o perfil ecologicamente correto dos tecnicos...

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1 O PERFIL ECOLOGICAMENTE CORRETO DOS TÉCNICOS UNIVERSITÁRIOS Área: ADMINISTRAÇÃO Afonso Ricardo Paloma Vicente Universidade Estadual do Oeste do Paraná, [email protected] Geysler Rogis Flor Bertolini Universidade Estadual do Oeste do Paraná, [email protected] Loreni Teresinha Brandalise Universidade Estadual do Oeste do Paraná, [email protected] Resumo Uma pesquisa realizada por Vicente e Bertolini (2010) mostrou que, do quadro geral de funcionários da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Campus Cascavel (172 funcionários efetivos), apenas 2% utiliza como critério de compra aspectos de produto Ecologicamente Correto. Desta forma, o presente artigo busca identificar o grau de percepção desses 2% de funcionários, ou seja, 19 respondentes para posteriormente fazer uma análise do perfil de cada indivíduo, considerando sexo, idade, renda familiar e escolaridade. Para se chegar ao resultado, foram usados questionários e entrevista com os indivíduos, caracterizando desta forma, uma pesquisa qualitativa. Como resultado, percebe-se que boa parte dos respondentes tem um alto nível de escolaridade, com boa renda familiar, comparando não somente com relação aos demais funcionários, mas também com a realidade brasileira, a faixa etária está entre 24 e 39 anos, e, quanto ao sexo, a maioria dos técnicos ecológicos são do sexo feminino, mostrando que mulheres têm uma sensibilidade maior quanto aos aspectos ecológicos. Palavras-chaves: Comportamento do consumidor, Consumo Consciente, Consumidor Ecológico. 1 INTRODUÇÃO A sustentabilidade está cada vez mais enfatizada, tanto por parte das mídias quando das organizações, que pretendem mostrar que as questões ecológicas são de fundamental importância para o indivíduo. Desta forma, mais produtos ecológicos vêm aparecendo no comércio em geral, dando opções de escolha para o consumidor, que se mostra ou não integrado com as questões sócio ambientais. Porém para cada indivíduo obter a consciência ambiental, são necessários vários elementos como o próprio comportamento do consumidor que inclui a motivação, a percepção, o aprendizado, as atitudes e a personalidade do mesmo, elementos esses que no

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O PERFIL ECOLOGICAMENTE CORRETO DOS TÉCNICOS UNIVERSITÁRIOS

Área: ADMINISTRAÇÃO

Afonso Ricardo Paloma Vicente

Universidade Estadual do Oeste do Paraná, [email protected]

Geysler Rogis Flor Bertolini Universidade Estadual do Oeste do Paraná, [email protected]

Loreni Teresinha Brandalise

Universidade Estadual do Oeste do Paraná, [email protected]

Resumo Uma pesquisa realizada por Vicente e Bertolini (2010) mostrou que, do quadro geral de funcionários da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Campus Cascavel (172 funcionários efetivos), apenas 2% utiliza como critério de compra aspectos de produto Ecologicamente Correto. Desta forma, o presente artigo busca identificar o grau de percepção desses 2% de funcionários, ou seja, 19 respondentes para posteriormente fazer uma análise do perfil de cada indivíduo, considerando sexo, idade, renda familiar e escolaridade. Para se chegar ao resultado, foram usados questionários e entrevista com os indivíduos, caracterizando desta forma, uma pesquisa qualitativa. Como resultado, percebe-se que boa parte dos respondentes tem um alto nível de escolaridade, com boa renda familiar, comparando não somente com relação aos demais funcionários, mas também com a realidade brasileira, a faixa etária está entre 24 e 39 anos, e, quanto ao sexo, a maioria dos técnicos ecológicos são do sexo feminino, mostrando que mulheres têm uma sensibilidade maior quanto aos aspectos ecológicos. Palavras-chaves: Comportamento do consumidor, Consumo Consciente, Consumidor Ecológico. 1 INTRODUÇÃO

A sustentabilidade está cada vez mais enfatizada, tanto por parte das mídias quando das organizações, que pretendem mostrar que as questões ecológicas são de fundamental importância para o indivíduo. Desta forma, mais produtos ecológicos vêm aparecendo no comércio em geral, dando opções de escolha para o consumidor, que se mostra ou não integrado com as questões sócio ambientais.

