convergente - vol.3 - veronica roth.docx

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Uma escolha te definir.E se todo o seu mundo fosse uma mentira?E se uma nica revelao como uma nica escolha mudasse tudo?E se o amor e alealdadefizessem vocfazer coisasque nunca imaginaria?

A sociedade baseada em faces que Tris Prior uma vez acreditou foi destruda fraturada pela violncia e corrupo do poder, marcados pela perda e traio. Assim quando lhe oferecida a chance de explorar o mundo alm dos limites que ela conhece, Tris est pronta. Talvez, alm da cerca, ela e Tobias encontrem uma nova vida juntos,livresde mentiras, traies e memrias dolorosas.Mas anova realidadede Tris ainda mais alarmante do que a outra que deixou para trs. Antigas descobertas se tornam rapidamente sem sentido. Novas verdades explosivas mudam os coraes de quem ela ama. E mais uma vez, Tris deve lutar para compreender a complexidade da natureza humana e de si prpria enquanto encara escolhas impossveis sobre coragem, lealdade, sacrifcios e amor.

EpgrafeA sonegao de informao punvel com reprimendas, priso e, eventualmente, exlio. Todas as questes que podem ser respondidas devem ser respondidas ou pelo menos pesquisadas. Pensamentos ilgicos devem ser trocados assim que surgirem. Respostas erradas devem ser corrigidas. Respostas certas devem ser afirmadas. Do manifesto da Erudio

Captulo umTris

Caminho de um lado para o outro em nossa cela na sede da Erudio, suas palavras ressonando em minha mente:Meu nome ser Edith Prior. E h muito que fico feliz em esquecer. Ento nunca a viu antes? Nem sequer em fotos? Christina pergunta, suaperna feridaapoiada numa almofada.Ela recebeu um tiro durante nossa tentativa desesperada de revelar o vdeo de Edith Prior nossa cidade. No momento no tnhamos ideia do que dizia, que quebraria o fundamento de nossas crenas, as faces, nossas identidades. uma av ou tia ou algo assim? Eu te disse, no falo, dando a volta quando chego parede. Prior ... foi o nome do meu pai, tinha que ser do lado de sua famlia. Mas Edith um nome da Abnegao, e os familiares do meu pai eram da Erudio, assim... Assim ela tem que ser mais velha Cara completa, apoiando a cabea contra a parede. Desse ngulo, ela parece seu irmo. Will, meu amigo, em quem atirei. Ela logo se endireita, e o fantasma se vai. Algumas geraes atrs. Uma antepassada. Antepassada.A palavra parece velha dentro de mim, como runas tijolos. Toco uma das paredes da cela enquanto dou a volta. O painel frio e branco.Minha antepassada, e essa a herana que me deixou: liberdade das faces, e o conhecimento de que a minha identidade Divergente mais importante do que eu podia ter imaginado. Minha existncia um sinal de que temos que sair desta cidade e oferecer nossaajuda paratodos aqueles que esto l fora. Quero saber diz Cara, passando as mos no rosto. Preciso saber h quanto tempoestamos aqui. Pode parar de andar porum minuto?Me detenho no centro da cela e levanto minhas sobrancelhas. Sinto muito murmuro. Est bem Christina fala estamos aqui por tempo demais.Dias se passaram desde que Evelyn dominou o caos no lobby da sede da Erudio com alguns poucos comandos rpidos e teve todos os prisioneiros empurrados nas celas doterceiro andar. Uma mulher sem faco chegou para cuidar das nossas feridas e distribuir analgsicos, comemos e tomamos banhovrias vezes, mas ningum nos contou o que est acontecendo l fora. No importa com quanta fora perguntamos. Pensei que Tobias j houvesse chegado digo, deixando-me cair na beira da minha cama. Onde ele est? Talvez ainda estejacom raivaporque voc mentiu para ele e trabalhou em suas costas com seu pai Cara sugere.Eu a encaro. Quatro no seria to mesquinho Christina diz, se para discordar de Cara ou me tranquilizar, no tenho certeza. Provavelmente est acontecendo algo que o mantm afastado. Ele te disse para confiar nele.No meio do caos, quandotodo mundoestava gritando e os sem faco estavam tratando de nos empurrar escadaria a cima, envolvi meus dedos na barra da camisa dele para no perd-lo. Ele segurou meus pulsos e me empurrou, e estas foram as palavras que me disse:Confie em mim. V aonde te dizem. Eu estou tentando falo, e verdade.Estou tratando de confiar nele, mas cada parte de mim, cada fibra e cada nervo, est se esforando para a liberdade, no s desta cela, mas alm da priso desta cidade.Tenhoque vero que est fora da cerca.

Captulo doisTobias

No posso caminhar por estes corredores sem me lembrar dos dias que passei como prisioneiro aqui, descalo, a dor palpitando dentro de mimcada vezque eu me movia. E com essa recordao h mais outra, uma de esperar que Beatrice Prior se dirija at sua morte, dos meus punhos contra a porta, de suas pernas penduradas nos braos de Peter quando me falou que ela estava drogada.Odeioeste lugar.No est to limpo como estava quando era a sede da Erudio, agora est devastado pela guerra,buracos de balanas paredes e estilhaos de vidro de lmpadas por toda parte. Caminho sobre pegadas sujas e debaixo de luzes piscantes at sua cela e sou admitido sem discusso, porque levo o smbolo dos sem faco crculo vazio sobre uma faixa negra ao redor de meu brao e os traos de Evelyn em meu rosto.Tobias Eaton era um nome vergonhoso, e agora um muito poderoso.Tris est agachada no interior, ombro a ombro com Christina e na diagonal com Cara. Minha Tris deveria se sentir plida e pequena elaplida e pequena, depois de tudo no entanto, a sala est cheia dela.Seus olhos redondos encontram os meus e ela se pe de p, os braos firmemente atados em volta da minha cintura e seu rosto contra meu peito. Aperto seu ombro com uma mo e acaricio seucabelo coma outra, porm fico surpreendido quando ele termina em seu pescoo e no cai abaixo dele. Fiquei feliz quando ela o cortou, porque o cabelo para uma guerreira e no uma menina, e sabia que era o necessrio. Como entrou? ela perguntaem voz baixae clara. Sou Tobias Eaton falo, e ela ri. Certo. Continuo me esquecendo se afasta o suficiente para me olhar. H uma expresso vacilante em seus olhos, como se ela fosse um monte de folhas a ponto de serem espalhadas pelo vento. O que est acontecendo? O que te tomou tanto tempo?Soadesesperada, suplicante. Por todas as terrveis recordaes que esse lugar evoca em mim, sei que evoca mais para ela: a caminhada at sua execuo, a traio de seu irmo, o soro da simulao. Tenho que tir-la daqui.Cara olhapara cimacom interesse. Me sinto desconfortvel, como se tivesse acabado de me mudar para dentro dessa pele e no me encaixo direito. Odeio ter uma audincia. Evelyn tem a cidade cercada digo. Ningum d um passo e nenhuma direo sem que ela permita. H uns dias deu um discurso sobre nos unirmos contra nossos opressores, as pessoas de fora. Opressores? Christina repete.Ela pega uma ampola de seu bolso e joga o contedo em sua boca, analgsicos para a ferida bala na perna, suponho.Deslizo minhas mos nos bolsos. Evelyn e um monte de gente, na verdade, creem que no deveramos sair da cidade s paraajudar as pessoasque nos enjaularam aqui dentro, para que pudessem nos utilizar mais tarde. Querem tratar de sanar a cidade e resolver nossos prprios problemas em vez de ir resolver os dos outros. Estou parafraseando, claro digo. Suspeito que essa opinio muito conveniente para minha me, porque enquanto estamos todos aqui, ela est no comando. No segundo em que samos, ela perde seu domnio. Genial Tris fica com os olhos sem expresso. claro que escolheria o caminho mais egosta possvel. Ela tem um ponto Christina envolve os dedos ao redor da ampola. No estou dizendo que no quero sair da cidade e ver o que h a fora, mas temos bastante o que fazer aqui. Como se supe que iremos ajudar um monte de gente que nunca sequer conhecemos?Tris considera isso, mordendo o interior de sua bochecha. No sei admite.Meu relgio marca as trs em ponto. Estive tempo demais aqui, tempo suficiente para que Evelyn suspeite. Eu disse que vinha terminar com Tris, que no demoraria muito. No tenho certeza de que ela acreditou. Escutem, eu vim principalmente adverti-las, eles esto comeando o julgamento para todos os prisioneiros. Vo usar o soro da verdade em vocs, e se funcionar, sero condenados como traidores. Creio que todos gostariam de evitar isso digo. Condenados comotraidores? Tris franze o cenho. Como revelar a verdade a toda a nossa cidade um ato de traio? Foi um ato de desafio contra seus lderes respondo. Evelyn e seus seguidores no querem abandonar a cidade. No te agradecero por mostrar esse vdeo. So iguais a Jeanine! ela faz um gesto vacilante, como se quisesse golpear algo, porm no h nada disponvel. Prontos para fazer qualquer coisa para esconder a verdade, e para qu? Para serem reis de seu diminuto mundo? ridculo.No quero dizer, mas uma parte de mim est de acordo com minha me. No devo nada gente de fora da cidade, eu seja Divergente ou no. No estou certo de que me oferecer a eles para resolver os problemas da humanidade seja o que isso signifique. Mas quero ir, da forma desesperada com que um animal quer escapar da armadilha. Selvagem e raivoso. Pronto para roer o osso. Seja como for falo com cuidado se o soro da verdade funcionar em vocs, sero condenadas.Sefuncionar? Cara pergunta, semicerrando os olhos. Divergente Tris lhe fala, acenando com sua prpria cabea. Lembra? Isso fascinante Cara paga uma mecha de cabelo que escorregou e joga para trs. Mas atpico. Em minha experincia, a maioria dos Divergentes no podem resistir ao soro da verdade. Me pergunto porque voc pode. Voc que todo Erudito que alguma vez me espetou com uma agulha espeta Tris. Podemos nos concentrar, por favor? Eu gostaria de no precisar ter que tir-las do crcere falo.De repente estou desesperado por consolo, alcano a mo de Tris e ela traz seus dedos para se encontrarem com os meus. No somos pessoas que se tocam um no outro descuidadamente, cada ponto de contato entre ns importante, uma torrente de energia e alvio. Est bem, est bem ela fala, suavemente agora. O que voc tem em mente? Conseguirei que Evelyn teste voc primeiro, das trs. Tudo o que tem que fazer encontrar uma mentira que exonere tanto Christina quanto Cara, e tudo sob o soro da verdade. Que tipo de mentira faria isso? Pensei que poderia deixar isso para voc respondo j que a melhor mentirosa.Sei enquanto falo as palavras que elas golpeiam um ponto sensvel em ambos. Ela mentiu para mim muitas vezes. Me prometeu que no iria buscar a morte na sede da Erudio quando Jeanine exigiu o sacrifcio de um Divergente, e mesmo assim o fez de qualquer maneira. Me disse que ia ficar em casa durante o ataque Erudio, e a encontrei na sede dos Eruditos, trabalhando com meu pai. Entendo por que fez todas essas coisas, mas no quer dizer no entanto que estamos rompidos. Sim ela encara seus sapatos. Est bem, vou pensar em algo.Ponho a mo em seu brao. Falarei com Evelyn sobre seu julgamento. Tratarei de faz-lo logo. Obrigada.Sinto o impulso, familiar agora, de me puxar do meu corpo e falar diretamente dentro de sua mente. a mesma urgncia, me dou conta, que me faz querer beij-la cada vez que a vejo, porque mesmo um milmetro de distncia entre ns exasperante. Nossos dedos, entrelaados fracamente por um momento, agora se unem ferozmente, sua mo pegajosa com a umidade, a minha spera nos lugares em que agarrei a ala demasiadas vezes em trens em movimento. Agora ela parece plida e pequena, mas seus olhos me fazem pensar em cus abertos que nunca vi na realidade, s sonhei. Se vo se beijar, faam-me um favor de digam-me, assim posso olhar para o outro lado Christina fala. Vamos fazer isso Tris responde. E te falamos.Toco sua bochecha para o beijo ficar mais lento, sustentando sua boca sobre a minha, assim posso sentir cada lugar onde nossos lbios se tocam e cada lugar onde se separam. Saboreio o ar que compartilhamos no segundo depois e o deslizamento de seu nariz sobre o meu. Penso em algo para dizer, mas demasiado ntimo, assim me seguro. Um momento depois, decido que no importa. Queria que estivssemos sozinhos lhe digo enquanto retrocedo para fora da cela.Ela sorri. Eu quase sempre desejo isso.Enquanto fecho a porta, vejo Christina fingindo vomitar, Cara rindo, e as mos de Tris penduradas ao seu lado.

