o pátio - edição 96

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ESCOLAPORTUGUESA DE MOÇAMBQUE - CENTRO DE ENSINO E LÍNGUA PORTUGUESA | diretora: dina trigo de Mira | Maputo - Moçambique Ano XIII N.º 96 Mai/Jun 2015 expansão da ePM-ceLP passa pela Matola na hora do regresso a casa Professores portugueses partem enriquecidos com a experiência

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Edição correspondente aos meses de maio e junho de 2015

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ESCOLAPORTUGUESA DE MOÇAMBQUE - CENTRO DE ENSINO E LÍNGUA PORTUGUESA | diretora: dina trigo de Mira | Maputo - Moçambique

Ano

XIII

N.º

96

Mai

/Jun

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expansão da ePM-ceLPpassa pela Matola

na hora do regresso a casa

Professores portugueses partemenriquecidos com a experiência

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editorialPara ler nesta edição

pátio das laranjeiras | Revista bimestral da EPM-CELP | Ano XIII - N.º 96 | Edição Mai/Jun 2015

diretora Dina Trigo de Mira | editor geral António Faria Lopes | editor-executivo Fulgêncio Samo| redação António Faria Lopes, Fulgêncio Samo e Graça Pinto | editores João Pinto (Internet) eAlexandra Melo (Psicologando) editora gráfica Inês George | colaboradores redatoriais nestaedição Ana Paula Relvas, Ana Albasini, Ana Catarina Carvalho, Francisco Carvalho, GabrielaCanasta, Jorge Gonçalves, Sara Teixeira, Luísa Antunes, Odete Sol, Leandra Reis, Helena Correiae Sandra Cosme | grafismo e pré-impressão Inês George, António Faria Lopes e Fulgêncio Samo| fotografia Filipe Mabjaia, Firmino Mahumane e Ilton Ngoca | revisão Graça Pinto | impressão eprodução Centro de Recursos Educativos | distribuição Fulgêncio Samo (Coordenador)PROPRIEDADE Escola Portuguesa de Moçambique - Centro de Ensino e Língua Portuguesa, Av.ªdo Palmar, 562 - Caixa Postal 2940 - Maputo - Moçambique. Telefone + 258 21 481 300 - Fax + 25821 481 343

Sítio oficial na Internet: www.epmcelp.edu.mz | E-mail: [email protected]

Final de ano letivo

marca início de expansão

epm-celp

ofinal de um ano letivo representa o culminar de

uma etapa que, para muitos alunos, é um

marco de vida. Para assinalar o tradicional momento

a nossa escola promove um conjunto de atividades

que procura refletir o que foi construído ao longo do

ano que finda: revelam-se talentos, partilham-se ex-

periências e concretizam-se projetos pedagógicos,

demonstrativo do caráter dinâmico, criativo e inova-

dor das práticas de ensino e de aprendizagem.

Nas festas de finais de ano os alunos brilham no

palco, os pais sorriem na assistência e os professo-

res respiram de alívio pelo inesquecível das atua-

ções. Genuínas e cúmplices trocas de olhares, em

três direcções, mostram, inequivocamente, que a

vida escolar implica o envolvimento da família, dos

professores e, naturalmente, dos alunos, numa con-

jugação de esforços para aprender cada vez mais e

melhor.

tal como na natureza, também as vidas huma-

nas apresentam ciclos que se manifestam com acui-

dade especial numa escola portuguesa no

estrangeiro, onde a mobilidade de alunos e profes-

sores reflete percursos familiares e pessoais reple-

tos de experiências para contar mais tarde. assim,

registamos nesta edição o testemunho de professo-

res portugueses que, após vários anos entre nós,

terminam as suas experiências profissionais e nos

oferecem opiniões, sugestões e apreciações trans-

formadas em ensinamentos capazes, certamente,

de contribuir para o crescimento da nossa institui-

ção.

