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Pág. 1/31 O Que É Geoprocessamento?... … E o Que Isto Tem a Ver Com Você? "Toda ação depende de uma decisão que depende de informação" Geoprocessamento nada mais é que o uso automatizado de informação que de alguma forma está vinculada a um determinado lugar no espaço, seja por meio de um simples endereço ou por coordenadas. Vários sistemas fazem parte do Geoprocessamento, dentre os quais o GIS ou GIS(Sistema de Informação Geográfica) é o sistema que reúne maior capacidade de processamento e análise de dados espaciais. A utilização destes sistemas produz informações que permitem tomar decisões para colocar em prática ações específicas. Estes sistemas podem ser aplicados a qualquer tema que manipule dados ou informações vinculadas a um determinado lugar no espaço, e que seus elementos possam ser representados em um mapa, como casas, escolas, hospitais, etc.. Por exemplo: A cidade de Manaus oferece uma certa qualidade de vida que, dentre outros fatores, depende da eficiência com que, tanto órgãos públicos (Prefeitura, Secretarias,...) como privados (Comércio, Bancos, Transportes...) administram as informações necessárias para o desempenho de seus serviços. Muitas vezes o volume de informações inviabiliza não apenas a qualidade da informação, mas, também a união dos fatores importantes para uma decisão acertada. É neste aspecto que entra a colaboração dos sistemas de Geoprocessamento, e principalmente do GIS. Veja alguns exemplos da aplicação da ferramenta GIS: Procurando Uma Casa Você deseja locar uma casa com 3 quartos, maior que 80m2, distante não mais de 5km do centro da cidade e a menos de 1km de uma escola pública de 1º grau e que custe até um valor X. Procurando o Melhor Local Para Abrir Uma Panificadora Você deseja instalar uma panificadora em local de alta densidade populacional cuja média do poder aquisitivo seja maior que R$ X,00 por residência/ano. Num raio de 500 metros não deve haver mais que 3 panificadoras já instaladas. Procurando o Melhor Caminho na Distribuição de Mercadorias Você deseja distribuir refrigerantes em todos os pontos de revenda da cidade, utilizando-se do menor número possível de veículos. Considerar o trajeto: fluxo do tráfego, distâncias percorridas, quantidade de

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O Que É Geoprocessamento?...… E o Que Isto Tem a Ver Com Você?

"Toda ação depende de uma decisão que depende de informação"

Geoprocessamento nada mais é que o uso automatizado de informação que de alguma forma está vinculada a um determinado lugar no espaço, seja por meio de um simples endereço ou por coordenadas. Vários sistemas fazem parte do Geoprocessamento, dentre os quais o GIS ou GIS(Sistema de Informação Geográfica) é o sistema que reúne maior capacidade de processamento e análise de dados espaciais. A utilização destes sistemas produz informações que permitem tomar decisões para colocar em prática ações específicas. Estes sistemas podem ser aplicados a qualquer tema que manipule dados ou informações vinculadas a um determinado lugar no espaço, e que seus elementos possam ser representados em um mapa, como casas, escolas, hospitais, etc..Por exemplo: A cidade de Manaus oferece uma certa qualidade de vida que, dentre outros fatores, depende da eficiência com que, tanto órgãos públicos (Prefeitura, Secretarias,...) como privados (Comércio, Bancos, Transportes...) administram as informações necessárias para o desempenho de seus serviços.Muitas vezes o volume de informações  inviabiliza não apenas a qualidade da informação, mas, também a união dos fatores importantes para uma decisão acertada. É neste aspecto que entra a colaboração dos sistemas de Geoprocessamento, e principalmente do GIS. Veja alguns exemplos da aplicação da ferramenta GIS:Procurando Uma CasaVocê deseja locar uma casa com 3 quartos, maior que 80m2, distante não mais de 5km do centro da cidade e a menos de 1km de uma escola pública de 1º grau e que custe até um valor X. Procurando o Melhor Local Para Abrir Uma PanificadoraVocê deseja instalar uma panificadora em local de alta densidade populacional cuja média do poder aquisitivo seja maior que R$ X,00 por residência/ano. Num raio de 500 metros não deve haver mais que 3 panificadoras já instaladas. Procurando o Melhor Caminho na Distribuição de MercadoriasVocê deseja distribuir refrigerantes em todos os pontos de revenda da cidade, utilizando-se do menor número possível de veículos. Considerar o trajeto: fluxo do tráfego, distâncias percorridas, quantidade de pontos visitados num intervalo X de tempo, quantidade média entregue em cada ponto, etc..Procurando Um Lugar Para Construir Uma EscolaO Município quer construir uma escola pública de 2º grau. Qual é a região da cidade mais carente deste tipo de equipamento público? As variáveis podem ser: distância mínima de outras escolas, faixa de renda da população, número de habitantes na faixa etária entre 12 e 17 anos, dentre outros.Um Sistema GIS poderá apresentar respostas a estas exigências sem nenhum esforço e dentro de poucos minutos. Esta busca pode ser feita sem o auxílio de um GIS, mas pode-se avaliar o esforço e o tempo para encontrar o desejado.

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E assim, há muitos outros exemplos de uso do Geoprocessamento como ferramenta na tomada de decisão.

GeoprocessamentoÉ o conjunto de técnicas computacionais relacionadas com a coleta, armazenamento e tratamento de informações espaciais ou georreferenciadas, para serem utilizadas em sistemas específicos a cada aplicação que, de alguma forma, se utiliza do espaço físico geográfico. Estes sistemas podem ser: GIS, LIS, AM/FM, etc.Informações georreferenciadas têm como característica principal a localização, ou seja, estão ligadas a uma posição específica do globo terrestre por meio de suas coordenadas.GIS – Geographic Information Systems (tecnologia)A tecnologia GIS se utiliza de um sistema composto por softwares e hardwares que estão submetidos a uma organização de pessoas interligadas para um mesmo fim, que se utilizam de dados georreferenciados visando a possibilidade de planejar e monitorar questões ligadas ao espaço físico geográfico através dos produtos gerados pelo sistema, que são arquivos digitais contendo Mapas, Gráficos, Tabelas e Relatórios convencionais.Sistema-GISÉ um sistema computacional composto de softwares e hardwares, que permite a integração entre bancos de dados alfanuméricos (tabelas) e gráficos (mapas), para o processamento, análise e saída de dados georreferenciados. Os produtos criados são arquivos digitais contendo Mapas, Gráficos, Tabelas e Relatórios convencionais.

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GeoprocessamentoÉ o conjunto de pelo menos quatro categorias de técnicas relacionadas ao tratamento da informação espacial:

Técnicas para coleta de informação espacial (Cartografia, Sensoriamento Remoto, GPS, Topografia Convencional, Fotogrametria, Levantamento de dados alfanuméricos);Técnicas de armazenamento de informação espacial (Bancos de Dados – Orientado a Objetos, Relacional, Hierárquico, etc.)Técnicas para tratamento e análise de informação espacial, como Modelagem de Dados, Geoestatística, Aritmética Lógica, Funções topológicas, Redes; eTécnicas para o uso integrado de informação espacial, como os sistemas GIS – Geographic Information Systems, LIS – Land Information Systems, AM/FM – Automated Mapping/Facilities Management, CADD – Computer-Aided Drafting and DeGISn.