Captulo trsTris

Penso que todos voc so idiotas minhas mos se fecham em meu colo como as de uma criana dormindo. Meu corpo est pesado com osoro da verdade. O suor se acumula em minhas plpebras. Deveriam me agradecer, no me questionar. Devemos te agradecer por desafiar as instrues dos lderes das faces? Agradecer por tentar impedir que um dos lderes de sua faco matasse Jeanine Matthews? Se comportou como uma traidora Evelyn Johnson esculpe as palavras como uma serpente.Estamos nasala de confernciasna sede da Erudio, onde os testes so realizados. Fui prisioneira por menos de uma semana.Vejo Tobias, meio escondido nas sombras atrs de sua me. Ele tem mantido seus olhos afastados desde que me sentei na cadeira e eles cortaram uma tira plstica para amarrar meus pulsos. Durante apenas um momento, seu olhar encontra o meu, e sei que o momento para comear a mentir.mais fcilagora que sei que posso faz-lo. To fcil quanto empurrar o peso do soro da verdade para um lado de minha mente. No sou uma traidora digo. Nesse momento, eu acreditava que Marcus trabalhava sob as ordens da Audcia e dos sem faco. Como eu no podia me unir luta como um soldado, estava disposta aajudar comalgo mais.Por queno podia ser um soldado?Umaluz fluorescentebrilha atrs do cabelo de Evelyn. No posso ver seu rosto, e no posso me concentrar em nada mais de um segundo antes que o soro da verdade ameace me dominar de novo. Porque mordo meu lbio, como se estivesse tentando deter as palavras sarem em uma enxurrada. No sei quando fiquei to boa atuando. Mas suponho que no to diferente de mentir, algo pela qual sempre tive grande talento porque eu no podia segurar uma arma, certo? No depois de atirar... nele. Meu amigo Will. Eu no podia segurar uma arma sem entrarem pnico.Os olhos de Evelyn se apertam com fora. Suspeito que, mesmo em seu interior mais suave, ela no sente simpatia por mim. Ento Marcus te disse que estava trabalhando sob minhas ordens ela fala e mesmo sabendo o que sabia sobre sua relao bastante tensa com a Audcia e os sem faco, acreditou nele? Sim. Posso ver porque no escolheu Erudio ela ri.Minhas bochechas formigam. Eu gostaria de lhe dar uma bofetada, como tenho certeza de que muitas das pessoas nesta sala querem,apesar deno se atreverem a admitir. Evelyn tem a todos presos nesta cidade, controlada pelos membros sem faco armados patrulhando as ruas. Ela sabe que quem tem as armas tem o poder. E com Jeanine Matthews morta, no h ningum para question-la pelo poder.De um tirano a outro. Esse o mundo que conhecemos, agora. Por que no contou a ningum sobre isso? Eu no queria ter que admitir nenhuma debilidade respondo. E no queria que Quatro soubesse que eu estava trabalhando com seu pai. Sabia que ele no gostaria sinto as novas palavras erguendo-se em minha garganta, impulsionadas pelo soro da verdade. Eu trouxe a verdade sobre a nossa cidade e a razo pela qual estamos nela. Se no est me agradecendo por isso, deve pelo menosfazeralgo a respeito em vez de ficar aqui com essa desordem que fez, fingindo estar num trono!O sorriso zombador de Evelyn se torce como se ela houvesse provado algo desagradvel. Ela se inclina perto de meu rosto, e vejo pela primeira vez a idade que tem, vejo as linhas que marcam seus olhos e boca, e a palidez doentia que vem de anos de comer muito pouco. Ainda assim, bonita como seu filho. Aproximar-se da inanio no pode mudar isso. Estou fazendo algo a respeito. Estou fazendo um novo mundo responde, e sua voz de torna ainda mais baixa, de modo que s eu posso ouvi-la eu estava na Abnegao. Sei da verdade h muito mais tempo que voc, Beatrice Prior. No sei quo longe chegar com isso, mas juro, voc no ter um lugar em meu novo mundo, especialmente no com meu filho.Eu sorrio um pouco. No deveria, mas mais difcil suprimir gestos e expresses que palavras, com esse peso em minhas veias. Ela acredita que Tobias pertence a ela agora. No sabe da verdade, que ele pertence a si mesmo.Evelyn se endireita, cruzando os braos. O soro da verdade revelou que, pode bem ser uma tonta, mas no uma traidora. Este interrogatrio terminou. Pode ir. O que ser das minhas amigas? pergunto lentamente. Christina, Cara. No fizeram nada de mau, tampouco. Vamos tratar com elas logo Evelyn responde.Fico de p, enquanto estou dbil e enjoada do soro. A habitao est cheia de gente, ombro com ombro, e no posso encontrar a sada durante longos segundos, at que algum toma meu brao, um garoto de pele morena e um amplo sorriso: Uriah. Ele me guia at a porta. Todo mundo comea a falar.

+ + +

Uriah me leva pelo corredor at o elevador. As portas se abrem quando ele toca o boto, e sigo para o interior, todavia instvel em meus ps. Quando as portas se fecham, pergunto: No acha que a parte sobre a desordem e o trono foi demais? No. Ela espera que voc seja impulsiva. Poderia ser suspeito se no tivesse sido assim.Sinto que tudo dentro de mim est vibrando com energia, em antecipao do que est por vir. Estou livre. Vamos encontrar uma maneira de sair da cidade. Sem mais espera, trancada em uma cela, exigindo respostas que no vou obter dos guardas.Os guardas me disseram algumas coisas sobre a nova ordem sem faco esta manhos ex-membros de faco esto sendo obrigados a se aproximar dos integrantes da Erudio e mesclar-se, no podendo haver mais de quatro ex-integrantes de uma mesma faco em cada quarto. Teremos que misturar as roupas, tambm. Me deram uma camisa amarela da Amizade e uma cala preta da Audcia mais cedo, como resultado desse decreto em particular. Muito bem, estamos neste corredor... Uriah me guia ao sair do elevador.Este andar da sede da Erudio todo de cristal, inclusive as paredes. A luz do sol se refrata atravs dele e lana arco-ris no cho. Protejo meus olhos com uma mo e sigo Uriah at um quarto comprido e estreito com camas de cada lado. Ao lado de cada cama h uma cmoda de vidro para roupas e livros, e uma pequena mesa. Aqui era a residncia dos Eruditos iniciados Uriah explica. J reservei camas para Christina e Cara.Sentadas em uma cama perto da porta esto trs meninas vestidas de vermelho garotas da Amizade, imagino e do lado esquerdo do quarto, uma mulher mais alta est esticada numa das camas, os culos pendendo de uma orelha, possivelmente dos Eruditos. Sei que deveria deixar de localizar as pessoas de outras faces quando as vejo, mas um hbito difcil de deixar.Uriah cai em uma das camas do canto de trs. Sento-me ao lado dele, contente de estar livre e em repouso, por fim. Zeke disse que s vezes demora algum tempo para os sem faco processarem as exoneraes, ento devem sair mais tarde Uriah conta.Por um momento, me sinto aliviada de que todos com quem me importo estaro livres nesta noite. Mas ento lembro que Caleb est ali, porque era um lacaio bem conhecido de Jeanine Matthews e os sem faco nunca o exonerariam. Mas at onde chegaro para destruir a marca que Jeanine Matthews deixou nesta cidade? Eu no sei.No me importa, penso. Porm enquanto penso, sei que mentira. Ele continua sendo meu irmo. Bem, obrigada, Uriah.Ele assente e inclina a cabea contra a parede para sustent-la. Como est? pergunto. Quero dizer... Lynn...Uriah havia sido amigo de Lynn e Marlene por mais tempo do que eu os havia conhecido, e ambas esto mortas. Sinto como se fosse capaz de entender, afinal, perdi dois amigos tambm: Al para as presses da iniciao e Will para a simulao de ataque e minhas prprias aes precipitadas. Mas no quero alegar que nosso sofrimento o mesmo. Afinal, Uriah conhecia suas amigas melhor que eu. No quero falar disso Uriah balana a cabea. Ou pensar nisso. S quero seguir adiante. Est bem. Entendo. Apenas deixe-me saber se precisar Sim ele sorri e se levanta voc est bem, de verdade? Falei pra minha me que a visitaria esta noite, assim tenho ir agora. Oh, quase esqueci de te dizer, Quatro falou que quer se encontrar com voc mais tarde.Fico mais ereta. Mesmo? Quando? Onde? Pouco depois das dez, no Parque Millennium. No gramado ele sorri. No se emocione demais, ou sua cabea vai explodir.

