o trabalho docente (2)
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PROFESSOR DOUTOR RAIMUNDO LENILDE DE ARAÚJO
MESTRANDOS: DAVID JOSÉ FABIANA DA SILVA PESSOA JULIANA
O TRABALHO DOCENTE: Elementos para uma teoria da docência como profissão de interações humanas
INTRODUÇÃO
O conceito de “instruir”= ensinar Cidadania.
A análise de contextos cotidianos como agentes da educação.
Objetivo: “Conseguir descrever, analisar e compreender o trabalho docente tal como é desenvolvido, a um tempo conforme as representações e situações de trabalho vividas e denominadas pelos atores e segundo as condições, os recursos e as pressões reais das suas atividades cotidianas”.
O TRABALHO DOCENTE HOJE: Elementos para um quadro de análise.
Por que estudar a docência como um trabalho?
Panorama do trabalho
interativo e reflexivo.
Centralidade da docência na
organização do trabalho.
Organização do trabalho escolar e organização industrial e do
estado.
A profissionalização do ensino e o
trabalho docente.
A docência como trabalho interativo e seu objeto humano.
Panorama do trabalho interativo e reflexivo
A importância do trabalho sobre a matéria inerte e a matéria viva é considerável, já que está na base das sociedades industriais modernas.
Estar envolvido por relações sociais de produção era o que definia o trabalhador e o cidadão.
Esses modelos clássicos de trabalho procedem de cinco postulados (de Coster & Pichault, 1998 ; Touraine, 1998):
Modelos de trabalho.
O trabalho industrial produtor de bens naturais é o paradigma do trabalho;
Esse paradigma estende sua hegemonia teórica e prática as demais atividades humanas;
Os agentes sociais se definem por suas posições no sistema produtivo;
As posições centrais são ocupadas pelos detentores (capitalistas) e os produtores (operários) de riquezas materiais;
Enfim, o sistema produtivo é o coração da sociedade e das relações sociais;
O ser humano e o trabalho
A docência e seus agentes ficam nisso subordinados à esfera da produção.
O ensino é visto como uma preocupação secundária ou periférica em relação ao trabalho material e produtivo.
A noção de dever está restritamente associada ao princípio de responsabilidade (ou liberdade) individual, ou seja, o seu lugar na sociedade está ligado ao trabalho.
O trabalho - subentendido o trabalho produtor de bens materiais - é o primeiro dos deveres, o meio por excelência de cumprimento dos outros deveres.
O ser humano é definido como um ser do dever;
A visão do trabalho nas sociedades modernas avançadas
Tese defendida : O trabalho docente constitui uma das chaves para a compreensão das transformações atuais das sociedades do trabalho.esta tese se apóia em quatro constatações:
Primeira constatação: há cinqüenta anos, a categoria dos trabalhadores/produtores de bens materiais está em queda livre em todas as sociedades modernas avançadas enquanto que os trabalhadores da área de serviços crescem sem parar;
Segunda constatação: Na sociedade dos serviços, grupos de profissionais, cientistas e técnicos ocupam progressivamente posições importantes e até dominantes em relação aos produtores de bens materiais. Essa importância dada ao conhecimento leva autores (Naisbitt, 1982; Stehr, 1994) a afirmar que agora nós estamos numa sociedade da informação ou do conhecimento, mais do que numa sociedade dos sérvios orientados para produtos.
Terceira constatação: essas novas atividades trabalhistas estão relacionadas historicamente às profissões e aos profissionais que são representantes típicos dos novos grupos de especialistas na gestão dos problemas econômicos.
Quarta constatação: entre as transformações em curso, parece observar o crescente status de que gozam, na organização socioeconômica, nas sociedades modernas avançadas, os ofícios e profissões que têm seres humanos como "objeto de trabalho".
CENTRALIDADE DA DOCÊNCIA NA ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
“A escolarização repousa basicamente sobre interações cotidianas entre os professores e os alunos. Sem essas interações a escola não é nada mais que uma imensa concha vazia.”
Essas interações formam raízes e se estruturam no âmbito do processo de trabalho escolar e, principalmente, do trabalho dos professores sobre e com os alunos.
ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ESCOLAR E ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL E DO ESTADO
A ligação da escola com o progresso da sociedade industrial e dos Estados modernos.
A escola e o ensino tem sido invadidos por modelos de gestão e de execução do trabalho oriundos diretamente do contexto industrial e de outras organizações econômicas oriundas.
