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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

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AÇÕES PEDAGÓGICAS VOLTADAS À CONSCIENTIZAÇÃO DA COMUNIDADE

ESCOLAR QUANTO AO DESTINO DOS RESÍDUOS DOMÉSTICOS.

Sueli de Fátima Canato Santinelo1

Yolanda Shizue Aoki2

RESUMO

A Educação Ambiental é um processo educacional que trata das questões ambientais, além dos problemas socioeconômicos, políticos, culturais e históricos. Sua aplicação tem a intenção de auxiliar na formação dos alunos para o exercício consciente da cidadania. A escola é um dos locais indicados para promover a conscientização ambiental por meio da ligação das questões ambientais com as socioculturais. A partir desse enfoque, o presente projeto objetivou conscientizar os educandos do 1º Ano do Ensino Médio quanto ao destino dos resíduos domésticos e da degradação ambiental em decorrência do lixo produzido. A aplicação do princípio dos 6R‟s: respeite, recuse, reduza, reutilize, recicle e repense busca a massificação das mudanças comportamentais necessárias para a preservação ambiental. Para a execução do projeto adotou-se a metodologia da pesquisa descritiva, sendo dividido em sete momentos contextualizados, facilitando assim, manter a atenção dos alunos e ajudando-os a assimilar o conteúdo. Essas etapas foram compostas por atividades diversas, desde análise de textos e filmes, pesquisa na comunidade, confecção de cartazes, palestras até visitas técnicas ao Aterro Sanitário, à Cooperativa de Catadores – COOPERVAÍ e GOES – Grupo Gotas de Esperança. A avaliação dos alunos e do projeto analisa os resultados das atividades, incluindo criatividade e interação durante as palestras e visitas técnicas.Essa análise evidenciou que os estudantes sabem das consequências do consumismo e também da importância da prática da reciclagem, reutilizando o que pode ser reaproveitado, apontando inúmeros aspectos positivos e da relevância da prática do princípio dos 6R‟s e que ações como essas, contribuem para uma educação voltada para a cidadania. Palavras-chave: Reciclar; Reutilizar; Conscientização; Princípio dos 6R‟s.

I- INTRODUÇÃO

O presente trabalho é parte do Programa de Desenvolvimento Educacional

do Paraná desenvolvido pela Secretaria Estadual da Educação do Estado do

1Professora da Rede Estadual de Ensino do Paraná. E-mail: [email protected].

2Orientador PDE da Universidade UEM. E-mail:[email protected]

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Paraná. Partindo da premissa de que é necessário realizar reflexão e promover

melhor conscientização dos alunos sobre o processo de “coleta seletiva” para

reciclagem. Aproposta trata sobre a questão socioambiental com os alunos do 1º

ano do Ensino Médio, na disciplina de Geografia, teve porobjetivo aprofundar

estudos sobre o meio ambiente partindo do espaço de vivência do aluno, nas suas

residências, nas escolas e posteriormente na comunidade, com apoio da autoridade

municipal. E, é nesse espaço que estabelecem as relações sociais, econômicas e

culturais e que são reflexos de uma organização maior nas diferentes escalas.

A temática ambiental não é apenas uma preocupação atual nas diferentes

esferas sociais, pois ela vem sendo discutida ao longo da história em diferentes

momentos, gerando documentos e norteando ações de extrema importância,

principalmente no que se diz respeito às ações pedagógicas e na formação cidadã.

Almeida e Rigolin (2003), afirmam que o homem se tornou menos

dependente das condições naturais a partir da Revolução Industrial e especialmente,

da Revolução Técnico-científico informacional, pois promoveram modificações no

meio, que levaram a mudanças profundas no seu modo de vida. Com o

desenvolvimento de técnicas para vencer os obstáculos naturais e explorar os

recursos que o meio ambiente lhe oferece, surgem também, os grandes problemas

ambientais, como a produção e oacúmulo de lixo.

Nesse sentido, James (1997, p.10) destaca que:

Vivemos numa sociedade que consome, ou usa muitos recursos. É a chamada “sociedade de consumo”, existentes nos países capitalistas. Esses países desenvolveram um estilo de vida que exige muitos produtos, como carros, televisores, móveis, refrigeradores e cosméticos. Esse estilo de vida consome muitos recursos naturais.

A sustentabilidade humana, portanto, nesse momento assume grande

relevância, pois as produções de alimentos e bens de consumo se intensificaram

para dar suporte a uma população mundial em franco crescimento exponencial.

Basta olhar aoredor e ver como o homem interfere no espaço geográfico, a partir de

suas atividades cotidianas, sendo, portanto,de extrema importância a formação de

uma consciência coletiva, em a melhoria da qualidade de vida dependa diretamente

da melhor qualidade ambiental.

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Atualmente, grande parte dos desequilíbrios ambientais está relacionada à

produção da sociedade capitalista que promove apelos consumistas e

consequentemente, o uso insustentável dos recursos naturais bem como o consumo

desenfreado das pessoas, ocasionando desperdícios. Percebe-se então, que pouco

adiantará recursos tecnológicos de controle ambiental de última geração, se as

pessoas não refletirem sobre o seu comportamento quanto ao consumo de

mercadorias e seu descarte adequado.

O trabalho educacional é, sem dúvida, um dos mais urgentes e necessários

meios para minimizar essa degradação ambiental, que põe em risco a saúde não só

das pessoas como também do planeta.Acredita-se que, para alcançar o

compromisso dos educandos em relação à qualidade ambiental é necessário que os

mesmos façam parte integrante desse processo, colocando em prática os princípios

básicos dos 6R‟s (respeite, recuse, reduza, reutilize, recicle e principalmente

Repense).