Captulo quatroTobias

Minha me se senta na beira das coisas cadeiras, plataformas, mesas como se esperasse ter de fugir a qualquer momento. Desta vez a antiga escrivaninha de Jeanine na sede da Erudio em que ela senta na beira, seusdedos do pbalanando sobre o cho e a luz turva da cidade brilhando atrs dela. uma mulher de msculos torcidos ao redor do osso. Creio que temos que falaracerca desua lealdade ela fala, mas no como se estivesse me acusando de algo, apenas soa cansada. Por um momento, parece to esgotada que sinto como se pudesse ver atravs dela, mas logo se endireita, e o sentimento se foi. Em ltima instncia, foi voc quem ajudou Tris e conseguiu que o vdeo fosse revelado. Ningum sabe, maseusei. Escute me inclino para frente para apoiar os cotovelos nos joelhos. No sabia o que havia naquele arquivo. Confiei no julgamento de Tris mais do que no meu. Foi tudo o que aconteceu.Imaginei que ao contar a Evelyn que rompi com Tris, seriamais fcilpara minha me confiar em mim, e estava certo: ela tem estado mais clida, mais aberta, desde que lhe contei essa mentira. E agora que viu o vdeo? Evelyn pergunta. O que pensa agora? Acredita que deveramos deixar a cidade?Sei o que quer que eu diga: que no vejo nenhuma razo para nos unirmos aomundo exterior, mas no sou um bom mentiroso, assim em seu lugar dou uma parte da verdade. Tenho medo disso. No estou certo de que seria inteligente sair da cidade conhecendo os perigos que poderiam estar ali fora.Ela me considera por um momento, mordendo o interior da bochecha. Aprendi esse hbito dela: eu costumava morder aparte internada minha bochecha enquanto esperava meu paivoltar para casa, inseguro de que verso dele encararia, a do Abnegado confivel e venerado, ou a de cujas mos me golpeariam.Passo a lngua ao longo das cicatrizes de mordida e trago a memria de gosto amargo como blis.Ela desliza para fora da mesa e se move para a janela. Tenho recebido informaes preocupantes de uma organizao rebelde entre ns ela olhapara cima, erguendo uma sobrancelha. As pessoas sempre se organizam em grupos. Esse um hbito de nossa existncia. No esperava que aconteceria to rapidamente. Que tipo de organizao? O tipo que quer deixar a cidade ela responde. Lanaram uma espcie de manifesto esta manh. Chamam a si mesmos de Convergentes quando ela v meu olhar confuso, acrescenta: porque suas ideiasconvergemcom o propsito original de nossa cidade, entende? O propsito original quer dizer, o que havia no vdeo de Edith Prior? Que devemos enviar pessoas para fora quando tivermos uma grande populao de Divergentes? Isso, sim. Mas tambm vivendo em faces. Os Convergentes clamam que estamos destinados a estar em faces porque estamos nelas desde o princpio ela nega com a cabea. Algumas pessoas sempre metem a mudana. Mas no podemos satisfaz-las.Com as faces desmanteladas, uma parte de mim se sente como um homem libertado de um longo aprisionamento. No tenho que avaliar se cada pensamento que tenho ou deciso que tomo se encaixa em uma ideologia estreita. No quero que as faces regressem.Mas Evelyn no nos libertou como ela pensa, apenas nos fez sem faco. Tem medo do que escolheramos, caso nos dessem a liberdade real. E isso significa que no importa o que eu pensesobreas faces. Me sinto aliviado de que algum, em algum lugar, esteja desafiando-a.Componho meu rosto em uma expresso vazia, mas meu corao est batendo mais depressa que antes. Tenho que ter cuidado, estar em bons termos com Evelyn. fcil para mim mentir para todo mundo, mas mais difcil mentir para ela, a nica pessoa que conhecia todos os segredos de nossa casa Abnegada, a violncia contida dentro de seus muros. O que vai fazer com eles? pergunto. Colocarei-os sob controle, o que mais?A palavra controle faz com que eu me sente com as costas retas, to rgido quanto a cadeira debaixo de mim. Nesta cidade, controle significa agulhas, soros e enxergar sem ver; significa simulaes, como a que quase me fez matar Tris, ou a que converteu os membros da Audcia em um exrcito. Com simulaes? digo lentamente.Ela franze o cenho. claro que no! No sou Jeanine Matthews!Seu surto de raiva dispara. Digo: No se esquea de que mal a conheo, Evelyn.Ela faz uma careta ante ao lembrete. Ento deixe-me dizer que nunca vou recorrer a simulaes para fazer meu caminho. A morte seria melhor. possvel que a morte seja o que vai utilizar: matar pessoas sem dvida os manteria tranquilos, reprimiria sua revoluo antes que comeasse. Quem quer que sejam os Convergentes, tm que ser advertidos, e rapidamente. Posso averiguar quem so digo. Tenho certeza que pode. Por que outro motivo eu lhe contaria sobre eles?H uma montanha de razes pela qual ela me diria. Para me pr prova. Para me apanhar. Para me alimentar com informaes falsas. Sei o que minha me : algum para quem os fins justificam os meios para consegui-los, o mesmo que meu pai, e s vezes, o mesmo que eu. Eu o farei, ento. Os encontrarei.Me levanto, e seus dedos, frgeis como ramos, se fecham ao redor do meu brao. Obrigada.Me obrigo a olh-la. Seus olhos esto perto um do outro sobre o nariz, que se curva no extremo, como o meu. Sua pele de um tom intermedirio, mais escura que a minha. Por um momento a vejo com cinza da Abnegao, seu cabelo grosso preso atrs com uma dezena de grampos, sentada mesa de jantar para mim. Eu a vejo agachada diante de mim, arrumando meus botes da camisa desordenados antes de ir para a escola, e de p junto janela, observando a rua uniforme em busca do carro de meu pai, com as mos entrelaadas... no, fechadas, com os ns to brancos pela tenso. Nos unimos no medo, ento, e agora que ela no tem mais medo, uma parte de mim quer ver o que seria unir-me a ela na fora.Sinto uma dor, como se a tivesse trado, a mulher que costumava ser minha nica aliada, e viro-me para sair antes que possa retirar tudo o que disse e pedir desculpas.Deixo a sede da Erudio em meio a uma multido de pessoas, meus olhos confusos buscando automaticamente as cores das faces quando no h nenhuma restando. Estou usando uma camiseta cinza, jeans, sapatos negros: roupa nova, mas debaixo delas, minhas tatuagens da Audcia. impossvel apagar minhas escolhas. Especialmente essas.

Captulo cincoTris

Ponho meu alarme para as dez em ponto e durmo em seguida, sem sequer me mudar para uma posio mais cmoda. Umas poucas horas depois, o apito no me desperta, mas o grito frustrante de algum atravs do quarto sim. Desligo o alarme, corro meus dedos pelo cabelo e meio caminho, meio corro at uma dasescadas de emergncia. A sada ao final me far sair no beco, onde provavelmente no serei detida.Uma vez que estou fora, oar friome desperta. Puxo as mangas para meus dedos para mant-los quentes.O vero est finalmente terminando. H umas poucas pessoas dando voltas na entrada da sede da Erudio, mas nenhuma delas se d conta quando deslizo atravs daAvenida Michigan. H algumas vantagens em ser pequena.Vejo Tobias de p no meio do gramado, usando cores mescladas das faces: uma camiseta cinza, jeans azul e um suterpreto com capuz, representando todas as faces que minha prova de aptido me disse que eu estaria qualificada. Uma mochila descansa sobre seus ps. Como eu fui? pergunto quando estou perto o suficiente para que ele me escute. Muito bem. Evelyn todavia te odeia, mas Christina e Cara foram liberadas sem questionamento. Bom sorrio.Ele segura a parte da frente da minha camiseta, bem por cima do estmago, e me puxa contra ele, beijando-me suavemente. Vamos ele diz enquanto se afasta. Tenho um plano para esta tarde. De verdade? Sim, bom, me dei conta de que nunca tivemos um encontro de verdade. O caos e a destruio tendem a tirar as possibilidades de uma pessoa a ter encontros. Quis experimentar esse fenmeno que um encontro ele caminha de costas, at a gigantescaestrutura metlicano outro extremo do gramado, e eu o sigo. Antes, s fui a encontrosem grupoque no geral eram um desastre. Sempre terminavam com Zeke beijando uma garotaqualquer que queria isso, e eu sentado em um silncio incmodo com uma menina que de alguma forma havia ofendido desde o princpio. Voc no muito legal digo, rindo. Olha quem fala. Ei, eu poderia ser legal se tentasse. Hum... ele toca o queixo. Diga algo legal ento. Voc muito bonito.Ele sorri, um flash na escurido. Gosto dessa coisa de legal.Chegamos ao fim do gramado. A estrutura metlica maior e mais estranhade pertodo que de longe. realmente um palco, e por cima dele h um arco feito de grandes placas de metal que se curvam em direes diferentes, como uma lata de alumnio explodida. Ali,vigas metlicasapoiam as placas de trs. Tobias pe a mochila nos ombros e agarra uma de suas vigas. Escalando. Isto me parece familiar digo.Uma das primeiras coisas que fizemos juntos foi escalar uma roda gigante, mas dessa vez era eu, e no ele, quem nos forou a subir mais alto. Puxo as mangas e o sigo. Meu ombro est todavia dolorido do tiro, mas est quase sarando. Ainda assim, levo meu peso mais para o brao esquerdo e trato de empurrar-me com os ps o mximo possvel. Olho para o emaranhado de barras debaixo de mim e alm delas, o cho, e rio.Tobias sobe em um lugar onde duas placas de metal se encontram em forma de V, deixando espao suficiente para duas pessoas sentarem. Ele se empurra para trs, colocando-se entre as duas placas, e me alcana pela cintura para me ajudar quando estou suficientemente perto. Realmente preciso de ajuda, mas no digo, estou ocupada demais desfrutando de suas mos em mim.Ele tira um cobertor da mochila e nos cobre com ele, logo tira dois copos de plstico. Gostaria de algo que deixe a cabea limpa ou nebulosa? ele pergunta, buscando em sua mochila. Hum... inclino a cabea. Que a deixe limpa. Creio que temos algumas coisas a falar, certo? Sim.Ele tira uma pequena garrafa com um lquido claro e borbulhante, dizendo: Roubei da cozinha da Erudio. Aparentemente delicioso.Verte um pouco em cada copo, e tomo um gole. Seja l o que for, doce como xarope e tem um gosto de limo, e me faz encolher um pouco. Meu segundo gole melhor. Coisas de que falar ele diz. Certo. Bom... Tobias franze o cenho para o copo. Bem, entendo porque trabalhou com Marcus e porque sentiu que no podia me dizer, mas... Mas est chateado completo porque menti. Em muitas ocasies.Ele assente, sem me olhar. Nem sequer por causa de Marcus. muito mais profundo que isso. No sei se pode entender o que apenas acordar e descobrir que voc tinha ido parasua morte, o que ele quer dizer, mas nem sequer pode dizer as palavras para a sede da Erudio. No, provavelmente no posso entender tomo outro gole, passando a bebida aucarada por toda a minha boca antes de engoli-la. Escute, eu... eu costumava pensar sobre dar minha vida pelas coisas, mas no entendia o que era realmente dar a vida at esse momento, at ser tomada de mim.Ergo a cabea para ele e finalmente, ele me encara. Eu sei agora digo. Sei que quero viver. Sei que quero ser honesta contigo. Mas... mas no posso ser assim, no o farei, se no confia em mim, ou se fala dessa maneira condescendente que algumas vezes faz...Condescendente? ele repete. Voc estava fazendo coisas ridculas, arriscadas... Sim, e realmente ajuda falar comigo como se eu fosse uma garota que no sabe de nada? O que mais se supe que eu devia fazer? ele demanda. Voc no via a razo! Talvez no fosse razo que eu necessitava! me endireito, incapaz de fingir que estou relaxada agora. Eu me sentia como se estivesse sendo comida viva pela culpa, e o que precisava era de sua pacincia e amabilidade, no que gritasse comigo. Oh, e escondera de mim seus planos com se eu no pudesse encarar... No queria te sobrecarregar mais do que j estava. Ento pensa que sou uma pessoa forte ou no? franzo o cenho. Porque parece pensar que posso aguentar quando est me repreendendo, mas acha que no posso lidar com qualquer outra coisa? O que significa isso? Claro que penso que uma pessoa forte balana a cabea s que... no estou acostumado a dizer as coisas s pessoas. Estou acostumado a manejar as coisas sozinho. Sou confivel digo. Pode confiar em mim. E pode me deixar ser a julgadora do que posso aguentar. Ok ele fala, assentindo mas no mais mentiras. Nunca mais. Ok.Me sinto tensa e oprimida, como se meu corpo estivesse sendo obrigado a permanecer em um espao demasiado pequeno para ele, mas no assim que quer que a conversa termine, ento pego sua mo. Sinto ter mentido. De verdade, sinto muito. Bom ele responde eu no queria te fazer sentir como se no te respeitasse.Ns ficamos ali um momento, com as mos entrelaadas. Me recosto contra a placa de metal. Por cima de mim, o cu est branco e escuro, protegido por nuvens. Encontro uma estrela diante de ns, e quando as nuvens de movem, parece ser a nica. Quando inclino a cabea para trs, no entanto, posso ver a linha de edifcios ao longo da Avenida Michigan, como uma fileira de sentinelas que nos vigiam.Estou parada at que a sensao de rigidez e opresso me deixa. Em seu lugar, sinto alvio. Normalmente, no to fcil para mim deixar a raiva ir, mas as ltimas semanas foram estranhas para ns, e estou feliz de liberar os sentimentos que estive retendo, a ira e o temos de que ele me odeie e a culpa de trabalhar com seu pai s suas costas. Esta coisa meio asquerosa ele fala, esvaziando seu copo e deixando-o de lado. Sim, concordo, olhando o que sobrou do meu. Tomo de uma vez, fazendo uma careta enquanto as borbulhas queimam minha garganta no sei o que a Erudio est sempre presumindo. O bolo da Audcia muito melhor. Me pergunto que mimo teria sido da Abnegao, se eles houvessem tido um. Po duro.Ele ri. Aveia simples. Leite. s vezes penso que acredito em tudo que eles nos ensinaram ele fala mas obviamente no assim, visto que estou aqui segurando sua mo sem antes ter nos casado primeiro. O que ensina a Audcia sobre... isso? pergunto, apontando nossas mos. O que ensina a Audcia, humm... ele abre um sorriso faa o que quiser, mas use proteo, o que eles ensinam.Subo minhas sobrancelhas. De repente meu rosto est quente. Creio que gostaria de encontrar um meio termo por mim mesmo ele fala encontrar esse lugar que quero e que acredito ser sbio. Isso soa bem fao uma pausa mas o que quer?Acredito que sei a resposta, porm quero que ele a diga. Humm.Ele sorri e se inclina adiante sobre seus joelhos. Pressiona as mos na placa de metal, emoldurando minha cabea com os braos e me beija, pouco a pouco, em minha boca, debaixo da mandbula, exatamente em cima da clavcula. Fico quieta, nervosa de fazer qualquer coisa, caso seja estpido ou ele no goste, mas ento me sinto como uma esttua, como se no estivesse aqui completamente, assim que toco sua cintura, vacilante.Logo seus lbios esto nos meus de novo, e ele puxa sua camisa por baixo das minhas mos, ento estou tocando sua pele nua. Eu ganho vida, me pressionando mais perto, minhas mos arrastando-se por suas costas, deslizando sobre os ombros. Suas respiraes vm mais rpidas e as minhas tambm, e saboreio as borbulhas doces de limo que acabamos de beber e cheiro o ar em sua pele e tudo o que quero mais, mais.Tiro sua camisa. Um momento atrs teria frio, mas no acredito que nenhum de ns tenha frio agora. Seu brao se envolve ao redor da minha cintura, forte e apertado, e sua mo livre se enreda em meu cabelo e diminuo a velocidade, absorvendo-o; a suavidade de sua pele, marcada de cima a baixo com tinta negra e a insistncia do beijo, e o ar fresco ao redor de ns.Relaxo e j no me sinto como uma espcie de soldado Divergente, desafiando soros e lderes do governo. Me sinto mais calma, mais leve, como se fosse certo rir um pouco enquanto seus dedos roam minha cintura e a parte baixa das minhas costas, enterrando seu rosto na lateral do meu pescoo de modo que ele pode me beijar ali. Me sinto como eu mesma, forte e fraca de uma vez, permitindo-se, ao menos por um tempo, ser as suas coisas.No sei quanto tempo passa antes que sintamos frio de novo, e nos apertamos debaixo da manta juntos. Fica mais difcil ser sbio ele fala, rindo em meu ouvido.Eu sorrio. Acredito que assim que se supe que deveria ser.

