o programa de erradicaÇÃo do trabalho infantil-peti em foz do iguaÇu: uma análise da sua (nÃo)...

49
O PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL-PETI EM FOZ DO IGUAÇU: Uma Análise da sua (NÃO) Operacionalização.

Upload: lucas-mendonca-cesario

Post on 07-Apr-2016

226 views

Category:

Documents


9 download

TRANSCRIPT

Page 1: O PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL-PETI EM FOZ DO IGUAÇU: Uma Análise da sua (NÃO) Operacionalização

O PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL-PETI EM FOZ DO IGUAÇU: Uma Análise da sua (NÃO) Operacionalização.

Page 2: O PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL-PETI EM FOZ DO IGUAÇU: Uma Análise da sua (NÃO) Operacionalização

INTRODUÇÃO

O presente trabalho consiste em uma reflexão e análise do desenvolvimento de um programa específico criado pelo Governo Federal para combater a exploração do trabalho infantil, o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil-PETI, no município de Foz do Iguaçu.

O estudo foi realizado junto ao Escritório Regional da Secretaria do Trabalho, Emprego e Promoção Social (SETP) de Foz do Iguaçu no ano de 2005.

Page 3: O PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL-PETI EM FOZ DO IGUAÇU: Uma Análise da sua (NÃO) Operacionalização

Não importa aqui, apenas os números que mostram a inserção precoce das crianças na força de trabalho, mas também a natureza desse trabalho, em particular pelas condições em que se realizam e pelos riscos e abusos a que essas crianças e adolescentes estão submetidos ao exercê-lo. O objetivo deste trabalho é descobrir os limites e as dificuldades encontradas no PETI-Foz do Iguaçu.

Page 4: O PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL-PETI EM FOZ DO IGUAÇU: Uma Análise da sua (NÃO) Operacionalização

Para esse estudo:

• Pesquisa Social;

• Questionário;

• Fundamento Teórico-Crítico;

• Abordagem Qualitativa.

Após a análise dos dados levantados, os mesmos foram sendo comparados com as diretrizes do Programa Federal, para verificação do cumprimento das suas atribuições e deveres.

Page 5: O PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL-PETI EM FOZ DO IGUAÇU: Uma Análise da sua (NÃO) Operacionalização

No país, existe uma cultura de valorização do trabalho, onde ainda se acredita que crianças inseridas na força trabalho são crianças não ociosas. A exploração do trabalho infantil está intimamente vinculada à condição econômica. Inúmeras vezes, quando a criança trabalha, em condições que comprometem sua saúde e esperança de vida, é decorrência da necessidade de sobrevivência. Os pais acabam contando com a ajuda que o filho irá trazer para casa, e se esse trabalho consegue assegurar a comida para a sobrevivência dos demais membros da família, a educação vira um luxo inacessível, e o futuro não mais existe.

Page 6: O PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL-PETI EM FOZ DO IGUAÇU: Uma Análise da sua (NÃO) Operacionalização

Capítulo 1- TRABALHO, POBREZA E EXCLUSÃO SOCIAL:

INDICATIVOS PRELIMINARES PARA O DEBATE.

1.1 - O trabalho enquanto categoria fundante do mundo dos homens.

Segundo o pensador George Wilhelm Friedrich Hengels, apud PAZ (1999) o trabalho é a mola que impulsiona

o desenvolvimento humano; é no trabalho que o homem se produz a si mesmo. O trabalho criou para o homem a

possibilidade de ir além da pura natureza.

Para Marx, o trabalho é a atividade pela qual o homem domina as forças naturais, humaniza a natureza; é a atividade

pela qual o homem se cria a si mesmo.

Page 7: O PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL-PETI EM FOZ DO IGUAÇU: Uma Análise da sua (NÃO) Operacionalização

Antes de o trabalho ser concluído, seu produto já não pertence ao trabalhador e sim a uma outra pessoa. Segundo KONDER (2004, p.30), “em lugar de reconhecer-se em suas próprias criações, o ser humano se sente ameaçado por elas; em lugar de libertar-se, acaba enrolado em novas opressões”.A força de trabalho do ser humano é transformando em mercadoria.

