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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO - DEDU INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO
Profª Pensilvânia Diniz Guerra Santos
JOÃO BOSCO DA SILVA ([email protected])
O SENTIDO DE EDUCAR – UMA NOVA APRENDIZAGEM
Feira de Santana 2011
Introdução
Trata-se de um trabalho que tem a pretensão de mostrar, com uma metodologia
reflexiva, as variações no aprofundamento das questões da educação, bem como
buscando uma explicação para o sentido do educar. Para isso, produzimos um conteúdo
discutindo e interrogando os métodos de aprendizagem e aprendência, a partir de
questionário submetido a cidadãos (ãs), sobre o que ele (a) entende como Educação.
Nesse aspecto observamos que existem vários entroncamentos que podem explicar o
sentido para eles.
Por ser tarefa complexa e dinâmica, foi muito difícil descrever com exatidão os
significados e conceitos de educação, principalmente como produção e conhecimento,
sem que eles nos levem a diversas correntes de pensamento, pelas quais temos mais ou
menos afinidades intelectuais e ideológicas, ora por força da própria prática profissional,
ora para a própria condição humana influenciada.
Por educação estamos tratando do ato de educar, orientar, acompanhar, nortear,
mas também o de trazer de "dentro para fora" as potencialidades do indivíduo, explicitados
também nos quatro pilares da educação.
Fazemos a aproximação do paradigma da educação à formação do cidadão,
tornando-o “ser pensante e transformador”, e não apenas absorvedor do mundo. Na
escola da vida ele precisa conhecer que o educar também é uma arte. Somente a vivência
do aprendendo a "conteúdos e conhecimentos" não mudará sua visão da abordagem
tradicional que se dá na escola.
Portanto, precisamos produzir uma consciência crítica e reflexiva, com uma
criatividade despertada, passando a usufruir do reencantamento da educação, ampliado
pelo entendimento renovado e dinâmico do mundo do novo sentido do educar.
1- O que é educação e qual o sentido de educar?
Foi feita uma pesquisa de campo para obtenção de mais conceitos sobre o que
educação? Ressaltamos alguns como: “É uma fórmula de obediência com a sociedade,
com seus educadores e com nós mesmos, dos menores aos maiores. É também viver
com bom senso, escolher as melhores coisas para praticarmos” (Marinalva Matia
Conceição, 44 anos, estudante da 5ª série). “A educação é ter uma escola para aprender
a ler e escrever” (Ana Paula, 30 anos, doméstica). “Formação do cidadão... Educação é o
conjunto de instruções que você recebe dos seus familiares e do meio onde você cresce e
vive... É aquela que se recebe de professores em sala de aula... A educação é necessária
na sua formação profissional” (Hamilton Conceição Oliveira, 19 anos, estudante do 3°ano).
Comumente utiliza-se o termo educação para se referir às práticas pedagógicas,
porém ao analisar-se o sentido etimológico da palavra percebe-se que há distinções entre
os termos. Educação vem do latim e-ducere, que quer dizer, condução para fora, disto
parte um questionamento: para de que se quer conduzir?
O ato de educar tem haver com a formação da personalidade dos indivíduos, trata
da existência humana no seu sentido antropológico-filosófico, ora, a filosofia como uma
forma de se conhecer o mundo, e refletir a vida conduz-nos à libertação de dogmas e
formas de aprisionamento do homem enquanto ser inacabado. Enquanto que a pedagogia
trata da sistematização de saberes já existentes na sociedade. Educar é, portanto saber-
agir e não simplesmente ir para a sala de aula; a vida é altamente desafiadora e exige
mais dos que simples saberes.
Segundo Paulo Freire em seu livro Pedagogia da autonomia, “ensinar não é
transferir conhecimentos, mais criar possibilidades para a sua construção” (1996 p.22).
Construir o conhecimento e transmiti-lo de uma forma prazerosa de modo que o indivíduo
se abra a recebê-lo, levar as pessoas a compreenderem de própria consciência que
necessitam dele para viver é o dever da sociedade, e não somente isso, somá-la a
práticas de vida como a moral, a ética, a liberdade de pensamento e expressão, o amor e
questões que se relacionam ao homem como ser-social vivente num mundo repleto de
diferenças deve ser o papel mor da educação, afinal, para que serve a matemática, a
física, a geografia e a literatura onde não existe respeito aos seus semelhantes,onde a
fome e a miséria reinam, e onde o saber é utilizado como mais uma forma de distinção de
classes? Segundo A. S. Neill: “... foram ensinados a saber, mas não lhes ensinaram a
sentir” (1976 p.24).
2- Os Sentidos da vida ligados à educação.
“A ação de educar implica também na escuta atenciosa e silente em que o silêncio das águas fundas dos enigmas humanos nos possibilita a compreensão de nossos limites e possibilidades, de nossas ambigüidades e paradoxos, de nossos mistérios e clareiras” (Miguel Almir).
A abordagem do sentido da educação pressupõe a discussão preliminar sobre o
lugar do conhecimento no todo da existência humana. Nesse âmbito, a função substantiva
do conhecimento é intencionalizar a prática mediadora dessa existência.
