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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP Fabiano Fernandes Martins MARKETING DE RELACIONAMENTO NO FUTEBOL: O PROGRAMA SÓCIO-TORCEDOR DO SPORT CLUB CORINTHIANS PAULISTA MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO SÃO PAULO 2016

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

PUC - SP

Fabiano Fernandes Martins

MARKETING DE RELACIONAMENTO NO FUTEBOL:

O PROGRAMA SÓCIO-TORCEDOR DO

SPORT CLUB CORINTHIANS PAULISTA

MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO

SÃO PAULO

2016

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

PUC - SP

Fabiano Fernandes Martins

MARKETING DE RELACIONAMENTO NO FUTEBOL:

O PROGRAMA SÓCIO-TORCEDOR DO

SPORT CLUB CORINTHIANS PAULISTA

MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO

Dissertação apresentada à Banca

Examinadora como exigência para

obtenção do título de MESTRE em

Administração pela Pontifícia

Universidade Católica de São Paulo,

sob orientação do Prof. Doutor

Alexandre Luzzi Las Casas.

SÃO PAULO

2016

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BANCA EXAMINADORA

__________________________________________

__________________________________________

__________________________________________

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AGRADECIMENTOS

À minha esposa Joice e ao meu filho Igor, pelo amor, compreensão, apoio e

estímulo, fundamentais para a realização deste trabalho.

Aos meus pais, pelo carinho e confiança que sempre me transmitiram em todos

os momentos de minha vida.

Ao Professor Alexandre Luzzi Las Casas, orientador e amigo, pela atenção,

empenho e dedicação.

Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Administração da

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, pela contribuição, através de

seus conhecimentos, durante o transcorrer do curso.

A todos aqueles que, direta ou indiretamente, contribuíram para a execução

desse estudo, meu muito obrigado.

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RESUMO

A importância cultural e socioeconômica do futebol no país é retratada no

cotidiano dos brasileiros. A exposição do esporte tem grande espaço em todas

as formas de comunicação e tem sido parceira estratégica para transmitir as

mensagens das mais diversas empresas. Nesse contexto, a demanda pelo

marketing esportivo tem crescido a cada ano, e o futebol, se tornado um

grande protagonista. Contudo, as entidades esportivas precisam cada vez mais

de receitas para continuar fazendo do futebol um entretenimento, um evento e

uma prática esportiva atraente. É nesse momento que o marketing de

relacionamento, através dos programas de sócio-torcedores, revela-se um

grande aliado. Por meio de um estudo de caso do programa de relacionamento

e fidelização do Sport Club Corinthians Paulista, denominado Fiel Torcedor,

revelou-se que o programa sócio-torcedor cria diferenciação, fideliza e fortalece

a marca esportiva, tornando-se um poderoso meio de transformação do

torcedor em consumidor.

Palavras-chave: Marketing esportivo; Marketing de relacionamento; Sócio

torcedor; Corinthians.

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ABSTRACT

The cultural and socio-economic importance of football in the country is

portrayed in the Brazilian daily. The sport exhibition has great space in all forms

of communication and has been a strategic partner to transmit the messages

from different companies. In this context, the demand for sports marketing has

grown each year and football has become a major player. However, sports

organizations increasingly need of revenue to keep doing football

entertainment, an event and an attractive sport. This is the moment where

relationship marketing, through partner programs fans, reveals a great ally.

Through a case study of the relationship and loyalty program of the Sport Club

Corinthians Paulista, called Faithful Fan, it was revealed that the socio fan

program creates differentiation, loyalty and strengthens the sports brand,

becoming a powerful means of consumer supporter transformation.

Key-words: Sports marketing, relationship marketing; partner fan; Corinthians.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................... 8

Justificativa ....................................................................................................... 11

Metodologia ...................................................................................................... 13

Protocolo do Estudo de Caso ........................................................................... 16

1. MARKETING ESPORTIVO .......................................................................... 18

1.1 A demanda por marketing esportivo ....................................................... 20

1.2 Produtos e clientes do esporte ................................................................ 21

1.3 Fontes de receita (ativos) do Marketing Esportivo ................................. 22

1.3.1 Patrocínio .......................................................................................... 23

1.3.2 Licenciamento e Varejo .................................................................... 25

1.3.3 Direitos de Mídia ............................................................................... 26

1.3.4 Arenas Esportivas ............................................................................. 28

1.4 Marketing Mix do Esporte........................................................................ 30

2. MARKETING DE RELACIONAMENTO ....................................................... 35

2.1 CRM (Customer Relationship Management) ........................................... 41

2.2 Comportamento do Consumidor ............................................................. 43

2.3 Fidelização .............................................................................................. 48

2.3.1 A importância do programa de fidelidade para empresa .................. 52

3. ESTUDO DE CASO ..................................................................................... 59

3.1 Administração ......................................................................................... 63

3.2 Marketing no Corinthians ........................................................................ 66

3.3 Fiel Torcedor ........................................................................................... 78

3.4 Análise do caso ....................................................................................... 82

CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 89

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 92

ANEXO I – Entrevista de Profundidade.......................................................... 102

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INTRODUÇÃO

O Futebol no Brasil é mais que um esporte, é uma manifestação cultural

presente no cotidiano dos brasileiros que permeia relações sociais e

econômicas. Sua representatividade pode ser evidenciada no vínculo criado

entre o país e o esporte, o que faz deste um dos divulgadores da identidade

brasileira no contexto internacional. Desde a realização da primeira partida

organizada por Charles Muller em nosso território, ainda no século XIX,

passando pela transformação de um esporte elitizado para um fenômeno

popular, sua extensão, há muito tempo, ultrapassa o ambiente do jogo e já

envolve uma estrutura capitalista que movimenta somas financeiras vultosas.

Apesar do grande potencial de negócio, o futebol brasileiro, do ponto de vista

organizacional e econômico, não correspondeu ao sucesso dos gramados ao

longo de sua história. Segundo Helal (1997), um modelo que privilegiava o

amadorismo, com a ingerência dos dirigentes e as relações políticas

sobressaltadas à racionalização da administração, troca de favores,

paternalismo e compensação, deixaram o futebol brasileiro em um grande

atraso comparado a outros mercados esportivos. Tal cenário trouxe um ciclo

vicioso que começa no êxodo de nossos craques, na falta de interesse do

público, que passa pela queda na qualidade do espetáculo, diminuição do

número de torcedores nos estádios, além da consequente queda das receitas

dos clubes, que encontraram na venda dos jogadores a principal fonte de renda

para sobreviver. Na mesma linha, Fagundes et al (2012) concorda que a falta de

gestão profissional com a perpetuação de dirigentes amadores diante das ligas

instaladas no país atrapalhou a evolução do esporte do ponto de vista negocial.

Em razão disso, uma nova legislação se apresentou como solução, a Lei

Pelé, de 24/03/98, criada principalmente para tentar resolver o problema do

amadorismo na administração do futebol, propôs modelo de Clube-Empresa,

cuja ideia central estava na necessidade da profissionalização do esporte,

impondo mudanças para adequação a sua nova realidade mercantil. Conforme

Silva e Campos Filho (2006), a extinção do passe proposta por tal Lei

influenciou diretamente na geração de receita dos clubes, porque tornou as

transferências de jogadores limitadas ao período do respectivo vínculo

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trabalhista, evidenciando a necessidade de buscar novas soluções para

geração de caixa.

Nesse contexto, os clubes brasileiros começaram a perceber a

importância do marketing como alternativa para sua sobrevivência. Para se

destacar diante dos concorrentes é imprescindível criar novas fontes de

receitas e investir na qualidade do esporte apresentado (FLEURY,

ALEJANDRO e FELDMAN, 2014). Aproximar e entender os desejos de seus

clientes, assim como elaborar estratégias bem definidas ao invés de ações

pautadas em oportunidades momentâneas sem orientação definidas torna-se

cada vez mais necessário (PROHMANN, 2003).

A crescente modernização dos meios de comunicação cada vez mais

expõe o futebol como uma vitrine mercadológica de grande alcance. Para se

ter uma ideia, o montante gasto com patrocínio ao futebol por grandes

multinacionais no mundo inteiro já ultrapassou a marca recorde de US$ 4,5

bilhões, segundo dados da consultoria IFM Sports Marketing (2013), o que

seria suficiente para ter construído os estádios da Copa do Mundo de 2014 no

Brasil em um ano1. Dados da Pluri Consultoria (2014) apontam que a taxa

anual de crescimento do PIB no esporte no Brasil, de 2007 a 2011, foi de 7,1%,

muito acima dos 4,2% do PIB total. Em 2012, a participação do setor esportivo

na economia foi de 1,6% do PIB, estimando-se um valor de até 1,9% para

2016, ano das olimpíadas. Deste primeiro montante, o futebol participou com

53%, ou seja, 0,8% do PIB brasileiro (R$ 36 bilhões), um valor equivalente ao

tamanho da economia do Paraguai naquele ano.

Pesquisa realizada em 2013, pela consultoria Deloitte, mostrou que a

renda do futebol brasileiro teve um crescimento três vezes superior ao da

Europa e que o campeonato nacional já é a sexta liga mais rica do mundo e a

maior fora da Europa2. Em um estudo de 2011, a Deloitte, com o intuito de

analisar e ter um panorama geral do interesse e da prática de esportes pelos

brasileiros constatou que o futebol dentre uma grande variedade de

modalidades abordadas, é o favorito mais praticado e disseminado, com 65,8%

do total das horas de transmissão esportiva na televisão3.

1 Matéria do caderno Economia e Negócios do site Estadao.com.br. (Ver CHADE, 2013a).

2 Matéria do caderno Economia e Negócios do site Estadao.com.br. (Ver CHADE, 2013b).

3 Pesquisa da Consultoria Deloitte (2011). (Ver DELOITTE, 2011).

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Esses números apontam um mercado em expansão e evidencia um

grande potencial de uso do marketing esportivo para o cumprimento de seus

objetivos que, de acordo com Gracioso (1995), são: reforçar e projetar a

imagem institucional ou corporativa de empresas ou instituições, associar

vantagens competitivas a um determinado produto e valorizar ao mesmo tempo

a projeção institucional e a marca.

A profissionalização da gestão dos clubes passa primeiramente pela

formação de uma estrutura que suportará a criação de um time competitivo que

será essencial para o sucesso das ações de marketing. A atuação nos gramados

passa por uma boa formação de atletas que demanda bons centros de treinamento,

áreas médica, administrativa, nutrição, assessoria de imprensa, setor administrativo

e um bom departamento de futebol. Zenone (2014, p. 8) afirma que:

Tratando de forma mercadológica, esses profissionais

contribuem para formação de um dos diversos “produtos” do

futebol. Sabe-se que o produto bem projetado e administrado

gera receitas para as organizações, e, no caso do futebol, para

os clubes, empresários, patrocinadores, parceiros, mídias, ou

seja, todos os envolvidos no mercado da bola.

Com a criação de um bom espetáculo e entretenimento, abre-se uma

gama de oportunidade de negócios a ser explorada pelo marketing. O sucesso

em campo trará a visibilidade para a conquista de altos contratos de patrocínio,

a venda de quotas de transmissão de jogos para emissoras de televisão,

aumento do público nos estádios e, consequentemente, melhor exploração

comercial. Isso tudo viabilizará parcerias, licenciamento do uso da marca do

clube em diversos produtos, além da criação de franquias, fornecendo, ao

clube, a oportunidade de estreitar seu relacionamento com o torcedor por meio

dos programas sócio-torcedores, o qual será o objeto desse estudo.

Há várias formas de relacionamento do clube de futebol com seu

torcedor, que pode ir ao estádio assistir aos jogos, comprar produtos

(camisetas, bandeiras, bolas etc.) nas lojas do clube, tornar-se sócio,

influenciar, indiretamente, outras pessoas (especialmente, crianças e jovens) a

torcerem pelo mesmo time ou, ainda, pode dizer coisas positivas sobre o clube

(ESPARTEL, MULLER NETO e POMPIANI, 2009). Assim, muitos clubes

brasileiros buscaram estreitar o vínculo com seus consumidores, implantando

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programas de relacionamento. Nesse sistema, denominado sócio-torcedor, o

clube oferece uma série de vantagens para seus torcedores com o intuito de

garantir maior rentabilidade advinda das mensalidades e do aumento da

arrecadação com o público nos estádios. Para esses consumidores, há preferência

na compra de ingressos, preços mais baixos e outros benefícios, como espaços

reservados no site do clube, revistas mensais, etc. Recentemente uma parceria

entre grandes empresas e os clubes de futebol criou o movimento para um futebol

melhor. O programa tem como objetivo alavancar os programas de sócio-torcedor

dos clubes no Brasil, por meio do oferecimento de descontos em produtos e

serviços de diversas marcas aos participantes.

Contudo, este estudo parte das seguintes indagações: como o marketing

de relacionamento, por meio do programa sócio-torcedor, contribui para

fidelizar a marca do clube de futebol? Como este pode contribuir para as outras

ações de marketing do clube?

Objetivo geral

O objetivo geral desta pesquisa é avaliar a contribuição do marketing de

relacionamento no desenvolvimento de programas sócio-torcedores dos clubes

de futebol.

Objetivos específicos

Como objetivos específicos o estudo visa a:

1) Demonstrar como o clube, neste caso o Sport Club Corinthians

Paulista, está usando o programa sócio-torcedor para criar fidelidade

a sua marca.

2) Verificar a contribuição do programa sócio-torcedor na transformação

de torcedores em potenciais consumidores.

3) Entender como o programa sócio-torcedor contribui para

potencializar as outras frentes de marketing do clube.

Justificativa

O marketing de relacionamento e fidelização no âmbito do futebol

conseguiu um amplo sucesso mercadológico na Europa. Clubes como

Barcelona, Benfica e Real Madrid são exemplos práticos de como explorar a

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paixão de seus torcedores oferecendo a eles uma gama de produtos e serviços

para materialização de seus sentimentos através do consumo.

No Brasil, atualmente, os programas de sócio-torcedores tornam-se uma

realidade, ainda que tardia. A percepção que os clubes tiveram em relação ao

potencial desses sistemas para aumento das receitas incube suas gestões de

marketing de um grande desafio. O Sport Club Internacional (Inter), desde

2013, já ultrapassou a marca de 100 mil associados. Com a reforma de seu

estádio, o clube apostou no modelo sócio torcedor para melhorar sua média de

público. Com maiores investimentos em infraestrutura, pessoas e um apelo que

cobra o engajamento do torcedor, o marketing do Inter tem sido referência

nacional no mercado esportivo.

Outro exemplo nacional é da Sociedade Esportiva Palmeiras que, desde

o término da construção de seu novo estádio, o Allianz Park, em 2014, criou o

programa sócio torcedor denominado Avanti que não para de crescer. Com um

formato de uma arena multiuso preparada para receber eventos esportivos,

entretenimentos e eventos corporativos, o estádio foi grande impulso para

trazer de volta torcedores desestimulados, além de conquistar um novo público,

aquele que procura um diferencial para sentir-se motivado a assistir o time.

Assim, o marketing esportivo e de relacionamento tem utilizado o

modelo sócio-torcedor para viabilizar um projeto de modernização no futebol

brasileiro. O sucesso do futebol, como entretenimento e negócio, passa pelo

melhor entendimento de seu público, de como conquistá-lo e mantê-lo como

parceiro.

Em uma pesquisa bibliográfica de 2012, verificou-se uma carência de

trabalhos científicos sobre marketing nos esportes, incluindo publicações sobre

esse tema nos principais periódicos e eventos do meio no Brasil. Nesse

levantamento, constatou-se que apenas vinte três trabalhos foram publicados

sobre o assunto entre 1994 a 2011, dos quais 65%, entre 2005 a 2011,

revelaram crescente interesse no tema (FAGUNDES, et al, 2012).

Um recente estudo de Fleury et al (2013) sobre estratégias de

relacionamento entre clubes e torcedores de futebol investigou a relação entre

fidelidade do consumidor e a frequência de compras de produtos oficiais dos

clubes. A pesquisa utilizou a ida ao estádio como o alicerce estrutural para se

trabalhar o conceito de fidelidade e revelou que há uma relação positiva entre o

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comparecimento do torcedor às partidas e os gastos médios deles com os

produtos relacionados ao time de futebol.

Outro artigo de Cardoso e Silveira, publicado em 2014, fizeram uma

pesquisa qualitativa sobre importância do sócio-torcedor como estratégia de

inovação para aumentar as receitas dos clubes de futebol no país. Os

resultados mostraram a diminuição do impacto das oscilações de receitas com

bilheterias na maioria dos clubes que implementaram o programa, mesmo em

anos em que o desempenho esportivo ficou aquém do esperado.

Outros trabalhos abordam a importância do marketing esportivo no que

diz respeito aos benefícios que ele pode trazer às instituições que procuram

divulgar suas marcas através do esporte (SILVA e CAMPOS FILHO, 2006;

DIAS et al, 2009; WANG e KAPLANIDOU, 2013).

Enfim, percebe-se uma carência de trabalhos especificamente sobre o

tema marketing de relacionamento no âmbito dos esportes. Por essa razão,

essa pesquisa procura entender a contribuição do programa sócio-torcedor na

conquista e fidelização de torcedores e como ele pode se tornar protagonista

nas estratégias gerenciais dos clubes pelo potencial estreitamento do torcedor

com a marca esportiva.

Metodologia

Trata-se de uma pesquisa exploratória através de um estudo de caso.

Para a realização da análise, utilizou-se uma abordagem qualitativa para

interpretação do fenômeno estudado.

Conforme Gil (2007), as pesquisas exploratórias têm como finalidade

principal desenvolver, esclarecer e modificar conceitos, objetivando a

formulação de problemas mais precisos ou hipóteses pesquisáveis para

estudos posteriores. Constituem de levantamentos bibliográficos e

documentais, entrevistas e estudos de caso.

Para Severino (2007), levantar informações de um determinado objeto,

mapear suas condições de manifestação, dentro de um campo de trabalho

delimitado, é a função da pesquisa exploratória.

Segundo Maanen (1979), a abordagem qualitativa engloba várias

técnicas interpretativas que visam a descrever, traduzir e expressar o sentido

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dos fenômenos do mundo social. Assim, parte-se da suposição de que em

fenômenos singulares e dotados de certo grau de ambiguidade seja mais

apropriado empregar um método que busque reduzir a distância entre indicador

e indicado, entre teoria e dados, entre contexto e ação.

Neves (1996, p. 2) contribui com a caracterização da pesquisa

qualitativa:

Em certa medida, os métodos qualitativos se assemelham a

procedimentos de interpretação dos fenômenos que

empregamos no nosso dia-a-dia, que têm a mesma natureza

dos dados que o pesquisador qualitativo emprega em sua

pesquisa. Tanto em um como em outro caso, trata-se de dados

simbólicos, situados em determinado contexto; revelam parte

da realidade ao mesmo tempo que escondem outra parte.

De acordo com Gil (2007), o estudo de caso é caracterizado por um

estudo aprofundado e detalhado de um ou poucos objetos para permitir um

amplo conhecimento, sendo cada vez mais usado por pesquisadores sociais,

pois permite:

a. explorar situações da vida real sem limites visivelmente definidos;

b. descrever a situação de acordo com o contexto no qual se está

realizando a pesquisa;

c. explicar variáveis causais de um determinado fenômeno em

situações que não são possíveis experimentos.

Na mesma vertente, Yin (2001) afirma que a importância do estudo de

caso ocorre quando o objeto pesquisado é amplo e complexo, não podendo ser

estudado fora do contexto em que ocorre naturalmente. Trata-se de estudo

empírico de investigação que tem grande utilidade quando não há uma

definição clara das fronteiras entre o fenômeno e o contexto.

Porém, o mesmo autor descreve alguns pontos fracos que devem ser

observados na elaboração do estudo de caso:

1) falta de rigor metodológico: a falta de definição de procedimentos

metodológicos rígidos pode acarretar coletas de dados carregada de

vieses.

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2) dificuldade de generalização: um único caso, ou mesmo, alguns

casos podem não ser suficientes para uma inferência mais geral.

3) tempo destinado à pesquisa: alegação que o tempo tomado em um

estudo de caso é longo em relação ao resultados, muitas vezes,

pouco consistentes.

No entanto, o objetivo do estudo de caso não é trazer certezas

estatísticas sobre as características de uma população, mas sim expandir

proposições teóricas.

Segundo Yin (2001) seis são as fontes de evidências para o estudo de

caso: documentos, registros em arquivos, entrevistas, observação direta,

observação participante e artefatos físicos. De acordo com os princípios que

determinam um bom estudo de caso, o mesmo autor ressalta a importância do

uso de duas ou mais fontes de evidências.

Nesse sentido, além da pesquisa bibliográfica, serão utilizados materiais

amplamente divulgados sobre as ações de marketing do Corinthians,

principalmente sobre seus programas de relacionamento, denominados Fiel

Torcedor e República Popular do Corinthians, estudos produzidos por

consultorias especializadas em marketing no futebol e notícias do meio

esportivo.

Com objetivo complementar, a entrevista também será utilizada no

trabalho. Yin (2001) aponta essa fonte de informações como uma das mais

importantes para o estudo de caso, pois pode fornecer subsídios para

interpretações esclarecedoras de uma determinada situação. Malhotra et al

(2005) ressaltam que o objetivo das entrevistas com profundidade é encontrar

questões implícitas que podem não ser compartilhadas em um ambiente em

grupo. Dessa forma, é conduzida uma investigação substancial para trazer à

luz os motivos básicos, as crenças e atitudes.

Diante do exposto, o trabalho será estruturado em três capítulos, além

da introdução e as considerações finais.

No primeiro capítulo são tratados os conceitos de marketing esportivo e

as vantagens negociais que ele propicia a clubes, a empresas e a diferentes

formas de seu uso no ambiente do futebol brasileiro.

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No segundo capítulo, sobre marketing de relacionamento, procura-se a

exposição da evolução das técnicas de marketing que visam a estreitar o

relacionamento com o consumidor e conquistar sua fidelidade.