Assim, no desenvolvimento do projeto procurou conscientizar os alunos do

1º Ano do Ensino Médiosobre a importância do conhecimento e do interesse quanto

à preservação do meio, do descarte adequado dos resíduos sólidos bem como

necessidade da reciclagem e do reaproveitamento das embalagens, oportunizando

que os educandos proponham ações que contemplem a sustentabilidade ambiental,

social e econômica.

II- EDUCAÇÃO PARA A SUSTENTABILIDADE

A intensa produção industrial ocasionada pelo crescente consumismo nos

leva a um momento histórico marcante para a humanidade, em que a busca por

comodidade, rapidez e agilidade nos processos cotidianos levam as sociedades

mundiais ao consumo compulsivo, desordenado e inadequado. Muitas vezes se

valoriza o descartável, ocasionando assim a produção excessiva de lixo, que

promove alterações significativas no espaço geográfico. Essas alterações que

modificam profundamente o meio exigem do ser humano, mais do que nunca ações

e medidas preventivas e protetoras para o mesmo.

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Vesentini(2003, p. 64), destaca que “as sociedades dos países capitalistas

desenvolvidos são comumente chamadas de sociedade do consumo. Nessas

sociedades existe uma cultura de usufruir de forma intensa.” As empresas globais

investiram na inovação técnica e científica e no processo de “obsolescência

programada”. A velocidade de lançamento de novos produtos, novos modelos tem

aumentado consideravelmente. Esse fato leva inegavelmente a um elevado

desperdício, pois os produtos “antigos” são descartados pelos consumidores ávidos

de novidades e provoca poluição.

O Brasil segue a tendência mundial em relação ao consumo, e produz cada

vez mais resíduos descartáveis, sendo que grande parte desse material ainda é

transportada para os lixões e aterros sanitários. Mesmo havendo legislação

específica regulamentando a destinação dos resíduos, promover a destinação

adequada dos resíduos domésticos e industriais constitui um dosgrandes desafios

para o poder público e para a população.

No início da década de 1970, os movimentos ambientalistas e as discussões

sobre um modelo de desenvolvimento menos ofensivo ao meio ambiente, surgiu a

ideia de Desenvolvimento Sustentável. E,as problemáticas ambientais passaram a

fazer parte das questões norteadoras de debates desenvolvidos durante as

Conferências, entre os líderes mundiais.De acordo com Bertéet al (2012), a criação

do Documento Agenda 21 é a mais completa tentativa de orientação para um novo

modelo de desenvolvimento para o século XXI e tem como alicerce o esforço

simultâneo da sustentabilidade ambiental, social e econômica.

Dessa forma, recorrendo aos documentos da Agenda 21 (2001, p.18) nota-

se que a preocupação com a mudança de paradigma é fundamental, pois:

A pobreza e a degradação do meio ambiente estão estreitamente relacionadas. Enquanto a pobreza tem como resultado determinados tipos de pressão ambiental, as principais causas da deterioração ininterrupta do meio ambiente mundial são os padrões insustentáveis de consumo e produção, especialmente nos países industrializados. Motivo de séria preocupação, tais padrões de consumo e produção provocam o agravamento da pobreza e dos desequilíbrios.

Vale lembrar que os desafios para a consolidação de sociedades sustentáveis

passam pela reavaliação do papel que a educação assume na formação de agentes

promotores de novos paradigmas de relacionamentos e convivência social.

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Para Bertéet al (2012) é a partir da capacidade de aprender com o outro que

uma sociedade torna-se capaz de superar impasses e promover hábitos e

comportamentos sustentáveis. Assim, os autores salientam que essas capacidades

podem ser fortalecidas por meio de ambientes educativos que estimulem jovens e

crianças a assumirem práticas e comportamentos inspirados em valores como

amizade, respeito. Liberdade, paz e cooperação justificando a mudança do conceito

de educação ambiental, o convencionou chamar de “educação para a

sustentabilidade”.Em resumo, Bertéet al (2012) destacam que é tarefa da educação

promover e apoiar a capacitação de recursos humanos para preservar, conservar e

gerenciar o ambiente, como parte do exercício da cidadania local e planetária,

configurando-se como uma educação voltada à sustentabilidade

Já, Jacobi (2003) considera quea educação para a cidadania representa a

possibilidade de motivar e sensibilizar as pessoas para transformar as diversas

formas de participação em potenciais caminhos de dinamização da sociedade e de

concretização de uma proposta de sociabilidade baseada na educação para a

participação. Então, o referido autor destaca que atualmente o desafio de fortalecer

uma educação ambiental convergente e multirreferencial é prioritário para viabilizar

uma prática educativa que articule de forma incisiva a necessidade de se enfrentar

concomitantemente a degradação ambiental e os problemas sociais.

A educação ambiental no dia-dia das pessoas é voltada para o exercício de

cidadania e também com o mesmo propósito, a educação formal, em especial, o

ensino de geografia, o educador deve possibilitar ao aluno, maior compreensão das

dinâmicas ambientais.

Além disso, segundo informam Torres et al.: (2009, p.122)“Atualmente a

sociedade tem tido cada vez mais contato com informações das mais variadas

fontes, a respeito da reciclagem e da importância da preservação e da conservação

do meio ambiente”.

Mesmo com a grande quantidade de informações disponibilizadas a todos,

as ações realmente efetivaspara a redução da utilização dos recursos naturais e do

descarte correto dos resíduos não são implementadas de forma generalizada.