A partir do século XIX, com o processo de industrialização, o uso da força de trabalho da criança passa a ser propagada em grande quantidade e exercida em condições perigosas, insalubres e danosas ao desenvolvimento infantil.

A exploração do trabalho infantil ocorre principalmente pelo fenômeno social de pobreza.

Page 8: O PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL-PETI EM FOZ DO IGUAÇU: Uma Análise da sua (NÃO) Operacionalização

1.2 - Pobreza e Exclusão Social: conceituando a questão.

No começo do capitalismo a pobreza era vista como vagabundagem, acomodação e incapacidade dos indivíduos.

Já no século XX, nos anos 50 e 60 a pobreza passa a ser considerada enquanto determinante externo dos indivíduos. Seria uma deficiência do mercado que agrega mal os trabalhadores pobres, formando uma massa de marginalizados.

Page 9: O PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL-PETI EM FOZ DO IGUAÇU: Uma Análise da sua (NÃO) Operacionalização

A pobreza então, é identificada como insuficiência de renda e como sinônimo de “carência”, a qual é definida como:

Situação em que o atendimento das necessidades dos indivíduos ou das suas famílias está abaixo de um patamar mínimo.

Na década de 90, muda-se o discurso sobre a pobreza, sendo a mesma agora qualificada como “exclusão social”.

Page 10: O PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL-PETI EM FOZ DO IGUAÇU: Uma Análise da sua (NÃO) Operacionalização

A exclusão, vai além da noção de capacidade aquisitiva relacionada à pobreza. A exclusão comporta valores culturais, discriminações. Conseqüentemente, pobre é o que não tem, enquanto o excluído pode ser rico, mas discriminado em razão da cor, opção sexual, gênero, idade e etc.

Exclusão inclui "pobreza, discriminação, subalternidade, a não-equidade, a não acessibilidade.

Page 11: O PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL-PETI EM FOZ DO IGUAÇU: Uma Análise da sua (NÃO) Operacionalização

Sobretudo, são as políticas sociais que visam reduzir a pobreza e a exclusão social decorrentes do processo de acumulação do capital garantindo e promovendo a condição geral de bem-estar e equidade social.

Page 12: O PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL-PETI EM FOZ DO IGUAÇU: Uma Análise da sua (NÃO) Operacionalização

Capítulo 2- POLÍTICA SOCIAL E POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO PROCESSO DE ATENDIMENTO À ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL.

2.1- A Política Social no Estado brasileiro.

Segundo VIEIRA (1997), a política social aparece no capitalismo a partir das mobilizações operárias que defendiam medidas que interferissem na melhoria da qualidade de vida, devido a redução da atividade econômica que traziam como conseqüência o desemprego, sucedidas ao longo das primeiras revoluções industriais.

Page 13: O PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL-PETI EM FOZ DO IGUAÇU: Uma Análise da sua (NÃO) Operacionalização

Tradicionalmente, o objetivo das políticas sociais era visto como um conjunto de ações estatais que buscavam a diminuição das desigualdades sociais, sendo pensadas enquanto atividades responsáveis para amenizar os problemas decorrentes do sistema capitalista.

As medidas eram tomadas visando uma política de controle à população, para conter os movimentos operários.

 

Page 14: O PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL-PETI EM FOZ DO IGUAÇU: Uma Análise da sua (NÃO) Operacionalização

A partir dos anos 80, políticas sociais universalizantes, enquanto direito de cidadania passam a ser reivindicadas pelos movimentos sociais, quando emergem com vigor as lutas contra a ditadura militar e os esforços de construção democrática do Estado e da sociedade.

Em 1988, as políticas sociais enquanto direito de cidadania tão reivindicadas, tornam-se estatuto de direito com a Constituição Federal deste ano.

Page 15: O PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL-PETI EM FOZ DO IGUAÇU: Uma Análise da sua (NÃO) Operacionalização

2.2-Assistência Social enquanto possibilidade concreta de efetivação dos

direitos.

A Assistência Social não era considera uma política. Assim, não era vista como um mecanismo possível de universalização de direitos sociais. Até a década de 30, a Assistência Social ocorria de forma assistencialista, sem a intervenção Estatal, deixando para a sociedade civil a responsabilidade de enfrentamento das desigualdades sociais.