A tendência do ser humano é cumprir um padrão, sem reflexão, conduzindo-o à
mediocridade. Tememos pensar em desacordo com o padrão social. Não avançaremos
enquanto a educação não abranger o sentido integral da vida. Não deve ser propiciada
pela competição, porque a punição não educa as pessoas e qualquer esforço nesse
sentido tende a buscar recompensa, o que não ajuda a ser dignificada.
O conhecimento é a ferramenta de que a espécie dispõe para dar um sentido
orientador para sua existência histórico real, surgido como estratégia de ação dos
indivíduos, que viviam e agiam coletivamente ao longo de sua temporalidade histórica.
Sem dúvida, a substância do existir é a prática. Não é a expressão teórica, em si mesma,
que efetiva nossa existência real. Só se é algo mediante um contínuo processo de agir, só
se é algo mediante a ação. É o que testemunham todos os entes que se revelam à
experiência humana. É na e pela prática que as coisas humanas efetivamente acontecem,
que a história se faz e que o próprio homem vai se fazendo humano.
Nesse sentido, a consciência, o pensamento enquanto equipamento da
subjetividade humana nasceu embutido na própria prática do homem, originariamente na
sua prática produtiva, pela qual garantia sua existência material, mantendo-a inserida num
processo permanente de trocas com a natureza. Por isso, a esfera básica da existência
humana é aquela do trabalho propriamente dito, ou seja, prática que alicerça e conserva a
existência material dos homens, já que a vida depende radicalmente dessa troca entre o
organismo e a natureza física. Esta esfera da prática produtiva constitui o universo do
fazer.
A Educação é “saber ser” e tem as seguintes características:
a) ação que conduz a novos lugares (Ex-ducere);
b) ação na sociedade (ação social em todas instâncias);
c) processo de formação;
d) existência humana.
Mas a prática produtiva dos homens não se dá plenamente só como trabalho
individual: ela é, antropologicamente falando, expressão necessária de um sujeito coletivo,
ou seja, a espécie humana só é humana na medida em que se efetiva em sociedade. Não
se é propriamente humano fora do tecido social, que constitui o solo de todas as relações
sociais, não apenas como referência circunstancial. Torna-se, assim, uma sociedade
política, uma cidade. Este coeficiente que marca as nossas relações sociais como
relações políticas e que caracteriza nossa prática social, envolve os indivíduos na esfera
do poder.
O sentido da aprendizagem está na educação. Pode-se sintetizar que a educação é
verdadeira com a constituição de um sentido e da própria base de sua capacidade critica,
construída historicamente. “É preciso que sejamos tocados pelo espanto e pela
perplexidade que os impelem às indagações, às inquietações, às buscas dos sentidos”
(Miguel Almir). “Educere” é a condutora de novos saberes. É a “escola nova”. “Educare” é
a transmissão do saber institucional.
Não se pode confundir conhecimento e racionalidade. Sem dúvida, quando se trata
das opções valorativas necessárias para a significação de nosso agir, base de orientação
da própria existência, a sensibilidade afetiva, a emotividade, a subjetividade que se
deseja, são fatores dinâmicos indiscutíveis. O processo produtivo, como realidade, produz
fatos na sociologia, história, psicologia, economia, neurofisiologia, física, química e
tecnologia. Como valor (antropologias fisiologias), produz na filosofia, moral, política,
estética e direito.
Toda expressão emocional da subjetividade humana é igualmente atravessada pela
dimensão epistêmica do saber, quando o indivíduo busca a liberdade e socialização, e a
sociedade pelo conhecimento e conduta. Por isso, o sabor na exata medida caminha
harmonicamente com vivência do saber. Ou seja: o desejo só se sabe, só se saboreia
como sabor, na medida em que se sabe vivenciar, apreender como saber.
O saber individual através do conhecimento se dá também sobre um fundo de uma
experiência radicalmente histórica e coletiva que lhe é anterior e que lhe serve de matriz
placentária. Esse contexto, como que um tecido que vai se complexificando pela contínua
articulação de novas experiências, já tornado possíveis pelas experiências passadas e
acumuladas. É a cultura o universo do saber, uma das mediações concretas da existência
dos homens. Isto é válido tanto no plano da experiência epistêmica do indivíduo que trata
sempre de uma experiência que se vai construindo, acumulando, sintetizando,
reorganizando, sistematizando dados; quanto no plano da própria humanidade; tanto na
perspectiva ontogenética como na perspectiva filogenética.
“A educação não é uma simples questão de exercitar a mente. O exercício leva à
eficiência, mas não produza integração” (Krishnamurti). Podemos então equacionar a
existência humana como se dando mediada pelo tríplice universo do trabalho, da
sociedade e da cultura. Como os três ângulos de um triângulo, esses três universos se
complementam e se implicam mutuamente, um dependendo do outro.
Por sua vez, conforme explica o Professor Edgar Morin, existe um tríplice circuito
envolvendo o indivíduo, a sociedade e a espécie. Os indivíduos são reproduções
humanas. As interações entre eles produzem a sociedade, que é testemunha do
surgimento da espécie, que é a cultura. Antropologicamente, a sociedade vive para o
indivíduo, o qual vive para a sociedade e ambos vivem para a espécie, que também vive
para os dois, numa integração retroativa e circular.
Portanto, o sentido do educar está na compreensão da vida e no desenvolvimento
de uma atitude positiva transformadora, conservando os padrões de nossa cultura num
processo contínuo da educação dos indivíduos. Que essa atitude seja ensinada de
maneira que possa gerar reflexão inovadora, sem preconceitos no tocante aos conteúdos
objetos do processo educacional como um todo.
