os construtores de embarcaÇÕes de madeira do estado do parÁ e as transformaÇÕes do capital na...

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  • OS CONSTRUTORES DE EMBARCAES DE MADEIRA DO

    ESTADO DO PAR E AS TRANSFORMAES DO CAPITAL

    NA AMAZNIA

    RESUMO

    Este trabalho um estudo de caso da construo naval artesanal no municpio de Igarap-Miri

    regio do Baixo Tocantins. Atividade formada por estaleiros gerenciados por mestres trabalhadores detentores de um acervo intelectual tcito, passado de gerao em gerao.

    Analisou-se suas principais caractersticas, estrutura de produo, custo, ocupao, mercado e

    emprego nas pequenas empresas do APL da indstria naval, a dinmica e a potencialidade do

    setor, os seus principais problemas e os entraves ao seu desenvolvimento. Dessa forma, a

    pesquisa constatou a crescente produo por tonelagem da indstria naval e os atores

    econmicos, polticos e sociais que dela tem se beneficiado; adotou o padro metodolgico

    das experincias de estudos de sistema de aprendizagem e inovaes buscando entender

    sistemas e APL fundamentado na viso evolucionista sobre inovao e mudana tecnolgica.

    Palavras-chave: Construo Naval Artesanal. Arranjos Produtivos Locais. Desenvolvimento

    Sustentvel. Igarap-Miri (PA).

    ABSTRACT

    This work is a case study of shipbuilding industry in craftsmanship Igarap-Miri region of the

    Low - Tocantins. This activity consists of sites managed by teachers employed owners of a

    body of tacit intellectual, passed from generation to generation. Therefore, we analyzed the

    main characteristics, structure of production, cost, employment, market and employment in

    small businesses of LPA in the shipping industry as well as the dynamics and potential of the

    sector, its main problems and barriers to its development. Thus, the survey found the increase

    in production tonnage of the shipping industry and the economic actors, political and social

    changes that it has benefited. The research adopted the methodological study of the

    experiences of learning system and seeking to understand innovation systems and local

    productive systems based on the evolutionary view of innovation and technological change.

    Keywords: Shipbuilding Craft. Local Production. Sustainable Development. Igarap-Miri

    (PA).

  • 2

    INTRODUO

    A Amaznia tem sido pautada mundialmente devido a sua natureza e sociedade. A

    bacia continental hdrica amaznica se estende sobre vrios pases da Amrica do Sul e

    formada pela bacia hidrogrfica do rio Amazonas situada no territrio nacional, pelas bacias

    dos rios existentes na Ilha de Maraj, alm das bacias dos rios situados no Estado do Amap

    que desguam no Atlntico Norte. A bacia do rio Amazonas constituda pela mais extensa

    rede hidrogrfica do globo terrestre, desde suas nascentes nos Andes Peruanos at sua foz no

    oceano Atlntico (na regio norte do Brasil), ocupando uma rea de 6.869.000 km, dividida

    em: a) esturio amaznico, b) delta interno do esturio amaznico c) sistema Amazons-

    Solimes-Ucayaly, d) sistema Madereira-Beni-Mamor, e e) sistema Araguaia-Tocantins. O

    Brasil comporta 58,0% da bacia, vindo a seguir o Peru com 16,0%, Bolvia, 10,0%, e

    Colmbia, Venezuela, Equador, Suriname, Guiana e Guiana Francesa, que detm os 16,0%

    restantes. Em termos de recursos hdricos, sua contribuio mdia em territrio brasileiro,

    da ordem de 132.145 m/s (73,6% do Pas). Em 2010 sua populao, era de 9.694.728

    habitantes (5,1% da populao do Pas) e sua densidade demogrfica de apenas 2,51 hab/km

    (BRASIL/ANA, 2013; SENA, 2006:67).

    Dos aspectos que envolvem os povos das guas, duas questes merecem destaque para

    a o entendimento desse universo: 1) a questo da pesca e 2) a questo do transporte fluvial na

    Amaznia. Com todo o potencial hdrico e a existncia de enorme variedade de peixes em

    torno de 1.300 espcies na Amaznia (SENA, 2006:67), a pesca passou cad vez mais ser

    relevante para a nao brasileira quanto ao desafio da segurana alimentar do planeta, entre

    outras questes, em virtude do contexto da crise mundial de alimentos da sociedade

    contempornea. Por outro lado, ao possuir o Brasil 43 mil quilmetros de rios, dos quais 27

    mil so navegveis e dispor de uma costa ocenica, estimada em 8.500 km de extenso e na

    parte brasileira da Amaznia localizar-se a maior bacia hidrogrfica do mundo, com uma

    extenso estimada de 18.000 Km de rios permanente navegveis, conformando uma rede

    fluvial em termos de utilizao como sistema natural de transportes que assume enorme

    significao regional, nacional e internacional, o pas ainda utiliza o modal aquavirio de

    forma reduzida e insignificante em sua matriz de transportes (LINS, 2004:401).

    Segundo o Boletim Estatstico da Pesca e Aquicultura do Brasil 2010, o Estado de

    Santa Catarina continua sendo o maior plo produtor de pescado do pas, com 183.770 t,

    seguido pelos estados, do Par com 143.078 t e Bahia com 114.530 t. Embora o Estado de

    Santa Catarina, em relao ao total continua sendo o primeiro desde 2009, apresentou uma

    queda de 7,8% em 2010. Os dados estatsticos de 2010 em comparao ao ano de 2009,

    revelam que a produo do pescado no Brasil como um todo decresceu na modalidade pesca

    extrativa em relao modalidade aquicultura, seja em gua de marinha ou em gua

    continental. Em 2009 o Brasil capturou na modalidade pesca extrativa 825.164,1t para

    785.366,3t em 2010, uma diferena a menor de 39.797,80t. J na modalidade aquicultura em

    2009 o pas produziu 415.649,40t para 479.398,60t em 2010, uma diferena a maior de

    63.749,20t, verificando-se uma inflexo crescente na produo da aquicultura no sistema

    produtivo brasileiro. Esse decrscimo na modalidade pesca extrativa tambm visvel no

    Par, que em 2009 capturou 134.130,30t para 138.534,00t em 2010 uma diferena a menor de

    4.403,70t, e produziu na aquicultura 3.920,00t em 2009 para 4.544,20t em 2010, uma

    diferena a maior de 624,20t (BRASIL/MPA, 2012:18-21).

    Mesmo com a inflexo decrescente na pesca extrativa no Brasil, o Par destaca-se no

    s por ser o segundo Estado mais importante na produo do pescado do pas, mas

    principalmente por pertencer a Regio Amaznica e sua particular forma, tipo e relao scio-

    organizacional da pescaria artesanal na captura da pesca extrativa e na produo da

    aquicultura nas guas de marinha e continental. Essa particularidade est expressa na

  • 3

    perspectiva da historiografia amaznica desde a tradio indgena no processo de sua

    ocupao. O pescado uma das fontes de alimentos mais utilizadas por suas populaes,

    sejam aquelas que j habitavam o territrio ou as que por aqui vieram desbravar em suas

    navegaes de descobrimento, assim foram desenvolvidas vrias tcnicas para sua captura.

