tributo a ademar macedo

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Page 1: Tributo a Ademar Macedo
Page 2: Tributo a Ademar Macedo

10 setembro 1951 – 15 janeiro 2013

Este livreto é uma homenagem a este grande poeta que fazia de sua vida uma poesia. O sangue que corria em seu corpo eram versos que se uniam para mostrar a beleza e grandeza de um universo de sonhos e de amor.Fique com Deus, meu irmão.

José Feldman

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Ademar Macedo: Um Universo de Versos Diversos 201333

De todos os sonhos meus,realizei o mais fecundo:ser um Poeta de Deus

e mandar versos pra o mundo!Ademar Macedo/ RN

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Ademar Macedo: Um Universo de Versos Diversos 201344

ÍNDICE

Algumas palavras..................................................................................2Trova de Ademar...................................................................................3Entrevista com Ademar.........................................................................6Setilha.................................................................................................19O Vírus da Poesia................................................................................20Cicatrizes............................................................................................22Trovas.................................................................................................23VERSOS DIVERSOSA minha cirurgia.................................................................................86Um verdadeiro campeão......................................................................89O meu eu criança................................................................................90Primavera............................................................................................91Madrugada..........................................................................................92Poesia para o ano novo........................................................................93Dalva, estrela mulher..........................................................................94Paisagens do meu sertão... .................................................................95Paisagens do meu sertão!....................................................................96Se tiver que chorar... .........................................................................97Um rosário de saudade........................................................................98Ninguém mata o nosso amor...............................................................99Paixão ardente...................................................................................100O sertão é um poema... ....................................................................101Sarau do canto do mangue................................................................102

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Ademar Macedo: Um Universo de Versos Diversos 201355

Falando de sertão... .........................................................................103Três setilhas......................................................................................105Homenagem ao dia do médico...........................................................106Uma setilha.......................................................................................107Uma pororoca de versos....................................................................108Sou mutilado... ................................................................................109Pesado é pedir perdão........................................................................110O verso..............................................................................................111Décima (perdão na eternidade)..........................................................112Décima (sertão)..................................................................................113Décima (poeta nordestino).................................................................114Décima..............................................................................................115Divagações em cordel........................................................................116Fontes...............................................................................................125Décima..............................................................................................126

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Ademar Macedo: Um Universo de Versos Diversos 201366

Ademar Macedo (O Homem atrás do Escritor, o Escritor atrás do Homem)

Entrevista concedida pelo poeta potiguar para José Feldman, publicada no blog http://singrandohorizontes.blogspot.com.br ,em 26 de novembro de 2010.

INFANCIA E PRIMEIROS LIVROS

JF: Conte um pouco de sua trajetória de vida, onde nasceu, onde cresceu, o que estudou.

AM: Nasci em Santana do Matos/RN, no dia 10 de setembro de 1951, aos oito anos fui morar em Zabelê, município de Touros também no Rio Grande do Norte, onde fiquei até 1963, quando mudamos para Natal, onde terminei o primário e através de uma seleção (concurso), em 1965 fui para o Ginásio Agrícola de Ceará-Mirim/RN; terminando o ginásio voltei para Natal onde fiz o Científico (naquela época) que era o 2º Grau. Em 1971 entrei Para o Corpo de Fuzileiros Navais, passei no 1º concurso para Cabo, fui cursar no Rio de Janeiro e nunca mais estudei. Voltei para Natal em 1980 e em 81 perdi uma perna num acidente.

JF: Como era a formação de um jovem naquele tempo? E a disciplina, como era?

AM: No Ginásio agrícola (que era um Internato) Sob o duro comando de Paulo

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Mesquita, o Diretor, um Oficial Reformado da Aeronáutica, eu tive a melhor aprendizagem da minha vida, lá era um verdadeiro quartel, mas até hoje eu agradeço pelos seus ensinamentos, principalmente no que tange a moral, dignidade, honestidade que me acompanham até Hoje!

JF: Recebeu estímulo na casa da sua infância?

AM: Perdi meu Pai muito cedo, aos 7 anos, minha infância foi um tanto difícil, mas minha Mãe e meu irmão mais velho nunca deixaram faltar nada, Inclusive o estímulo.

JF: Quais livros foram marcantes antes de começar a escrever?

AM: Confesso que nunca fui muito de ler...Lembro bem de “O Pequeno Príncipe” e alguns pouco mais.

JF: Como foi que você chegou à poesia e às trovas?AM: Tudo começou após o meu acidente. Numa maneira de passar melhor o tempo, comecei a frequentar cantorias de viola, festivais de Violeiros, tudo o que dizia respeito a Poesia Popular, e por meu Pai ter sido Poeta, eu sentia correr nas minhas veias o sangue da Poesia e comecei a fazer algumas estrofes; e meus irmãos Francisco Macedo e Augusto Macedo (falecido) que já eram poetas, me disseram que eu levava jeito pra coisa! Eu, já poeta popular, conhecido em todo estado devido as minhas declamações nas rádios: (Rural de Natal, Rádio Poti e 98FM), fui convidado por José Lucas de Barros, que assistia as minhas

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declamações nas cantorias e nos festivais e por Joamir Medeiros, que me ouvia nas Rádios, para ingressar na ATRN (Academia de Trovas do R.G.do Norte), fui sabatinado e após uma comissão analisar as trovas feitas por mim, fui aprovado e lá estou desde 2004.

SEUS TEXTOS E PREMIOS:

JF: Você possui livros? Se sim, em que você se inspirou em seus livros?

AM: Lancei o meu primeiro Livro em 1993: “...E DA DOR SE FEZ POESIA.” E tenho ainda os seguintes Livros (Em Parceria): “POESIAS EM QUATRO VERSOS”, “DOIS POETAS EM SETILHAS”, “UM DEBATE EM SETILHA AGALOPADA”, “NOS ARPEJOS DAS SETILHAS” e “UM ROJÃO EM SEXTILHA AGALOPADA”. Já prontos tenho: “SEXTETO EM SEXTILHAS”, “SEXTETO POTIGUAR”, “SEXTILHAS A QUATRO VOZES”, “TRÊS À MESA DA POESIA”, E em andamento: “NO COMPASSO DAS SETILHAS”.

Editei um Cordel que intitulei: “DIVAGAÇÕES POÉTICAS”E tenho dois CDs declamando Poesias: “NA CADÊNCIA DA POESIA” e “O POETA E A RAPOSA”(Com minhas declamações ao vivo, na 98 FM)E tenho um Livro pronto esperando ajuda para publicação, que se chama: “...E DA POESIA SE FEZ O ABSURSO”, é um livro inspirado em ZÉ LIMEIRA, o Poeta do Absurdo.A inspiração para tudo isso veio, com certeza, da Natureza e do Sertão!

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JF: Como definiria seu estilo literário?

AM: Como escrevo poesia popular nordestina, o estilo predominante é o Cordel.

JF: Dentre os livros escritos por você, qual te chamou mais atenção? E por quê?

AM: É muito difícil um Pai amar os seus Filhos de maneira diferente, assim é com os Livros; no entanto, para mim, o Livro onde mais eu me inspirei, onde estão as melhores poesias É: “UM DEBATE EM SETILHA AGALOPADA”.

JF: Qual a sua opinião a respeito da Internet? A seu ver, ela tem contribuído para a difusão do seu trabalho?