Ou então:

GIS – Geographic Information SystemsO GIS engloba em sua definição vários aspectos já abordados na definição de Geoprocessamento, porém ao GIS, agregam-se ainda os aspectos institucional, de recursos humanos (peopleware) e principalmente a aplicação específica a que se destina.Vejamos: GIS é um conjunto de ferramentas computacionais composto de equipamentos e programas que por meio de técnicas, integra dados, pessoas e instituições, de forma a tornar possível a coleta, o armazenamento, o processamento, a análise e a disponibilização, a partir de dados georreferenciados, de informação produzida por meio das aplicações disponíveis, visando maior facilidade, segurança e agilidade nas atividades humanas referentes ao monitoramento, planejamento e tomada de decisão relativas ao espaço geográfico.

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Sistema GISMuitas pessoas quando falam em GIS referem-se, especificamente, ao software e não à tecnologia. Percebe-se freqüentemente dificuldades de comunicação entre profissionais que se utilizam da mesma nomenclatura para se referir a conceitos diferentes. Assim, para um entendimento mais completo, é necessário explicar os principais componentes de um GIS, no qual o software é apenas um desses componentes. Os outros elementos a serem definidos são: HARDWARE, DADOS, USUÁRIOS e as METODOLOGIAS DE ANÁLISE.

Veja Então:Software – é formado por um conjunto de programas (geridos por um determinado Sistema Operacional), cuja finalidade básica é coletar, armazenar, processar e analisar dados geográficos, tirando partido do aumento da velocidade, facilidade de uso e segurança no manuseio destas informações, apontando para uma perspectiva multi, intra e interdisciplinar de sua utilização. O software contempla basicamente cinco módulos:1) Coleta, Padronização, Entrada e Validação de Dados;2) Armazenamento e Recuperação de Dados;3) Transformação ou Processamento de Dados;4) Análise e Geração de Informação;5) Saída e Apresentação de Resultados. Quanto aos sistemas operacionais, no caso dos micro e mini computadores a tendência aponta para o uso das diferentes versões do Windows e do Unix. As workstation utilizam sistemas operacionais compatíveis com Unix; os mainframes operam sob sistemas VMS, UVS e Unix, entre outros.Hardware – é o conjunto de equipamentos necessários para que o software possa desempenhar as funções descritas. De forma sucinta, inclui o computador e periféricos, como impressora, plotter, scanner, mesa digitalizadora, unidades de armazenamento (unidades de disco flexível, disco rígido, CD-Rom, fitas magnéticas e ZIP Drivers). A comunicação entre computadores também pode ser citada, sendo realizada por meio de um ambiente de rede.Dados – são o material bruto que alimenta o sistema, permitindo gerar INFORMAÇÃO, que nada mais é do que o GISnificado que é atribuído aos dados, do ponto de vista de um determinado usuário. O poder da informação é, sem dúvida, indiscutível. Porém, o que tem revolucionado os processos tradicionais de utilização da informação é a maneira como ela pode ser rapidamente processada e utilizada

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para diferentes objetivos pelo modo de sua apresentação, ou seja, georreferenciada, ou mapeada. Usuários – PESSOAS com objetivos comuns formam uma ORGANIZAÇÃO ou GRUPO DE TRABALHO. O GIS por si só não garante a eficiência nem a eficácia de sua aplicação. Como em qualquer organização, ferramentas novas só se tornam eficientes quando se consegue integrá-las adequadamente a todo o processo de trabalho. Para isto não basta apenas investimento, mas o treinamento de pessoal, usuários e dirigentes para maximizar o potencial de uso de uma nova tecnologia.Metodologias ou Técnicas de Análise  – estão diretamente ligadas ao conhecimento e à experiência do profissional que, a partir de um objetivo definido submete seus dados a um tratamento específico, para obter os resultados desejados. Este aspecto mostra que a qualidade dos resultados de um GIS não está ligada somente a sua sofisticação e capacidade de processamento. Muito mais que isso, é proporcional à experiência do usuário.

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O Que é CartografiaCartografia é um conjunto de operações científicas, artísticas e técnicas produzidas a partir de resultados de observações diretas ou de explorações de documentação, tendo em vista a elaboração de cartas, plantas e outros tipos de apresentação e também a sua utilização. (Recomendação ICA/ Amsterdam/ Holanda, 1966).

Conceito Moderno de CartografiaOrganização, apresentação, comunicação e utilização da geoinformação nas formas visual, digital ou táctil, que inclui todos os processos de preparação de dados, no emprego e estudo de todo e qualquer tipo de mapa. (Recomendação ICA/ Budapeste/ Hungria, 1989).

Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)Cartografia é a arte de levantamento, construção e edição de mapas e cartas de qualquer natureza.Conceito Moderno de MapaApresentação ou abstração da realidade geográfica, ferramenta para apresentação da informação geográfica nas modalidades visual, digital e tátil.A Cartografia no BrasilA Cartografia, no Brasil, teve seu desenvolvimento a partir da Segunda Guerra Mundial em função dos interesses militares. Instituições como os atuais Instituto Cartográfico da Aeronáutica (ICA), Diretoria de Serviço Geográfico do Exército (DSG) e Diretoria de Hidrografia e Navegação (DHN), foram as principais responsáveis pela execução da Cartografia Sistemática do País, objetivando mapear todo o território nacional, em escalas de 1:50.000 a 1:250.000.Considerações sobre a Coordenação do Sistema Cartográfico Nacional

1890 – 31 de maio – Foi criado o Serviço Geográfico Militar, anexo ao Observatório Astronômico, "para a execução dos trabalhos geodésicos e geográficos da República dos Estados Unidos do Brasil".

1896 – O Estado Maior do Exército foi incumbido da elaboração da Carta Geral da República.

1903 – Na cidade de Porto Alegre foi instalada a Comissão da Carta Geral do Brasil. Também, foi criado o Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil, sob a direção do geólogo norte-americano Orville A. Derby – Função: Produção da Carta Geológica.

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1922 – Foi organizado o Serviço Geográfico do Exército e extinta a Comissão da Carta Geral, com as atribuições desta absorvidas por aquele. Este ano ainda marca o aparecimento da Carta do Brasil ao Milionésimo (primeiro "retrato cartográfico de corpo inteiro" do país), editada pelo Clube de Engenharia, em comemoração ao centenário da Independência.

1935 – A Diretoria de Hidrografia e Navegação (DHN) foi a primeira, dentre as organizações cartográficas brasileiras, a apresentar um plano cartográfico, o Plano Cartográfico Náutico.

1936 – Veio a ser instalado o Instituto Nacional de Estatística e Cartografia.

1937 – Surge a primeira empresa privada, no mercado brasileiro, dedicada à execução de levantamentos aerofotogramétricos, cujas preocupações básicas estavam voltadas para a prestação de serviços em Cartografia.