    As populaes tradicionais da Amaznia tm em sua formao socioeconmica de

    forma mais intensa, o mestio de branco com ndio chamado de populao cabocla, essa

    miscigenao proporcionou a formao do campesinato-cabloco que durante o perodo

    colonial fez ascender a economia amaznica considerando que j existia na Amaznia o

    extrativismo, em especial realizado pelos povos indgenas. A histria nos mostra, que durante

    o perodo pombal cresceu de forma diferenciada a produo agrcola no Gro-Par. No

    entanto, o extrativismo continuou em crescimento, e depois do perodo pombalino surge um

    novo extrativismo formado pelo campesinato-caboclo, conhecedor das peculiaridades

    amaznicas, (COSTA, 2010:200).

    A habilidade e conhecimento indgena associado ao conhecimento dos portugueses

    expostos acima, favoreceram desde sua origem a evoluo do transporte fluvial na Amaznia.

    Seja de forma inicial a partir do saber tradicional de herana indgena uma vez que a tradio e riqueza do saber indgena, do mestre arteso na arte de navegar e na arquitetura naval, correspondem

    a um conjunto de fatores econmicos e culturais (XIMENES,1992:02) ou em seguida com o

    desenvolvimento da tcnica portuguesa a partir da Escola de Arte Nutica Escola de Sagres,

    percussora do avano da navegao fluvial no mundo na poca das grandes descobertas.

    Compartilhando do mesmo iderio sobre a funo socioeconmica das embarcaes

    de madeira e ampliando o olhar para as particularidades de sua produo e viabilidade de

    transporte Lins (2004) acrescenta que ao longo da histria dos transportes fluviais na

    Amaznia a frota de embarcaes de madeira apresenta variadas solues tecnolgicas em

    sua confeco adequando-se ao uso e necessidades de determinada regio (LINS, 2004:433).

    Assim, desde o surgimento dos primeiros grupos sociais na terra, que os barcos so

    identificadores dos meios de produo, utilizados em especial na pesca e no transporte de

    passageiros. Na sociedade moderna contempornea que se globaliza pela mundializao da

    economia capitalista coexistem inmeras e variadas formas e tipos de embarcaes. No Par a

    construo naval artesanal origina-se no saber sociocultural da tradio indgena e cabocla,

    constituindo-se para alm de usos e significados, imagens e inspirao da formao social das

    populaes tradicionais ribeirinhas (FURTADO, 2004:54).

    Para ter-se uma dimenso mais precisa da construo naval artesanal necessrio

    reconstituir brevemente as caractersticas peculiares especficas dessa atividade de tradio

    milenar amaznica. Em pesquisa concluda no ano de 2009 pelo autor, constatou-se que a

    atividade uma prtica cultural secular que consolidou uma categoria de trabalhadores os construtores de embarcaes de madeira que conforme a estrutura funcional dessa ocupao econmica apresenta trs segmentos distintos, a saber, carpinteiros navais

    1, calafates

    2 e

    pintores3. Os carpinteiros navais so responsveis pelo planejamento, controle,

    beneficiamento da madeira e articulao de insumos para feitura das embarcaes; Os

    calafates cuidam da vedao para que no entre gua nos barcos e os pintores realizam a

    pintura interna e externa dos barcos que serve como revestimento, conservao,

    embelezamento e identificao das embarcaes.

    1 Trabalhador que utiliza a madeira beneficiando-a e moldando-a em peas de forma artesanal para construo de

    barcos. 2 Trabalhador que atua aps o barco est montado e emparedado, necessitando de calafeto ou seja de uma

    vedao que feita com algodo, leo de linhaa e zarco em toda a sua estrutura da embarcao, vedando e

    obstruindo a entrada de gua. 3 Trabalhador responsvel pelo toque final da beleza do barco, onde o mesmo pintado com diversas cores e

    identificado com um nome em sua maioria de origem regional, cunho religioso ou familiar.

  • 4

    Na estrutura hierarquia do ofcio so trs os nveis por eles identificados: mestre,

    profissional e aprendiz: 1) Os mestres da carpintaria naval so profissionais j consagrados

    e proprietrios de estaleiros da industria naval artesanal4, j os mestres da calafetaria e da

    pintura naval, no possuem a estrutura do estaleiro para realizarem seus ofcios, pois circulam

    de forma nmade percorrendo variados territrios atrs de frentes de trabalho; 2) os

    profissionais so trabalhadores autnomos que j passaram pelo aprendizado de algum

    mestre profissional durante alguns anos e j esto capacitados para exercer a profisso; e 3) os

    aprendizes so trabalhadores que esto iniciando na atividade, em sua maioria so ainda

    crianas e adolescentes pertencentes a famlia, a vizinhana ou parentes de amigos e

    conhecidos dos mestres.

    O ofcio da construo naval artesanal desenvolveu-se enquanto atividade produtiva a

    partir da formao sociocultural das populaes de mesorregies mais antigas do processo de

    ocupao amaznico, como os territrios do Baixo Amazonas e do nordeste paraense do qual

    pertence o Baixo Tocantins, denominado pelo IBGE como microrregio Camet. uma das

    reas mais antiga da ocupao europeia no Estado, zona de colonizao que data do sculo

    XVII, ainda no perodo colonial, (a Vila de Santa Cruz de Camet a segunda cidade mais

    antiga do Par, fundada em 1633 no sculo XVI), sendo formada por extensas reas de

    vrzeas (arquiplago de mais de 100 ilhas interligadas pelas guas do Rio Tocantins) e por

    reas de terra firme ocupadas ao longo das vias de acesso, que cortam todo o territrio

    (SOUSA,2000:22;COSTA,2006:24; PAR/SEIR, 2009:8). So 7 os municpios que a

    compe: Abaetetuba, Baio, Camet, Igarap-Miri, Limoeiro do Ajuru, Mocajuba e Oeiras do

    Par. A regio composta de populaes tradicionais ribeirinhas, tendo em sua formao

    socioeconmica de forma mais acentuada a presena do setor da agricultura e comrcio e de

    forma bem menos acentuada o setor de explorao florestal e da indstria, apresenta forte

    relao com o rio, em especial, quanto a sua interao funcional de circulao fluvial

    (CARDOSO, 2005:05).

    Um dos principais municpios do Baixo Tocantins Igarap-Miri que pela Lei

    Municipal n 4948 de 06 de Outubro de 2006 que dispe sobre o Plano Diretor do Municpio

    e da outras providencias, elencou onze Arranjos Produtivos Locais (APL) para o seu

    desenvolvimento: aa, cacau, madeira, oleiro cermica, pecuria, pesca, pimenta, estaleiros,

    moveleiro e palmito (IGARAP-MIRI, 2006). A pesquisa foi realizada no municpio de

    Igarap-Miri (PA) pelos seguintes motivos: 1) a facilidade de conhecimento do lugar por ser

    natural do municpio e de ter trabalhado como educador social junto categoria; 2) por ser um

    dos municpios de maior concentrao de unidades produtivas (estaleiros) da regio; e 3) a

    localizao geogrfica estratgica a duas horas e meia da capital Belm.

