tributo a solitude
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Uma edição sensível que conta um pouco da experiência de ser só.TRANSCRIPT
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FOTOS: mEl COSTA
Começo
E lá fui eu, com uma mochila nas costas, uma mala pesada nas mãos, dois cadernos, duas câmeras e muita ansiedade: após alguns anos, minha primeira viagem só. Aqui você confere um pouco dessa minha aventura que tem como produto este tributo a solitude. Ser sozinho é algo natural e é a única maneira de ser você. Aprendi muito ficando um tempo em contato comigo mesma e por meio de fotos, anedotas e alguns textos, pretendo trazer a tona toda essa experiência magnífica que é estar em paz com seu “eu interior”.Tudo aqui foi feito por mim. Fotos, textos, arte. Somente assim conseguiria ter a experiência de ser só.
tributo a solitude
Destino
O destino, um tanto inesperado, pelo menos para mim: Buenos Aires
e El Calafate. O primeiro cenário é de uma cidade louca, cheia de
atrações, fios de eletricidade, moradores de rua, multidões, placas
indicando direção, arquitetura, prédios, cafés, cerveja, muito dinheiro,
pouco dinheiro, sol, calor, cansaço, asfalto. Já o cenário de número
dois exerce o contraponto: tranquilidade e azul. Poucas pessoas, cidade
quieta, fria e calma, aconchegante. Cheiro de pão doce nas esquinas,
chocolate quente, brisa gelada, cachorros passeando pelas ruas, aquele
eufemismo que dá gosto de ver e sentir... Quase podemos tocar a paz.
Solitude
“A linguAgEm CriOu A PAlAvrA SOlidãO PArA ExPrESSAr A dor dE ESTAr SOzinhO. E CriOu A PAlAvrA SOliTudE PArA ExPrESSAr A glória dE ESTAr SOzinhO”(TilliCh)
Anedotas
sozinhoestar
é uma oportunidade de silêncio de liberdadede ser
quando se está só, a capacidade de adaptação se torna mais rápida e natural
e a observação fica mais aguçada, uma vez que você tem tempo para se sentar e olhar
mas não quero que confunda solitude com isolamento.Já dizia Balzac, que a solitude é ótima quando se tem alguém para contar que ela é ótima.
Estar sozinho é se demorar nos detalhes, nas curvas, no mínimo.Tudo no seu tempo. Para mim, isto é incrível.
Fui tentar caminhar sob uma geleira. Sim, uma geleira, um iceberg, um glaciar. Enorme, lindo, azul e inofensivo. mas não para mim, que nasci com uma deficiência nas pernas que me fazem andar mais devagar e diferente. E mesmo com esse probleminha eu acordei bem cedo, coloquei todas minhas roupas de frio e fui para a tal aventura. logo que cheguei senti dificuldades ao andar
sobre rochas. uma guia, percebendo o meu andar, me perguntou o que eu tinha nas pernas e eu expliquei resumidamente e assumi o risco de continuar. uma pedra, um escorregãozinho, uma olhadela para confirmar se ninguém tinha notado o deslize... Beleza, continuei. Comecei a falar palavras de incentivo para mim mesma em voz alta e elas começaram a fazer efeito. Coloquei os grampones (acessório fixado aos pés para andar
no gelo) e tentei me adaptar a eles. um passinho para cá, outro acolá: é complicado mas passa. Começamos a aventura propriamente dita e meus primeiros passos no gelo foram ótimos, equilíbrio perfeito. mas a primeira subida surgiu: e para mim, foi dificílimo. A guia, que havia perguntado antes sobre minha perna me ajudou e advertiu que o caminho a frente era pior. Falei que iria tentar, mas a segunda subida surgiu e foi mais complicado ainda. novamente a guia me
falou que não seria bom se eu continuasse. dessa vez, cedi. Percebi que os limites existem sim. Peguei a mão da moça e voltei toda a trilha percorrida. Admiti que não iria conseguir e encarei a derrota. desta vez não fiquei com vergonha e nem chorei por ter falhado, acho que finalmente compreendi minhas limitações. Elas não me impedem de tentar, mas limitam. O negócio não é saber o seu limite ou
até onde você pode chegar e sim, aceitar quando não puder mais seguir em frente. meu grande aprendizado e o que quero passar para você que me leu até aqui é: se não puder ir além, volte de cabeça erguida e aproveite o caminho, cada adversidade atrai novas experiências. Eu, por exemplo, como não consegui realizar a trilha,
me sentei confortavelmente e assisti as paredes de gelo lentamente deslizando para o lago, fiz um novo amigo, comi frutinhas das árvores ao redor e escrevi esse texto. viu como uma derrota pode se transformar em momentos incríveis? É só estar disponível para curtir.
sozinhoestar
é estar em paz(e saber que isso não é necessariamente estar feliz)
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