Page 16: O PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL-PETI EM FOZ DO IGUAÇU: Uma Análise da sua (NÃO) Operacionalização

A discussão da assistência social como política pública foi iniciada no movimento constituinte, a partir de 1985, como parte da proposta da unificação entre a previdência e a saúde, e conseqüentemente, como sua integração com a assistência social.

Com a Constituição Federal de 1988 os direitos sociais passam a ser garantidos, sendo a Assistência Social um desses direitos, que a partir desse momento será reconhecida enquanto responsabilidade estatal. É a partir da Constituição de 88 que todo brasileiro começa a ser reconhecido como portador de direitos.

Page 17: O PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL-PETI EM FOZ DO IGUAÇU: Uma Análise da sua (NÃO) Operacionalização

Assim, com a Constituição Federal de 1988 a Assistência Social é legitimada como política social pública.

A Assistência Social foi de grande importância na concessão de direitos aos segmentos mais pauperizados da sociedade e para propiciar condições de atendimento à criança e ao adolescente.

Em dezembro de 1993 é promulgada a Lei Orgânica da Assistência Social - LOAS.

Page 18: O PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL-PETI EM FOZ DO IGUAÇU: Uma Análise da sua (NÃO) Operacionalização

A LOAS inova a política de assistência social, inserindo-a no sistema de proteção social brasileiro, introduzindo o conceito dos mínimos sociais e configurando o tripé da Seguridade Social.

Conforme expresso na LOAS (1993), no artigo 2°, parágrafo único, “a Assistência Social realiza-se de forma integrada às políticas setoriais, visando ao enfrentamento da pobreza, à garantia dos mínimos sociais, ao provimento de condições para atender contingências sociais e à universalização dos direitos sociais”.

Page 19: O PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL-PETI EM FOZ DO IGUAÇU: Uma Análise da sua (NÃO) Operacionalização

Capítulo 3- A TRAJETÓRIA DA POLÍTICA DE ATENDIMENTO À INFÂNCIA E À ADOLESCÊNCIA NO BRASIL: DA ATENÇÃO AO DIREITO.

3.1- História da atenção à infância e à adolescência no Brasil.

O primeiro Código de Menores é criado em 1927 marcando o início do domínio jurídico sobre a infância, e sendo contestado principalmente pelos setores industriais, onde um grande número de crianças trabalhava, pois alegavam que as crianças que estivessem trabalhando não teriam tempo ao ócio nas ruas.

Page 20: O PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL-PETI EM FOZ DO IGUAÇU: Uma Análise da sua (NÃO) Operacionalização

As medidas propostas visavam um maior controle sobre a população nas ruas por meio de intervenção policial, onde qualquer criança pobre poderia ser enquadrada pela ação da Justiça e da Assistência.

Em 10 de outubro de 1979 é instituído o novo Código de Menores. Este estabelecia que a criança e o adolescente eram objetos de norma, merecendo tratamento e (re)educação para (re)socialização quando forem encontradas em “situação irregular”, o que legitimava as práticas autoritárias, repressivas e incriminadoras da pobreza.

Page 21: O PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL-PETI EM FOZ DO IGUAÇU: Uma Análise da sua (NÃO) Operacionalização

Denúncias e injustiças cometidas contra as crianças fizeram com que vários segmentos da sociedade se articulassem em defesa da criança.

A partir dos movimentos populares da década de 80, em 1988 a defesa dos direitos da criança é instituída em um capítulo na Constituição Federal deste mesmo ano.A criança passa a ser pensada como prioridade absoluta.

É neste contexto de Constituição Federal, com a participação de vários segmentos da sociedade que em 13 de julho de 1990 é aprovado o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

Page 22: O PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL-PETI EM FOZ DO IGUAÇU: Uma Análise da sua (NÃO) Operacionalização

No seu art. 3° diz que: A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade

Page 23: O PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL-PETI EM FOZ DO IGUAÇU: Uma Análise da sua (NÃO) Operacionalização

3.2- Exploração do Trabalho Infanto-Juvenil no Brasil: conhecendo a história para caminhar na direção do direito.