    O procedimento metodolgico do estudo obedeceu aos seguintes passos: 1) ao se

    definir a corrente terica, passou-se para adaptao de alguns campos do formulrio a ser

    aplicado na pesquisa de campo, que adotou o padro metodolgico das experincias de

    estudos de Sistema de Aprendizagem e Inovaes buscando entender Sistemas de Arranjos

    Produtivos Locais (SAPL) fundamentados na viso evolucionista sobre inovao e mudana

    tecnolgica, em especial os utilizados por Cassiolato e Lastres (2005) que desenvolveram

    argumentos bsicos do enfoque conceitual e analtico adotado pela Rede de Pesquisa em

    Sistema Produtivos e Inovativos Locais (RedeSist); 2) utilizou-se ainda bancos de dados de

    informaes secundrias da economia regional e outros trabalhos sobre o setor, como a

    utilizao do Banco de Dados Agregados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica

    (IBGE), Sistema IBGE de Recuperao Automtica (SIDRA), dos quais se estimou a

    existncia de 90 trabalhadores construtores de embarcaes no municpio, o que serviu como

    horizonte para se chegar ao universo e definio da amostra da pesquisa de campo que

    4 Esta atividade econmica est dispersa em toda a regio atravs de inmeras unidades produtivas funcionando

    como uma verdadeira indstria naval de fabricao de barcos madeira na Amaznia.

  • 5

    tabulou 78 trabalhadores na atividade, ou seja, (86,67%) do universo encontrado pelo IBGE,

    constatando-se que a amostra cobriu praticamente todo o universo.

    O estudo investigou doze proprietrios (mestres) de onze estaleiros no perodo de

    novembro de 2008 a maro de 2009, tendo como local de campo os estaleiros de Artesania

    Naval que so distribudos nos bairro do Jatuira5 e bairro do Tucum

    6, que devido ao

    dinamismo do tempo dos construtores, foi necessrio muitas vezes se estender at o turno da

    noite na obteno de informaes junto aos mesmos. O nmero de estaleiros no bairro do

    Jatuira era seis: Levindo Nonato dos mestres Sandoval e Carrapeta, estaleiro do Jlio do

    mestre Jlio, So Gabriel do mestre Carlinhos, Dom Manuel do mestre Tio D, So Jorge do

    mestre Bebeto e o estaleiro do La do mestre La. E no bairro do Tucum era cinco: F em

    Deus do mestre Piroca, estaleiro do Socorro do mestre Socorro, Thenave do mestre Theco,

    estaleiro do Maraco do mestre Agenor e estaleiro do Melo do mestre Juraci. Em seguida a

    obteno das informaes, criou-se um banco de dados utilizando-se do aplicativo Excel, por

    meio do qual se fez toda a tabulao para e descrio das anlises, numa srie histrica de 15

    anos (1994 a 2008).

    Esse fenmeno se apresenta pelo aumento da produo e menor renumerao do

    trabalho em que os construtores de embarcaes de madeira so levados a produzir, mediante

    uma assimetria de poder do comprador, patro7, que impe s condies de preo aos

    produtos dos trabalhadores. E ainda a realidade dos atores econmicos, polticos e sociais que

    compem este ofcio, a necessidade do fortalecimento do ambiente institucional e

    reconhecimento da relevncia econmica e social dessa atividade produtiva no sentido de

    contribuir para a compreenso do universo dos povos das guas, pela anlise de um de seus

    fundamentos: os construtores de embarcaes de madeira.

    2 O TRABALHO DOS CONSTRUTORES DE BARCOS DE MADEIRA FACE O

    PODER DO CAPITAL

    O novo e amplo processo de reestruturao do capital global contemporneo,

    financeirizado e cognitivo cada vez mais excludente, destrutivo e de barbrie incontrolvel.

    Para Costa (2005), na Amaznia o processo de desenvolvimento se apresenta em duas etapas,

    a primeira fase vai da ditadura militar a dcada de 80 e tem como principais atores de

    explorao da regio s outras regies, chamada de brasilianizao; a segunda fase chamada de reoligarquizao do agrrio da regio, vai de 80 at 2001 com o fim da SUDAM atrelada elite local, devido essa instituio pblica de promoo do desenvolvimento servir para o

    enriquecimento das oligarquias locais. No atual contexto, a regio vive um intenso processo

    de globalizao de sua economia e sociedade, globalizam-se os mercados, integram-se as

    economias e as culturas, e por outro lado amplia-se a excluso social, a misria, a pobreza, a

    proletarizao, precarizao e precariedade do trabalho.

    Na nova diviso internacional do trabalho, so crescentes os pases excludos desse

    movimento de reposio dos capitais produtivos e financeiros e do padro tecnolgico

    necessrio, o que acarreta repercusses profundas no interior desses pases, particularmente

    no que diz respeito ao desemprego e precarizao da fora humana de trabalho (ANTUNES,

    2009:35). Por outro lado, no processo de expanso da acumulao capitalista, a jornada de

    trabalho composta por um tempo de trabalho necessrio a reproduo para sobrevivncia de

    todos os trabalhadores e da sua famlia que o tempo correspondente ao salrio do

    5 Localidade a beira di rio onde h campo de futebol que com a chuva fica enlameado causando nos brincantes

    sinais tuira. 6 Fruta tradicional da Amaznia.

    7 Termo utilizado pelos trabalhadores da construo naval artesanal aos seus demandantes da fabricao do barco

    que compram as suas produes de embarcaes sempre em forma de encomenda.

  • 6

    trabalhador que, por definio, aquele que pode garantir o trabalhador e sua famlia de se

    alimentar, se vestir, morar, estudar locomover, etc. Mas parte da jornada de trabalho um

    tempo de trabalho que excede necessrio, como tempo no pago pelo capitalista.

    exatamente esse tempo excedente no pago pelo capitalista que est valorizando a mercadoria,

    que transforma o dinheiro investido pelos capitalistas em capital.

    O capital sem dvida um dos fatores principais da acumulao capitalista, com a

    dominao do capital centralizada na mo do patro, este impe as condies de preo real

    aos construtores de embarcaes de madeira, levando a menor renumerao do trabalho, se

    apropriando dos rendimentos gerados no processo produtivo e causando incapacidade de

    incorporar capital na atividade. Assim, a utilizao do diferencial de capital, tem levado h

    uma assimetria de poder do patro, que submete cada vez mais os trabalhadores do ofcio da

    construo naval artesanal na Amaznia a precariedade e precarizao do trabalho, no

    sentido, da perda de direitos conquistados ao longo da histria e das condies do trabalho.

    2.1 CARACTERSTICAS DA PRODUO DE EMBARCAES DE MADEIRA DO

    ESTADO DO PAR

    Como j se trouxe a baila, uma das principais caractersticas do ofcio dos construtores

    de embarcao de madeira do Estado do Par o fato de se ter na herana do saber tradicional

    indgena e lusitano da populao cabocla (peculiaridade da sociedade amaznica) a

    constituio e transmisso desta forma de conhecimento tcito, que passado de gerao em

    gerao por mestres profissionais, criam estaleiros (aqui tambm chamados de unidades

    produtivas ou empresa familiar) como uma verdadeira indstria de artesania naval espalhada

    em todo o territrio da Amaznia. A criao de estaleiros, unidades produtivas, empresa de

    carter familiar no municpio de Igarap-Miri, teve incio na dcada de 50 do sculo XX. Dos

    11 estaleiros identificados at 2008, inicialmente 4 (36,36%) foram instalados no perodo de

    50 80, a maior parte 46 (54,55%) foram criados nos anos 90; j em relao a idade no ano

    de fundao, os mestres em 5 (45,45%) empresas, tinham entre 17-29 anos e a maior parte 6

    (54,55%) empresas, tinham entre 30-40 anos o que demonstra um certo equilbrio entre

    geraes e o ano de criao das empresas de faixa-etria dos scios fundadores, explicando a

    multiplicao de empresa familiar pela continuidade da transmisso desta forma de

    conhecimento pelos mestres construtores s novas geraes.