Porém para cada indivíduo obter a consciência ambiental, são necessários vários elementos como o próprio comportamento do consumidor que inclui a motivação, a percepção, o aprendizado, as atitudes e a personalidade do mesmo, elementos esses que no

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final de um processo interno faz com que o indivíduo tenha uma nova visão sobre determinado aspecto, como por exemplo, sobre um produto ecológico.

Com base nesse comportamento, as organizações e empresas de marketing pretendem influenciar o consumidor a escolher produtos que não somente atendam a sua necessidade como também colaborem com o meio ambiente, muitos destes com preço acessível. A partir do processo de percepção do consumidor e a compra em si, entra em questão o consumo ecológico e o consumidor consciente.

Este artigo faz uma análise bibliográfica com cada aspecto, desde o comportamento do consumidor até o consumo consciente e o consumidor ecológico, os quais servindo de embasamento para a pesquisa em si que busca analisar o perfil e o grau de percepção dos técnicos universitários ecologicamente corretos da Unioeste Campus Cascavel.

Nesta pesquisa foram utilizados dados de uma pesquisa realizada anteriormente por Vicente e Bertolini (2010), a qual teve como amostra 172 funcionários efetivos da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Campus Cascavel. O objetivo daquela pesquisa foi analisar a percepção, o grau de consumo e a consciência ambiental.

Como resultado, do total de 172 respondentes, apenas 2% (19 pessoas) responderam considerar como critério de compra aspectos de produto ecologicamente correto. Sendo assim, nesta pesquisa utilizou-se a amostra de 2% para identificar o perfil de cada individuo considerando sexo, idade, renda familiar e escolaridade, para, posteriormente, realizar uma análise do indivíduo quanto ao consumo e consciência ecológica.

Espera-se com esse resultado mostrar para as organizações como está a visão do consumidor quanto aos produtos ecológicos, e também destacar qual o perfil dos consumidores que optam por produtos e serviços ecologicamente corretos, para que assim, os meios de comunicação e as organizações consigam atingir não somente a essa classe como também aqueles que ainda não tem uma percepção para as questões ambientais. 2 REVISÃO TEÓRICA

Antes da análise dos resultados são apresentados conceitos necessários e importantes para uma melhor compreensão da pesquisa em si, desta forma, uma revisão teórica a respeito do comportamento do consumidor e os aspectos que o tornam um consumidor ecológico são necessários.

2.1 CONSUMIDOR

Conhecer o consumidor sempre foi uma das prioridades das empresas em todo o mundo, Limeira (2008) cita que desde a metade do século XIX, desenvolvimento das técnicas de produção e comercialização possibilitou que produtos fossem fabricados, embalados e distribuídos em massa, dando origem à sociedade de consumo.

Segundo Moreno (2007), antes de lançar um produto no mercado a empresa deve procurar conhecer o consumidor, a razão e a forma como realizam suas compras, os motivos que o influenciam a decidir pela aquisição de um determinado produto e, principalmente, sua condição financeira.

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2.1.1 Comportamento do consumidor

Para conhecer o consumidor é importante entender seu comportamento.

Assim, Limeira, (2008) explica que o comportamento do consumidor permite entender que toda teoria surge dentro de um contexto histórico-social, algumas dessas perdendo a capacidade de explicar os fatos e outras que com o passar dos tempos continuam válidas.