Captulo seisTobias

Algum est cochichando.Posso sentir ao caminhar pelo refeitrio com minha bandeja, e vejo as cabeasjuntas deumgrupo semfaco enquanto se inclinam em sua aveia. Seja o que for que vai acontecer, ser logo.Ontem, quando sa do escritrio de Evelyn, fiquei no corredor para espiar sua prxima reunio. Antes defechar a porta, ouvi-a dizer algo sobre uma manifestao. A pergunta que pulsa no fundo da minha mente : Por que no me contou?No deve confiar em mim. Isso significa que no estou fazendo um bom trabalho como seu suposto brao direito como penso que estou.Me sento com o mesmo desjejum que todo mundo: um prato de aveia com um pouco de acar mascavo e umaxcara de caf. Observo o grupo sem faco enquanto coloco a colher na boca, sem sentir o gosto. Um deles, uma garota de catorze anos, talvez, fica olhando para o relgio.Estou na metade do meu caf da manh quando ouo os gritos. A nervosa menina sem faco salta de seu assento como se a tivessem golpeado com um cabode altatenso, e todos vo at a porta. estou bem atrs deles, abrindo espao a cotoveladas entre os que se movem lentamente atravs do lobby da Erudio, onde o retrato de Jeanine Matthews continua em pedaos no cho.Um grupo sem faco j se reuniu l fora, no meio daAvenida Michigan. Uma cobertura de nuvens plidas cobre o sol, fazendo a luz do dia ser nebulosa e sem brilho. Escuto algum gritar:Morte s faces!e outros acolhem a frase, convertendo-a em um cntico, at que enche meus ouvidos: Morte s faces, morte s faces. Vejo punhos no ar, como Audaciosos excitados, mas sem a alegria da Audcia. Seus rostos se torcem de raiva.Me empurro at o meio do grupo, e logo vejo em torno de que esto reunidos: os enormes recipientes das faces da Cerimnia de Escolha esto viradas de lado na rua, carvo, vidro, pedra terra e gua, tudo misturando-se.Lembro de cortar minha palma para colocar o sangueno carvo, meu primeiro ato de rebeldia contra meu pai. Lembro da onda de poder dentro de mim, e da onda de alvio. Escapar. Esses recipientes foram meu escape.Edward se encontra entre eles, fragmentos de vidro modos a p sob seu calcanhar, um martelo segurado acima da cabea. Ele o trazpara baixocontra um dos recipientes, forando um dos dentes dentro do metal. P de carvo se eleva no ar.Tenho que me conter para no correr at ele. Ele no pode destru-lo, no aquele recipiente, no a Cerimnia de Escolha, no o smbolo do meu triunfo. Essas coisas no devem ser destrudas.A multido est aumentando, no apenas com os sem faco usando faixas negras com crculos brancos nelas, maspessoas comuma faco real, com os braos nus. Um homem da Erudio sua faco revelada por seu cabelo imaculadamente partido emerge livre da multido enquanto Edward est erguendo o martelo para outro golpe. Envolve suas mos macias manchadas de tinta ao redor do punho, pouco acima da de Edward, e comeam a empurrar entre si, com os dentes apertados.Vejo uma cabea loira na multido Tris, com uma camisa azul larga e sem mangas, mostrando as bordas das tatuagens das faces em seus ombros. Ela trata de correr at Edward e o homem Erudito, mas Christina a detm com as duas mos.O rosto do homem Erudito fica roxo. Edward mais alto e mais forte que ele. No h possibilidade, um tonto por tentar. Edward arranca o martelo das mos do homem e o balana novamente. O Erudito, porm, est fora de equilbrio, e o martelo o acerta no ombro com toda a fora, metal quebrando osso.Por um momento, tudo o que escuto so os gritos do homem da Erudio. como se todo mundo estivesse sugando a respirao. Ento a multido estala em um frenesi, todos correndo at os recipientes, at Edward, at o homem Erudito. Chocam entre si e em mim, ombros, cotovelos e cabeas golpeando-me uma e outra vez.No sei para onde correr: para o homem as Erudio, para Edward, para Tris? No posso pensar; no posso respirar. A multido me leva at Edward, e seguro sua mo. Vamos! grito por cima do rudo.Seu olho brilhante se fixa em mim, e ele trinca os dentes, tratando se soltar-se.Trago meu joelho para cima, atingindo sua lateral. Ele cambaleia para trs, perdendo o aperto sobre o martelo. Eu o seguro perto da minha perna e me dirijo at Tris.Ela est em algum lugar a minha frente, perto de onde est o homem Erudito. Vejo que o cotovelo de uma mulher a acerta na bochecha, enviando-a para trs, cambaleando. Christina empurra a mulher.Em seguida, uma arma dispara. Uma vez, duas vezes. Trs vezes.A multido se dispersa, todos correndo aterrorizados com a ameaa de balas, e procuro ver quem,sealgum, levou um tiro, mas a quantidade de pessoas muito grande. No posso ver nada.Tris e Christina se ajoelham ao lado do homem Erudito com o ombro destroado. Seu cabelo dividido ao estilo da Erudio est bagunado.Ele no se move.A alguns metros de distncia dele, Edward est em uma poa de seu prprio sangue. A bala acertou-lhe o estmago. H tambm outras pessoas no cho, pessoas que no reconheo, pessoas que foram alvejadas ou pisoteadas. Suspeito que as balas eram para Edward e para Edward apenas, os outros simplesmente estavam no caminho.Olho ao redor selvagemente, mas no vejo quem disparou. Quem quer que seja, dissolveu-se na multido.Deixo o martelo cair ao lado de um dos recipientes deficientes e me ajoelho ao lado de Edward, as pedras da Abnegao espetando minha pele. Seu olho restante se move para frente e para trs debaixo de sua plpebra... est vivo, por enquanto. Temos que lev-lo ao hospital digo a quem estiver minha volta.Quase todo mundo se foi.Olho por cima do ombro para Tris e o Erudito, que no se moveu. Ele est...?Seus dedos esto na garganta dele, tomando seu pulso, e os olhos esto abertos vazios. Ela nega com a cabea. No, ele no est vivo. No pensei que estivesse.Fecho meus olhos. Os recipientes das faces esto impressos em minhas plpebras, jogados de lado, seu contedo espalhado em uma pilha na rua. Os smbolos de nossa antiga vida, destrudos, um homem morto, outros feridos, e para qu?Para nada. Para a viso fechada de Evelyn: uma cidade onde as faces so arrancadas das pessoas contra sua vontade.Ela queria que tivssemos mais de cinco opes. Agora no temos nenhuma.Sei agora com certeza que no posso ser seu aliado, nunca serei. Temos que ir Tris fala, e sei que no est falando da Avenida Michigan ou de levar Edward ao hospital; ela est falando sobre a cidade. Temos que ir repito.

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O hospital improvisado na sede da Erudio cheira a produtos qumicos, quase arenoso em meu nariz. Fecho os olhos e espero Evelyn.Estou to cansado que nem sequer quero sentar aqui, quero apenas agarrar minhas coisas e ir. Ela deve ter planejado essa manifestao, ou no teria sabido dela no dia anterior, e devia saber que ia sair do controle, com a tenso forte como est. Mas a fez de qualquer forma. Fazer uma grande declarao a respeito das faces era mais importante para ela do que a segurana, ou a possibilidade de vidas perdidas. No sei porque me surpreendo.Ouo o elevador se abrir, e sua voz: Tobias!Ela se aproxima e pega minhas mos, as quais esto cobertas de sangue. Seus olhos escuros se enchem de medo enquanto pergunta: Est ferido?Est preocupada comigo. O pensamento como uma pequena picada de agulha dentro de mim: ela deve me amar, para se preocupar comigo. Porm teria que ser capaz de amar para isso. O sangue de Edward. Ajudei a traz-lo aqui. Como ele est? ela pergunta.Balano a cabea. Morto.No sei mais como dizer.Ela se encolhe, soltando minhas mos, e senta em uma das cadeiras da sala de espera, minha me acolheu Edward depois que ele desertou da Audcia. Deve ter lhe ensinado a ser um guerreiro novamente, depois da perda de seu olho, sua faco e seu fundamento. No sabia que eram to prximos, mas posso ver agora, no brilho das lgrimas em seus olhos e no tremor de seus dedos. a maior emoo que j a vi demonstrar desde que era garoto, desde que meu pai a jogou contra as paredes da nossa sala de estar.Pressiono a memria para longe como se a enfiasse dentro de uma caixa demasiada pequena para ela. Sinto muito falo. No sei se falo a verdade ou se s digo para que ela pense que estou do seu lado. Logo acrescento numa tentativa: Por que no me falou da manifestao?Ela nega com a cabea. Eu no sabia dela.Est mentindo. Eu sei. Decido deixar passar. Para estar a seu lado, tenho que evitar conflitos com ela. Ou talvez eu no queira pressionar o assunto com a morte de Edward pesando sobre ambos. s vezes difcil para mim dizer onde termina a estratgia e onde comea a simpatia por ela. Oh coo minha orelha pode entrar e v-lo, se quiser. No ela parece distante. Sei como so os corpos.Est deriva. Talvez eu devesse ir. Fique ela fala, tocando a cadeira vazia entre ns por favor.Sento no lugar ao seu lado, e enquanto digo a mim mesmo que sou um agente disfarado obedecendo sua suposta lder, me sinto como um filho reconfortando sua afligida me.Sentamos com nossos ombros se tocando, nossas respiraes no mesmo ritmo, e no dizemos uma palavra.

