os kamikazes - prof. altair aguilar

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OS KAMIKAZES

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1. A origem da palavra Kamikaze uma palavra japonesa que literalmente pode ser traduzida como vento de Deus ou vento divino. A primeira vez que a palavra se popularizou fora do Japo foi quando o pas do sol nascente foi salvo das tropas do imperador mongol Kublai Khan por um tufo que impediu que o pas fosse invadido no sculo XIII. Entretanto, a palavra ficou mesmo mundialmente conhecida a partir da Segunda Guerra Mundial, quando o termo Kamikaze foi usado para designar os pilotos ou os avies japoneses suicidas que se atiravam sobre os seus inimigos, especialmente atacando navios. 2. Os kamikazes, ao contrrio do que muitos pensam, no eram necessariamente voluntrios. Apesar de haverem voluntrios entre os Kamikazes a maioria desses pilotos se convencia a perpetrar um ataque suicida depois de um rigoroso treinamento, onde eram submetidos a todo tipo de discurso ideolgico, propaganda de guerra e a duras penas e humilhaes caso no se submetessem ao glorioso destino de dar a vida por seu pas e pelo imperador japons. 3. Curiosamente, no Japo, Kamikaze no utilizado no sentido que o resto do mundo d a palavra. O termo no sentido em que conhecemos foi adotado pelos americanos durante a Segunda Guerra Mundial. E hoje em todo o mundo kamikaze tambm tem sido aplicado para designar todo tipo de ataque suicida, aes terroristas como as dos homens bomba, assim como para se referir a qualquer ao que exija sacrifcio, ou seja, arriscada. Neste sentido, o ataque sTorres Gmeas em 11 de setembro de 2001, pode ser entendido como um ataque Kamikaze. No Japo o nome oficial dado aos Kamikazes era na verdade TaiatariTokubetsu Kogekitai, ou na forma contrada Tokotai, que pode ser traduzido como corpo especial de ataques por choque corporal. 4. Os chefes militares japoneses sabiam que o tempo agia contra eles e que a esmagadora superioridade da produo de guerra americana conduzia irremediavelmente derrota do Japo e, tambm, da Alemanha hitlerista. A menos que fossem introduzidas armas novas que revertessem a situao. Em todos os pases em guerra, os cientistas desempenhavam o papel de aprendizes de feiticeiro, envolvidos, entre outros projetos, na fabricao de uma bomba atmica. Mas os de Los Alamos, nos Estados Unidos, estavam confortavelmente mais adiantados que seus "concorrentes" alemes de Hechingen e, ainda mais, dos japoneses do centro nuclear de Hunan, na Coria do Norte. O resultado seria visto em Hiroshima e Nagasaki. 5. Grupo de pilotos kamikazes japoneses em uniforme de vo, em 1945 6. Um kamikaze prestes a se chocar no USS Missouri. 7. Kamikazes, as bombas humanas O culto dos heris sem dvida o mais difundido no mundo desde a Antigidade. Muitas civilizaes tm templos e rituais em homenagem aos "mortos pela ptria". No pas do sol nascente, o Yasukuni jinja, ou "Santurio da nao em paz", receberia as almas dos soldados japoneses mortos em combate. Ele foi construdo emTquio, em 1869, pelo imperador Meiji, vinculado ao xintosmo, a religio do Estado, bastante impregnada pelo militarismo. Na histria de todas as sociedades humanas, os exemplos de gestos hericos ou feitos realizados durante as guerras jamais so esquecidos. No Japo, os atos suicidas (jibaku) eram cometidos muitas vezes em carter individual por soldados carregados com explosivos, que se jogavam sobre as posies inimigas, por aviadores em meio s grandes batalhas aeronavais, tendo na mente o lema banzai "antes a morte que a rendio". Os americanos atribuam essas atitudes ao "fanatismo". 