1938 – Instituto Nacional de Estatística e o Conselho Brasileiro de Geografia foram incorporados ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. O primeiro projeto do IBGE: "Determinação das Coordenadas das Cidades e Vilas".

1940 – Pela primeira vez na história da Estatística Brasileira os dados de coleta e tabulações do censo foram referenciados a uma base cartográfica sistematizada, pelo menos quanto às categorias administrativas: Municipais e Distritais – Cidades e Vilas. A partir de então estava assegurado o georreferenciamento das estatísticas brasileiras.

1945 – O Secretário Geral do Conselho Nacional de Geografia, Cristovão Leite de Castro, apresentou um Plano Cartográfico, de abrangência nacional e subdividido em programas distintos, cuja composição estava definida em termos do grau de evolução dos processos de ocupação territorial.

1946 – O Conselho de Segurança Nacional institui comissão para fixar "normas para a uniformização da cartografia brasileira" e procedimentos para a coordenação dos trabalhos cartográficos. Ainda, ao IBGE é atribuída a Coordenação da Cartografia Brasileira. Iniciam-se os trabalhos de mapeamento, na escala topográfica de 1:250.000, do vale do Rio São Francisco, em território da Bahia.

1961 – O Estado-Maior da Forças Armadas (EMFA) forma um grupo de trabalho com a finalidade de estabelecer as "Bases e Diretrizes de uma Política de Coordenação e Planejamento do Levantamento Cartográfico Brasileiro".

1962 – O IBGE passa a atuar nas escalas maiores de 1:250.000, ou seja,

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em paralelo aos trabalhos nas escalas ao milionésimo; 1:500.000 e 1:250.000. Passou a conduzir as atividades necessárias à produção dos documentos nas escalas de 1:50.000 e 1:100.000, antes restritos a atuação do Serviço Geográfico do Exército.

1964 – O IBGE estrutura e consolida a linha de instrumentos fotogramétricos e amplia a atuação de suas unidades de levantamentos geodésicos, de modo a atender ao apoio terrestre para as operações fotogramétricas.

1966/1967 – O Presidente Castelo Branco estabelece outro grupo de trabalho para definir as Diretrizes e Bases da Política Cartográfica Nacional. Mantém a atuação descentralizada das instituições cartográficas do governo federal e explicita a coordenação da Política Cartográfica Nacional como atribuição da Comissão de Cartografia (COCAR) inserida na estrutura do IBGE. A COCAR foi estruturada de modo a que todos os Ministérios que desenvolvessem ou demandassem serviços cartográficos lá estivessem representados, pois o objetivo principal do Decreto se resumia em Organizar o Sistema Cartográfico Nacional no que dizia respeito a União. O elenco de representantes era complementado por assentos atribuídos à iniciativa privada, através da atual Associação Nacional das Empresas de Levantamentos Aeroespaciais (ANEA), e ao IBGE, que constituíram exceção à representação ministerial.

1972 – Projeto RADAM – Radar da Amazônia, aplicação pioneira de sensores aerotransportados radargramétricos. Posteriormente o projeto foi estendido a todo território nacional – RADAMBRASIL. Em 1985 o projeto foi extinto.

1975 – Foi expedido um decreto que retirar a COCAR da estrutura da Fundação para posicioná-la na Secretaria de Planejamento e Coordenação Geral da Presidência da República – SEPLAN.

1978 a 1981 – Foram intensificadas as atividades cartográficas sob a organização do Programa de Dinamização da Cartografia – PDC, enfatizando-se o mapeamento em escalas topográficas de vastas regiões da Amazônia Legal e o complemento das folhas das cartas nas escalas de 1:50.000 e 1:100.000 das regiões centro-sul e nordeste.

1975 a 1985 Pode-se afirmar que foi o período de mais intensa produção cartográfica, fruto da modernização dos equipamentos e processos de produção.

1985 – Foi criado o Ministério da Ciência e Tecnologia ao qual ficou submetida a COCAR na condição de órgão autônomo.

1990 – Foi desativada a COCAR. Conseqüência de protestos da comunidade cartográfica interessada na manutenção da COCAR junto à SEPLAN.

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1994 – O Governo Federal cria a Comissão Nacional de Cartografia (CONCAR) em moldes semelhantes àquela dos anos 60. Mantém a estrutura da representação ministerial com as mesmas exceções, IBGE, como provedor de apoio administrativo, e ANEA. E a subordinação retorna a área do planejamento, agora no Ministério do Planejamento e Orçamento.

Considerações Sobre o Sistema, Política e Plano Cartográfico NacionalAo IBGE coube a formulação e a execução do conjunto de ações para uma política territorial, cujo objetivo estava centrado na revisão da administração territorial a partir de procedimentos técnicos e científicos. O IBGE teve a sua atuação voltada para o levantamento e sistematização das informações do quadro territorial, de modo a atender a administração pública em todas as suas dimensões.O panorama hoje se mostra distinto. A desativação da Comissão de Cartografia ao início dos anos 90 insere-se no movimento maior de reforma do Estado, em que se preconiza a eliminação das estruturas vinculadas ao planejamento centralizado, que dominou a administração pública a partir dos anos 30 – 40.Para todos os efeitos, o Sistema Cartográfico Nacional será entendido como o conjunto das "entidades nacionais, públicas e privadas, que tenham por atribuição principal executar trabalhos cartográficos ou atividades correlatas".O Plano Cartográfico Nacional é composto pelos Planos Cartográficos Terrestre Básico, Náutico e Aeronáutico. O Plano Cartográfico Terrestre Básico contém o Geodésico e abrange as escalas vinculadas a abordagem sistemática do território nacional:Séries de: 1:1.000.000, 1:500.000, 1:250.000, 1:100.000, 1:50.000 e 1:25.000.Em termos da representação básica, de uso geral, o Plano é suficientemente explícito, contudo se mostra deficiente em regular a apresentação temática, que vem ganhando importância crescente com a racionalização das preocupações para com o ambiente natural e os processos de organização social comprometedores da qualidade de vida. A omissão também é observada com relação às escalas grandes, também ditas cadastrais, onde se mostra crescente a demanda e se observa a necessidade de normalização.Um conjunto de seminários relativos a Política Cartográfica Nacional realizado por um grupo de trabalho do IBGE, em 1991, apresentou uma proposta para discussão sobre o Plano Cartográfico Nacional que deveria conter necessariamente os seguintes programas:– Programas de Cartografia (Terrestre Básica, Temática, Náutica, Aeronáutica, Militar, Cadastral)– Programa Geodésico– Programa de Sensoriamento Remoto para a Cartografia.Finalmente cabe alertar para a necessidade de se adequar os princípios da Cartografia Nacional às propostas de reorganização da Administração Pública lembrando-se de que a produção cartográfica deve estar dirigida ao atendimento da sociedade como um todo.Aplicações e Tendências FuturasA Cartografia, cuja função essencial é representar a realidade através de informações espaciais de uma forma organizada e padronizada incluindo acuracidade, precisão, recursos matemáticos de projeções cartográficas,