Dando uma visão de marketing, Las Casas (1997) diz que para lançar no mercado produtos que atinjam objetivos de conceito de marketing ou mesmo manter um nível satisfatório de atendimento, torna-se necessário entender a razão e a forma pela qual os consumidores realizam suas compras.

Nesse diapasão, o estudo do consumidor, de acordo com Limeira (2008), passou a incorporar conceitos e teorias da psicologia, uma vez que as teorias econômicas se mostravam limitadas para explicar adequadamente as razões e os significados do comportamento do consumidor. O objetivo era entender as diversas motivações psicológicas do consumo.

Para isso será definido alguns aspectos psicológicos do consumidor com relação a compra de determinado produto como a motivação, a percepção, o aprendizado e as atitudes.

2.1.2 Motivação

Limeira (2008) afirma que motivação é o processo psicológico que leva as pessoas a se comportarem de determinada maneira. É a primeira etapa, portanto, no âmbito da psique, do processo de comportamento. A motivação pode ser causada por fatores internos (psicológicos, biológicos) ou externos (estímulos do ambiente, culturais ou sociais).

Em outra definição, segundo Las Casas (1997), motivação é a forma interna que dirige o comportamento das pessoas. Os indivíduos sentem-se motivados a comprar, em grande parte impulsionados pela proteção de si próprio.

Kotler (2003) diz que para comprar é preciso um motivo (ou impulso), ou seja, uma necessidade suficientemente forte para fazer com que a pessoa busque satisfazê-la.

Complementando, Limeira (2008) diz que a motivação pode ser explícita ou publicamente expressa (dar um presente a alguém no seu aniversario) ou implícita e não declarada (dar um presente caro para demonstrar status). Algumas vezes, os motivos são conflitantes, como comprar um carro novo ou economizar dinheiro para as férias. 2.1.3 Percepção

O comportamento do consumidor é fortemente influenciado por sua percepção. Para entender esse processo, há de ser feita a distinção entre os conceitos de sensação e percepção.

Conforme Camino (1996), a sensação se refere àquelas simples experiências dos estímulos físicos recebidos pelas pessoas, proporcionalmente às suas intensidades. Já a percepção é o resultado das sensações acrescidas dos significados que lhes são atribuídos pelas pessoas.

Na definição de Braghirolli et al. (2000), sensação é uma simples consciência dos elementos sensoriais e da extensão da realidade, a qual é denominada de mecanismo de recepção de informações. A percepção supõe as sensações seguidas dos significados que lhes

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são conferidos como resultado da experiência anterior da pessoa, sendo definido por mecanismo de interpretação de informações.

Para Gade (1998), a percepção é definida como as sensações acrescidas de significados. Através dos processos perceptivos os conhecimentos sensoriais são agregados ao que já existe retido de experiências anteriores para se obter significado.

Conforme Sperling e Martin (1999), percepção é a ação de decodificar um estímulo registrado no cérebro, através dos mecanismos sensoriais. Os autores comentam que embora os mecanismos de recepção dos estímulos sejam parecidos de uma pessoa para outra, a interpretação destes estímulos pode diferenciar-se, pois a percepção representa a verificação de uma situação presente em relação às experiências passadas das pessoas.

A percepção é o processo por meio do qual uma pessoa seleciona, organiza e interpreta as informações recebidas para formar uma visão significativa do mundo. Ainda nesse sentido, Las Casas (1997) diz que percepção é a maneira que o individuo vê o produto a ser oferecido no mercado.

Percepção pode ser considerada, de acordo com Day (1970), como o conjunto de processos pelos quais as pessoas mantêm contato com o ambiente. Para sobreviver num ambiente de objetos e eventos físicos as pessoas precisam ajustar-se continuamente à variedade de eventos, em constante mudança, que as cercam. A soma dos processos envolvidos na conservação da relação com todo o ambiente é a percepção.