AM: Basta dizer que os livros em parceria (DEZ) foram todos feitos pela Internet, Por exemplo: “TRÊS À MESA DA POESIA”, Zé Lucas me mandou a sua estrofe, eu respondi e enviei as duas para o Professor Garcia, que por sua vez, me respondeu e as enviou para Zé Lucas e assim sucessivamente até chegar 150 estrofes. VEJAM AS TRÊS PRIMEIRAS:

01 - Zé LucasCom Ademar e Garciavou pelejar desta vez,

enchendo a taça dos versoscom carinho e lucidez,

para que o vinho sagrado

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das musas dê para os três.

02 - AdemarVou beber com honradez

uma taça todo dia,e eu peço a Deus neste verso

talento e sabedoria,e que este vinho sagradome embriague de poesia.

03 - Prof. GarciaEu vou beber todo dia

para afastar o meu pranto,deste vinho que embriaga

e nunca me causa espanto,porque o vinho do verso

tanto é puro quanto é santo.

JF: Tem prêmios literários?

AM: Eu já fui premiado em 21 Cidades de diferentes estados da nossa federação; mas estas premiações foram todas em Concursos Nacionais de Trovas. Tive também alguns Prêmios em “Poesia” apenas aqui no meu Estado.

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CRIAÇÃO LITERÁRIA :

JF: Você precisa ter uma situação psicologicamente muito definida ou já chegou num ponto em que é só fazer um “clic” e a musa pinta de lá de dentro? Para se inspirar literariamente, precisa de algum ambiente especial ?

AM: Esta eu vou responder com uma Trova e uma estrofe apenas:

“Vi à luz de lamparina,em inspirações imerso

que a musa se faz meninapara brincar no meu verso.”

“Na inspiração do poetasinto um pouco de magia,porque toda estrofe minhame fascina e me extasia;e em cada verso que faço

vou mastigando um pedaçodo pão da minha poesia.”

JF: Você projeta os seus textos? Ou seja, você projeta a ação, você projeta o esquema narrativo antes? Como é que você concebe os textos?

AM: Não projeto nada, os versos nascem assim...de repente.

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JF: Você acredita que para ser poeta ou trovador basta somente exercitar a escrita ou vocação é essencial?

AM: A poesia é um dom divino, nenhuma escola ensina você se tornar Poeta...O Poeta já nasce feito!

A PESSOA POR TRÁS DO ESCRITOR :

JF: O que o choca hoje em dia?

AM: A violência. (que é a falta de Deus no coração das pessoa...)

JF: O que lê hoje?

AM: Livros de Poesias...

JF: Você possui algum projeto que pretende ainda desenvolver?

AM: Divulgar a poesia nas escolas...

JF: De que forma você vê a cultura popular nos tempos atuais de globalização?

AM: Com a mesma visão de sempre...Falta de apoio para a edição de Livros e Etc...

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CONSELHOS PARA OS ESCRITORES :

JF: Que conselho daria a uma pessoa que começasse agora a escrever ?

AM: Que tenha muito amor pelo que faz e muita Fé. Quem sabe, um dia você encontre uma porta aberta!

JF: O que é preciso para ser um bom poeta ou/e trovador?

AM: ...Apenas Inspiração.

JF: Gostaria de acrescentar mais alguma coisa? Outros trabalhos culturais, opiniões, crítica, etc.

AM: Queria apenas agradecer esta oportunidade que me foi dada, para que eu pudesse aqui, da forma mais sincera, me desnudar poeticamente perante todos vocês...

JF: Se Deus parasse na tua frente e lhe concedesse três desejos, quais seriam?

AM: Seriam apenas de agradecimentos por tudo o que Ele tem feito na minha vida... Resumindo:

Nunca quis ganhar fama nem cartaz,sou feliz no papel que desempenho,

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sou um homem de fé, temente a Deus,não reclamo do peso do meu lenhonem de tudo na vida que padeço...

Eu já tenho até mais do que mereçoe me sinto feliz com o que tenho!

JF: Para finalizar, um poema e trovas de sua autoria que possui um carinho especial.

POESIA

Há sorriso que fere e que magoae há pranto que comove e traz alento,e os que trazem a dor e o sofrimentodeixam marcas no rosto da pessoa;

e por mais que este pranto não lhe doadeixará para sempre uma seqüela,

que se faz cicatriz no rosto delamaculando esta dor que não termina;

se tiver que chorar feche a cortina,quando for pra sorrir, abra a janela.

TROVAS:Fiz minha casa de barroao lado de uma favela.

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Lá fora, eu sei, não tem carro,mas tem amor dentro dela!...

Após causar desencantose nos fazer peregrinos,

a seca faz chover prantosnos olhos dos nordestinos!

O grande desmatamento,por ganância ou esperteza,

põe rugas de sofrimentono rosto da natureza...

Quando a inspiração lhe acena,o bom Trovador se expande.Numa Trova tão pequena,faz um poema tão grande!

Quem se entrega a solidãoe dela se faz refém,

anda em meio à multidãomas não enxerga ninguém!

Numa combatividade,cheia de brilho e de glória,

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saber perder, na verdade,é também uma Vitória!

Na Floresta, a “derrubada”deixa em minha alma seqüela,

pois a dor da machadadadói mais em mim do que nela.

Ademar Macedo ainda complementa mais sobre ele:

UM POUCO MAIS DE MIM:

Como eu relatei no início, Eu Sou um Fuzileiro Naval (Reformado) perdi uma perna num acidente no ano de 1981, desde então me entreguei de corpo e alma a Poesia. Em 2006 tive um câncer no intestino, me operei no dia 09/05/2006, no Rio de Janeiro; fiz 52 Quimioterapias e 25 Radioterapias, terminei o tratamento no dia 20 de Outubro do mesmo ano, e como DEUS é Maravilhoso acredito que eu já esteja Curado, pois eu Estou sendo acompanhado aqui em Natal pela Liga contra o Câncer através de exames feitos de 6 em 6 meses, e agora em Setembro último fiz uma Colonoscopia e havia um pólipo que foi retirado para fazer a biópsia e deu o seguinte resultado: “ausência de malignidade no material Examinado” E Deus, na sua misericórdia, além do dom da Poesia deu-me também a Cura. E hoje a minha vida é regida pelo AMOR, pela ALEGRIA e pela FÉ, e são baseados nesses temas que nascem a inspiração para as minhas poesias e Graças ao nosso bom DEUS e a minha FÉ, é que estou hoje aqui

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contando a minha história...

Em Versos:Guardei todos momentos que passei

de ternura, de carinho e de amor,momentos que na vida mais gozei

e os momentos que mais eu senti dor.O momento feliz da minha vida,

quando Deus curou em mim uma ferida,que os médicos diziam não ter jeito,

e apesar de hoje eu ser um mutilado,guardo sempre as lembranças do passado

pra curar as feridas do meu peito!...

A minha poesia é Santaporque é Deus quem a projeta,pois ele mesmo é quem planta

no coração do poeta;pois todos os versos meusvêm lá da mansão de Deus

como se fosse uma luz;são escritos com emoçãopela minha própria mão,mas seu autor, é Jesus!...

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Ademar Macedo: Um Universo de Versos Diversos 20131818

Quero então quando eu morrer,feito em letras garrafais,

aquela minha poesiaque me deu nome e cartaz;

e escrito, seja onde for:– Eis aqui um trovador

que morreu feliz demais!