Notamos, no cotidiano, esforços e ações pontuais que minimizam de forma muito

modesta os impactos ambientais.

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Desse modo, vale lembrar que educar para a cidadania não é uma tarefa fácil

nos moldes atuais do ensino. Assim, a educação para a sustentabilidade deve ser

desenvolvida de modo interdisciplinar, pois com a parceria e a consequente troca de

informações entre os docentes das diversas áreas do conhecimento, as práticas

para uma escola sustentável tornam-se muito mais fáceis de serem desenvolvidas,

com a participação e o trabalho de toda equipe escolar.

2.1 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL 2.1.1 Histórico

A preocupação com a qualidade ambiental vem crescendo com a evolução

da sociedade, à medida que os problemas se tornam cruciais e exigem soluções,

algumas destas soluções surgidas a partir de iniciativas da Educação Ambiental,

desenvolvidas principalmente a partir da década de 1970.

Para Pádua e Tabanez (1998), a educação ambiental propicia o aumento de

conhecimentos, mudanças de valores e aperfeiçoamento de habilidades, bem como

condições básicas para estimular maior integração e harmonia dos indivíduos com o

meio ambiente.

A partir da década de 1970, cientes de que a degradação ambiental

ultrapassava os limites das ações isoladas, diversas nações resolveram unir forças

na busca de soluções. Nesse sentido, Reigota (1996) afirma que um dos primeiros

documentos a esse respeito foidiscutido no Clube de Roma e que o principal mérito

destes debates foi colocar o problema ambiental em nível planetário.

Conforme consta nos Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998),

em 1972, na Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente Humano,

realizada em Estocolmo, foram estabelecidos o “Plano de Ação Mundial” e a

“Declaração sobre o Ambiente Humano”, aparecendo pela primeira vez como foco, a

importância de ações educativas nas questões ambientais.

Nessa Conferência de Estocolmo, as discussões apontaram que a

degradação ambiental estava relacionada com problemas políticos, econômicos e

sociais, resultantes da cultura humana e que, para se resolver os problemas

ambientais, era preciso mudar valores e unir ações. E, conforme Reigota (1996), a

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proposta recomendavaeducar o cidadão para a solução dos problemas ambientais,

que não deveria se pautar por uma educação restrita às escolas (formal),

multidisciplinar que transmite conhecimentos, para que os alunos os reproduzam,

mas, uma educação interdisciplinar e até transdisciplinar, formada de pessoas

críticas sensibilizadas com questões ambientais e sociais.

A Educação Ambiental (EA) emerge, então, como a solução para os

problemas ambientais ou na sensibilização da população a estes problemas.

Reigota (1996, p. 53) chega a afirmar que “(...) nos últimos anos ocorreu o boom da

educação ambiental, tornando-a um modismo que confunde os seus praticantes e

usuários e muitas atividades exóticas têm sido chamadas de educação ambiental.”

Pode-se afirmar que a Organização para a Educação, a Ciência e a Cultura

das Nações Unidas (UNESCO) foi responsável pela divulgação e realização dessa

nova perspectiva educativa e promoveu mais três conferências internacionais em

Educação Ambiental: a Conferência de Belgrado em 1975, a Conferência de Tbilisi

em 1977 e Conferência de Moscou em 1987.

Nos documentos da Agenda 21 (2001), elaborados e acordados com os

chefes de Estados de 178 nações, perante a Organização das Nações Unidas

(ONU) no Rio de Janeiro durante o evento Eco 92, destacam-se ações ambientais,

principalmente de preservação e de recuperação do meio em um contexto global.

Nesse momento histórico, as discussões sobre a gestão de recursos, principalmente

hídricos, já se pautavam entre os meios importantes. E, a aprovação da chamada

Agenda 21como forma de implementar essas ações em todas as escalas, do

planetário ao local.

2.1.2 Educação Ambiental no Brasil

Atualmente, com a crescente urbanização, procedimentos de globalização e

com os limites de suporte do meio físico, Fracalanzaet al (2005) afirmam que a

capacidade dos países considerados em desenvolvimento, inclusive o Brasil, de

oferecer serviços básicos (habitação, saneamento, saúde e transportes, dentre

outros) não acompanha as demandas da população excluída desses serviços.

Assim, ainda de acordo com os autores mencionados, não somente temos a

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necessidade de adequadas políticas de inclusão social, mas também se torna

urgente a busca de alternativas educacionais que propiciem o desenvolvimento de

uma percepção abrangente da questão ambiental, proporcionando a compreensão

das inter-relações dos diferentes aspectos que envolvem a realidade, sejam eles

físicos, humanos, econômicos, sociais, políticos e culturais.

Nesse sentido, desde a segunda metade dos anos 1990, o Brasil vem

realizando esforços por intermédio da criação e implementação de diretrizes e

políticas públicas no sentido de promover e incentivar a educação ambiental no

ensino fundamental.

Conforme preconiza alegislação relacionada à Política Nacional de Educação

Ambiental (Lei nº 9795/99 e Decreto nº 4281/02), a temática ambiental deve permear

todo o processo de escolarização, incluindo também o Ensino Superior desde a

graduação até a pós-graduação. Mais do que tudo,

cabe à universidade a responsabilidade social de participar desse processo preparando quadros que possam conduzir o estudo adequado da problemática ambiental, com o objetivo de suprir tanto a comunidade interna quanto a externa de conhecimentos que despertem nelas o desejo e o incentivo para participarem da defesa do ambiente e da promoção de uma adequada Educação Ambiental. (FRACALANZA et al, 2005, p. 2).