2.1.4 Aprendizado

O aprendizado é uma mudança de comportamento ou de conteúdo da memória de longo prazo, relativamente permanente, causada pela experiência ou por análise de informação, comenta Limeira (2008). É um processo contínuo ao longo da vida, que leva a mudanças no conhecimento, nas atitudes e no comportamento.

Kotler (2003) diz que quando as pessoas agem elas aprendem. A aprendizagem acarreta mudanças no comportamento de uma pessoa surgidas graças à experiência. Como resultado do aprendizado os indivíduos adquirem conhecimento.

Corroborando, Las Casas (1997) diz que o aprendizado é uma alteração de comportamento mais ou menos permanente que ocorre como resultado da prática.

Nesse sentido, Bock et al. (2002, p 115) ensinam que o conhecimento é o resultado de um processo em que a mente do indivíduo capta informações sobre o mundo, “processa essas informações, identifica elementos conhecidos, memoriza e organiza novos elementos, confrontam dados e estabelece valores, relaciona-os com as informações e toma decisões de ação”.

2.1.5 Atitudes

A atitude é a avaliação geral que o indivíduo faz em relação a pessoas (inclusive a si próprio), objetos, acontecimentos e símbolos, afirma Limeira (2008). Tais afirmações são duradouras e podem ser positivas ou negativas. A atitude orienta os indivíduos nas decisões e nos comportamentos. Em geral, as pessoas tendem a se comportar de modo consciente com suas atitudes. Por isso, a expressão ‘formação de atitude’ é usada para descrever o comportamento do consumidor.

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Conforme Kotler (2003), a atitude compreende as avaliações, os sentimentos e as tendências relativamente coerentes de uma pessoa em relação a um objeto ou idéia. As atitudes fazem com que as pessoas gostem ou não das coisas, aproximando-se ou distanciando-se delas.

O mercado pode ser segmentado de acordo com atitudes favoráveis ou não (LAS CASAS, 1997).

2.1.6 Personalidade

A palavra personalidade vem do latim persona e sua raiz, ‘pessoa’, é usada no sentido empírico de manifestação da pessoa. Assim, personalidade significa a própria pessoa.

A noção de unidade integrativa da pessoa, com todas as características diferenciais permanentes (inteligência, caráter, temperamento, constituição, entre outras) e suas modalidades únicas de comportamento. De outro modo considera-se a personalidade como a organização dinâmica dos aspectos cognitivos, afetivos, conativos, fisiológicos e morfológicos do individuo, concepção que considera sua natureza dinâmica, em constante mutação, decorrente, da interação entre todos esses aspectos. (DIAS, 2004, p. 192).

Observa-se que alguns mercados são segmentados com base na personalidade do individuo. Pessoas autoritárias, ambiciosas, sociáveis, dentre outras, podem fazer parte dos diferentes tipos de segmento.

3 CONSUMO ECOLÓGICO

A preocupação ambiental por parte de organizações não governamentais (ONG), governos e cidadãos, em ascensão na atualidade, é vista por parte de algumas empresas como uma oportunidade, onde estratégias podem ser desenvolvidas através da diferenciação obtida pela proteção ambiental.

Durante a segunda metade do século XX, segundo Harman e Hormann (1998), ocorreu uma explosão de consumo marcada pela utilização e pelo desperdício, com o descarte puro e simples das sobras das embalagens, um momento na historia em que as pessoas passaram a ser chamadas não mais de cidadãos, mas de consumidores.

De acordo com Gómez, Santos e Parisio (2007), o consumo da população pode ser apontado como uma das causas da dificuldade em se atingir a sustentabilidade do planeta. Em geral, a culpa pela insustentabilidade é atribuída às empresas, uma vez que elas são as responsáveis pela produção de bens e serviços, que geram enormes quantidades de resíduos, efluentes e emissões atmosféricas, e de estimularem o consumo, gerando um número cada vez maior de resíduos.