O estudo de caso acerca do marketing de relacionamento no Sport Club

Corinthians Paulista é o fio condutor do terceiro capítulo, no qual se tem o

objetivo de demonstrar quais são as ações de marketing que o clube tem

implementado para estreitar seu vínculo com sua torcida, bem como qual sua

efetividade na transformação de torcedores em consumidores potenciais,

utilizando-se como referência a teoria pesquisada e a entrevista de profundidade.

Nas considerações finais, são apresentados os argumentos que

justificam a importância do modelo sócio-torcedor como um grande aliado na

realidade atual do futebol brasileiro. Tratar o torcedor como cliente, prestando-

lhe um serviço de qualidade, impulsionam as receitas do clube e traz fidelidade

a sua marca.

Protocolo do Estudo de Caso

Segundo Yin (2001), o protocolo do estudo de caso contém os

procedimentos e as regras gerais que servirão como guia ao investigador

durante suas atividades, com a função de aumentar a confiabilidade da

pesquisa. No quadro 1, seguem as seções que devem conter o protocolo de

estudo do caso.

Quadro 1 – Protocolo do Estudo de Caso

Visão geral do projeto do estudo de caso

(objetivos e patrocínios, questões do estudo de

caso e leituras importantes sobre o tópico que

está sendo investigado).

Importância social e cultural do futebol no

Brasil.

Potencial uso das marcas esportivas para

aumentar a lucratividade dos clubes de

futebol.

Utilização do marketing de relacionamento

como estratégia de diferenciação e criação

de valor para os clientes dos eventos e

produtos ligados ao futebol brasileiro.

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Procedimentos de campo (credenciais e

acesso aos locais do estudo de caso, fontes

gerais de informações e advertências de

procedimentos).

Levantamento bibliográfico sobre marketing

esportivo e marketing de relacionamento.

Pesquisa sobre o Sport Club Corinthians

Paulista e seus programas Fiel Torcedor

(programa sócio-torcedor criado em 2008) e

República Popular do Corinthians (Programa

de fidelidade e recompensas para associados

do Fiel Torcedor, criado em 2010).

Entrevista de profundidade com o gestor do

programa Fiel Torcedor.

Questões do estudo de caso (questões

específicas que o pesquisador deve ter em

mente ao coletar os dados).

Demonstrar como o clube, neste caso o Sport

Club Corinthians Paulista, está usando o

programa sócio-torcedor para criar fidelidade

a sua marca.

Verificar a contribuição do programa sócio-

torcedor na transformação de torcedores em

potenciais consumidores.

Entender como o programa sócio-torcedor

contribui para as outras frentes de marketing

do clube.

Procedimentos de Análise.

Adequação ao Padrão.

Pesquisa teórica como padrão.

Elaboração do estudo de caso.

Comparativo entre estudo de caso e padrão

teórico.

Fonte: Adaptado de Yin (2001).

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1. MARKETING ESPORTIVO

O mercado torna-se cada vez mais competitivo para os clubes de

futebol4. O surgimento de novos esportes e outras formas de entretenimento

desafia o marketing a criar novas soluções para manter fiel um público cada

vez mais disputado e a conseguir novas fontes de receita para continuar sendo

um evento atraente.

De acordo com Contursi (1996), existem duas frentes de

desenvolvimento do marketing esportivo: o marketing do esporte, relacionado

aos produtos e serviços esportivos; e o marketing através do esporte, que

envolve atividades e produtos que utilizam o esporte para se promoverem.

Então, as estratégias podem ser direcionadas à gestão, comercialização e

divulgação de clubes e ligas esportivas e a atividades de merchandising,

patrocínio e licenciamento que associam o esporte a outras marcas.

Assim, é função do marketing esportivo criar estratégias que utilizam o

esporte para atingir objetivos empresariais que podem ser tanto através do

marketing de produtos e serviços voltados aos consumidores que, de alguma

maneira, relacionam-se com o esporte (camisas oficiais do time, por exemplo),

quanto pelo emprego do esporte como meio de divulgar produtos, sem que

eles tenham ligação com atividades esportivas (AFIF, 2000).

Conforme Hardy et al (2004), o marketing esportivo tem a função de

satisfazer as necessidades e desejos dos consumidores através de

negociações nas quais há o envolvimento da imagem do esporte, usado tanto

para produtos e serviços diretamente voltados para sua prática, quanto para

aqueles outros que visam à promoção através da sua associação.

Além da tentativa de conquistar novos clientes e mercados para

potencializar as vendas através de uma maior exposição, a associação de uma

marca a um clube, atleta ou evento esportivo, procura aproveitar-se das

sensações positivas que o esporte oferece. Nesse sentido, buscam atrelar o

consumo dos produtos da marca às experiências positivas que o esporte

proporciona, criando-se, assim, um diferencial na concorrência pela lembrança

4 Os termos clube de futebol, entidade esportiva e time são usados alternadamente como

sinônimos durante o trabalho.

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do consumidor no ato da escolha (MELO NETO, 2003). Contudo, pode se dizer

que o marketing esportivo é uma estratégia de planejamento da corporação

que visa agregação de valor à imagem de uma marca (ALMEIDA; SOUSA;

LEITÃO, 2000).

As empresas tentam criar uma diferenciação ao vincular sua imagem a

heróis atléticos e suas habilidades, aproveitando-se da intensa afeição

emocional do público por atletas e equipes. Essa atuação sobre o lado

emocional do consumidor viabiliza o entretenimento e fortalece a imagem da

instituição perante o público (SCHLOSSBERG, 1996). Portanto, tal associação

pode acontecer até em épocas de crise, pois o diferencial está em descobrir

um projeto desejável para aquele cliente específico e apresentá-lo de forma

correta, pois, conforme Espartel et al (2009), no futebol, a insatisfação

dificilmente leva à troca pela concorrência, existindo então uma grande

vocação para fidelização.

Na mesma linha, Muylaert (1993) definiu marketing esportivo como um

“primo-irmão” do marketing cultural, inserindo ambos no contexto do marketing

institucional, cuja principal preocupação é formar, a médio e longo prazo, uma

boa imagem corporativa, criando alguma diferenciação na mente do

consumidor.

Em uma sociedade cada vez mais competitiva, desenvolver uma

imagem adequada diante do público constitui um fator de sobrevivência para as

empresas. Nesse ponto entra o patrocínio esportivo, considerado um meio de

obter resultados em termos de marca, conhecimento de produto e imagem

empresarial (POZZI, 1998).

Gonçalves (1994) reforça a afirmação da importância do marketing

esportivo para valorização da marca. Para ele, o que o diferencia dos esforços

convencionais de marketing é sua versatilidade, permitindo que a empresa

obtenha simultaneamente alto retorno institucional, além dos resultados

normalmente obtidos com as campanhas de promoção dos produtos. Sendo

assim, o marketing esportivo torna-se uma poderosa arma para a fixação de

marca e muito interessante para o marketing Institucional.

A própria natureza do esporte é a razão do marketing esportivo ter se

tornado tão importante. Para Gracioso (1995, p. 32):

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Esporte é competição. Esporte é emoção. O esporte sugere

vitalidade, coragem, heroísmo. Os grandes esportistas (...) são

os cavaleiros andantes do século XX, verdadeiras legendas

que combinam o mito e a realidade, e despertam a imaginação

das pessoas. Ao patrociná-los e associar-se a eles, a empresa

transfere para si estas conotações positivas.

Nesse sentido, o presente trabalho encontra-se em consonância com o

desenvolvimento do marketing do esporte ao analisar as ações de marketing

do Corinthians (CONTURSI, 1996; AFIF, 2000; HARDY et al, 2004). Os clubes

de futebol desenvolvem ações de marketing que vendem a associação de sua

marca a empresas que desejam utilizar-se da afeição do público ao esporte,

com o objetivo de aumentarem seus lucros, tratando-se nesse trabalho do

marketing através do esporte, o que também está presente na pesquisa (MELO

NETO, 2003; SCHLOSSBERG, 1996; GRACIOSO, 1995). Os estudos de

Teitelbaum (1997) apontam que existe uma interdependência entre os objetivos dos

clubes que usam o marketing do seu esporte e as empresas que usam o marketing

através do esporte. Ambos precisam despertar o interesse das pessoas na

modalidade esportiva, pois, ao se associar sua marca a um esporte, é fundamental

para empresa que ele esteja em evidência. Assim, ao se decidir usar o marketing

através do esporte é importante também fazer o marketing do esporte.

1.1 A demanda por marketing esportivo

Nas últimas três décadas, pode-se perceber um crescimento da

demanda por marketing esportivo. Assim como ocorreu após a revolução

industrial, em que a elevação da produção desencadeou um aumento na

concorrência, o surgimento de novas modalidades esportivas, espalhadas por

todo mundo, trouxe a necessidade de diferenciação por parte dos gestores de

entidades esportivas para conquistar novos clientes. Novos investimentos

foram necessários na criação de estruturas físicas e comerciais para o

atendimento de uma clientela cada vez mais exigente, formada pelo processo

de globalização econômica, cultural e trabalhista. Tal concorrência, resultado

do avanço tecnológico da Era da Informação, impulsionou o processo de

profissionalização desse mercado. O mundo corporativo também elegeu o

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esporte como uma grande ferramenta na estratégia de comunicação. Numa

época em que a produção de conteúdo é fundamental para estabelecer e

fortalecer o elo das marcas com os consumidores, a associação com o esporte

torna-se uma grande aliada.

Neste sentido, Siqueira (2014, p. 1) afirma que "O esporte quanto

negócio deve atingir 1,5 trilhão de dólares na próxima década, em patrocínios,

direitos de retransmissão e venda de produtos e ingressos".

Além da vultosa quantia em dinheiro que movimenta, a Indústria do Esporte

demonstra sua grandeza na reação em cadeia que causa na economia ao

relacionar-se com outros segmentos industriais. Isso significa dizer que esse

negócio influencia toda a economia quanto é afetado por muitas outras indústrias.

Observa-se que marcas estritamente esportivas estão entre as mais valorizadas

do mundo "ou seja, em todos os continentes, o esporte está enraizado não

apenas na cultura popular, mas no mundo dos negócios" (SIQUEIRA, 2014,

p.1).

Além disso, o advento de uma época em que o esporte deixou de ser

apenas um entretenimento e passou a ser um convite à prática de hábitos mais

saudáveis, trouxe novas oportunidades comerciais. Assim, além do composto

tradicional de marketing, os gestores precisam de uma atenta avaliação do

mercado, com suas variáveis políticas, econômicas, ambientais, entre outras

(FLEURY; ALEJANDRO; FELDMAN, 2014).

Segundo Melo Neto (2003), as empresas que investem no esporte

apresentam algumas características essenciais. Elas possuem marcas fortes

ou potenciais e buscam novas formas de comunicação com os seus públicos e

nos mercados que atuam, além de utilizarem o esporte como mídia alternativa,

com ênfase no reforço e disseminação da marca e na melhoria de sua imagem.

1.2 Produtos e clientes do esporte

Os produtos do esporte são atletas e ou equipes e eventos. Os atletas

são os mais importantes, pois o desempenho deles influencia a criação de fãs

impactando nas principais fontes de receitas dos clubes. Da mesma forma, as

equipes são fundamentais nas modalidades coletivas, fornecendo uma grande

ferramenta para o marketing. Elas, como representantes da instituição e sua

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marca, conseguem maior lealdade dos fãs, pois enquanto um ídolo tem um

ciclo de vida mais curto, a equipes tendem a permanecer.

Por último, há os eventos esportivos que, em última análise, são

reuniões de atletas ou equipes nas quais se cria um apelo comunicativo ao

mercado. Competições esportivas, por exemplo, são produtos essenciais para

praticantes, torcedores e também para o mercado corporativo.

São três os grupos de clientes do esporte: os praticantes, os torcedores

e o mercado corporativo. Os praticantes, além de se enquadrarem como

atletas, são consumidores de produtos e serviços ligados à prática esportiva.

Os torcedores, ou fãs, são os principais clientes, pela ampla demanda que

geram diretamente, pelo consumo do esporte ou, indiretamente, pela procura

de produtos e serviços não esportivos ligados a sua imagem. O mercado

corporativo abre uma gama de possibilidades para o esporte.

Em todos os níveis da disputa esportiva, empresas dos mais variados

tamanhos podem encontrar oportunidades para divulgação de seus produtos.

Nesse contexto, vale ressaltar a interligação das demandas desse mercado.

Assim, o esporte só terá relativo sucesso na venda ao mercado corporativo se

tiver uma boa demanda de praticantes e de torcedores.

Zenone (2014) ressalta que o mercado esportivo não se restringe aos

clubes e torcedores, pois envolve um complexo de diferentes possibilidades,

desde produtos ligados diretamente ao esporte, como aqueles que usam o

esporte como estratégia de comunicação, além do préstimo de sua audiência

para a negociação de espaços publicitários e de mídia.

Nessa perspectiva, Morgan e Summers (2008) definem como público

dos esportes: (a) jogadores, participantes e torcedores; (b) espectadores, fãs e

associados; (c) investidores empresariais e mídia; (d) outros clubes e

organizações esportivas; (e) serviços e mercadorias de apoio; (f) governo; e (g)

órgãos governamentais esportivos.

1.3 Fontes de receita (ativos) do Marketing Esportivo

Segundo Siqueira (2014), as fontes de receitas do marketing esportivo

podem ser divididas em quatro grandes grupos: patrocínios, licenciamento e

varejo, direitos de mídia e exploração de arenas esportivas.

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Com esse mesmo entendimento, Pitts e Stotlar (2002) afirmam que as

formas de utilização do marketing esportivo, no universo complexo da indústria

do esporte, englobam atividades como patrocínios, eventos, licenciamentos e

franquias, materiais esportivos e promoção de vendas. Tais frentes de atuação

do marketing esportivo são interdependentes e, quando trabalhados de forma

integrada, proporcionam um ciclo virtuoso, pois, quanto maior eficiência do

marketing esportivo, melhor o resultado comercial, a estrutura do clube, os

resultados no esporte e, por fim, maiores retornos comerciais.

Esses ativos de marketing interligam-se e proporcionam uma sinergia

que pode extrapolar a fronteira de cada forma de negociação, potencializando

muitas vezes vendas cruzadas. É comum os patrocinadores distribuírem

brindes fabricados por licenciados. Muitos ingressos corporativos são

adquiridos por empresas de mídia para oferecimento aos anunciantes, as

arenas esportivas são potenciais fontes de publicidade e de concessões de

vendas de produtos licenciados. Atualmente, é cada vez mais comum um

torcedor ver o replay de um lance pelo seu celular que tem as cores e o escudo

do seu time.

1.3.1 Patrocínio

Para Teitelbaum e Luce (1995), patrocínios abrangem a ligação do

nome de uma empresa a um evento ou à veiculação de mensagens atreladas a

coberturas jornalísticas de acontecimentos pertencentes à esfera esportiva.

Nesse sentido, é preciso uma preparação da empresa na criação de atividades

orientadas às pessoas que a propaganda sugere. De acordo com esses

autores, os patrocínios estão muito ligados à criação ou promoção de eventos

que se transformam em negócios de oportunidade, que surgem em decorrência

de fatos momentâneos, tais como a exploração da boa fase de um atleta, do

sucesso de uma equipe, além da maior exposição de uma determinada

modalidade esportiva.

Gresenberg (1992, p. 46) afirma que patrocínio:

(...) é um meio e comunicação mercadológico, de utilização

empresarial, institucional, ou por pessoas, com objetivos

mercadológicos, delimitando bem a contrapartida exigida pelo

patrocinador ao patrocinado.

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Trata-se da utilização de recursos de todo o tipo por uma organização

para dar suporte à criação de eventos que podem ser de esportes, artes,

educação e meio ambiental (interesse social), com a finalidade de associar a

imagem da empresa/produto ao evento (POZZI, 1998, p. 109).

Segundo o autor, as principais características do patrocínio são:

a) conseguir adequar-se para promover a consciência de uma marca ou

companhia;

b) revitalizar, rejuvenescer e dinamizar a imagem de uma marca ou

companhia;

c) ser mais eficiente que a propaganda nos dois primeiros casos, porém

menos eficiente quando se deseja explicar as funções características

de um produto ou posicionar uma marca;

d) ser mais bem aceito pelo público, que o considera menos

perturbador e intromissor que a propaganda.

Conforme Siqueira (2014), a entidade esportiva, ao negociar o

patrocínio, precisa focar os benefícios para o patrocinador. Nesse contexto, é

importante ter conhecimento do potencial da propriedade esportiva e buscar

empresas com interesses convergentes.

Assim, a oferta do patrocínio, que pode se utilizar de atletas, entidades

ou eventos, é construída por vários produtos, dos quais podemos citar:

a) Naming rights – direito de nomear eventos, espaços físicos e equipes

esportivas com a denominação de marcas corporativas.

b) Publicidade em uniformes e equipamentos.

c) Merchandising – exposição da marca comercial no perímetro de

competição.

d) Direitos promocionais – direito de realizar ações promocionais no

evento esportivo ou fora dele, em locais de interesse do patrocinador.

e) Uso de ingressos e a hospitalidade – refere-se à distribuição de

ingressos e à locação de espaços exclusivos para os patrocinadores.

f) Cotas de transmissão – cotas de comerciais nas transmissões de TV

ou Internet.

g) Direitos de comercialização – venda de produtos no evento esportivo.

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h) Utilização de base de dados – direito ao patrocinador de ter

informações dos participantes de um evento esportivo para uso no

marketing direto.

i) Associação de marca – consiste na associação da marca comercial a

um atleta, equipe ou evento.

A associação de marca a um atleta, equipe ou evento configura-se como

o produto menos tangível e o mais valioso do patrocínio, pois é possível vendê-

lo a diversos patrocinadores, de diversos segmentos, sem comprometer a sua

capacidade de entrega.

1.3.2 Licenciamento e Varejo

Segundo Kotler (1998), o licenciamento significa um acordo entre duas

partes no qual, por meio de pagamento de uma taxa ou de royalties, é

concedido ao licenciado usar o processo de fabricação, a marca, a patente, o

segredo comercial ou outro item de valor que pertença a um licenciador.

Nessa perspectiva, Melo Neto (2003) e França (1996) afirmam que boa

parte dos esforços de marketing esportivo volta-se para as atividades de

licenciamento, que consistem na cedência dos direitos de imagem de um ou

mais atores esportivos para, em troca de royalties, serem fabricados e

comercializados produtos, sejam eles artigos esportivos ou não, relacionados a

uma equipe, a um atleta ou, ainda, a um evento.

Zenone (2014, p. 79) complementa:

(...) para os clubes o licenciamento significa uma nova fonte de

receitas e para as empresas que adquirem o direito de

utilização da marca do clube, uma forma de atingir um mercado

de consumidores fiéis (torcedores) ligados a determinados

times representados por seus escudos.

O autor enfatiza que o vínculo emocional do torcedor com o clube faz

com que esse não apenas manifeste sua paixão assistindo aos jogos, tanto em

estádios, como através de mídias que fazem cobertura dos eventos esportivos,

mas também consumindo produtos e serviços de empresas parceiras que

levam a marca do clube.

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Assim, o valor do processo de licenciamento para empresa consiste também

em associar atributos do clube ao produto, potencializando formas de diferenciação

em meio à concorrência. Do ponto de vista do clube, além de uma nova forma de

receita, aumenta-se a visibilidade de sua marca no mercado.

Conforme Siqueira (2014), são amplas as categorias de produtos

licenciados, dentre eles pode-se se destacar as confecções, os suvenires, os

utensílios domésticos, artigos de papelaria, publicações, cuidados pessoais,

etc. A distribuição desses produtos tem as mesmas alternativas dos outros

produtos de consumo, podendo ser de forma intensiva, que vem perdendo

espaço pela falta de controle por parte do licenciador; a distribuição seletiva,

que consiste no oferecimento de exclusividade de todo mix de produtos oficiais

a um grupo restrito de distribuidores; e a distribuição própria, em que os artigos

são comercializados por lojas próprias ou terceirizadas (franquias).

Nesse contexto, o conceito de lojas oficiais vem ganhando espaço, pois

elas vêm se mostrando mais rentáveis pela priorização do relacionamento do fã

com a marca, onde a categoria do produto é colocada em segundo plano,

assim como a sensibilidade em relação ao preço. Além disso, as lojas oficiais

se tornam uma alternativa viável a entidades esportivas menos expressivas,

que não despertam interesse de empresas parceiras para o licenciamento de

produtos com sua marca, tornando-se um canal de distribuição próprio. Nesse

caso, o clube também precisará investir na terceirização da produção.

Contudo, os clubes podem utilizar o desenvolvimento do sistema de

franquias como forma de licenciamento da marca, em que se inclui a transferência

de know-how para operação do negócio. Outra modalidade bastante difundida é o

Endorsement, que consiste no uso da imagem da celebridade esportiva para

endossar a qualidade de um produto ou uma empresa.

1.3.3 Direitos de Mídia

Segundo Reins, Kotler e Shields (2008), a mídia tem um importante

papel para a marca esportiva atingir seu público e também precisa das

manchetes e da programação gerada pelos esportes. Mesmo que as entidades

esportivas não consigam ter total controle do conteúdo da mídia, ela necessita

ter um bom relacionamento com os clubes para obter informações exatas e

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atualizadas. Neste sentido, a edição e a transmissão, através de canais

midiáticos de imagens e opiniões, afetam diretamente a experiência do

torcedor e o potencial de reajuste dos produtos esportivos.

A ampla cobertura da mídia esportiva é alimentada pelo interesse dos

torcedores pelas partidas. O alto índice de audiência atrai diversas empresas

que negociam a veiculação dos comerciais de seus produtos (propaganda) nos

horários dos jogos e inclusive durante as transmissões (ZENONE, 2014).