    As empresas familiares so instaladas nos bairros do Jatura e Tucum, onde as

    famlias dos construtores residem e que seus antecessores j residiam e lhes deixaram o

    legado da artesania naval. Os construtores fazem parte da historicidade do prprio bairro, do

    local onde vivem, nasceram e cresceram e hoje so integrantes das prprias relaes sociais

    que ali se estabelecem entre todos os aspectos tangveis e intangveis do territrio, herdam os

    estaleiros, terrenos localizados nas margens dos rios do municpio ou em frente cidade

    ribeirinha e casa de moradia de seus antepassados; assim convivem diariamente com seus

    familiares (pai, me, irmos, filhos, tios, primos, sobrinhos, netos) e seus vizinhos, cunhados,

    amigos e demais moradores do bairro.

    As relaes sociais prevalecentes na indstria naval so as relaes familiares e

    interpessoais, caracterstica da prpria constituio do setor, pois o mesmo formado por

    mestres, profissionais e aprendizes, que so oriundos ou do segmento de carpinteiros navais,

    calafates ou pintores componentes da mesma categoria. No centro do ofcio da artesania naval

    encontram-se os mestres profissionais, que detentores de um acervo de conhecimento tcito e

    habilidade para socializao de processos de aprendizagem so os responsveis pela

    disseminao da arte naval realizada em estaleiros de suas propriedades, localizados

    predominantemente as margens de cidades ribeirinhas, onde trabalham dezenas de

  • 7

    profissionais autnomos e aprendizes que ainda esto iniciando na atividade, em sua maioria

    so tambm membros de suas famlias ou pertencentes ao mesmo territrio.

    Todos os mestres proprietrios dos estaleiros iniciaram sua atividade profissional na

    construo naval artesanal. Do total de 12 mestres o que representa (15,38%) do pessoal

    ocupado no setor, 8 (66,67%) dos mestres proprietrios, aprenderam sua profisso na empresa

    da famlia e 4 (33,33%) em outra empresas com os mestres scios proprietrios. Os mestres

    alm de coordenar toda a gesto das unidades produtivas trabalham diariamente em conjunto

    com os outros profissionais e aprendizes na construo dos barcos, prevalecendo nas relaes

    de trabalho presena de relaes familiares o que dimensiona ainda mais a importncia na

    estrutura hierrquica da figura do mestre scio-proprietrio da empresa, ou seja, do total de

    (78) pessoas ocupadas 28 (35,90%) aprenderam a profisso na famlia; 46 (58,97%)

    aprenderam com o scio-proprietrio, portanto o mestre dono da empresa e ainda 4 (33,33%)

    com o scio-proprietrio de outra empresa. Verifica-se no setor a completa inexistncia de

    contratos formais de trabalho e de servios tercerizados. Foram encontrados 24 servios

    temporrios que representa (30,77%) do total de ocupaes na atividade, sendo que estes

    trabalhadores tambm no possuem nenhum tipo de contrato formal de trabalho.

    Os trabalhadores profissionais so a maioria dos trabalhadores da construo naval,

    trabalham de forma autnoma e s vezes nmade, percorrendo vrias frentes de trabalho seja

    na capital Belm ou em outras regies do Estado, como: Maraj, Baixo Amazonas, Salgado.

    Para tornarem-se profissionais passaram pelo aprendizado de algum mestre, seja por

    pertencerem famlia ou morarem na circunvizinhana do territrio onde se localiza os

    complexos de estaleiros. Trabalham ligados sempre a um estaleiro atravs de contrato

    informal de trabalho ou trabalhando em outros locais que oferea oportunidade, recebem

    sempre por empreita ou semanalmente em regime de diria no qual o pagamento de dirias

    aos trabalhadores ainda a modalidade mais utilizada recebendo-se sempre no sbado o valor

    total correspondente semana.

    Constatou-se que se somado o nmero de aprendizes (21) com o nmero de familiares

    sem contrato formal (21) e o nmero de mestres (12) estes chegam a (54), ou seja, (69,23%)

    do total de pessoal ocupado no setor, portanto em sua maioria os trabalhadores da atividade

    so membros das famlias dos mestres proprietrios como: irmos, primos, cunhados, filhos,

    netos; ou pessoas muito prximas a eles como: vizinhos, amigos, colegas, cunhados ou

    irmos, primos, filhos e netos destes. Todos sempre residem no mesmo bairro e vivem a

    mesma realidade social. Dos 78 trabalhadores identificados no setor 12 (15,38%), so mestres

    donos dos estaleiros o que corresponde aos scios proprietrios; 21 (26,92%) so aprendizes

    (estagirios); 24 (30,77%) so do tipo servio temporrio (profissionais) e 21 (26,92%) so

    profissionais familiares sem contrato formal. Portanto, do total de trabalhadores ocupados, 45

    so profissionais o que representa (57,69%) do quadro de pessoal, distribudos em dois tipos

    de relao de trabalho: o primeiro tipo o servio temporrio, sendo que 100% dos 24 (30,

    77%) profissionais identificados aprenderam sua profisso com o mestre scio-proprietrio; o

    segundo tipo so os familiares sem contrato formal, sendo que dos 21 (26,92%) profissionais,

    20 (95,24%) tambm aprenderam a atividade na famlia e 1 (4,76%) com o mestre scio-

    proprietrio da empresa.

    J os aprendizes so o segundo maior nmero de trabalhadores da artesania naval, os

    21 membros identificados, representa (26,92%) do pessoal ocupado, sendo que 100%

    aprenderam a atividade com o mestre scio-proprietrio de uma empresa familiar. Em sua

    maioria so adolescentes ou jovens e costumam no s adquirir no processo de aprendizagem

    passado de gerao em gerao pelos mestres, o saber tcito da construo naval artesanal,

    mas os valores e princpios de respeito, obedincia, disciplina e criatividade para suas vidas

    pessoais. Por outro lado, a atividade totalmente realizada por homens, das 11 empresas

    entrevistadas 6 (54,55%), os mestres receberam as empresas de seus pais que eram mestres

  • 8

    proprietrios e 5 (45,45%) os pais no eram empresrios; prevalece portanto na atividade as

    relaes de trabalho informal sem nenhum vnculo empregatcio.

    As constataes do grau de instruo quanto escolaridade formal, nota-se que do

    total de trabalhadores ocupados nas unidades produtivas, 65 (83,33%) no concluram o

    ensino fundamental e que tanto os mestres como os artesos e os prprios aprendizes (que

    pela nova gerao deveria ser diferente) apresentaram baixo nvel de escolaridade. Por outro

    lado, a posio do nmero de trabalhadores do ensino mdio - que embora a faixa etria da

    maioria dos trabalhadores da artesania naval seja entre (17-29) anos - devido a considervel

    quantidade de jovens aprendizes na atividade apenas 4 (5,12%) destes 2 (2,56%)

    incompletos e 2 (2,56%) completos.