Desde o início da colonização as crianças negras e indígenas eram incorporadas ao trabalho.

A idade mínima para o trabalho infantil está fixada em 16 anos pelo artigo 7 º, inciso XXXIII, da Constituição Federal, que proíbe ainda os trabalhos noturnos, perigosos e insalubres aos menores de 18 anos, admitindo, por exceção, o trabalho na condição de aprendiz, a partir de 14 anos.

Page 24: O PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL-PETI EM FOZ DO IGUAÇU: Uma Análise da sua (NÃO) Operacionalização

O trabalho precoce não é instrumento educativo, não garante o desenvolvimento e a promoção desta criança não gera rendimentos significativos. Deixa seqüelas e comprometimentos no desenvolvimento físico, intelectual e emocional.

A questão da exploração do trabalho infantil é complexa, reconhecendo o problema, o Governo em parceria com a sociedade, concebeu programas para combater o trabalho infantil em todas as suas formas, principalmente naquelas consideradas intoleráveis por não respeitarem os direitos humanos fundamentais e inalienáveis da pessoa humana.

Page 25: O PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL-PETI EM FOZ DO IGUAÇU: Uma Análise da sua (NÃO) Operacionalização

3.3- Localizando e contextualizando brevemente o Município de Foz do Iguaçu.

Foz do Iguaçu não está isolado do contexto nacional e, portanto, segundo CATTA (2002), tem sofrido os impactos dos modelos de desenvolvimento do passado, priorizando a acumulação do capital nas mãos de grandes grupos industriais, nacionais e internacionais.

Os impactos negativos desse modelo se refletiram, principalmente, nos altos índices de desemprego, fator gerador da informalidade no trabalho, do subemprego, da fome, da miséria, da pobreza, da exclusão social e da exploração do trabalho infantil.

Page 26: O PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL-PETI EM FOZ DO IGUAÇU: Uma Análise da sua (NÃO) Operacionalização

Capítulo 4- PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO

INFANTIL – PETI: DO HISTÓRICO DO PROGRAMA À HISTÓRIA DO

PROGRAMA EM FOZ DO IGUAÇU – PR

Page 27: O PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL-PETI EM FOZ DO IGUAÇU: Uma Análise da sua (NÃO) Operacionalização

4.1- Conhecendo o PETI: dos condicionantes históricos a realidade atual.

Devido ao intenso emprego de mão-de-obra infantil nas carvoarias do Mato Grosso do Sul e na colheita da erva-mate, o PETI foi implantado em 1996 neste Estado.

O PETI é um Programa Federal que, em parceria com os governos estaduais, municipais e ainda com a sociedade civil tem como objetivo a erradicação do trabalho infantil através dos seguintes objetivos específicos:

Page 28: O PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL-PETI EM FOZ DO IGUAÇU: Uma Análise da sua (NÃO) Operacionalização

• Retirar crianças e adolescentes do trabalho perigoso, penoso, insalubre e degradante;

• Possibilitar o acesso, a permanência e o bom desempenho de crianças e adolescentes na escola;

• Fomentar e incentivar a ampliação do universo de conhecimentos da criança e do adolescente, por meio de atividades culturais,

esportivas, artísticas e de lazer no período complementar ao da escola, ou seja, na jornada ampliada;

• Proporcionar apoio e orientação às famílias por meio da oferta de ações socioeducativas;

• Promover e implementar programas e projetos de geração de trabalho e renda para as famílias.

Page 29: O PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL-PETI EM FOZ DO IGUAÇU: Uma Análise da sua (NÃO) Operacionalização

A implantação do PETI em nível municipal decorre da Comissão Municipal de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil. Essa Comissão será preferencialmente formada por representantes das áreas de assistência social, saúde, trabalho e educação, além do Conselho Tutelar, do Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente, do Conselho de Assistência Social, enfim, dos envolvidos com a doutrina da proteção integral.

Page 30: O PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL-PETI EM FOZ DO IGUAÇU: Uma Análise da sua (NÃO) Operacionalização

As Comissões devem elaborar o planejamento das ações a serem desenvolvidas, estabelecendo cronograma de execução das atividades a serem desenvolvidas e as responsabilidades dos diversos membros, parecerias, etc.