Abraços Fraternos:Ademar Macedo.

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O VÍRUS DA POESIA

Poesia é a minha paz,meu mundo, meu universo;

um mar de sabedoriaonde eu vivo submerso;é minha alimentação,

é meu sustento, é meu pãofeito de rima e de verso...A partir da madrugadaé esse o meu dia a dia:já de caneta na mãorecebo uma epifania,

cuja manifestaçãoé trazer-me inspiração

pra eu fazer minha poesia...

A poesia é minha luz,é meu santo e meu altar,feijão puro com farinha

que eu tenho para almoçar;ela é minha própria vidaé meu lar, minha guarida

meu sol, meu céu e meu mar!

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Ao ver poesias aos montesnascendo em minha vertente,tive um “derrame” de rimasnas veias da minha mentee um maravilhoso “infarto”

eu tive ao fazer o partodo derradeiro repente!...

Quero então no meu jazigo,feito em letras garrafais,

aquela minha poesiaque me deu nome e cartaz;

e escrito, seja onde for:- eis aqui um trovador

que morreu feliz demais!

Quem carrega, como nós,o vírus da poesia,

tem no sangue uma plaquetaque se altera todo dia,

aumentando a quantidadee pondo mais qualidade

nos versos que a gente cria.

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TROVAS

A distância nos redimese a saudade nos escolta;ir pra longe é tão sublimecomo sublime é a volta!

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Ademar Macedo: Um Universo de Versos Diversos 20132424

Adotei o isolamento,feito um ermitão qualquer.

Pra fugir do casamentoe das manhas de mulher!...

A justiça incompetente,por um deslize qualquer,toma o dinheiro da gentee dá todo pra mulher!…

Almoço e janto poesia.E neste meu universo,

mastigo um pão todo diaamanteigado de verso.

A lua, de vez em quandofica um pouco sem brilhar,

para ficar “espiando”dois pombinhos namorar!

A lua, sem empecilho,desfilando, linda e nua,

deixa também o seu brilho“nas poças d’água da rua”!

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A Lua, que a noite rondacom o seu lindo clarão,é a lamparina redonda

que ilumina o meu sertão!

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A mais triste solidãoque os seres humanos têm

é abrir o seu coração…Olhar…e não ver ninguém!

Amar… verbo transitivoque em qualquer conjugação

traz um novo lenitivopara o nosso coração!

Amigos que valem ouro,nós deveremos mantê-los

guardados qual um tesouropara nunca mais perdê-los!

A minha Paz desejadatá nos versos que componho;

no cantar da passaradae na beleza de um sonho!…

A minha sogra, assanhada,no barracão da mangueira,

foi muito mais apalpadado que laranja na feira!...

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Ademar Macedo: Um Universo de Versos Diversos 20132727

Amores na mocidadesempre deixam cicatrizes,marcas de dor e saudadeno peito dos infelizes…

A minha sogra, assanhada,no barracão da mangueira,

foi muito mais apalpadado que laranja na feira!…

À noite, as brisas divinasdão som aos seus movimentos;

e, "na Lua," as bailarinasdançam a valsa dos ventos...

Ao criar os Trovadoresonde o verso prolifera;

para adorná-lo com flores,Deus criou a primavera!

A pergunta é meio louca,mas, conhecendo o roteiro;quero é dar beijo na boca…

“Vida boa é de solteiro”!

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Ademar Macedo: Um Universo de Versos Diversos 20132828

Após causar desencantose nos fazer peregrinos,

a seca fez chover prantosnos olhos dos nordestinos!

Aquela mão estendidaé Nau que ainda trafegano mar revolto da vida

que a própria vida renega...

A “solidão” me parece,ser um conforto sem fim…

quando um grande amor me esquece;“Ela” se lembra de mim.

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Ademar Macedo: Um Universo de Versos Diversos 20132929

As rosas tem seus floridosque a “natura” se apodera,

dando beijos coloridosno rosto da primavera!

Assim que começa o dia,envolto em profundo enlevo,

sinto o cheiro da poesiaem cada verso que escrevo.

A vida escreve-me enredoscom finais que eu abomino.

Meus sonhos viram brinquedosnas mãos cruéis do destino…

Cada verso que componho,nele, eu conto um sonho meu;todos nós temos um sonho…E cada um que conte o seu!

Caiu meu muro de arrimo;sinto fraqueza… E, aos oitenta,nem com Viagra eu me animo,só se der cobra em noventa!

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Causa-me espanto o coqueiro;algo de bom ele tem…

Mas, sendo torto ou linheiro,nunca deu sombra a ninguém!

Chega a causar agonia,uma visita sacana,

que vem pra passar um dia,passa mais de uma semana!

Page 31: Tributo a Ademar Macedo

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Coloquei a foto errada.Viram logo os menestréis…Como eu vou subir escada

Se me falta um dos meus pés?

Com certa preponderânciaeu impus esta verdade:

Quem inventou a distâncianão conhecia a saudade!...

Com minha alma amargurada,envolto em meu sofrimento,passo inteira a madrugadajogando versos ao vento…

Com minha alma enternecida,confesso com todo ardor;

Deus me deu dois dons na vida:ser “Pai” e ser “Trovador”!…

Com o dom que Deus lhe envia,no riso o palhaço aflora

um semblante de alegria…Que ele só sente por fora!

Page 32: Tributo a Ademar Macedo

Ademar Macedo: Um Universo de Versos Diversos 20133232

Como quem faz sua escolha,disfarçando o desatino,alterei folha por folha

do livro do meu destino!

Com os temas mais dispersos,eu mesmo me fiz enchentenuma enxurrada de versosjorrando da minha mente…

Com sua língua de trapodisse, ao ser mandado embora:

– É moleza engolir sapo,o duro é botar pra fora!

Construí dentro de mim,com minh’alma enternecida,

um teatro onde, por fim,pude encenar minha vida!…

Da Bebida fiquei farto,bebendo, perdi quem amo;hoje bebo no meu quarto

as lágrimas que eu derramo.

Page 33: Tributo a Ademar Macedo

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Da fonte que jorra o amor,Deus, na sua imensidão,faz jorrar com todo ardor

as carícias do perdão.

Da ingratidão praticadaeu tirei uma lição:

Perdoar, não pesa nada,pesado…É pedir perdão!

Das colheitas dadivosasque Deus deixa nos caminhos,uns curvam-se e colhem rosas,outros, só colhem espinhos…

Debruçado sobre a mata,o luar, tal qual pintor,

pinta as folhas cor de pratae pinta o chão de outra cor.

De maneira indefinida,por amar e querer bem;vou dividir minha vida

com a vida de outro alguém!

Page 34: Tributo a Ademar Macedo

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De nada eu sinto ciúme,nem mesmo da mocidade;

pois hoje eu sinto o perfumeda flor da terceira idade!…

Depois do beijo, um aceno,e, sofrendo em demasia,

bebo doses de um venenoque a sua ausência me envia.

Depois que chove na mata,a lua, de luz acesa;

pinta as folhas cor de pratacom tintas da Natureza.

Descobri no envelhecer,em meus momentos tristonhos,que eu não tive, em meu viver,nada mais além de sonhos!…

Descobri no envelhecerque a musa que me enaltece

não deixa o verso morrer,pois musa nunca envelhece!