    No existe contrato formal no mercado de trabalho da construo naval artesanal e a

    formao do mercado de trabalho limitada e especfica, percebendo-se uma tendncia de

    renovao na atividade, os aprendizes formados no setor seja como carpinteiro naval, calafate

    ou pintor do continuidade atividade sendo paulatinamente absorvidos nas empresas de sua

    famlia ou ligados a ela. Esses trabalhadores esto dispersos nas unidades produtivas do

    municpio localizadas nos bairros do Jatura e Tucum, ou ainda prestando servio nos barcos

    localizados na orla da cidade de Belm na capital do Estado. Quando da necessidade de

    contratao de servio temporrio devido o aumento eventual da produo, os profissionais

    so convidados a trabalhar nas unidades produtivas do municpio sem nenhum contrato

    formal por um determinado perodo, o que demarca um tipo de trabalho informal, sem vinculo

    empregatcio e rigor exigido pela estrutura do mercado formal de trabalho.

    Em relao as vantagens das caractersticas da mo de obra local, com mais frequncia

    aparece o item conhecimento prtico na produo com o ndice (2,73) em seguida o item

    criatividade com (1,09), capacidade para aprender novas qualificaes (0,82), disciplina

    (0,82), flexibilidade (0,82). E com menos frequncia mais no menos importante escolaridade

    formal de 1 e 2 graus (0,27) e escolaridade em nvel superior e tcnico (0,27).

    mister que relaes de parentesco, vizinhas e de territorialidade so as relaes

    prevalecentes na categoria e que indicam a continuidade da atividade ao longo do tempo

    mesmo com grandes dificuldades. A explicao para a manuteno da atividade a

    composio da renda dos trabalhadores, em especial dos mestres proprietrios, uma vez que

    todos trabalham juntos no mesmo estaleiro pertencente mesma famlia sobre a tutela do

    chefe da famlia que nesse caso tambm o mestre proprietrio da empresa, este se mantm e

    mantm seus familiares em situaes mais adversas devido remunerao da atividade

    pertencer famlia e este ter o compromisso social de mant-los.

    Portanto, as relaes familiares entre mestres profissionais, profissionais autnomos e

    aprendizes durante sculos sempre se deu e ainda hoje continua sendo realizada de forma

    dominante no setor, o que referenda a prpria continuidade, permanncia e reproduo da

    atividade mesmo frente aos problemas e entraves encontrados.

    2.2 EVOLUO DA ATIVIDADE DA ARTESANIA NAVAL EM IGARAP-MIRI

    Neste item mostra-se a evoluo das empresas enquanto economia no municpio. Para

    tanto, sero demonstradas as variveis de receita (e seus componentes, produo e preo de

    mercado), de custo (do trabalho e da principal matria-prima, a madeira) e de eficincia das

    unidades produtivas (rentabilidade lquida das unidades produtivas), todas as variveis para

    um perodo que se estende de 1994 a 2008.

  • 9

    2.2.1 Produo, receita e preo de venda

    A respeito da produo e receita da construo naval artesanal em Igarap Miri, a

    pesquisa constatou um crescimento na tonelagem total produzida de 1994 a 2008 a uma taxa

    de 6,2% a.a., ou seja, em 1994 a produo total medida em tonelagem de carga dos barcos

    construdos foi de 175 toneladas no ano, passando a se situar em torno de 450 toneladas no

    final do perodo (grfico 01); e um crescimento de 0,6% a.a no valor bruto da produo

    (VBP) em reais para a srie de 1994 a 2008, pois em termos absolutos o VBP do APL era no

    ano de 1994 de R$ 508.015,35, em valores corrigidos para 2008, chegando a R$ 710.500,00

    reais no ltimo ano do perodo (grfico 02). O preo de venda mdio do APL aqui tratado o

    preo implcito da tonelada, resultante da diviso entre o VBP (venda total, apresentado no

    grfico 1) pela tonelagem total produzida (grfico 2). O resultado encontra-se no grfico 3. O

    que se demonstra que os preos por tonelada vm caindo a -5,3% a.a ao longo da srie: o

    valor auferido por tonelada de R$ 2.902,94 no ano de 1994 passou a ser de R$ 1.614,77 em

    2008.

    2.2.2 Emprego, rendimento e custo do trabalho

    O nmero de trabalhadores no APL cresceu a 7,2% a.a. saindo de 26 trabalhadores em

    1994 para 77 no ano de 2008 (ver grfico 4). A quantidade total de dias operados pelos

    trabalhadores ocupados no APL, por sua vez, cresceu a 4,7% a.a., passando de

    aproximadamente 8,5 mil dias no incio para se situar em torno de 16 mil dias nos ltimos

    anos da srie (ver Grfico 5). Resultado dos diferentes ritmos de crescimento, a ocupao

    mdia de cada trabalhador medida pelo nmero de dirias por trabalhador, por ano caiu no

    perodo a -2,3% a.a. O mesmo se dando para a produtividade fsica por trabalhador medida

    pela tonelagem construda por trabalhador, que cai a -0,90%a.a. Considerando, entretanto, que

    o nmero de dirias por trabalhador cai mais rapidamente que a produtividade fsica por

    trabalhador, a produtividade (tonelagem total por dias trabalhados total) por dia efetivamente

    ocupado cresceu a 5,60% a.a. (grfico 06).

    Para as unidades produtivas, se considerou custo total do trabalho direto aplicado a

    remunerao pelo valor real mdio da diria de todos os trabalhadores envolvidos, inclusive

    os mestres. Nesse sentido, o custo do trabalho igual a rendimento total dos trabalhadores

    diretos. Essa varivel cresceu a 2,9% a.a ao longo da srie de 15 anos, ou seja, no ano de 1994

    o custo foi de R$ 367.700,12 reais e em 2008 foi de R$ 652.681,82 reais, conforme ilustra o

    grfico 07. Dado o crescimento mais acelerado dos trabalhadores (7,2% a.a.) e do nmero de

    dirias (4,7% a.a.) aplicados, caem tanto a renda mdia por trabalhador a

    -4,0% a.a., de R$ 14.142,31 para R$ 8.587,92 ao longo do perodo reais (grfico 08) quanto

    o valor mdio da diria a a -1.7 % a.a, de R$ 43,64 para R$ 37,73 a.a. (grfico 09).

    2.2.3 Custo da madeira

    Observou-se em relao ao custo total da madeira aplicada um decrscimo a -0,6% a.a.

    ao longo da srie de 15 anos no setor (grfico 10). Considerando o j comentado crescimento

    da produo ( grfico 01), verifica-se uma considervel reduo no custo da madeira por

    tonelada construda a -6,4% a.a. de aproximadamente R$ 140,00/tonelada para algo em torno

    de R$ 60,00/tonelada. Observe que tal variao ocorreu entre 1994 e 1998, mantendo-se

    relativamente estvel desde ento (grfico 11).

