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O TRATAMENTO DA PATOLOGIA AGUDA EM

HOMEOPATIA CLÁSSICA

PARA ESTUDANTES E PRATICANTES DE HOMEOPATIA

Georgina Fonseca

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Todos os direitos reservados. Este livro não pode ser reproduzido, no todo ou em parte, por qualquer processo mecânico, fotográfico, elec-trónico, ou por meio de gravação, nem ser introduzido numa base de dados, difundido ou de qualquer forma copiado para uso público ou privado – além do uso legal como breve citação e críticas – sem prévia autorização do editor.

Título: O Tratamento da Patologia Aguda em Homeopatia ClássicaAutora: Georgina FonsecaCapa e paginação: Nuno AlmeidaImpressão: Print On Demand LiberisISBN: 978-989-8865-1061ª edição: outubro 2017

EDIÇÕES MAHATMATlm: 967 319 [email protected]://facebook.com/MahatmaEditora


Georgina Fonseca

O TRATAMENTO DA PATOLOGIA AGUDA EM

HOMEOPATIA CLÁSSICAPARA ESTUDANTES E PRATICANTES DE HOMEOPATIA

Descrição das Principais Manifestações Agudas, Sintomas e Respetivos Remédios


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Índice

Dedicatória . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

Agradecimentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

Prefácio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

Primeira Parte:HISTÓRIA DA HOMEOPATIA SINOPSE BIOGRÁFICA DE SAMUEL HAHNEMANN ORGANON DA ARTE DE CURAR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

HISTÓRIA DA HOMEOPATIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

SINOPSE BIOGRÁFICA DE SAMUEL HAHNEMANN . . . . . . . 23

ESTRUTURA DO ORGANON . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

CAPÍTULO 1 - Princípios gerais, escolas e metodologia da homeopatia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29 METODOLOGIA DA HOMEOPATIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32 METODOLOGIAS MODERNAS THE SENSATION METHOD, DR . SANKARAN . . . . . . . . . . . 33


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CAPÍTULO 2 - Farmacopeia homeopática . . . . . . . . . . . . . . . . . 37 PREPARAÇÃO DOS REMÉDIOS HOMEOPÁTICOS . . . . . . . . 37 A CEPA OU TINTURA MÃE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38 AS PREPARAÇÕES HOMEOPÁTICAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38 A LEI DA SEMELHANÇA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 A LEI DA INFINITESIMALIDADE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40 MÉTODOS DE DILUIÇÃO E DINAMIZAÇÃO . . . . . . . . . . . . 43 ALGUMAS REGRAS NA ESCOLHA DO REMÉDIO E DA DINAMIZAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44 AGRAVAMENTO HOMEOPÁTICO E O TAMANHO

DA DOSE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45

Segunda Parte:APLICAÇÃO DO MÉTODO HOMEOPÁTICOEM PATOLOGIA AGUDA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49

PATOLOGIA INFECCIOSA AGUDA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51 DEFINIÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52 ETIOLOGIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52 DOENÇAS INFETOCONTAGIOSAS VIRAIS

E BACTERIANAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52 CLASSIFICAÇÃO MODERNA DE DOENÇA . . . . . . . . . . . . . . 53 TIPOS DE INFEÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54

TRATAMENTO HOMEOPÁTICO DAS DOENÇAS AGUDAS . . 55 1 – DOENÇAS INFECCIOSAS VIRAIS E BACTERIANAS . . . 56 2 – GRIPE E SÍNDROMES GRIPAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67 3 – ABCESSOS E PROCESSOS SUPURATIVOS AGUDOS . . 74 4 – TRAUMATOLOGIA AGUDA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78 5 – NEVRALGIAS FACIAIS ESSENCIAIS DO TRIGÉMEO . . 81 6 – GASTROENTEROLOGIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83 7 – ENJOOS NAS VIAGENS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99 8 – SISTEMA URINÁRIO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102 9 – SISTEMA VASCULAR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105


O Tratamento da Patologia Aguda em Homeopatia Clássica

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10 – DERMATOLOGIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115

Terceira Parte:MATÉRIA MÉDICA HOMEOPÁTICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125

DEFINIÇÃO DE MATÉRIA MÉDICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 128 COMO ESTUDAR A MATÉRIA MÉDICA . . . . . . . . . . . . . . . . 128 ESTUDAR E COMPREENDER OS REMÉDIOS . . . . . . . . . . . . 129 A ESCOLHA DA MATÉRIA MÉDICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 134 O GENIUS DO REMÉDIO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135 ACONITUM NAPELLUS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135 BELLADONNA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 136 BRYONIA ALBA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 137 CHINA OFFICINALIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 138 CROTON TIGLIUM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139 EUPATORIUM PERFOLIATUM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139 IPECACUANHA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 140 MERCURIUS SOLUBILIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 140 PYROGENIUM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 141 RHUS TOXICODENDRON . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 142