a ePM-CeLP é uma instituição dinâmica que se

projeta para além do seu espaço físico, cooperando

com o país de acolhimento, rumo a uma maior e

mais abrangente presença no meio social em que

está inserida, assumindo uma crescente responsa-

bilidade social. orgulhamo-nos, assim, de sermos a

primeira escola pública portuguesa no estrangeiro a

ser formal e oficialmente autorizada a expandir-se

territorialmente, mercê de um memorando de enten-

dimento já assumido entre os governos de Portugal

e de Moçambique. aceitamos o desafio com muito

entusiasmo, esperando concretizar, a breve prazo,

a extensão da ePM-CeLP na cidade da Matola.

a ação educativa que desenvolvemos é um ser-

viço público de educação e formação multicultural

de cidadãos ativos e responsáveis, forjadas e cons-

truídas a partir da língua e cultura portuguesas.

a direção

atividades | A festa de final do ano dos finalistas do pré-escolar e do 1.ºciclo; a Audição de Piano e o Sarau das Línguas; o Maningue Teatro

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empreendedorismo | Festival de criatividade consolida projeto inovadorno primeiro ciclo do ensino básico da EPM-CELP

visitas de estudo | As visiras dos nossos alunos a uma escola primáriamoçambicana e ao Museu Nacional de Arte

entrevista | Professores portugueses relatam, na hora do regresso acasa, as virtudes da experiência profissional em Moçambique

arte | Masterclass de violino, viola de arco e piano realizou 10.ª edição eEncontros com a Arte reformou formato e intensificou atividade

especial | Alunos da Sala de Ensino Estruturado apresentaram peça deteatro “Wanga e o Espantalho”, despertando emoções improváveis

20 ciência | EPM-CELP ganhou a permanência da exposição científica“Física dia-a-dia” e espetacularizou brinquedos científicos

21 leitura | “Nyeleti - a filha das estrelas” é a mais recente obra lançadapela EPM-CELP, que apresentou na Beira dois livros já publicados

10 efemérides | As celebrações do Dia da CPLP, Dia da Criança, Dia daCriança Africana e do 40.º aniversário da independência de Moçambique

expansão | A EPM-CELP adquiriu o direito de expandir-se no territóriomoçambicano e a Matola será o primeiro polo da escola-mãe

22 texto e psiciologando | O espaço literário de livre criação dos alunos e aopinião de uma psicóloga escolar sobre aprendizagens precoces

23 internet | Formas de comunicação, interação moderna e fatores deagressividade nas relações entre “nativos digitais”

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aePM-CeLP participou na primeira edi-ção da Feira internacional do Livro de

Maputo, uma iniciativa do Conselho Muni-cipal da capital moçambicana que decor-reu entre 7 e 10 de maio último, na Praçada independência, sob o lema "Fazer doLivro o instrumento Principal na educaçãoe desenvolvimento do Cidadão!".

divulgar as suas publicações e o tra-balho desenvolvido no âmbito do projeto"Mabuko Ya Hina", bem como incentivar aleitura e a escrita em Moçambique são ospropósitos da ePM-CeLP.

do programa da participação da ePM-CeLP constaram, para além da venda delivros, as dramatizações do livro "o casa-mento misterioso de Mwidja", por alunosda escola Primária Completa Matchik

ePM-ceLP supervisionou examesem escolas da Beira e de nampula

epm-celp

ePM-ceLP participou na 1.ª FeiraInternacional do Livro em Maputo

os alunos Marisa Galrito, diogo Pimenta,Nuno Sousa, Sofia Brites e daniel Câ-

mara representaram a ePM-CeLP na con-ferência anual da Global issue ServiceSummit (GiSS), realizada em Maputoentre 23 e 25 de abril último, no Centro deConferências Joaquim Chissano.

a conferência visa o desenvolvimentoe educação sustentáveis das futuras gera-ções, conta com a participação de escolasinternacionais de toda a África e de algunspaíses da Ásia. a edição 2015 foi organi-zada pela escola americana de Moçambi-que (aiSM).

a ePM-CeLP realizou um workshop

sobre a ação da nossa escola dirigida aescolas parceiras, dando a conhecer al-guns dos projetos em desenvolvimento nasociedade moçambicana.