Em de Foz do Iguaçu, as reuniões da Comissão Municipal de Erradicação do Trabalho Infantil tiveram início em janeiro de 2005, na qual foi solicitada a urgência na contratação dos Recursos Humanos para execução do Programa.

No decorrer do ano, observou-se um enfraquecimento na participação das reuniões .

Page 31: O PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL-PETI EM FOZ DO IGUAÇU: Uma Análise da sua (NÃO) Operacionalização

A Comissão NÃO executa tais ações que estão sob sua responsabilidade:

• Controle quanto à utilização dos recursos recebidos dos MPAS (Ministério da Previdência e Assistência Social) para Jornada Ampliada;

• Controle das ações desenvolvidas para promoção da família PETI;

• Análise dos relatórios de acompanhamento familiar, encaminhamento pela equipe técnica do órgão gestor;

• Participação das reuniões com as famílias do PETI e;

• Reuniões com organizações governamentais e não governamentais, visando a sensibilização para o combate do trabalho infantil.

Page 32: O PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL-PETI EM FOZ DO IGUAÇU: Uma Análise da sua (NÃO) Operacionalização

O público-alvo do PETI é a família que tenha filho(s) na faixa etária de 7 a 15 anos de idade, os quais devem estar inseridos em algumas das formas de trabalho consideradas como perigosas, penosas, insalubres ou degradantes, regulamentadas pela Portaria n° 20, publicada em 2001, pelo Ministério do Trabalho e Emprego.

As atividades exercidas pelas crianças antes de ingressarem no Programa, em Foz do Iguaçu, são: catadores de papelão/lixo, comércio em feiras e ambulante, flanelinha, trabalho doméstico, engraxate, exploração sexual e atravessador de muamba no Paraguai, mais conhecido como “laranja”.

Page 33: O PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL-PETI EM FOZ DO IGUAÇU: Uma Análise da sua (NÃO) Operacionalização

Os eixos do Programa são:

•Repasse da Bolsa Criança Cidadã;

• Execução da jornada ampliada (ação educativa complementar à

escola) e,

• Trabalho com as famílias.

Page 34: O PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL-PETI EM FOZ DO IGUAÇU: Uma Análise da sua (NÃO) Operacionalização

Os critérios de permanência da família no Programa são os seguintes: todos os filhos com menos de 16 anos devem estar preservados de qualquer forma de trabalho infantil; a criança e/ou adolescentes participantes do PETI deverá ter freqüência escolar mínima de 75% e o mesmo percentual de freqüência nas atividades propostas pela jornada ampliada; e as famílias beneficiadas deverão participar das atividades socioeducativas e dos programas e projetos de geração de emprego e renda ofertados. A família pode permanecer no Programa pelo prazo máximo de quatro anos, contados a partir da sua inserção em programas e projetos de geração de trabalho e renda.

Page 35: O PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL-PETI EM FOZ DO IGUAÇU: Uma Análise da sua (NÃO) Operacionalização

4.2- A realidade do PETI em Foz do Iguaçu.

O PETI de Foz do Iguaçu iniciou seu trabalho em meados de 2000, quando através de uma pesquisa realizada informalmente pela Secretaria responsável pela política da criança e do adolescente foi apontado cerca de 416 metas.

O Programa de Foz do Iguaçu não atende a zona rural, sendo 560 (quinhentos e sessenta) o número de crianças e adolescentes atendidas pelo PETI em 2005 na zona urbana.

O Órgão Municipal Coordenador do PETI em Foz do Iguaçu é a Secretaria Municipal de Ação Social e Assuntos da Família.

Page 36: O PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL-PETI EM FOZ DO IGUAÇU: Uma Análise da sua (NÃO) Operacionalização

As famílias inseridas no Programa são de nacionalidade brasileira e paraguaia, não havendo discriminação entre elas.