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datum para a determinação de coordenadas e ainda recursos gráficos de símbolos e textos, têm tido suas aplicações estendidas à todas as atividades que de alguma forma necessitem conhecer parte da superfície terrestre. Assim, o mapa será sempre necessário, por exemplo, nos projetos de engenharia (Construções de Estradas, Usinas, Cidades, Parques) e no planejamento e monitoramento regional do meio ambiente (Recursos Naturais, Agricultura, Florestas, Hidrografia, etc. Atualmente, os conhecimentos de cartografia, necessários à tecnologia GIS, desfrutam de um grande desenvolvimento na habilidade de se construir mapas digitais que efetivamente comuniquem as idéias e questões geográficas de um mapa analógico. Para isto, softwares apropriados são desenvolvidos e objetivam ainda, viabilizar a utilização de produtos resultantes das novas tecnologias de captação e processamento da informação espacial, como é o caso das imagens de satélites, dos dados obtidos por levantamentos com GPS e das imagens retificadas de fotografias aéreas, ou seja, as ortofotos digitais. Graças às novas possibilidades oferecidas por estes produtos digitais, pode-se constatar GISnificativas renovações aos métodos cartográficos conforme mostram os comentários a seguir:a) Utilização de Imagens de SatéliteA tomada de imagens a partir de plataformas espaciais, com sensores montados a bordo de satélites artificiais, capazes de gravitar no entorno da Terra, tem gerado expectativas e experiências capazes de provocar novas revoluções no processo cartográfico. Embora as expectativas ainda não tenham sido atendidas (o que justifica-se no fato dos satélites artificiais de observação terrestre não terem sido projetados para aplicações cartográficas), os cartógrafos vêm se utilizando das imagens decorrentes das aplicações dos sistemas de sensores LANDSAT e SPOT. As imagens utilizadas para o desenvolvimento de técnicas de monitoramento de ações sobre a superfície terrestre, atualização cartográfica, produção de fotomapas e, no caso do SPOT, compilação estereofotogramétrica em mapeamentos topográficos em escalas pequenas.Quanto às experiências, são inúmeras e podemos citar como um dos muitos exemplos, o trabalho "Geração De Carta Imagem Com Extração Direta De Informações Vetoriais" – GIS BRASIL 98. Este trabalho se propõe a elaborar cartas-imagem, a partir do Landsat, com informações vetoriais obtidas de vetorização sobre a imagem, sem se utilizar dos meios de digitalização de mapas. Técnicas de processamento de imagens são utilizadas para realce de feições. As experiências apresentaram resultados compatíveis com a precisão esperada.

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 Exemplo de Carta Temática (Uso do Solo) construída a partir de Imagens de satélite (SPOT) integrada

a dados do GIS. b) Utilização de GPSA tecnologia GPS começa a concretizar o sonho dos cartógrafos de se libertarem das injunções dos levantamentos terrestres, através de sistemas de mapeamento que, a partir de fotos aéreas, dispensam os custosos e demorados levantamentos de campo. A integração dos posicionadores GPS com as câmaras fotogramétricas em plataformas inerciais permite a determinação da posição do centro ótico da câmara, no instante de tomada da imagem, através da obtenção das coordenadas X, Y, Z e das atitudes da mesma, com precisão suficiente para satisfazer às especificações para todos os tipos de mapas em escalas médias e grandes.Dentre os vários exemplos da atuação do GPS nos levantamentos para Cartografia, citamos o trabalho "Integração Topografia/GPS/Restituição Aerofotogramétrica" – GIS BRASIL 98. O estudo trata de um dos problemas sociais de maior gravidade no Brasil que é, sem dúvida, a Reforma Agrária. O trabalho refere-se à região do Pontal do Paranapanema, no Estado de São Paulo, onde o MST (Movimento dos Sem Terra) tem presença marcante. Na execução deste trabalho efetuou-se o levantamento topográfico cadastral das áreas arrecadadas, o projeto de parcelamento do solo, o assentamento e acompanhamento das famílias assentadas. Para execução do levantamento cadastral integram-se técnicas topográficas convencionais e o Sistema de Posicionamento Global (GPS). Ao final dos trabalhos de levantamento e parcelamento, tem-se uma planta que deve ser georreferenciada em coordenadas UTM, pois é este produto que fornecerá os elementos necessários à elaboração dos memoriais descritivos de cada lote ocupado pelas famílias.

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 Exemplo de Planta Cadastral rica em detalhes – Rede Elétrica e de Gás. O levantamento dos detalhes

feito através de GPS pode ser a melhor alternativa. c) Utilização de Ortofotos DigitaisA utilização de ortofotos pode ser valorosa em muitos aspectos da cartografia. A exemplo disto, pode ser citado o trabalho "Atualização Cartográfica com o Uso de Ortofotos Digitais" – GIS BRASIL 96. Este trabalho desenvolveu-se visando a atualização de uma carta topográfica referente a uma área urbana da região de Curitiba - PR, em formato digital com a utilização de ortofotos digitais. O trabalho partiu de uma carta topográfica desatualizada (1990) na escala 1:2.000 (arquivo digital no formato vetorial), e de um vôo aerofotogramétrico recente (1995) da mesma área. As fotos serviram de fonte para a produção de ortofotos digitais. A atualização cartográfica do arquivo vetorial foi realizada através da sobreposição deste à imagem da ortofoto, e da utilização de um software apropriado (TemapW). Os resultados mostram satisfatoriamente a viabilidade técnica desta metodologia.

 Exemplo de Ortofotomapa – Orto-imagem (aerofoto ou imagem de satélite) com informações de

coordenadas e legenda explicativa.  Os mapas digitais estarão, nos próximos anos, substituindo rapidamente os mapas convencionais em papel (analógicos), utilizados por séculos. A evolução dos sistemas digitais de registro iconográfico, em substituição aos analógicos em base de filme, começa a apontar, em futuro próximo, à processos de compilação cartográfica que poderão se desenvolver inteiramente em ambiente computacional, eliminando as custosas instalações de laboratórios fotográficos. Se faz oportuno ressaltar que estas inovações revelam a necessidade de se rever a base conceitual dos processos de produção cartográfica.

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 Texto de D. R. Lazzarotto. Fontes Consultadas: [Notas de aulas do curso Introdução ao Geoprocessamento, Módulo de Cartografia, de Brandalize, A., promovidos pela Sagres Editora Ltda.]; ["A comissão Nacional de Cartografia." Mello, M.P. - CONCAR / "Atualização Cartográfica com o uso de Ortofotos Digitais." Tavares, M.M. et. al.- UFPR. - Anais do GIS BRASIL 96, pag. 597 a 618.] e ["Geração De Carta Imagem Com Extração Direta De Informações Vetoriais". Olivas, M. Ufpr. / "Integração Topografia/GPS/Restituição Aerofotogramétrica." Marini, M.C. & Silva, E.F. – Itesp. – Anais do GIS BRASIL 98 – em CD-Rom.]