3- Como a Condição Humana influencia na educação.
O conhecer vai muito além do não ser ignorante. É preciso se conhecer para depois
viver uma grande e constante aprendência. É se renovar a cada dia e saber que aquele
dia é único, e que precisamos nos transformar junto com a vida. O ser humano evolui
quando se despoja do individualismo, e passa a visualizar as coisas de uma forma
diferente.
No caminho do aprender, o valor do tempo no espaço que vivemos, somos
aprendizes e professores em nossas vivências. E são os bons exemplos que devemos
seguir. Os passo devem ser firmes nos objetivos a serem conquistados, levando em conta
a sensibilidade do indivíduo. Sabe-se que muitos se desumanizaram com o decorrer da
história e hoje são barreiras a serem vencidas pela Educação. Valores são trocados por
bugigangas adquiridas pela estagnação de virtudes simples considerada cafonas no
seguimento da família.
Se perguntarmos qual o alicerce da educação, não encontraremos com facilidade.
E quando encontramos, está edificado sobre areia e a ganância de muitos faz com que a
educação não dê os frutos necessários para estruturação do ser humano. Deve se
aprender a ser, e o fazer se tornaria mais constante. Mas, antes de aprender a ser, deve-
se aprender a conhecer, assim o aprendizado será frutífero. A convivência no universo
onde o homem constrói seu próprio espaço modificando, recriando e desfazendo.
Conhecer o humano é antes de mais nada situá-lo no seu universo. De onde veio?
Para onde vai? O que estar fazendo aqui neste mundo transformado pelos avanços
tecnológicos, onde o poder é almejado por muitos. O planeta envolvido capitalismo, e
quem não evolui fica as margens dos avanços impossibilitados de viver dignamente.
Quem pode acompanhar a evolução? É preciso segui este caminho?
O sentido da aprendizagem aponta para onde? Com certeza parta o próprio
homem. A transformação deve ser do individual para o coletivo. Enquanto isso não
acontecer, o ser humano continuará de “muletas” manquejando e sorrindo em meio aos
caminhos tortuosos e medonhos que o homem decide a percorrer. O fluxo do
conhecimento do século XX, mostra claramente a situação do ser humano no universo.
Onde o progresso ameaça a existência humana.
4- Os Quatro Pilares.
A educação do futuro será abarcada por competência e saberes que não são
utilizados na educação formal aplicada atualmente, o tradicionalismo e os métodos
utilizados não tem sido suficientes para suprir todas as carências e necessidades da área.
É necessário priorizar o “ser” e “humanizar”, ressaltar a relação educando -
educador. Já não basta inserir de forma maciça conteúdos informativos de vários níveis, é
preciso antes de tudo qualificar essas informações e aplicá-las de maneira construtiva,
levando em consideração o “ser” e não simplesmente um método. Neste sentido a
educação deve basear-se em quatro aprendizagens que serão os fundamentos (pilares)
do conhecimento: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos e
aprender a ser; que no final serão interdependentes, tornando-se um só conhecimento,
porém, nem sempre serão utilizados globalmente, priorizando-se uns em detrimento de
outros.
Aprender a conhecer pressupõe buscar, ir de encontro ao “novo”, ao que se
desconhece, buscar “ferramentas” que possibilitem descobertas; pesquisar e utilizar os
meios disponíveis, sejam no ambiente físico ou nas relações humanas. A sociedade atual
prioriza os saberes utilitários em detrimento do “saber-prazer”, “saber-lazer”, ”saber-
comunhão”, ou seja, estamos automaticamente nos deixando ser conduzidos ao invés de
escolhermos os “nossos - caminhos” em uma busca de valores positivos. É tempo de
buscá-los pelo simples desejo de possuí-los e compartilhá-los com outros.
Já não é tempo de sermos especialistas de uma só área, mas de estarmos
conectados uns aos outros e abarcar o conhecimento como um todo, sem divisões.
Salientando-se que a busca dessa aprendizagem demanda não um espaço de tempo
delimitado, pois esta é contínua , permanente e a todo momento estamos expostos a
novos saberes. Que possamos então reaprender a conhecer!
O aprender a fazer é uma conseqüência do aprender a conhecer. O primeiro requer
uma formação específica e adaptações ao contexto sócio-temporal, em que se vive. Para
tanto, é necessário unir o conhecer com o fazer ou se perde a motivação para a busca do
conhecer, uma vez que não será de utilidade para o saber. E a questão é: como fazer?
Em um mundo globalizado em que a tecnologia substitui o ser humano, a competição se
torna mais acirrada e o saber fazer ganha uma dimensão mais ampla. É então, que as
qualificações obtidas pelo saber conhecer se mostram de vital importância e as
competências se sobressaem.
É neste foco que se insere o aprender a viver juntos (o aprender a viver com os
outros). Eis um dos maiores desafios dos seres humanos. Desafio que pode e deve ser
superado, assim que aprendermos a ver o outro não como concorrente, mas como alguém
com as mesmas possibilidades; apesar de todo o contexto social e econômico, que nos
impele para a rivalidade e a competição em todos os setores da vida humana.