Para Siqueira (2014), a principal contribuição da mídia para o esporte é

a divulgação. O poder de propagação da mensagem até os consumidores

influencia diretamente no ciclo de vida de um produto esportivo. Assim, é

importante a otimização da cobertura da mídia especializada, que hoje

extrapola os meios de comunicação tradicionais como Rádio, TV, Jornal, e

Revista, ganhando espaço nos meios mais atuais, como na Internet e Mobile.

Outro papel importante das mídias é distribuição do produto, ou seja, do

acesso do consumidor ao conteúdo esportivo. O grande valor comercial do

esporte, em termos de visibilidade e audiência, propicia vantagem competitiva

às mídias e aumenta sua lucratividade com anunciantes. Nesse sentido, a

mídia torna-se importante cliente das entidades esportivas em termos de

receitas, além de impulsionar suas estratégias de patrocínio.

A evolução de tecnológica e a socialização digital trouxeram novos

aspectos a serem considerados pelo marketing esportivo. A interatividade

criada traz a possibilidade da troca de informações diretamente com os fãs, o

compartilhamento de opiniões, promoções e enquetes. Porém, muitos

consumidores mais informados, além de propagadores dos conteúdos gerados

pelas entidades esportivas, têm se transformado em produtores de conteúdo.

Sendo assim, para se obter a repercussão desejada, é relevante o

monitoramento constante das reações dos fãs, a originalidade das mensagens

e a regularidade.

Com a diminuição dos custos de produção, edição e possibilidade de

distribuição de conteúdo através da internet, os clubes começaram a usar um

modelo próprio de fornecimento de mídia. Segundo Reins, Kotler e Shields

(2008), isso vem gerando uma crise no relacionamento com os fornecedores

de mídias tradicionais. Esse conflito de interesses, muitas vezes, tem como

estopim a quantidade e o tipo de informação transmitida pelas entidades

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esportivas, o que acaba gerando ceticismo em relação à mídia. Contudo, os

autores sugerem uma reformulação para se criar maior transparência em tudo

o que se está disposto a compartilhar para trazer credibilidade e

contrabalancear as informações negativas das mídias não convencionais.

1.3.4 Arenas Esportivas

A experiência nos locais dos jogos está entre os mais importantes

canais de acesso aos torcedores. Cada esporte tem características diferentes

que geram, nos fãs, expectativas quanto à satisfação de assisti-los nos locais

em que acontecem os jogos.

Ao assistir uma maratona, o torcedor já sabe que não encontrará a

mesma atmosfera dos grandes estádios, mas o caráter mais personalizado

desse evento, gerando certa proximidade com o corredor, pode trazer os

mesmos benefícios. Segundo Reins, Kotler e Shields (2008, p. 81), “os fãs têm

um modelo preestabelecido a respeito daquilo que poderá satisfazer suas

necessidades, ou, nos melhores exemplos, até superá-las e induzir a presença

em futuras oportunidades”.

O conceito de arenas esportivas tem sua origem na Grécia e na Roma

antiga. Compreendiam estádios e ginásios esportivos no formato de anfiteatro

que possuíam arquibancadas em torno do campo de disputa para receber o

público. Apesar de serem construídas com recursos financeiros e esforços

arquitetônicos pensando no evento esportivo, hoje também são idealizadas

com o objetivo de multiuso, ou seja, atendem confortavelmente eventos de

outras naturezas, por exemplo, espetáculos musicais.

Além disso, a concepção das arenas esportivas está cada vez mais

voltada ao conceito de sustentabilidade. Assim, a preocupação com os

impactos ambientais causados em sua construção e manutenção, não só

contribuem para reputação da imagem corporativa, mas também ajudam na

redução de custos de manutenção e se tornam exemplos aos fãs que as

frequentam.

Do ponto de vista estratégico, as arenas esportivas possuem

importantes benefícios. A formação de torcedores e sua lealdade estão

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intimamente ligadas a fatores subjetivos, como o orgulho proporcionado ao fã

que teve uma boa experiência ao frequentar a arena do seu time de futebol.

Do ponto de vista do relacionamento, as arenas possibilitam o ambiente

ideal para estreitar laços com todos os envolvidos no esporte, como torcedor,

patrocinadores, investidores, poder público e mídia. Portanto, é decisiva a

hospitalidade oferecida para captação de parceiros comerciais, bem como na

negociação de espaços corporativos.

Compreendida no mix de marketing esportivo como distribuição ou

praça, a arena torna-se uma aliada na agregação de valor, uma vez que o

consumidor tem diferentes percepções sobre um produto em locais de venda

mais estruturados. Sendo assim, afetam não só o valor percebido do evento,

mas também de todas as marcas nele envolvidas, tornando-se importante

parceira do mercado corporativo (SIQUEIRA, 2014).

De acordo com Zenone (2014), as formas de se alcançar maiores

receitas com o esporte estão se modificando com o advento das arenas

esportivas, em razão da possibilidade de comercialização para uma série de

produtos e serviços que elas permitem.

Nesse sentido, o autor chama a atenção para a venda dos direitos de

nomeação (naming rights). Muitas empresas interessam-se pela compra do

direito de nomear uma arena esportiva com o interesse de expor sua marca em

espaços onde um determinado público trafega, na geração de mídias

espontâneas nos veículos que acompanham o esporte, além de associar sua

marca aos aspectos positivos do evento esportivo.

Apesar de toda dificuldade da criação de uma arena esportiva multiuso

no Brasil, tanto pelo montante de investimento demandado, como também pela

discussão da sustentabilidade do negócio, principalmente em parcerias que

envolvam a participação do poder público, Motta (2012, p. 47), em um estudo

de viabilidade desses empreendimentos, concluiu que:

As oportunidades de êxito para o negócio das arenas são

inúmeras, haja vista a amplitude de serviços que se pode

oferecer e os aspectos emocionais que cercam os eventos que

tipicamente ocorrem em locais como esses.

A análise financeira verificou que a rentabilidade das operações,

considerando um prazo de 30 anos para que se obtenha um retorno

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consistente, é de uma taxa interna de retorno de 13,0% ao ano, a qual é

superior às aplicações financeiras mais conservadoras.

Analisando a estrutura organizacional da administração esportiva,

Siqueira (2014, p. 10) ressalta que é importante que cada um desses grupos de

ativos de marketing seja gerenciado de forma independente com estratégias e

mix de marketing próprios. “Essa é a receita consagrada para os principais

casos de sucesso das mais importantes entidades esportivas do planeta”.

1.4 Marketing Mix do Esporte

O marketing esportivo difere do tradicional, pelas particularidades do

segmento, que abre uma gama de possibilidades para cada item do composto

de marketing em razão das diversas formas de negócio que podem envolver o

esporte (LAS CASAS, 2002).

Figura 1 – Modelo de administração do marketing esportivo

Fonte: Pitts e Stotlar (2002).

Contudo, é muito importante o conhecimento do consumidor esportivo e

da indústria do esporte para identificação de potenciais clientes, sendo o

primeiro passo para estratégias de segmentação e elaboração do composto de

marketing (MORGAN e SUMMERS, 2008). Na figura 1, Pitts e Stotlar (2002)

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enfatizam a importância da delimitação do público-alvo nas decisões de

composto de marketing.

O produto esportivo pode ter forma de um atleta, um clube, um evento

ou até mesmo uma marca. Morgan e Summers (2008, p. 179) entendem

produto esportivo como “a complexidade de todos os itens utilizados no

processo de troca mercadológica, sejam eles bens tangíveis ou serviços

intangíveis ou ideias”.

Vale salientar que o produto esportivo também se torna um serviço ao

possuir características como intangibilidade, heterogeneidade, inseparabilidade

e perecibilidade. Uma partida de futebol, por exemplo, é um produto que é

consumido ao mesmo tempo em que é produzido, não podendo ser estocada,

revendida ou devolvida, uma vez que, já marcada, o torcedor não poderá

escolher outro momento para consumi-la, caracterizando sua perecibilidade.

Além disso, o consumidor, ao assistir a partida in loco, torna-se parte do próprio

produto, sendo assim seu coprodutor.

A variável preço precisa levar em consideração os diferentes aspectos

de cada ativo de marketing esportivo como, patrocínio, franchising, venda de

ingressos, licenciamento de produtos e direitos de mídia. Pozzi (1998) ressalta

que o profissional de marketing, ao precificar o produto, também deve

considerar a concorrência com as outras formas de entretenimento. Assim, não

são os rivais dos campeonatos os principais concorrentes pelos fãs, mas os

espetáculos teatrais, o cinema, os parques e até mesmo eventos familiares,

como o almoço de fim de semana.

Quanto à distribuição, podem-se destacar os estádios e ginásios, os

eventos envolvendo patrocinadores, as franquias, os licenciados, outros pontos

de venda e as mídias. A diferenciação das estratégias de ponto de venda será

ajustada de acordo com a curva de tangibilidade do produto, que também

influenciará a escolha de canais diretos e simples ou de canais indiretos e mais

complexos.

Para os produtos esportivos tangíveis, como mercadorias e

equipamentos, trata-se da distribuição mais tradicional, com o escoamento do

produto através de intermediários, como agentes, atacadistas e varejistas,

responsáveis pelo caminho do produto até o consumidor. Porém, quando os

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produtos são intangíveis, é preciso elaborar estratégias que possibilitem ao

consumidor vir ao produto final.

Atualmente, as arenas esportivas têm se tornado fundamental na

distribuição do produto esporte, principalmente quando se trata do

fortalecimento da marca dos clubes. Quando bem montadas e projetadas, elas

fazem parte do processo de fidelização do consumidor, pois possibilitam a

materialização de todos os aspectos necessários para que a experiência de

consumo aconteça de maneira intensa. A figura 2 demonstra os canais de

distribuição do evento esportivo.

Figura 2 – Canais de distribuição do evento esportivo

Fonte: Morgan e Summers (2008, p. 275).

A figura 2 demonstra que o estádio não é apenas um lugar para

realização da partida de futebol, mas também um centralizador de série de

produtos e serviços que são distribuídos durante o evento esportivo.

Para Melo Neto (2003), o marketing esportivo atua com grande enfoque

na promoção, usado principalmente como alternativa na divulgação de marcas

e na formação de uma boa imagem corporativa. Nessa perspectiva, Bertoldo

(2000) apresenta o marketing esportivo como extensão das estratégias de

praça e promoção de empresas de bens e/ou serviços esportivos. O mix do

marketing esportivo está apresentado na figura 3.

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Figura 3 – O mix do marketing esportivo

Fonte: Melo Neto (2003)

O grande desafio dos gestores de marketing das entidades esportivas é

elaborar um composto de marketing que extrapole o jogo em si. Nesse sentido,

deve-se analisar também como entreter os consumidores e fãs à espera do

início da partida. Os clubes devem procurar promover uma experiência única

aos consumidores que passam, no caso do futebol, no mínimo duas horas

dentro do estádio. Segundo Branch (1992, p. 25)

Profissionais do marketing do esporte mais avançados

reconhecem que o produto principal, a competição esportiva

em si, não é o único produto ao qual se deve dar importância;

utilizando-se de estratégias de diversificação, o evento ganha

um valor adicional elevado tomando a aquisição deste produto

mais consistente. Em outras palavras, o desafio dos

administradores está em se concentrar menos no jogo e mais

em criar uma positiva experiência ao consumidor.

Rein, Kotler e Shields (2008, p. 35-36) também concordam com essa

ideia ao afirmarem que é preciso criar estratégias de conexão com os fãs que

permitam manter sua fidelidade, independente dos resultados alcançados pelos

times dentro de campo, uma vez que eles são variáveis sem controle. Os

autores acrescentam que:

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A conexão ideal com os torcedores é aquela de fidelidade

garantida por longo prazo e que não tenda a ser interrompida

pelos inevitáveis fracassos de produtos esportivos. A fim de

concretizar essa conexão sustentável com os torcedores no

mercado do torcedor inconstante, nossa proposta vai no

sentido de que a indústria do esporte passe a ver seus

produtos como marcas com agilidade e altamente efetivas

quanto ao mercado.

A força de uma marca está ligada a uma promessa levada ao

consumidor, remetendo uma série de associações mentais sobre o produto,

como confiabilidade, nível de desempenho, personalidade, conforto e acesso,

que são prontamente identificáveis no mercado.

Enfim, a entidade esportiva, ao elaborar seu composto de marketing,

precisa atuar de forma a corresponder às expectativas do seu principal público,

o torcedor. É preciso criar diferenciação para associar a marca a boas

experiências. No contexto do futebol, a criação dos programas sócio-torcedores

são ações práticas da demonstração que os clubes caminham nessa direção.

Tal processo potencializa a fidelização do fã e traz sinergia a todas as frentes

de geração de receita do clube – licenciamento de produtos, patrocínios,

direitos de transmissão e ingressos, pois abre caminho para negócios com o

mercado corporativo.

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2. MARKETING DE RELACIONAMENTO

A rapidez das transformações e imprevisibilidade dos acontecimentos

provam a todo instante padrões e comportamentos já estabelecidos no

mercado. A administração atual constantemente enfrenta novas e mutantes

situações, muitas vezes fora de seu domínio. Mckenna (1999) já elencava

algumas características desse momento, sendo elas:

a) Diversidade de produtos e serviços até em pequenos segmentos de

mercado.

b) Aumento da competição entre produtos de países diferentes.

c) Nichos tornam-se soberanos pelo aumento de segmentação dos

mercados.

d) O ciclo de vida dos produtos é acelerado.

e) Apesar do aumento do nível de barulho da mídia promocional, esta

não consegue comunicar mensagens claras.

f) Reestruturação das organizações e procura por novas formas de

negócio.

g) Ambiente de negócios e competição imprevisíveis.

h) Previsão e pesquisas não indicam uma ação clara.

i) As distinções entre produtos ficam menos nítidas.

j) Fluxo constante nos canais de distribuição, muitas vezes

obscurecendo o diálogo com o cliente.

Tais aspectos demonstram um complexo cenário para tomada de

decisões. Eles apontam para necessidade de uma administração preparada

para compreender os movimentos do mercado e de uma estrutura

organizacional cada vez mais flexível para se adequar com a rapidez

necessária às mudanças.

Além das características mencionadas anteriormente, uma crescente

infidelidade dos consumidores também pode ser percebida. Algumas pesquisas

já revelaram, em diversos casos, não haver correlação positiva entre índices de

satisfação e comportamento de compra do consumidor. Assim, constatou-se

que muitos dos consumidores que mudaram de fornecedor consideravam-se

plenamente ou muito satisfeitos, notando-se a necessidade de um diferencial

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para a fidelização deles (JONES e SASSER, 1995; OLIVER, 1999; CORRÊA e

CAON, 2002). Portanto, verifica-se que nem sempre um cliente satisfeito torna-

se leal à empresa, porém a satisfação é essencial para fidelização. Sobre isso,

Toledo et al (2004, p. 6) explica que:

A manutenção e retenção dos clientes relacionam-se com a

satisfação com o produto/serviço ou com seus atributos; a

percepção de valor em relacionar-se com a empresa é o fator

decisivo. Para isso, é essencial atender as necessidades,

desejos e valores, pois constantemente a comunicação deve

reforçar a percepção positiva, com mensagens certas, nos

momentos certos e pela mídia certa.

Contudo, as empresas que interpretaram a conjuntura atual procuram

aperfeiçoar seus conhecimentos sobre o cliente, usam tecnologias que ajudam

a conexão com ele e buscam a compreensão de como funciona suas

economias. Essas empresas convidam os clientes a participarem da criação do

produto, têm mais flexibilidade nas negociações, procuram uma comunicação

mais consistente a cada contato, além de utilizarem a mídia dirigida para levar

suas mensagens. Elas estão disponíveis todos os dias da semana e vinte e

quatro horas por dia em suas centrais de atendimento, bem como são capazes

de identificar os clientes com maior potencial e configurar diferentes formas de

prestação de serviços. Enfim, são aquelas que conseguem transferir maior

valor para seu público-alvo (KOTLER, 2009; COBRA, 2009).

A profissionalização na administração dos clubes de futebol tenta se

adequar a essa realidade. O aumento da concorrência com o surgimento de

novos esportes e outros tipos de entretenimento propiciou que os

departamentos de marketing dos clubes buscassem novas soluções, como a

criação dos programas sócio-torcedores, para manterem seu público

interessado. A fidelidade do torcedor já não está mais garantida só pelo seu

vínculo afetivo ao clube, é preciso dar ao torcedor um diferencial por sua

lealdade (REINS, KOTLER e SHIELDS, 2008).

Há um reconhecimento entre os profissionais de marketing sobre a

importância da retenção e cultivo de cliente. Nesse sentido, é preciso que

esforços de venda se concentrem não apenas na conquista do cliente, mas

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também em sua manutenção. Segundo Kotler (2009, p. 159), “marketing é a

ciência e arte de encontrar, conservar e cultivar os clientes lucrativos”.

Para Vavra (1993), marketing de relacionamento é o processo de

garantir a continuidade da satisfação de indivíduos ou organizações que são

clientes atuais ou que já foram clientes. Para que essa satisfação seja

garantida, os clientes devem ser identificados, reconhecidos, comunicados,

aditados em relação à satisfação e respondidos.

Morgan e Hunt (1994) corroboram a definição anterior, afirmando que o

marketing de relacionamento engloba todas as atividades direcionadas a

estabelecer, desenvolver e manter relacionamentos bem-sucedidos. Os

autores ressaltam que o conceito apoia-se na ideia de que os consumidores

possuem um valor contínuo e superior àquele valor individual e discreto das

transações.

Já Gordon (1999) define marketing de relacionamento como o processo

contínuo de identificação e criação de novos valores com clientes individuais e

o compartilhamento de seus benefícios durante longo tempo de parceria. Isso

envolve a compreensão e a concentração da administração na contínua

seleção de fornecedores e clientes para a criação e associação de valores

mútuos por meio de interdependência e alinhamento organizacional. Nota-se

nessa definição a participação dos fornecedores como parte integrante da

cadeia de relacionamento do marketing. Para o autor, tal modalidade deriva

dos princípios de marketing tradicional, mas possui alguns diferenciais como:

a) Criação de valor para o cliente e o seu compartilhamento entre

produtor e consumidor.

b) O valor é criado com o cliente, assim é preciso reconhecer o papel

fundamental que o cliente tem, não apenas como comprador, mas

também na definição do valor que desejam. O cliente ajuda a

organizar e a fornecer o pacote de benefícios que ele valoriza.

c) Esforço contínuo por parte da empresa para dar respostas em tempo

real, criando diferencial.

d) Reconhecimento do valor dos clientes por seu período de vida de

consumo, procurando estreitamento de relação de forma progressiva.

e) Construção de uma cadeia de relacionamentos na organização, para

criar o valor desejado para o cliente.

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Na mesma linha, Martins (2006, p. 80) afirma que o marketing de

relacionamento é:

[...] uma filosofia de administração empresarial baseada na

aceitação da orientação para o cliente e para o lucro por parte

de toda a empresa, e no reconhecimento de que se devem

buscar novas formas de comunicação para estabelecer um

relacionamento profundo e duradouro para os clientes,

prováveis clientes, fornecedores e todos os intermediários,

como forma de obter uma vantagem competitiva sustentável.

Segundo Grönroos (2004), marketing de relacionamento é o processo

de identificar e estabelecer, manter e aprimorar e, quando necessário, encerrar

relacionamentos com os clientes, de modo que sejam atendidos os objetivos de

todas as partes envolvidas, relativas às variáveis econômicas e outras. Isso se

consegue por meio de trocas mútuas e promessas. O diferencial dessa

definição em relação às anteriores está na menção ao encerramento dos

relacionamentos quando eles não mais atendem aos objetivos pretendidos.

Peppers e Roggers (2001) aproximam-se da ideia de customização.

Eles afirmam que, no marketing de relacionamento, há uma relação de

aprendizado, em que as transações e interações com os clientes são

acompanhadas de forma individualizada, em todas as linhas de produtos ou

serviços, exigindo grande integração de dados e processos que passa pela

transformação de toda estrutura organizacional da empresa, envolvendo

sistemas de informação, orçamentos e formas de remunerar seus funcionários.

Busca-se um esforço para tratar cada cliente de forma única, desenvolvendo

nele a percepção da conveniência de continuar comprando da mesma empresa

ao invés de se desgastar com as incertezas de uma troca de fornecedor.

Em outra linha, para Samiee e Walters (2003), o marketing de

relacionamentos está mais ligado a uma estratégia mercadológica de defesa

contra os problemas gerados pela globalização do comércio, cujo objetivo

central não é o relacionamento com os clientes, mas com fornecedores,

colaboradores e distribuidores, a fim de se estabelecer cooperação e aliança

em escala global, levando muitas empresas a repensarem suas estratégias de

fornecimento e distribuição, bem como buscarem cada vez mais a

interdependência entre si.

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Ford (1998) enfatiza a redução de custos conquistada com a lealdade

dos clientes. Para o autor, o primeiro objetivo do marketing de relacionamento

é obter valor através do relacionamento focado no cliente. O segundo objetivo

é aumentar esse valor por meio de uma crescente duração do relacionamento.

O terceiro objetivo é custear de forma mais econômica a conquista de novos

clientes, usando os lucros excedentes do sucesso nos dois primeiros objetivos.

Enfim, clientes e fornecedores obtêm benefícios mútuos provenientes de um

relacionamento, sendo eles: custos menores com pesquisa de novos

fornecedores e de busca por novos clientes; sensível redução dos

investimentos em adaptação, após a primeira vez em que são realizados; além

de melhoria nos processos de comunicação e interatividade.

Hunt, Arnett e Madhavaram (2006) afirmam que os consumidores

entram em um relacionamento com as empresas quando eles percebem que os

benefícios excedem os custos. Quando o fornecedor oferece esses benefícios, os

consumidores sentem que podem confiar e também se comprometem com o

relacionamento. Nesse sentido, a existência da troca de benefícios é a base para a

manutenção de relacionamentos entre clientes e empresas.