Page 35: Tributo a Ademar Macedo

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Desde o tempo de meninovi o quanto eu sou machão;

pois meu lado femininoé um tremendo sapatão!

De sonhar eu não me oponhonem sequer me desiludo.

Quem faz de “Paz” o seu sonho,já fez metade de tudo!…

Page 36: Tributo a Ademar Macedo

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De um olhar triste, alquebrado,desse meu filho que é “mudo”…

eu vejo, mesmo calado,seus olhos dizerem tudo!

Deus, demonstrando poder,quando a mulher engravida,transforma a dor em prazer

na celebração da vida!

Page 37: Tributo a Ademar Macedo

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Deus vendo que não tem fimessa fé que me conduz,deixou cair sobre mimuma cascata de luz!

Do fogo no matagal,na fumaça que irradia,

vejo um câncer terminalno pulmão da ecologia!...

Do meu jeito apaixonado,envolvente, terno, mudo…

Faço um apelo calado,onde os olhos dizem tudo!

Em busca de ser feliz,e em prol do amor de nós dois,quantos atalhos que eu fiz…

Mas só chegava depois!

Em humor não me destaco,mas, por pura peraltice;

mesmo não sendo macaco,vou fazendo macaquice.

Page 38: Tributo a Ademar Macedo

Ademar Macedo: Um Universo de Versos Diversos 20133838

Ela fez comigo um votoprometendo se casar;

olhem bem para esta foto…Morri de tanto esperar!

Em inspirações, imerso,fiz do sol o próprio guia

para conduzir meu verso

Page 39: Tributo a Ademar Macedo

Ademar Macedo: Um Universo de Versos Diversos 20133939

nos caminhos da poesia!Entre os atos de bonançae meus pecados mortais,

quando eu botar na balança,Deus sabe quais pesam mais!…

Envolto numa utopia,num devaneio sem fim,vivo hoje uma fantasia

que eu mesmo inventei pra mim.

Page 40: Tributo a Ademar Macedo

Ademar Macedo: Um Universo de Versos Diversos 20134040

Essas gotas maculadas,itinerantes no rosto,

são as lágrimas magoadasque dão vida ao meu desgosto.

Esses meus versos doridosque estão bem perto do fim,

são retratos coloridos

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Ademar Macedo: Um Universo de Versos Diversos 20134141

que eu mesmo tirei de mim…

Eu aprendi a perdermesmo sem haver perdido,

também aprendi vencer“sem humilhar o vencido!”

Page 42: Tributo a Ademar Macedo

Ademar Macedo: Um Universo de Versos Diversos 20134242

Eu já velho, semimorto,para me manter de pé,

fiz de Deus meu próprio portoonde ancorei minha fé!

Eu, numa peça que fizno palco da minha Fé,fiquei deveras feliz…Fui aplaudido de Pé!

Page 43: Tributo a Ademar Macedo

Ademar Macedo: Um Universo de Versos Diversos 20134343

Eu ouvi de um cidadãobrincalhão, sagaz, afoito:

-Melhor ser um cinquentãodo que morrer aos dezoito…!

Eu que já nasci Poeta,digo-lhe nesta obra prima:meu coração só se aquieta

depois que eu faço uma rima!

Page 44: Tributo a Ademar Macedo

Ademar Macedo: Um Universo de Versos Diversos 20134444

Eu, que nunca pude tê-las…Que é um sonho do menestrel;sonhei enchendo de estrelas,

meu barquinho de papel!

Eu sinto a brisa do ventocomo se fosse magia,

soprando em meu pensamentoos versos que Deus me envia…

É terapeuta da mente,mestre maior do saber…

O Livro é o melhor presenteque alguém pode receber.

Page 45: Tributo a Ademar Macedo

Ademar Macedo: Um Universo de Versos Diversos 20134545

Eu, num desejo medonho,quis tê-la, mas nunca pude…Transformar desejo em sonho,

foi minha grande virtude!

Eu sou qual um jangadeiroque a fé no peito tatua…

Num barco sem paradeiro,sua esperança flutua.

Fazendo um comparativo,o amor supera a paixão…

Sentimento imperativoque nasce no coração!

Fiz a “pergunta ao espelho”que para não me ofender :disfarçou, ficou vermelhoe não quis me responder!

Fiz do quarto um santuário,pus sua foto no andore rezei um novenário

para louvar nosso amor!

Page 46: Tributo a Ademar Macedo

Ademar Macedo: Um Universo de Versos Diversos 20134646

Fiz minha casa de barroao lado de uma favela.

Lá fora, eu sei, não tem carro,mas tem amor dentro dela!...

Fui reviver meu passadona casa que pai morou…

Um velho espelho quebrado,foi tudo o que me restou!

Hoje na terceira idade,eu, de amores já vazio,

voltei ao mar da saudadepara ancorar meu navio.

Igualmente aos nossos pais,nos cabelos brancos temos

as impressões digitaisdos anos que já vivemos.

Inimigo do trabalho,é meu primo, o “Paraíba;”seu emprego é no baralho:

buraco, truco e biriba.

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Já quase louco de amor,envolto num triste enlevoponho toda a minha dor

no papel…quando eu escrevo!

Lágrimas, águas em fugas,que num trajeto indolente,deixam escritos nas rugas,os sofrimentos da gente…

Lágrimas, fuga das águaspor um riacho inclemente

que numa enchente de mágoasinunda o rosto da gente!

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Lembranças deixam feridasque nascem na alma da gente.

Que tenham elas nascidasno passado… ou no presente!

Mesmo em momentos tristonhos,carregada de lamentos,navega cheia de sonhos

a Nau dos meus pensamentos!…

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Mesmo que a paixão desabedisto eu não sentirei medo,

o mundo inteiro já sabeque eu sempre amei em segredo!

Mesmo sentindo os rancores,de um mar de dor que me escolta,

eu, afogando essas dores,nada impede a minha volta!

Meu momento mais doídofoi perder quem tanto adoro,por isso eu choro escondido

para ninguém ver que eu choro!

Minha mente é qual jazidaonde o verso prolifera..

De poesia eu pinto a vidacom cores da primavera!

Muda-se a cor preferida,troca-se a corda do sino,muda-se tudo na vida…

Mas não se muda o destino.

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Na construção do desgostode um casamento desfeito,criei rugas no meu rosto

e pus mágoas no teu peito…

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Na “derradeira viagem”que nós faremos decerto,

busco, com fé, a passagempara ver Jesus de perto!

Na minha dor, pus de pé,com esperanças sem fim,

a Fortaleza de féque existe dentro de mim.

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Não acredito em trapaça,o livre arbítrio eu imponho;

não há destino que façaeu desistir do meu sonho.

Não se estresse nem me agrida,ouça a voz do coração.

Deixe que o Tempo decidaquem de nós dois tem razão!...

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Ademar Macedo: Um Universo de Versos Diversos 20135353

Não tem ateu que me calepregando o que fez Caim,e nem desgosto que abale

a Fé em Deus, que há em mim!

Na transposição mais nobre,podemos, sem qualquer risco,

matar a sede do pobrecom as águas do São Francisco!...

Na vida o que me conforta,está nesta frase bela:

“Deus jamais fecha uma porta,sem que abra uma janela”!