Foladori (2005) atribui ao consumo e à pobreza as principais causas da distância entre a teoria e a prática do desenvolvimento sustentável. Lenzen (2007) corroboram afirmando que o consumo final e o padrão de consumo de economias emergentes são as principais geradoras dos problemas ambientais.

Porém, na concepção de Seyfang (2006), em ambos os casos o conceito de consumo consciente é um dos principais meios de mudar o perfil do consumo individual. Pode-se citar como exemplo, a escolha por produtos ambientalmente corretos com menor impacto ambiental no pós-consumo ou de produtos de empresas socialmente justas. O autor acrescenta ainda que o maior desafio para os governos é a mudança política para conformar a integração entre a produção e o consumo sustentáveis.

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Gomes (2006) afirma que a educação possui papel fundamental na formulação de uma nova mentalidade. De modo mais específico, a educação para o consumo é elemento-chave na conscientização da população.

Dias (2009) profetiza que consumir respeitando o meio ambiente é uma tendência irreversível e que crescerá de forma significativa nos próximos anos, pois tem uma relação direta com os problemas ecológicos que se avolumam.

As sociedades atuais estão baseadas em um crescimento contínuo do consumo. Esse modelo de desenvolvimento requer meios gigantescos, que são meios de produção, meios logísticos, e meio de gestão de resíduos gerados pelo consumo.

Aqueles consumidores que manifestam uma preocupação com o meio ambiente, e adotam um comportamento coerente com esses valores, são qualificados como consumidores ecológicos ou verdes (DIAS, 2009). Esse novo consumidor ecológico manifesta suas preocupações ambientais no seu comportamento de compra, buscando produtos que considera que causam menos impactos negativos ao meio ambiente e valorizando aqueles que são produzidos por empresas ambientalmente responsáveis, estes, de um modo geral, assumem pagar um pouco mais pelo produto ecologicamente correto.

3.1 Consumidor consciente

Consumidor verde ou ecologicamente consciente é aquele que, segundo Pereira et al. (2002), busca consumir produtos que causem pouco impacto ao meio ambiente. Esses produtos são comumente chamados de produtos verdes ou ecologicamente corretos.

O cidadão consciente, na visão de Waldman e Schneider (2000) e Roberts (1996), se preocupa com a economia da energia elétrica, com a escassez da água potável, procura se alimentar com produtos provenientes da agricultura ecológica, pois o composto orgânico é um produto homogêneo, obtido por meio de processo biológico, se preocupa em produzir lixo biodegradável e colabora com a reciclagem de lixo.

Berle (1992) considera que ser consciente ecologicamente não é vestir roupas com mensagens, mas reconhecer a parcela de culpa nos problemas ambientais e possuir o desejo de encontrar as devidas soluções.

A consciência ambiental é considerada por Noebauer et al. (2001), como os conceitos adquiridos pelas pessoas através das informações percebidas no ambiente. Assim, o comportamento ambiental e as respostas ao meio ambiente são influenciados pelos conceitos adquiridos.

O consumidor ecologicamente correto, de acordo com Raposo (2003), tem a atitude de selecionar os produtos que compra e usa em casa, dando preferência aos que menos contaminam, e privilegiar as empresas que investem na preservação ambiental.

4 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO

O presente artigo busca identificar o grau de percepção ecológica e o perfil dos funcionários da Unioeste Campus Cascavel, que optaram pela opção ‘ecologicamente correto’ em pesquisa realizada por Vicente e Bertolini (2010).

Para se chegar a esta análise, foram coletados dados da pesquisa citada, mostrando que do total de 172 funcionários efetivos da Unioeste, somente 2%, ou seja, 19 respondentes

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assinalaram como critério de compra a opção ‘ecologicamente correto’, como pode ser visto na Figura 01.

Figura 01: Distribuição de pontos dos critérios de compra dos consumidores.