Vários estudos apontam o quão importante é para as empresas a

manutenção de relacionamentos de longo prazo com seus clientes. Bendapudi

e Berry (1997) argumentam que a recompensa do marketing de relacionamento

para a empresa só vem quando as relações duram. Reichheld e Sasser (1990)

afirmam que deserções de clientes têm impacto surpreendentemente negativo,

ao passo que o crescimento do relacionamento entre cliente e empresa

aumenta a lucratividade.

Nessa mesma perspectiva, Reichheld e Teal (1996) evidenciam a

relação positiva entre tempo de relacionamento e rentabilidade. Em linhas

gerais, argumenta-se que a manutenção de clientes fidelizados gera um menor

custo para as empresas do que a conquista de novas vendas, que eles

compram mais e pagam mais caro em razão da confiança adquirida com tempo

de relacionamento, além de contribuírem com a indicação dos serviços que são

prestados a eles.

Para demonstrar a direção de um melhor aproveitamento da empresa

nas relações com seus clientes, Cobra (2009) explana os cinco níveis do

investimento em marketing de relacionamento: nível básico, nível reativo, nível

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responsável, nível proativo e o nível de parceria. O primeiro trata das

necessidades elementares dos clientes. No nível reativo, o esforço da

organização para ofertar o produto é o mesmo ou maior que a concorrência. No

nível responsável, o atendimento é feito focado no respeito aos direitos dos

consumidores. O nível proativo tem como característica principal a antecipação

à concorrência no que se refere às necessidades dos clientes, surpreendendo-

os de forma positiva com serviços não esperados. No nível de parceria,

procura-se um relacionamento com cumplicidade, colocando-se a satisfação do

cliente como objetivo principal.

Para Grönroos (1999), no marketing relacionamento existem as fases do

estabelecimento, da manutenção e do realce, partindo-se sempre do

paradigma de que o cliente é um parceiro. A ideia do estabelecimento do

primeiro contato é emergir o relacionamento, na manutenção é preciso criar

condições de continuidade de negócios e no realce procura-se despertar o

desejo de ampliação da parceria, resultando no crescimento das vendas. Para

o autor, trata-se de três diferentes situações do ponto de vista do marketing. No

estabelecimento do primeiro contato, por exemplo, é preciso ser feito com uma

boa capacidade de comunicação, já a fase da manutenção e realce requerem

outros tipos de ferramentas de marketing.

Transportando essa análise para o mercado do futebol, as definições

mais aderentes a atual realidade são aquelas que ressaltam a importância da

criação de valor para o cliente através ações que lhe demonstrem que, ao ser

fiel à marca, terá mais benefícios que custos (GORDON, 1999; HUNT; ARNETT e

MADHAVARAM, 2006; MARTINS, 2006). No contexto futebolístico, os programas

sócio-torcedores cada vez mais têm agregado serviços que conectam o

torcedor ao clube e que extrapolam a conexão direta com a partida de futebol.

Visitas aos centros de treinamentos, vestiários e viagens com o time são

experiências oferecidas aos sócio-torcedores mais ativos, que propiciam maior

proximidade à marca, estimulando seu consumo. Além disso, os benefícios

oferecidos ao sócio-torcedor faz parte de um processo que, em conjunto com

outros produtos, como as novas arenas, procura transformar a partida de

futebol em um evento inesquecível, criando o valor necessário à fidelização.

Ademais, diversas parcerias com outras empresas oferecem vantagens

econômicas através de descontos. Nesse ponto, pode-se resgatar a definição

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de Samiee e Walters (2003), que ressaltam a busca de interdependência entre

as empresas para sobrevivência no mercado competitivo.

Para a criação do valor que ajudará a fidelização, é preciso que as

empresas identifiquem, conheçam seu público-alvo e procurem uma

comunicação eficaz para oferecer produtos e serviços (VAVRA, 1993;

MARTINS, 2006). No futebol, clubes com histórias centenárias criaram

características que trazem identificação e reconhecimento mútuo com os

torcedores. Tal fato é fundamental para geração de serviços e produtos

desejáveis e servem de base para uma comunicação eficaz.

No caso do Corinthians, sua origem popular e a paixão de seus

torcedores são características exploradas a todo o momento pelo marketing,

podendo-se citar, como exemplo, a campanha República Popular do

Corinthians, de 2010, o nome dos novos planos do programa sócio-torcedor,

Minha Paixão e Minha Nação, ou até mesmo a camisa lançada em 2008, com

os dizeres “Eu te amo e nunca vou te abandonar”.

Além disso, a existência de programas de sócio-torcedores, na maioria

dos grandes clubes de futebol no Brasil e o crescimento de 25% no número de

associados em 20145, está condizente com a motivação econômica da prática

de marketing de relacionamento (BENDAPUDI e BERRY, 1997; REICHHELD e

SASSER, 1990; REICHHELD e TEAL, 1996).

Nesse sentido, observa-se que as proposições teóricas do marketing de

relacionamento estão presentes no desenvolvimento dos programas sócio-

torcedores pelos clubes de futebol. A parceria entre empresa e clientes,

mencionada por Grönroos (1999) e Gordon (1999), bem como o

compartilhamento dos benefícios advindos dessa parceria têm estreitado a

relação entre time e torcedor, assim como ajudado a transformar o torcedor em

um potencial consumidor da marca esportiva.

2.1 CRM (Customer Relationship Management)

O uso do marketing de relacionamento envolve informação, tecnologia,

pesquisa, ações de marketing, além de foco no cliente interno e externo. Nesse

contexto, o CRM (Customer Relationshpi Management) tornou-se um poderoso

5 Estudo: Valor das Marcas no Futebol Brasileiro 2014. (Ver BDO RCS, 2015).

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instrumento para identificar as demandas, expectativas e interesses dos

clientes e, dessa forma, poder atendê-las satisfatoriamente.

No mercado, desde os anos 90, como uma ferramenta baseada na

revolução da tecnologia da informação, o CRM dá suporte à administração das

relações com o consumidor final através da combinação de habilidades para

responder diretamente suas necessidades e efetivamente oferecê-los um

diferencial (BRETZKE, 2000).

Os processos e sistemas de gestão de relacionamento proporcionam o

controle e conhecimento das informações sobre os clientes de forma integrada

e podem ser consultadas por diferentes departamentos e pessoas que

precisem dessa informação para guiar as tomadas de decisões. Esses

sistemas são projetados para aumentar a lealdade dos consumidores.

Dois elementos foram essenciais no desenvolvimento do programa: a

necessidade de se obter um maior conhecimento de seus clientes e a

identificação e foco naqueles que realmente permitem a empresa ter uma

maior rentabilidade. Nesse sentido, Sobral e Peci (2008, p. 319) definem:

Gerenciamento de relacionamento com o cliente ou CRM

(Customer Relationship Management) é o processo estratégico

de modelagem das interações entre os clientes e a

organização de forma a maximizar, simultaneamente, o valor

econômico do cliente para a organização e a satisfação deste.

Ainda para Sobral e Peci (2008), o CRM é definido não só como um

conjunto de sistemas informatizados, mas também uma mudança de atitude

corporativa no intuito de uma melhor gestão de relacionamento com os clientes.

O objetivo do CRM é ajudar as organizações a atrair e fidelizar clientes, por meio de

um melhor atendimento de suas necessidades e expectativas.

Stone; Woodcock e Machtynger (2002) elencam vários benefícios

proporcionados pelo CRM, tais como:

a) melhor retenção e fidelidade do cliente – os clientes permanecem

mais tempo, compram mais e com mais frequência –, ou seja, maior

valor a longo prazo;

b) maior lucratividade dos clientes – não apenas porque cada um deles

compra mais, mas também por causa dos menores custos para

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recrutá-los e da necessidade de recrutar um número grande de

clientes para manter constante o volume de negócios;

c) custo reduzido de vendas, pois os clientes existentes, em geral, são

mais responsivos.

Os autores ainda salientam que, além da etapa inicial de definição do

público-alvo, do suporte dado ao conhecimento e desenvolvimento do cliente, o

CRM proporciona também a etapa de gerenciamento de problemas de

relacionamento e de fornecimento de subsídios para reconquista.

O extenso banco de dados proveniente do cadastro dos torcedores nos

programas de relacionamento do Corinthians fornece subsídios para uma

comunicação eficaz. Com o tratamento dessas informações, é permitida a

segmentação dos torcedores por seu perfil demográfico e geográfico. Assim,

quando há algum benefício a oferecer a torcedores de um determinado lugar,

ou de uma determinada idade ou faixa de renda, é possível dialogar somente

com esse público. A nova modalidade do Fiel torcedor, Minha Paixão, é um

exemplo dessa situação. O marketing do Corinthians identificou uma base de

torcedores em regiões distantes de São Paulo que gostariam de participar do

programa sócio-torcedor, mas não o faziam porque a distância não permitia o

comparecimento ao estádio. Então, desenvolveu-se uma modalidade com um

preço mais acessível, que permitiu a esse torcedor usufruir das outras

vantagens do programa e somente obter descontos na compra de ingressos

em partidas realizadas em sua região.

2.2 Comportamento do Consumidor

A principal característica do campo de estudo do comportamento do

consumidor é a complexidade, pois abrange ideias de várias áreas, sendo elas:

Psicologia, Sociologia, Antropologia, além de conceitos importantes, como

aprendizado, motivação, percepção, atitude, personalidade, grupos sociais,

classes sociais e cultura. Tais conceitos têm sido consagrados, a fim de

assessorar o entendimento de cada elemento do composto de marketing

oferecido ao consumidor (LACERDA, 2007).

Sheth, Mittal e Newman (2001, p. 29) definem comportamento do cliente

como “as atividades físicas e mentais realizadas por cliente de bens de

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consumo e industriais que resultam em decisões e ações, como comprar e

utilizar produtos e serviços, bem como pagar por eles”. Os autores afirmam que

o sucesso da empresa passa pelo conhecimento de seus consumidores e que,

para isso, é preciso direcionar esforços em ações que permitam entender os

seus desejos e atender a suas expectativas. Assim, é necessário um processo

de pesquisa, criação e venda de produtos e serviços baseados no que clientes

desejam possuir.

Na atualidade, já existe um consenso sobre o fato de que o

comportamento do consumidor é um processo ininterrupto, não se restringindo

apenas ao momento em que ele efetua o pagamento e adquire o produto ou

serviço (SOLOMON, 2011). Engel, Blackwell e Miniard (2000) compartilham

dessa ideia ao ressaltarem a importância dos processos decisórios que

antecedem e sucedem às atividades diretamente envolvidas em obter e

consumir produtos e serviços.

Segundo Kotler e Keller (2006), os fatores que influenciam o

comportamento de compra do consumidor são culturais, sociais, pessoais e

psicológicos, sendo o primeiro de maior importância. Neste capítulo, será

discutido um pouco sobre essas influências conectando-as com o consumidor

de produtos relacionados ao futebol.

Figura 4 – Fatores que influenciam o comportamento de compra

Fonte: Kotler, 1998, p. 163.

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Fatores Culturais

Desde criança os indivíduos absorvem valores, percepções,

preferências e comportamentos de sua família e suas instituições em seu

processo de crescimento, ou seja, suas escolhas são moldadas pelo meio ao

qual pertence e sobre qual cultura sofre influência. No âmbito mercadológico,

Kotler (1998, p. 162) afirma que “a cultura é o determinante mais fundamental

dos desejos e do comportamento de uma pessoa”. Schiffman e Kanuk (2000, p.

286) definem cultura como “a soma total das crenças, valores e costumes

aprendidos que servem para direcionar o comportamento de consumo dos

membros de determinada sociedade”.

De acordo com Las Casas (2006), com o estudo da cultura, é possível

obter uma expectativa comportamental de um determinado segmento, o que

ajuda a desenvolver produtos adequados aos valores e crenças do público-

alvo. O autor menciona as novelas como forte influenciadora de consumo no

Brasil. Observando nosso cotidiano, é razoável admitir que o gosto pelo futebol,

como um fator cultural muito presente em nossa sociedade, tem um grande

potencial para influenciar decisões de consumo.

Fatores sociais

O fator social remete à existência de grupos de referência que exercem

alguma influência, atitudes ou comportamentos de uma pessoa. Classificados

pelo nível de interação, esses grupos podem ser primários, como a família,

amigos, vizinhos e colegas; e secundários, contendo os grupos religiosos e

associações de classe ou profissionais. Nesse ponto, é possível trazer o futebol

para esse contexto. Desde cedo, o brasileiro é influenciado a fazer uma

escolha e defendê-la, por exemplo, para qual time de futebol irá torcer. Assim,

essa decisão tornará o esporte um elo e motivo de interação por onde passam

as pressões que podem afetar as escolhas reais de produtos e marcas

(KOTLER e KELLER, 2006).

Para Crawford (2004), nas condições sociais da pós-modernidade,

fontes tradicionais de identidade com a comunidade, como família, trabalho,

igreja e vizinhança decresceram em importância, dando espaço para que o

senso de comunidade oferecido pelo esporte se torne um novo caminho para o

convívio comum. Portanto, quando há uma forte identificação do torcedor com

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o clube, constrói-se uma ligação social que guia comportamentos e crenças em

diversas áreas do cotidiano (GIBSON; WILLMING e HOLDNAK, 2002).

Bagozzi, Gopinath e Nyer (1999) destacam a importância das emoções

para ações dos consumidores, principalmente no consumo de esportes. Para

Decrop e Debaix (2010), tal afirmação está ligada às sensações que os

torcedores experimentam no contexto do consumo, criando laços emocionais

com indivíduos, produtos ou instituições, influenciando as decisões de compra

nesse mercado.

No caso do futebol, dentre a gama de emoções relatadas, o orgulho

emerge como um sentimento central com grande impacto de identidade

individual e social. Tal sentimento está fortemente relacionado com

comportamentos regulares do torcedor, como comparecimento a jogos e

participação em cantorias nas arquibancadas. Além disso, muitas vezes torna-

se um mecanismo de legitimação social que é ativado quando se alcança e

excede expectativas, em que o torcedor tende a incorporar as realizações do

clube. Diante do exposto, os gestores começam a dar mais importância ao

aspecto afetivo presente no marketing esportivo (CHAWDICK, 2006).

Fatores pessoais

Os fatores pessoais envolvem momentos e vivências que acabam por

interferir nos hábitos e nas decisões de consumo. Kotler (1998) apresenta cinco

elementos que constituem os fatores pessoais: idade e estágio do ciclo de vida,

ocupação, condições econômicas, estilo de vida e personalidade.

Sobre a idade e estágio do ciclo de vida, Kotler (1998) salienta que os

desejos e necessidades dos indivíduos modificam-se durante a vida. Na

mesma linha, Churchill e Peter (2000) comentam a existência dos ciclos de

vida familiar, que são estágios passados pela família, que influenciam suas

necessidades e a capacidade de satisfazê-las. No âmbito do futebol, podemos

ressaltar que a torcida, por um determinado clube de futebol, muitas vezes se

transforma em uma tradição familiar que acompanha os torcedores e influencia

o consumo da marca esportiva por toda a vida.

Já a ocupação refere-se à profissão exercida pelo consumidor. É natural

que um presidente de empresa tenha hábitos de consumo diferentes de seus

funcionários. No caso do futebol, percebe-se o desenvolvimento de estratégias

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para atendimento do nicho corporativo, podendo-se exemplificar a venda ou

aluguéis de camarotes exclusivos nas arenas.

As condições econômicas envolvem basicamente a renda disponível

para consumo, passando pela relação entre poupança e despesas, que podem

determinar, por exemplo, a ida do torcedor ao estádio, a contratação de um

pacote de TV por assinatura ou a participação em um programa sócio-torcedor.

O estilo de vida é refletido em termos de atividades, interesses e

opiniões das pessoas. Segundo Kotler (1998), é possível que empresas se

posicionem no mercado através de associações entre seus produtos e o estilo

de vida dos consumidores reais e potenciais. A conexão de vários produtos que

não estão diretamente ligados ao futebol com a marca esportiva é um bom

exemplo.

A personalidade é composta de uma multiplicidade de componentes que

incluem valores, atitudes, crenças, motivos, intenções, preferências, opiniões,

interesses, preconceitos e normas culturais, Cada ser humano possui uma

personalidade distinta, que influenciará seu comportamento de compra.

Contudo, é necessário classificar tipos de personalidade e estabelecer

correlações fortes entre certos tipos de personalidade e escolhas de produto ou

marca. No caso do futebol, o bom entendimento nesse campo pode refletir no

equilíbrio nas frentes de atuação de marketing. Assim, existem torcedores que

preferem sempre assistir aos jogos nos estádios, porém existem aqueles que

preferem assistir em casa através dos canais esportivos pagos. Em ambos os

casos, a marca esportiva é consumida, sendo necessário entender tais perfis

para melhor explorá-la.

Fator psicológico

Os fatores psicológicos que influenciam as escolhas do consumidor

estão ligados à motivação da compra, que passa pela percepção de uma

necessidade; a aprendizagem, que está ligada a outras experiências de

consumo; e crenças e atitudes, que reforçam a ideia de satisfação ao consumir

o produto (KOTLER, 1998). Em relação ao futebol, sua transformação de um

simples jogo em um evento de entretenimento reforça a influencia das boas

experiências na escolha dos consumidores, o que tem motivado cada vez mais

torcedores a visitarem as arenas esportivas.

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2.3 Fidelização

Conforme Bogmann (2002), os programas de fidelização são

ferramentas do marketing de relacionamento que tem por objetivo demonstrar

as vantagens oferecidas pela empresa através de trocas, em que o fornecedor

oferece vantagens e benefícios a quem dá preferência a seus produtos e

serviços. O objetivo é transformar um comprador eventual em um comprador

frequente e, se possível, torná-lo divulgador da empresa (BRETZKE, 2000).

Complementando, Mckenna (1999) afirma que para fidelizar é preciso

ter um forte conhecimento do mercado e do público-alvo, buscando uma visão

mais estratégica ao invés de concentrar-se apenas em promoções e anúncios.

Trata-se da construção de relacionamentos sustentáveis, que são mais

importantes do que preços baixos, promoções instantâneas ou até tecnologia

avançada.

Porém, vale ressaltar que a bibliografia sobre o assunto expõe

discordâncias. Dowling, Uncles e Hammond (2003) mencionam a existência de

três escolas de pensamento sobre fidelização. Na primeira, o conceito de

fidelidade está ligado à atitude de comprometimento do consumidor com a

marca. A ideia principal é que influências situacionais não interferem na atitude

perante a marca, pois se há confiança e percepções positivas sobre a marca, a

fidelidade irá existir. As estratégias de marketing mais utilizadas pelos

seguidores dessa escola são atividades que estreitam o comprometimento

emocional com a marca como, por exemplo, propaganda, serviços

personalizados e programas de fidelidade (DOWLING, UNCLES, HAMMOND,

2003, p. 296). Segundo essa linha de pensamento, pesquisas de marca e de

propagandas que questionam quanto às pessoas gostam da marca; se são

comprometidas com ela; se a recomendariam para outras pessoas, se ela

propicia sentimentos positivos e confiança, são os principais medidores da

fidelidade. No entanto, as principais críticas sobre essa escola se baseia na

falta de dados empíricos que correlacionem as atitudes dos consumidores em

relação à marca com um comportamento de compra fiel. Como é possível

assegurar que o consumidor que disse ter uma atitude de aceitação à marca irá

se comportar como um cliente fiel? (OLIVER, 1999 apud DOWLING, UNCLES,

HAMMOND, 2003).

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A segunda escola é a que possui o maior suporte sobre dados, porém é

a que traz uma maior controvérsia, defendendo que fidelidade surge depois de

uma experiência de compra e satisfação, ou seja, a marca que melhor atender

às expectativas do cliente será beneficiada por seu comprometimento e,

consequentemente, pela compra repetitiva. Pesquisas do tipo fatia de mercado,

penetração da marca, média de frequência de compra e índice de recompra

estão entre as mais usadas por seus defensores. Essa linha acredita que os

consumidores tendem a ver propaganda e outras formas de comunicação de

marketing mais como uma publicidade de lembrança da marca e demonstração

da oferta, do que informações que realmente influenciam seu comportamento

(DOWLING, UNCLES, HAMMOND, 2003, p. 299). Contudo, essa escola

defende que a influência dos programas de fidelidade e outras ações de

marketing serão mínimas.

A discordância sobre essa escola de pensamento está pautada no fato

de ela considerar que fidelidade equivale à frequência de compra. Aqueles que

a criticam afirmam que não é possível provar por meio de compras passadas o

que realmente gerou aquele comportamento; assim, para eles, o fenômeno não

pode ser isolado e classificado como fidelidade (DOWLING, UNCLES,

HAMMOND, 2003, p. 297). Em consonância com esse pensamento, Reichheld

(2003), Henry (2000) e Bowen e Shoemaker (2003) afirmam que frequência de

compra e satisfação não pode ser confundida com fidelidade.

Reichheld (2003) ressalta sobre a questão da casualidade na compra,

em que um cliente muitas vezes pode agir por inércia, ou ser indiferente à

marca, e realizar um consumo repetitivo sem comprometimento específico. Por

outro lado, há clientes que realizam poucas compras de uma marca, mas

possuem um comportamento de fidelidade em relação a ela. Observe-se, por

exemplo, alguém que troca de carro poucas vezes porque não utiliza muito o

veículo, entretanto é fiel à marca quando decide comprar. “A fidelidade é,

portanto, a vontade de alguém – cliente, empregado, amigo – de fazer um

investimento ou sacrifício para fortificar um relacionamento” (REICHHELD,

2003, p. 48).

Para Henry (2000, p.13), não é possível classificar um cliente como fiel

só pela frequência de compras porque há vários fatores que influenciam o

consumo, podendo ser disponibilidade de crédito, falta de concorrência, preços

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mais baixos, alto custo de mudança, entre outros. Segundo o autor, essas são

algumas razões que podem ajudar na retenção do cliente, mas nenhuma delas

corresponde, de fato, à fidelidade, pois, na ausência delas, é muito provável

que o consumidor não mantenha sua preferência.

A crítica de Bowen e Shoemaker (2003) refere-se à equivalência entre

satisfação e fidelidade. Satisfação diz respeito ao bom atendimento, às

expectativas do cliente, e fidelidade reporta a probabilidade de o cliente voltar.

