os estabelecimentos rurais de menor porte sob gestão familiar e a estratégia institucional da...
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Os estabelecimentos rurais de menor porte sob gestão familiar e a estratégia institucional da Embrapa: diversidade social, dinâmicas
produtivas e desenvolvimento tecnológico(Primeira reunião de pesquisadores do projeto)
"Qual o estado atual e o futuro da agricultura familiar no Brasil?”
(O caso do Nordeste Semiárido)
Pedro Carlos Gama da SilvaEmbrapa Semiárido
Brasília, 20 de fevereiro de 2013
Zoneamento Agroecológico do Nordeste - ZANE
NORDESTE, NORDESTES: QUE NORDESTE? (Araújo,2000)
•Grande diversidade agroecológica e socioeconômica.•Clima: árido, semiárido, subúmido, úmido. •Precipitação: 256 a 2.200 mm/ano.•Grande heterogeneidade econômica.•Convivência de espaços de modernização intensa com estruturas tradicionais.•Estrutura fundiária fragmentada e ao mesmo tempo concentrada.•Participação relativa da agropecuária no total do PIB regional em declínio.•Elevado índice de pobreza.
NORDESTE BRASILEIRO
ESTRUTUESTRUTURA FUNDIÁRIA FRAGMENTADA E AO MESMO TEMPO CONCENTRADA
Abrangência: 8 estados do Nordeste e o Norte MG.
Área: 969.589,3 km² (1.133 municípios) .
População: 22 milhões habitantes (2007). Taxa de crescimento populacional em declínio.
Balanço hídrico: negativo no durante a maior parte do ano.
Heterogeneidade: ambiental, social, econômica e cultural.
Produto per capita. Em queda em relação ao Nordeste.
Fenômeno recorrente das seca. Problema econômico e social agudo.
Elevado índice de pobreza. Degradação dos recursos naturais.
SEMIÁRIDO BRASILEIRO
• Atividades produtivas ficaram a margem do processo de integração produtiva da economia brasileira, que consolidou o mercado interno nacional;
• Acirramento da concorrência com outras regiões agrícolas e a crise das atividades agrícolas tradicionais (algodão, pecuária);
• Quebra gradativa da rigidez das velhas estruturas econômico-sociais calcadas no tripé gado/algodão/policultura;
• Retração generalizada da produção agrícola tradicionais nos espaços dominados pelo complexo pecuária/agricultura de sequeiro;
• Atividades econômicas não geram mais renda que atendam as expectativas de consumo da população rural;
• Geração de formas perversas de miséria, antes desconhecidas, associadas ao desemprego, violência, insegurança, drogas e dependência dos programas de transferência de renda no Brasil;
• Reestruturação produtiva e os “novos” arranjos produtivos locais (apicultura, caprinocultura, bovinocultura de leite).
SEMIÁRIDO BRASILEIRO
• A modernização é restrita e seletiva. Permanência de estruturas Tradicionais;
• A modernização da base técnica não foi acompanhada de mudanças na
estrutura fundiária.
• Inadaptação dos padrões tecnológicos preconizado pela paradigma da revolução verde no semiárido;
• Reduzido conhecimento sobre as potencialidades da região, aliada ao preconceito e desinformação sobre a realidade sertaneja do nordeste brasileiro;
• Falso postulado da inviabilidade socioeconômica e ambiental do semiárido, em parte da opinião pública e da comunidade científica, do tipo “economia sem produção”.
SEMIÁRIDO BRASILEIRO
DESAFIOS PARA AS INSTITUIÇÕES DE PESQUISA PARA O SEMIÁRIDO
• Necessidade de outra modernização da agricultura baseada na realidade do semiárido (riscos climáticos, ambientais e econômicos, déficit hídrico): necessidade de inovações;
• Necessidade de investimento em pesquisa aplicada para conhecer melhor os recursos naturais, os sistemas produtivos e definir manejos adequados para produzir e preservar;
• A agricultura do semiárido exige um padrão de inovação tecnológica própria (manejo de solo e água, cultivo de variedades adaptadas à sazonalidade das chuvas e ao déficit hídrico, entre outras práticas);
• A centralidade do tema da segurança hídrica e revitalização de bacias hidrográficas, do bioma caatinga e das cadeias produtivas da sociobiodiversidade, entre outros;
• Necessidade de nova forma de produção de conhecimento com a valorização do conhecimento acumulado pela população rural.
DESAFIOS DA PESQUISA PARA O SEMIÁRIDO
• Aprofundar os estudo para desvendar as realidades agrárias do semiárido;
• Analisar as estratégias de resiliência dos estabelecimentos rurais frente as adversidades econômicas e climáticas, principalmente, diante os recorrentes fenômenos da secas.
• Analisar a diversidade de estratégias produtivas e de reprodução da estrutura familiar nos estabelecimentos de pequeno porte.
• Analisar qual o atual destino dos estabelecimentos rurais de pequeno porte e as chances de sua manutenção na atividade agrícola;
• Analisar as possibilidades de viabilização econômica dos estabelecimentos de pequeno porte;
• Identificação de iniciativas e oportunidades econômicas e comerciais que favorecem a permanência dos produtores nessas atividades;
• Analise dos diferentes caminhos para saída da pobreza pela diversificação da produção e da renda pelos membros da família e os impasses sociais decorrentes da sua marginalização.
“A partir de meados da década de 1970, (...) surgiu e ganhou corpo uma visão lastreada em concepções redentoristas e salvacionistas, besuntadas com doses de pensamento humanista. Os adeptos de ambas posições e (....) pelos pensamentos com os quais se investem e pelas práticas que adotam, chegam ao ponto de desconsiderar completamente o que pensa, sente e faz a gente que habita a Caatinga e lhe atribui identidades denominações estranhas e genéricas, como agricultores familiares, sertanejos, camponeses. Não atentam para as formas como os habitantes da Caatinga se veem, se definem, se reconhecem. Se se perguntar a qualquer pessoa com vínculos fortes com a Caatinga, qual o nome adequado para denominar os habitantes desse chão, a resposta virá: “É Caatingueiro”. (... )Ora, ao negarem-lhe o nome, negam também a sua especificidade. (... )Preferem, os adeptos das posições e visões aqui referidas, criar uma realidade arbitrária e caracterizá-la como real, agir como o trator, como redentores, armados com pacotes tecnológicos, com discursos inconsistentes e inconsequentes, para detonar uma construção social que está completando quatrocentos anos de história” (Lopes , 2012). Caatingueiro e Caatinga: A agonia de uma cultura
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