o que é jornalismo - resenha

3
RESENHA DA OBRA O QUE É JORNALISMO Na obra “O que é Jornalismo”, de autoria de Carlos Rossi, define-se jornalismo, enquanto ação e profissão, como uma “fascinante batalha pela conquista das mentes e corações de seus alvos: leitores, telespectadores ou ouvintes”. Em um breve resgate histórico, emerge o fato de que a imprensa brasileira adotou uma parte considerável dos padrões norte-americanos, sendo um deles o mito da objetividade. O mito em questão ostenta que a imprensa deve manter a neutralidade enquanto publicadora de acontecimentos, deixando a interpretação destes a cargo do leitor. No entanto, Rossi afirma que é impossível praticar a total objetividade, dado o fato de que o jornalista traz em si uma formação cultural que inclui valores morais e, dentre estes, preceitos éticos – o que impossibilita o não envolvimento pessoal. Objetivando a imparciabilidade, os impressos partem do pressuposto de que sempre há duas versões, ou dois lados, de uma mesma história. Assim, uma das premissas em ambiente jornalístico, embora não sempre dita, é buscar contemplar todos os ângulos da informação. Nesse processo, imagem e som são potenciais aliados por serem capazes de registrar com frieza e eficácia a dita realidade, desde que, muito embora, a edição de arquivos não seja empregada com fins de manipulação e distorção – prática usualmente adotada no jornalismo televisivo. Dentre as situações que cercam a imprensa, há as temporais, as intemporais e as atemporais; predominando a pauta como a condutora de publicações.

Upload: monique-parente

Post on 04-Dec-2015

215 views

Category:

Documents


1 download

DESCRIPTION

Resenha da obra O que é Jornalismo, de Carlos Rossi

TRANSCRIPT

Page 1: O Que é Jornalismo - Resenha

RESENHA DA OBRA O QUE É JORNALISMO

Na obra “O que é Jornalismo”, de autoria de Carlos Rossi, define-se jornalismo,

enquanto ação e profissão, como uma “fascinante batalha pela conquista das mentes e

corações de seus alvos: leitores, telespectadores ou ouvintes”. Em um breve resgate

histórico, emerge o fato de que a imprensa brasileira adotou uma parte considerável dos

padrões norte-americanos, sendo um deles o mito da objetividade. O mito em questão

ostenta que a imprensa deve manter a neutralidade enquanto publicadora de

acontecimentos, deixando a interpretação destes a cargo do leitor. No entanto, Rossi

afirma que é impossível praticar a total objetividade, dado o fato de que o jornalista traz

em si uma formação cultural que inclui valores morais e, dentre estes, preceitos éticos –

o que impossibilita o não envolvimento pessoal.

Objetivando a imparciabilidade, os impressos partem do pressuposto de que

sempre há duas versões, ou dois lados, de uma mesma história. Assim, uma das

premissas em ambiente jornalístico, embora não sempre dita, é buscar contemplar todos

os ângulos da informação. Nesse processo, imagem e som são potenciais aliados por

serem capazes de registrar com frieza e eficácia a dita realidade, desde que, muito

embora, a edição de arquivos não seja empregada com fins de manipulação e distorção

– prática usualmente adotada no jornalismo televisivo. Dentre as situações que cercam a

imprensa, há as temporais, as intemporais e as atemporais; predominando a pauta como

a condutora de publicações.

Com isso, e o gradativo aumento de profissionais empregados na redação de

grandes informativos, surgiu uma classe específica de jornalistas: os pauteiros. Sua

função é direcionar, e de outras formas orientar, os repórteres em seu cotidiano; bem

como manter as chefias informadas quanto ao que está sendo analisado e desenvolvido

na redação. Um recurso muito utilizado nesse ambiente é o lead, que consiste em

elaborar respostas que atendam aos questionamentos: quem?, quando?, onde?, como?,

por quê?, o quê?. Sobressai-se aqui a crítica do autor quando este afirma que os

repórteres e redatores, que pecam em uso excessivo do lead, deixam de ter estilo próprio

por priorizarem a satisfação do interesse do leitor, fazendo de si mesmos meros

especialistas em responder a seis perguntas fundamentais.

Evidentemente, o jornalismo centra-se na coleta e divulgação de informações, o

que pressupõe sua responsabilidade do jornalista em estar sempre a par do maior

Page 2: O Que é Jornalismo - Resenha

quantitativo possível de dados sobre um determinado campo de saber ou assunto. Como

ressalta Rossi, não basta abastecer-se de informações sobre o tema que será abordado, é

preciso dispor de fontes que tenham domínio sobre o assunto. Outro ponto a ser

discutido é a postura dos repórteres diante de autoridades. O autor afirma que há

carência, se não ausência, de postura crítica nos profissionais da informação; sustenta tal

ideia afirmando que os repórteres já não desfrutam da capacidade de serem

inconvenientes e desagradáveis – quando necessário – por medo. Entretanto, essa

observação rescinde a partir do momento em que caiu a ditadura, além de esses

profissionais não serem alvo do Ato Institucional n° 5.

A formação do jornalista é apresentada como constante, havendo a ininterrupta

necessidade de complementação de estudos e pareceres, abrangendo os âmbitos

científico e cultural como um todo. Nas palavras de Rossi, “o jornalista é um

especialista em generalidade”, o que acarreta seu interesse em atualização sobre os

diversos meios e acontecimentos que se fazem dignos de nota. O conhecimento é, pois,

indissociável do profissional da informação. Ao fim, o autor destaca a relação intrínseca

entre liberdade de empresa e liberdade de imprensa, incitando à reflexão sobre o que de

fato existe na sociedade, considera que pessoas influentes nos meios de comunicação

têm poder e liberdade suficiente para veicular o que lhes for mais proveitoso, ao passo

que as mesmas virtudes assumem proporções visivelmente menores no jornalista. A

obra conclui-se, assim, enfatizando o dever do jornalista: servir à sociedade.