Certamente, a satisfação é um fator preponderante para gerar fidelidade, mas

nem todo cliente satisfeito torna-se fiel (BOWEN e SHOEMAKER, 2003, p. 33).

A terceira escola de pensamento explica que o comportamento de

compra é construído pelas características do individuo e situações que

envolvem o ato de adquirir um bem ou serviço. Assim, a relação entre a atitude

perante a marca e o comportamento do cliente na hora de comprar é mediada

por diversas variáveis que podem interferir no processo, como orçamento

disponível para a compra, pressão do tempo, hábitos, tolerância ao risco,

disponibilidade do produto, promoções, entre outros fatores. Vale ressaltar que

a diferença entre essa linha de pensamento e a da primeira escola (ênfase na

atitude em relação à marca) é considerar que as várias circunstâncias

(situações) mercadológicas podem ser inibidoras de fidelidade. Assim, é

importante compreender até que ponto as ferramentas de marketing,

especialmente programas de fidelidade, influenciam no comportamento do

consumidor diante das situações de mercado (DOWLING; UNCLES e

HAMMOND, 2003, p. 299).

Para Nunes e Drézen (2006), não se deve esperar que práticas de

marketing, como um programa de fidelidade, gere, de fato, lealdade, pois essa

expressão carrega um significado muito forte, de uma devoção a algo, ainda

que não lhe seja benéfico. Na mesma linha, para Dowling e Uncles (1997), em

vários mercados já estabelecidos, é difícil que qualquer ferramenta de

marketing consiga ultrapassar as leis de mercado. Existirá sempre um limite de

valor para aquilo que as ferramentas de marketing de relacionamento podem

retornar às empresas. Gummesson (2005) reforça esse pensamento afirmando

que a colaboração deve ser o centro de um relacionamento. Assim a fidelidade

no sentido literal, ideia mais próxima à proposta da primeira escola, não faz

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sentido para o mundo dos negócios, especialmente porque colaboração

designa o fato de ambas as partes doarem e perceberem o valor recebido.

Já para autores como Oliver (1999) e Yi e Jeon (2003), a fidelidade está

diretamente ligada à disposição do cliente em comprar com frequência um

produto ou serviço de uma marca, exercendo sua preferência por ela e

recomendando-a, independente das ações de marketing da concorrência, para

tentar mudar seu comportamento de compra e de outras influências

situacionais. Chipunza (2008), por sua vez, reforça o papel do componente

emocional das experiências atípicas na compreensão da fidelização, uma vez

que elas se tornam mais prováveis de serem recordadas no ato da escolha em

qualquer situação.

Contudo, é preciso que as empresas escolham uma dessas três linhas,

tendo em vista que tal decisão envolve questões estratégicas da instituição,

pois cada uma dessas escolas induz táticas de marketing diferentes. Nesse

sentido, Dowling, Uncles e Hammond (2003, p. 299) afirmam que:

Mesmo que o orçamento seja grande – permitindo

simultaneamente a expansão da base de vendas, a

propaganda para encorajar percepções positivas sobre a

marca, e promoções táticas – a necessidade de um foco

estratégico irá impedir uma ou duas dessas opções.

Considerando o mercado esportivo, no qual se inserem os clubes de

futebol, percebe-se que a terceira escola propõe uma linha de pensamento

mais aderente a sua realidade. A competitividade cada vez acirrada entre os

esportes, outras formas de entretenimento, além das condições

socioeconômicas do país, são fatores de mercado que influenciam diretamente

na fidelização do torcedor em relação ao consumo dos produtos e serviços

ligados ao clube. Apesar de todo sentimento que envolve a relação entre

torcedor e a marca esportiva (atitude perante a marca), e do discurso que

procura transformar o torcedor corresponsável pelo sucesso do seu time, é

preciso conhecer bem o público-alvo e fornecer a ele um mix de marketing que

possa criar valor, pois não haverá fidelização somente por amor ao clube.

Nunes e Drézen (2006) ressaltam que, nos dias de hoje, não é possível mais

um apego a algo sem a percepção de um benefício em troca. ”Esse

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comportamento já está escasso até mesmo no amor e na guerra, sendo assim,

seria um exagero acreditar que isso exista nas relações comerciais do nosso

século” (NUNES e DRÉZEN, 2006, p. 125).

2.3.1 A importância do programa de fidelidade para empresa

É fundamental na implantação do programa de fidelidade que seus

objetivos sejam expostos de forma eficaz aos funcionários. Mitchell (2002)

ressalta que é importante ações de marketing interno para o envolvimento de

todos os funcionários com a marca. Na mesma linha, Tosti e Stotz (apud

KHAUAJA, 2005, p. 35) afirmam que esse envolvimento é necessário para que

todos entendam o posicionamento e os valores que a marca deseja transmitir a

seu público.

Dowling, Uncles e Hammond (2003, p. 310) explicam que uma das

principais vantagens de um programa de fidelidade é a manutenção do atual

comprometimento do cliente com a marca; isso significa reforçar o valor

agregado. Outro proveito é a melhoria do canal de comunicação para educar,

vender e criar relação com o cliente, permitindo a percepção de uma marca

mais acessível.

Na mesma linha de pensamento, Gröonros (2004) afirma que, para

fidelizar, é preciso lembrar que os clientes buscam associação com marcas ou

organizações que agreguem valor ou vantagem competitiva a sua vida. Eles

desejam valorização, conveniência, qualidade e, muitas vezes, customização.

Então, para se manterem competitivas, as empresas precisam agregar valor ao

relacionamento fornecendo o “algo a mais” que traz a diferenciação. Dessa

forma, as empresas precisam investir em estratégias, a fim de chamar a

atenção do cliente para a imagem de seus produtos e serviços. Além disso, é

importante enfatizar a necessidade de investimento em meios de comunicação

de marketing eficazes para criar valores intangíveis aos produtos, para que

esses valores se somem ao valor do produto final e o cliente receba não

apenas um produto, mas também uma experiência única.

Contudo, o principal objetivo das empresas, ao implementarem ações de

marketing como um programa de fidelização, é o lucro. Nesse sentido, Best

(apud Reinartz e Kumar, 2000, p. 20) argumenta que os clientes fidelizados

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produzem maiores receitas e margem por cliente do que aqueles perdidos ou

mais recentes e, portanto, os lucros totais deverão aumentar ao longo do

tempo.

Na mesma linha, Reichheld e Teal (1996) encontraram evidências sobre

o aumento dos lucros por unidade de tempo de relacionamento. Clientes leais

entram em um ciclo em que a satisfação com as transações em períodos

anteriores sustentam a lealdade no futuro e reforçam o crescimento nos lucros

da empresa.

Wang, Spiegele, Blattberg e Deighton (apud Reinartz e Kumar, 2000, p.

33) argumentam que relacionamentos duradouros possuem baixo custo de

manutenção em razão do aumento da frequência das transações

proporcionadas pela experiência adquirida na fidelização.

Algumas pesquisas apontam que clientes fidelizados pagam preços

mais altos do que clientes eventuais. Reichheld e Teal (1996) afirmam que, na

maioria das indústrias, os clientes já existentes pagam preços mais elevados

do que os novos por causa do aumento da confiança, sendo menos sensíveis

aos preços. Smith, Bailey e Brynjolfsson (apud Reinartz e Kumar, 2000, p. 21)

destacam que os varejistas com firmes conhecimentos sobre os clientes, tais

como Amazon.com ou CDNow, são capazes de cobrar preços mais altos. Na

mesma linha, Mohs (1999) argumenta que ter um programa de recompensa

amarrado a um excelente serviço ao cliente ajuda a desviar a atenção do

consumidor do preço cobrado.

Ainda nessa perspectiva, Nunes e Drézen (2006) elencam as principais

justificativas para uso dos programas de fidelidade:

a) Reduzir a migração: programas de fidelidade criam barreiras para a

evasão do consumidor, dificultando sua migração para outro fornecedor. Em

setores que existem uma grande perda de clientes, tais programas tornam-se

uma importante ferramenta, como é o caso do mercado de telefonia móvel. A

Sprint, nos Estados Unidos, atrelou seu programa de fidelidade à milhagem. Se

o cliente decidir sair, perderá as milhas acumuladas, bem como as vantagens

já adquiridas com a fidelização, tornando um pouco mais custosa a troca

(NUNES e DRÉZEN, 2006, p. 125).

b) Ganhar share of wallet do cliente: Trata-se do incentivo dado pelos

programas de fidelidade para que os clientes centralizem suas compras em um

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único lugar. De um modo geral, um cliente tipicamente compra produtos e

serviços de mais de um fornecedor; um programa de fidelidade pode incentivar

o cliente a consolidar suas compras (NUNES e DRÉZEN, 2006, p. 125).

Oferecer um diferencial e uma estrutura que comporte a oferta adequada de

produtos é essencial para o funcionamento dessa estratégia. O pioneirismo ao

lançar um programa de fidelidade é uma grande vantagem competitiva perante

a alta concorrência, entretanto também é possível, com uma estrutura de

recompensa mais lucrativa, ganhar participação no mercado.

c) Oportunizar compras adicionais: De acordo com os autores, existe

uma expectativa de os clientes terem um limite na aquisição dos produtos.

Contudo os programas de fidelidade, principalmente os que possuem

diferentes categorias, denominadas de bronze, prata e ouro, podem induzir os

clientes participantes a compras adicionais. A ideia é que os clientes se sintam

estimulados a comprar mais para alcançarem a categoria superior, almejando

mais benefícios, ou tendam acelerar suas compras para manter a posição

desejada.

d) Compreender comportamento do consumidor: Os programas de

fidelidade são uma valiosa fonte de informação sobre o cliente. Assim, auxiliam

a empresa na escolha de suas ofertas e no aperfeiçoamento da comunicação.

No entanto, é preciso definição de quais dados são relevantes para cada

estratégia, evitando desgastes com informações inúteis.

Sendo assim, é essencial atentar para o custo/benefício dos programas

de fidelidade. Para Mohs (1999) e Shugan (2005), programas de fidelidade mal

desenhados acarretam grandes custos para empresa. Shugan (2005)

exemplifica o caso das companhias aéreas, afirmando que o custo de manter

tais programas supera o retorno que eles trazem para a empresa, e que essas

companhias estão começando a tratar seus programas como passivo.

Sobre essa questão, Dowling e Uncles (1997, p. 78) advertem que “(...)

em suma, a alegação de que clientes fidelizados são sempre mais rentáveis é

uma simplificação grosseira.” Os autores argumentam que não há motivo para

acreditar que os clientes de curto prazo são mais onerosos. Reinartz e Kumar

(2000) explicam que é a receita que dirige o valor de um cliente e não a

duração relacionamento. Eles afirmam que as empresas precisam identificar

melhor quem são os clientes de curto e longo prazo para evitarem despesas

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com comunicação equivocada, melhorando a elaboração de estratégias de

relacionamento de acordo com cada tipo de cliente.

Vários programas de fidelização têm sido desenvolvidos com o objetivo

de tentar a retenção de clientes. Vale ressaltar que cada tipo de programa tem

uma característica diferente, porém, para todos, é preciso um bom

planejamento, uma vez que se trata de uma ação de marketing de longa

duração.

Segundo Rocha (1999), existem seis tipos de programas de fidelidade: o

de recompensa, o educacional, o contratual, o de afinidade, o de serviço de

valor agregado e o de alianças. O primeiro recompensa o relacionamento e as

compras repetitivas do cliente por meio de bônus, prêmios, incentivos,

pontuação, etc. O educacional enfatiza mais o “educar” e o “conscientizar” do

que “aumentar o consumo”; gerando um fluxo de informação constante entre a

empresa e o cliente. Já o contratual usufrui de um relacionamento existente

com o cliente para ofertar outros produtos e serviços. O de afinidade reúne

consumidores com interesses comuns; é mais conhecido como “customer

clubs”. O de serviço de valor agregado melhora o relacionamento com o cliente

simplesmente por agregar qualquer tipo de benefício a mais no seu produto ou

serviço. O último tipo, de alianças, estabelece alianças entre empresas, a fim

de oferecer serviços/produtos complementares.

Seja qual for a escolha do programa de fidelidade, alguns autores como

Banasiewicz (2005), O’Brien e Jones (1995), Nunes e Drézen (2006), Dowling

e Uncles (1997), Shugan (2005) entre outros, aconselham sobre os aspectos

que auxiliam no sucesso dessas ações de marketing que são apresentados a

seguir.

Em suma, Banasiewicz (2005) sugere que a empresa, ao planejar seu

programa de fidelidade, conheça quem são seus melhores clientes e qual o

valor deles. Assim, a elaboração de relatórios gerenciais que classifiquem e

mostrem o faturamento de cada cliente, bem como sua compra total na

categoria de produto (share of wallet) são ações importantes. Outro ponto a ser

considerado é o custo de retenção e quais são os melhores incentivos para o

programa, ou seja, o entendimento do custo/benefício para saber o quanto se

pode gastar com incentivos e premiações, visando a um resultado econômico

positivo. Além disso, é preciso um acompanhamento sistêmico dos resultados

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do programa diante das metas estabelecidas. Essa iniciativa é chamada de

back-end, porque é invisível para o cliente; e depende de coleta e bom

tratamento das informações disponíveis.

O’Brien e Jones (1995) afirmam que os clientes não são iguais, por isso

não devem ser tratados da mesma forma, devendo a empresa direcionar seu

melhor valor aos seus melhores clientes. Ressaltam também que o valor

oferecido nunca deve exceder o custo da entrega. Sobre isso, os autores

explicam: “Um programa de fidelidade não deve dar nada de graça, pois a

lucratividade será ilusória, mas os custos serão reais” (O’BRIEN e JONES,

1995, p. 76). Nesse sentido, é essencial que o funcionamento do programa

direcione um comportamento desejado do cliente, que deverá estar ligado à

promoção de bons resultados.

Para Nunes e Drézen (2006), algumas práticas são fundamentais para o

sucesso de um plano de fidelização, como a divisibilidade da recompensa.

Sobre isso, afirmam que:

Clientes em geral gostam de programas que permitem a

recompensa pelo menor acúmulo de pontos possível [...] um

programa que apresenta baixa divisibilidade na recompensa

pode desencorajar o cliente a participar por possuir uma linha

de corte muito alta. (NUNES e DRÉZEN, 2006, p. 128)

De acordo com os autores, é necessário que o programa exponha, de

maneira simples, o progresso do cliente em relação à meta, ou seja, à

recompensa. Sendo assim, é preciso que o funcionamento do programa

forneça incentivos para que o cliente progrida e não desista, impedindo que ele

imagine que a recompensa está muito longe de ser alcançada

A natureza da recompensa é outra questão a ser estudada, pois se

refere à interferência na motivação do cliente pelo tipo de prêmio que pode ser

conquistado. Segundo Nunes e Drézen (2006), os prêmios que geram prazer,

como viagens ou qualquer item de luxo que o cliente não compraria com seu

próprio dinheiro, promovem melhor desempenho do que incentivos

sistemáticos (como dinheiro).

Além disso, sugerem que as empresas devem evitar oferecer,

gratuitamente, como recompensa, produtos que já são consumidos com

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frequência pelo cliente, por exemplo, o cliente ganha uma refeição após ter

consumido dez refeições em uma cadeia de restaurante. Nesse caso, os

consumidores alvos da recompensa já estariam propensos a continuar

comprando o produto, sendo mais interessante oferecer outro produto como

benefício (sobremesa), transformando a recompensa em uma nova

experiência.

Nunes e Drézen (2006) também alertam sobre o perigo de confundir um

programa de fidelidade com promoção. Para eles, um programa de fidelidade

deve gerar relacionamento de longo prazo, não devendo recompensar clientes

infiéis, tampouco recompensar volume sobre lucratividade.

Já para Dowling e Uncles (1997), a construção de um programa de

fidelidade deve atentar para a ligação da recompensa com o negócio central da

empresa. Os autores recomendam que, se possível, opte-se por recompensas

que suportem diretamente o produto e/ou serviço da empresa, melhorando

alinhamento com o seu posicionamento e sua proposta de valor.

Os autores mencionam a necessidade da aderência entre a recompensa

e o seu público-alvo, bem como do conhecimento da percepção desse público

em relação ao prêmio. É preciso compreender que o cliente faz um trade-off

entre o valor de sua recompensa e aquele gasto em produtos para sua

conquista, incluindo, nessa análise, o tempo gasto nesse processo.

Sobre as sugestões de recompensas, Lacey (2006) acredita que

motivadores econômicos podem induzir o comprometimento do cliente no curto

prazo, mas falham em sustentar o relacionamento no longo prazo, por isso

defende a ideia de que benefícios estejam ligados a fatores mais emocionais e

prazerosos.

Dessa forma, foram apresentados os principais aspectos a serem

observados para o sucesso de um programa de fidelidade, porém é importante

a definição de métricas para verificação se os objetivos do programa estão

sendo alcançados.

Conforme Banasiewicz (2005), é preciso definir claramente o objetivo do

programa, que geralmente é a obtenção de maior faturamento (ganhar market

share) ou o aumento da lucratividade da empresa (aumentar o preço médio do

cliente sem aumentar os custos). Além disso, é necessário que as métricas da

empresa estejam alinhadas ao objetivo do programa e que seja elaborada uma

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estratégia de público-alvo, permitindo que empresa selecione um grupo

específico de clientes para focar suas ações.

Para Meyer-Waarden (2007), dois indicadores, em especial, conseguem

medir a eficácia de um programa de fidelidade:

a) O aumento no CLV (valor de vida do cliente), definido como o valor

presente de todas as transações que estão sendo e serão efetuadas

com o cliente.

b) O SOW (share of wallet), definido como a fatia da empresa nos

gastos totais do cliente, que mostra a capacidade do programa para

oferecer e estimular vendas cruzadas.

Já Gummesson (1997), além dos indicadores descritos anteriormente,

elenca outras métricas para uma boa estratégia de relacionamento, sendo elas:

a) Duração do relacionamento: período em que o consumidor continua

cliente.

b) Taxa de retenção: porcentagem de consumidores que permanecem

clientes depois de certo período.

c) Market share: medição da fatia da empresa no mercado.

d) CLV e share of wallet.

Para Banasiewicz (2005), a melhor compreensão dos resultados

depende da formação de grupos de controle, que significa isolar alguns clientes

com características semelhantes e compará-los com os participantes do

programa.

Finalmente, é importante notar que esses indicadores devem ter

sucesso em espelhar a relação custo/benefício do programa, ou seja,

indicadores de retenção sozinhos podem ser ineficazes em espelhar eficiência

se não espelharem o real custo dessa retenção (DOWLING, UNCLES e

HAMMOND, 2003, p. 310). Contudo, em razão da falta de estudos empíricos

sobre o impacto dos programas de fidelidade no comportamento dos

compradores, esses autores sugerem que cada empresa faça a análise de

indicadores internos para verificar o real retorno de seu programa de

fidelização.

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3. ESTUDO DE CASO

O Sport Club Corinthians Paulista foi fundado em primeiro de setembro

de 1910, no bairro paulistano do Bom Retiro. Seus fundadores foram operários

descendentes de italianos da antiga estrada de ferro São Paulo Railway,

chamados: Anselmo Corrêa, Antônio Pereira, Carlos Silva, Joaquim Ambrósio e

Raphael Perrone. Eles inspiraram-se na excursão que o popular time inglês,

Corinthian-Casuals Football Club, fez ao Brasil para realizar o desejo de formar

um time de futebol.

As primeiras reuniões do Corinthians ocorreram em uma pequena

barbearia do bairro, porém, devido ao alto número de adesões, esse local

tornou-se pequeno, ocorrendo a mudança dos encontros para Rua Imigrantes,

34, na confeitaria de Afonso Desidério, que veio a ser a sua primeira sede.

Os recursos para sua manutenção eram obtidos por meio de doações

feitas por moradores da vizinhança, o que possibilitou a compra dos primeiros

materiais esportivos e o aplainamento de um terreno baldio na Rua José

Paulino, onde o time começou a disputar seus jogos (LAS CASAS, 2002).

Em homenagem ao time inglês que inspirou sua criação, a primeira

camisa do Corinthians teve a cor bege. O uniforme de 1910 tinha a camisa com

detalhes em preto nas mangas, barra e gola e os calções eram brancos e feitos

com sacos de farinha. Os uniformes desbotaram com o passar do tempo, e

como não havia condições financeiras para renová-los, assim foram adotadas

as cores branco e preto que se tornaram oficiais em 1920 (SELEÇÕES E

TIMES, 2014).

Em Agosto de 2010, o marketing do Corinthians lançou a camisa em

comemoração ao centenário do clube, remetendo ao primeiro uniforme

utilizado pelo Corinthians em 1910, com a cor bege e no escudo as letras CP,

fazendo referência ao primeiro escudo utilizado pelo clube (ESPORTES

TERRA, 2010).

Em 2015, o Clube lançou um novo uniforme para homenagear a

conquista do seu primeiro título mundial da FIFA em 2000, com camisas

brancas e mangas pretas. O segundo uniforme tem como cor principal o laranja

e como campanha a frase “Todo Poderoso Terrão”. A cor escolhida faz

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homenagem ao campo de terra usado para treinos das categorias de base,

famoso por ajudar a revelar jogadores para o clube no passado (GLOBO

ESPORTE, 2015a).

Figura 5 – Camisa de comemoração ao Centenário do Clube

Fonte: Esportes Terra (2015).

Em 1913, o time conseguiu entrar para Liga Paulista, uma das duas

ligas locais existentes em São Paulo na época. Até esse ano, o Corinthians não

usava escudo nas camisas, o primeiro, com as iniciais C e P (Corinthians

Paulista), foi criado às pressas para as disputas no campeonato.