Nenhuma voz é afinadae de entonação tão bela,

igual a da passaradaque canta em minha janela…

Nessa ausência tão sofridaque a separação impôs;

vejo o grande mal que a vidafez na vida de nós dois.

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Ninguém calcula essa dorno coração dos mortais…

Quando a saudade é de amor,a dor é cem vezes mais !

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Ninguém disfarça o carisma…Quem o tem, sempre o conduz,sem saber que tem um prisma

refletindo a sua luz.

No instante da despedida,arquivei no pensamento

a tristeza da partidae a dor do meu sofrimento.

No momento em que eu nascia,Deus, usando o seu poder,

pôs o vírus da poesianas entranhas do meu ser.

No momento em que eu nasciaDeus colocou no meu ser,um mundo de fantasia,de poesia e de prazer…

Nos momentos mais tristonhoschega a musa da poesia,

torna reais os meus sonhosnum mundo de fantasia.

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Nos poemas que componho,de beleza quase extrema,

eu ponho em verdade um sonhodentro de cada poema!

Nossa cultura se entendenas lições que eu mesmo tive:

o saber a gente aprende,a cultura a gente vive.

Numa beleza suprema,por entre o céu e entre o mar,

Deus escreveu um poemanas entranhas do Luar…

Numa caminhada inglória,com minha alma enternecida;

pude ver a minha históriano retrovisor da vida.

Numa combatividade,cheia de brilho e de glória,saber perder, na verdade,

é também uma vitória!

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Num afago em seus cabelos,num carinho em sua face,vi que, através de desvelos,

um grande amor também nasce…

Numa imensidão de Paz,com imagens que Deus cria,

a natureza se fazmusa da minha poesia.

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Num desespero medonho,acordei quase enfartando,pois vi no melhor do sonho

que a sogra estava voltando!

Num devaneio qualquer,feito de sonho e de imagem,

no seu corpo de mulherfiz a mais linda viagem.

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Num sonho eu me fiz refém,ao viver uma emoção

que o próprio sonho a retémna mente e no coração…

O Carnaval irradiaprazeres aos foliões,

mas o melhor da foliaestá em nossos corações!

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O Deus que fez lago e monte,que fez céu, mar, noite e dia,

fez do poeta uma fontepor onde jorra poesia...

Oh, Mulher! Quando partiste,só você não percebeu;

seu coração ficou triste…Muito mais triste que o meu!

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O pantanal se engalana,mas eu mesmo desconfio;que até a própria chalana

sente ciúmes do rio.

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O papel que eu desempenhona poesia, não tem preço;

pelos amigos que eu tenho…Ganho mais do que mereço!

O tempo austero e sisudopõe na memória da gente

o alzheimer que apaga tudodo vídeo tape da mente!

O tempo, já quase em fuga,para aumentar meu desgosto,

fez nascer mais uma rugaentre as rugas do meu rosto!

O tempo, qual sanguessuga,para aumentar meu desgosto,

fez nascer mais uma rugaentre as rugas do meu rosto!

O vencedor tem que teralguns tropeços por meta,

para só depois obteruma vitória completa!

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O vento da minha Fé,de maneira enternecida,sopra, mas deixa de pé

as dunas da minha vida!

O vício sempre nos joganuma dor que nos revolta:

– ver um filho usando droga,numa viagem sem volta!

Para alcançar a pujança,basta-me ter, sem fadigas,a força e a perseverança

do Trabalho das formigas!…

Para alcançar o perdão,não há fronteira ou entrave:

a porta do coraçãonão tem ferrolho nem chave.

Para contar sua história,a pobre cigana cria

uma verdade ilusóriaque ela mesma fantasia!

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Para os sem fé, os tristonhos,a vida deles termina

sem sequer colher os sonhosque a própria fé nos ensina…

Partiste deixando a dor,e eu talvez não me acostume

a viver sem seu amor,seu carinho e seu perfume!

Passam sempre em meu portão,trazendo um fardo de dor,crianças que não têm pão,

pedindo “um pão por favor”!...

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Perdão, palavra bonitaque se pede, que se implora;palavra que é muito dita…Mas, só da boca pra fora!

Pela insensatez da idadee pelo que o amor requer,

choro, às vezes, de saudadefingindo outra dor qualquer!

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Pelas “coisas” que fazia,vive o malandro enjaulado;

usando de noite a diao seu “pijama listrado”.

Perdido, pois, nas rotinas,nos labirintos da dor,

encontrei entre as ruínaspedaços do nosso amor…

Perdi minha mocidade,toda hombridade que eu tinha…

Vivi sua identidadeem vez de viver a minha!

Plantei um pé de tomatee fiz tanta adubação,

que ele está dando abacate,alho, cebola, e melão...

Política, era a vizinha.Ela trocou por Brasília

todos empregos que tinha…Menos o bolsa família.

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Por agir sem ter cautelaum grande mico eu paguei:

beijei uma magricela;não era a sogra… Era um gay!…

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Por conhecer meu valor,mesmo já no envelhecer,

vou em busca de outro amor…Não tenho tempo a perder!

Por minha fé ser tamanha,pude remover enfim,

pedaços de uma montanhaque tinha dentro de mim...

Por seu próprio desatino,tem gente que se maldizpondo a culpa no destino

por não ter sido feliz!

Por ter a lingua de trapo,disse, ao ser mandado embora:

- É moleza engolir sapo...o duro é botar pra fora!

Por ter uma fé supremanão sofrerei agonia…

Se eu sinto uma dor extrema,dou-lhe injeções de poesia!

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Por ver o sonho desfeitode um grande amor, de verdade,

na varanda do meu peitoeu vi nascer a saudade…

Posso jurar (não é finta):eu não temo pesadelos,

pois fiz da saudade a tintapara pintar meus cabelos…

Preso e longe do seu lar,canta o pássaro inocente,

no intuito de amenizara dor que ele mesmo sente!

Pra poder me atazanar,por vingança ou por castigo,

minha sogra vem morarparede e meia comigo!…

Procuro sempre crescermesmo enfrentando empecilhos,

mostrando em meu proceder,exemplos para os meus filhos…

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Quadro de extrema beleza,de cor verde e cor de anil,onde a própria natureza

pinta o mapa do Brasil!…

Quando a inspiração lhe acena,o bom Trovador se expande.Numa Trova tão pequena,faz um Poema tão Grande!

Quando a inspiração me enviaa um cenário de beleza,eu dou beijos de poesia

na face da natureza!

Quando a sonhar eu me ponho,vejo de forma extremada,que das ilusões do sonho

não restou-me quase nada!

Quando de um amor me aparto,em tristezas me esparramo:bebo sozinho em meu quartoas lágrimas que eu derramo!

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Quando o amor se consolida,mesmo que vire rotina;termina tudo na vida...

Mas esse amor não termina!…

Quando se manda um bilhetepara alguém que a gente gosta,

se faz logo um balancete,quando não vem a resposta!

Quando uma paixão soterramágoa e dor nas cicatrizes,deixa uma marca que ferra

o peito dos infelizes…

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Quase toda madrugada,Já vendo os raios do dia,

busco um verso à minha amadanuma fonte de poesia…

Quase toda madrugada,Já vendo raiar o dia,

faço um verso à minha amadanum orvalhar de poesia…

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Quem o livre-arbítrio pregacaminha contra a verdade.

Pois eu não creio em quem negaa si mesmo…a Liberdade!