REMÉDIOS AGUDOS MAIS FREQUENTEMENTE UTILIZADOS EM PATOLOGIA AGUDA . . . . . . . . . . . . . . . . . . 143

APÊNDICEMAPA DE REMÉDIOS DE ÓRGÃOSABREVIATURAS DOS REMÉDIOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 169

MAPA DE REMÉDIOS DE ÓRGÃOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 170 LISTA DE REMÉDIOS E ABREVIATURAS . . . . . . . . . . . . . . . 174

Posfácio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 197

BIBLIOGRAFIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 199


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Dedicatória

A HahnemannAos grandes mestres da Homeopatia

Aos meus alunos, colegas e professores com quem tanto aprendi e com quem foi possível trocar tantos conhecimentos, ao longo desta

maravilhosa viagem pelo mundo da Homeopatia .

A todos os que dedicam a sua vida à pesquisa e ao conhecimento com o objetivo supremo de melhorar a saúde, o bem-estar e a qualidade

de vida de todos os seres vivos .


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Agradecimentos

A minha profunda gratidãoAos meus filhos pelo carinho e apoio

Ao meu marido pelo amor incondicionalÀ Maria José pelo entusiasmo, incentivo e sincera amizade


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Prefácio

Já lá vai uma boa década desde que a Dra . Georgina Fonseca entrou, cheia de entusiasmo e determinação, na Associação Oncológica do

Algarve (AOA) .Veio falar-nos da Homeopatia e do que esta poderia fazer pelo doente

oncológico . A nossa empatia foi imediata .A paixão pelo conhecimento e a sua imensa vontade de ajudar um

grupo de doentes tão peculiar e que, não raras vezes, se vê sem esperan-ça de cura diante do único tratamento que lhe é proposto, levaram a uma parceria entre a AOA e o Centro de Homeopatia do Algarve, que dirige, bem como a uma forte amizade entre nós, que dura desde então .

Esta forma intensa de viver para ajudar os outros, na saúde e no bem--estar, faz com que a Georgina queira também partilhar os seus imensos conhecimentos para que a Homeopatia, ainda pouco divulgada no nosso país, chegue, cada vez mais, a mais pessoas, sejam praticantes ou pacientes .

A Dra Georgina é brilhante nos cursos que ministra, tal como o é na forma clara, organizada e prática como elaborou este livro de Homeopa-tia, tendo conseguido apresentar uma matéria tão complexa e vasta de forma simples e acessível .

Esta obra surge, inicialmente, a pensar nos seus alunos, mas a sua publicação, surge também dos incentivos de outros colegas que a con-venceram a escrever .

Faça-se assim justiça a uma área da medicina já tão reconhecida em países como a Alemanha, França, Suíça e Brasil e, à autora, pelo mérito


Georgina Fonseca

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de escrever um livro com tanta riqueza de conteúdo e, ao mesmo tempo prático para o utilizador, como se pretende com qualquer obra de caráter científico .

Este livro, vem assim preencher uma lacuna e colmatar o que estava em falta nesta área da saúde e das medicinas não convencionais .

Maria José PiresPsicóloga Clínica e da Saúde

Estudante de Homeopatia ClássicaVice Presidente A .O .A .

(Associação Oncológica do Algarve)


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Introdução

Este livro destina-se, particularmente, a estudantes e praticantes de Homeopatia Clássica e tem como objetivo facilitar o estudo e auxi-

liar na árdua tarefa da eleição do remédio apropriado a cada caso clíni-co, especialmente, em manifestações de caráter agudo .

A Homeopatia é uma medicina holística e individualista e, por esta razão, de uma enorme complexidade, poderíamos, com propriedade, afirmar, tão complexa e individualizada quanto cada ser humano . Es-tudá-la não é, portanto, tarefa fácil dado que, centrando-se no que é peculiar no paciente, o diagnóstico, por si só, torna-se, extremamente, insuficiente .

Uma vez que a eleição do remédio terá que ser feita em função da globalidade sintomática do doente, isto é, sintomas físicos, mentais, ge-neralidades e modalidades, uma mesma disfunção, diagnosticada em di-versos pacientes, poderá requerer remédios diferentes ou, inversamente, um mesmo remédio poderá ser aplicado numa enorme diversidade de situações clínicas e de diagnósticos .

Por todas estas razões, a Homeopatia é ainda, nos nossos dias, muito mal compreendida e, sobretudo, muito mal tratada, não raras vezes, con-siderada como algo enganoso e desprovido de ciência .