Uma saída seria priorizar as relações humanas e buscar projetos que beneficiasse
ao todo e não as partes. Afinal, a sociedade se faz com vários seres e não com alguns
poucos e dependemos uns dos outros, apesar da diversidade de culturas e raças. Assim,
o aprender a viver juntos prioriza a descoberta do outro e a descoberta de si mesmo;
descobrindo a nós mesmos através de nossas necessidades e anseios, aprenderemos a
aceitar e compreender as necessidades e anseios do outro através de objetivos comuns.
Enfim o aprender a ser. Não a ser para si mesmo e por si mesmo; mas para o outro
e com o outro. Ser integral, formado desde a infância, com responsabilidades perante a
família, o grupo que freqüenta a sociedade, o planeta. Fornecer aos infantes e aos jovens
uma educação com visão inovadora, focalizando suas potencialidades como a memória,
raciocínio, capacidades físicas, sentido estético e aptidão para comunicar-se e utilizarem
as mesmas com fins para o progresso próprio e de todos. Aplicar estes aprendizados ao
longo da vida e tornar-se um ser em comunhão plena com tudo e com todos é uma meta a
que todos devemos visar.
5- Educar como arte e a arte de educar
A tarefa da educação é delicada porque supõe em princípio, amor, desprendimento,
doçura, firmeza, paciência e decisão.
Várias obras já foram escritas sobre esse assunto, com diversas propostas que
possuem o intuito comum: resolver problemas específicos que preocupam pais e
professores. Muitas destas obras possuem infinidades de teorias, fórmulas e até
conselhos, que a princípio parecem mágicos para a vida diária... No entanto, a realidade é
outra, pois educar não é por em prática teorias, fórmulas e conceitos pré-existentes, nem
passar conhecimentos prontos.
“Educar é uma ciência e uma arte; uma arte porque não tem regras fixas, ou seja,
cada caso é diferente, cada circunstância é única” (autor desconhecido). Isso pode ser
demonstrado no exemplo: Um professor pedir a seus alunos que façam alguma coisa no
papel. Terminado esse tempo, o professor observa muitas coisas como: um pequeno
texto, um desenho, uma palavra, uma pintura ou até mesmo uma folha em branco. Este
exemplo faz destacar as diversas imaginações e pensamentos do momento, ou melhor, as
diversidades que se fazem extremamente necessárias na arte de educar.
A relação do aluno com o professor ou de pais com filhos devem conter muita
sinceridade e confiança devido à singularidade de cada um no todo que é a classe ou
ambiente (o lar) onde se vive. Pois são eles os educadores, pais e professores,
responsáveis por fornecer ferramentas e respostas necessárias. Devem ensinar-lhes o
sentido da vida e capacitá-los para vivê-la. O fato de o indivíduo passar uma parte da vida
ligado a doscentes, que na maioria das vezes são tidos como modelos exemplares, não
deve limitá-lo a somente seguir estes modelos, até porque os professores também são
aprendentes, possuem limitações. Um gesto, palavra ou atitude de ambas as partes
podem preencher vidas, mudar horizontes e abrir possibilidades para nós mesmos, pais,
amigos e sociedade levando a pensar que entender, explicitar ou descrever é um bem, um
exercício para a vida.
O objeto da educação não está só no sentido do verbo “educar”, mas, sim, no modo
como fazemos, a forma como prosseguimos pensando, o tipo de distinções que
apresentamos, a moral e a ética dos critérios em que baseamos o caminho a percorrer.
“Educar é como ensinar alguém a andar ou a falar” (William Lara). Ele afirma que não há
metáfora nessa comparação devido a grande importância do educar. “Andar verticalmente
e falar é a educação mais fundamental do modo de ser quem somos: humanos” (Willian
Lara).
Educar é deixar os outros serem humanos – ensinar, no sentido de educar é mais
difícil do que aprender. E por que é assim? Porque quem ensina deve dominar uma maior
quantidade de informações e tê-las sempre prontas para serem utilizadas. Ensinar requer
algo muito mais difícil, complexo e poderoso: deixar aprender. Para ensinar deve-se
passar pelo aprender que tem seu fundamento na liberdade individual. Educar é deixar
surgir o homem e suas possibilidades, pois a educação é essencialmente um apontar de
possibilidades, de relações, de distinções e de humanidade. Também é abrir, é erguer, é
questionar, é duvidar e ensinar a duvidar. É viver em constantes aprendências devido à
importância de que tudo que se aprende ganha significados singulares para cada um.
Por fim, na educação, o essencial não é o assunto ou o conteúdo, mas a
perspectiva, o modo e a relação que se envolve e se deixa envolver na escolha das
infinitas possibilidades de educar e educar-nos. A arte de educar consiste nas
possibilidades de viver e aprender a aprender constantemente com as diversidades de
cada um, que por si só podem ajudar a melhorar a qualidade de vida dos seres humanos
durante o tempo que buscam diferentes experiências de aprendizagem.
6- Abordagem tradicional da educação.
A educação é um processo amplo para alguns autores, mas na maioria das vezes,
é entendida como instrução, caracterizada como transmissão de conhecimentos e restrita
a ação da escola. No processo da educação, durante o período em que o aluno freqüenta
a escola, ele se confronta com modelos que lhe são oferecidas e poderão ser úteis no
decorrer de sua vida durante e pós-escola. Essa posição é defendida, por exemplo, por
Diirkheim.