E, segundo informações do Ministério do Meio Ambiente (2008), o triênio

1997-1999 foi marcado por importantes avanços na legislação ambiental, com

reflexos na área educativa, com a definição da Política Nacional do Meio Ambiente

(PNEA) que reafirma os princípios estabelecidos nas conferências internacionais,

dos quais o Brasil foi signatário. Nesse sentido,

(...) “a educação ambiental será desenvolvida como uma prática educativa integrada, contínua e permanente em todos os níveis e modalidades do ensino formal”, reforça o artigo 10 da Lei do PNEA – Política Nacional de Educação Ambiental. O artigo seguinte recoloca recomendações já presentes nos Parâmetros e Diretrizes Curriculares Nacionais, sobre como isso deve acontecer: não será disciplina à parte, mas em todas como tema transversal (ou transdisciplinar), inter e multidisciplinar (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2008, p. 37).

Loureiro eCossio(2007)destacam que desde de 2001, houve um aumento

significativo do número de escolas que informavam realizar alguma forma de ação

ligada à educação ambiental:

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O processo de expansão da educação ambiental nas escolas de ensino fundamental foi bastante acelerado: entre 2001 e 2004, o número de matrículas nas escolas que oferecem educação ambiental passou de 25,3 milhões para 32,3 milhões. Em 2001, o número de escolas que ofereciam educação ambiental era de aproximadamente 115 mil, 61,2% do universo escolar, ao passo que, em 2004, esse número praticamente alcançou 152 mil escolas, ou seja, 94% do conjunto. O fenômeno de expansão da educação ambiental foi de tamanha magnitude que provocou, de modo geral, a diminuição de diversos tipos de desequilíbrios regionais. (LOUREIRO; COSSIO, 2007, p. 59).

E, para viabilizar o preconizado na legislação ambiental, eresultado de

discussões realizadas em 2004, foi lançado em 2005, o ProNEA- Programa Nacional

de Educação Ambientalque apresenta as diretrizes, a missão e os princípiosque

orientam as ações do PNEA:

(...) e tem como eixo orientador a marca institucional do atual governo: "Brasil, um País de todos". Suas ações destinam-se a assegurar, no âmbito educativo, a integração equilibrada das múltiplas dimensões da sustentabilidade - ambiental, social, ética, cultural, econômica, espacial e política - ao desenvolvimento do País, resultando em melhor qualidade de vida para toda a população brasileira, por intermédio do envolvimento e participação social na proteção e conservação ambiental e da manutenção dessas condições ao longo prazo. Nesse sentido, assume também as quatro diretrizes do Ministério do Meio Ambiente (publicado na página do

Ministério do Meio Ambiente,2014)

Conforme destaca a publicação do Ministério do Meio Ambiente (2005) o

documento está sintonizado com o “Tratado de Educação Ambiental

paraSociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global” e ressaltar que o ProNEA

é um programa de âmbito nacional, e que todos os segmentos sociais e esferas de

governo devem ser corresponsáveis pela sua aplicação, execução, monitoramento e

avaliação.

2.1.3 Educação Ambiental no Contexto Escolar

A escola é um dos locais mais indicados para promover a conscientização

ambiental a partir da conjugação das questões ambientais com as questões

socioculturais. Assim, as ações educacionaisdevem proporcionar práticas que

possam: contemplar a busca de solução para os problemas ambientais mais

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urgentes vividos pelas populações bem como mostrar os limites e as possibilidades

de mudanças para a melhoria da qualidade de vida, conforme destacaram

Fracalanza et al.(2005).

A Educação Ambiental (EA) quando aplicada no âmbito escolar, segundo

Gerberet al. (2009, p. 28)

(...) além de ser um processo educacional das questões ambientais, alcança também os problemas socioeconômicos, políticos, culturais e históricos pela interação que possui com o meio ambiente. Sua aplicação tem a extensão de auxiliar na formação dos alunos, desenvolvendo hábitos e atitudes sadias de conservação e respeito ambiental, transformando-os em cidadãos conscientes, de maneira que rompe com o ensino tradicional, pela sua abrangência, incrementa a participação de todos os professores alunos e a comunidade.

A partir de 2004 são desenvolvidos, conforme destacado

anteriormente,estudos sobre os processos da educação formal num contexto

estadual. Durante esses estudos e discussões que envolveram os professores da

Rede Estadual, foram criadas as Diretrizes Curriculares da Educação Básica, que

norteiam e fundamentam o trabalho pedagógico na rede de ensino do Estado do

Paraná.

As Diretrizes Curriculares da Educação Básica (PARANÁ, 2008) enfatizam,

no componente curricular de Geografia, a importância em se trabalhar os conteúdos

de forma crítica e dinâmica, interligando os mesmos com a realidade próxima e

distante dos alunos. Como consta no referido documento, o processo de apropriação

e construção dos conceitos fundamentais do conhecimento geográfico se dá a partir

da intervenção intencional própria do ato docente.

Para Fracalanzaet al (2005), porém, a realização de práticas de Educação

Ambiental, no âmbito da educação escolar, entre outros aspectos, depende de uma

adequada formação de profissionais, de professores bem como do acesso às

informações sistematizadas disponíveis de produção acadêmica e científica.

2.2 AÇÕES QUE PODEM MUDAR O PARADIGMA AMBIENTAL:COLETA

SELETIVA

Para evitar tanto desperdício e contaminação do solo, é necessária uma

melhor conscientização sobre a utilização dos recursos ambientais, levando a

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sociedade a compreender que um dos maiores problemas que gera a poluição é o

consumo exagerado.