Captulo seteTris

Christina gira uma pedra preta nas mos enquanto caminhamos. Demora alguns segundos para eu me dar conta de que um pedao de carvo, do recipiente da Audcia da Cerimnia de Escolha. Realmente no quer mencionar isso, mas no posso deixar de pensar nele fala que dos dez iniciados transferidos que comeamos, s seis esto vivos.Diante de ns est o edifcio Hancock, e alm dele, o Lago Shore Drive e a linha firme por onde voei uma vez como se fosse um pssaro. Caminhamoslado a ladopela calada rachada, nossa roupa manchada com o sangue de Edward, agora seco.No me afetou, todavia, que Edward, quando muito, o iniciado mais talentoso que tnhamos, o garoto cujo sangue limpei do piso do dormitrio, est morto. Est morto agora. E dos legais falo s temos voc, eu, e... Myra, provavelmente.No vi Myra desde que saiu da sede da Audcia com Edward, logo depois que seu olho foi perfurado por umafaca de manteiga. Sei que romperam depois disso, mas nunca pensei em para onde foi. No acredito que troquei mais que umas poucas palavras com ela, de qualquer modo.Um conjunto de portas do edifcio Hancock j est aberta, pendendo de suas dobradias. Uriah disse que viriamais cedopara ligar o gerados, e quando toco o boto do elevador, ele brilha atravs de minha unha. J esteve aqui antes? pergunto enquanto caminhamos at o elevador. No. No dentro, quero dizer. No cheguei a ir na tirolesa, lembra? Certo. me apoio na parede. Deveria tentar antes de irmos. Sim est usandobatom vermelho. Me lembra a forma como o doce mancha a pele dascrianas que comemdemais e descuidadamente. Algumas vezes entendo de onde vem Evelyn. Tantas coisas terrveis aconteceram, s vezes parece uma boa ideia ficar aqui e apenas... tratar de limpar este desastre antes de chegar a nos meter em outro sorri um pouco mas, claro, no vou fazer isso. Nem sequer sei por qu. Curiosidade, suponho. Falou com seus pais a respeito?s vezes me esqueo que Christina no como eu, semlealdade famlia para me prender a algum lugar. Ela tem uma me e uma irm pequena, ambas ex-membros da Franqueza. Eles tem que cuidar da minha irm ela diz. No sabem se seguro a fora, no querem arriscar. Mas concordaro em voc ir embora? Eles concordaram quando me uni a outra faco. Vo concordar com isto tambm ela olha para seus sapatos. S querem que eu viva uma vida honesta, sabe? E no posso fazer isso aqui. S sei que no posso.As portas do elevador se abrem, e o vento nos golpeia de imediato, ainda quente, mas entrelaado com fios frios do inverno. Ouo vozes chegando do telhado, e subo a escadaria para chegar a elas. Elas aumentam quando me aproximo porta, e Christina a mantm aberta at que eu chegue lem cima.Uriah e Zeke esto aqui, atirandopedrase escutando o eco quando elas acertam as janelas. Uriah tenta bater no cotovelo de Zeke para que ele lance torto, mas Zeke rpido demais para ele. Ol eles dizem em unssono quando veem Christina e eu. Esperem, vocs esto tendo um relacionamento ou algo assim? Christina pergunta, sorrindo.Ambos riem, mas Uriah parece um pouco aturdido, como se no estivesse absolutamente conectado a este momento ou lugar. Suponho que perder algum da forma como ele perdeu Marlene pode fazer isso a uma pessoa, mesmo que no faa para mim.No h equipamento para tirolesa, mas no foi por isso que viemos. No sei porque os demais vieram, mas eu s queria estar no alto: queria ver tanto quanto pudesse. Mas todo o territrio a oeste de estou est preto, como se estivesse envolto num manto escuro. Por um momento, acredito que posso ver um raio de luz no horizonte, mas no momento seguinte se foi, apenas um truque dos olhos.Os demais esto silenciosos tambm. Me pergunto se todos estamos pensando o mesmo. O que acreditam que h l fora? Uriah pergunta finalmente.Zeke encolhe os ombros, mas Christina se aventura em uma suposio. Quem sabe mais do mesmo? Apenas... mais cidades em runas, mas faces, mais de tudo? No pode ser Uriah fala, sacudindo a cabea. Tem que haver algomais. Ou no h nada sugere Zeke. Essas pessoas que nos colocaram aqui podem simplesmente estar mortas. Tudo poderia estar vazio.Estremeo. Nunca havia pensado nisso antes, mas ele tem razo: no sabemos o que passou l fora depois que nos colocaram aqui, ou quantas geraes viveram ou morreram desde que o fizeram.Poderamos ser as ltimas pessoas que restam. No importa falo, mais severamente do que pretendia. No importa o que h a fora, temos que ver por ns mesmos. E logo lidaremos com isso uma vez que precisarmos.Ficamos parados ali por muito tempo. Sigo as bordas desiguais dos edifcios com os olhos at que todas as janelas iluminadas se estendem em uma linha. Ento Uriah pergunta a Christina sobre a manifestao e nosso momento silencioso passa, como se fosse levado pelo vento.

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No dia seguinte, Evelyn se coloca entre os pedaos do retrato de Jeanine Matthews no lobby da sede da Erudio e anuncia um novo conjunto de regras. Os ex-membros de faco e os sem faco se renem igualmente no espao e preenchem a rua para escutar o que a nossa nova lder tem a dizer, e os soldados sem faco se alinham nas paredes, os dedos prontos no gatilho da arma. Mantendo-nos sob controle. Os acontecimentos de ontem deixaram claro que j no somos capazes de confiar uns nos outros diz. Parece plida e esgotada. Vamos introduzir uma maior estruturao na vida de todos at que nossa situao seja mais estvel. A primeira destas medidas um toque de recolher: todos so obrigados a regressar a seus aposentos s nove da noite. No vo deixar esse espao at s oito da manh seguinte. Os guardas estaro patrulhando as ruas o tempo inteiro para nos manter seguros.Bufo e trato encobrir com uma tosse. Christina me d uma cotovelada nas costelas e toca o dedo nos lbios. No sei por que ser preocupa, no como se Evelyn pudesse me escutar com todo o espao que h entre ns.Tori, a ex-lder da Audcia, destituda pela prpria Evelyn, est a poucos metros de mim, os braos cruzados. Sua boca se contrai em uma expresso de desprezo. Tambm hora de se preparar para nossa nova forma de vida sem faco. A partir de hoje, todos vo aprender os trabalhos que os sem fao tem feito desde que podemos nos lembrar.Todosfaremos, ento esses trabalhos so um plano de rotao, inclusive as outras tarefas que tradicionalmente eram feitas pelas faces Evelyn sorri sem sorrir realmente. No sei como ela faz isso. Todos vamos contribuir por igual para nossa nova cidade, como deveria ser. As faces nos dividiram, mas agora estamos unidos. Agora e sempre.Ao meu redor, os sem faco comemoram. Apenas me sinto incmoda. No estou em desacordo com ela, exatamente, mas os mesmos membros da faco que se lanaram contra Edward ontem no permanecero tranquilos depois disso, tambm. O controle de Evelyn sobre esta cidade no to forte como ela poderia desejar.

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No quero lutar com a multido depois do anncio de Evelyn, assim serpenteio atravs dos corredores at que encontro uma das escadas dos fundos a que subimos para chegar ao laboratrio de Jeanine no faz muito tempo. A escadaria estava cheia de corpos ento. Agora est limpa e fresca, como se nada tivesse ocorrido aqui.Enquanto caminho adiante no quarto andar, escuto um grito, e alguns sons de luta. Abro a porta e vejo um grupo de pessoas jovens, mais jovens que eu, e todos usando braceletes de sem faco reunidos ao redor de um garoto no cho.No s um garoto: um garoto da Franqueza, vestido de branco e preto dos ps cabea. Corro at eles, e quando vejo uma menina alta sem faco puxar o p prestes a chutar o garoto outra vez, grito: Ei! intil: o chute golpeia o garoto da Franqueza nas costelas, e ele choraminga, retorcendo-se para longe dela. Ei! grito de novo, e desta vez a menina se vira. muito mais alta que eu uns bons quinze centmetros, de fato mas estou apenas brava, no assustada. Saia digo-lhe afaste-se dele. Ele est violando o cdigo de vestimenta. Estou em meu direito, e no recebo ordens dos amentes de faco ela responde, com os olhos na tatuagem em minha clavcula. Becks o menino sem faco ao seu lado fala essa a garota do vdeo Prior.Os demais olham impressionados, mas a garota s se zanga. E? E respondo tive que ferir um monte de gente para conseguir atravessar a iniciao na Audcia, e farei o mesmo a voc, se precisar.Tiro meu suter azul e o lano ao menino da Franqueza, que me olha do cho, sangrando na sobrancelha. Ele se empurra de p, ainda que segurando a lateral com uma mo, e atira o suter ao redor dos ombros como uma manta. Pronto digo agora no est violando o cdigo de vestimenta.A garota pe prova a situao em sua mente, avaliando se quer brigar comigo ou no. Praticamente posso ouvir o que est pensando eu sou pequena, um alvo fcil,mas estou na Audcia, assim no devo ser to fcil de superar. Talvez saiba que matei pessoas, ou talvez simplesmente no queira se meter em problemas, mas est perdendo os nervos, posso dizer pela forma incerta em sua boca. Ser melhor que cuide de suas costas ela fala. Te garanto que no preciso respondo. Agora, saia daqui.Fico o tempo suficiente para v-los sair, ento sigo caminhando. O menino da Franqueza me chama: Espere! Seu suter! Fique com ele respondo.Viro uma esquina esperando encontrar outra escada, mas me deparo com outro corredor branco como o que eu estava. Penso escutar passos atrs de mim e viro ao redor, pronta para lutar contra a menina sem faco, mas no h ningum ali.Devo estar ficando paranoica.Abro uma das portas no corredor principal, como esperana de encontrar uma janela para poder me orientar, mas encontro apenas um laboratrio saqueado, copos quebrados e tubos de ensaio jogados em cada mesa. Pedaos de papel compem o lixo no cho, e estou agachando para recolher um quando as luzes se apagam.Me lano contra a porta. Uma mo me agarra o brao e me arrasta para um lado. Algum coloca um saco em minha cabea enquanto outra pessoa me empurra contra a parede. Me retoro, dando chutes neles, lutando contra o pano que cobre meu rosto, e a nica coisa que posso pensar de novo no, de novo no, no outra vez. Giro o brao livre e golpeio, acertando algum no ombro ou no queixo, no sei dizer. Ai! diz uma voz issodi! Sentimos muito por te assustar, Tris outra voz fala mas o anonimato essencial para nossa operao. Ns no queremos te machucar.Me soltemento! respondo, quase grunhindo.Todas as mos prendendo-me contra a parede caem. Quem so vocs? exijo. Somos os Convergentes responde a voz e somos muitos, no entanto, somos ningum...No posso evitar: rio. Talvez seja o choque ou o medo, meu corao palpitante desacelerando a cada segundo, as mos tremendo de alvio.A voz vontinua: Temos ouvido que voc no leal a Evelyn Johnson e seus lacaios sem faco. Isso ridculo. No to ridculo como confiar sua identidade a algum quando no tem que faz-lo.Tento ver atravs do tecido o que est por cima da minha cabea, mas grosso demais e est muito escuro. Tento relaxar-me contra a parede, mas difcil sem minha viso para me orientar. Esmago um copo quebrado embaixo de meu sapato. No, no sou leal a ela. Por que isso importante? Porque significa que quer sair diz a voz. Sinto uma pontada de emoo. Queremos te pedir um favor, Tris Prior. Vamos ter uma reunio amanh noite, meia-noite. Queremos que traga seus amigos da Audcia. Est bem respondo. Deixe-me perguntar isto: se vou ver quem so amanh, por que to importante manter essa coisa em minha cabea hoje?Isto parece alcanar temporariamente a pessoa com quem falo. Um dia contm muitos perigos a voz fala. Nos vemos amanh, meia-noite, no lugar onde fez sua confisso.De repente, a porta se abre, soprando o saco contra minhas bochechas, e ouo passos no corredor. No momento em que sou capaz de tirar o saco de minha cabea, o corredor est em silncio.Abaixo os olhos e olho para o saco: uma fronha azul escura com as palavras Faco antes do sangue pintadas nela.Quem quer que seja, sem dvida tem um gosto doentio pelo dramtico.O lugar onde fez sua confisso.H somente um lugar que poderia ser: a sede da Franqueza, onde sucumbi ao soro da verdade.