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Topografia (GISnificado etimológico da palavra = descrição do lugar)

Topografia é uma ciência aplicada, baseada na geometria e na trigonometria, de âmbito restrito. É um capítulo da Geodesia, que objetiva o estudo da forma e dimensões da Terra. O função da Topografia é representar, no papel, a configuração de uma porção de terreno, incluindo as benfeitorias que estão em sua superfície. Permite a representação, em planta, dos limites de uma propriedade, dos detalhes que estão em seu interior (cercas, construções, campos cultivados, córregos, vales, espigões, etc.). A Topografia pode descrever o relevo do solo com todas as suas elevações e depressões representadas através das curvas de nível. Isto permite conhecer a diferença de nível entre dois pontos, seja qual for a distância que os separa. Esta ciência determina o contorno, dimensão e posição relativa de uma porção limitada da superfície terrestre, sem levar em conta a esfericidade da Terra.A Topografia se incumbe da representação, por uma projeção ortogonal cotada, de todos os detalhes da configuração do solo. Esta projeção se faz sobre uma superfície de nível, isto é, normal à direção da gravidade. À imagem figurada nesta projeção dá-se o nome de planta topográfica. Aos métodos empregados para coleta de dados necessários ao traçado desta planta dá-se o nome de Topometria, que se subdivide em Planimetria e Altimetria ou Nivelamento.A Planimetria é a representação, em projeção horizontal, dos detalhes existentes na superfície. A Altimetria determina as cotas ou distâncias verticais de certos pontos referidos ao plano horizontal de projeção.

Figura1 1: Planimetria 

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Figuras 2 e 3: Altimetria A Importância da TopografiaAo se projetar qualquer obra de Engenharia, Arquitetura ou Agronomia, é necessário o levantamento topográfico do lugar onde a obra será implantada. Daí a importância da Topografia, que se incumbe do levantamento ou medição, que deverá ser precisa e adaptada ao terreno. Apenas a Topografia pode medir ou calcular distâncias horizontais e verticais, calcular ângulos horizontais e verticais com alta ou altíssima precisão, como medir distâncias horizontais com erro provável de 1 para 100.000, calcular altitudes com precisão de um décimo de milímetro ou ainda medir ângulos horizontais e verticais com precisão de um segundo sexagesimal.AplicaçõesMapeamento de pequenas áreas: a Topografia é o meio pelo qual se obtém as coordenadas planimétricas ou horizontais (X, Y) e as coordenadas altimétricas (Z), dos pontos tanto para o estabelecimento e controle da estrutura do reticulado (representação de algumas coordenadas) como das feições a serem mapeadas, e ainda dos vários pontos, no terreno, necessários para o desenho das curvas de nível.Edificações: com a topografia se faz o levantamento planialtimétrico do terreno, dado fundamental ao projeto. Em seguida faz-se a locação e durante a execução da obra, controlam-se as prumadas, os níveis e alinhamentos.Estradas (rodovias e ferrovias): a Topografia participa do reconhecimento, ajuda no anteprojeto, executa a linha de ensaio ou linha básica, faz e loca o projeto do traçado geométrico, projeta a terraplanagem; resolve o transporte de terra, controla a execução e pavimentação (infra-estrutura, no caso das ferrovias), colabora na sinalização, corrige falhas como curvas maltraçadas, etc.Barragens: a Topografia faz os levantamentos planialtimétricos, loca o projeto, determina o contorno da área inundada, controla a execução da obra monitorando problemas de prumadas, níveis e alinhamentos.Outras Obras: a Topografia é utilizada também em trabalhos de saneamento, água, esgoto, construção de pontes, viadutos, túneis, portos,

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canais, sistemas de irrigação, arruamentos e loteamentos, porém, sempre como um "meio" para atingir uma outra finalidade. Na Engenharia Mecânica, é indispensável na locação de bases de máquinas e nas montagens mecânicas de alta precisão. Na Engenharia Eletrotécnica é utilizada nas hidrelétricas, subestações e linhas de transmissão. A Topografia atua ainda nos levantamentos das galerias de mineração, ajuda nas partilhas de propriedades e, na Agricultura, nas curvas de nível.A Topografia deve ser entendida como uma importante prática dentro da Engenharia. Hoje, encontra-se em fase de transição quanto ao uso de equipamentos e técnicas de operação. O advento do sistema GPS (Global Posiotioning System) vem proporcionando verdadeiras revoluções nos métodos tradicionais. Porém, a modernização dos equipamentos de medição é muito bem-vinda pelo ganho incomparável em tempo e facilidade de operação. Apesar dos avanços tecnológicos surpreenderem até as mais arrojadas expectativas, nem todas as atividades podem se valer do sistema GPS. Existem situações em que as técnicas tradicionais de operação da Topografia estão e serão ainda por muito tempo preservadas. Texto de D. R. Lazzarotto. Fontes Consultadas: Curso de Topografia. Lélis Espartel. Ed. Globo. / Topografia aplicada à Engenharia Civil. Alberto de Campos Borges. Vol.1. Ed. Edgard Blücher Ltda.

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O GPS (Global Positioning System) é um sofisticado sistema eletrônico de navegação, baseado em uma rede de satélites que permite localização instantânea, em qualquer ponto da Terra, com uma precisão quase perfeita.

O sistema consiste basicamente de três partes: um complexo sistema de satélites orbitando ao redor da Terra, estações rastreadoras localizadas em diferentes pontos do globo terrestre e os receptores GPS nas mãos dos usuários.

Os Satélites GPSO sistema conta com 26 satélites orbitando a Terra a cerca de 20.000 km de altitude, em grupos de 6 planos orbitais, espaçados de 55 graus. Cada satélite tem um período útil de doze horas sobre o horizonte. Esse arranjo garante que, a qualquer momento, pelo menos 5 satélites estejam sobre o céu do receptor de um usuário em qualquer ponto do mundo. O posicionamento se faz com a recepção simultânea de pelo menos quatro satélites, de cujos sinais e mensagens se pode obter parâmetros e equações que permitem resolver as incógnitas X, Y, Z e T, ou seja, as três coordenadas espaciais (local da antena do usuário) e mais o Tempo (ou instante do sinal recebido).

As Estações RastreadorasO sistema de controle se dá por meio das estações rastreadoras. A estação principal localiza-se na cidade de Colorado Spring, no estado norte-americano do Colorado, mas existem mais cinco estações de monitoramento e recepção ao redor do planeta. Estas estações, por meio de sinais, acompanham e corrigem continuamente a trajetória dos satélites e a sincronização de seus relógios.