José Lopes deixoudireção financeirada ePM-ceLP

aePM-CeLP está legalmente incum-bida, pelo Ministério de educação de

Portugal, de apoiar e supervisionar a rea-lização das provas finais dos primeiro, se-gundo e terceiro ciclos de escolaridade naescola Portuguesa da Beira e na escolaLusófona de Nampula, que ministram cur-rículo português com paralelismo pedagó-gico atribuído pelo Governo de Portugal.assim, anualmente, duas equipas comigual número de docentes em cada uma,munidos de conhecimentos técnico-peda-gógicos relativos aos procedimentos espe-cíficos associados à avaliação externa dasaprendizagens, deslocam-se aqueles es-tabelecimentos de ensino para supervisio-nar os exames.

Na primeira fase das provas finais, quedecorreu na segunda quinzena de maio, aePM-CeLP fez deslocar quatro professo-res às cidades da Beira e de Nampula,onde, para além da supervisão legal, tam-bém participaram em jornadas de trabalho

com os pares locais, com quem partilha-ram experiências e informações. Nessesentido, os nossos docentes dinamizaramações de formação de caráter pedagógico,designadamente nas áreas da direção deturma, metodologias de registo das apren-dizagens dos alunos e elaboração do pro-jeto curricular de turma. Neste âmbito, aePM-CeLP comprometeu-se a informar aescola Portuguesa da Beira e a escola Lu-sófona de Nampula do calendário dasações programadas pelo seu Centro deFormação de modo a possibilitar a even-tual participação de docentes daqueles es-tabelecimentos de ensino.

a ePM-CeLP também assumiu o com-promisso de proceder ao envio de obras li-terárias com a sua chancela, tendo emvista a divulgação da literatura infanto-ju-venil moçambicana e o enriquecimento doespólio documental daquelas escolas que,apesar de várias limitações, apostam eacreditam no currículo português.

José antónio Marti-nho Lopes deixou

de ser subdiretorpara a área adminis-trativa e financeira daePM-CeLP em 30 deabril último, na se-quência da sua no-meação para o cargode vogal do Conse-lho diretivo da administração regional deSaúde do alentejo, em Portugal. a JoséLopes, que assumira o cargo de subdiretordo nosso estabelecimento de ensino a 12de outubro de 2012, “o Pátio” deseja asmaiores felicidades pessoais e profissio-nais.

alunos da ePM-ceLPparticiparamem conferênciainternacional

tchik, a 8 de maio, e da obra "as armadi-lhas da floresta" por alunos da escola Pri-mária Completa Unidade 19, no diaseguinte, estabelecimentos de ensino mo-çambicanos integrados no projeto "Ma-buko Ya Hina", liderado pela nossa escola.

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epm-celp

Matola vai ser polo deexpansão da ePM-ceLP

a escola portuguesa demoçambique - centro deensino e língua portuguesa(epm-celp) é o primeiroestabelecimento de ensinopúblico português noestrangeiro autorizado aexpandir-se no território dopaís de acolhimento. pararesponder à crescente procuradas famílias residentes emmoçambique, a epm-celp jácolocou em marcha o projetodo polo da matola, cidadeperiférica de maputo.

Consciente da dificuldade em respon-der à crescente procura, a direção da

ePM-CeLP tem vindo a equacionar, desdehá dois anos, a possibilidade de se expan-dir fisicamente, projetando, como primeiropasso, o funcionamento de um polo na ci-dade da Matola.

a Matola é uma cidade periférica deMaputo onde há registo de aumento signi-ficativo da comunidade portuguesa e da fi-xação de famílias de outrasnacionalidades, incluindo, naturalmente, amoçambicana, potencialmente interessa-das em colocar os seus filhos a estudarnuma escola de currículo português.acresce o facto de muitos dos atuais alu-nos do nosso estabelecimento de ensinoserem já residentes naquela localidade.assim, desde muito cedo, a ePM-CeLPconsiderou pertinente a abertura de umarepresentação na Matola para respondernão só àquela procura, como também parapermitir, progressivamente, a descentrali-zação da sua atividade de ensino, ofere-cendo a possibilidade de transferênciaescolar aos alunos residentes naquela lo-calidade.

as primeiras diligências foram enceta-das no sentido de encontrar instalações

adequadas ao projeto de expansão, bemcomo estabelecer os necessários contac-tos com a tutela, para ir superando osconstrangimentos. estava lançada a pontepara a alargamento da ePM-CeLP que,não obstante as dificuldades encontradas,desembocou na seleção das instalaçõesadequadas, que ainda carecem de obrasde remodelação e restauro de modo adotá-las das funcionalidades exigidas peloprojeto expansionista.