8. O vento dos deuses O nome kamikaze foi inventado em referncia a um episdio histrico conhecido por todos e que acabou associado ameaa de invaso da poca. Em junho de 1281, o imperador mongol Kublai Khan havia lanado uma nova e muito poderosa expedio contra o Japo, que se recusava a pagar-lhe tributos. Uma forte armada de mais de 3 mil navios desembarcou 160 mil conquistadores mongis, chineses e coreanos em Kyushu e nas ilhotas deTakashima e Hirado. Os defensores estavam em deplorvel situao quando, em 15 de agosto, um terrvel tufo dispersou e afundou a esquadra mongol. Essa "interveno" que salvou o Japo ficou na memria coletiva como "o vento dos deuses" (kamikaze). A palavra entrou no Larousse para designar indiferentemente o avio ou o piloto suicida, mas teria, diz-se, sido preservada pelo vocabulrio japons. Em outubro de 1944, a designao oficial eraTaiatariTokubetsu Kogekitai (a contrao Tokotai), que significa "corpo especial de ataques por choque corporal". Falava-se, todavia, kamikaze ou shimpu. 9. Recrutamento e voo A maior parte dos kamikazes eram estudantes recrutados de universidades. O governo anunciava que a deciso de se tornar um suicida era voluntria. No entanto, no era isso que ocorria. Durante o treinamento, espancamentos brutais eram feitos frequentemente por qualquer motivo. No dia em que os soldados eram chamados para anunciar se queriam ser voluntrios, ouviam um discurso patritico e a importncia de se sacrificar pelo imperador. Em seguida, os que se voluntariavam davam um passo a frente, pouqussimos desafiavam a presso das autoridades. Nesses jovens havia a conscincia da qual suas mentes desde criana j aprendiam tal ideologia, bem como um sentimento de culpa enquanto seus compatriotas morriam. O historiador William Gordon (Universidade Wesleyan) afirma que membros do Exrcito e da Marinha "eram apontados como membros de esquadres suicidas sem sequer ter a chance de se tornarem voluntrios. 10. Eram dados aos kamikazes instrues para como procederem, sendo os alvos principais os porta-avies. Durante o momento de mergulhar com o avio no deveriam fechar os olhos, pois poderiam errar o alvo, indo parar na gua. No dia do voo fatal, escreviam poesias, ganhavam um brinde de saqu, levavam a bandeira, amarravam a hachimaki (faixa) e talvez tambm usavam o sennibari (cinto). Em poca de florada carregavam ramos de cerejeira. Ainda levavam uma espada e uma pistola para o caso de fracassarem e poderem se suicidar. Alm do modelo Mitsubishi A6M Zero, outros avies foram usados.Algumas vezes obtinham ajuda de escoltas regulares, mas geralmente tinham de enfrentar os caas estadunidenses que detectavam seus avies pelo radar, e tentavam resistir at poder colidir no convs de um navio. Mitsubishi A6M Zero Misso: Caa Fabricante: Mitsubishi Projetado por: Jiro Horikoshi Primeiro voo: 1 de abril de 1939 Entrada em servio: julho de 1940 Retirado de servio: 1945 (Japo) Produo: 19401945 Fabricados: 11.000 Variante: Nakajima A6M2-N1 11. Viso A ideologia promovida pelo Estado mostrava o culto morte, um incentivo aos pilotos. Os dirios dos pilotos mostrava que eram perturbados com a ideia da morte, e alguns at mesmo contrrios ao sistema poltico do Imprio. No Japo, era divulgado pela imprensa e o governo apenas o que pudesse servir como propaganda, incluindo relatos e testamentos demonstrando o esprito japons, a devoo pelo imperador e poemas de morte mencionando a sakura (flor da cerejeira), smbolo nacional. A antroploga Emiko Ohnuki-Tierney (Universidade doWisconsin-Madison) nega comparaes com homens-bomba islmicos, defendendo que eram recrutados como parte dos soldados daquela nao que recebiam ordens para morrer e no tinham como alvo civis.1 Nos Estados Unidos, as primeiras reportagens sobre os kamikazes vieram em abril de 1945 aps a censura ocasionada pelos militares. A imprensa moldou a imagem de fanticos. 12. Primeira misso Kamikaze. Hiroyoshi Nishizawa escoltou os pilotos que relizaram este 1 ataque Kamikaze em 25 de Outubro de 1944. Hiroyoshi Nishizawa 13. Hiroyoshi Nishizawa a bordo de um Mitsubishi A6M3 Zero modelo 22 em maio de 1943 14. Yokosuka MXY-7 Ohka: a "bomba voadora Kamikaze" desenvolvida pelo Japo. 15. Ataque Kamikaze ao USS Essex em 25 de Novembro de 1944. St. Lo explode aps ataque Kamikaze. 