Para muitos autores inclusive Snyders, o modelo não é considerado como o
contrário da originalidade, da individualidade, próprias de cada criança, mas condição
indispensável para que ela desabroche. De toda forma, porém, é a proposição e a defesa
de um tipo de educação baseada em decisões verticais. Alain (1978), por exemplo,
defende uma “aristocracia de espírito”. Às vezes, coloca-se que para que o aluno possa
chegar, e em condições favoráveis a uma confrontação com o modelo, é indispensável
uma intervenção do professor, uma orientação do mestre.
A abordagem tradicional é caracterizada pela concepção de educação como
produto, já que os modelos a serem alcançados estão pré-estabelecidos, daí a ausência
de ênfase no processo. Trata-se, pois, da transmissão de idéias selecionadas e
organizadas. Este tipo de concepção de educação é encontrado em vários momentos da
historia, permanecendo atualmente sob diferentes formas, como por exemplo, nas escolas
e nas próprias famílias.
7- A Educação Familiar
Pais afirmam que somente cuidar de filhos não é mais suficiente para garanti-lhes
um bom futuro. Educar é muito diferente de criar.
Vários adolescentes estão bem criados: simpáticos, fortes, saudáveis e bonitos,
entretanto, não educados. Mãe e pai querem que seu filho seja feliz. São, porém, poucas
as crianças que se sentem plenamente felizes. Porque ninguém pode dar felicidade a
outras pessoas, nem os pais aos próprios filhos. O que os pais conseguem é dar alegria,
prazer, sociedade, condições básicas de saúde, educação, ajudar na construção da auto-
estima... Mas, são os filhos que devem aprender a ser felizes.
Educar os filhos é ensinar como possibilitar, desde o nascimento que eles sejam
pessoas responsáveis por sua felicidade e conscientes de sua responsabilidade social,
dando-lhes autonomia de modo que tenham condições de viverem sozinhos, sem se
desmanchar cada vez que precisam sair do mundo criado pelos pais. Educação familiar é
acreditar na possibilidade de sempre melhorar o que já foi feito, corrigir os erros passados
e transformar sonhos em projetos com estratégias educativas.
7.1 - A educação do Amor
Para que a criança se sinta amada incondicionalmente, é necessário acima de tudo,
que seja respeitada. Respeitar os filhos significa:
7.1.1– Dar espaço para que tenha os seus próprios sentimentos, sem por isso
ser julgados, ajudando a expressá-los de maneira socialmente aceitável.
7.1.2– Aceitá-los como são, mesmo que não correspondam às expectativas dos
pais. Precisam ter os próprios sonhos, pois não nasceram para realizar os sonhos dos
pais.
7.1.3– Não os julgar por suas atitudes. Crianças erram muitos, pois é assim que
aprendem. Mães e pais podem julgar as atitudes, mas não as crianças.
O principio educativo é que os filhos sejam pessoas felizes, e não simplesmente
alegres. O prazer do “sim” é muito mais verdadeiro e construtivo quando existe o “não”.
7.2- Auxílio de Terceiros na Educação
A educação com vistas à formação do caráter, da auto-estima e da personalidade
dos pais, porém também inclui o auxílio de terceiros, como por exemplo, a escola e os
avós.
A escola percebe facilidades, dificuldades e outras facetas na criança que em casa
não eram observadas, muito menos avaliadas. A partir daí, ela poderá passar as
informações sobre essa criança, permitindo aos pais ações pertinentes. Já os avós, atuam
na educação do sim. Eles discordam e sempre desautorizam os pais, muitas vezes
prejudicando na educação das crianças, proporcionando-lhes uma liberdade exagerada.
8- Educando crianças
Nessa geração é muito comum colocar os filhos cedo na escola, em muitas delas a
criança se vê obrigada a aprender matérias que não lhe despertam nenhum interesse e se
tornam um peso nas suas costas, por que seus pais desejam que elas aprendam e se
tornem estudantes dedicadas; nem sempre conseguem estabelecer relação entre as
matérias estudadas e sua prática cotidiana.
Infelizmente as instituições de ensino muitas vezes assemelham-se a verdadeiras
prisões e restringem da criança o direito de brincar, de descobrir, de se expressar e amar
o estudo, pois este vem desenformado, pronto para ser encaixado nas suas cabeças. O
ensino das matérias deveria fazer parte da vida como algo a ser acrescentado no
processo de formação e não como um fim em si mesmo, antes o ensino deveria ser mais
voltado para o desenvolvimento emocional e psíquico da criança tornando-a uma pessoa
adulta muito mais apta para lidar com as questões que permeiam o universo, e o diploma
viria como fruto da sua consciência social.
Aquele que é livre para decidir sobre o que e como vai aprender sente muito mais
prazer na escolha de sua carreira profissional. A criança livre desenvolve melhor sua
capacidade criadora, e é capaz de interagir com o meio para promover o seu crescimento.
Quem é feliz e autoconfiante sente-se mais apto a amar e respeitar os direitos humanos.
Nós temos produzido, em grande parte, uma geração de robôs, capazes somente de
repassar o que foi aprendido e dar margem ao continuísmo e ao conformismo social, onde
o status e o dinheiro são objetivos finais.
Neste capítulo segue exemplos de educações distintas, mas excepcionalmente
interessantes. Uma parte de uma tradição cultural e peculiar a um povo, a outra, de
alguém que decidiu revolucionar ao educar.