    2.2.4 Renda Lquida das unidades produtivas

  • 10

    Considerou-se a Renda Lquida (RL) como sendo igual ao Valor Bruto da Produo

    (VBP) menos Renda do Trabalho (RT) menos ainda Custo da Madeira (CM): RL = VBP (RT+CM). A Renda Lquida total poderia ser entendida a soma dos lucros dos estaleiros do

    APL ou como a remunerao total pelo trabalho de gesto dos mestres proprietrios. Pois

    bem, a varivel RL decresceu acentuadamente ao longo do perodo, de R$ 116.296,53 no ano

    de 1994 para R$ 31.180,51 em 2008, isso aps um longo perodo de renda lquida negativa isto , se todos os trabalhadores fossem remunerados pelo valor mdio da diria e isso fosse

    imputado como custo, se teria verificado prejuzos sistemticos por aproximadamente 10 anos

    no APL (grfico 12).

    2.2.5 Evoluo das empresas

    O APL de artesania naval de Igarap-Miri cresceu de 6 para 11 estaleiros no perodo

    estudado. Consideradas a produo total e o emprego j comentados, observa-se que as

    empresas cresceram em tamanho: a tonelagem construda total por empresa cresceu a 1,9%

    a.a., o pessoal ocupado a 2,9% a.a. (de 4,33 para para 6,91) e o nmero de barcos a 0,3% a.a.,

    em torno de 5 barcos no incio para prximo de 6 no final. Note-se, ademais, que essas

    embarcaes cresceram tambm em tamanho a 1,6% a.a., de 5,5 para acima de 7 toneladas. O

    faturamento mdio, entretanto, vem caindo a -3,4%a.a., de R$ 84.669,23 em 1994 para R$

    64.590,91 em 2008 (grficos 13 e 14).

    CONSIDERAES FINAIS

    Ao longo de sua histria como atividade econmica, a construo naval artesanal

    sempre esteve associada poltica pblica da pesca na Amaznia. Inmeros programas de

    promoo, fortalecimento, incentivo e financiamento foram constantemente direcionados a

    pescadores e no aos construtores de embarcaes de madeira. Essa atividade produtiva tem

    grande potencial de crescimento no municpio de Igarap-Miri e regio a partir da constatao

    da existncia de crescimento da produo e da receita no setor. No entanto, embora se perceba

    o constante crescimento na produo e receita bem como na produtividade do trabalho, houve

    um considervel decrscimo na renda dos trabalhadores no APL. Em vista que a renda lquida

    das unidades produtivas vem caindo no tempo. As tendncias de queda dessas variveis

    correlacionam com a tendncia de queda do preo mdio da tonelada produzida no APL o preo pago pelos produtos dos estaleiros no tem sido suficiente para incrementar os ganhos

    no nvel da elevao da produtividade do trabalho, nem sequer para garantir os mesmos nveis

    de ganhos verificados h mais de uma dcada, seja para o trabalho direto de aprendizes,

    profissionais e mestres, seja para o trabalho de gesto dos mestres.

    Por outro lado, elevada burocracia para promoo e financiamento do setor so

    manifestaes da ausncia de polticas pblicas por parte do Estado na abertura de linhas de

    crdito; a implantao de programas de acesso informao (produo, tecnologia, mercados,

    etc.) e outras polticas de incentivos fiscais que auxilie no custo ou no capital de giro, para

    compra de mquinas e equipamentos ou aquisio de instalaes para o fortalecimento do

    setor corroborado com a falta de estruturas institucionais, a desarticulao, cooperao ou

    manifestaes locais de apoio atividade. Constatou-se ainda que tanto os ganhos de

    produtividade quanto as perdas no rendimento do trabalho esto sendo transferidos para quem

    compra os produtos do APL. Indica-se, dessa forma, claramente, que o APL funciona

    mediante uma assimetria de poder do comprador (patro), que impe as condies de preo

    real. Achatados os ganhos das empresas, torna-se cada vez mais difcil incorporar capital na

    atividade, criando um ciclo vicioso. A baixa escolaridade no setor demonstra a dificuldade de

    aquisio de novos conhecimentos j que a capacidade de inovao um dos elementos

  • 11

    decisivo para resolver as limitaes da atividade. Por conseguinte, a compra da madeira

    cada vez mais difcil, rara, de se encontrar, devido os rgos de fiscalizao do meio ambiente

    terem reforado suas aes na regio e os fornecedores no terem se preparado para as

    exigncias legais bem como a cobrana dos rgos financiadores ou de setores do mercado,

    pode dificultar ainda mais a comercializao do produto.

    Por fim, os construtores de barcos so reconhecidos e respeitados no dia-a-dia pelas

    suas habilidades produtivas expostas na frente das cidades ribeirinhas da regio, pois

    trabalham com a arte de transformar a matria prima madeira em embarcaes utilitrias que

    ditam o acesso, o tempo e espao dos povos da Amaznia. Todavia as possibilidades para

    rentabilidade dos estaleiros dos produtores de embarcao de madeira e de socializao das

    riquezas geradas ainda so limitadas pela baixa capacidade de investimentos em instalaes

    fixas (prdios, maquinas e equipamentos) e em capital humano, como tambm por prticas de

    articulao da produo por capitais mercantis que, aparentemente, na relao da estrutura da

    formao do preo, se apropriam de uma parcela substancial da renda gerada, inviabilizando a

    expanso do setor produtivo, limitando as condies de ampliao da capacidade produtiva e

    inovativa dos produtores artesanais.

  • 12

    REFERNCIAS

    ANTUNES, Ricardo. Os Sentidos do Trabalho. Ensaio sobre a afirmao e a negao do

    trabalho. 10 Ed. So Paulo: Biotempo Editorial, 2009.

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    Municipais e Plano de Desenvolvimento Regional: o caso do baixo Tocantins. Anais do XI

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    Grfico 01 Produo total do APL da construo naval artesanal de Igarap-Miri, 1994 a 2008. Em tonelagem capacidade de carga dos barcos construdos.

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    Tonelagem Total: 6,2% a.a.

    Fonte: Pesquisa de Campo, 2008/2009. Tabela A -1.

    Grfico 02 Valor Bruto da Produo (VBP) total do APL da construo naval artesanal de Igarap-Miri, 1994 a 2008. Em R$ constantes de 2008, corrigidos pelo IGP-FGV.

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    1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

    Venda Total = Valor Bruto da Produo : 0,6% a.a.

    Fonte: Pesquisa de Campo, 2008/2009. Tabela A -1.

    Grfico 03 Evoluo dos preos por tonelada construda no APL da construo naval artesanal de Igarap-Miri, 1994 a 2008. Em R$ constantes de 2008, corrigidos pelo IGP-FGV.

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    1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

    Venda Total/Tonelagem Total: -5,3% a.a.

    Fonte: Pesquisa de Campo, 2008/2009. Tabela A -1.

    Grfico 4 Evoluo do nmero de trabalhadores, no APL da construo naval artesanal de Igarap-Miri, 1994 a 2008. Todas as categorias de trabalhadores, inclusive os mestres

    proprietrios dos estaleiros.

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    Trabalhadores: 7,2% a.a.

    Fonte: Pesquisa de Campo, 2008/2009. Tabela A -1.

    Grfico 05 Total de dirias trabalhadas no APL da construo naval artesanal de Igarap-Miri, 1994 a 2008.

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    Dirias Total (D/H) : 4,7% a.a.

    Fonte: Pesquisa de Campo, 2008/2009. Tabela A -1.