Durante o período de 06 (seis) anos o Programa sempre funcionou com deficiência de equipe técnica. Desde 2004 o programa passou a funcionar basicamente com estrutura mínima administrativa, ou seja: 01 coordenador, 03 técnicos administrativos, 01 professora (acompanha a execução da jornada ampliada/freqüência escolar), 01 recepcionista (atendia 02 programas - PETI e PASF), 02 zeladoras, 01merendeira e 01 motorista. Somente em 2005 que o Programa pode contar com 28 monitores.

Page 37: O PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL-PETI EM FOZ DO IGUAÇU: Uma Análise da sua (NÃO) Operacionalização

No mês de janeiro de 2005 por ocasião das férias escolares, as crianças e adolescentes deixaram de receber atendimento (orientação nacional) devido às mudanças e adaptações nas administrações municipais.

Em relação às ações junto às famílias, o Programa não realizou: atendimento médico; atendimento hospitalar; atendimento odontológico; encaminhamento para alfabetização; encaminhamento para Correção de Fluxo; encaminhamento para atendimento especializado; visitas domiciliares; reuniões com as famílias; curso de informação para as famílias e atendimento individualizado para as famílias.

Page 38: O PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL-PETI EM FOZ DO IGUAÇU: Uma Análise da sua (NÃO) Operacionalização

Desde o início deste ano o PETI de Foz do Iguaçu não possui assistente social, não sendo realizado conseqüentemente qualquer tipo de atendimento com as famílias, as quais apenas recebem o benefício financeiro - bolsa.

Ao ser regulamentada, a Lei Orgânica da Assistência Social incorporou a Assistência Social ao sistema de proteção social para os grupos menos favorecidos e mais vulneráveis da população, por meio de benefícios, serviços, programas e projetos. Portanto, é necessária a atuação do assistente social no PETI, visto que o mesmo está direcionado a estes grupos.

Page 39: O PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL-PETI EM FOZ DO IGUAÇU: Uma Análise da sua (NÃO) Operacionalização

O PETI de Foz do Iguaçu apresenta também, os seguintes aspectos negativos enquanto limites e dificuldades para o seu funcionamento:

• Dificuldade das famílias em participar ativamente de ações socioeducativas. Tal fragilidade pode se dar devido à falta de ações que promovam a participação da família.

• Inexistência de uma proposta estratégica para a promoção das famílias através de Programas de Geração de Emprego e Renda; (baixa escolaridade)

• Dificuldade no atendimento às crianças e adolescentes inseridos em atividades ilícitas (tráfico de drogas e exploração sexual);

Page 40: O PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL-PETI EM FOZ DO IGUAÇU: Uma Análise da sua (NÃO) Operacionalização

• Oferta insuficiente para o atendimento das demandas existentes, refletindo a existência de significativo número de crianças que ainda trabalham e que não são contempladas com o Programa;

• Limitada participação qualificada de outros atores do Sistema de Garantia de Direitos, como os Conselhos Estaduais e Municipais dos Direitos, Conselhos Setoriais (Assistência Social) e os Conselhos Tutelares.

• Inexistência de uma proposta pedagógica referencial para a jornada ampliada;

Page 41: O PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL-PETI EM FOZ DO IGUAÇU: Uma Análise da sua (NÃO) Operacionalização

• Insuficiência de recursos seja em termo de valores da bolsa, da jornada ampliada e para pagamento dos monitores. Desde sua criação o PETI opera, de modo geral, com os mesmos valores per capita, tais valores encontram-se defasados;

• O Governo Estadual nada investe no Programa, mais especificamente na Jornada Ampliada, ficando sua execução sob total responsabilidade do PETI de Foz do Iguaçu;

• Reduzida capacitação dos monitores, ausência de uma proposta básica de capacitação e forma precária de contratação;

• Vinculação da Bolsa à criança, reforçando a concepção da criança como provedora do lar.

Page 42: O PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL-PETI EM FOZ DO IGUAÇU: Uma Análise da sua (NÃO) Operacionalização

No ano passado, segundo a Secretaria de Estado do Trabalho, Emprego e Promoção Social, o Conselho Tutelar encaminhou documentação junto à Vara da Infância e da Juventude pedindo providências. Porém, o descaso com a promoção social das famílias e com o atendimento da criança e do adolescente continuam sendo claramente observados.