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Quando finalmente consigo voltar ao dormitrio esta noite, encontro uma nota de Tobias enfiada debaixo do copo de gua de minha mesa de cabeceira.

VIO julgamento de seu irmo ser amanh de manh, e ser privado. No posso ir ou levantaria suspeitas, mas te informarei a sentena assim que for possvel.Logo poderemos fazer algum tipo de plano. No importa o que, isso terminar logo.IV

Captulo oitoTris

So nove em ponto. Eles poderiam estar decidindo o veredito de Caleb neste momento, enquanto colocomeus sapatos, enquanto aliso meu lenol pela quarta vez hoje. Passo as mos pelo meu cabelo. Os se faco s fazem julgamentos privados quando sentem que o veredicto evidente, e Caleb era o brao direito de Jeanine antes de ela ser assassinada.No deveria me preocupar com o veredicto. J est decidido. Todos os colaboradores mais prximos de Jeanine sero executados.Por que se importa?, pergunto a mim mesma.Ele te traiu. No tentou deter sua execuo.No me importo. Sim, me importo. No sei. Ol, Tris Christina fala, batendo osns dos dedoscontra amoldura da porta.Uriah se esconde atrs dela. Sorrio tempo todo, mas agora seu sorriso parece feito de gua, a ponto de derramar-se de seu rosto. Tem alguma novidade? pergunta.Analiso outra vez o dormitrio, que est vazio. Todos esto tomandocaf da manh, como exige nosso horrio. Pedi a Uriah e Christina que pulassem a desjejum para que eu pudesse dizer-lhes algo. Meu estmago est roncando. Sim.Se sentam na cama emfrente aminha, e lhes conto como fui encurralada em um dos laboratrios da Erudio na noite anterior, sobre a fronha, os Convergentes e a reunio. Me surpreende que a nica coisa que fez foi bater em um deles Uriah comenta. Bom, estava superada em nmero respondo, na defensiva.No era muito Audacioso da minha parte simplesmente confiar neles de imediato, mas estes so tempos estranhos. E no tenho certeza de quo Audaciosa sou na realidade, de qualquer modo, agora que as faces se foram.Sinto uma pequena dor estranha ante ao pensamento, bem no centro do meu peito. Algumas coisas so difceis de se deixar ir. Ento, o que acredita que querem? Christina pergunta. Apenas sair da cidade? Soa desse modo, mas no sei respondo. Como sabemos se no so gente de Evelyn, tentando nos enganar para que a traiamos? No sei tambm. Porm vai ser impossvel sair da cidade sem a ajuda de algum, e no vou simplesmente ficar aqui, aprendendo a conduzir nibus e indo pra cama quando me mandam.Christina d a Uriah um olhar de preocupao. Ouam, vocs no tem que vir, mas eu preciso sair daqui. Preciso saber quem era Edith Prior, e quem nos espera fora da cerca, se h algum. No sei por que, mas tenho que faz-lo.Tomo uma respirao profunda. No sei de onde veio essa onda de desespero, mas agora que a reconheci, impossvel de ignorar, como se algo vivo tivesse despertado de um longo sonho dentro de mim. Se retorce em meu estmago e garganta. Preciso ir. Preciso da verdade.Pela primeira vez, o fraco sorriso brincando nos lbios de Uriah se foi. Eu tambm ele fala. De acordo Christina diz. Seus olhos escuros continuam preocupados, mas elaencolhe os ombros. Ento vamos reunio. Bom. Um de vocs pode dizer a Tobias? Se supe que devo manter distncia, j que rompemos. Nos encontramos no beco s onze e meia. Eu direi. Acredito que estou no grupo dele hoje Uriah fala aprendendo sobre fbricas. Mal posso esperar ele sorri. Posso dizer a Zeke tambm? Ou ele no suficientemente digno de confiana? V em frente. Apenas certifique-se de no compartilhar com todos ao redor.Examino meu relgio de novo. Nove e quinze. O veredicto de Caleb j deve ter sido decidido, quase a hora de todos conhecerem seus postos de trabalho sem faco. Sinto como se a mnima coisa pudesse de fazer saltar do corpo. Meu joelho salta por vontade prpria.Christina pe a mo em meu ombro, mas no me pergunta sobre o acontecido, e estou agradecida. No sei o que diria.

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Christina e eu fazemos uma rota complicada atravs da sede da Erudio em nosso caminho at a escadaria dos fundos, evitando as patrulhas sem faco. Empurro a manga de minha camisa para cima do pulso. Desenhei um mapa no brao antes de sair, sei como chegar sede daqui, porm no conheo as ruas laterais que nos mantm longe dos olhares indiscretos dos sem faco.Uriah nos espera do lado de fora da porta. Est vestido todo de preto, porm posso ver o cinza da Abnegao aparecendo no colarinho de sua camiseta. estranho ver meus amigos da Audcia usando cores de Abnegados, como se tivessem estado comigo a vida inteira. s vezes me sinto dessa maneira de qualquer jeito. Falei a Quatro e a Zeke, mas eles vo nos encontrar l Uriah explica vamos.Corremos em conjunto pela ruela at a Rua Monroe. Resisto tentao de vacilar a cada um dos nossos ruidosos passos. mais importante ser rpido que silencioso neste ponto, de todo modo. Nos dirigimos a Monroe, e comprovo que as patrulhas sem faco esto ficando para trs. Vejo formas escuras movendo-se para mais perto da Avenida Michigan, mas desaparecem atrs dos edifcios sem de deter. Onde est Cara? sussurro para Christina, quando estamos na Rua State e suficientemente longe da sede da Erudio para que seja seguro falar. No sei, no acredito que ela conseguisse um convite Christina fala o que seria realmente estranho. S sei que quer... Shh! Uriah sibila. Prxima curva?Uso a luz do relgio para ver as palavras escritas em meu brao. Rua Randolph!Pegamos ritmo, nossos sapatos batendo no pavimento, nossas respiraes pulsando quase em unssono. Apesar da queimao em meus msculos, bom correr.Minhas pernas doem quando chegamos na ponte, mas logo avisto o Mart Impiedoso alm do rio pantanoso, abandonado e sem luz, e sorrio atravs da dor. Meu ritmo diminui quando estou para cruzar a ponte, e Uriah coloca um brao em meus ombros. E agora, temos que subir um milho de lances de escada. Talvez tenham ativado os elevadores? sugiro. No uma alternativa nega com a cabea aposto que Evelyn est monitorando todo o uso de energia eltrica, a melhor maneira de averiguar se as pessoas se renem secretamente.Suspiro. Posso gostar de correr, mas odeio subir escadas.