Para tornar possível a expansão daePM-CeLP, os governos de Moçambiquee de Portugal assinaram um Memorandode entendimento para a ampliação e des-centralização da oferta de formação e edu-cação de base cultural portuguesa daePM-CeLP, enquanto estabelecimento pú-blico de ensino, através da criação depolos da mesma fora da cidade de Ma-puto. este entendimento alterou o dispostono acordo de Cooperação entre a repú-blica Portuguesa e a república de Moçam-bique relativo à ePM-CeLP, assinado a 24de março de 2008, pelo qual se procedeuà criação do Centro de ensino e LínguaPortuguesa em Maputo, o que permitiu re-

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epm-celp

forçar os laços de amizade e cooperaçãoentre os dois povos e governos, nos domí-nios da educação e do ensino.

a iniciativa conjunta dos governos deMoçambique e de Portugal foi recebidacom muito agrado pela ePM-CeLP pois,para além de ser a primeira escola portu-guesa no estrangeiro a quem foi, formal eoficialmente, concedida a autorização parao seu alargamento, veio permitir ultrapas-sar os constrangimentos decorrentes doseu espaço físico face à crescente procuramanifestada por famílias de várias nacio-nalidades residentes em Moçambique.

a boa nova da expansão chegou atra-vés da visita oficial conjunta realizada ao

No novo desafio da ePM-CeLP, que é a sua própria expansão,permanece central e prioritária a preocupação de promoção

da melhoria constante da qualidade do serviço público de educa-ção em território estrangeiro. Nesta medida, o contrato de auto-nomia que é necessário firmar com o Ministério da educação dePortugal, para viabilizar a expansão, será alicerçado em seguintesprincípios fundamentais: cooperação, empenho e inovação.

o postulado anterior concebe a nossa escola como lugar deaprendizagens que liberta as crianças de dogmas do passado edo presente, preparando-as para o futuro, solidamente alicerçadonuma pedagogia humanista baseada na tolerância, no respeitopela diferença e na diversidade cultural. Uma escola que ministreconhecimento científico atualizado, fundamentado no pensa-mento crítico, e incentive a curiosidade e a experimentação. estaserá a matriz fundamental para a construção de cidadãos prepa-rados para a multiplicidade de desafios sociais e ambientais queo Mundo atual coloca.

o desenvolvimento da autonomia e, consequentemente, doreforço das inerentes responsabilidades são objetivos da ePM-CeLP, que procura adaptar-se, continuamente, às necessidadesda comunidade que serve, melhorarando, assim, a qualidade dasua intervenção na sociedade moçambicana. a ePM-CeLP temocupado, ao longo da sua existência, lugar de destaque no cená-

rio da oferta educativa aos residentes do país de acolhimento, aoreunir caraterísticas que a prestigiam como escola de referência.Para além de possuir um complexo arquitetónico permanente-mente admirado pela sua singularidade e funcionalidade própria,a ePM-CeLP merece igualmente destaque pelo empenhamentoe dedicação do seu corpo docente, técnicos e auxiliares de açãoeducativa, que têm contribuído para a projeção da escola paraalém da comunidade escolar que serve, granjeando um elevadoreconhecimento social.

importa, também, referenciar as caraterísticas dos seus alu-nos, oriundos de diferentes países e culturas, com um registo de16 nacionalidades no ano letivo 2014/2015, o que faz da sua la-tente multiculturalidade um excelente contributo para o enrique-cimento pessoal de todas as crianças e jovens que frequentam aePM-CeLP.