8.1- O exemplo de Summerhill.
Summerhill é uma escola moderna, fundada em 1921 na aldeia de Leiston em
Suffolk, Inglaterra. Seu fundador chama-se A.S. Neill, um revolucionário professor que
decidiu desafiar os pilares da tradicional prática educativa.
Em Summerhill as crianças são livres para fazerem o que quiserem até que
decidam quando, como e o que desejam estudar. Para muitos isso pode representar uma
loucura, permitir que seus filhos escolham a época em que vão aprender a ler, escrever e
a fazer cálculos matemáticos uma vez que num mundo em crescente globalização,
acelerado fluxo de informações, exigem pessoas cada vez mais capacitadas em seus
currículos pedagógicos e onde a lei do mais forte é que sempre vence. Para Summerhill
tudo isso é o que menos importa. Seu principal objetivo é formar pessoas felizes fazendo o
que gostam, aprendendo as matérias segundo seus níveis de interesse e graus de
aptidão, sem regras, sem imposições ou juízos de valor.
A educação da criança se dá progressivamente de acordo com suas capacidades
psíquicas tornado-as livres e sem medo, afinal, o medo gera pessoas inseguras, infelizes
e desgovernadas, incapazes de amar a si próprias e aos outros. Segundo Summehill esta
é uma prática que vem dando certo, lá as crianças entram a partir dos cinco anos e
permanecem até mais ou menos dezesseis; assistem às aulas se quiserem, contudo ainda
aprendem, pois aos poucos se sentem instigadas pela curiosidade a aprender e conhecer
pela própria consciência. Para elas, faltar às aulas chega a ser até mesmo um castigo
muito severo.
Nem todos saem de lá prontos para enfrentarem os exames universitários, mas em
geral saem mais humanos, certos da carreira que livremente escolheram viver: aquela que
certamente lhes dará mais prazer e isso é para os jovens aprendentes de Summerhill o
que mais importa, ainda que esta carreira não exija um diploma universitário ou não lhes
proporcionem uma posição reconhecida na sociedade. Ao preparar-se durante toda a
infância para vida, buscam melhor compreender do ser humano e do sentido de sua
existência e se durante essa preparação serão incluídas matérias como física, química ou
matemática, entre outras, eles são quem decidem. Para Summerhill a criança deve
aprender o que deseja aprender e o que lhe será realmente útil para suas escolhas
futuras. Esta é uma posição ousada e desafiadora, tanto para a escola que a defende
quanto para os pais que nela acreditam.
No livro: A liberdade sem medo; A.S Neill diz: “o ensino, em si mesmo, não é tão
importante quanto a personalidade e o caráter” (1976 p.26). Ao contrário do que se prega
atualmente em diversas conferências voltadas para o tema da educação, nos milhares de
livros escritos com esse tema, o que se vê é a repressão dos sentimentos das crianças, e
o descrédito as suas discordâncias em sala de aula muitas vezes seguida de punições, as
quais geram medo e desconforto diante da autoridade do professor; crianças assim
geralmente se tornam tímidas, pouco criativas em suas próprias vidas, buscando o
sucesso financeiro mais do que a felicidade no que fazem e mais tarde podem até mesmo
reproduzir em seus filhos frustração e hostilidade. É válido dizer que muitas dessas
crianças podem dar a volta por cima, como diz Paulo Freire em seu livro Pedagogia da
autonomia e até mesmo algumas por se envolverem com o processo educativo tentam
repaginá-lo a muito custo sem, contudo alcançar efervescentes e permanentes resultados
nesse âmbito.
O fato é que a educação pela qual as pessoas acostumaram-se a receber não as
preparou de fato para evitar as guerras, acabar com a fome e a miséria, nem tampouco
puderam evitar que doenças como câncer e a Aids se proliferassem.
A educação tão esperada como cura para os problemas da condição humana, que
lhes traga sentido e resignificação precisa ser redescoberta não simplesmente por uns
poucos revolucionários, mas por todos que esperam um futuro melhor para a humanidade.
8.2- Aprendendo com o índio.
A educação da criança indígena se dá de maneira diferente das formas conhecidas
que comumente são aplicadas na sociedade atual e está voltada para a formação do
caráter e da personalidade do aprendente . Ao contrário de alguns rígidos métodos
pedagógicos, são utilizadas práticas vivenciais cotidianas e de suma importância ao seu
desenvolvimento; enquanto pequenas não lhe são impostas regras ou obrigações, como
freqüentar escolas ou realizar atividades, antes brincam com liberdade e são respeitadas
pelos adultos, os quais valorizam seus sonhos e suas mais variadas formas de expressão,
seus pais as acompanham de maneira muito especial, dispensando-lhes todo cuidado que
lhe é possível e investem seu tempo até mesmo para brincar com elas, por isso ao se
sentirem amadas e livres, são bastante obedientes e geralmente não tem necessidade de
serem chamadas à atenção.
À medida que vão crescendo vão ganhando pequenas responsabilidades, e quando
de fato alcançam a puberdade são ensinadas sobre as coisas da vida como o casamento,
aprender a pescar, caçar, plantar, fazer trabalhos manuais, conhecer a mata, os animais,
etc.
