaoprogressodopaís
pontes
caminhosdeferro
TeatroNacionaldeS.Carlos
InteriordoTeatroNacionaldeS.Carlos
PrimeirailuminaçãoelétricanoterreirodoPaço-Lisboa
PaláciodeCristal-Porto
Sintra
PasseiodeMariaPia-Cascais
Famíliaburguesa
Afracaindustrialização
• Aindustrializaçãodopaísnãofoirápida,talcomopretendiamosregeneradores.
Istoporque…
• Haviafaltadematéria-prima,decapitaledemãodeobraqualificada;
• Omercadointernoerapobre;• Haviaumafortedependênciaeconómicadoexterior,
istoé,comoqueriamindustrializaropaís,ogovernotevedepediremprésCmosnoestrangeiro,sobretudonaInglaterraenaFrança.
• O reinado de D. Luís assinalou-se materialmente pelo progresso,socialmentepelapazepelossenCmentosdeconvivênciaepoliCcamentepelorespeitopelasliberdadespúblicas,intelectualmenteporumageraçãonotável(EçadeQueirós,AnterodeQuental,etc.).
Conclusão
• O FonCsmo foi um períodomuito importante da
história de Portugal, em que o que realmente
sucedeunão foibemoesperado,ouseja,apesar
deterlevadoaodesenvolvimentoemodernização
dopaísconduziuopaís,também,àbancarrotade
1892.
ContextualizaçãohistóricacomacolaboraçãodaprofessoraMªJoséFernandes
Contextualizaçãoliterária
DoRomanXsmoaoRealismo
C.D.Friedrich,Viandantesobreummardenévoa,1818
GustaveCoubert,Mulherespeneirandotrigo,1854(figuraprincipaldomovimentorealistanaartedoséculoXIX.).
Contextualizaçãoliterária
DoRomanXsmoaoRealismo
FimdoRomanXsmo
• AlmeidaGarrevmorreem1854.• AlexandreHerculanoafasta-sedavidapública
eliterária.• AntónioFelicianodeCasClhocongregaos
defensoresdoUltrarromanCsmo.
“[o] convencional, [o] enfático e [o] piegas”
“negação da arte pela arte”
“a anatomia do carácter […] a crítica do homem”
“[a] retórica […] como arte de promover a comoção usando da inchação do período, da
epilepsia da palavra, da congestão dos tropos”
“a análise com o fito da verdade absoluta”
“a apoteose do sentimento”
O Romantismo e o Realismo
AntónioFelicianodeCasClho AnterodeQuental
QuestãoCoimbrã
“O Realismo como nova expressão de arte” , Eça de Queirós
“a arte que nos pinta a nossos próprios olhos – para nos conhecermos, para que saibamos se somos verdadeiros ou
falsos, para condenar o que houver de mau na nossa sociedade”
Realismo
• Nova corrente artística que pretende cortar com o sentimentalismo;
• Negação da arte pela arte;
• Observação fria e objectiva da realidade;
• Análise psicológica das personagens, determinada por três
factores: hereditariedade, educação e meio (Naturalismo);
• Crítica de costumes e reforma social.
• DeclíniodoRomanCsmoapósamortedeGarreveareCradadeHerculano.
• RebeldiaeinconformismodageraçãodeestudantesdeCoimbrafaceàliderançaliteráriade
CasClho,defensordoUltra-RomanCsmo.
• AQuestãoCoimbrãouQuestãodebomsensoebomgostoconsCtuiua1ªmanifestaçãodos
jovensestudantesuniversitários.
• Surgeumanovapoesiacontraosconceitosvigentesdecarizliterário,mastambémpolíCco,
históricoefilosófico.
• LiderançadeAnterodeQuentaleTeófiloBraganarebeliãocoimbrã.
• AsConferênciasDemocrá7casdoCasinoLisbonensede1871pretendemaproximarPortugaldo
mundomoderno,paraqueseestudassemascondiçõesdetransformaçãopolíCca,económicae
religiosadasociedadeportuguesa.