as caraterísticas apontadas têm contribuído para um aumentosignificativo de alunos, que, associado ao surto de emigração quese faz sentir no início desta década, motivou uma crescente pro-cura por candidatos ao ensino de currículo em português. em re-sultado desta, a direção da ePM-CeLP reconhece a necessidadede criar condições que permitam viabilizar o acesso a este tipode ensino às famílias nacionais e estrangeiras residentes em Mo-çambique.

nosso estabelecimento de ensino, a 14 demaio último, pelo secretário de estado doensino e administração escolar do Minis-tério da educação e Ciência do Governode Portugal, João Casanova, e pelo minis-tro da educação e do desenvolvimentoHumano do Governo de Moçambique,Jorge Ferrão, que, entretanto, já emitiu odespacho governamental que autoriza ofuncionamento do polo da Matola.

Para viabilizar o alargamento, a ePM-CeLP está incumbida de elaborar a suaproposta de Contrato de autonomia, a ce-lebrar com o Ministério da educação eCiência, de modo a assegurar maior flexi-bilidade organizacional e pedagógica,tendo como referência o seu Projeto edu-cativo e o Plano de Melhoria, este resul-

desafio exige cooperação, empenho e inovação

tante do processo de avaliação externaconcretizado em 2014.

aquando da já referida visita oficial, osgovernantes dos dois países foram pre-senteados, logo à chegada, com a atuaçãode alunos que integram o grupo de “os pe-quenos violinos” da nossa escola. oportu-nidade, também, para uma visita àBiblioteca escolar José Craveirinha, àsinstalações desportivas, ao planetário e aoauditório Carlos Paredes, o que tornou evi-dente o valor do património escolar para osucesso educativo. É essencial, por con-seguinte, um esforço contínuo da sua pre-servação e rentabilização, sem deixar defranquear as portas ao exterior para per-mitir atividades genuínas de cooperaçãocom a sociedade moçambicana.

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Projeto do edifício do polo da Matola

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atividades

finalistas do pré-escolar e do primeiro ciclo do ensino básico da epm-celpcelebraram o fim de mais uma etapa escolar, coincidente com oencerramento do ano letivo 2014/2015. a festa ocorreu na manhã de 12 dejunho último, no auditório carlos paredes, onde desfilaram as emoçõesde alunos, professores e encarregados de educação associadas àsexperiências de aprendizagem de vários anos letivos.

os alunos finalistas do primeiro ciclo recorreram a várias ex-pressões artísticas para animar o espetáculo de encerra-

mento do ano letivo que marcou, igualmente, a conclusão de maisuma etapa escolar. a ginástica, a dança, o canto e o teatro foramos meios de expressão que demonstraram os afetos e as dinâ-micas de trabalho que uniram professores, de várias áreas curri-culares, e alunos durante os quatro anos do primeiro ciclo doensino básico.

Para retratar cada área disciplinar, os alunos recriaram am-bientes do trabalho letivo desenvolvido ao longo dos anos ante-riores, procurando representar em palco os significados maismarcantes das suas aprendizagens, através da exploração e uti-lização da expressão artística.

Maravilhadas, as professoras titulares das várias turmas doquarto ano foram surpreendidas pelo resultado final do esforço eengenho autónomos dispendidos pelos seus alunos na conceçãoe arquitetura próprias deste espetáculo final que marca, de formaindelével, a abertura de um novo ciclo escolar e de vida.

a declamação de poemas e a leitura de discursos da autoriados próprios alunos selou esta sessão de homenagem e gratidão,finalizada com a atribuição individualizada de diplomas de mérito.aos finalistas do ensino pré-escolar coube retratar a experiên-

cia particular de utilização da expressão musical como lingua-gem transversal das aprendizagens ocorridas ao longo do anoletivo, prestes a terminar, sob o tema “Viajar para Lá das Pala-vras”. assim, na festa final, a orquestra, constituída pelos alunosfinalistas, ofereceu aos coleguinhas mais novos e à comunidadeeducativa, um espetáculo no qual o canto, a execução musical ea dança conviveram numa articulação única das linguagens ver-bal, musical e corporal.