    Grfico 06 Evoluo da produtividade fsica do trabalho no APL da construo naval artesanal de Igarap-Miri, 1994 a 2008.

    Produtividade por trabalhador

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    ProdutividadeFsica Por Trabalhador (Tonelagem total por trabalhador): -0,9 % a.a.

    Dirias/Trabalhador: -2,3% a.a.

    Tonelagem total/Dia Trabalhado: 5,6 % a.a.

    Fonte: Pesquisa de Campo, 2008/2009. Tabela A -1.

    Grfico 07 Evoluo do rendimento e custo total do trabalho no APL da construo naval artesanal de Igarap-Miri, 1994 a 2008. Em R$ constantes de 2008, corrigidos pelo IGP-FGV.

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    1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

    Custo do trabalho total : 2,9% a.a.

    Fonte: Pesquisa de Campo, 2008/2009. Tabela A -1.

    Grfico 08 Evoluo da renda mdia por trabalhador no APL da construo naval artesanal de Igarap-Miri, 1994 a 2008. Em R$ constantes de 2008, corrigidos pelo IGP-FGV.

    Renda Mdia por Trabalhador (R$ constante de 2008)

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    1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

    Renda Mdia por Trabalho = Custo do Trabalho Total/Trabalhadores (-4,0a.a.

    Fonte: Pesquisa de Campo, 2008/2009. Tabela A -1.

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    Grfico 09 Evoluo do valor mdio da diria paga aos trabalhadores diretos no APL da construo naval artesanal de Igarap-Miri, 1994 a 2008. Em R$ constantes de 2008,

    corrigidos pelo IGP-FGV.

    Valor mdio da diria (R$ constante de 2008)

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    20

    25

    30

    35

    40

    45

    50

    1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

    Valor da Diria : -1,7%a.a.

    Fonte: Pesquisa de Campo, 2008/2009. Tabela A -1.

    Grfico 10 Evoluo do custo total da madeira no APL da construo naval artesanal de Igarap-Miri, 1994 a 2008. Em R$ constantes de 2008, corrigidos pelo IGP-FGV.

    0,00

    5.000,00

    10.000,00

    15.000,00

    20.000,00

    25.000,00

    30.000,00

    35.000,00

    1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

    Custo total da madeira -0,6%a.a

    Fonte: Pesquisa de Campo, 2008/2009. Tabela A -1.

  • 19

    Grfico 11 Evoluo do custo da madeira por tonelada construda no APL da construo naval artesanal de Igarap-Miri, 1994 a 2008. Em R$ constantes de 2008, corrigidos pelo

    IGP-FGV.

    0

    20

    40

    60

    80

    100

    120

    140

    160

    1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

    Custo da madeira por tonelada -6,4%a.a

    Fonte: Pesquisa de Campo, 2008/2009. Tabela A -1.

    Grfico 12 Evoluo da Renda Lquida do APL da construo naval artesanal de Igarap-Miri, 1994 a 2008. Em R$ constantes de 2008, corrigidos pelo IGP-FGV.

    Renda Lquida = Valor Bruto da Produo - (Renda do Trabalho+ Custo de

    Madeira)

    -100.000,00

    -50.000,00

    0,00

    50.000,00

    100.000,00

    150.000,00

    1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

    Renda Lquida Total:

    Fonte: Pesquisa de Campo, 2008/2009. Tabela A -1.

  • 20

    Grfico 13 Evoluo do tamanho mdio dos estaleiros do APL da construo naval artesanal de Igarap-Miri, 1994 a 2008. Em em tonelagem e barcos construdos e pessoa

    ocupado mdios.

    05

    101520253035404550

    1994

    1995

    1996

    1997

    1998

    1999

    2000

    2001

    2002

    2003

    2004

    2005

    2006

    2007

    2008

    To

    nela

    gem

    co

    nstr

    ud

    a/E

    sta

    leir

    o

    0

    2

    4

    6

    8

    10

    12

    Barc

    os/E

    mp

    reg

    ad

    os

    Tonelagem Mdia por Empresa: 1,9% a.a.

    PessoalEmpregado por Empresa: 2,9% a.a.

    BarcosConstrudos por Empresa: 0,3% a.a.

    Nmero de empresas

    Tonelagem mdia das embarcaes: 1,60% a.a.

    Fonte: Pesquisa de Campo, 2008/2009. Tabela A -1.

    Grfico 14 Evoluo do faturamento mdio dos estaleiros do APL da construo naval artesanal de Igarap-Miri, 1994 a 2008. Em R$ constantes de 2008, corrigidos pelo IGP-FGV.

    Faturamento mdio por empresa (R$ constantes de 2008)

    0,00

    10.000,00

    20.000,00

    30.000,00

    40.000,00

    50.000,00

    60.000,00

    70.000,00

    80.000,00

    90.000,00

    1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

    Faturamento Mdio por Empres: -3,4% a.a.

    Fonte: Pesquisa de Campo, 2008/2009. Tabela A -1.

  • ANEXO II Tabela A-1 Variveis econmicas do Arranjo Produtivo Local de Artesania Naval de Igara-Miri (1994-2008)

    1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

    1994

    a

    2008

    1999

    a

    2008

    1. Valor da Diria (R$/D/H) 43,64 42,92 42,62 40,11 39,76 39,02 38,35 37,11 35,92 34,78 33,81 32,67 34,09 35,67 37,73 -1,7% -1,6%

    2. Total de Dirias (D/H) 8.425,00 8.887,90 10.513,29 11.662,52 13.355,13 14.177,53 15.073,15 15.337,74 15.678,47 16.098,08 15.638,23 15.903,97 16.016,54 16.329,45 17.300,00 4,7% 3,9%

    3. Trabalhadores 26,00 27,93 32,20 37,08 43,75 48,44 54,03 54,50 55,33 56,51 57,57 59,96 63,47 68,65 76,00 7,2% 6,4%

    4. Valor da Venda (4.1+4.2) 508.015,35 499.877,96 515.618,11 520.685,89 543.309,13 546.005,76 551.825,09 538.336,26 527.104,58 518.135,88 477.598,93 461.543,62 491.370,42 546.489,20 710.500,00 0,6% 0,6%

    4.1.Vendas Locais 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 4.183,49 55.004,38 70.207,87 118.800,00 - -

    4.2.Vendas Estaduais 508.015,35 483.959,72 497.370,43 499.719,36 519.822,51 520.180,96 523.828,76 509.714,30 497.917,03 488.437,81 447.441,01 387.145,61 408.347,81 454.583,99 591.700,00 -0,7% -0,7%

    5. Tonelagem Total Construda 175,00 185,68 272,41 298,85 335,75 359,55 386,48 399,63 415,88 435,70 443,50 466,22 432,33 420,10 440,00 6,2% 5,0%

    6. Custo Total (6.1+6.2) 391.718,83 406.019,16 476.937,39 494.496,62 553.045,12 576.057,43 601.735,39 592.735,22 586.742,15 583.603,88 552.258,07 541.572,93 567.773,86 605.112,47 679.319,49 2,7% 2,1%

    6.1. Custo do trabalho (1.*2.) 367.700,12 381.494,65 448.094,28 467.813,87 531.024,91 553.267,04 578.023,27 569.171,84 563.155,08 559.812,21 528.712,88 519.504,75 545.983,21 582.517,11 652.681,82 2,9% 2,3%