Em 1914, o litógrafo Hermógenes Barbuy criou o segundo escudo,

surgindo o S, de Sport e o C passou a valer para Club e Corinthians. A terceira

variação surgiu em 1926, em que o fundo foi arredondado, permanecendo as

letras S, C e P entrelaçadas. Em 1919, já apareceram, no distintivo, as

características atuais: formado por um círculo negro, com o nome completo do

clube e a data de fundação em branco (S. C. Corinthians Paulista – 1910). No

centro, a bandeira paulista, ainda sem o rigor das 13 listras. A âncora e os dois

remos vermelhos em surgiram, em 1940, no quinto escudo do clube, referem-

se aos esportes náuticos praticados no clube.

A versão definitiva tem recebido algumas modificações, como a fiel

descrição da bandeira de São Paulo (com suas 13 listras) e a ondulação,

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gerando mais dinamismo ao distintivo. Em 1990, com a conquista do primeiro

título do Campeonato Brasileiro, foi adicionada a primeira estrela ao distintivo.

Outras quatro estrelas são referentes às outras conquistas dos Campeonatos

Brasileiros, além da conquista do Mundial da FIFA em 2000. Em outubro de

2011, o marketing do Corinthians anunciou a retirada das estrelas do escudo

para evitar que produtos que estavam à venda ficassem obsoletos caso o clube

conquistasse mais campeonatos (MEU TIMÃO, 2012)

.

Figura 6 – A evolução do escudo do Corinthians

Fonte: A evolução dos escudos corinthianos, 2012.

O hino do time, chamado Campeão dos Campeões, foi criado, em 1952,

pelo compositor e radialista Lauro D’Avila e ganhou popularidade após a

conquista do título paulista de 1954, quando a torcida passou a cantá-lo de

forma assídua. Sua primeira gravação foi executada por Osny Silva, da

gravadora Continental, nos estúdios da rádio Bandeirantes (GARCIA, 2014).

O mascote corinthiano é o mosqueteiro, e a história de sua escolha tem

duas versões. A primeira remete ao romance de Alexandre Dumas, Os três

mosqueteiros e o homem da máscara de ferro, que conta sobre as aventuras

da guarda pessoal do rei Luís XIII da França, que defendia com grande

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coragem e honra seu soberano. Quando o Corinthians entrou para Liga

Paulista, em 1913, ela era composta por Americano, Germânia e Internacional,

conhecidos como “os três Mosqueteiros”. Assim, ao filiar-se à Liga o time, foi

apelidado como o quarto mosqueteiro, D’Artagnan, jovem mosqueteiro do

referido romance. Com o desaparecimento dos outros times, o Corinthians

manteve o apelido, transformando-o em mascote oficial. A segunda versão, e a

que consta no site do clube, remete-se à ocasião da primeira vitória

internacional do Corinthians, contra o time argentino Barracas por 3 a 1. Devido

ao empenho em vencer essa partida, o cronista da Gazeta Esportiva, Thomaz

Mazzoni, escreveu uma matéria no dia seguinte, comparando os jogadores

corinthianos aos mosqueteiros6.

Figura 7 – O mascote do Corinthians

Fonte: Site do Corinthians.

Zenone (2014) afirma que a história do clube é um importante

patrimônio, pois ajuda a construir os alicerces que sustentarão a

institucionalização da marca. Para o autor, já na criação da entidade esportiva,

surgem elementos que definirão, na visão do marketing, o posicionamento

central da marca e o segmento de mercado no qual ela atuará. Conforme

Muylaert (1993), a criação de uma boa imagem corporativa em médio e longo

prazo deve ser uma das principais preocupações do marketing esportivo na

criação de diferenciação na mente do consumidor.

Em entrevista concedida em 2015, Vinicius Manfredi de Azevedo7, atual

gerente de marca e responsável pelo programa Fiel Torcedor do clube,

comenta que:

6 Revista Placar. As maiores torcidas do Brasil – Corinthians, 1983, p. 42.

7 Entrevista concedida por Vinicius Manfredi Azevedo [jul. 2015]. Entrevistador: Fabiano

Fernandes Martins. São Paulo, 2015.

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O Corinthians tem uma história muito forte desde sua

fundação. As pessoas se identificam com o clube pelo fato dele

sempre estar muito próximo às populações mais carentes.

Nossa história começou com cinco operários querendo realizar

um sonho. Isso traz uma identificação nacional. Além de

termos vivido diversos momentos históricos que aproximaram

ainda mais o torcedor. O melhor exemplo disso é a Democracia

Corinthiana, liderada por Sócrates e Casagrande. Toda essa

determinação, humildade e lealdade ao clube são valores que

estão no DNA do Corinthians e, certamente, muitos acabam se

identificando.

Com grande identificação com as classes mais populares, o clube tem a

segunda maior torcida do país e a maior de São Paulo, segundo pesquisa

realizada pelo Ibope em parceria com o jornal Lance em 2014. Suas principais

conquistas futebolísticas estão no quadro 2.

Quadro 2 – Títulos do Corinthians

Internacionais

2 Campeonatos Mundiais de Clubes da FIFA em 2000 e 2012.

1 Copa Libertadores da América em 2012.

1 Recopa Sul-Americana em 2013.

Nacionais

6 Campeonatos Brasileiros (1990, 1998, 1999, 2005, 2011 e 2015).

3 Copas do Brasil (1995, 2002 e 2009).

1 Super Copa do Brasil em 1991.

1 Campeonato Brasileiro da série B em 2008.

Interestaduais 5 Torneios Rio-São Paulo (1950, 1953, 1954, 1966 e 2002).

Estaduais

27 Campeonatos Paulistas (1914, 1916, 1922, 1923, 1924, 1928, 1929, 1930,

1937, 1938, 1939, 1941, 1951, 1952, 1954, 1977, 1979, 1982, 1983, 1988,

1995, 1997, 1999, 2001, 2003, 2009 e 2013).

Adaptado do relatório de sustentabilidade do Corinthians 2014, 2015, p. 16.

3.1 Administração

Com uma administração mais profissional desde 2007, o Corinthians

vem priorizando o fortalecimento das finanças com intensificação do

relacionamento com seu público, principalmente o torcedor. Práticas de

governança corporativa foram instituídas contribuindo para o equacionamento

dos resultados financeiros e aumentando a transparência na prestação de

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contas. Além disso, o clube elabora relatórios de sustentabilidade com base

nas diretrizes da Global Reporting Initiative (GRI) desde 2008, que são

auditados por auditoria independente, conferindo credibilidade às informações

publicadas (Sport Club Corinthians Paulista. Relatório de Sustentabilidade

2014)

Um novo estatuto passou a vigorar a partir de 2008. Dentre suas

principais mudanças, está a participação do associado do clube na escolha do

presidente por meio do voto direto, mandato de três anos para o cargo de

presidente, fim da reeleição e participação de membros independentes e não

remunerados nos cargos de diretoria e comitês executivos.

A gestão do Corinthians está dividida em cinco níveis, Assembleia Geral

(AG), Conselho Deliberativo (CD), Conselho de Orientação (CORI), Conselho

Fiscal e Diretoria. A AG elege presidente, vice-presidentes e dois terços do

Conselho Deliberativo. Ao CD, competem eleger os membros efetivos e

suplentes do Conselho de Orientação, do Conselho Fiscal, da Comissão de

Ética e Disciplina, os conselheiros vitalícios, além de votar na previsão

orçamentária anual. O CORI exerce as funções de orientar o presidente da

Diretoria e fiscalizar a administração; aprovar e expedir o Regimento Interno e

os regulamentos e recomendar à Diretoria quaisquer providências necessárias

à sua perfeita organização, bem como à aplicação de verba, entre outras

responsabilidades. O conselho fiscal é o responsável pela escrituração geral do

Corinthians, além de fiscalizar o cumprimento da legislação esportiva vigente.

A Diretoria do clube é a responsável pela administração, entre suas

diversas atribuições estão: resolver questões sobre admissão, transferência,

licenciamento, demissão e readmissão de associados; tratar de competições

desportivas, além de fornecer ao CORI e ao CD todas as informações e

documentos por eles solicitados (Sport Club Corinthians Paulista. Relatório de

Sustentabilidade 2014).

O quadro 3, a seguir, mostra a configuração atual do Clube.

Quadro 3 – Raio-X do Corinthians

Razão social

Natureza jurídica

Sport Club Corinthians Paulista

Entidade Esportiva, sem fins lucrativos

Sede Rua São Jorge, 777, Tatuapé – São Paulo/SP Brasil

Sócios adimplentes 14.424

Funcionários 977

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Torcedores

Mascote

Santo padroeiro

Mais de 30 milhões

Mosqueteiro

São Jorge

Ativo total* R$ 1,453 milhão

Patrimônio líquido* R$ 306,449 milhões

Receitas operacionais* Futebol: R$ 229,697 milhões

Clube: R$ 28,543 milhões

Adaptado do Relatório de Sustentabilidade do Corinthians 2014, p. 12.

É interessante notar que, para um número de torcedores estimado em

30 milhões, a estrutura da entidade esportiva com 977 funcionários parece

relativamente pequena. Outra curiosidade é a natureza jurídica de entidade

sem fins lucrativos, uma vez que os grandes clubes de futebol negociam

volumes financeiros que, se somados, ultrapassariam o PIB de vários países.

A nova gestão do Corinthians representa uma continuidade das últimas

duas administrações. O novo presidente, Roberto de Andrade Souza, tomou

posse no início de 2015, a atual administração do clube está representada na

figura 8.

Figura 8 – Organograma do Corinthians (2015)

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Vale ressaltar que, apesar de representar a continuidade da gestão

passada, grande parte da diretoria foi renovada, corroborando a proposta de

democratização da administração corinthiana, que ganhou força desde 2008.

Como prevê o estatuto do clube, as funções de diretoria não são

remuneradas, e os titulares acumulam suas atividades com aquelas que

realizam no mercado, como o diretor de marketing, Marcelo Pereira Passos,

que é vice-presidente de atendimento da agência de publicidade DM9.

3.2 Marketing no Corinthians

Em 2007, o Corinthians viveu um dos anos mais turbulentos de sua

história. Após o encerramento de uma parceria polêmica com a empresa MSI,

o que acarretou a saída de vários jogadores do elenco, bem como uma grande

crise política, que culminou no afastamento de seu presidente, Alberto Dualib, o

futebol do clube foi afetado. Com uma campanha medíocre no campeonato

brasileiro da série A, o time terminou na 17ª colocação, sendo rebaixado para

série B. No final do mesmo ano, uma nova administração assumiu o clube com

o lema “Renovação e transparência”, iniciando-se uma nova gestão de

marketing no clube.

Uma grande comoção foi gerada no corinthiano em razão do

rebaixamento do time no campeonato brasileiro. Apesar da difícil situação, o

marketing identificou uma grande oportunidade, pois, ao analisar o

comportamento vindo das arquibancadas da grande maioria dos torcedores, foi

detectado que a fidelidade ao clube não fora abalada e sim reforçada. Em vez

de xingar e partir para a violência, a torcida no estádio cantou “Eu nunca vou te

abandonar porque eu te amo”. Através da liberação da patrocinadora, o clube

obteve licença para produzir, por conta própria, uma camiseta com a frase

encomendando um lote inicial de 6.000 unidades. Poucos meses depois, mais

de 1,2 milhão delas tinham sido vendidas. Assim, o posicionamento estratégico

da empresa explorou a ideia de que a torcida precisava exercer sua fidelidade,

apoiando o time naquele momento de dificuldade, passando a exibir as formas

concretas desse apoio por meio de seus produtos.

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Figura 9 – Camisa da Campanha Eu nunca vou te abandonar porque te amo

A campanha também trouxe frutos na negociação do patrocínio série B

em 2008. Apesar do rebaixamento, o marketing corinthiano recusou a

renovação do contrato com a até então patrocinadora, que previa uma redução

pela metade no valor total do patrocínio em caso de queda, e fechou um novo

contrato por 18 milhões de reais. Tal valor foi 50% maior que em 2007 e 2

milhões a mais do que recebeu o Flamengo, time de maior torcida no país, na

série A do campeonato Brasileiro (MELLO, 2012).

No fim de 2008, o sucesso da reconstrução da imagem corinthiana

possibilitou que o clube conseguisse um feito para os padrões nacionais

naquele contexto, a contratação de um dos maiores jogadores de futebol de

todos os tempos por um time recém-rebaixado para segunda divisão do

campeonato brasileiro. Ronaldo Fenômeno aceitou uma proposta em que

grande parte de sua remuneração viria de receitas com patrocínio de camisa e

direitos de imagem, o que reforçou a credibilidade advinda do potencial de

marketing que o Corinthians havia alçando em pouco tempo.

Figura 10 – Ronaldo “Fenômeno”

Fonte: Globoesporte.com (2009).

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Em um artigo no qual são expostas as principais ações de marketing dos

clubes brasileiros e como elas ajudaram a fidelização dos torcedores, bem

como no Relatório de Sustentabilidade do Corinthians 2014, Gaspar et al

(2014) demonstram as atividades do marketing corinthiano, sendo as

seguintes:

Programa Fiel Torcedor: Criado em 2008, o programa sócio-

torcedor tornou-se um programa de fidelização que concede

recompensas, como descontos em produtos da marca Corinthians,

além de vantagens como a compra antecipada de ingressos pela

internet com prioridade para os sócios mais assíduos. Hoje, o

programa conta com cinco opções de planos, sendo elas: o Plano

Minha Vida, Plano Minha História, Plano Meu Amor, Minha Paixão e

Minha nação. Cada qual com características e valores diferentes.

Filmes e documentários: Trata-se de vários documentários

retratando façanhas da equipe de futebol. Dentre os quais pode-se

citar o “Fiel” de 2008, que conta a história da trajetória do

rebaixamento para segunda divisão até a volta do time à série A do

campeonato Brasileiro, além da produção que narra a conquista do

Mundial Interclubes da FIFA no Japão em 2012.

Lojas oficiais: Criação em 2008 da franquia Poderoso Timão, que

comercializa artigos (objetos e roupas) com a marca Corinthians.

Além de não precisar investir em fabricação, manutenção ou

administração dos produtos e lojas, 7% do lucro vindo das vendas

são repassados ao Clube. Com a expansão da franquia, fábricas na

China tornaram-se responsáveis por produzir exclusivamente itens

comercializados na rede de lojas Poderoso Timão.

Terceiro uniforme: O departamento de marketing do Corinthians

lançou, em 2008, uma terceira camisa roxa com menção ao amor do

torcedor pelo clube vindo da expressão “corinthiano roxo”. Mesmo

fugindo do tradicional preto e branco a ação foi um sucesso de

vendas com mais de 100 mil camisas comercializadas antes mesmo

de estrear com o time.

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Timão Tur: Lançamento de uma agência própria de viagens

nacionais e internacionais em 2008, visando uma maior conexão com

os torcedores nos momentos de lazer.

Timão é a sua cara: Campanha inovadora lançada em 2009 na qual

o clube começou a vender a oportunidade de o torcedor estampar

sua foto nos uniformes usados pelo time. O seu sucesso fez que o

clube repetisse a ação em outras oportunidades, como no uniforme

usado na disputa do campeonato Libertadores da América, em 2012.

Almanaque do Timão: Aplicativo para smartphones lançado em

2015, que contém conteúdo exclusivo do Corinthians. A ferramenta

tem dados de mais de 5.400 jogos, 1.300 jogadores e 110 técnicos

desde 1910. A tecnologia permite interatividade com o usuário, que

poderá, por exemplo, fazer pesquisas de sua preferência para

encontrar um jogo inesquecível ou um ídolo da infância.

Site oficial: Uso do ambiente da internet para divulgação de

informações e notícias atualizadas, além de promoções e serviços

oferecidos pelo clube. Trata-se de um dos mais bem estruturados e

acessados portais de clube de futebol do país.

Repatriação de jogadores consagrados: Contratação em 2008 de

Ronaldo Fenômeno para ser o novo atacante do Corinthians. Devido

à projeção internacional do jogador o impacto de marketing foi

instantâneo, com aumento na venda de uniformes, aumento do

interesse da mídia, melhores acordos em patrocínios e a valorização

da marca do clube. Outras contratações buscaram o mesmo efeito,

como as de Adriano, em 2011, e Alexandre Pato, em 2013. Apesar

de trazer um menor impacto, essas negociações foram importantes

para o objetivo de internacionalização da marca Corinthians.

Patrocínio master: Após a queda para segunda divisão do

campeonato brasileiro em 2007, a renovação do patrocínio com a

Samsung teria o valor reduzido pela metade em função de uma

clausula contratual. O Corinthians recusou a proposta e, mesmo

jogando a série B do campeonato Brasileiro em 2008, negociou um

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patrocínio em 50% acima ao anterior e maior que o contrato fechado

pelo Flamengo na mesma época, clube com a maior torcida do país.

Até fevereiro de 2016 o Corinthians tinha um contrato com a Caixa

Econômica Federal no valor de 30 milhões por temporada, sendo o

clube com maior patrocínio no país.

Terra Corinthiana: Campanha lançada em 2011 por ocasião do

início da construção do estádio em Itaquera, que vendeu um kit

contendo sementes de Ipê e uma quantidade de terra retirada do

terreno sobre o qual foi construído a Arena Corinthians.

Distribuidora de materiais: Renovação de um contrato milionário

em 2012 com a Nike para estampar sua marca no uniforme como

distribuidora de materiais da equipe. O prazo negociado foi de 10

anos com um valor estimado de R$ 30 milhões, sendo R$ 22 milhões

em dinheiro para o Corinthians e os R$ 8 milhões restantes

destinados ao fornecimento de materiais e artigos esportivos.

Escolas de futebol: Rede de escolas de futebol licenciadas

espalhadas por todo Brasil chamada “Chute Inicial”. Além do objetivo

de iniciar crianças na prática do futebol, outra de suas principais

atribuições está a de criar um vínculo entre alunos e clube,

transformando-os em longínquos torcedores.

Jogando pelo meio ambiente: Parceria do Corinthians com o

Banco Cruzeiro do Sul, iniciada em 2010, que incluía ações para

combater o aquecimento global. O projeto previa que a cada gol

marcado pela equipe corinthiana, cem árvores seriam plantadas.

Essa ação teve ações até 2013 e contou com a adesão de outros

times, como o do Palmeiras.

Projetos sociais: Em 2010, foi lançado o projeto Time do Povo, com

o intuito de oferecer a crianças carentes de 5 a 12 anos um dia de

entretenimento com o tema “Um dia de Corinthians”. Trata-se de uma

série de atividades oferecidas pelo clube, como visita à sede social,

centro de treinamento do time de futebol, estádio, entre outros

passeios. O clube oferece transporte, alimentação e distribui brindes

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contendo brinquedos e doces, sendo o carro chefe dos projetos

sociais do Corinthians até os dias atuais.

Ao longo do ano de 2012, o clube cedeu o espaço de seu

patrocinador master no uniforme à promoção de instituições e

entidades com reconhecimento no desenvolvimento de trabalhos em

responsabilidade social.

Em 2014, foi lançado o projeto Time do Povo em quadrinhos, um

programa social destinado a crianças e adolescentes carentes para

promover, no contraturno escolar, o ensino das técnicas de desenho

em quadrinhos, sendo ministradas aulas de figura humana,

perspectiva e criação de fanzines e gibis (Sport Club Corinthians

Paulista. Relatório de Sustentabilidade 2014).

Nasci fiel: Projeto desenvolvido em 2012 pelo Corinthians com apoio

do ministério da saúde, que visa à doação de itens e artigos infantis

para recém-nascidos de famílias carentes, além de oferecer outros

benefícios ao Hospital Santa Marcelina, localizado na zona leste da

cidade de São Paulo.

Naming rights: Desde o início da construção de sua arena, o

Corinthians negocia os direitos sobre seu nome oficial, porém, até o

momento, sem conclusão. No fim de 2015, com a conquista do

Campeonato Brasileiro, o assunto ganhou força, e o presidente do

Clube revelou que um acordo, algo em torno de R$ 400 milhões por

20 anos, está próximo de ser concretizado8. A técnica é uma forma

de o clube alavancar suas receitas e uma oportunidade para

empresas que desejam divulgar seu nome através da grande

exposição do Corinthians na mídia.

República Popular do Corinthians: Durante as comemorações do

centenário corinthiano, em 2010 foi fundada a República Popular do

Corinthians, campanha que fazia alusão à criação de uma nova

nação só de corinthianos com direito a RG e passaporte. Em 2011

esse projeto se estendeu para a internet e suas redes sociais virando

8 Matéria do Globo Esporte (2015). (Ver GLOBO ESPORTE, 2015b).

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um grande instrumento de interatividade para os torcedores, com

promoção de eventos e ações sociais do Corinthians. Além disso,

tornou-se um programa de multifidelidade atrelado ao Fiel Torcedor,

em que os sócio-torcedores podem participar de promoções

exclusivas e resgatar os benefícios oferecidos pela fidelização.

Rádio Coringão: Webrádio (transmissão somente pela internet com

alcance mundial) no ar desde 2009, com o objetivo de divulgar

informações diárias sobre a rotina de eventos relacionados ao

Corinthians, além de transmitir os jogos das equipes profissionais de

futebol e futsal.

Outros esportes: Atualmente, a marca Corinthians está presente em

mais de 30 modalidades de esportes, entre elas destacam-se o

MMA, através do patrocínio ao ex-campeão mundial Anderson Silva9,

o Futsal, o Rugby e o Futebol americano.

Farma Timão: Parceria acordada em 2010 com a rede de farmácias

PoupaFarma para oferecimento de medicamentos e outros produtos

a preços populares com o intuito de difundir ainda mais a marca do

clube.

Parcerias com outros times de futebol: Com o objetivo de revelar

jogadores, além de difundir seu nome em diferentes regiões do Brasil

e América, o Corinthians lançou uma espécie de franquia na

Argentina, com o time chamado Corinthians Santa Fé, e no Paraná,

com o então chamado Corinthians Paranaense. Em ambos os casos

as parcerias foram desfeitas, com o time paranaense em 2012 e com

o time argentino em 2015.