Segundo James (1997, p.10):

Vivemos numa sociedade que consome, ou usa muitos recursos. É a chamada “sociedade de consumo”, existentes nos países capitalistas. Esses países desenvolveram um estilo de vida que exige muitos produtos, como carros, televisores, móveis, refrigeradores e cosméticos. Esse estilo de vida consome muitos recursos naturais.

Diz também, Fiorillo (2009, p.257), “lixo e consumo são fenômenos

indissociáveis, porquanto o aumento da sociedade de consumo, associado ao

desordenado processo de urbanização, proporciona maior acesso aos produtos”.

Ainda segundoFiorillo (2009, p.257):

Dessa forma, o lixo urbano atinge de forma mediata e imediata os valores relacionados com saúde, habitação, lazer, segurança, direito ao trabalho e tantos outros componentes de uma vida saudável e com qualidade. Além de atingir o meio ambiente urbano, verificamos que o lixo é um fenômeno que agride também o próprio meio ambiente natural (agressão do solo, da água, do ar), bem como o cultural, desconfigurando valores estéticos do espaço urbano.

Mas, para minimizar, Sabetai (2003, p.33) afirma que, a atividade da

reciclagem do lixo chega a movimentar recursos da ordem de uma centena de

bilhões de dólares em países como Estados Unidos, a maior parte da Europa e o

Japão. No Brasil, também é de ordem de bilhões de dólares a magnitude dos

interesses econômicos envolvidos na questão da reciclagem.

Quanto à coleta seletiva e posteriormente a reciclagem, tem um trabalho a

se desenvolver na questão dos resíduos sólidos, principalmente quando se trata da

reciclagem de resíduos plásticos.

Segundo comentários de Sabetai (2003, p.223), “a contribuição do plástico

para a viabilidade econômica da reciclagem de lixo em geral, é potencialmente muito

elevada, sobretudo em função da economia de matéria-prima que proporciona”.

Conforme destaca Vilhena (1999), os plásticos são materiais de enorme

utilidade, mas eles não se decompõem facilmente e é difícil separar seus diferentes

tipos, para posterior reciclagem. Entre os diversos tipos de plásticos, existem os

rígidos e os flexíveis e esses mesmos se subdividem em aproximadamente 6 novos

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tipos de classificações diferentes, segundo consta no Guia da Coleta Seletiva de

Lixo da CEMPRE (Compromisso Empresarial para Reciclagem).

Os plásticos são leves, resistentes, não enferrujam, nem apodrecem. Com

eles são feitos vários objetos como podemos citar alguns exemplos: sacolas

plásticas de supermercados e outros estabelecimentos, eletrodomésticos, garrafas

de refrigerantes, alimentos envolvidos por plásticos e etc.

Segundo Rodrigues e Cavinatto (1997, p.67), o plástico é derivado do

petróleo, “A palavra petróleo significa „óleo de pedra‟, por ser uma substância

encontrada no interior das rochas, nas camadas subterrâneas do solo, de onde é

retirada através de sondas profundas. Sua formação ocorre lentamente, durante

milhões de anos, a partir de restos animais e vegetais”.

Atualmente, na fabricação de embalagens plásticas utiliza-se o equivalente à

quarta parte de toda a produção mundial de material sintético. O consumo excessivo

de todos esses subprodutos poderá levar à exaustão das reservas de petróleo hoje

conhecidas. Embora existam depósitos ainda não explorados, sabemos que as

fontes disponíveis na natureza são limitadas, sem possibilidade de reposição

durante muitos séculos.

2.2.1 Princípio da Coleta Seletiva

A coleta seletiva é uma metodologia que objetiva minimizar o desperdício de

matéria prima, e a reciclagem, a forma mais racional de gerir os resíduos sólidos

urbanos, pois, segundo Calderoni (1996), ela na sua essência, é uma maneira de

educar e fortalecer nas pessoas o vínculo afetivo com o meio ambiente, despertando

o sentimento do poder de cada um para modificar o meio em que vivem.

O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), órgão ligado ao

Ministério do Meio Ambiente (MMA), por meio da Resolução 275/2001, dispõe que a

reciclagem de resíduos deve ser incentivada, facilitada e expandida, para reduzir o

consumo de matérias-primas, recursos naturais não renováveis, energia e água.

Enfatiza, também, a necessidade de reduzir o crescente impacto ambiental

associado à extração, à geração, ao beneficiamento, ao transporte, ao tratamento e

à destinação final de matérias-primas, provocando o aumento de lixões e aterros

sanitários (BRASIL, CONAMA, 2001).

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No Paraná, no Programa da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e

Recursos Hídricos (SEMA, 2011), a coleta Seletiva está baseada em um documento

universal, a Agenda 21, que é a proposta mais consistente para alcançar o

desenvolvimento sustentável de forma a continuar desenvolvendo os países e as

comunidades sem destruir o meio ambiente e bem como promover maior justiça

social.

A coleta seletiva por si só não trará os resultados esperados, porém se

estiver alicerçada sobre um componente fundamental, a Educação Ambiental, terá

êxito. Assim, o principal objetivo da coleta seletiva é o encaminhamento dos

materiais para indústrias de reciclagem, o que evita que a disposição destes, venha

a ocorrer em lixões e aterros sanitários (BRASIL, 1992).

2.2.3 Princípios dos 6R’s

O excesso de produção de bens de consumo pela humanidade associada à

escassez de recursos não renováveis e contaminação do meio ambiente, leva o ser

humano a ser o maior predador do universo (SEMA, 2008).

A Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEMA,

2008), no material denominado Alicerce do GIR – Os 6R’sdiscute que a redução, a

reutilização e a reciclagem são importantes alternativas para a diminuição da

quantidade de resíduos, aumentando o tempo de vida dos aterros sanitários,

economia de matéria-prima e energia, entre outros benefícios.