Fonte: Vicente e Bertolini (2010)

Quanto à forma de abordagem, caracteriza-se como pesquisa qualitativa, ou seja, metodologia de pesquisa não-estruturada, exploratória, baseada em pequenas amostras, que proporciona insights e compreensão do contexto do problema, usando assim, uma abordagem direta que, segundo Malhotra (2001), o objetivo do projeto é revelado aos respondentes por meio da entrevista realizada.

O questionário utilizado é de mensuração do grau de consciência ambiental, do consumo ecológico e dos critérios de compra dos consumidores, desenvolvido por Bertolini e Possamai (2004), formado por um questionário de vinte e uma questões. Para esse artigo será analisado cada questão, porém pertinente somente àqueles que assinalaram a opção ‘ecologicamente correto’ na pesquisa anterior.

Os procedimentos de análise foram qualitativos e descritivos. Os dados são apresentados de forma descritiva e em gráficos e tabelas. 5 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Para atender o objetivo deste artigo, utilizou-se como parâmetro os indivíduos que assinalaram a opção ‘ecologicamente Correto’, 19 indivíduos no total.

A questão 1 buscou saber quais critérios os consumidores utilizam no momento da seleção da compra e qual o grau de importância de cada critério, distribuídos entre 10 pontos. Depois de tabulados foram identificados os critérios, bem como a pontuação de cada um, distribuídos entre 190 pontos. O critério ‘ecologicamente correto’ recebeu 34 pontos, ‘embalagem’ 19, ‘composição’ 7,5, ‘preço’ 32, ‘origem’ 7, ‘necessidade’ 14, ‘qualidade’ 30, ‘marca’ 11,5, ‘durabilidade’ 15 e ‘outros’ somaram 20 pontos. Dividindo esses resultados

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pelo número de 19 entrevistados, chega-se às porcentagens de cada critério, mostrados na Figura 02.

Figura 02: Critério de compra dos técnicos ecológicos.

Fonte: Vicente e Bertolini (2010)

Fazendo uma análise da Figura 02, percebe-se que os respondentes que atribuíram como critério de compra a opção ‘ecologicamente correto’, também destacaram a importância do preço e da qualidade com relação aos produtos na hora da compra. Pode-se destacar que o perfil da população analisada, em suas compras opta por um produto ecologicamente correto antes de analisar questões como preço, qualidade, marca, embalagem, entre outros como visto na Figura 02.

As questões 2 a 9 do instrumento objetivam verificar a consciência ecológica. São questões com 4 alternativas de respostas, partindo de ‘todas as vezes’ (A) a ‘nunca’ (D). Os pesos distribuídos aos níveis de resposta são os seguintes: A = 4; B = 3; C = 2; e D= 1. Tabulados os dados, obteve-se como número de respostas para a alternativa A – 105, para a B – 51, para a C – 0 e para D – 0, os quais foram calculados conforme a Tabela 01.

(a) Nº RESPOSTAS

(b) PONTUAÇÃO

(a X b) RESULTADO

A 105 4 420 B 51 3 153 C 0 2 0 D 0 1 0 (c) SOMA DOS RESULTADOS 573

(d) Nº DE QUESTÕES 152 (e = c / d) RESULTADO 3,77

Tabela 01: Alocação de pesos e elaboração do cálculo do grau de consciência ecológica Fonte: Vicente e Bertolini (2010)

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Como se vê na Tabela 01, foi multiplicado o número de vezes de cada resposta (a) pelos respectivos pesos (b), e, somados todos os resultados (c) obteve-se 573 pontos. Este resultado foi divido pela quantidade de questões respondidas relacionadas à consciência ecológica (d) num total de 152. Obteve-se com estes cálculos a média de 3,77 (e), que de acordo com a classificação do Quadro 01, os consumidores possuem consciência ecológica. O instrumento de mensuração para a consciência ecológica propõe uma escala de classificação que vai de 4 (consciente) a 1 (não é consciente). Pela média encontrada, os pesquisados possuem consciência ecológica.