Campanha Sangue Corinthiano: Campanha que acontece três

vezes ao ano, no Brasil inteiro, com o objetivo de conscientizar o

torcedor sobre a importância da doação de sangue, com o lema “Dia

de corinthiano doar sangue”.

9 Conforme matéria divulgada pelo site: www.sportv.globo.com, o vínculo do lutador com o

Corinthians encerrou-se em novembro de 2015. (Ver GLOBO ESPORTE, 2015c).

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Exploração de novos mercados: Em 2014, foram realizadas

excursões internacionais para China e EUA, tanto para divulgação do

futebol do Corinthians, como para realização de parcerias que

envolveram outras modalidades esportivas desenvolvidas no clube (Sport

Club Corinthians Paulista. Relatório de Sustentabilidade 2014).

Memorial do Corinthians: Memorial onde estão reunidos os

principais fatos de sua história, títulos, ídolos, recordes e até mesmo

as maiores decepções. Inaugurado em 2006, está localizado na sede

do clube.

Corinthians além do esporte: Links encontrados no site do

Corinthians para torcedores com hobbies além do esporte, como o

festival “Canto por ti Corinthians” para bandas e músicos, e o

“Corinthians Poker Circuit” que é um circuito de poker criado no início

do ano de 2013.

A tabela 1 mostra a evolução das receitas do Corinthians divididas por

produtos, compreendida no período em que ocorreram as ações de marketing

citadas anteriormente. Os gráficos 1 e 2 demonstram a participação dos grupos

de receitas, sem a contabilização de transferências de atletas, no total apurado

em 2013 e 2014.

Tabela 1 – Evolução das receitas do Corinthians por produto em R$ milhões

Produto 2014 2013 2012 2011 2010 2009 2008

TV/publicidade estática 108,7 102,5 153,7 112,5 55 40,4 25,6

Nike 22,5 19,1 42,6 10,9 13,9 16,3 5

Uniforme 27,5 28,6 21,9 33,5 25 21,3 16

Fiel Torcedor 2,6 2,9 6,0 0,5 1,5 4,9 0,1 Licenciamentos/ Franquias 9,8 18 21,5 14 21 7,8 7,3

Arrecadação de jogos 6,9* 32 35,1 27,1 29,4 27,6 16,6

Total 178 203,1 276,8 198,5 145,8 118,3 70,6

*Não inclui R$ 36,2 milhões, referentes à bilheteria de jogos que foram repassados ao Fundo

de Investimento Imobiliário Arena Corinthians.

Fonte: Relatório de Sustentabilidade do Corinthians 2014.

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Nesta tabela, é possível identificar que os grupos de produtos

negociados pelo Corinthians estão de acordo com a divisão do marketing

esportivo por frentes de atuação, tema abordado no capítulo 1.

Gráfico 1

Gráfico 2

Fonte: Estudo – 8º Valor das marcas dos clubes brasileiros 2015 (www.bdobrazil.com.br)

Nota-se que houve redução das receitas advindas de transferência de

atletas em R$ 28 milhões, e que as outras receitas, como cota de TV,

patrocínio e publicidade, elevaram sua participação sobre todo montante. O

crescimento da receita total do clube foi de 38%, considerando somente as

receitas sem a participação da negociação envolvendo atletas, essa evolução

foi de 43% no mesmo período.

Além do estreitamento do relacionamento com sua torcida, outra

prioridade do marketing do Corinthians tem sido a internacionalização e

expansão de sua marca. Duas frentes de atuação foram alvos de investimento:

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buscar novos mercados, por meio de excursões e cooperações com outros

países; e ampliar o licenciamento de marcas internacionais.

Parcerias visando à aproximação comercial e esportiva com o mercado

Chinês foram iniciadas, não apenas com foco no futebol, mas também com

envolvimento de outras modalidades, com a divulgação de produtos licenciados

e busca de melhorias técnicas para alcance de índices olímpicos em outras

modalidades.

Em 2015, foram realizados jogos da pré-temporada nos EUA, que

engajou torcedores que queriam conhecer a Flórida e divulgou a marca para o

grande contingente de brasileiros residentes em cidades como Fort Lauderdale,

Orlando e Miami. Além disso, o clube assinou uma parceria com o canal

americano Fox para lançar uma linha de produtos com um dos seus famosos

personagens, a Simpsons Corinthians (Sport Club Corinthians Paulista.

Relatório de Sustentabilidade 2014).

Contudo a marca Corinthians continua em evolução. Segundo estudo da

consultoria especializada em marcas esportivas BDO RCS (2014)10, durante

seis anos consecutivos, ela configurou-se como a marca mais valiosa entre os

clubes brasileiros, com um crescimento de 119,9% entre 2008 e 2014.

Internacionalmente ela é a mais bem posicionada entre os clubes brasileiros,

na 35ª posição, valendo U$ 87 milhões, segundo pesquisa divulgada, em maio

de 2014, pela consultoria inglesa especializada em marcas, Brand Finance.

Segundo a edição mexicana da revista Forbes, o Corinthians lidera o ranking

de clubes de futebol mais valiosos das Américas. Tal avaliação tem como base

o valor do elenco, da marca e do estádio, sendo a única a superar U$ 500

milhões.

No estudo do valor das marcas do futebol brasileiro divulgado em 2015,

a BDO apontou os principais fatores que estão contribuindo para evolução das

marcas dos 30 maiores clubes nacionais, que são:

A profunda evolução em dos valores recebidos com os direitos de

transmissão nos últimos anos.

A continuidade da ampliação das receitas de cada entidade com

marketing, estádio, sócios e mídia.

10

A metodologia empregada para a avaliação das marcas faz utilização de dados financeiros,

pesquisas com o torcedor, informações de marketing de cada clube e dados econômicos e

sociais dos brasileiros.

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A constante evolução dos programas de sócio-torcedor dos clubes.

Aumento dos valores recebidos dos patrocinadores e ampliação do

interesse de empresas em se associar aos clubes.

Maior participação do torcedor nos negócios gerados pelas

entidades.

Novas arenas com potencial de exploração.

A tabela 2 mostra a evolução das marcas mais valiosas dos clubes de

futebol no Brasil. Nota-se que as maiores taxas de crescimento são daqueles

com maior torcida.

Tabela 2 – Marcas mais valiosas do futebol brasileiro (em R$ milhões)

CLUBE 2014 2013 2012 2011 2010

Corinthians 1.236,10 1.108,50 1.005,00 867,00 749,70

Flamengo 1.006,10 855,40 792,00 689,50 652,40

São Paulo 879,10 848,20 771,00 664,20 710,20

Palmeiras 576,10 496,40 481,20 452,90 497,20

Grêmio 478,50 359,60 316,70 224,60 222,80

Internacional 453,70 412,90 392,90 277,90 268,60

Santos 416,00 377,40 341,60 227,90 171,40

Cruzeiro 407,20 202,80 205,00 151,30 157,70

Atlético-MG 357,60 214,90 179,10 150,50 124,20

Vasco da Gama 339,60 323,20 316,10 162,50 195,40

Fluminense 218,50 170,20 157,40 135,70 104,70

Botafogo 172,20 124,20 112,60 90,70 82,60

Fonte: Consultoria BDO RCS (2014).

Contudo, percebe-se o destaque dado à participação do torcedor nos

negócios dos clubes em todas as frentes de marketing, como mídia, programas

de sócio-torcedor e exploração das arenas esportivas.

Analisando os pilares que sustentam a marca Corinthians, verifica-se

que o maior peso está na torcida, reforçando a importância de estratégias de

marketing que possam viabilizar a aproximação entre a entidade esportiva e o

torcedor para uma maior geração de receitas. Os gráficos 3 e 4 fornecem

dados sobre a evolução da marca Corinthians.

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Gráfico 3

Fonte: Consultoria BDO RCS (2015).

O gráfico revela que o maior crescimento aconteceu em 2012, ano que o

clube conquistou a Taça Libertadores da América e o Mundial de Clubes da

Fifa, porém mesmo nos anos em que o clube não obteve grande resultados

esportivos a marca do Corinthians continuou se valorizando.

Gráfico 4

Fonte: Consultoria BDO RCS (2015).

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3.3 Fiel Torcedor

O programa de fidelização do Corinthians, criado em 2008, com o nome

de Fiel Torcedor, tem atualmente mais de 100 mil participantes, segundo dados

do site Movimento para um Futebol Melhor, e está entre os maiores programas

de relacionamento dentre os clubes do futebol brasileiro, ultrapassando, em

número de sócios, programas mais tradicionais no Brasil, como o do São Paulo

Futebol Clube.

Sobre a importância do programa sócio-torcedor para o Corinthians, o

responsável pelo programa Fiel Torcedor, explica:

O torcedor quer ajudar o clube, quer ser ouvido, respeitado e,

principalmente, ser reconhecido. O programa de sócio torcedor

possibilitou com que tudo isso acontecesse. No mundo digital

de hoje a proximidade com o clube ficou mais fácil e ágil. Além

disso, no caso do Corinthians, temos uma nova casa. Uma

Arena moderna e reconhecida internacionalmente. Não foi à

toa escolhida para a abertura da Copa do Mundo. Para ajudar

na comodidade do torcedor, o programa de sócios é essencial.

Ninguém mais quer acordar cedo e pegar uma fila gigante para

comprar um ingresso. Todos querem tudo das palmas das

mãos (Entrevista concedida).

A associação ao sócio-torcedor é feita pela internet através do site

www.fieltorcedor.com.br ou no posto de atendimento localizado no parque São

Jorge, sede do clube. Atualmente, são oferecidos cinco planos: Minha Vida,

Minha História, Meu Amor, Minha Paixão e Minha Nação, com o pagamento de

anuidades que oferecem os seguintes benefícios: cartão personalizado;

preferência na compra antecipada de ingressos para os jogos de mando do

clube com no mínimo vinte por cento de desconto em guichê exclusivo, em

posto de atendimento do programa ou na internet; catraca de acesso exclusivo

à sua categoria, inclusão de dependentes, uma entrada gratuita anual ao

Memorial do Sport Club Corinthians Paulista e uma visita anual ao Clube

Social, além de outras promoções divulgadas na área exclusiva do sócio–

torcedor.

As modalidades Minha Paixão e Minha Nação foram lançadas em 2015,

procurando abranger respectivamente torcedores que moram longe da cidade

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de São Paulo e aqueles com maior poder aquisitivo. O diferencial da

modalidade Minha Paixão encontra-se no preço mais acessível às

mensalidades e na possibilidade da compra de ingressos em jogos na cidade

natal do associado, porém não há desconto na compra de ingressos como nos

outros planos. Já a modalidade Minha Nação é parecida com o antigo modelo

de cadeiras cativas, em que o associado adquire o direito de uso de uma

cadeira específica por um valor dentro de um período de contrato, sem

concorrência pela compra do ingresso (de 1 a 3 anos)11.

O quadro 4 mostra os benefícios oferecidos para cada plano do Fiel

Torcedor.

Quadro 4 – Planos do Fiel Torcedor

Benefícios

Minha

Paixão

Minha

Vida

Minha

História Meu Amor Minha nação

Cartão Personalizado

Posto de Atendimento Exclusivo (Parque São

Jorge)

Posto de Venda Exclusivo (Parque São Jorge)

Descontos do Movimento por um futebol

Melhor

Inclusão de Dependentes (Familiares de 1º

grau)

N/A

Descontos nas anuidades dos

Dependentes (em relação ao valor do titular) N/A N/A

Descontos na compra de ingresso* N/A 20% a

30% 30% a 40% 40% a 50% N/A

Prioridade de compra de ingressos em jogos

realizados na Arena Corinthians 2*** 1** 1** 1** N/A

Ranqueamento para compra preferencial de

ingresso – Sim Sim Sim N/A

11

Fonte: Fiel Torcedor – www.fieltorcedor.com.br

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Benefícios

Minha

Paixão

Minha

Vida

Minha

História Meu Amor Minha nação

Possibilidade de compra de ingressos para

jogos realizados em sua cidade de origem

onde o Corinthians é visitante a mais de 120

Km da Arena Corinthians, de acordo com

Prioridade / Ranqueamento de compra de

jogos

1 5 4 3 2

Possibilidade de compra de ingresso para

estacionamento na Arena em dia de jogos do

Corinthians, de acordo com Prioridade

3 2 2 2 1

Visita ao Memorial no Parque São Jorge (Uma

visita por ano gratuitamente)

Somente

Titular

Somente

Titular

Titular e

Dependentes

Titular e

Dependentes

Titular e

Dependentes

Acesso Exclusivo

N/A N/A N/A N/A

Cadeira Personalizada N/A N/A N/A N/A

* Descontos somente em jogos de mando do clube na Arena Corinthians, com variação de

acordo com o Jogo, Setor e Categoria.

** Prioridade de Compra de ingressos até 5 dias antes da partida. *** Prioridade de Compra em relação à bilheteria, após fechamento de venda para os demais

planos. N/A – Não se aplica a esta categoria.

Fonte: Fiel Torcedor – http://www.fieltorcedor.com.br/planos.asp

Sobre os aspectos usados na criação dos diferentes planos do Fiel

Torcedor, Vinicius esclarece:

Quando o programa foi criado o Corinthians ainda sediava seus

jogos no Pacaembu. Na época, os planos foram pensados para os

espaços físicos do estádio (Arquibancada, numerada coberta e

numerada descoberta). Com a mudança para a Arena, os locais

foram realocados, tentando fazer o modelo mais próximo de como

era no Pacaembu. Um ano depois, foram criados mais dois planos,

o Minha Paixão e o Minha Nação. O primeiro é voltado para

aqueles que não residem em São Paulo e não vão aos jogos, mas

querem de alguma forma ajudar o clube e se sentir mais próximos

dele. Ele foi pensado para ser um plano acessível (R$9,00/mês).

Seu foco não é o benefício na compra de ingressos, e sim um

relacionamento mais próximo com o clube, podendo ter os mesmo

descontos em produtos oficiais que um sócio comum. Já o plano

Minha Nação foi pensado para um público mais premium, que

frequenta constantemente o estádio e que não quer assistir apenas

ao jogo e sim ter uma experiência única (Entrevista concedida).

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Além do Fiel Torcedor, o Corinthians, em parceria com um dos seus

patrocinadores, criou uma campanha publicitária em comemoração ao seu

centenário, denominada República Popular do Corinthians. A ideia era que o

torcedor tivesse a experiência de fazer parte de uma nação onde pudesse

compartilhar o orgulho de ser corinthiano. A partir daí, a campanha tornou-se

um programa multifidelidade, parceiro do Fiel Torcedor, no qual os torcedores

do Corinthians podem obter informações sobre o clube, usufruir de benefícios e

participar de promoções exclusivas.

Um diferencial da campanha República Popular do Corinthians é uma

ação do clube com uma instituição financeira patrocinadora que criou um

sistema de pontos para resgates de recompensas com o nome de Corinthios,

fazendo referência à produção de uma moeda própria do Corinthians. Tal

“moeda” é obtida nas compras realizadas com o cartão de crédito emitido pela

Caixa Econômica Federal, chamado Epidemia Corinthiana, que pode ser

adquirido pelo associado participante do programa. Os Corinthios podem ser

trocados por produtos de empresas parceiras, que estão em catálogo online, e

no resgate de experiências exclusivas que estão descritas dentro do site

www.republica.corinthians.com.br. Em breve, os Corinthios também poderão

ser obtidos em compras nas franquias que comercializam produtos licenciados,

Shop Timão e Todo Poderoso. É necessário que o participante esteja ativo e

adimplente no programa sócio-torcedor.

Nos últimos dez meses, o Fiel Torcedor do Corinthians tem se

destacado como o programa que mais recebeu adesões (ESPORTES TERRA,

2015). Conforme o entrevistado, tal evolução está diretamente associada à

reformulação do sócio-torcedor, com a criação dos novos planos, Minha Paixão

e Minha Nação, a rápida adaptação do corinthiano à nova arena e à

manutenção de uma equipe competitiva.

A seguir, o gráfico 5 demonstra os clubes com maior número de sócio-

torcedores inscritos, segundo dados do “Torcedômetro” do Movimento por um

Futebol Melhor, posição em outubro de 2015.

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Gráfico 5

Fonte: Esportes Terra, 2015 (Adaptado).

3.4 Análise do caso

As preposições teóricas do marketing esportivo apresentadas neste

estudo ressaltam a necessidade de os clubes de futebol trabalharem seu

marketing com ênfase na marca. Nesse sentido, é essencial a criação de ações

de marketing que ajudem na transformação do futebol em um evento mais

atraente. Conforme Rein, Kotler e Shields (2008) e Branch (1992), tais

atividades são necessárias para contribuir com a diminuição da dependência

do resultado esportivo na geração de receitas do clube.

No que diz respeito ao Corinthians, a construção de uma arena

moderna, em 2014, e a criação do programa Fiel Torcedor melhoraram o

entretenimento para o torcedor. Sobre esse aspecto, o gestor do programa

explana:

Quem é Fiel Torcedor pode comprar seus ingressos para os

jogos pela internet, tendo preferência na compra em relação a

quem não é sócio e descontos exclusivos. Ainda nos jogos,

sempre há uma experiência diferente para quem é Fiel. Seja

uma visita na sala de aquecimento (pré-jogo), desconto no

estacionamento, parabenização dos aniversariantes do dia ou

até mesmo entrega de placa em campo para atletas que estão

saindo do clube (Entrevista concedida).

146.744 132.302 126.361

87.056 77.930 72.533 70.303

61.261 48.025 42.632

Sócios-Torcedores

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Os dados das tabelas 3 e 4 exemplificam como ações de marketing

esportivo que ajudam a fidelizar a marca. Nesse caso, a implementação dos

programas sócio-torcedor, tendem a diminuir a dependência do futebol para

geração de receitas.

Tabela 3 – Evolução do faturamento com bilheteria

de 2006 a 2013 (R$ milhões)

Fonte: Pluri Consultoria, 2014.

Tabela 4 – Evolução do faturamento com o

sócio-torcedor de 2006 a 2013

Fonte: Pluri Consultoria, 2014.

Analisando os dados do Corinthians na tabela 3, verifica-se que as

receitas de bilheteria caíram em mais de 10%, de 2012 para 2013. Observa-se

que, no ano de 2012, o clube foi campeão da Taça Libertadores da América, ao

passo que, em 2013, sua atuação esportiva foi aquém do esperado nos

campeonatos que disputou. Considerando a tabela 4, verifica-se que, apesar

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da decepção em termos de futebol, as receitas do Corinthians com os sócio-

torcedores caíram apenas em 1% no mesmo período. O mesmo fenômeno

ocorre com o São Paulo entre os anos de 2010 e 2011. A tabela 4 também

demonstra que, na maioria dos clubes, o faturamento com sócio-torcedor tem

aumentado com oscilações bem menores daquelas advindas das bilheterias.

Para Siqueira, (2014); Pitts e Stotlar, (2002); Chadwick (2006); Melo

Neto, (2003) e Morgan e Summers, (2008), para se obter melhores resultados

na administração do marketing esportivo o clube, é necessário atuar, se

possível, em frentes distintas de marketing, como licenciamento e varejo,

direitos de mídia, patrocínio e exploração de arenas esportivas, com mix de

marketing próprios e atuação integrada para criação de sinergia e vendas

cruzadas. Nessa perspectiva, o artigo chamado I want to buy more because I

feel good: the effect of sport-induced emotion on sponsorship, de 2013,

apontou que há um impacto positivo na intenção de compras de produtos do

patrocinador quando o torcedor tem uma boa experiência ao assistir o evento

esportivo (WANG e KAPLANIDOU, 2013

Sobre isso, Vinicius explica como o departamento de marketing do

Corinthians está estruturado:

Hoje, nosso departamento tem um organograma bem

estruturado, no qual temos no topo da “cadeia” nosso Diretor,

descendo para o Gerente do departamento, abrindo um leque

de mais quatro gerentes: gerente de ativação, de marcas (Fiel

Torcedor e Official Sponsors), gerente comercial (captação de

patrocínios) e o gerente de marketing da Arena. Cada um deles

possui um time de, em média, mais três funcionários,

totalizando um total de 19 funcionários (Entrevista concedida).

O gerente de marca do Corinthians explica que o departamento de

marketing foi reestruturado justamente com o objetivo de aumentar a captação

de recursos através da criação de frentes mais autônomas e especializadas e

confirma a ligação do Fiel Torcedor com as outras fontes de receita do clube:

Existe uma relação muito próxima do Fiel Torcedor com todas

outras áreas do marketing. Se o Fiel torcedor ajudar a gente a

lotar a arena toda rodada, com certeza vamos melhorar nossa

negociação de patrocínio, concessões no estádio, exposição

de marcas parceiras, acaba influenciando na quota de TV,

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(porque a transmissão com casa cheia se torna mais atraente),

além do impulso das vendas com produtos oficiais (...) e por aí vai

(Entrevista concedida).

O marketing de relacionamento engloba todas as atividades

direcionadas a estabelecer, desenvolver e manter relacionamentos bem-

sucedidos (MORGAN e HUNT, 1994). Trata-se de um processo contínuo de

criação de novos valores com clientes individuais e o compartilhamento de

seus benefícios durante longo tempo de parceria, em que é preciso ficar claro,

às partes, as vantagens (GORDON, 1999; HUNT, ARNETT e MADHAVARAM,

2006; MARTINS, 2006). Para isso, é preciso uma transformação na estrutura

organizacional da empresa para estabelecimento de uma cultura com foco no

cliente (KOTLER, 2009; VAVRA,1993; MARTINS, 2006; PEPPER e

ROGGERS, 2001).