• AGeraçãode70visavaareformaculturalaoníveldosvalores,daliteraturaedaprópriavida
portuguesa,aproximando-adomodeloeuropeu.
A Geração de 70
• AsfigurasproeminentesdestageraçãoforamAnterodeQuental,EçadeQueiróseOliveira
MarXns.Destacam-senumaperspecCvasecundária,RamalhoOrCgão,TeófiloBraga,GomesLeal,
GuerraJunqueiro,JaimeBatalhaReis,GuilhermedeAzevedo,AlbertoSampaio,AdolfoCoelho,
AugustoSoromenho.
• Estegrupodejovensafirmou-secomoeliteintelectualentre1865,datadopolémicotextode
AnterocontraCasClho(Bomsensoebomgosto),e1871,datadasConferênciasDemocrá>casdo
Casino.
• Ocarizrevolucionáriodestaeliteintelectualerasustentadopelaassimilaçãodeideiasinovadoras
daculturaeuropeia,nomeadamenteatravésdeleiturasdeautoresfrancesesealemãesedo
conhecimentodemovimentosinsurrecionaisestrangeiros,comoaComunadeParis.
• Racionalistas,herdeirosdoposiCvismodeComte,doidealismodeHegeledosocialismoutópicode
ProudhoneSaint-Simon,osjovensdaGeraçãode70protagonizaramumaautênXcarevolução
culturalnonossopaís,nomeadamenteatravésdaQuestãoCoimbrãedasConferências
DemocráXcasdoCasino.
• Osmentoresdestageração,aopromoveremumaautênXcarevoluçãocultural,permiXrama
aberturadeumcaminhoparaoprogressodopaísnassuasvariadasáreas.
A Geração de 70
A Geração de 70
QuemforamosmembrosdaGeraçãode70?
• AnterodeQuental(1842-1890):éincontestavelmenteomestredaGeraçãode70,assumindoumpapelclaramenteintervenCvonasConferênciasdoCasino.ÉtambémestegrandepoetaqueprotagonizaaQuestãoCoimbrãcontraFelicianodeCasClho.
• EçadeQueirós(1845-1900):conheceuAnteroenquantoestudanteemCoimbraetornou-seumescritoremblemáCcodoromanceportuguêseumparadigmadoRealismo,quedefendeuacerrimamente.
• RamalhoOrXgão(1836-1915):apesardeinicialmenteseraliadodeCasClhocontraAntero,integrouaGeraçãoeassumiuumpapelpreponderantenaQuestãoCoimbrã.EscreveuAsFarpas.
• TeófiloBraga(1843-1924):deixouumespólioconsiderávelnosestudosliterários,napolíCca,nainvesCgaçãodoscostumesportuguesesenatradiçãooral.FoicompanheirodeAnteronaQuestãoCoimbrãe,maistarde,PresidentedaRepública.
• GuerraJunqueiro(1850-1923):escreveupoesiaefezpartedoCenáculoedosVencidosdaVida.Foiministro,apósaimplantaçãodaRepública.
• OliveiraMarXns(1845-1894):foideputado,ministro,jornalista,economistaeinvesCgadoreumamigopróximodeAnteroeEça.Deixouimportantescontributosnosestudoshistóricos,nomeadamenteaHistóriadePortugalePortugalContemporâneo.
A Geração de 70
AQuestãoCoimbrã–umadasmaisimportantesmanifestaçõesdaGeraçãode70
u Geraçãodejovensintelectuaisque,porvoltade1865,emCoimbra,contestaaestéCca
ultrarromânCca,representadaporAntónioFelicianodeCasClhoeosvaloresoficiaisdasociedade
vigente.
u Em1865,PinheiroChagaspublicaPoemadaMocidade,umabiografiappicadosaudosismo
ultrarromânCco.
u CasClho,numacartaposfácio,aludiuàmodernaescoladeCoimbraeàsuapoesiaininteligível,
referênciasclaramenteadversasaAnteroeaTeófilo.