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As Antenas ReceptorasOs satélites artificiais, em órbitas terrestres perfeitamente conhecidas, transmitem continuamente sinais de rádio-freqüência, que podem ser captados pelas antenas receptoras dos usuários. Cada estação receptora é composta basicamente por antena, oscilador, circuito de recepção, memória e fonte de alimentação. Os receptores recebem e armazenam mensagens transmitidas pelos satélites, medem a distância do centro de fase da antena até cada um dos satélites captados, e a maioria deles calcula e apresenta as coordenadas do local em um sistema de referencia predefinido.Como FuncionaA maneira como o aparelho GPS fornece a posição é simples de ser compreendida. Diz a geometria esférica que a interseção entre quatro esferas define um único ponto. O sistema GPS simplesmente transporta este conceito para o planeta Terra. Cada satélite representa o centro de uma esfera, gerada pelo raio que corresponde à distância entre o satélite e o receptor. Os microprocessadores de um receptor GPS medem a distância que os separam dos satélites do sistema, estabelecendo assim os raios de que necessitam. Depois, os microprocessadores resolvem a equação resultante, ficando determinada a posição do usuário. Apesar dos métodos serem simples, a operação toda não é fácil de ser realizada na prática.

O ponto de partida é o conhecimento preciso da distância que separa o receptor dos satélites em órbita. A solução está baseada na equação velocidade x tempo = distância. Assim, a distância do satélite ao receptor será igual à velocidade do sinal emitido pelo satélite multiplicado pelo tempo que esse sinal gasta para chegar até o receptor. Uma vez que a velocidade do sinal é conhecida (sinais de rádio viajam na velocidade da luz, a aproximadamente 300 mil km/segundo), é preciso somente determinar o tempo gasto pelo sinal enviado do satélite ao receptor para calcular essa distância. Isto é possível graças aos relógios atômicos existentes em cada satélite, que emitem apurados sinais de tempo. Nos receptores estão embutidos relógios de quartzo, que aliados a recursos de softwares, completam o esquema.AplicaçõesEm campos profissionais são vastas as suas aplicações, principalmente naqueles que exigem grande precisão no estabelecimento de pontos geodésicos. Transportes /Deslocamentos – Para o transporte aéreo, marítimo ou terrestre em locais de difícil reconhecimento como é o caso de florestas ou desertos, são múltiplas as possibilidades do GPS, como traçar rotas, conhecer a distância real percorrida, estabelecer trajetos de ida e volta, marcar determinado local e retornar a ele a qualquer momento. No transporte terrestre, a rota pode ser monitorada continuamente durante a viagem. Na sede de uma transportadora, as posições dos veículos são conhecidas a qualquer momento e qualquer desvio ou desaparecimento do sinal pode ser entendido como possível acidente, roubo da carga ou até mesmo desobediência do motorista em manter-se na rota preestabelecida. Isto possibilita agilidade na tomada de decisão para as devidas providências cabíveis a cada situação. Nos Estados Unidos, empresas já trabalham com mapas digitais para automóveis

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sincronizados com GPS, de modo a permitir ao motorista verificar em uma tela de monitor o melhor caminho para o seu destino e ainda a posição instantânea do seu veículo no mapa exibido na tela. Área MilitarNa área militar, que na verdade foi onde nasceu a motivação para a implantação do sistema pelo Departamento de Defesa dos EUA, o GPS serve para navegação e orientação dos mísseis "inteligentes" até o alvo. A exemplo do que aconteceu na Guerra do Golfo, quando os americanos conseguiram cravar foguetes em tal andar de tal prédio em Bagdá. Sem dúvida, foi durante essa guerra, com a extrema precisão dos bombardeios, que o GPS provou sua eficácia. Poderíamos comparar a navegação dos foguetes e mísseis orientados pelo GPS rumo ao alvo, com o profissionalismo de um correio. Bastava programar o endereço (latitude, longitude e altitude), e pronto, esse "correio" mortífero levava sua encomenda, sob sol ou chuva, até o destinatário, ou melhor, até o alvo. Foi justamente por causa dessa capacidade de envios de "correspondências explosivas" que o Departamento de Estado norte-americano optou por embaralhar, de certa forma, os sinais GPS. Assim, com o uso de interferência proposital, denominada Selective Availability ou código S/A, as posições estabelecidas pelo GPS são degradadas, gerando erros aleatórios na freqüência dedicada ao uso civil. Deste modo, infelizmente, muitas das maravilhas do GPS ficam reservadas apenas aos militares norte-americanos. Mapeamento e GeoprocessamentoHoje, o uso do GPS é muito requisitado nos serviços de Mapeamento e Geoprocessamento, ou seja, na coleta de dados (coordenadas) de posicionamento dos diversos objetos a serem mapeados (analógicos ou digitais), como postes de redes elétricas, edificações em geral, limites de propriedades rurais, etc. Suas aplicações são intensas nos serviços de Cadastro e Manutenção que visam elaborar e monitorar cartas temáticas, assim como na captura de dados para Monitoramento Ambiental, Prevenção de Acidentes ou Ajuste de Bases Cartográficas distintas, especialmente se utilizadas em GIS. Esta afirmação baseia-se na característica do GIS que associa o posicionamento geográfico com informações alfanuméricas, permitindo integração, cruzamento e disponibilidade, através de diversos meios de armazenamento. Uma das características importantes de um GIS é a velocidade na manipulação, porém a obtenção de dados, depende dos sistemas de aquisição. O GPS nasceu para obter a posição geográfica de uma entidade (elemento da superfície da Terra) com velocidade e exatidão altas a ponto de provocar a maior revolução que a Geodesia (ciência que se ocupa das medições sobre a face da Terra) já experimentou. Assim, o uso do GPS em atividades de GIS veio a co-existir de forma cada vez mais interdependente. Exemplo prático desta associação benigna entre o GPS e o GIS pode-se citar o caso do mapeamento e cadastro de postes, onde não só o local ou coordenadas do poste devem ser obtidas, mas, também seus atributos como:

Identificação = Nº 123VK456;Material = Madeira;Condição = Boa;Cruzeta = 1;Voltagem = 33 kV;Inspeção = 12/2/98;Suportes = Nenhum;Isolamento = Vidro;Instalação = 9/10/74;Propriedade = LIGHT;Cor = Madeira;

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Outros = Nada;Transformador = Nenhum;Local = 37°23’27.125"N/122°02’15.683"W;etc.

Esta possibilidade oferecida pelo GPS, de armazenar também dados alfanuméricos em cada estação, tem extremo valor na coleta de dados para mapeamento. Incomparáveis são as vantagens sobre as técnicas utilizadas sem o uso do GPS, em termos de tempo, facilidade e confiabilidade na obtenção dos dados.Outras aplicações são possíveis, por exemplo, na locação de obras na construção civil, como estradas, barragens, pontes, túneis, etc. O GPS é um importante aliado nos serviços que exigem informações de posicionamento confiáveis, dada a rapidez e segurança nos dados que fornece.Antes do advento do GPS, para estas atividades o que se usava eram os equipamentos e técnicas da Topografia convencional, os quais, apesar de fornecerem bons resultados estão sendo gradativamente substituídos e/ou complementados (dependendo do caso) pelo GPS. O uso de equipamentos convencionais como teodolito, estação total, nível, trena, exige para estes serviços, muito mais tempo e portanto, maiores custos. Alguns casos atendidos pelo GPS são impossíveis através da Topografia, como o monitoramento contínuo de veículos (automóveis, aviões ou navios). Dentre muitas, outra grande vantagem do GPS é a não necessidade de intervisibilidade entre as estações.Lazer e EsportesO GPS é ainda muito utilizado nas atividades como navegação, pesca, alpinismo, exploração de caminhos ecológicos e pontos turísticos, etc. Para qualquer atividade que necessite conhecer a posição real do local, o GPS é um grande auxílio.  Texto de D. R. Lazzarotto. Fontes consultadas: GPS - Manual Prático. M. Dottori & R. Negraes – Ed. Fittipaldi. / Notas de aulas dos cursos providos pela Sagres Editora Ltda. – Autores: J. Bittencourt, P. Merege e L. Graça & C. Gilbert.

