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O REGIME JURÍDICO DAS TAXAS DIREITO TRIBUTÁRIO Paulo Honório de Castro Júnior Especialista em Direito Tributário BLOCO III

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  • O REGIME JURÍDICO DAS TAXAS

    D I R E I T O T R I B U T Á R I O

    Paulo Honório de Castro JúniorEspecialista em Direito Tributário

    BLOCO III

  • Graduado em Direito pela UniversidadeFederal de Minas Gerais – UFMG.

    Pós-Graduado pelo Instituto Brasileiro deEstudos Tributários – IBET.

    Presidente do Instituto Mineiro de DireitoTributário – IMDT.

    Coordenador da Pós-GraduaçãoCEDIN/IBDM em Direito da Mineração eprofessor à frente do módulo DireitoTributário Aplicado à Mineração.

    CURRÍCULO RESUMIDO

  • Conceito de tributo (CTN)

    Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniáriacompulsória, em moeda ou cujo valor nela sepossa exprimir, que não constitua sanção de atoilícito, instituída em lei e cobrada medianteatividade administrativa plenamente vinculada.

    Art. 4º A natureza jurídica específica do tributo édeterminada pelo fato gerador da respectivaobrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la:I - a denominação e demais característicasformais adotadas pela lei;II - a destinação legal do produto da suaarrecadação.

    “O tratar-se de prestação pecuniária compulsóriainstituída por lei não faz necessariamente umtributo” (RE 228.800/DF, Min. SepúlvedaPertence)

    TAXAS Vs. PREÇOS PÚBLICOS OU TARIFAS

    Doutrina 1: serviços públicos só podem ser remunerados por taxas

    (Geraldo Ataliba)

    Doutrina 2: serviços que trazem comodidades ao administrado (desnecessários) podem ser

    remunerados por preço (Sacha Calmon)

    Doutrina 3: quando houver escolha, logo contrato (mesmo

    aderido), haverá preço público; do contrário, taxa (Renato Becho)

  • Serviços prestados em regime de atividadeeconômica

    Art. 173. Ressalvados os casos previstos nestaConstituição, a exploração direta de atividadeeconômica pelo Estado só será permitidaquando necessária aos imperativos da segurançanacional ou a relevante interesse coletivo,conforme definidos em lei.

    § 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico daempresa pública, da sociedade de economiamista e de suas subsidiárias que explorematividade econômica de produção oucomercialização de bens ou de prestação deserviços (...)

    II - a sujeição ao regime jurídico próprio dasempresas privadas, inclusive quanto aosdireitos e obrigações civis, comerciais,trabalhistas e tributários;

    Serviços públicos

    Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma dalei, diretamente ou sob regime de concessãoou permissão, sempre através de licitação, aprestação de serviços públicos.

    Parágrafo único. A lei disporá sobre:

    I - o regime das empresas concessionárias epermissionárias de serviços públicos, ocaráter especial de seu contrato e de suaprorrogação, bem como as condições decaducidade, fiscalização e rescisão da concessãoou permissão;

    II - os direitos dos usuários;

    III - política tarifária;

    A CONSTITUIÇÃO (SERVIÇOS PÚBLICOS)

  • A CONSTITUIÇÃO (SERVIÇOS PÚBLICOS)

    Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado àUnião, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

    VI - instituir impostos sobre:a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;

    § 2º - A vedação do inciso VI, "a", é extensiva às autarquias e às fundaçõesinstituídas e mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda eaos serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes.

    § 3º - As vedações do inciso VI, "a", e do parágrafo anterior não se aplicam aopatrimônio, à renda e aos serviços, relacionados com exploração de atividadeseconômicas regidas pelas normas aplicáveis a empreendimentos privados, ouem que haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário,nem exonera o promitente comprador da obrigação de pagar imposto relativamenteao bem imóvel.

    Imunidade recíproca

  • REGIME JURÍDICO DOS PREÇOS PÚBLICOS

    ARTIGO 543-C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. CRÉDITO NÃO-TRIBUTÁRIO. FORNECIMENTO DE SERVIÇO DE ÁGUA E ESGOTO.TARIFA/PREÇO PÚBLICO. PRAZO PRESCRICIONAL. CÓDIGO CIVIL.APLICAÇÃO. (...)1. A natureza jurídica da remuneração dos serviços de água e esgoto, prestados porconcessionária de serviço público, é de tarifa ou preço público, consubstanciando,assim, contraprestação de caráter não-tributário, razão pela qual não se subsume aoregime jurídico tributário estabelecido para as taxas (...)3. Os créditos oriundos do inadimplemento de tarifa ou preço público integram aDívida Ativa não tributária (...)4. Consequentemente, o prazo prescricional da execução fiscal em que se pretende acobrança de tarifa por prestação de serviços de água e esgoto rege-se pelodisposto no Código Civil, revelando-se inaplicável o Decreto 20.910/32 (...)

    (REsp 1117903/RS, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em09/12/2009, DJe 01/02/2010)

  • A JURISPRUDÊNCIA DO STF – MIN. MOREIRA ALVES

    Para a jurisprudência do STF, formada antes da CR/88, capitaneada pelas posiçõesdo Ministro Moreira Alves expostas no X Simpósio Nacional de Direito Tributário,versando sobre o tema: “Taxa e Preço Público”, realizado em São Paulo, em19/10/1985, os serviços públicos poderiam ser classificados em:

    Serviços públicos propriamente estatais

    Serviços públicos essenciais ao interesse público

    Serviços públicos não essenciais e, em regra, delegáveis

    Taxas

  • A JURISPRUDÊNCIA DO STF – A SÚMULA 545, de 1969

    “Preços de serviços públicos e taxas não se confundem, porque estas, diferentementedaqueles, são compulsórias e têm sua cobrança condicionada à prévia autorizaçãoorçamentária, em relação à lei que as instituiu.”