O princípio dos 6R‟s contribui para:- Reduzir- Reutilizar- Reciclar--

Repensar- Recuperar- Recusar.

Assim, pode-se dizer que o princípio dos 6R‟s está orientado para uma

mudança dos padrões não sustentáveis de produção e de consumo, não devendo,

portanto a reciclagem ser uma ação desvinculada dos dois primeiros R‟s, o que

poderia servir para legitimar o desperdício. Inicialmente era apenas 3R‟s, e este

princípio ganhou visibilidade após a Rio 92, estando prevista no 21º capítulo da

agenda 21 a redução ao mínimo dos resíduos e a maximização ambientalmente

saudável do reaproveitamento e da reciclagem dos resíduos (MOUSINHO, 2003).

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III- METODOLOGIA

O projeto foi desenvolvido no Colégio Estadual Flauzina Dias Viegas -Ensino

Fundamental e Médio, localizado no Jardim Morumbi, bairro da periferia do

município de Paranavaí, Estado do Paraná, no primeiro semestre de 2014, tendo

como público alvo, estudantes do 1º Ano do Ensino Médio, com a participação de 30

alunos.

Para o desenvolvimento do projeto, as atividades de intervenção pedagógica

foram divididas em sete momentos:

3.1 Conversando sobre consumo e consumismo

Com o objetivo de levar os alunos a entender o conceito de consumo e

consumismo, houve a necessidade de explanação sobre o tema abordado. Foi

proposto também que os alunos realizassem pesquisa,diálogos e reflexões onde os

mesmos sanaram suas dúvidas.

3.2 Leitura, interpretação e debate sobre os temas abordados.

Durante essa etapa os alunos foram divididos em grupos, onde cada equipe

realizou a leitura dos textos, fez atividades, analisou as fotos, tendo como fonte de

pesquisa o Portal Dia-a-Dia Educação, Agenda 21, a Cartilha Desperdício Zero,

Manual do Agente Reciclador do município de Paranavaí e para finalizar o momento,

efetuou-se um debate.

Muitas das informações analisadas nas fontes de pesquisa mencionadas já

eram de conhecimento dos alunos, porém algumas delas eram de conhecimento

parcial ou não eram conhecidas por eles. A reflexão e o debate se mostraram muito

relevante, como relata a aluna StefanyTaiany da Silva: “...achei muito interessante a

„Cartilha Desperdício Zero‟, muitas das orientações poderei usar no meu dia-a-dia”.

Outro relato importante foi o de Josué Soares de oliveira ao comentar que “o manual

do agente reciclador é chamativo, reconheci os artistas que fazem apresentações

pela cidade sobre meio-ambiente”.

3.3 Palestra (Secretaria do Meio Ambiente), pesquisa sobre aterro sanitário e

de Paranavaí.

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O início dessa etapa ocorreu com a apresentação do palestrante da

Secretaria do Meio Ambiente que ministrou palestra sobre o Manual do Agente

Reciclador de Paranavaí e também do Aterro Sanitário Municipal, promovendo

entrega de folders. Os alunos elaboraram relatório sobre sua compreensão do tema

da palestra e, além disso, no laboratório de informática pesquisaram textos sobre

aterro sanitário e debateram sobre o mesmo e para terminar esta atividade

assistiram a um documentário sobre o Aterro Sanitário de Paranavaí produzido por

uma rede de TV local.

Figura 01 – Fotosda Palestra sobre o aterro sanitário de Paranavaí

Fonte: Arquivo pessoal Sueli Santinelo

3.4 O filme “LIXO EXTRAORDINÁRIO”.

Os alunos assistiram ao filme “Lixo Extraordinário”, que trata do maior lixão do

mundo, presente na cidade do Rio de Janeiro. Esse vídeo foi utilizado para

enriquecer o conhecimento sobre o tema abordado, promovendo-se assim um

melhor conhecimento sobre a questão dos cuidados que se deve ter com o lixo que

produzem, especialmente o plástico que causa grande impacto ao meio ambiente.

Após esse trabalho muitos dos alunos se mostraram preocupados com a

situação apresentada, alguns ficaram até mesmo indignados, pois a solução para

alguns dos problemas teve que ser sanada por órgãos internacionais, mostrando

assim o descompromisso das autoridades brasileiras em relação ao fato.

3.5 Entrevistas junto à comunidade escolar e local. Esse momento ocorreu mediante a coleta de dados na população do bairro ao

entorno da escola, para verificar como estes tratam a questão do lixo produzido e o

que pensam sobre as maneiras de disposição e da reciclagem, além disso, objetivou

conhecer a destinação do lixo doméstico bem como o produzido no colégio. Para

que essa coleta de dados fosse efetuada, para cada dupla de alunos foi entregue o

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questionário já previamente elaborado para realizar a entrevista junto à comunidade

escolar e local, enfatizando a questão dos cuidados com o lixo domiciliar e para

finalizar a atividade, fizeram um levantamento dos resultados obtidos. Pode-se

observar na Figura 02 que foram entrevistadas pessoas em diferentes faixas etárias,

a maior parte dos entrevistados que afirma que sempre reutilizam as embalagens

plásticas.