16. Porta- avies britnico HMS Formidable aps o ser atingido por trs Kamikazes. Ele resistiu ao ataque. 17. O primeiro ataque suicida coordenado foi uma iniciativa isolada dos pilotos de nove avies Zeros e de oito bombardeiros torpedeiros que decolaram de Iwo Jima em 8 de julho de 1944 (ou 20 de junho, segundo outras fontes); 12 foram abatidos pelos Hellcats americanos, mas cinco outros retornaram base. Em 15 de outubro, o gesto do almirante MasabumiArima, que mergulhou com uma esquadrilha ao encontro da frota invasora nas costas das Filipinas, espatifando-se contra um porta-avies americano, agitou os nimos. 18. Tratava-se de uma deciso pensada, refletida, tomada com toda a liberdade, apoiada por uma "pesquisa espiritual" alimentada pelo ideal xintosta (promovido a religio nacional), associada divinizao do imperador e ao bushido (o caminho do guerreiro) ou mesmo a uma das escolas da sabedoria budista. Com referncias, no entanto, aos velhos mitos lembrados pelos militaristas e pelos ultranacionalistas do governo. Um deles foi o de Amaterasu Omikami, deusa do sol e da origem da dinastia imperial, invocada como protetora dos kamikazes. Enfim e sobretudo, a tradio do sacrifcio e da morte voluntria, escolhida e no impingida, tinha ainda um grande fascnio. Maurice Pinguet escreveu: "Como os pilotos sabiam que morreriam cedo ou tarde num combate desigual, era prefervel escolher uma morte mais rpida, porm mais eficaz. A esses homens no era prometida, a propsito, nenhuma recompensa, nenhum paraso, logo eles no esperavam nem mesmo a vitria. Nada embotava para eles o fio cortante da morte". 19. Cerca de 2.525 pilotos morreram em ataques Kamikaze, causando a morte de 4.900 soldados aliados e deixando mais de quatro mil feridos. O nmero de navios afundados controverso. A propaganda japonesa da poca divulgava que os ataques conseguiram afundar 81 navios e danificar outros 195. A Fora Area Americana alega que 34 barcos afundaram e 368 ficaram danificados 20. Um dos mais bem sucedidos ataques de tropas kamikaze aconteceu dia 25 de novembro de 1944, onde vinte e sete caas bombardeiros convergiam para a fora - tarefa inimigos e um grupo de seis Zero que procuravam demais avies de seu grupo avistaram e atacaram um grande porta avies, o Essex e o navio Independence. 21. Os historiadores japoneses afirmam que os ataques areos contra tropas coordenadas que estavam em movimento atingiam uma eficincia de apenas 10%, com a criao dos pilotos kamikaze essa porcentagem passou para 30%, ndice considerado como bom aumento para a poca. Estudos dizem que foram 2.525 pilotos mortos em misses kamikaze, mas historiadores garantem que esse nmero pode passar dos 3.000 mortos, pois muitas delas no foram divulgadas e catalogadas na poca. 22. A Fora Area Imperial Japonesa chegou a desenvolver avies especialmente para este tipo de batalha e o seu principal objetivo era infligir as enormes baixas que ocorreram nas foras areas aliadas ao decorrer da Guerra para que no houvessem ataques contra eles prprios. 23. Ao trmino da Guerra o vice almiranteTakijiro Onishi , criador da operao kamikaze e vice chefe do Estado Maior Geral da Marinha preferiu a morte por hara kiri (ato de cortar a prpria barriga em forma de pedir desculpas por seus erros, escapar da desonra de sua famlia e da ptria e arrumar perdo para seus amigos e principalmente para provar sua sinceridade). Aps o suicdio deTakajiro a era dos pilotos kamikaze chegava ao fim, porm suas histrias e seu legado ficaram marcados na histria do Japo at hoje e um assunto pouco comentado pelo pas e pelo mundo em considerao as famlias e aqueles que no obtiveram escolha entre a vida e a morte. 24. Prof. Altair Aguilar