    “6. Segundo a jurisprudência firmada nessa Corte, o elemento nuclear paraidentificar e distinguir taxa e preço público é o da compulsoriedade, presentena primeira e ausente na segunda espécie, como faz certo, aliás, a Súmula 545:“(...)". Esse foi o critério para determinar, por exemplo, que o fornecimento de água éserviço remunerado por preço público (...). Em suma, no atual estágio normativoconstitucional, o pedágio cobrado pela efetiva utilização de rodovias não tem naturezatributária, mas sim de preço público, não estando, consequentemente, sujeita aoprincípio da legalidade estrita.”[ADI 800, rel. min.Teori Zavascki, P, j. 11-6-2014, DJE 125 de 1º-7-2014]

  • A JURISPRUDÊNCIA DO STJ – RECURSO REPETITIVO

    SERVIÇO DE TELEFONIA. DEMANDA ENTRE CONCESSIONÁRIA E USUÁRIO (...)

    4. A relação jurídica existente entre a Concessionária e o usuário não possui naturezatributária, porquanto o concessionário, por força da Constituição federal e dalegislação aplicável à espécie, não ostenta o poder de impor exações, por isso que opreço que cobra, como longa manu do Estado, categoriza-se como tarifa.

    5. A tarifa, como instrumento de remuneração do concessionário de serviço público,é exigida diretamente dos usuários e, consoante cediço, não ostenta naturezatributária (...)

    (REsp 976.836/RS, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 25/08/2010,DJe 05/10/2010)

  • A JURISPRUDÊNCIA DO TJMG

    (...) MUNICÍPIO DE SÃO JOÃO DEL REI (...) COBRANÇA PELO SERVIÇO DE LIMPEZA,MANUTENÇÃO E CONSERVAÇÃO DE TERMINAL RODOVIÁRIO ENTREGUE ÀADMINISTRAÇÃO DE PARTICULAR - NATUREZA JURÍDICA NÃO TRIBUTÁRIA.

    A cobrança pelo serviço de limpeza, manutenção e conservação do TerminalRodoviário de São João Del Rei não tem natureza tributária, mascivil/obrigacional/administrativa, pois não há serviço público prestado, efetivamenteou posto à disposição, ou poder de polícia exercido pelo Município.

    O simples fato de o Decreto Municipal nº 4.214/2009 nominar a cobrança como"taxa", por si só, não cria um tributo; não transforma ou altera a natureza jurídica dacobrança em fiscal, nos termos do art. 4º, I, do CTN.

    (TJMG - Arg Inconstitucionalidade 1.0625.14.001151-5/002, Relator(a): Des.(a)Geraldo Augusto, ÓRGÃO ESPECIAL, julgamento em 06/05/2016, publicação dasúmula em 20/05/2016)

  • A JURISPRUDÊNCIA DO TJMG

    Entendimento repetido em 2018, para a denominada Taxa de Utilização da Plataforma,devida por empresas usuárias do terminal rodoviário do Município de Campo Belo:

    “Em suma, é possível constatar que o disposto no Decreto nº 1.835/2003, refere-se aserviço público prestado por concessionaria, devidamente contratada pelo PoderPúblico de Campo Belo (fls. 26/45), razão pela qual a tarifa ali instituída nãoconstitui tributo (taxa) e sim de preço público.

    Ressalte-se que a "Taxa de Uso da Plataforma" trata-se de serviço de embarque edesembarque, nas plataformas do terminal rodoviário, a cargo da concessionária, cujocusto é dividido entre as empresas condôminas, segundo definido pelo RegimentoInterno do Terminal Rodoviário - artigo 57, 'h', do Decreto nº 1.464/2000.”

    (TJMG - Arg Inconstitucionalidade 1.0112.05.051621-3/003, Relator(a): Des.(a)Antônio Carlos Cruvinel, ÓRGÃO ESPECIAL, julgamento em 09/05/2018, publicaçãoda súmula em 25/05/2018)

  • Conclusões sobre a jurisprudência atual do TJMG

    “Não há, portanto, cobrança compulsória, independente da utilização ou pelasimples disponibilização. Somente aqueles que efetivamente se utilizarem dosserviços (utilização do terminal por meio de aquisição de passagens) pagarão areferida tarifa.”

    (TJMG - Arg Inconstitucionalidade 1.0112.05.051621-3/003, Relator(a): Des.(a)Antônio Carlos Cruvinel, ÓRGÃO ESPECIAL, julgamento em 09/05/2018)

    Privilegia-se a Súmula 545/STF e a Doutrina 3 (origem da obrigação)

  • Conclusões gerais

    • A Constituição de 1988 jogou por terra a Doutrina 1, quando elenca, no art. 175, apossibilidade de delegação de serviços públicos propriamente ditos.

    • Apesar da dificuldade do tema, verifica-se a prevalência do critério dacompulsoriedade, enquanto origem da obrigação, a ser verificado no caso concreto.

    • A Doutrina 2 não é a mais adequada, pela subjetividade do critério dadesnecessidade do serviço público para a coletividade.

    • Deve prevalecer, portanto – e tem prevalecido –, a Doutrina 3:

    Doutrina 3: quando houver escolha, logo contrato (mesmo

    aderido), haverá preço público; do contrário, taxa (Renato Becho)

    “Em síntese, onde não cabe contrato, o serviço público étaxado, pois não há liberdade nem mesmo de adesão.Quando houver possibilidade de escolha por parte doadministrado, aderindo a contrato (ainda que de adesão oucontrato verbal, como no transporte coletivo urbano),estaremos diante de preço público.” (Renato Becho)

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