Figura 02- Pessoas que reutilizam embalagens plásticas por idade, no Jardim Morumbi – Paranavaí-PR. (%)

Fonte: Alunos da 1ª Série A do Ensino Médio – Colégio Flauzina Dias Viégas– EFM

Figura 03- Pessoas que possuem conhecimento sobre os dias de coleta seletiva do Jardim Morumbi – Paranavaí-PR.(%)

Fonte: Alunos da 1ª Série A do Ensino Médio – Colégio Flauzina Dias Viégas– EFM

Após a análise dos gráficos, os alunos concluíram que a maioria dos

entrevistados estão bem informadossobre a coleta seletiva em Paranavaí, conforme

Figura 03, mas é preciso continuar esse trabalho de conscientização para não cair

no esquecimento. Foi também lembrado por alguns alunos a fala do palestrante da

Secretaria do Meio Ambiente que parabenizou a população do nosso Jardim, pois foi

constatado a partir de um levantamento estatístico indicando que o local se destacou

entre os primeiros em efetividade na coleta seletiva do município.

3.6Atividade prática e trabalho de campo.

O referido momento teve como objetivo observar e analisar os espaços

visitados, com o intuito de compreender os processos de produção, de consumo e

de descarte dos resíduos plásticos. E para alcançar tais objetivos efetuou-se

0%

50%

100%

nunca as vezes sempre

até 18

de 19 a 40

de 41 a 70

0%

20%

40%

60%

80%

100%

120%

sim parcialmente não

até 18

de 19 a 40

de 41 a 70

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trabalho de campo na COOPERVAÍ (Cooperativa de Seleção de Materiais

Recicláveis e Prestação de Serviços de Paranavaí), no Aterro Sanitário Municipal de

Paranavaí, com posterior comentários sobre a visita ao referido local, produção e

confecção de cartazes e outros trabalhos tendo como subsídios os 6R‟s da

Educação Ambiental e no GOES – Grupo Gotas de Esperança, previamente ocorreu

explicação sobre a entidade, a qual é uma entidade sem fins lucrativos que fornece

apoio aos portadores de HIV/AIDS e seus familiares, que implantou o projeto

RECICLAPET.

Alguns alunos relataram que a visita foi descontraída por ter sido um trabalho

extraclasse, porém não deixou de ser relevante e complementar ao estudo de sala.

A visita foi acompanhada por profissionais da Secretaria do Meio Ambiente que

conduziram as explicações.

Figura 04 – Foto de satélite do Aterro Sanitário de Paranavaí-PR. e da visita dos alunos

Fonte: Google EarthFonte: Arquivo pessoal Sueli Santinelo

2.7 Exposição de trabalhos.

Para finalizar as ações desenvolvidas no projeto de intervenção, a última

etapa objetivou expor para a comunidade escolar o resultado dos

trabalhosrealizados pelos alunos do 1º ano, mostrando as formas de reciclagem do

plástico. A exposição ocorreu mediante apresentação dos trabalhos no corredor e no

pátio do Colégio, onde os alunos apresentaram e explicaram seus trabalhos para o

público convidado.

Figura 05 – Mostra de materiais plásticos reutilizados, realizada pelos alunos do Colégio Flauzina Dias Viégas.

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Fonte: Arquivo pessoal Sueli Santinelo

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após a realização dos sete momentos previstos no projeto de intervenção

pedagógica, os resultados obtidos foram extremamente satisfatórios e estes

encontram-se descritos abaixo.

Mediante a conversa sobre consumo e consumismo efetuada no 1º

momento constatou-se que a geração de adolescentes ao qual pertence o público

alvo do referido projeto de intervenção, são conscientes da importância de efetuar

um consumo sustentável dos recursos naturais, porém muitos não percebem a

necessidade de diminuir, ou seja, repensar sobre seus itens de consumo de primeira

necessidade e os que podem ser chamados “supérfluos”, ou seja, que podem ser

evitados e ainda não contribuindo com o aumento da geração futura de resíduos.

Já ao nos remetermos às atividades desenvolvidas no 2º momento verifica-

se que os alunos demonstraram-se interessados pelo assunto e preocupados com o

desperdício e os consequentes danos causados ao meio ambiente, porém muitas

vezes suas ações não condizem com suas falas acerca dessa problemática

ambiental.

Este resultado revela que mesmo tendo aumentado a consciência dos

impactos causados ao meio ambiente pela grande quantidade de resíduos gerados,

as pessoas, em geral, agem para “se desfazer rapidamente dos resíduos que

produzem e lançá-los o mais longe possível de sua visão e olfato”, como afirma

Mandelli (1999, p. 1795). Além disso, mesmo sendo uma das responsáveis por essa

crescente geração de resíduos, esse comportamento confirma a assertiva do

referido autor, quanto à população querer livrar-se do lixo e não ter a consciência de

que é necessário se dispor esses resíduos em algum lugar, já que foram gerados.

As pessoas acham, em geral, que é responsabilidade unicamente dos governos e

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não se envolvem com essa problemática. Diante desse quadro, foi necessário

reforçar a importância da redução de resíduos na origem, discutindo a necessidade

de uma mudança de comportamento da população na geração e no trato do lixo,

principalmente em relação ao desperdício, característica da sociedade de consumo.

Reforçando também a importância e a necessidade da correta segregação na

origem, discutiu-se novamente os princípios da coleta seletiva e o processo da

reciclagem como algo indispensável que a gestão urbana e a população não pode

mais adiar.

Diante dos resultados apresentados pelas atividades desenvolvidas no 3º

momento posteriormente à realização da palestra sobre o meio ambiente, verifica-se

que os discentes demonstraram-se interessados e motivados a mudarem algumas

de suas atitudes que estão em desacordo com as questões ambientais e desse

modo contribuir com a sustentabilidade ambiental do local onde vive.