    6.2. Custo da Madeira Total 24.018,71 24.524,51 28.843,11 26.682,75 22.020,21 22.790,40 23.712,12 23.563,38 23.587,07 23.791,68 23.545,19 22.068,17 21.790,65 22.595,36 26.637,67 -0,6% -0,7%

    7. Renda Lquida Total (4.-6.) 116.296,53 93.858,80 38.680,72 26.189,27 -9.735,99 -30.051,68 -49.910,31 -54.398,96 -59.637,57 -65.468,00 -74.659,14 -80.029,31 -76.403,44 -58.623,27 31.180,51 - -

    8. Nmero de empresas 6,00 6,00 7,00 8,00 10,00 10,00 10,00 10,00 10,00 10,00 10,00 11,00 11,00 11,00 11,00 4,2% 3,5%

    9. Barcos Construdos 32,00 33,53 40,18 43,96 50,14 52,91 55,95 57,11 58,60 60,42 58,76 60,11 59,69 60,17 62,00 4,4% 3,7%

    10. Custo Madeira/Tonelagem (6.2/5.) 823,50 792,48 741,18 714,28 655,86 633,85 613,55 589,63 567,16 546,06 530,90 520,68 554,43 591,65 665,94 -2,5% -2,1%

    11. Trabalhadores/ Empresa (3./8.) 4,33 4,66 4,60 4,64 4,38 4,84 5,40 5,45 5,53 5,65 5,76 5,45 5,77 6,24 6,91 2,9% 2,8%

    12. Barcos/Empresa (9/8) 5,33 5,59 5,74 5,50 5,01 5,29 5,59 5,71 5,86 6,04 5,88 5,46 5,43 5,47 5,64 0,3% 0,2%

    13. Tonelagem por Empresa (5/10) 29,17 30,95 38,92 37,36 33,57 35,96 38,65 39,96 41,59 43,57 44,35 42,38 39,30 38,19 40,00 1,9% 1,4%

    14. Vendas por Empresa (4/10) 84.669,23 83.312,99 73.659,73 65.085,74 54.330,91 54.600,58 55.182,51 53.833,63 52.710,46 51.813,59 47.759,89 41.958,51 44.670,04 49.680,84 64.590,91 -3,4% -2,8%

    15. Vendas Locais/empresa (4.1/10) 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 4.183,49 5.000,40 6.382,53 10.800,00 - -

    16. Vendas Estaduais/Empresa (4.2/10) 75.316,95 71.665,77 63.638,80 56.225,95 47.182,18 47.401,82 47.943,35 46.701,89 45.685,63 44.894,93 40.946,44 35.195,06 37.122,53 41.325,82 53.790,91 -3,8% -3,2%

    17. Dirias /Empresa (2/10) 1.404,17 1.481,32 1.501,90 1.457,81 1.335,51 1.417,75 1.507,31 1.533,77 1.567,85 1.609,81 1.563,82 1.445,82 1.456,05 1.484,50 1.572,73 0,5% 0,4%

    18. Tonelagem Mdia (5/9) 5,47 5,54 6,78 6,80 6,70 6,80 6,91 7,00 7,10 7,21 7,55 7,76 7,24 6,98 7,10 1,6% 1,2%

    19. Prdv. Fsica/Trabalhador (5./3.) 6,73 6,65 8,46 8,06 7,67 7,42 7,15 7,33 7,52 7,71 7,70 7,78 6,81 6,12 5,79 -0,9% -1,4%

    20. Tonelagem Total/Dirias (5/2) 0,12 0,13 0,18 0,20 0,25 0,25 0,26 0,26 0,27 0,27 0,28 0,32 0,30 0,28 0,28 5,7% 4,5%

    21. Diria/Trabalhador (2/3) 324,04 318,17 326,53 314,48 305,25 292,71 278,98 281,41 283,37 284,88 271,66 265,26 252,33 237,88 227,63 -2,3% -2,3%

    22. Prdv. Monetria/Trabalhador (4/3) 19.539,05 17.894,88 16.014,28 14.040,38 12.418,17 11.272,75 10.213,25 9.876,99 9.526,77 9.169,34 8.296,54 7.697,99 7.741,17 7.960,86 9.348,68 -6,1% -5,5%

    23. Preo venda por tonelada (4/5) 2.902,94 2.692,17 1.892,83 1.742,30 1.618,21 1.518,56 1.427,84 1.347,09 1.267,45 1.189,21 1.076,89 989,98 1.136,56 1.300,86 1.614,77 -5,3% -4,2%

    24. RendaLquida/Custo (7/6) 0,30 0,23 0,08 0,05 -0,02 -0,05 -0,08 -0,09 -0,10 -0,11 -0,14 -0,15 -0,13 -0,10 0,05 - -

    25. Renda Lquida/Vendas (7/4) 0,23 0,19 0,08 0,05 -0,02 -0,06 -0,09 -0,10 -0,11 -0,13 -0,16 -0,17 -0,16 -0,11 0,04 - -

    26. Custo do Trabalho/Custo Total (6.1/6) 0,94 0,94 0,94 0,95 0,96 0,96 0,96 0,96 0,96 0,96 0,96 0,96 0,96 0,96 0,96 0,2% 0,1%

    27. Custo da Madeira/Custo Total (6.1/6) 0,06 0,06 0,06 0,05 0,04 0,04 0,04 0,04 0,04 0,04 0,04 0,04 0,04 0,04 0,04 -2,9% -2,4%

    28. Renda Mdia/Trabalhador (6.1/3) 14.142,31 13.656,94 13.917,09 12.614,67 12.137,40 11.422,67 10.698,13 10.442,74 10.178,34 9.906,88 9.184,46 8.664,71 8.601,55 8.485,69 8.587,92 -4,0% -3,9%

    29. Custo tonelada de madeira (7/5) 137,25 132,08 105,88 89,28 65,59 63,39 61,35 58,96 56,72 54,61 53,09 47,33 50,40 53,79 60,54 -6,4% -5,4%

    30. Custo do trabalho/ Tonelada (6/5) 2.101,14 2.054,59 1.644,95 1.565,38 1.581,62 1.538,76 1.495,63 1.424,25 1.354,13 1.284,87 1.192,14 1.114,30 1.262,88 1.386,62 1.483,37 -3,1% -2,5%

    Fonte: Pesquisa de campo.

  • 2

    Notas metodolgicas da Tabela A-1: 1 - As variveis de 1 a 6 foram levantadas para trs anos de cada empresa: o ano da fundao, o ano da pesquisa e um ano intermedirio que variou de acordo com a

    disponibilidade da informao. 2 Todos os valores monetrios foram corrigidos para 2008 pelo IGP-FGV. 3 - Os valores dos anos intermedirios foram encontrados para cada empresa por interpolao pela frmula Valor Final = Valor Incicial . (1+i)

    n, para i sendo a taxa de incremento e n o nmero de anos a cobrir. 4 O somatrio dos valores anuais das empresas encontrados o valor da varivel para

    o total APL. 5 As expresses entre parntese na primeira coluna indicam as operaes que levaram varivel da linha em questo, considerando os nmeros das linhas das variveis operadas e o operador correspondente (/ diviso e * multiplicao).