A PROFISSIONALIZAÇÃO DO ENSINO E O TRABALHO DOCENTE
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ia.Dar novamente poder, sobretudo aos
estabelecimentos locais a aos atores da base;
Promover uma ética profissional fundamentada no respeito aos alunos e no cuidado constante de favorecer seu aprendizado;
Construir com pesquisas uma base de conhecimentos rigorosa e eficiente que possa ser realmente útil na prática;
Derrubar as divisões que separam os pesquisadores e os professores experientes e desenvolver colaborações frutuosas;
Valorizar a competência profissional e as práticas inovadoras mais que as ações realizadas segundo receitas ou decretos;
Introduzir nos estabelecimentos escolares uma avaliação do ensino que permita uma melhora das práticas e dos atores;
Introduzir no ensino novos modelos de carreira favorecendo uma diversificação de tarefas;
A DOCÊNCIA COMO TRABALHO INTERATIVO E SEU OBJETO HUMANO.
As transformações atuais se refletem no mundo do trabalho.
Ensinar é trabalhar com seres humanos, sobre seres humanos, para seres humanos.
Objetos:o O trabalho material;o O trabalho cognitivo;o O trabalho sobre o outro;
O trabalho docente “codificado” e “não codificado”
A estruturação dos cursos acima se relaciona ao que Tardif e Lessard (2005, p. 41-42) denominam de “trabalho codificado” da docência, ou seja, os aspectos burocráticos, codificados, prescritos, rotineiros, formais, normatizados, controlados, padronizados e delimitados, de divisão de tarefas – a ênfase em “elementos institucionais”.
Sob este ângulo, o docente é “um agente da organização escolar, ele é seu mandatário e seu representante. Sua identidade profissional é definida pelo papel que exerce e o status que possui na organização do trabalho” (Tardif; Lessard, 2005, p. 43).
Por outro lado, a liberdade para modificações no decorrer de um curso pode ser relacionada a um outro conceito de Tardif e Lessard (2005): o “trabalho não codificado”, ou seja, ele engloba os componentes informais, variáveis, implícitos, imprevistos. Estes permitem que o professor interprete e realize suas tarefas com certa flexibilidade, “principalmente quanto às atividades de aprendizagem em classe e à utilização de técnicas pedagógicas”
COMO ANALISAR O TRABALHO DOCENTE?
Considerar o que os professores fazem.Como ensinam.Trabalho flexível.Experiência.
A escola como organização do trabalho docente.
O trabalho docente compreende não só aquele realizado em sala de aula como
também o processo que envolve o ensino e a aprendizagem, mas, ainda, a
participação do professor no planejamento das atividades, na elaboração de propostas político-
pedagógicas e na própria gestão da escola, incluindo formas coletivas de
realização do trabalho escolar e articulação da escola com as famílias e
a comunidade.
O processo que torna um professor o que ele é e que permite a aquisição e a construção dos saberes necessários à sua prática profissional é complexo e
marcado por diferentes períodos, diferentes vivências e experiências.
Tardif & Lessard (2005) caracterizam a estrutura celular do trabalho docente considerando que a sala de aula, embora não esteja desconectada do todo da organização escolar, contém um funcionamento próprio. Pois é nela que o professor define e organiza o ensino, criando um espaço de autonomia relativa. Nesse sentido esta condição permite que os licenciandos efetuem seleções e mediações que resultam na produção de conhecimentos próprios.
A estrutura celular do trabalho docente (TARDIF & LESSARD, 2005) coloca a profissão em uma condição ambígua que confere aos professores um controle parcial do seu objeto de trabalho. Tal situação potencializa uma dimensão individualizada e subjetiva dos saberes docentes, pois estes são permanentemente mesclados por elementos já objetivados e outros a serem elaborados e reelaborados. Por isso, nem a autonomia e nem a identidade profissional são “essencializáveis”, pois são constantemente negociadas na ambiguidade do trabalho.
Ordem na classe.
Da classe ao sistema escolar.
No processo de evolução da escola, a célula básica permanece intacta, mas ao redor desse nó central multiplicam se grupos, estruturas, dispositivos organizacionais mais e mais complexos.
“ Os professores são referência, contudo não controlam seu ambiente organizacional e nem impõe suas normas de trabalho aos outros”.
Formas de divisão do trabalho escolarN
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res.“Esses agentes ocupam
diferentes espaços organizacionais à margem do ensino regular e da classe tradicional.”• Orientação e apoio pedagógico
aos professores; • Orientação dos alunos,• Ajuda psicológica dentre
outros.
Dinâmicas de poder na organização escolar.
O novo plano organizacional da escola é marcada por uma nova divisão técnica do trabalho.
Lutas de poder entre grupos e conflitos de identidade;
A organização do trabalho escolar ultrapassa a escola propriamente dita.
Tipos de poderes na organização do trabalho escolar.
O poder de agir sobre a organização do trabalho escolar.
O poder de agir sobre seu posto de trabalho.
O poder de controlar a formação e a qualificação.
O poder sobre os conhecimentos do trabalho.
A escola como organização de serviços humanos.
A escola burocrática possui um sistema formal de controle, incluindo as normas que regem o comportamento dos agentes. (Neutralidade ética)
O modelo anárquico tem seus objetivos mal definidos, sem muita coordenação. Os objetivos são, geralmente, definidos de improviso, quando a ação está em andamento.