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Quando finalmente chegamos ao topo da escadaria, nossa respirao est ofegante, e faltam cinco minutos para a meia-noite. Os outros seguem adiante enquanto recupero o ar perto do elevador. Uriah tinha razo: no h uma s luz que eu possa ver, sem contar os letreiros da sada. em seu resplendor azul que vejo Tobias sair da sala de interrogatrio mais adiante.Desde nosso encontro, falei com ele s atravs de mensagens secretas. Tenho que resistir ao impulso de lanar-me sobre ele e passar os meus dedos na curvatura de seus lbios, em suas bochechas proeminentes quando sorri, na linha dura de suas sobrancelhas e na mandbula. Mas faltam dois minutos para a meia-noite. No temos tempo.Ele envolve os braos ao redor de mim e me mantm apertada durante alguns segundos. Sua respirao faz ccegas em meu ouvido, e fecho os olhos, deixando-me finalmente relaxar. Ele cheira a vento, suor e sabonete, como Tobias e segurana. Deveramos entrar? ele pergunta. Quem quer que sejam, provavelmente so pontuais. Sim minhas pernas esto tremendo pelo excesso de exerccio, no posso me imaginar descer as escadas e correr de volta sede da Erudio mais tarde. Averiguou sobre Caleb?Ele sorri foradamente. Talvez devssemos falar disso mais tarde.Essa toda a resposta que preciso. Vo execut-lo, no ? pergunto suavemente.Ele assente e toma minha mo. No sei como me sentir. Trato de no sentir nada.Juntos entramos no cmodo onde Tobias e eu uma vez fomos interrogados sob a influncia do soro da verdade.O lugar onde fez sua confisso.Um crculo de velas acesas est colocado no cho sobre uma das balanas da Franqueza no azulejo. H uma mistura de rostos conhecidos e desconhecidos: Susan e Robert esto juntos, falando; Peter est sozinho em um lado da sala, com os braos cruzados; Uriah e Zeke esto com Tori e alguns outros da Audcia; Christina est com sua me e irm, e em um canto h dois Eruditos de aspecto nervoso. Os novos trajes no podem apagar as divises entre ns, elas esto arraigadas.Christina acena para mim. Esta minha me, Stephanie fala, indicando uma mulher com mechas cinzentas em seu cabelo escuro e encaracolado. E minha irm, Rose. Mame, Rose, esta minha amiga Tris e meu instrutor de iniciao, Quatro. Obviamente Stephanie concorda vimos seus interrogatrios h vrias semanas, Christina. Sei disse, s estava sendocorts... A cortesia um engano em... Sim, sim, sei Christina revira os olhos.Sua me e sua irm, me dou conta, se olham com algo como cautela ou ira, ou ambos. Ento a irm me olha e diz: Ento foi voc que matou o namorado de Christina.Suas palavras criam uma sensao de frio dentro de mim, como um raio de gelo que divide um lado de meu corpo do outro. Quero responder, me defender, mas no posso encontrar as palavras. Rose Christina fala, franzindo o cenho para ela.Ao meu lado, Tobias se endurece, seus msculos tensionando-se. Pronto para uma briga, como sempre. Eu s pensei que tudo deveria ser falado de uma vez Rose diz. Desperdiaramos menos tempo. E ainda pergunta porque sa de nossa faco Christina responde. Ser honesto significa dizer tudo o que quer, quando quer. Significa que voc escolhe dizer o certo. Uma mentira por omisso continua sendo uma mentira. Quer a verdade? Me sinto incomodada e no quero estar aqui neste momento. Nos vemos logo, garotas ela pega meu brao e leva Tobias e eu para longe de sua famlia, balanando a cabea o tempo inteiro sinto por isso. No so realmente do tipo indulgente. Est bem falo, mas no est.Pensava que quando recebi o perdo de Christina, a parte mais difcil da morte de Will houvesse terminado. Mas quando se mata algum que ama, a parte difcil nunca termina. Simplesmente fica mais fcil se distrair do que foi feito.Me relgio marca as doze horas. Uma porta na frente da sala se abre e entram a p duas silhuetas magras. A primeira Johanna Reyes, antiga porta-voz da Amizade, identificvel pela cicatriz que cruza seu rosto e o toque de amarelo que se assoma debaixo de sua jaqueta negra. A segunda pessoa outra mulher, mas no posso ver seu rosto, s que est usando azul.Sinto uma pontada de terror. Ela se veste quase como... Jeanine.No, eu a vi morrer. Jeanine est morta.A mulher se aproxima. imponente e loira, como Jeanine. Um par de culos pende de seu bolso da frente, e seu cabelo est preso numa trana. Uma Erudita da cabea aos ps, mas no Jeanine Matthews.Cara.Cara e Johanna so as lderes dos Convergentes? Ol Cara fala, e todas as conversas param. Ela sorri, porm em sua expresso parece obrigatria, como se estivesse simplesmente aderindo a uma conveno social. No se supe que devssemos estar aqui, assim vou manter esta reunio breve. Alguns de vocs Zeke, Tori nos tem ajudado nos ltimos dias.Olho Zeke fixamente.Zeketem ajudado Cara? Suponho que esqueci que ele uma vez foi espio da Audcia. Que foi quando, provavelmente, demonstrou sua lealdade a Cara, deveria ter algum tipo de amizade com ela antes de ia sede da Erudio no faz muito tempo.Ele me olha, move as sobrancelhas e sorri.Johanna continua: Alguns de vocs esto aqui porque queremos pedir sua ajuda. Todos vocs esto aqui porque no confiam em Evelyn Johnson para determinar o destino desta cidade.Cara junta as mos diante de si. Acreditamos em seguir as intenes dos fundadores da cidade, que foram expressadas de duas formas: a formao das faces, e a misso Divergente expressada por Edith Prior, de enviar as pessoas para fora da cerca e ajudar quem estiver ali uma vez que tenhamos uma grande populao Divergente. Acreditamos que, mesmo que no tenhamos chegado a esse nmero de habitantes Divergentes, a situao em nossa cidade ficou suficientemente grave para enviar as pessoas para fora da cerca de qualquer modo. De acordo com as intenes dos fundadores de nossa cidade, temos dois objetivos: derrubar Evelyn e os sem faco para que possamos reestabelecer as faces, e enviar alguns de ns para fora da cidade para ver o que h l fora. Johanna encabear o primeiro objetivo, e eu dirigirei o ltimo, que nosso principal foco esta noite.Ela pressiona uma mecha para trs em sua trana. No muitos de ns seremos capazes de ir, porque um grupo to grande chamaria ateno demais. Evelyn no permitir que marchemos sem lutar, assim pensei que o melhor seria recrutar pessoas que sei que tm experincia em sobreviver ao perigo.Dou um olhar a Tobias. Certamente temos experincia com o perigo. Christina, Tris, Tobias, Tori, Zeke e Peter so minhas opes Cara revela. Todos vocs me demonstraram suas habilidades de uma forma ou de outra, e por isso que eu gostaria de lhes pedir que venham comigo para fora da cidade. No so obrigados a aceitar, claro.Peter? pergunto, sem pensar.No posso imaginar o que Peter poderia ter feito para demonstrar suas habilidades para Cara. Ele evitou que os integrantes da Erudio te matassem Cara fala suavemente. Quem acha que lhe proporcionou a tecnologia para forjar sua morte?Ergo as sobrancelhas. Nunca havia pensado nisso antes: muito aconteceu depois de minha execuo fracassada para me deter aos detalhes do resgate. Mas, claro, Cara era a nica desertora bem conhecida da Erudio naquele momento, a nica pessoa que Peter conhecia para pedir ajuda. Quem mais poderia ter lhe ajudado? Quem mais sabia?No fao outra objeo. No quero deixar essa cidade com Peter, mas estou desesperada demais para sair para reclamar sobre isso. So muitos integrantes da Audcia uma menina de um lado da sala diz, com ar ctico.Ela tem sobrancelhas grossas que no se impedem de crescer no meio, e a pele plida. Quando vira a cabea, vejo tinta negra atrs de sua orelha. Uma transferida da Audcia para a Erudio, sem dvida. Verdade Cara concorda mas o que precisamos nesse momento so de pessoas com as habilidades necessrias para sair da cidade ilesas, e creio que a formao da Audcia os tornam altamente qualificados para essa tarefa. Sinto muito, mas acredito que eu no possa ir Zeke fala. Eu no poderia deixar Shauna aqui. No depois que sua irm acaba de... bom, j sabem. Eu irei Uriah se oferece, sua mo se erguendo. Sou da Audcia. Sou um bom atirador. E proporciono um colrio para os olhos muito necessrio.Eu rio. Cara no parece estar divertida, mas assente. Obrigada. Cara, ter que sair da cidade rapidamente a garota da Audcia-transferida-para-a-Erudio diz. O que significa que deveria conseguir algum para operar os trens. Bom ponto Cara concorda. Algum aqui sabe como conduzir um trem? Oh, eu fao isso responde a menina. Isso no estava implcito?As peas do plano se unem, Johanna sugere que peguemos uns caminhes da Amizade no final dos trilhos de trem fora da cidade, e se voluntaria para nos dar provises. Robert se oferece para ajud-la. Stephenie e Rose se oferecem como voluntrias para vigiar os movimentos de Evelyn nas horas previstas para a fuga, e para reportar qualquer comportamento no usual para a sede da Amizade por rdio bidirecional. O integrante da Audcia que chegou com Tori se oferece para encontrar armas para ns. A garota Erudita ressalta qualquer debilidade que v, e o mesmo faz Cara, e tudo est assegurado, como se tivssemos acabado de construir uma estrutura segura.S resta uma pergunta. Cara a verbaliza: Quando deveramos ir?E eu ofereo uma resposta: Amanh noite.

Captulo noveTobias

O ar noturno desliza em meu pulmes, e sinto como se fosse uma das minhas ltimas respiraes. Amanh sairei deste lugar buscarei outro.Uriah, Zeke e Christina comeam a sedirigirat a sede da Erudio, e seguro a mo de Tris para mant-la atrs. Espere. Vamos a algum lugar. Ir a algum lugar? Mas... S por um momento a levo at a esquina do edifcio. De noite, quase posso imaginar como a gua parecia quando enchia o vazio escuro docanal comondas iluminadas pela luz. Voc est comigo, lembra? Eles no vo te deter.H um tremor em seulbio superior quase um sorriso.Ao dobrar a esquina, ela se inclina contra a parede e eu estou de frente para ela, de costas para o rio. Ela est usando algo escuro ao redor dos olhos para dar destaque e brilho cor. No sei o que fazer ela pressiona as mos no rosto, enterrando os dedos no cabelo. SobreCaleb, quero dizer. No sabe?Ela move umamopara me olhar. Tris ponho minhas mos na parede, cada uma de um lado de seu rosto e me inclino com elas. No quer que ele morra. Sei que no. que ela fecha os olhos. Estou to...brava. Tento no pensar nele, porque quando o fao, s quero... Eu sei. Deus, eu sei.Toda a minha vida sonhei em matarMarcus. Uma vez inclusive decidi como iria faz-lo com uma faca, assim poderia sentir o calor deix-lo, poderia estar perto o suficiente para ver a luz deixar seus olhos. Tomar essa deciso me assustou tanto como sua violncia nunca o fez. Meus pais gostariam que eu o salvasse, claro os olhos dela se abrem e se erguem at ele eles diriam que egosta deixar algum morrer s porque te traram. Perdoe, perdoe, perdoe. Isto no sobre o que eles querem, Tris. Sim, sim! ela se afasta da parede. Sempre sobre o que eles querem. Porque ele pertence a eles mais do que pertence a mim. E quero que se sintam orgulhosos de mim. tudo o que quero.Seusolhos clarosso constantes nos meus, decididos. Nunca tive pais que me deram um bom exemplo, pais cujas expectativas valiam a pena estar altura, mas ela sim. Posso ver dentro dela o valor e a beleza que eles lhe incutiram como um movimento de mo.Toco sua bochecha, deslizando meus dedos em seu cabelo. Vou tir-lo de l. O qu? Vou tir-lo de sua cela. Amanh, antes de irmos assinto. Eu o farei. Mesmo? Tem certeza? claro que tenho certeza. Eu... ela franze o cenho obrigada. Voc ... incrvel. No diga isso. No est inteirada dos meus motivos ocultos ainda sorrio. Veja, na realidade, no te trouxe aqui para falar sobre Caleb. Ah, no?Ponho minhas mos em sua cintura e a empurro suavementepara trscontra a parede. Ela me fita, seus olhos claros e ansiosos. Me apoio suficientemente perto para sentir sua respirao, porm me afasto quando ela se inclina, provocando-a.Ela engancha os dedos nas alas para o cinto de minha cala e me puxa contra ela, assim tenho que deter-me com meus antebraos. Ela tenta me beijar, mas inclino a cabea para esquivar, beijando-a debaixo da orelha, e ento ao longo da mandbula at a garganta. Sua pele macia e tem gosto de sal, como uma corrida noturna. Me faa um favor ela sussurra em meu ouvido e nunca tenha motivos puros novamente.Ela pe as mos em mim, tocando todos os lugares em que sou tatuado, a parte baixa das minhas costas e costelas. Seus dedos deslizam pelo cs da minha cala e me puxam contra ela. Respiro contra a lateral de seu pescoo, incapaz de me mover.Finalmente nos beijamos, e um alvio. Ela suspira, e sinto um sorriso perverso formando-se em meu rosto.Eu a levanto nos braos, deixando que a parede suporte a maior parte do seu peso e suas pernas rodeando minha cintura. Ela ri com outro beijo, e me sinto forte, e tambm assim est ela, seus dedos duros ao redor de meus braos. O ar da noite desliza em meus pulmes, e sinto como se fosse uma das minhas primeiras respiraes.