Quem semeia de verdade,tendo o amor como receita,

colhe frutos à vontadeno fim de cada colheita!

Queria ao fim da jornada,na manhã do meu adeus,ver o brilho da alvorada

na luz dos olhos de Deus!

Que venham chuva e calor,que os ventos desçam ou subam,

pois ninhos feitos de amortempestades não derrubam…

Retratando sua história,o pobre cigano cria

uma verdade ilusóriaque ele mesmo fantasia!

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Saudade… dor crucianteque nos maltrata demais;palavra sempre constante

nas Trovas que a gente faz!

Se a inspiração me inebria,com temas, os mais dispersos;

mato a sede de poesiana eterna fonte dos versos…

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Se a vida é apenas passagemquero que me façam jus;na minha última viagem

deixem que eu veja Jesus!

Sedento dos teus abraços,num desejo que é só nosso,

quero correr pra os teus braços,mas de muletas... Não posso!…

Sem galinha cabidela,sem ter arroz nem feijão,hoje eu botei na panela

meu sapo de estimação!…

Sempre quando a noite nasce,traz, na escuridão dos campos,

a luz que Deus pôs na facedos pequenos pirilampos…

Sempre que eu vou me deitaracompanhado na cama;

já que eu sei que vou tirar...– Pra que botar o pijama?

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Sem ter culpabilidade,eu vivo ainda os lampejosque você, nesta saudade

faz brotar dos meus desejos.

Sem ter escolha, a criança,pobre inquilina da rua,na sua desesperança,

dorme sob a luz da lua!

Se não puder dar um bolo,dê um pedaço de pão…A caridade é um tijoloda casa da salvação!

Se não vês mais a saída,se estás perdido e sozinho…

É nos atalhos da vidaque a gente encontra o caminho!

Se o livre-arbítrio é uma escolha,e, não vendo outra saída,arranquei folha por folhado livro da minha vida…

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Se o verso se faz presentee a inspiração se irradia,abro o celeiro da menteonde armazeno poesia.

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Se por piedade ou por pena,o casal NÃO se desfaz;

vivem os dois triste cena…Onde nem pena tem mais!

Sinto ciúme, é verdade,quase morro de ciúme

quando passas na cidadeexalando o seu perfume!…

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Sinto que aquela criançaque nunca usou um fuzil,

traz nas mãos toda esperançano futuro do Brasil…

Sinto um dom que me extasiae uma inspiração sem fim,quando a musa da poesiapasseia dentro de mim.

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Só seu regresso conforta,mas já estou delirando…

Sempre que alguém bata à portapenso que é você voltando!

Sou matuto em alto astrale um velho muito ranzinza.

Só festejo o Carnavalna quarta-feira de cinza!

Sozinho nas madrugadas,em noites de solidão,

ouço as notas magoadasdas cordas de um violão.

Sua ausência, por maldade,deixou, talvez, por vingança,

um punhado de saudadedentro da minha lembrança!

Tal qual um pequeno horto,sem plantação, sem jardim,sou Nau e procuro um portoque ainda espera por mim.

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Tem cão que mora no morro,outro morando em mansão;porque nem todo cachorro

leva uma vida de cão.

Tenho fábrica de poemase um galpão de fantasia.

Sou desbravador de temas…Sou viciado em Poesia.

Teve um chilique o Oscarao ver seu filho, um nissei,

ser o primeiro lugarnuma passeata gay.

Tive amores – não sei quantos -Saudades tive, é verdade.

Mas sei… derramando prantos,ninguém mata uma saudade!

Toda dor deixa sequela,mas devido eu sofrer tanto,

minha dor só se revelana angústia triste do pranto.

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Todo mundo me cobrando,parece um alto relevo;

a dívida vai aumentando,quanto mais pago, mais devo!

Trabalho só é bacanase tiver, por sua vez:

uma folga por semanae férias de mês em mês!

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Traz alentos, novas vidas,muda a cor da plantação;a chuva sara as feridas

que a seca faz no sertão.

Uma fé que não se abala,dai-me, Senhor, sem medida,

para eu poder semeá-lapelos roçados da vida.

Uma lição foi tiradado tribunal da paixão;

perdoar, não pesa nada,pesado é pedir perdão!…

Um desejo que me abrasa,no Ano Novo é ver os nobres,

levando as sobras de casapara a casa dos mais pobres!

Um monumento de luzfez-se em mim arquitetadona mensagem que Jesusdisse ao ser crucificado.

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Vejo sentadas no chão,trajadas de desamor,crianças comendo pãoamanteigado de dor!

Vendo o navio ancoradoe o lindo sol quase posto,

sinto, lembrando o passado,uns pingos d’água em meu rosto..

Versos já fiz – não sei quantos -relembrando a mocidade.Hoje servem de acalantos

para ninar a saudade.

Vi à luz de lamparina,em inspirações imerso

que a musa se faz meninapara brincar no meu verso.

Visita pra meter medo,que nem vassoura adianta,É aquela que chega cedoe só sai depois que janta!

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Você pode acreditarno que eu digo pra você:Dívida é pra se pagar...

mas quando se tem com quê!…

Vou vender meus poemetosna feira, seja onde for,

e comprar alguns espetospara espetar "julgador"!

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VERSOS DIVERSOS

A MINHA CIRURGIA...

Ao doutor cirurgiãoDigo de forma direta,

Não tenho doença alguma,O único mal que me afeta

Eu vi na tomografia;É o acúmulo de poesia

Na cabeça do poeta.

Pra fazer uma drenagemTiveram que me operar,

E durante a cirurgiaDe tanto o médico drenar;

Naquele lugar nasciaMais um pé de poesiaNa cabeça de ademar.

Vejam o que me receitaramPra eu fazer a cirurgia:

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Quatorze injeções de versosNo lugar da anestesia

E pra não sair do climaTrezentas gotas de rimaTrês vezes durante o dia.

Aconteceu um fenômenoNo centro de cirurgia.

Quando operaram o poetaQue a minha cabeça abria;Antes de qualquer exameAconteceu um derrame...

De versos e de poesia.

Disse o doutor abismadoOh! Meu deus que maravilha,

Já estou contaminadoSinto em mim que o verso brilha;

E depois da operaçãoO grande cirurgião

Saiu fazendo sextilha.

O neuro cirurgiãoFalou de forma direta:Medicina é a profissão

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Mas poesia é minha metaE disse, já no repente:

– Eu mesmo daqui pra frenteSó vou operar poeta!

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UM VERDADEIRO CAMPEÃO

Eu, que tanto corri na meninice,uso agora as muletas para andar,

e chegarei ao pódio da velhicecaminhando assim mesmo devagar,

pois Deus ajuda a quem não se maldize eu sem medo nenhum de ser feliz,vou seguindo as estradas desta vidae não importa o troféu de campeão...

Digo a todos vocês de coração:Eu já sou campeão nessa corrida!

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O MEU EU CRIANÇA

Um sonho que me extasiae me traz muita esperança,

é ver livros de poesianas mãos de toda criança.

Confesso: tenho esperançasantes de ficar senil,

de ver, nas mãos das crianças,o Futuro do Brasil!

Paz, inocência e bonança,vamos ainda encontrarno sorriso da criança

antes que aprenda a pecar.

O meu EU sofreu mudança,uma mudança sem fim.Só não mudou a criança

que eu fui e que vive em mim!