Para a sociedade indígena, o termo educar tem haver com a capacidade que a
criança tem de sonhar e projetar seus sonhos de acordo com suas vivências, quando
crescem ao passarem pelos rituais de iniciação de cada fase da vida, mantêm bem vivas
dentro de si suas tradições culturais e religiosas; tornam-se corajosas, autoconfiantes,
capazes de defender a tribo e enfrentar dificuldades.
No livro “O que é educação?” 33 ed. O autor Carlos Rodrigues Brandão conta à
história de que há muitos anos nos Estados Unidos, os americanos da Virgínia e Maryland
assinaram um tratado de paz com os Índios das Seis Nações, logo depois enviaram cartas
aos índios para que enviassem alguns de seus jovens para estudarem nas escolas dos
brancos. Os chefes recusaram, afirmando que tinham concepções diferentes sobre
educação, que alguns já haviam feito tal procedimento e ao voltarem eram incapazes de
lidar com a vida na floresta, eram medrosos e falavam muito mal a língua materna, enfim,
eram totalmente inúteis e por isso sugeriram o contrário, que eles, os americanos
enviassem alguns dos seus jovens, para que se fizessem deles homens.
Como se pode ver, sociedades diferentes encaram de forma distintas a prática
educativa na formação dos seus indivíduos, os ocidentais geralmente preocupam-se com
os conteúdos e seu acúmulo, com fins de se alcançar um diploma ao final de sua vida
estudantil, e em alguns casos tornam-se insensíveis e imaturos, incapazes de lidar com as
dificuldades que a vida lhes apresenta, para outros povos em sua maioria primitivos
compreendem que educação tem de ser para a vida em sociedade e educam-se no
sentido original da palavra, ou seja, de dentro para fora.
9- O reencantar da educação
A ênfase no aumento quantitativo na educação ainda sobrevive, mas está se
deslocando para o qualitativo, pois se passa a chamar de nova estratégia educacional. No
fundo, sabemos que as coisas não funcionam assim, mas isso pode servir de pretexto
para muitas desculpas. Não podendo esquecer que não está em jogo apenas o direito das
pessoas à educação como também, a auto-estima e a alegria de viver dos docentes.
A qualidade na educação deve ser localizada nas experiências de prazer de estar
conhecendo, ou seja, deve ser vista nas experiências de aprendizagem que são vividas
como algo que faz sentido. Existem muitas instituições educacionais onde há muita gente
estagnada no processo corporativo. E esta situação necessita de um esforço para
reencantar a educação, porque assim aumenta-se a autovalorização pessoal dos
professores, a auto-estima de cada pessoa envolvida e também reafirma que a
compreensão de que a vida se constitui mediante processos de aprendizagem.
“A arte suprema do mestre consiste em despertar o gozo da expressão criativa e do
conhecimento” (Albert Eistein). Duas coisas devem andar juntas em nossa maneira de
entender a educação: a melhoria pedagógica e o compromisso social, pois não faz sentido
esperar a melhoria da qualidade da educação como resultado de que quaisquer mudanças
nas condições escolares, se não observar as reais necessidades e também avaliar os
próprios conceitos de ensino e aprendizagem. Isso é preciso para dar um passo além da
visão que identifica a pedagogia como ensino nas suas formas didáticas e na renovação e
atualização constante de conteúdos. Não basta detectar e enfrentar as deficiências
didáticas. É preciso também ponderar que não se trata apenas de um passo e sim de um
novo jeito de observar tudo de um modo diferente. Pois vale a pena analisar a relação
entre os contextos/ processos vitais/processos de aprendizagem.
Um caminho viável é a geração de experiências de aprendizagem, criatividade para
construir conhecimento e habilidades para saber acessar fontes de informações sobre os
mais variados assuntos. “Qual deve ser o produto da educação?” (Hugo Assmann).
Afirma-se que deve ser a compreensão e assimilação das matérias passadas em aula.
Isso é uma preocupação básica dos docentes a ponto de se fazer uma inflexão. Ponderar
e dizer aquilo que a educação precisa gerar deve merecer o nome de experiência de
aprendizagem e não apenas aquisição de conhecimentos prontos.
Educar não é apenar ensinar, mas criar situações de aprendências, nas quais todos
os aprendentes possam detectar, mediante sua própria experiência do conhecimento para
a sua dignidade de sujeito do seu futuro. A escola não deve ser concebida como simples
agência repassadora de conhecimentos prontos, mas como contexto e clima
organizacional propício a inicialização em vivências personalizadas do aprender a
aprender. A flexibilidade é um aspecto cada vez mais imprescindível para o reencantar
educativo.
No mundo atual é tamanha a quantidade de conhecimento em constante mutação e
isso dificulta o papel da escola como agência de repasse de saberes necessários para
toda a vida. As palavras conhecimento e aprender voltaram a exercer um fascínio mágico,
pois o termo conhecimento remete a importância crescente do conhecimento enquanto
fator produtivo e elemento básico na redefinição do conceito de trabalho. Sendo que, a
exclusão e inclusão na sociedade atual passaram a depender, como jamais acontecera,
da persistência em aprender a aprender levando a pensar que a vida só consegue ser e
continuar sendo vida na medida em que a aprendizagem é adaptativa.
