organizacao territorial
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A Organização Territorial de Mocambique
1.1. Enquadramento juridico e doutrinal
A República de Moçambique é um Estado independente, soberano, democrático e de justiça social
(artigo 1 da CRM).
A República de Moçambique organiza-se territorialmente em províncias, distritos, postos
administrativos, localidades e povoações. Portanto, As zonas urbanas estruturam-se em cidades e
vilas.12
A divisao territorial de mocambique enquandra-se em grande medida na desconcentracao
administrativa que seria o descongestionamento interno das competencias que se opera dentro da
pessoa colectiva publica. O poder decisorio se reparte entre o chefe maximo e os seus agentes
subalternos, sem contudo comprometer os poderes de direccao e supervisao que cabem ao superior
hierarquico.3
A organização e funcionamento dos órgãos locais do Estado obedecem aos princípios da
desconcentração e da desburocratização administrativas, visando o descongestionamento do escalão
central e a aproximação dos serviços públicos às populações, de modo a garantir a celeridade e a
adequação das decisões às realidades locais.
Os órgão locais do Estado observam o princípio da estrutura integrada verticalmente hierarquizada.
No seu funcionamento, a par das normas de Funcionamento dos Serviços da Administração Pública
legalmente definidas, observam os princípios da boa administração, do respeito pelos direitos
subjectivos e pelos interesses legítimos dos administrados, garantem a participação activa dos cidadãos,
incentivam a iniciativa local na solução dos problemas das comunidades, aplicando nomeadamente os
recursos ao seu alcance.4
Os órgãos locais do Estado conforme os Artigos 262, 263 e 264 da Constituição da República têm
como função a representação do Estado ao nível local para a administração e o desenvolvimento do
respectivo território e contribuem para a integração e unidade nacionais. A organização e o
funcionamento dos órgãos do Estado a nível local obedecem aos princípios de descentralização e
desconcentração, sem prejuízo da unidade de acção e dos poderes de direcção do Governo. No seu
funcionamento, os órgãos locais do Estado, promovem a utilização dos recursos disponíveis e garantem
1 Artigo 7 da CRM2 Artigo 8 do Decreto 11/2015, de 10 de Junho3 MACIE, Albano, Licoes de Direito Administrativo, Vol. Escolar Editora, Maputo, 2012, p.2614 Artigo 3 da Lei no 8/2003, Lei dos Orgaos Locais do Estado
a participação activa dos cidadãos e incentivam a iniciativa local na solução dos problemas das
comunidades. Na sua actuação, os órgãos locais do Estado respeitam as atribuições, competências e
autonomia das autarquias locais. Os órgãos locais do Estado garantem, no respectivo território, sem
prejuízo da autonomia das autarquias locais, a realização de tarefas e programas económicos, culturais
e sociais de interesse local e nacional, observando o 14 estabelecido na Constituição, nas deliberações
da Assembleia da República, do Conselho de Ministros e dos órgãos do Estado do escalão superior. Os
Órgãos Locais do Estado têm a função de representação do Estado ao nível local para a administração
do desenvolvimento do respectivo território e contribuem para a unidade e integração nacionais. A
organização e funcionamento dos órgãos locais do Estado obedecem aos principios da desconcentração
e da desburocratização administrativa, visando o descongestionamento do escalão central e a
aproximação dos serviços públicos as populações, de modo a garantir a celeridade e adequação das
decisões às realidades locais. Os órgãos locais do Estado observam o principio da estrutura integrada
verticalmente hierarquizada. No âmbito da aplicação da Lei dos órgãos locais do Estado - lei nº8/2003
de 19 e Maio foram criados os governos distritais, os quais são constituídos pela Secretaria do Governo
Distrital e por 4 a 5 Serviços Distritais. No seu funcionamento, a par das Normas de Funcionamento
dos Serviços da Administração Pública legalmente definidas, observam os princípios da boa
administração, do respeito pelos direitos subjectivos e pelos interesses legítimos dos administrados,
garantem a participação activa dos cidadãos, incentivam a iniciativa local na solução dos problemas das
comunidades, aplicando os recursos ao seu alcance. Os órgãos locais do Estado nos termos
estabelecidos no Decreto 15/2000 de 20 de Junho articulam com as autoridades comunitárias no
processo de auscultação de opiniões sobre a melhor maneira de mobilizar e organizar a participação das
comunidades locais na concepção e implementação de programas e planos econômicos, sociais e
culturais em prol do desenvolvimento local. Para assegurar a participação das comunidades na
definição das prioridades nas acções de desenvolvimento econômico local, foi instituído um fundo de
investimento de iniciativa local, que é gerido pelos Governos Distritais. A utilização deste fundo é
concertada pelo Governo Distrital com os Conselhos Consultivos Locais, que estão em funcionamento
nos Distritos, Postos Administrativos e Localidades.