Captulo dezTobias

Os edifcios em runas do setor da Audcia parecem portas para outros mundos. Diante de mim vejo a Pira perfurando o cu.A pulsao em meus dedos marca os segundos que passam. O ar todavia rico em meus pulmes, mesmoque o veroesteja chegando ao fim. Bastava correr e lutar todo o tempo porque o que me importavam eram meus msculos. Agora meus ps me salvaram vezes demais, e no posso separar correr e lutar do que so: uma maneira de escapar do perigo, uma maneira de continuar vivo.Quando chego ao edifcio, me detenho diante da entrada para recuperar o flego. Acima de mim, painis de cristal refletem a luz em todas as direes. Em algum lugar aliem cimaest a cadeira em que me sentei enquanto estava executando a simulao de ataque, e h uma mancha de sangue do pai de Tris na parede. Em algum lugar l em cima, a voz de Tris atravessou a simulao em que eu estava, e senti sua mo em meu peito, trazendo-me para a realidade.Abro a porta da sala da paisagem do medo e puxo atampa dapequena caixa negra que estava em meu bolso traseiro para ver as seringas dentro. Esta a caixa que sempre usei, acolchoada ao redor das agulhas; o smbolo de algo doente em meu interior, ou de algo valente.Coloco a agulha em minha garganta e fecho os olhos enquanto pressiono o mbolo. A caixa negra cai com estrpito no cho, mas no momento em que abro os olhos, ela desapareceu.Estou de p no teto do edifcio Hancock, perto da tirolesa onde os Audaciosos brincamcom a morte. as nuvens so negras com a chuva, e o vento me enche a boca quando a abro para respirar. minha direita, a tirolesa estala, o cabo chicoteando para trs e estilhaando as janelas abaixo de mim.Minha viso se estreita ao redor da borda do teto, preso no centro de um buraco. Posso ouvir minha prpria exalao apesar do vento que silva.Me obrigo a caminhar pela borda. A chuva golpeia contra meus ombros e cabea, arrastando-me at o cho. Ponho o peso um pouco para frente e caio, minha mandbula reprimindo os gritos, afogados e sufocados por meus prprios medos.Depois que aterrisso, no tenho nem um segundo para descansar antes que as paredes se fechem ao meu redor, a madeira atingindo-me nas costas, ento na cabea e depois minhas pernas. Claustrofobia. Ponho os braos em meu peito, fecho os olhos e tento no entrarem pnico.Penso em Eric em sua paisagem do medo, vencendo seu terror submisso comrespiraes profundas e lgicas. E Tris, conjurando armas do nada para atacar seus piores pesadelos. Mas no sou Eric, e no sou Tris. O que eu sou? O queeupreciso para superar meus medos?Sei a resposta, claro que sim: tenho que negar-lhes o poder de me controlar. Preciso saber que soumais forteque eles.Respiro e fecho minhas palmas contra as paredes esquerda e direita. A caixa racha e logo se rompe, as tbuas estatelam contra o solo de cimento. Me ponho de p por cima delas na escurido.Amar, meu instrutor na iniciao, nos ensinou que nossas paisagens do medo sempre estavam em processo de mudana, se transformando deacordo comnossos estados de nimo e com os pequenos sussurros de nossos pesadelos. A minha sempre foi a mesma, at a poucas semanas. At que demonstrei que posso dominar meu pai. At que descobri algum por quem ficaria aterrorizado de perder.No sei o que vou ver a seguir.Espero muito tempo sem que nada mude. A sala est escura, o cho ainda est frio e duro, meu corao segue batendo mais rpido que o normal. Olho para o relgio e descubro que est no pulso errado costumo us-lo no esquerdo, no no direito, e a correia no cinza, preta.Ento me dou conta dos pelos eriados em meus dedos que no estavam ali antes. Os calos nos ns dos dedos se foram. Olho para baixo, e estou usando calas e uma camiseta cinza, sou mais largo no tronco e mais magro nos ombros.Ergo meus olhos a um espelho que agora se encontra a minha frente o rosto que me encara fixamente o de Marcus.Ele pisca para mim, e sinto os msculos que rodeiam meu olho se contrarem enquanto ele o faz, mesmo que eu no tenha mandado nada. Sem aviso prvio, seus meus nossosbraos se erguem at o vidro e o alcanam, fechando as mos ao redor do pescoo de meu reflexo. Mas ento o espelho desaparece e minhas suas nossasmos esto ao redor de nosso prprio pescoo, manchas escuras surgindo na borda da viso. Camos no cho, e o aperto to forte quanto ferro.No posso pensar. No me ocorre uma maneira de sair disto.Por instinto, grito. O som vibra contra minhas mos. Imagino essas mos como so as minhas na realidade, grandes, com dedos longos e ns com calos de horas contra o saco de boxe. Imagino meu reflexo como um jorro de gua sobre a pele de Marcus, substituindo todas as partes dele com as minhas. Me refao minha prpria imagem.Euestou de joelhos no cimento, respirando com dificuldade.Minhas mos tremem, e passo os dedos por meu pescoo, ombros, braos. Apenas para ter certeza.Eu disse a Tris, no trem para conhecer Evelyn h algumas semanas, que Marcus ainda estava em minha paisagem do medo, porm que havia mudado. Passei muito tempo pensando nele, enchia meus pensamentos cada noite antes de ir dormir, e chamava pela minha ateno toda vez que eu despertava. Ainda tinha medo, sabia, mas de uma maneira diferente j no era um menino, temendo a ameaa que meu terrvel pai representava para minha segurana. Era um homem, assustado com a ameaa que ele representava a meu carter, meu futuro, minha identidade.Porm inclusive esse medo, eu sei, no se compara com o que vem a seguir. Mesmo sabendo o que vem, quero abrir uma veia e tirar o soro do meu corpo no lugar de v-lo de novo.Um crculo de luz aparece no concreto a minha frente. Uma mo, com os dedos dobrados em forma de garra, aparece na luz, seguida por outra, e logo a cabea, com o cabelo loiro grosso. A mulher tosse e se arrasta para dentro da luz, centmetro por centmetro. Quero avanar at ela, ajud-la, mas estou congelado.A mulher gira seu rosto para a luz, e vejo que no Tris. O sangue derrama sobre seus lbios e nos cachos ao redor do queixo. Seus olhos injetados de sangue encontram os meus e ela fala: Ajuda.Tosse em vermelho no cho, e me lano at ela, de alguma maneira sabendo que se no chegar logo, a luz deixar seus olhos. Mos se envolvem ao redor de meus braos, ombros e peito, formando uma jaula de carne e osso, mas continuo esforando-me para alcan-la. Arranho as mos que me prendem, mas s termino arranhando a mim mesmo.Grito seu nome; ela tosse novo, desta vez mais sangue. Ela grita pedindo ajuda, eu grito por ela e no ouo nada, no sinto nada exceto meu corao, meu prprio terror.Ela cai no cho, sem se mover, e seus olhos ficam sem expresso. J tarde demais.A escurido se levanta. As luzes voltam. Grafites cobrem as paredes da sala da paisagem do medo, e diante de mim esto as janelas espelhadas da sala de observao, e nos cantos as cmeras que registram cada sesso, tudo onde se supe que deve estar. Meu pescoo e costas esto cobertos de suor. Limpo o rosto com a bainha da minha camisa e caminho at a porta da frente, deixando a caixa negra com a seringa para trs.J no preciso reviver meus medos. Tudo o que tenho a fazer agora tentar super-los.

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Sei por experincia que confiana por si s pode levar uma pessoa a lugares proibidos. Como as celas do terceiro andar da sede da Erudio.No aqui, claro, pelo o que parece. Um homem sem faco me detm com o extremo de sua arma antes de eu chegar porta, e estou nervoso, com falta de ar. Onde vai?Ponho a mo em sua arma e a empurro para longe do meu brao. No me aponte essa coisa. Estou aqui por ordens de Evelyn. Vou ver um prisioneiro. No ouvi sobre visitas fora do horrio hoje.Deixo minha voz baixar, para parecer que estou revelando-lhe um segredo. porque ela no queria isso no registro. Chuck! algum chama em voz alta das escadas acima de ns. Therese. Ela faz um movimento de mo enquanto caminha at ns. Deixe-o passar. Est tudo bem.Assinto com a cabea para Therese e sigo adiante. Os escombros do corredor foram limpos, mas as lmpadas quebradas no foram substitudas, ento vou por caminhos na escurido, em meu caminho procurando pela cela certa.Quando chego ao corredor norte, no vou direto para a cela, mas para a mulher que se encontra no final. de meia-idade, com olhos que caem nos cantos e uma boca que se mantm franzida. Parece que tudo a incomoda, inclusive eu. Ol falo. Meu nome Tobias Eaton. Estou aqui para recolher um preso, por ordem de Evelyn Johnson.Sua expresso no muda quando ouve meu nome, assim por alguns segundos, tenho certeza de que terei que deix-la inconsciente para conseguir o que quero. Ela pega um papel amassado do bolso e o estica contra a palma da mo esquerda. Ali est uma lista dos nomes dos presos e suas correspondentes celas. Nome? Caleb Prior. 308A respondo. Voc o filho de Evelyn, verdade? Yeah. Quero dizer... sim.Ela no parece o tipo de pessoa que gosta de grias como yeah.A mulher me leva a uma porta de metal branco com 308A pintada nela, e me pergunto para que era usada quando nossa cidade no requeria tantas celas. Ela digita o cdigo e as portas se abrem. Suponho que tenho que fingir que no vejo o que vai fazer? ela pergunta.Deve pensar que estou aqui para mat-lo. Decido deix-la pensar assim. Faa-me um favor e fale bem de mim para Evelyn. No quero tantos turnos noite. O nome Drea. Ok.Ela amassa o papel com o punho e o enfia no bolso enquanto se afasta. Mantenho minha mo na maaneta da porta at que ela chega ao seu posto e vira de lado para no ficar de frente para mim. Parece que fez isso algumas vezes antes. Me pergunto quantas pessoas tem desaparecido dessas celas por ordem de Evelyn.Caminho para dentro. Caleb Prior se senta em uma mesa de metal, inclinado sobre um livro, o cabelo puxado para um lado da cabea. O que quer? Odeio ter que dizer isso... me detenho. Decidi faz algumas horas como manejar isso, quero ensinar uma lio a Caleb. E isso envolve algumas poucas mentiras. Voc sabe, na realidade, no odeio tanto. Sua execuo foi adiantada algumas semanas. Para esta noite.Isso chama sua ateno. Ele se retorce em sua cadeira e me olha fixamente, com olhos saltados das rbitas, como uma presa diante do predador. uma brincadeira? Realmente sou horrvel para contar piadas. No ele nega com a cabea. Tenho um par de semanas, no,essa noiteno... Se voc se calar, te darei uma hora para se adaptar com a nova informao. Se no, te golpearei e o despacharei no beco antes que desperte. Faa sua escolha agora.Ver um Erudito processar algo como ver o interior de um relgio, todas as engrenagens girando, deslocando-se, ajustando-se, trabalhando juntas para formar uma funo particular, que neste caso dar sentido a sua morte iminente.Os olhos de Caleb se movem para a porta atrs de mim. Ento ergue a cadeira, girando-a e balanando-a contra mim. As pernas me acertam com fora, o que me para o suficiente para deixar que ele saia.Eu o sigo pelo corredor, os braos ardendo onde a cadeira me acertou. Sou mais rpido que ele, acerto-o nas costas e ele cai no cho de bruos, sem apoio. Com o joelho em suas costas, puxo seus pulsos e os prendo com uma tira plstica. Ele se queixa, e quando o coloco de p, seu nariz est brilhando com sangue.Os olhos de Drea encontram os meus por instante, e logo vo para longe.Eu o arrasto pelo corredor, no por onde vim, mas por outro, at uma sada de emergncia. Caminhamos por um labirinto de escadas estreitas, onde o eco de nossos passos ressoa, dissonantes e ocos. Uma vez que estou na parte inferior, bato na porta de sada.Zeke abre, um sorriso bobo no rosto. No teve problemas com a guarda? No. Imaginei que seria fcil de passar por Drea. Ela no se importa com nada. Parecia que j tinha olhado para o outro lado antes. Isso no me surpreende. Este Prior? Em carne e osso. Por que est sangrando? Porque um idiota.Zeke me oferece uma jaqueta preta com o smbolo dos sem faco bordado no colarinho. No sabia que a idiotice fazia as pessoas sangrarem espontaneamente pelo nariz.Cubro os ombros de Caleb com a jaqueta e fecho um dos botes em seu peito. Ele evita meus olhos. Acredito que seja um fenmeno novo falo para ele. O beco est livre? Me assegurei que sim Zeke estende a pistola para mim, a empunhadura primeiro. Cuidado, est carregada. Agora, bem, seria muito bom se me acertasse, assim serei mais convincente quando falar aos sem faco que voc roubou a arma de mim. Quer que eu te bata? Oh, como se voc nunca tivesse desejado isso. Apenas faa, Quatro.Eu gosto de bater nas pessoas, gosto da exploso de potncia e energia, da sensao de que sou intocvel porque posso feri-los. Mas no gosto dessa parte de mim, porque a parte de mim que est mais danificada.Zeke se prepara e fecho minha mo em punho. Faa rpido, seu maricas.Decido acertar a mandbula, que forte demais para quebrar, mas deixar um bom hematoma. Lano o brao pra frente, socando bem onde planejava. Zeke geme, segurando o rosto com as duas mos. A dor percorre meu brao, e sacudo a mo. Muito bem Zeke espia pelo lado do edifcio. Bom, suponho que isso tudo. Acho que sim. Provavelmente no te verei outra vez, no ? Quero dizer, sei que os outros voltaro, mas voc... ele se cala, mas continua com o pensamento um momento depois. Simplesmente parece que ficar feliz de deixar isto para trs, isso tudo. Sim, provavelmente tem razo encaro meus sapatos. Tem certeza que no quer vir? No posso. Shauna no pode ir de cadeira de rodas para onde esto indo, e no como se eu fosse deix-la, sabe? ele toca a mandbula, ligeiramente, examinando a pele. Assegure-se de que Uri no beba demais, ok? Sim. No, estou falando srio ele diz, e sua voz cai como sempre faz quando est srio. Me promete que cuidar dele?Sempre esteve claro para mim, j que os conheo, que Zeke e Uriah so mais prximos que a maioria dos irmos. Eles perderam o pai quando eram jovens, e suspeito que Zeke comeou a caminhar na linha entre pai e irmo depois disso. No posso imaginar o que ele sente ao ver o caula sair da cidade agora, sobretudo quando Uriah est to quebrado pela dor depois da morte de Marlene. Eu prometo concordo.Sei que deveria ir, mas tenho que permanecer neste momento por um pouco de tempo, sentindo seu