Mas, o que é a ciência?A palavra ciência deriva do étimo latino scientia que significa saber

ou conhecimento, ou seja, designa-se por ciência todo o saber, adquiri-do através do estudo e da prática, devidamente experimentado e orga-


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nizado . Neste sentido, a Homeopatia possui mais de duzentos anos de estudo e de prática, encontrando-se esse conhecimento, devidamente registado, em Repertórios e Matérias Médicas e, portanto, cientificamen-te, comprovado .

Contudo, o conhecimento das diversas patologias e o saber aprofun-dado dos diferentes remédios que constituem a Matéria Médica, sendo indispensáveis a uma boa prática clínica, não são suficientes porque, além do conhecimento implícito e imprescindível, o homeopata tem que possuir arte . E a arte, como refere o seu criador no seu Organon of Me-dicine1, consiste em saber o que há a curar em cada doente, através da forma peculiar como cada um de nós vivencia a doença . O papel do ho-meopata é, então, observar e compreender o doente que apresenta aquela doença e que se manifesta com uma sintomatologia única e específica ao invés de se focar exclusivamente no diagnóstico e sintomas físicos que o paciente lhe apresenta . Somente desta forma a doença poderá ser removida de forma suave e duradoura .

O foco deste livro é, como o próprio título indica, o tratamento do paciente que, de forma brusca e inesperada, é acometido de um estado patológico, geralmente de origem infecciosa, e que, pela sua gravida-de exige uma atuação imediata, caso contrário, em algumas situações, a vida do paciente poderá ser colocada em risco .

Dada a variedade das manifestações clínicas, dos sintomas, do núme-ro e complexidade dos remédios homeopáticos, torna-se imperiosa uma abordagem que permita e facilite uma melhor aprendizagem da filosofia desta medicina .

Assim, os remédios serão apresentados, de forma simples, clara e esquematizada, para uma fácil apreensão, eleitos em função da sua pa-togenesia e tropismo orgânico, de acordo com os sintomas e modalida-des apresentados pelo paciente . Todos eles foram elaborados e reunidos segundo os ensinamentos da Homeopatia Clássica e de acordo com a experiência de alguns dos maiores mestres da história da Homeopatia .

1 Hahnemann, Samuel, Organon of Medicine, New Delhi, 1985


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ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO

Este livro consta de quatro partes . A primeira inicia-se com uma si-nopse sobre a História da Homeopatia e do seu mestre, e a referên-

cia à estrutura do Organon da Arte de Curar. Nesta parte, serão também abordados outros temas, tais como, os princípios fundamentais da Ho-meopatia, o conceito de Miasma e as diferentes metodologias, com uma breve referência ao método mais recente em Homeopatia, The Sensation Method, do Dr . Sankaran .

A segunda parte abrange a aplicação do método homeopático em pa-tologia aguda, na qual se inclui também uma breve descrição das cara-terísticas e sintomatologia específica das manifestações mais frequentes em patologia aguda e respetivos remédios .

A terceira parte diz respeito ao estudo da Matéria Médica. Nela são sugeridas e exemplificadas algumas formas de, mais facilmente, se es-tudar e compreender a Matéria Médica Homeopática . Nesta parte está, também, incluída uma lista dos remédios homeopáticos mais recorren-tes em patologia aguda e uma breve síntese dos sintomas físicos, mentais e respetivas modalidades .

Finalmente, na quarta parte, inclui-se uma lista de abreviaturas dos remédios homeopáticos e a bibliografia consultada e recomendada .


Primeira Parte

HISTÓRIA DA HOMEOPATIA

SINOPSE BIOGRÁFICA DE SAMUEL HAHNEMANN

ORGANON DA ARTE DE CURAR

A única e nobre missão do médico é curar, ato que consisteem restabelecer a saúde ao indivíduo doente .

Samuel Hahnemann (1755-1843)


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HISTÓRIA DA HOMEOPATIA

Sabemos que a Homeopatia surgiu com Samuel Hahnemann, médico alemão, mas também químico, toxicólogo e poliglota, que viveu de

1755 a 1843 e que, frustrado com a medicina convencional da sua épo-ca, optou, como forma de vida, pela tradução das mais diversas obras da literatura médica dos eminentes mestres da medicina do seu tempo .

O acaso levou-o à experimentação da substância Chinchona Offici-nalis conhecida, já nessa altura, pelos seus poderes curativos na Febre Malária . Hahnemann questionou-se acerca dos poderes curativos da Chinchona naquela doença e resolveu experimentá-la . Com surpresa apercebeu-se de que os sintomas que aquela substância lhe provocara eram, justamente, aqueles que um indivíduo acometido, realmente, des-sa doença apresentava . Começou, então, a fazer diversas experiências com outras substâncias e descobriu que todas elas produziam, no indi-víduo são, um estado patológico semelhante ao que apresentam os in-divíduos com essa doença . Este facto levá-lo-ia de novo ao exercício da medicina e ao contacto com os seus doentes e, ao fim de vários anos de observação e experiência, comprova a veracidade da Lei da Semelhança, Similia Similibus Curentur. Surgia assim a Homeopatia, do grego «Ho-meos» (semelhante) e «Phatos» (sofrimento) .