É preciso entender que os processos vitais e os processos cognitivos se tornaram
praticamente sinônimos tanto para a biociência como para a informática. Todavia, onde
não se propiciam processos vitais não se favorecem processos de conhecimento. Ainda
que a educação implica em doses fortes de instrução, entendimento e manejo de regras e
reconhecimento de saberes já acumulados pela humanidade. Embora seja importante
essa instrução, não é o aspecto fundamental da educação, já que esta reside nas
vivências personalizadas de aprendizagem que obedecem à coincidência básica entre
processos vitais e processos cognitivos.
A longa evolução da espécie humana habilitou-nos para funcionarmos
razoavelmente bem como animais instrucionais. Na verdade, os humanos têm uma
incrível capacidade para criar, entender, observar e manipular regras. Além de possuir um
cérebro/mente com uma plasticidade fantástica. Entretanto, esse potencial humano é
utilizado apenas em níveis muito baixos e elementares pelos sistemas baseados em
regras fixas. E forçar o ser humano ao puro enquadramento em lógicas rígidas significa
desqualificar esse potencial deixando notável a necessidade das experiências de
aprendizagem.
A busca por reencantar a educação possui aspectos instrucionais que devem estar
em função da emergência do aprender, da personalização do conhecimento. É valido
substituir as certezas e os saberes pré-fixados por um melhoramento das questões e
acessos a informações, ou seja, trabalhar com conceitos transversáteis abertos para
surpresas e imprevistos. Justificando que o conhecimento só emerge em sua dimensão
vitalizadora quando possui algum tipo de ligação com o prazer. É importante que os
aprendentes criem o seu fio de pensamentos próprios mesmo durante a aula. Porém, o fio
de pensamento do ensinante muitas vezes não coincide com o fio imaginário e do
pensamento próprio dos aprendentes. O ideal é tecer redes com todos os fios de
ensinantes e aprendentes e fazer uma pesca abundante de conhecimento.
O reencantamento da educação requer união entre a sensibilidade social e
eficiência pedagógica. Pois a educação vem preparar o alunado para a flexibilidade
máxima, sendo que educar é muito mais do que instruir.
Conclusão
Concluímos que conseguiremos melhorar o sentido do educar com a
conscientização de pais, alunos, professores e comunidade em geral, aprendendo a viver
e conviver com a diversidade, na perspectiva do exercício da cidadania, desenvolvendo a
motivação e a auto-estima para o planejamento de vida e realização profissional. Alguns
temas que são requeridos pela sociedade deve trabalhar a valorização do ser humano
como um todo e sua inserção na sociedade de forma dinâmica e prazerosa.
Existem extraordinárias experiências educacionais, entrando em fase de plenitude e
maturidade, apesar da preocupação de não se oferecer mais educação, mas de pior
qualidade. A expansão do ensino superior faz-se buscando os mais altos padrões, mas
ainda de forma lenta e progressiva, para a transformação da educação como o setor
central da sociedade. Mudam-se os tempos, mudam-se as pessoas, mudam-se as
políticas, mas o paradigma mantém-se constante, as turmas, aulas, lições, tempos, planos
e currículos.
Estamos no século XXI, crescentes avanços tecnológicos, maiores possibilidades
de acesso a computadores e informações, ainda assim, a escola mantém-se limitada às
políticas, aos governos e padrões pré-estabelecidos. Mesmo assim deve-se sustentar viva
a chama da esperança, a esse aparente pessimismo, pois existem profissionais
empenhados em ressaltar a educação de forma inovadora. Estes são os docentes não-
acomodados que continuam a sua luta lenta, contudo gradual, que elevará a educação ao
seu ponto mais alto, o de tornar cada ser um cidadão.
Os educadores, com a firmeza e dedicação no trabalho, rigor na formação e apoio
da escola, farão do amanhã um mundo cada vez melhor para todos. Essa é a grande
tarefa que temos, cujo resultado não está em nossas mãos possuir, pois, devemos
reconhecer que somos feitos de inquietude e que em nosso coração pesa um desejo
infinito de afirmar a liberdade e dignidade de nossa vida. intensificar esse desejo é uma
missão difícil, todavia necessária para que se reconheça em todas as circunstâncias os
fatores originais e satisfação plena do homem. Não se pode exigir dos alunos aquilo que
nem sempre se tem a capacidade de exigir de nós mesmos, porque esquecemos que a
mente inteligente aprende a esquecer aquilo que aprendeu; ela guarda a vivência, a
essência, a experiência.
O papel do educador, enquanto facilitador e mediador das relações que o aprendiz
estabelece, está no criar situações para que os alunos consolidem essas trocas, servindo-
se da competência intelectual responsável; de um conhecimento fluido, instável e
renovador; do despertar para a criticidade, a partilha e para a capacidade de ouvir, de
aprender a tolerar, de compromisso com a simplicidade voluntária e com a paz e o resgate
dos valores humanizadores, éticos e morais.
O sentido do educar, portanto, não é só aquele colocado nos livros, mas sim o que
fica guardado para sempre, que são as trocas e as relações que estabelecemos entre as
coisas, os fenômenos e as pessoas. Somente com esse olhar para o que é novo, com
sensibilidade e prazer, a educação terá sentido, e chegaremos aos grandes mananciais da
aprendizagem.
REFERÊNCIAS
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humana.
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PORTAL EDUCACIONAL, C. Educacional – Internet na educação. Educação –
articulistas – LARA, Willian – texto: A educação como arte. São Paulo, 2006. Disponível
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