Page 43: O PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL-PETI EM FOZ DO IGUAÇU: Uma Análise da sua (NÃO) Operacionalização

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Programa de Erradicação do Trabalho Infantil de Foz do Iguaçu, desde sua implantação em 2000, ainda possui inúmeros desafios a serem superados. . Diante das principais informações obtidas, cabem as seguintes possíveis soluções:

• Cumprir as normas e as diretrizes do Programa Federal quanto à necessidade de uma equipe técnica multidisciplinar;

• Incentivar articulação das políticas públicas (assistência social, educação, saúde, cultura e esporte), na perspectiva de fortalecimento do próprio Programa e conseqüentemente das famílias e das crianças e adolescentes inseridos;

Page 44: O PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL-PETI EM FOZ DO IGUAÇU: Uma Análise da sua (NÃO) Operacionalização

• Redefinir parâmetros conceituais para a jornada ampliada, pactuando nitidamente as atribuições da assistência social, da educação, da saúde, da cultura e do esporte;

• Capacitar os monitores responsáveis pela Jornada Ampliada;

• Definir uma proposta pedagógica básica para o PETI- Foz do Iguaçu, em conjunto com o setor educacional, fortalecendo a aprendizagem e a aceleração dos alunos em defasagem idade/série;

• Definir estratégias e metodologias básicas dirigidas às famílias, com vistas às ações educativas, especialmente quanto à escolarização e a geração de trabalho, emprego e renda, disponibilizando maior investimento financeiros para as mesmas;

Page 45: O PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL-PETI EM FOZ DO IGUAÇU: Uma Análise da sua (NÃO) Operacionalização

• Definir estratégias alternativas às crianças e adolescentes que estão em situação específicas de trabalho infantil, como atividades ilícitas, trabalho doméstico e atividades informais; • Exigir do Governo Federal a revisão e atualizando dos valores per capita adotados, para que os recursos destinados ao financiamento do PETI- Foz do Iguaçu sejam ampliados;

• Fortalecer e capacitar as Comissões de Erradicação do Trabalho Infantil, a fim de que seja promovida a sua efetiva participação na implementação do Programa;

• Promover a articulação com o conselho de direitos, conselho tutelar, conselho de assistência social, fóruns, comissão municipal de erradicação do trabalho infantil, com o intuito de garantir um processo de acompanhamento regular;

Page 46: O PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL-PETI EM FOZ DO IGUAÇU: Uma Análise da sua (NÃO) Operacionalização

• Desenvolver mecanismos e instrumentos para a implementação de um sistema de monitoramento e avaliação;

• Definir dados e informações básicas factíveis, a serem recolhidas e tabuladas periodicamente;

• Exigir a ampliação e a regularidade da fiscalização para combater a exploração do trabalho infantil e assegurar a proteção do adolescente trabalhador garantindo o cumprimento da legislação, punindo severamente os violadores nos termos da legislação vigente e ainda monitorando todas as ações;

• Incentivar financeiramente, através do governo, as famílias egressas do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil, bem como trabalhar com as mesmas para que compreendam o objetivo do Programa;

Page 47: O PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL-PETI EM FOZ DO IGUAÇU: Uma Análise da sua (NÃO) Operacionalização

• Assegurar que a política da criança e do adolescente seja de responsabilidade, como prioridade, do Poder Público (nos três níveis),

O resultado desse estudo mostrou que o PETI-Foz do Iguaçu, não cumpre com seus princípios e diretrizes estabelecidos, o que leva a caracterizá-lo como um programa compensatório, resultando sistematicamente em uma visão fragmentada e fragmentadora do social.

Page 48: O PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL-PETI EM FOZ DO IGUAÇU: Uma Análise da sua (NÃO) Operacionalização

O Governo Federal deve assumir efetivamente o compromisso de erradicar o trabalho infantil, não como parte da sua agenda de direitos humanos, mas como uma das prioridades de política social.

A erradicação do trabalho infantil é um compromisso do Governo. O objetivo de todos deve ser assegurar às crianças e aos adolescentes um espaço de cidadania.

Page 49: O PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL-PETI EM FOZ DO IGUAÇU: Uma Análise da sua (NÃO) Operacionalização