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Mais que uma definição, o texto a seguir engloba todo o conceito que deve ser entendido sobre o que é Sensoriamento Remoto, principalmente, quando do ponto de vista do usuário de imagens de satélite.

"Sensoriamento Remoto consiste na utilização conjunta de modernos instrumentos (sensores), equipamentos para processamento e transmissão de dados e plataformas (aéreas ou espaciais) para carregar tais instrumentos e equipamentos, com o objetivo de estudar o ambiente terrestre através do registro e da análise das interações entre a radiação eletromagnética e as substâncias componentes do planeta Terra, em suas mais diversas manifestações" (Novo, 1989)

Sensoriamento Remoto não é uma ciência, mas sim uma tecnologia, que depende de várias ciências, e tem seus avanços diretamente ligados aos avanços destas. O principal objetivo do Sensoriamento Remoto é expandir a percepção sensorial do ser humano, seja através da visão sinóptica (panorâmica) proporcional pela aquisição aérea ou espacial da informação, seja pela possibilidade de se obter informações em regiões do espectro eletromagnético inacessíveis à visão humana.

Como FuncionaOs sensores captam informações resultantes da interação da energia eletromagnética com os objetos e fenômenos (matéria) da superfície terrestre. Essa energia pode ser refletida, transmitida, absorvida ou emitida pela superfície e, a partir destas interações, derivar informações importantes sobre características físicas (dimensão, forma, temperatura, cor, etc.) e químicas (composição) dos alvos em estudo. A energia captada pelos sensores pode ser oriunda de uma fonte externa ao alvo (o Sol), interna (energia térmica própria dos alvos), ou ainda proveniente do próprio sensor (pulsos de microondas).O Sensoriamento Remoto pode ser visto como um sistema de aquisição de informações, que pode ser dividido em dois grandes subsistemas:

1. Subsistema de coleta de dados de Sensoriamento Remoto 2. Subsistema de análise de dados de Sensoriamento Remoto

O subsistema de coleta de dados, por sua vez, tem duas funções principais:a. detecção da radiação proveniente da superfície; b. transformação da radiação (energia), para posterior transmissão e

registro. A detecção da radiação depende de certos requisitos. Em primeiro lugar, deve haver uma fonte (1) de radiação eletromagnética. Essa radiação deve se propagar pela atmosfera (2) (ou pelo meio físico entre a fonte e o objeto observado) até atingir a superfície terrestre (3) (ou o objeto observado). Ao atingir a superfície terrestre sofrerá interações, produzindo uma radiação de retorno. Tal radiação se propagará pela atmosfera (4) (ou pelo meio físico entre o objeto observado e o sensor), atingindo o sensor (5). O que chega até o sensor é uma certa intensidade de energia eletromagnética (radiação) que será posteriormente transformada em um sinal (6) passível de interpretação (7).

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A título de exemplo, apresenta-se abaixo um paralelo com uma máquina fotográfica. O sensor é a máquina fotográfica e o detector é a emulsão fotográfica. A fonte de energia pode ser o Sol (ou uma lâmpada) e o alvo pode ser uma pessoa (ou uma região da superfície da Terra). O meio de propagação da energia entre a fonte e o alvo é o ar (atmosfera), bem como é o meio de propagação entre o alvo e o sensor. Para que a energia captada pelo sensor se transforme num sinal passível de interpretação é necessário que o filme seja revelado. Então deve-se gerar cópias em papel que serão interpretadas para obtenção de informações sobre o alvo (objeto de estudo). Veja tabela abaixo:

ComponenteExemplo da Máquina Fotográfica

1 - Fonte Sol (ou qualquer outra fonte luminosa como uma lâmpada por exemplo)

2 - Meio 1Ar (atmosfera)

3 - AlvoPessoa (ou região da superfície da Terra)

4 - Meio 2Ar (atmosfera)

5 - SensorMáquina fotográfica

6 - ProcessadorAparelhos do laboratório de revelação

7 - AnalistaPessoa que observa (analisa) a foto

O subsistema de análise de dados (registro da radiação transformada) encerra uma grande variedade de funções, das quais pode-se destacar:I - pré-processamento (correções radiométrica e geométrica);II - processamento de realce (filtros e manipulações de histogramas);III - fotointerpretação;IV - interpretação automática;V - modelagem.As Imagens de Sensoriamento RemotoAs imagens de Sensoriamento Remoto são constituídas por um arranjo de elementos sob a forma de uma malha, "grid" ou matriz. Cada elemento (cela) desta matriz tem sua localização definida com um sistema de coordenadas do tipo "coluna e linha", representados por "x" e "y", respectivamente. O nome dado a esses elementos é "pixel", derivado do inglês "picture element". Para um mesmo sensor remoto, cada pixel

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corresponde sempre a uma área com as mesmas dimensões na superfície da Terra. Cada pixel possui também um atributo numérico "z", que indica o nível de cinza representando a intensidade da energia eletromagnética medida pelo sensor, para a área da superfície terrestre correspondente.

Uma imagem digital pode então ser vista como uma matriz, de dimensões "x" colunas por "y" linhas, com cada elemento possuindo um atributo "z" (nível de cinza). O sistema Landsat por exemplo, gera imagens de 6.550 x 6.550 elementos, o que GISnifica mais de 42 milhões de pixels para cada imagem.O termo resolução em Sensoriamento Remoto pode se desbobrar em quatro diferentes (e independentes) parâmetros: resolução espacial, resolução espectral, resolução radiométrica e resolução temporal.A Resolução Espacial é definida pela capacidade do sistema sensor em "enxergar" objetos na superfície terrestre; quanto menor o objeto possível de ser visto, maior a resolução espacial. Esta resolução está diretamente relacionada com o tamanho do pixel, ou seja, uma determinada quantia em metros quadrados de área no terreno que o sensor é capaz de registrar.A Resolução Espectral é um conceito inerente às imagens multiespectrais de Sensoriamento Remoto. É definida pelo número de bandas espectrais de um sistema sensor e pela largura do intervalo de comprimento de onda coberto por cada banda. Quanto maior o número de bandas e menor a largura do intervalo, maior é a resolução espectral de um sensor. O conceito de banda, pode ser exemplificado através de fotografias, onde as imagens branco-e-preto tratam-se de apenas uma banda espectral, e as coloridas, de três bandas espectrais: vermelha, azul e verde.A Resolução Radiométrica é dada pelo número de níveis digitais, representando níveis de cinza, usados para expressar os dados coletados pelo sensor. Quanto maior o número de níveis, maior é a resolução radiométrica.