Grau de consciência ecológica Valores A) Consciente Entre 3,5 e 4,0 B) Possui potenciais traços de consciência ecológica Entre 3,4 e 2,5 C) Possui poucos traços de consciência ecológica Entre 2,4 e 1,5 D) Não possui consciência ecológica Entre 1,4 e 1,0

Quadro 01: Classificação do grau de consciência ecológica Fonte: Bertolini e Possamai (2005)

As questões 10 a 17 do instrumento objetivam verificar o consumo ecológico. Também são questões com 4 alternativas de respostas, partindo de ‘pratico sempre’ (A) a ‘nunca pratico’ (D). Os pesos distribuídos são os mesmos das questões 2 a 9. Tabulados os dados, obteve-se como número de respostas para a alternativa A – 55, para a B – 90, para a C – 12 e D – 0, os quais foram calculados conforme mostra a Tabela 02.

(a) Nº RESPOSTAS

(b) PONTUAÇÃO

(a X b) RESULTADO

A 55 4 220 B 90 3 270 C 12 2 24 D 0 1 0 (c) SOMA DOS RESULTADOS 514

(d) Nº DE QUESTÕES 152 (e = c / d) RESULTADO 3,38

Tabela 02: Alocação de Pesos e Elaboração do Cálculo do Grau do Consumo Ecológico Fonte: Vicente e Bertolini (2010)

Para realização destes cálculos, multiplicou-se o número de vezes de cada resposta (a)

pelos respectivos pontos (b). A soma dos resultados (c) foi 514 pontos. Este resultado foi divido pela quantidade de questões respondidas relacionadas ao consumo ecológico (d) num total de 152.

Assim, como no grupo de questões 2 a 9, o instrumento de mensuração para o consumo ecológico, propõe uma escala de classificação que vai de 4 (ecologicamente correto) a 1 (não ecológico), como se observa no Quadro 02. A média 3,38 (e) serviu para classificar que consumidores possuem potenciais possibilidades de se tronar ecologicamente correto.

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Grau de consumo ecológico Valores

A) Ecologicamente correto Entre 3,5 e 4,0 B) Possui potenciais possibilidades de se tornar ecologicamente correto Entre 3,4 e 2,5 C) Possui fracas possibilidades de se tornar ecologicamente correto Entre 2,4 e 1,5 D) Consumidor não ecológico Entre 1,4 e 1,0

Quadro 02: Classificação do grau de consumo ecológico Fonte: Bertolini e Possamai (2005)

As questões 18 a 21 buscaram verificar o perfil dos consumidores pesquisados, com o

objetivo de identificar grupos homogêneos representativos de certo segmento de mercado, potenciais consumidores dos produtos ecologicamente corretos.

O primeiro item a ser analisado é quanto ao nível de escolaridade dos indivíduos, que são apresentados na Figura 03.

Figura 03: Distribuição do nível de escolaridade dos técnicos ecológicos

Fonte: Vicente e Bertolini (2010)

Como visto na Figura anterior, o grau de escolaridade dos indivíduos que responderam ‘ecologicamente correto’ são distribuídos em 21% para o Ensino médio, 58% para Ensino Superior e 21% para Pós-graduação, o que supostamente permite associar o grau de percepção ecológica com o nível de instrução de cada indivíduo.

A segunda característica a ser analisa é quanto à renda familiar, mostrada na Figura 04.

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Figura 04: Distribuição da renda familiar dos técnicos ecológicos.

Fonte: Vicente e Bertolini (2010)

Na Figura 04 é apresentada a renda familiar dos indivíduos, o qual mostra que 58% têm renda entre um a cinco salários mínimo e 42% entre cinco e dez salários mínimo, mostrando assim uma compatibilidade entre o salário e o preço dos produtos ecológicos, visto que na Figura 02 o critério preço vem em segundo lugar dentre os critérios de compra.