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PRIMAVERA

Pra o Poeta e Trovadorque é onde o verso prospera,

eu mando um buquê de floresque a natureza libera;

e numa grande investidafaço verso e pinto a vidacom cores da primavera!

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MADRUGADA...

Com brilho quase uniforme,sem cansaço e sem estresse;

a madrugada só dormedepois que o dia amanhece.

Com minha alma amargurada,envolto em meu sofrimento,passo inteira a madrugadajogando versos ao vento...Testemunha verdadeira

do meu mais triste fracasso,a madrugada é parceiradas poesias que eu faço.

Cheia de brilho e de encantos,loucamente apaixonada,a lua faz chover prantosnos olhos da madrugada.

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POESIA PARA O ANO NOVO

Hoje eu pedi para o povo,em preces e em orações,

muita paz neste Ano Novo,muito amor nos corações,e fiz pra Deus uma carta,pedindo uma mesa fartapara o faminto comer.

Mandei essa carta em nomedaquele que passa fomee que não sabe escrever!

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DALVA, ESTRELA MULHER...

Pela luz do pirilampoe pelo brilho do sol,

pela beleza do campoe pela cor do arrebol,

por um orvalho caindopor uma flor se abrindoe pelos três filhos meus;

Por minha perna amputada,por Dalva ser minha amada...Muito obrigado, meu Deus!

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PAISAGENS DO MEU SERTÃO...

Uma velha rezadeiraum “véi” fazendo cigarro,um pote velho de barroe aquela boa parteira;

um chá com erva cidreirapra qualquer inflamação,o relâmpago e o trovão

e a tarde toda chuvendo;isso é mesmo que está vendo

paisagens do meu sertão.

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PAISAGENS DO MEU SERTÃO!

Um forró numa latadanuma plena Sexta-feira,

um bebum no meio da feiratopando em toda calçada;uma velha na almofada

com um birro em cada mão,prestando muita atençãonaquilo que vai fazendo;

isso é mesmo que está vendopaisagens do meu sertão.

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SE TIVER QUE CHORAR...

Há sorriso que fere e que magoae há pranto que comove e traz alento,e os que trazem a dor do sofrimentodeixam marcas no rosto da pessoa;

e por mais que este pranto não lhe doadeixará para sempre uma seqüela,

que se faz cicatriz no rosto delamaculando esta dor que não termina;

se tiver que chorar feche a cortina,quando for pra sorrir, abra a janela.

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UM ROSÁRIO DE SAUDADE

Mãe deixou um rosário de saudadependurado por cima do meu peito,as orações, não rezei nem a metadepois rezar pra saudade não dá jeito.

Quando vejo o rosário eu vejo elae a saudade que hoje eu sinto dela

é, para mim, uma dor e um mistério;pois sempre que eu visito a sua cruz

tenho visto as pegadas de Jesusjunto a cova de mãe, no cemitério.

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NINGUÉM MATA O NOSSO AMOR...

No sertão eu nasci e fui criadoe amar será sempre o meu destino,

como todo poeta nordestino,sou da vida, um eterno apaixonado;cada verso que eu faço é inspirado

nas belezas do meu interior,como amante e fiel agricultor

eu cheguei a seguinte conclusão:não há seca que torre o meu sertão

nem macumba que acabe o nosso amor.

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PAIXÃO ARDENTE...

Esse amor que foi plantadonas entranhas do meu ser,

há tempos foi sepultadomas insiste em não morrer,

e numa paixão ardenteo fruto desta semente

deixou meu ser em fracassose, sem forma e sem medida,

ocupou em minha vidaquase todos os espaços.

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O SERTÃO É UM POEMA...

Deus na sua magnitude,fez do sertão um palácio,

deixou escrito um prefáciona parede do açude;disse da vicissitudeda flor e do gineceu,

de um concriz que se escondeunos garranchos da jurema,

o sertão é um poemaque a natureza escreveu.

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"SARAU DO CANTO DO MANGUE"

Esta noite será inesquecível;e você que se faz aqui presentevai ouvir poesias de alto nível

seja ela declamada ou no repente;porque esse é o nosso objetivo,

fazer da poesia um lenitivoonde o poeta inspirado se irradia,

e com versos correndo em nosso sanguecom certeza, esta noite aqui no mangue

vai haver um dilúvio de poesia!

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FALANDO DE SERTÃO...

Pra retratar o sertãoem sete versos apenas,mergulho na natureza

busco inspirações serenase qual um grande pintor

para a obra ter mais valor,crio minhas próprias cenas!

Eu vendo uma flor se abrindome causa muita emoção,

também vejo encantamentonos giros de um foguetão;minha emoção continua

quando a noite eu vejo a luailuminando o sertão.

O chiado da porteira,a debulha de feijão,

uma caçada de peba,uma noite de São João;

a coalhada na tigelajumento, cavalo e sela,

são coisas do meu sertão.

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O sertão me ensinou maisa gostar dos cantadores;

do pobre homem do campo,aprendi sentir as dores;imitar os passarinhos

e correr pelos caminhossentido o cheiro das flores.

De uma forma doedeiraguardo na imaginação,as brincadeiras de rodanuma noite de São João;

vivo cheio de saudademorando aqui na cidade

com saudades do sertão!…

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TRÊS SETILHAS...

O poeta já vem com a verve feitapor Deus Pai nosso mestre e criador;

alguns nascem com a mente de aprendizoutros tantos já nascem professor,e Deus vendo chegar a minha vez,com a bênção sagrada Ele me fez:

Fuzileiro, Poeta e Trovador.

Escorado no topo da muleta,eu me fiz um poeta e trovador;

meu passado de atleta e de boêmiopara mim, não foi nada alentador;

mas depois do meu trágico acidente,encontrei na poesia e no repenteo remédio eficaz pra minha dor.

Como prova de amor, maior do mundo,Cristo morre por nós, os pecadores.

Vejo ainda no manto de Mariaos vestígios de suas próprias dores;

e, dotado de toda perfeição,pra falar deste amor e do perdãoDeus criou os poetas Trovadores.

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"HOMENAGEM AO DIA DO MÉDICO"

O médico é obra divina,que de maneira aguerrida,

estudou, fez medicinapara salvar nossa vida.

Não quer ver ninguém sofrer,e se acaso acontecer

do doutor ficar doente;por vocação, por amor

ele esquece a própria dorpra curar a dor da gente!…

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"UMA SETILHA"

Deus pintou o cenário mais bonitonos neurônios que tem na minha mente.

Com o brilho das luzes da poesiame ensinou a fazer verso e repente;me deu todas as dicas sobre a rimae depois de fazer esta obra-prima

deu ao mundo um poeta de presente.

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UMA POROROCA DE VERSOS.

Eu já nasci inspiradoCom o dom que Deus me deu

E em cada cabelo meuTem um verso pendurado.A Deus eu digo obrigadoPor este grande presente;

Sangra em mim diariamenteCom os temas mais dispersos

A pororoca de versosNa cachoeira da mente.

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SOU MUTILADO...

Guardei todos momentos que passeide ternura, de carinho e de amor,momentos que na vida mais gozei

e os momentos que mais eu senti dor.O momento feliz da minha vida,

quando Deus me curou de uma ferida,que os médicos diziam não ter jeito;

e apesar de eu ser hoje um mutilado,guardo sempre as lembranças do passado

pra curar as feridas do meu peito.