No entanto, embora a origem da Homeopatia seja atribuída a Hahne-mann, o princípio da semelhança remonta aos primórdios da humanida-de, na verdade, os nativos curandeiros sempre souberam que uma mor-dida de víbora ou picada de aranha se curava com os respetivos venenos .


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A Homeopatia é uma medicina holística e individualista cuja ciên-cia assenta em princípios simples e claros, formulados por Paracelso e Hipócrates, tais como a Vis Medicatrix Naturae, a Natura Morborum Medicatrix, o Similia Similibus Curentur, o uso de pequenas doses e o princípio da não agressão .

Holístico significa observar o indivíduo no seu todo, os sintomas que apresenta no momento, a história de vida, as escolhas que faz, o que pensa e como pensa ou como reage às diversas situações da vida . Enfim, não bastam os sintomas físicos, é preciso compreender o estado mental, emocional e social do indivíduo porque tudo vibra na mesma frequên-cia . O indivíduo é uma unidade que quando afetado pela doença, reage como um todo, assim, se queremos ter uma visão completa da doença, temos que respeitar a globalidade do indivíduo .

Individualista porque não há duas pessoas iguais nem duas pessoas que reajam, mental, física e emocionalmente, da mesma forma, quer a uma dada situação quer à doença . O diagnóstico e as queixas podem ser as mesmas, mas a perceção, a reação e as peculiaridades de cada pacien-te serão sempre diferentes .

A Homeopatia trata o doente, não trata a doença, como Hahnemann afirmava, não existem doenças, apenas pessoas doentes . Esta é a razão pela qual a Homeopatia não tem um remédio específico para uma mes-ma doença . Cada indivíduo é um mundo diferente e, naturalmente, ne-cessitará de um tratamento único, específico e adequado ao seu caso .

A experiência tem-nos mostrado, ao longo dos séculos que, para curar, por si só, a ciência não basta, é preciso observar qual é a doença em cada indivíduo, ou seja, o que é que está por detrás de todos os sin-tomas físicos que cada doente apresenta e isto não se faz só com ciência, faz-se, fundamentalmente, com arte .

A administração de um único remédio, o simillimum do paciente, em vez de um para cada parte do corpo ou sintoma que o paciente apresenta devolverá, de forma suave e duradoura, a saúde ao doente .


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SINOPSE BIOGRÁFICA

DE SAMUEL HAHNEMANN

Christian Friedrich Samuel Hahnemann nasceu em Meissen, Saxó-nia em 10 de abril de 1755 e faleceu em Paris, a 2 de julho de1843 .

Médico de formação viu-se confrontado com uma medicina dema-siado agressiva para o organismo e fraco poder de cura . Com efeito a Medicina do seu tempo sustentava que a doença era produzida por humores ou impurezas no organismo, os quais era preciso eliminar através dos diversos órgãos emunctórios . Estes incluíam diuréticos, eméticos, purgantes, sudoríficos ou outros métodos artificiais, como exutórios, sangrias, flebotomias, diaforéticos ou o uso de sanguessu-gas, provocando, não raras vezes, a morte do paciente devido a anemia aguada .

Ao traduzir a Matéria Médica do Dr . Cullen (1710-1790), do inglês para o alemão, Hahnemann apercebe-se de que o médico escocês atri-buía os poderes curativos da quinina à sua adstringência, alegação que não convenceria, contudo, o médico alemão .

Este facto, acrescido do aforismo hipocrático “o que provoca a tosse que não existe, cura a tosse que existe”, levaram Hahnemann à auto- experimentação de diversas substâncias, começando, pouco a pouco, a reunir os dados da primeira Matéria Médica .

Em 1810 publica a 1ª edição daquela que, ainda hoje, é considerada a principal obra da Medicina Homeopática, o “Organon da Medicina Racional” e que receberia, nas edições seguintes, o título “Organon da Arte de Curar”.


“Quando o indivíduo adoece, inicialmente, é a força vital que sofre o desvio imposto pela influência dinâmica do agente mórbido hostil à vida.

É unicamente o princípio vital perturbado que pode dotar o organis-mo de sensações desagradáveis e incliná-lo às manifestações irregulares que chamamos doença. (…)”

Samuel Hahnemann, Organon da Arte de Curar


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