1.2. Princípios de organização e funcionamento
A organização e funcionamento dos órgãos locais do Estado obedecem aos princípios da
desconcentração e da desburocratização administrativas, visando o descongestionamento do escalão
central e a aproximação dos serviços públicos às populações, de modo a garantir a celeridade e a
adequação das decisões às realidades locais.
Os órgão locais do Estado observam o princípio da estrutura integrada verticalmente hierarquizada.
No seu funcionamento, a par das normas de Funcionamento dos Serviços da Administração Pública
legalmente definidas, observam os princípios da boa administração, do respeito pelos direitos
subjectivos e pelos interesses legítimos dos administrados, garantem a participação activa dos cidadãos,
incentivam a iniciativa local na solução dos problemas das comunidades, aplicando nomeadamente os
recursos ao seu alcance.5
1.2.1. Principio de legalidade
O Decreto em análise preceitua no seu art.4, n.º 1 que «no desempenho das suas actividades, os órgãos
da Administração Pública obedecem ao princípio da legalidade administrativa», para logo no número
seguinte explicar que «a obediência ao princípio da legalidade administrativa implica,
necessariamente, a conformidade da acção adminsitrativa com a Lei e com o Direito».
Portanto, o princípio da legalidade, nos termos destas disposições normativas, significa que a
Administração Pública, na sua actividade, está adstricta ao cumprimento da lei e do Direito.
O Princípio da Legalidade é um conceito plurissemântico, variando consoante a área de Direito que se
encontra em questão, mas numa visão fenomenológica, dir-se-á que, em qualquer contexto, este
princípio significa que a actuação dos sujeitos deve sempre conformar-se com o Direito, ou seja, e na
linguagem comum, «ninguém está acima da lei».
Efectivamente, de modo genérico, pode-se enunciar o princípio da legalidade como o entendimento
normado segundo o qual «ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer algo senão nos termos
determinados na lei». Ou seja, para o particular, para o cidadão, vigora esta relativa liberdade
porquanto, em princípio, ele pode fazer tudo, menos o que o Direito proíbe.
Por estar sujeita à lei, a actuação dos órgãos administrativos é também sujeita à fiscalização dos órgãos
de justiça, o que significa que as actuações torpes desses órgãos implicam sanções aplicadas em
processos próprios, por tribunais especialmente criados para o julgamento dessas matérias,
nomeadamente, o Tribunal Administrativo.6
5 Artigo 3 da Lei dos Orgaos Locais do Estado (LOLE).6 CAMBULE, Gil, in http://direitopensado.blogspot.com/2010/04/normas-de-funcionamento-da.html
1.2.2. Princípios de relacionamento7
Nas suas relações com os administrados, os órgãos locais do Estado observam, nomeadamente os
princípios da justiça, igualdade de tratamento dos cidadãos perante a lei, imparcialidade, transparência
e da proporcionalidade.
1.3. Âmbito Territorial8
Para o exercicio das funções, os órgãos locais do Estado organizam-se em escalões de província,
distrito, posto administrativo, localidade e povoações9.
1.3.1. Provincia
Doutrinariamente, Província é a divisão administrativa territorial de nível superior utilizada em muitos
países como Moçambique.
Nos termos dos artigos 11 da LOLE e 9 do Regulamento da LOLE, província é a maior unidade
territorial da organização política, económica e social da Administração Local do Estado. A província é
constituída por distritos, postos administrativos e localidades. A província abrange também as áreas
das autarquias locais compreendidas no território respectivo.
São órgãos da administração pública de província: o Governador Provincial, o Governo Provincial. O
Governador Provincial é, na respectiva província, o representante da autoridade central da
Administração do Estado. O Governador Provincial é nomeado, exonerado ou demitido pelo
Presidente da República. Nos seus impedimentos ou ausências, o substituto Provincial é designado pelo
7 Artigo 5 da LOLE8 Capitulo II da LOLE9 Artigo 8 do Regulamento da LOLE
Presidente da República.10
O governo provincial é o órgão encarregado de garantir a execução, no escalão da província, da política
governamental centralmente definida.