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'PESADO É PEDIR PERDÃO'

Errar, é do ser humanoe todos podem errar;

mas, saiba que perdoaré divino, é soberano.

Não deixe que um ato insanolhe amargure o coração,

perdoe-me, e me estenda a mãopra ser, por mim, apertada;

perdoar não pesa nada,pesado é pedir perdão!

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O VERSO

O verso é tal qual o mantoque eu me cubro todo dia,meu corpo é uma poesia

que tem verso em todo canto;tem versos até no pranto

que por mim é derramado,eu tenho versos guardadoque a natureza me deu;e em cada cabelo meu

tem um verso pendurado!...

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DÉCIMA (PERDÃO NA ETERNIDADE)

Para alcançar o perdãono reino da eternidade,vão pesar meu coraçãona balança da verdade;pra saber a quantidadedos meus erros capitais,entre os pecados mortaise meus atos de bonança,

quando eu botar na balançaDeus sabe quem pesa mais!…

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DÉCIMA (SERTÃO)

No sertão tem poesia,tem o preá no serrote

tem mocó dando pinotee tem cabra dando cria;tem coalhada na bacia

tem fogueira de São João,tem festa de apartação

tem porteira e passadiço;quem nunca viu tudo issonão sabe o que é sertão!

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DÉCIMA (POETA NORDESTINO)

No sertão eu nasci e fui criadoe amar será sempre o meu destino,

como todo poeta nordestino,sou da vida, um eterno apaixonado,cada verso que eu faço é inspirado

nas belezas do meu interior,como amante e fiel agricultor

eu cheguei a seguinte conclusão:não há seca que torre o meu sertão

nem macumba que acabe o nosso amor.

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DÉCIMA

Vou abrir a bodega da culturaa as entranhas fecundas do juízoe dizer para o povo hoje é preciso

que este mote está à minha altura;pois eu sou simplesmente a criaturaque Deus irá deixar para semente,

e por ordem do pai onipotente,não há mote nenhum que eu não dê jeito;

vou abrir a cancela do meu peitopra passar a boiada do repente.

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DIVAGAÇÕES EM CORDEL.

Quem carrega, como nóso vírus da poesia,

tem no sangue uma plaquetaque se altera todo dia,

aumentando a quantidadee pondo mais qualidade

nos versos que a gente cria.

No meu verso, dia a diaeu busco a minha obra-prima;

sei que é difícil encontrá-la,mas nada me desestima,

e quando a inspiração brotano meu verso já se nota

metrificação e rima.

Nunca fiz uma obra-primanesse campo que trafego,sem um pingo de ambiçãogrande desejo eu carrego;

sei que não é utopia,neste mundo de poesia...

quero ser grande, não nego!

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Não sou grande mas me apegoaos versos que eu mesmo faço,seja para um grande públicoou sozinho em meu terraço;

seja noite ou seja dia,pois, para fazer poesia

jamais eu sinto cansaço.

O caminho que hoje eu traçono qual me tornei atleta,foi Deus que determinou

a poesia como meta;agradeço ao onipotente,

pois só depois do acidenteeu me descobri poeta!

Eu que já nasci poeta,nas asas do verso eu vouno sertão buscar saudadepois foi lá que ela ficou;

nesta saudade eu mergulho,sentindo um enorme orgulho

do sertanejo que sou.

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O meu sertão me ensinoua gostar dos cantadores;

do meu pobre homem do campoaprendi sentir as dores;imitar os passarinhos

e correr pelos caminhossentido o cheiro das flores.

A mente dos cantadoresentre as outras sobressai,

porque o nosso poetano verso não se retrai;

dele faz acrobacia,dá cangapé na poesia

e a poesia não cai!

De mim o sertão não sai;guardo na imaginação

as brincadeiras de rodanuma noite de São João;

vivo cheio de saudademorando aqui na cidade

com saudades do sertão!...

Os meus sonhos sempre vão

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nas asas que o verso cria;na minha imaginaçãoele cresce e se irradia;toma beleza e formato,faz um passeio abstrato

e pousa em minha poesia.

Tal qual uma fantasiaeu guardo algo que não finda,

é a minha inspiraçãoque vem mansamente e linda;

mesmo com ajuda dela,a minha estrofe mais belaeu mesmo não fiz ainda.

A poesia nos brindacom um manto de beleza,nos inventos que ela criacom tamanha ligeireza,

nasce assim em nossa menteenviados de presentepela própria natureza.

Meus versos faço na mesae de caneta na mão.

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Não faço versos na horacomo os vates do sertão.

Quem faz versos de improvisohospeda no seu juízo

os anjos da inspiração.

Tudo Deus pôs no sertãopara o pobre desfrutar:manga madura no pé,batata para arrancar;fava e mel de jandaíra,

curimatã e traírapra o sertanejo pescar.

Agora eu quero falardas coisas da natureza,

que mostra pato e marreconadando na correnteza;

e ainda tem o pavão,que das aves do sertão

é a que tem maior beleza.

Vejo um quadro de belezasurgindo no horizonte,e logo depois que o sol

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se deita por trás do monte...Envolto nessa penumbra

a minha alma se deslumbrabebendo versos na fonte.

Com a mão em minha fronte,Deus, que tudo faz e cria,colocou na minha mente

talento e sabedoria;e com bênçãos do Universo,

fez uma fonte de versopor onde jorra poesia...

De versos e de poesiaminha fonte não se esgota.Concursos que eu participo

sempre tiro boa nota;fabrico o verso na mentee boto coisa em repente

que outro poeta não bota...

Mesmo no fundo da grotaeu bendigo a minha sorte;

ter nascido nordestinono Rio Grande do Norte;

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e pela fé que eu detenhopelo grande Deus que eu tenho,

não devo temer a morte!

Tenho Fé e tenho sortee é profunda a minha fonte.

Escrevo sobre as estrelase as pedras que tem no monte...

sobre o povo faveladoe aquele que é deserdado

que mora em baixo da ponte!

Nasceu em mim uma fonteque é um mar de inspiração;

o verso faz um transladoda mente pra minha mão...quando é poesia de amor,

passa seja como fornas veias do coração!

Eu sinto que a inspiraçãotem um pouco de magia,

pois toda estrofe que nasceme fascina e me extasia;e em cada verso que faço

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vou mastigando um pedaçodo pão da minha poesia.

Eu sinto em minha poesia,um galho se balançando,

o vôo de uma gaivota,um orvalho gotejando;

coisas que não estou vendo...estou somente escrevendoo que Deus está ditando!

Nos versos que eu vou criandofantasio os meus desejos:

pinto o céu de muitas corescom infinitos lampejos;

trago a chuva pra o sertãoencho de milho e feijãoos silos dos sertanejos!

Realizo meus desejosseja em setilha ou quadrão,no meu teclado da mente

faço toda afinação,e sem choro e sem lamento

vem ao mundo outro rebento

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trazido por minha mão.

Envolto na inspiraçãoque Deus mandou lá do céu,

como vate Santanensetrovador e menestrel;

do jeito que o verso emana,escrevi numa semana:

“Divagações em Cordel”...

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Fontes:HTTP://singrandohorizontes.blogspot.com.br)

HTTP://poesiaemtrovas.blogspot.com.br HTTP://recantodasletras.com.br

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