O terceiro aspecto analisado é quanto à idade dos respondentes que após analisados são apresentados na Figura 05.

Figura 05: Distribuição das idades dos técnicos ecológicos.

Fonte 06: Vicente e Bertolini (2010)

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A Figura 05 mostra que a idade de 21% dos respondentes encontram-se entre 24 a 35 anos e 79% entre 35 a 49 anos. Sendo assim, percebe-se que quanto à percepção ecológica e consumo ecológico, boa parte dos respondentes tem mais de 35 anos de idade.

Por último, é destacado o sexo dos indivíduos, mostrados na seguir na Figura 06.

Figura 06: Distribuição dos sexos dos técnicos ecológicos.

Fonte: Vicente e Bertolini (2010)

Quanto ao sexo, a Figura 06 mostra que 16% são homens e 84% são mulheres. Isto demonstra que grande parte dos indivíduos que prefere consumir produtos ecológicos e possuem consciência ambiental é do sexo feminino. 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Depois de realizada a revisão teórica em que se destaca os principais assuntos que fazem co-relação com os principais aspectos da pesquisa, como o comportamento do consumidor e o que faz cada indivíduo se tornar ecologicamente correto, uma análise aprofundada dos resultados demonstrados pelos Técnicos Universitários, mostra que uma porcentagem pequena comparada ao quadro total tem práticas ambientalmente corretas no seu dia a dia, o que demostra uma possível falta de instrução e conhecimento a respeito das questões ambientais por parte dos funcionários.

Nesse meio tempo entre a realização da pesquisa e análise destes resultados, cresceu o número de atividades na mídia fazendo relação com a prática dos sujeitos e também a sustentabilidade, o que pode futuramente trazer novos resultados.

As empresas, por sua vez, devem ficar atentas a esses resultados, já que, por serem organizações de grande porte em sua maioria, tem forte poder de influência sobre os consumidores que a cada vez mais voltam seus olhos, não somente para produtos ecológicos, como também para as práticas ambientais estabelecidas nas políticas empresariais.

Porém, falta maior incentivo das empresas contratantes desses funcionários, que deveriam destacar a importância dessa prática, tanto em âmbito empresarial como nas

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atividades caseiras diárias, como por exemplo a diminuição do consumo de água, separação do lixo doméstico, substituição de garrafas pet por garrafas de vidro, entre outros.

Nos casos analisados dos técnicos ecológicos da Unioeste Campus Cascavel, percebe-se que existem as boas práticas ambientais e, analisando o perfil desses funcionários, é visto que boa parte tem um alto nível de conhecimento, o que talvez seja algo a se considerar, já que uma boa instrução traz um conhecimento abrangente sobre vários assuntos.

Com relação à renda familiar, existe um padrão maior, comparando não somente com relação aos demais funcionários, mas também com a realidade brasileira, demonstrando, assim, maior poder aquisitivo de produtos ecológicos, que em sua maioria ainda tem preços maiores.

Quanto à idade dos respondentes, a faixa etária está entre 24 e 39 anos, considerando que, por ser uma entidade pública, os funcionários entram por concurso e essa idade corresponde ao nível dos demais concursos públicos. Por fim, o sexo dos indivíduos, a maioria dos técnicos ecológicos são do sexo feminino, mostrando que mulheres têm uma sensibilidade maior quanto aos aspectos ecológicos.

Sendo assim, são de grande importância estes resultados, não somente para a instituição empregadora, mas também para empresas que trabalham com atividades ou produtos ecológicos, visto que é crescente o número de indivíduos que se preocupam com os problemas ambientais.

O resultado da pesquisa é importante também para empresas que ainda não praticam ações ecologicamente corretas em sua cadeia de produção, já que é uma tendência que agrega valor ao produto final e demonstra aos consumidores uma imagem positiva, fazendo com que mais consumidores conscientes busquem produtos e serviços advindos de boas práticas ambientais.

REFERÊNCIAS

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