O governo provincial dispõe de autonomia administrativa no quadro da desconcentração da
administração central. O governo provincial é dirigido pelo governador provincial.
Os membros do governo provincial (directores distritais, principalmente) são nomeados centralmente.
As competencias do governador estao previstas nos artigos 17 e 18 da LOLE e do seu regulamento
respectivamente.
1.3.2. Distrito
O distrito é a unidade territorial principal da organização e funcionamento da Administração Local do
Estado e a base da planificação do desenvolvimento económico, social e cultural da República de
Moçambique.Portanto, compreende a segunda divisão administrativa do Estado, sendo a primeira a
Província.
O distrito é composto por postos administrativos e localidades. O distrito abrange também as áreas das
autarquias locais compreendidas no respectivo território11.
São órgãos da Administração Pública do distrito: o Administrador Distrital; o governo distrital.
O Administrador Distrital é, no respectivo distrito, o representante da autoridade central da
administração do Estado. O Administrador Distrital é nomeado pelo ministro que superintende na
Administração Local do Estado, ouvido ou por proposta do governador provincial12.
O governo distrital é, no respectivo distrito, o órgão local do Estado encarregado de realizar o programa
do governo e o plano económico e social, com poderes de decisão, execução e controlo das actividades
previstas.
O governo distrital tem a seguinte composição: a) administrador distrital; b) directores de serviços
10 Artigos 15 e 16; 14 e 15 da LOLE e do seu Regulamento, respectivamente11 Artigo 12 da LOLE e 10 do Regulamento12 Artigos 33 e 34 da LOLE, 37 do Regulamento
distritais13.
Compete ao administrador distrital: representar a Administração central do Estado no território do
respectivo distrito; concorrer para a consolidação e reforço da unidade nacional e promover o
desenvolvimento sócio-económico no território do respectivo distrito, entre outros poderes previstos na
lei.
1.3.3. Posto Administrativo
O posto administrativo é a unidade territorial imediatamente inferior ao distrito, tendo em vista garantir
a aproximação efectiva dos serviços da Administração Local do Estado às populações e assegurar
maior participação dos cidadãos na realização dos interesses locais.
O posto administrativo é constituído por localidades. O posto administrativo abrange também as áreas
das autarquias locais compreendidas no respectivo território14.
O órgão do posto administrativo é o chefe do posto administrativo. O chefe do posto administrativo é o
dirigente superior da Administração Central do Estado no território do respectivo posto administrativo,
e subordina-se ao administrador distrital. O chefe do posto administrativo é o representante da
Administração Central do Estado no território do respectivo posto administrativo.
São competências do chefe do posto administrativo:
a) promover e organizar a participação das comunidades locais, na solução dos problemas locais;
b) zelar pela manutenção da ordem e tranquilidade públicas no respectivo território;
c) promover o desenvolvimento de actividades económicas, sociais e culturais, estimulando a ocupação
de todos os cidadãos capazes, priorizando as camadas mais vulneráveis;
d) assegurar a análise das reclamações sugestões dos cidadãos, dando soluções àquelas que são da sua
competência e remeter as que não sejam para os níveis competentes; entre outras previstas na lei15.
1.3.4. Localidade
A localidade é a unidade territorial base da organização da Administração Local do Estado e constitui a
circunscrição territorial de contacto permanente dos órgãos locais do Estado com as comunidades e
respectivas autoridades.
A localidade compreende aldeias e outros aglomerados populacionais inseridos no seu território.
O órgão da localidade é o Chefe de localidade.
13 Artigo 36 e 37 da LOLE14 ArtigoS 13 da LOLE, 11 do Regulamento15 Artigos 45-47 da LOLE
O chefe da localidade é, na respectiva localidade, o representante da autoridade central da
administração pública do Estado e subordina-se ao chefe do posto administrativo.
O Chefe de localidade é nomeado pelo governador provincial, ouvido ou por proposta do administrador
distrital.
Na realização das suas funções o Chefe de localidade é apoiado por uma secretaria da administração.
Nos impedimentos ou ausências do Chefe da localidade, por período de tempo igual ou superior a 30
dias, o seu substituto é nomeado pelo governador provincial.
Compete ao chefe de localidade:
a) promover as acções de desenvolvimento económico, social e cultural da localidade, de acordo com o
plano económico e social do governo;
b) mobilizar e organizar a participação da comunidade local na resolução dos problemas sociais da
respectiva localidade16.
16 Artigo 48-50 da LOLE