No Corinthians, existe um reconhecimento da alta administração acerca

da importância da aproximação do clube com seu torcedor, sendo isso uma

das prioridades da atual gestão (Sport Club Corinthians Paulista. Relatório de

Sustentabilidade 2014). A criação e crescimento do programa Fiel Torcedor, do

República Popular do Corinthians, bem como de outros projetos do marketing,

como a Rádio Coringão, Almanaque do Timão, além dos projetos sociais, como

a campanha Sangue Corinthiano e o Nasci Fiel, estabeleceram um canal de

interatividade com os torcedores. Sobre essa questão, o entrevistado explicita:

O programa de sócio-torcedor não deve ser apenas um

programa de benefícios na compra de ingressos, deve sim ser

um programa de relacionamento com o torcedor, onde torcida e

clube dialogam. Oferecer experiências, benefícios exclusivos,

além da compra de ingressos e transparência ao torcedor

certamente são pilares essenciais para ter um bom programa

de sócio-torcedores (Entrevista concedida).

Conhecer os clientes, identificar e focar esforços naqueles que

realmente permitem que a empresa tenha maior rentabilidade é o proposto por

autores como Morgan e Hunt (1994), Grönroos (2004), Gordon (1999), Hunt,

Arnett e Madhavaram (2006) e Sobral e Peci (2008). Sobre esse aspecto,

Vinicius comenta sobre o uso de dados do Fiel Torcedor no Corinthians:

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Obviamente sabemos que todos da nossa base são

corinthianos. Sempre que há algum evento relacionado do

clube disparamos e-mails para comunicá-los. Além disso,

muitas empresas nos procuram para oferecer descontos para

quem é Fiel Torcedor. Consolidada a parceria, também

disparamos e-mails para comunicar nosso público. Com nossa

base é possível segmentarmos os torcedores por seu perfil

demográfico e geográfico. Assim, se temos algum benefício a

oferecer para torcedores de um determinado lugar,

conseguimos dialogar somente com ele.

Quando temos ações mais específicas para fazer, como um

encontro de casais no dia dos namorados no CT, traçamos um

perfil que achamos melhor para executar tal ação e entramos

em contato com aqueles que se encaixam nesse perfil. Esse

contato e feito de uma maneira mais direta, através de

telefonemas (Entrevista concedida).

Autores como Vrava (1993), Cobra (2009) e Toledo et al (2004)

ressaltam a importância de atender às expectativa do cliente para satisfazê-lo,

e da necessidade dessa satisfação para criação de um bom relacionamento.

Em 2015, foram criados dois novos planos no Fiel Torcedor com o intuito de

atender às expectativas de toda base de torcedores do Corinthians, o plano

Minha Nação, com preço mais acessível, e o Plano Minha Nação, para clientes

com um maior poder aquisitivo. Além disso, o Fiel Torcedor tem à sua

disposição uma central de relacionamento por telefone e um posto de

atendimento na sede do clube, o que está condizente com a leitura de Kotler

(2009), sobre as empresas que conseguem transferir um maior valor para seus

clientes. Sobre esse aspecto, Vinicius comenta:

(...) Nosso papel é de sempre identificar possíveis falhas,

insatisfações dos torcedores ou qualquer outro tipo de

problema e solucionar. Oferecer um serviço bom é o primeiro

passo para capitalizar novos sócios (...) (Entrevista concedida).

Conforme Reichheld e Teal (1996), Mohs (1999) e Reinartz e Kumar

(2000), as ações de marketing visando à fidelização são incentivadas pelas

evidências sobre o aumento da lucratividade por unidade de tempo de

relacionamento. O objetivo da conquista da fidelidade é transformar um

comprador eventual em um comprador frequente e, se possível, torná-lo

divulgador da empresa (BRETZE, 2000; DOWLING, UNCLES e HAMMOND,

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2003; O'BRIEN e JONES,1995). O Fiel Torcedor, além das receitas diretas de

mensalidade, ajuda a divulgar e o incentiva o consumo de diversos produtos da

marca Corinthians. Sobre isso, o gerente de marca do Corinthians afirma :

O programa de sócio tem que oferecer para o torcedor

benefícios que ele não encontra em outros lugares.

Começando por descontos exclusivos em qualquer produto do

time, até descontos em produtos de qualquer segmento. Além

de fidelizar o torcedor, isso incentiva o consumo de produtos

oficiais, ajuda a divulgação de produtos de empresas parceiras

e nos dá maior poder de negociação de patrocínios, tv, etc. (...)

hoje em dia está tudo ligado, é um ciclo virtuoso que o clube

deve explorar (Entrevista concedida).

Nesse ponto, é possível resgatar uma das vantagens dos programas de

fidelidade que é ganhar share o wallet, que trata dos incentivos para que o

consumidor centralize suas compras em único lugar (NUNES e DRÉZEN,

2006). O participante do Fiel Torcedor pode se cadastrar no República Popular

do Corinthians, acumular pontos (corinthios) e trocar por descontos nas lojas

de materiais esportivos Poderoso Timão ou na loja virtual na internet,

Shoptimao. Outra vantagem mencionada pelos referidos autores é oportunizar

compras adicionais, o Fiel Torcedor possui um sistema de ranqueamento que

dá ao consumidor assíduo preferência na compra de ingressos, tratando-se de

uma indução para compras adicionais, o que faz bastante diferença em jogos

decisivos ou de campeonatos mais famosos, como a Taça Libertadores da

América.

Nunes e Drézen (2006) e Dowling e Uncles (1997) afirmam que a

percepção do alcance da recompensa e a sua divisibilidade são importantes

pontos para se obter sucesso nos programas de fidelização. Nesse sentido, o

Corinthians divulga, no site do Fiel Torcedor, os benefícios contemplados em

cada plano do programa e o sistema de ranqueamento que norteia a

preferência na compra dos ingressos. O site do República Popular do

Corinthians contém uma tabela de pontuação sobre o Corinthios. Outro aspecto

mencionado pelos autores trata da natureza da recompensa. No site do

República Popular do Corinthians há um catálogo com os diversos produtos

pelos os quais os Corinthios poderão ser trocados. O associado do Fiel

Torcedor também tem participação no programa Movimento para um Futebol

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Melhor, que divulga em seu site uma lista com diversos produtos com desconto

para os sócio-torcedores.

Já Lacey (2006) acredita que as recompensas econômicas só surtem

efeitos no curto prazo, por isso sugere que os benefícios estejam ligados a

fatores emocionais e prazerosos. O programa sócio-torcedor do Corinthians

também está em consonância com tal proposição ao oferecer aos associados

experiências como, visita ao centro de treinamento do clube, visita à sala de

aquecimento, parabenização a aniversariantes, entre outras recompensas da

mesma característica. Em conformidade, Vinicius expõe que “(...) o torcedor

quer se sentir presente dentro do clube. Oferecer experiências exclusivas,

como visitação à Arena, ao CT, contato com os jogadores, é um diferencial

que chama o torcedor pra dentro”.

Porém, apesar de ser um time com uma torcida que apresenta indícios

de um grande comprometimento com a marca, o que é explorado por um apelo

afetivo cada vez mais usado pelo marketing esportivo, podendo ser verificado

em frases de campanhas como “EU nunca vou te abandonar porque te amo”,

“Jogai por nós Corinthians” e “todo poderoso Timão” (BAGOZZI, GOPINATH e

NYER, 1999), situações mercadológicas, como o preço de mensalidades do

programa Fiel Torcedor e ingressos da nova Arena, foram motivos de muitas

reclamações pelos torcedores em 2014, quando houve um aumento de até

350% em relação aos preços que eram praticados no Pacaembu12. Constata-

se, então, uma aderência às proposições da terceira escola de fidelidade

descrita por Dowling, Uncles e Hammond (2003), em que é ressaltado o papel

de variáveis como orçamento disponível para compra, disponibilidade de

produtos, tolerância ao risco e inibição de fidelidade.

12

Matéria do caderno de Esportes do site Estadao.com.br. (Ver GLOBO ESPORTE, 2014).

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os grandes clubes de futebol reconheceram a importância do marketing

esportivo para sobrevivência em um mercado cada vez mais competitivo, pois

há grande variedade de esportes e entretenimento. Existe um entendimento de

suas administrações sobre a necessidade do uso de ações de marketing que

valorizem a marca, em que a criação de valor é essencial para a diminuição da

dependência do imprevisível resultado esportivo .

Contudo, a forte presença desse esporte na sociedade brasileira, as

características comportamentais de seu público, dentre elas a ligação emotiva

e a identificação criada com a entidade esportiva ao longo de sua história,

podem influenciar fortemente decisões de consumo com a ajuda das ações de

fidelização implementadas pelos clubes em seus programas de

relacionamento.

Nesse sentido, o programa sócio-torcedor do Corinthians tornou-se um

diferencial para sua marca, ao aproximá-la do torcedor, oferecendo-lhe mais

que um serviço usual do programa de fidelidade, experiências de apropriação

da marca, a sensação de inclusão em um projeto, interatividade, cocriação,

além de contribuir na transformação do jogo esportivo em um evento mais

atraente.

O vínculo centenário entre o Corinthians e seus torcedores deu ao clube

um bom conhecimento do perfil do corinthiano para a elaboração de uma

estratégia com grande potencial de sucesso. A criação do programa de

fidelização República Popular do Corinthians, além do citado Fiel Torcedor,

usou de forma eficaz o ambiente virtual da internet, trazendo diferenciação em

relação aos outros programas de sócio-torcedores.

De acordo com Vargo e Lusch (2004), interatividade, integração,

customização e coprodução são as marcas de uma visão centrada no serviço

com foco no consumidor e no relacionamento, em que a satisfação do cliente é

determinante. Com a ideia de levar o torcedor a fazer parte de uma nação de

apaixonados pelo clube, governada para trazer benefícios aos seus cidadãos,

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com um amplo espaço para interatividade e um convite para parceria e

cocriação, foi produzido um ambiente inovador e propício aos objetivos da

comunicação do marketing. Nesse ponto, constata-se uma possível economia

de custos de divulgação da marca, uma vez que os torcedores se tornam

parceiros para conquistas de novos clientes.

Em um estudo que visou a compreender o comportamento e as práticas

que constroem ou empobrecem a confiança dos consumidores e os

mecanismos que a convertem em lealdade, Sirdeshmukh, Singh e Sabol (2002)

constataram a importância da criação de valor como mediador desse processo.

Assim, as citadas ações de marketing criam valor ao vender o sentimento da

apropriação da marca pelo corinthiano, convertendo a confiança adquirida na

relação do clube de futebol com o torcedor, em fidelização e lealdade.

O sócio-torcedor é usado como materialização do discurso que o

torcedor também é responsável pelo time e, por isso, deve ajudá-lo se

associando. Tal apelo comunicativo tem grande aderência, uma vez que, no

consumo de esportes, os fãs experimentam emoções como a apropriação dos

resultados do clube e, por isso, incomodam-se quando ele enfrenta dificuldades

O programa de fidelização no futebol é a demonstração de que nos

últimos anos o marketing dos grandes clubes brasileiros passou a enxergar o

torcedor como consumidor. Na associação ao programa, cria-se uma relação

negocial em que o vínculo extrapola o esporte e passa ser de uma contratação

de prestação de serviços, na qual a satisfação do cliente é essencial. Contudo,

o programa de fidelidade tona-se um incentivo ao consumo pelas recompensas

oferecidas aos clientes assíduos, além de fornecer dados importantes para

elaboração e oferta de produtos adequados a cada perfil de consumidor.

Conforme a teoria pesquisada, os ativos de marketing do clube de

futebol interligam-se e proporcionam uma sinergia que pode extrapolar a

fronteira de cada forma de negociação, potencializando, muitas vezes, vendas

cruzadas. É comum os patrocinadores distribuírem brindes fabricados por

licenciados. Muitos ingressos corporativos são adquiridos por empresas de

mídia, para oferecimento aos anunciantes. As arenas esportivas são potenciais

fontes de publicidade e de concessões de vendas de produtos licenciados.

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Atualmente, é cada vez mais comum um torcedor ver o replay de um lance pelo

seu celular que tem as cores e o escudo do seu time.

Nesse sentido, o papel do marketing de relacionamento e fidelização do

Corinthians, através do sócio-torcedor, além de trazer receitas diretas com as

mensalidades, melhora o planejamento financeiro e contribui com as outras

fontes de receitas do clube ao proporcionar aumento do envolvimento de seu

público-alvo. O torcedor fidelizado acompanha o clube através da mídia,

comparece com mais frequência ao estádio, está mais exposto à comunicação

das marcas patrocinadoras e às ofertas de produtos oficiais do clube, além de

fornecer os dados necessários para uso em outras ações de marketing.

Nesse contexto, o estudo demonstrou que o marketing de

relacionamento, através do Fiel Torcedor, tem se tornado um diferencial. Ao

criar valor aproximando a marca esportiva do torcedor, torna-o potencial

consumidor e, além de melhorar o planejamento financeiro, contribui para o

faturamento das outras frentes de marketing do clube.

Trata-se de um estudo de caso singular, não tendo a pretensão de

fornecer subsídios para justificar a adoção e aplicação das sugestões, aqui

apresentadas, em outros programas de fidelização. Sua relevância está em

demonstrar que as proposições teóricas estudadas deram embasamento para

se alcançarem, de forma satisfatória, os objetivos dessa pesquisa.

“Todos os times têm uma torcida, o Corinthians é uma torcida que tem um

time”. José Roberto de Aquino, jornalista.

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ANEXO I – Entrevista de Profundidade

Entrevistado: Vinicius Manfredi de Azevedo, atual gerente de marca e

responsável pelo programa Fiel Torcedor do Corinthians.

1) Como está estruturado o departamento de marketing do Corinthians?

Hoje, nosso departamento tem um organograma bem estruturado, no

qual temos no topo da “cadeia” nosso Diretor, descendo para o Gerente do

departamento, abrindo um leque de mais quatro gerentes: gerente de ativação,

gerente de marcas (Fiel Torcedor e Official Sponsors), gerente comercial

(captação de patrocínios) e o gerente de marketing da Arena. Cada um deles

possui um time de, em média, mais três funcionários, totalizando um total de 19

funcionários.

2) Quais são as principais frentes de atuação do marketing corinthiano

atualmente?

O departamento foi reestruturado com a criação de gerências mais

autônomas e mais especializadas, justamente para focarmos nas prioridades

do momento. O foco do ano, como todos sabem, é ajudar o clube a atravessar

a crise financeira que vive. Capitalização de novos recursos, seja através de

patrocínios, Fiel Torcedor ou qualquer outra fonte que gere receita, certamente

é o principal foco do departamento no momento.

3) A torcida do Corinthians é uma das maiores do mundo. Ao que você atribui

tal identificação popular com o Clube?

O Corinthians tem uma história muito forte desde sua fundação. As

pessoas se identificam com o clube pelo fato de ele sempre estar muito

próximo às populações mais carentes. Nossa história começou com cinco

operários querendo realizar um sonho. Isso traz uma identificação nacional,

além de termos vivido diversos momentos históricos que aproximaram ainda

mais o torcedor. O melhor exemplo disso é a Democracia Corinthiana, liderada

por Sócrates e Casagrande. Toda essa determinação, humildade e lealdade ao

clube são valores que estão no DNA do Corinthians com os quais, certamente,

muitos acabam se identificando.

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4) Quais as característica que o programa sócio-torcedor precisa ter para se

tornar um diferencial para o cliente?

O programa de sócio-torcedor não deve ser apenas um programa de

benefícios na compra de ingressos. Deve ser um programa de relacionamento

com o torcedor, em que torcida e clube dialogam. Oferecer experiências,

benefícios exclusivos, além da compra de ingressos e transparência ao

torcedor certamente são pilares essenciais para ter um bom programa de

sócios-torcedores.

5) Qual relação entre o modelo sócio-torcedor e a marca Corinthians?

O programa ajuda a fortalecer a marca. É uma oportunidade de

aproveitar a força da torcida, ofertando um serviço de qualidade que agrega

valor e fideliza. Em minha opinião, é a frente de marketing com maior potencial.

6) Qual a participação do programa sócio-torcedor no evento partida de

futebol?

Quem é Fiel Torcedor pode comprar seus ingressos para os jogos pela

internet, tendo preferência na compra em relação a quem não é sócio e

descontos exclusivos. Ainda nos jogos, sempre há uma experiência diferente

para quem é Fiel. Seja uma visita à sala de aquecimento (pré-jogo), desconto

no estacionamento, parabenização dos aniversariantes do dia ou até mesmo

entrega de placa em campo para atletas que estão saindo do clube.

7) Como fidelizar o torcedor de futebol em meio a atual concorrência de outros

esportes?

O futebol é uma paixão nacional. Mesmo com o crescimento de outros

esportes, é muito difícil ver algum torcedor, seja de qual time for, se desligar do

futebol porque o esporte X está na moda. Claro que a fase do time sempre

conta muito. O Corinthians está bem, todos passam a acompanhar, se engajar,

quererem saber sobre quem vai jogar. Se estiver mal, essa corrente vai

perdendo força, porém nunca se quebra. O torcedor corinthiano está com o

time sempre. Nas vitórias apoia. Nas derrotas critica, mas nunca deixa de

torcer.

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8) Qual o papel do marketing corinthiano em conquistar novos torcedores?

Nós do marketing temos de desenvolver toda uma estratégia. Quando

chegamos aqui, o programa do Fiel Torcedor já existia. Nosso papel é sempre

identificar possíveis falhas, insatisfações dos torcedores ou qualquer outro tipo

de problema e solucionar. Oferecer um serviço bom é o primeiro passo para

capitalizar novos sócios. O torcedor quer se sentir presente dentro do clube.

Oferecer experiências exclusivas (como visitação à Arena, ao CT, contato com

os jogadores) é um diferencial que chama o torcedor para dentro. Para

conseguir executar tudo isso, o departamento de marketing é fundamental para

dar todo esse suporte. Ideias, planejamento, execução e relacionamento são

os deveres do departamento.

9) Qual a importância do modelo sócio-torcedor para o futebol atual?

O torcedor quer ajudar o clube, ser ouvido, ser respeitado e,

principalmente, ser reconhecido. O programa de sócio-torcedor possibilitou que

tudo isso acontecesse. No mundo digital de hoje, a proximidade com o clube

ficou mais fácil e ágil. Além disso, no caso do Corinthians, temos uma nova

casa, uma Arena moderna e reconhecida internacionalmente. Não foi à toa

escolhida para a abertura da Copa do Mundo. Para ajudar na comodidade do

torcedor, o programa de sócios é essencial. Ninguém mais quer acordar cedo e

pegar uma fila gigante para comprar um ingresso. Todos querem tudo das

palmas das mãos.

10) De que maneiras o programa sócio-torcedor pode transformar torcedores

em potenciais consumidores?

O programa de sócio tem de oferecer benefícios que o torcedor não

encontra em outros lugares, começando por descontos exclusivos em qualquer

produto do time, até descontos em produtos de qualquer segmento. Além de

fidelizar o torcedor, isso incentiva o consumo de produtos oficiais, ajuda na

divulgação de produtos de empresas parceiras e nos dá maior poder de

negociação de patrocínios, tv, etc. Hoje em dia, está tudo ligado, é um ciclo

virtuoso que o clube deve explorar.

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11) Quais são os critérios usados para criação dos diferentes planos do Fiel

torcedor (Minha paixão, Minha Vida, Minha História, Meu Amor e Minha

Nação)?

Quando o programa foi criado, o Corinthians ainda sediava seus jogos

no Pacaembu. Na época, os planos foram pensados para os espaços físicos do

estádio (Arquibancada, numerada coberta e numerada descoberta). Com a

mudança para a Arena, os locais foram realocados, tentando fazer o modelo

mais próximo de como era no Pacaembu. Um ano depois, foram criados mais

dois planos, o Minha Paixão e o Minha Nação. O primeiro é voltado para

aqueles que não residem em São Paulo e não vão aos jogos, mas querem, de

alguma forma, ajudar o Clube e se sentirem mais próximos dele. Ele foi

pensado para ser um plano acessível (R$ 9,00/mês). Seu foco não é o

benefício na compra de ingressos, e sim um relacionamento mais próximo com

o clube, podendo ter os mesmo descontos em produtos oficiais que um sócio

“comum”. Já o plano Minha Nação foi pensado para um público mais

“premium”, que frequenta constantemente o estádio e que não quer assistir

apenas ao jogo. Ele quer ter uma experiência única.

12) Quais as perspectivas, em termos de lucratividade, do programa sócio-

torcedor do clube?

Infelizmente, não podemos compartilhar essa informação, pois faz parte

do plano estratégico do Fiel Torcedor. O que podemos falar é que temos

projeções de alguns cenários mais conservadores e outros mais otimistas,

como a campanha vive em constante desenvolvimento, muitas coisas podem

mudar. De qualquer forma, no próximo ano, o resultado será publicado no

relatório de sustentabilidade do clube, bem como no ano anterior.

13) Qual a relação entre as receitas advindas do sócio-torcedor com aquelas

auferidas com outras frentes de marketing, como quota de TV, bilheterias e

patrocínios?

Existe uma relação muito próxima do Fiel Torcedor com todas outras as

áreas do marketing. Se o Fiel torcedor ajudar a gente a lotar a arena toda

rodada, com certeza, vamos melhorar nossa negociação de patrocínio,

concessões no estádio, exposição de marcas parceiras, isso acaba

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influenciando na quota de TV, porque a transmissão com casa cheia se torna

mais atraente, além do impulso das vendas com produtos oficiais e por aí vai.

14) Quais ações de marketing podem se aproveitar do banco de dados do

programa sócio-torcedor corinthiano?

Obviamente sabemos que todos da nossa base são corinthianos.

Sempre que há algum evento relacionado ao clube, disparamos e-mails para

comunicá-los. Além disso, muitas empresas nos procuram para oferecer

descontos para quem é Fiel Torcedor. Consolidada a parceria, também

disparamos e-mails para comunicar nosso público. Com nossa base é possível

segmentarmos os torcedores por seu perfil demográfico e geográfico. Assim,

se temos algum benefício a oferecer a torcedores de um determinado lugar,

conseguimos dialogar somente com ele.

Quando temos ações mais específicas para fazer, como um encontro de

casais no dia dos namorados no CT, traçamos um perfil que achamos melhor

para executar tal ação e entramos em contato com aqueles que se encaixam

nesse perfil. Esse contato é feito de uma maneira mais direta, através de

telefonemas.