Após a reflexão sobre as cenas do filme “Lixo Extraordinário”, foi perceptível

que os alunos ficam impactados com a enorme geração diária de lixo e sua

consequente destinação inadequada, contribuindo assim com a degradação dos

recursos naturais disponíveis.

Como afirma Fonseca (2011), a escola possui uma responsabilidade enorme

em tentar conscientizar os jovens sobre a importância da separação dos resíduos

sólidos e seu descarte adequado. E a educação deve ser a base para estas

mudanças e tem a tarefa, enquanto educador, de criar as condições propícias para

que surjam novas visões de mundo repensadas e reavaliadas, visando a um

trabalho redimensionado que produza a partir do reaproveitamento dos resíduos

sólidos, arte e materiais úteis para seu cotidiano e o de sua comunidade,

destacamMoura; Socal (2001).

Mediante os resultados apontados pelas entrevistas efetuadas junto à

comunidade escolar e local, constatou-se que o resíduo urbano produzido pela

comunidade ao entorno da escola é destinado ao aterro sanitário, pela empresa

Transresíduos que efetua a coleta e transporte dos mesmos até o aterro sanitário, e

os resíduos que a população separa como reciclável é destinado à Coopervaí –

Cooperativa de Reciclagem, por meio da coleta em dias alternados aos da coleta

tradicional efetuada pelo caminhão da Coleta Seletiva, porém algumas famílias

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ainda apontaram que existem catadores de recicláveis no bairro e fornecem o

material reciclável a essas pessoas, como uma forma de contribuir com a geração

de renda às pessoas do próprio bairro, outros ainda afirmaram efetuar queimadas ou

enterrar todo resíduo produzido no próprio quintal ou em terrenos baldios nas

proximidades de suas residências. Já com relação ao resíduo produzido no

ambiente escolar este é totalmente destinado à Cooperativa de Reciclagem de

Paranavaí e o que não pode ser reaproveitado é transportado pela coleta tradicional

de resíduos urbanos ao Aterro Sanitário.

Com as visitas técnicas (Aterro Sanitário, Coopervaí e GOES) efetuadas no

6º momento do projeto de intervenção constata-se que assim, abriu-se uma nova

discussão reforçando que a reciclagem tem efeitos altamente positivos nos aspectos

econômicos, sociais e ambientais e que sua aplicação como uma das ferramentas

do gerenciamento integrado dos resíduos sólidos promove preservação de fontes

esgotáveis de matéria-prima, aumento da vida útil dos aterros sanitários, redução

dos custos da disposição final do lixo, economia de energia, geração de emprego e

renda, redução dos gastos com a saúde pública, educação ambiental, entre outros

benefícios.

As visitas objetivaram especificamente que os alunos compreendessem as

implicações econômicas e sociais do reaproveitamento do lixo e através dessa

conscientização apoiem iniciativas tais como a coleta seletiva, observando sempre o

princípio dos 6R‟s. A palestra ministrada nessa visita destacou aos estudantes o

conceito de desenvolvimento sustentável, sua responsabilidade pela manutenção de

recursos para as gerações futuras, mostrando como a questão do lixo está

intimamente ligada a esses conceitos.

Constatou-se durante a exposição dos trabalhos desenvolvidos que os alunos

ficaram orgulhosos de apresentarem o resultado de suas atividades e principalmente

da atenção recebida dos demais colegas de escola no momento das visitas a cada

trabalho realizado e exposto. A equipe pedagógica, direção e demais professores

também mostraram-se interessados durante a exposição dos trabalhos e assim,

valorizando cada esforço dos alunos e também da professora PDE aplicou o projeto

de intervenção.

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IV- CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados desse projeto voltado para a conscientização da comunidade

escolar quanto ao destino dos resíduos domésticos por meio da coleta seletiva e da

prática intensiva dos 6Rs, demonstraram que os estudantes possuem noção sobre o

impacto que o lixo causa ao ser lançado na natureza e também dos benefícios que a

prática da reciclagem promove ao meio ambiente.

Ter a educação ambiental como disciplina segundo Fonseca (2011) é

fundamental para conscientizar e causar mudanças em comportamentos que estão

equivocados desde tempos muito remotos, sendo o grande causador de problemas

ambientais e a atual pobreza que nossa sociedade se encontra.

Tratar das questões ambientais na escola implica na revisão de valores,

princípios, conflitos e tensões que se manifestam nesse e em diversos outros

espaços sociais. Um projeto que se fundamenta no princípio dos 6R‟s pressupõe, na

maioria das vezes, mudanças comportamentais difíceis de serem incorporadas ao

cotidiano. Sendo assim, a construção de consciências nesse caso é fundamental;

mas como se trata de um processo subjetivo, depende de vários fatores

intervenientes, afirma Silva (2010).

Para mudar essa realidade as escolas devem proporcionar ao indivíduo uma

educação voltada para a cidadania que represente a possibilidade de motivar e

sensibilizar as pessoas para transformarem as diversas formas de participação, em

potenciais caminhos de dinamização da sociedade e da concretização de uma

proposta de sociedade baseada na educação para a participação.

Sabe-se que o processo de mudança de comportamento e da

conscientização é lento, fica-se na incumbência de ser perseverante e estimulador

nos projetos ambientais. Moura eSocal(2001) destacam que e isso ocorre ao

sensibilizar o educando em todas as ocasiões sobre as suas responsabilidades

como cidadão que necessita valorizar a natureza, que proporciona melhor qualidade

de vida ao meio ambiente e ao homem, atuando de forma coletiva e individual para

minimizar os problemas de ontem, de hoje e de amanhã.

V-REFERÊNCIAS

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