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A Resolução Temporal está relacionada com a repetitividade de observação do sensor numa mesma área da superfície terrestre. O Landsat por exemplo possui uma repetitividade de 16 dias, ou seja, passa a cada 16 dias imageando a mesma área.AplicaçõesAs imagens de satélites estão sendo cada vez mais utilizadas em qualquer atividade que de alguma forma envolve o conhecimento do revestimento do solo a nível regional. Com o advento dos dados de imagens de alta resolução de satélites como o Landsat Thematic Mapper (TM) e Spot High Resolution (HRV), estudos são realizados para acessar o potencial das técnicas de processamento digital de imagens para mapear, monitorar e planejar.

Análise e Monitoramento do Uso da TerraO conhecimento atualizado da distribuição e área ocupada pela agricultura, vegetação natural, áreas urbanas e edificadas, bem como informações sobre as proporções das mudanças, se tornam cada vez mais necessárias a legisladores e planejadores. Informações atualizadas de uso e revestimento da terra podem ser úteis no inventário de recursos naturais, controle de inundações, identificação de áreas com processos erosivos avançados, avaliação de impactos ambientais, formulação de políticas econômicas, etc.O levantamento do uso da terra em determinada região tornou-se um item fundamental na compreensão de padrões de organização do meio ambiente. Assim, existe a necessidade de atualização constante dos registros de uso do solo para análise de tendências. Neste contexto, o Sensoriamento Remoto é uma técnica bastante útil. Permite obter, em curto prazo, grande quantidade de informação sobre registros de uso da terra.AgriculturaO Sensoriamento Remoto na Agricultura pode se aplicar às atividades de levantamento e caracterização de solos ou identificação e mapeamento de culturas.Informações confiáveis sobre os tipos de culturas instaladas, área plantada e distribuição espacial, são fundamentais na tomada de decisões para o planejamento, definição de prioridades e liberação de financiamento pelos setores públicos ou privados envolvidos na agricultura. O Sensoriamento Remoto fornece estes dados atualizados e a custo relativamente baixo.FlorestaO Sensoriamento Remoto fornece diversas aplicações com relação a estudos florestais, como por exemplo: Inventário Florestal, Prevenção de Incêndios Florestais, Locação de Estradas, Identificação de Extratos e Tipologias Florestais.

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Geologia e GeomorfologiaNa Geologia as aplicações de Sensoriamento Remoto podem ser classificadas em dois grupos: mapeamento geológico básico e pesquisa mineral.A Geomorfologia estuda os reflexos da atividade antrópica sobre a estabilidade dos sistemas de formas de relevo.Tanto a Geologia com a Geomorfologia são ciências muito beneficiadas pelas técnicas de Sensoriamento Remoto, já que as feições estudadas são geralmente de grandes dimensões. Uma visão global e circunstanciada do ambiente torna o estudo mais fácil e preciso. Além disso, para o reconhecimento de formas, o Sensoriamento Remoto usa técnicas que permitem a visão tridimensional do terreno.Planejamento Municipal e RegionalNo planejamento municipal e regional pode-se citar algumas aplicações nos campos de levantamento, mapeamento e monitoramento de: uso e ocupação atual e multitemporal do solo urbano e rural, estradas, acessos, ferrovias, linhas de alta tensão, bem como áreas adjacentes, mananciais de abastecimento e qualidade da água.Ainda, com a finalidade de suporte e apoio, pode-se citar: planos diretores de desenvolvimento integrado, elaboração e atualização de cadastros técnicos urbanos e rurais, manejo integrado de bacias hidrográficas e programas de saneamento ambiental.Recursos HídricosAtualmente os dados de Sensoriamento Remoto são incorporados ao estudo de recursos hídricos de três formas:

a. análise qualitativa de imagens e fotografias aéreas, que permite a identificação de alterações locais na cor e no volume de água de rios e reservatórios.

b. Mapeamento de superfícies líquidas, identificação de sistemas de falhas, fraturas.

c. Análise quantitativa, que permite o estabelecimento de modelos que relacionam medidas pontuais a propriedades espectrais da água.

Tendências FuturasO Sensoriamento Remoto orbital completou 25 anos em 1997. O marco inicial é representado pelo lançamento do sensor Multispectral Scanner (MSS), a bordo do Landsat-1.A futura geração de sensores busca oferecer maiores opções em termos de informações precisas, representativas dos fenômenos e objetos superficiais e, principalmente, que cheguem rapidamente às mãos dos usuários. Neste sentido pode-se citar as seguintes tendências:

Sistemas com maior resolução espacial: Hoje limitada aos 10 metros do Spot-Pan e, mais recentemente, aos 5 metros do IRS-1C-Pan, essa resolução deverá ser aumentada para 3 e 1 metro nos próximos 2 anos. As imagens com essas características atenderão aos mercados de planejamento urbano (AM/FM, LIS), Cartografia e Ortofotogrametria digitais, logística civil e militar, etc.

Sistemas com maior resolução espectral: Hoje a maior resolução espectral

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disponível é a de 7 bandas, do Landsat. Com o lançamento do Aster (Japão – EUA), as mesmas faixas do Espectro Eletromagnético deverão ser cobertas por 14 bandas.

Regiões ainda pouco exploradas do Espectro Eletromagnético deverão ser cobertas por novos sensores, destacando-se o infravermelho termal e as microondas.

O tempo decorrido entre a aquisição dos dados pelo sensor orbital e a entrega ao usuário final deverá diminuir consideravelmente, através de novos canais de distribuição, como a Internet e os canais de grande largura de bandas para transmissão dos dados.

Outro aspecto importante é o uso integrado de imagens de Sensoriamento Remoto com informações auxiliares num GIS (Sistema de Informação Geográfica), proporcionando mais refino na interpretação de um determinado tema. A vantagem do uso integrado das informações, para corrigir, atualizar e manter bases de dados cartográficos e Sistemas de Informação Geográfica, vêm sendo amplamente demonstrada nos últimos anos. Dados provenientes de Sensoriamento Remoto são e certamente continuarão sendo a maior fonte de dados para muitos Sistemas de Informação Geográfica, e cada vez mais estarão gerando informações atualizadas e precisas, com rapidez e eficiência. Texto de D. R. Lazzarotto. Fontes consultadas: Notas de aulas dos cursos promovidos pela Sagres Editora Ltda.: a) Curso de Fundamentos de Sensoriamento Remoto, de Antônio Machado e Silva; b) Curso de Introdução ao Geoprocessamento – módulo: Sensoriamento Remoto, de Dirley Schmidlin,. / Artigo Sensoriamento Remoto de Álvaro P. Crósta & Carlos Roberto de Souza Filho do Anuário FATOR GIS97, p.C-10 à C-21.