u Bomsensoebomgostoéoviolentoopúsculo,escritoporAnterodeQuental,dirigidoaCasXlho,
quevemespoletarapolémicaliterária.
u ComaQuestãoCoimbrãentraramemconflitoovelhosenXmentalismodoUltrarromanXsmoeo
novoespíritocienlficoeuropeu.Apareceuumnovolirismosocial,humanitárioecríCco.
u Estapolémicaabalaráirreversivelmenteasestruturassocioculturaisdopaís,lançandoassementes
paraodebatedeideiaseoprojetodereformadasmentalidadesquenorteariamaintervençãoda
queviriaaseraGeraçãode70.
• RealizadasnaPrimaverade1871pelogrupodoCenáculo:arXstaseliteratosquetrazemde
CoimbraparaLisboaaboémiaeainquietaçãopolíXcaesocialqueculminarianasConferências
DemocráCcas.• Estasconferênciasvisavam:
• alertarparaosváriosproblemasresponsáveispeladecadênciadopaíseseuafastamento
daEuropaculta;
• promoverconferênciassobreasideiasquevigoravamnaEuropa,deformaamodernizaro
paíseagitaraopiniãopública.• Estavamprojetadas20conferências,masapenasserealizaram5,umavezqueoGoverno
mandouencerrarasalaeproibiuarealizaçãodasrestantes,«porofenderemclaraediretamente
asleisdoReino».
• 1ªConferência:OEspíritodasConferências,deAnterodeQuental.Aconferênciainaugural
afirmouanecessidadederegenerarPortugal"pelaeducaçãodainteligênciaepelo
fortalecimentodaconsciênciadosindivíduos".
As Conferências do Casino
As Conferências do Casino
• 2ª Conferência: Causas da Decadência dos Povos Peninsulares, de Antero de Quental. Asegunda conferência apontou como principais causas de decadência do nosso povo oobscuranCsmo do catolicismo pós-tridenCno, que Cnha aniquilado as liberdades locais eindividuais,eapolíCcaexpansionistaultramarina,quehaviaimpedidoodesenvolvimentodapequenaburguesia.
• 4ª Conferência: A Literatura Nova (O Realismo como Nova Expressão de Arte), de Eça deQueirós.Naquartaconferência,EçadeQueirós lançouos fundamentosda suaconceçãodeRealismo,influenciadaporFlaubert,ProudhoneTaine.AlgumascaracterísCcasapontadasporEçanestaconferência:
• anegaçãodaartepelaarte;• aproscriçãodoconvencional,doenfáCco,dopiegas;• aaboliçãodaretóricaoca;• areaçãocontraoRomanCsmo;• aanálisecomoobjeCvodeencontraraverdadeabsoluta;• a anatomia do carácter, a críCca do homem com o objecCvo de disCnguir o falso do
verdadeiro ede condenaroquedenegaCvoa sociedade revela, assumindo-se, assim,comoumadidáCcadecomportamentosocial.
O Realismo e o Naturalismo
“gémeos siameses”
Aspetos comuns:
. Utilização dos mesmos “preceitos científicos”;
. “crença fundamental em que a Arte é, na sua essência, uma representação mimética objetiva da realidade exterior”.
O Realismo e o Naturalismo
“objetividade imparcial” “profundidade analítica”
“«fotografa» com certa isenção a realidade circundante”
“implica uma posição combativa de análise dos
problemas”
“luvas de pelica” “luvas de borracha”
“encara a podridão social [...] numa atitude fidalga [...] deseja
sanar os males sociais, mas sente perante eles profunda
náusea”
“não hesita em chafurdar as mãos nas pústulas sociais e
analisá-las com rigorismo técnico, mais de quem faz ciência do que literatura”
Cf.pp.250-251,ManualOutrasExpressões,PortoEditora
Observação pormenorizada do real, aborda a vida urbana, as diferenças sociais e os vícios
sociais.
Analisa o percurso biográfico da personagem, a in f l uênc ia da educação e da hereditariedade e investiga as causas do adultério, do alcoolismo, da opressão social.