o “chachachá” cantado, dançado e tocado tomou conta dopalco, onde pés marcaram ritmos e mãos tocaram diversos ins-trumentos de percussão, nomeadamente os ferrinhos, as clavas,os tamborins, as maracas e o reco-reco. em cena esteve umapeça musical que integrou a coleção “orquestra do Pautas ii”, uti-lizada ao longo do ano letivo para abordar temas musicais clássi-cos, de jazz e blues. de forma simples e atrativa, esta coleçãofacilita às crianças e jovens a iniciação à leitura musical e rítmica,bem como a expressão corporal e o canto, explorando vários es-tilos musicais.

hora de homenagear e agradecer

orquestra sinfónicaanimou espetáculodo pré-escolar

criatividade e talentomarcaram exibiçõesno primeiro ciclo

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atividades

Audição de pianoAudição de pianogera emoções fortes

a10.ª edição da audição de Piano daePM-CeLP, realizada a 29 de maio úl-

timo, no átrio principal do nosso edifíciocentral, gerou, mais uma vez, emoçõesfortes e afetos renovados.

o evento revelou novos artistas que,virtuosamente, deram vida a antigas e ale-gres melodias, simultaneamente interpre-tadas pelo grupo coral, composto pelosalunos do quarto ano de escolaridade, fa-zendo as delícias da plateia, essencial-

mente constituída por pais e encarregadosde educação.

a audição de piano é protagonizada,anualmente, pelos alunos que frequentamas aulas deste instrumento nas atividadesextracurriculares da ePM-CeLP. São obje-tivos principais deste projeto introduzir osalunos na prática do piano, desenvolvendoa musicalidade, a sensibilidade, a coorde-nação e a concentração. Combinando di-ferentes métodos de ensino, os alunos

aprendem a interpretar peças de vários gé-neros musicais, que vão do clássico aorock, passando pelo jazz, nomeadamente.

a oferta de formação de piano nanossa escola pretende iniciar os alunos naaprendizagem do instrumento, mas tam-bém visa o aperfeiçoamento, adequando,em ambos os casos, o programa de ensinoàs especificidades de cada formando, quededica, no decorrer do ano letivo, cerca deuma hora semanal à prática do piano.

sarau das línguas | a arte ao serviço da aprendizagem

sob o mote “ilustrarte”, aedição 2015 do sarau daslínguas da epm-celp voltoua deslumbrar a comunidadeeducativa no já míticoauditório carlos paredes, a 4de junho último. o grandeprotagonista foi o espíritoartístico que transversaliza aaprendizagem das línguas nanossa escola.

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atividades

aprender a identificar e valorizar o patri-mónio familiar foi o desafio abraçado

por alunos de quatro turmas do sexto anodo ensino básico da ePM-CeLP. Numaaventura de aprendizagem, realizada emmaio e junho, os alunos recuaram três ge-rações para desvendar objetos de valor dopatrimónio afetivo ou físico da família.

a iniciativa, dinamizada pela profes-sora Sara teixeira durante o terceiro pe-ríodo escolar nas aulas de educaçãoVisual, estimulou os alunos a fazerem pes-quisas sobre a história da família e desco-brirem, assim, as suas próprias origens,com a ajuda dos testemunhos de familia-res mais antigos da família.

os estudos realizados pelos alunosforam corporizados em papel, sobre o qualse aplicaram técnicas de envelhecimento,servindo para retratar, sob a forma de “bi-

lhete de identidade”, os artefatos que si-mulam a antiguidade documental. o trata-mento diversificado a que foi sujeito opatrimónio móvel e imóvel da família, debens imateriais e de artigos materiais,como jóias, botas ou receitas gastronómi-cas, entre outros, enriqueceu a abordagempedagógica do património familiar e am-pliou as possibilidades da sua representa-ção material.

a experiência revelou-se mobilizadorada criatividade dos alunos e propiciou adescoberta de valores familiares encober-tos ou desconhecidos.

os artigos produzidos foram oralmenteapresentados na sala de aula, aos cole-gas, tendo ainda dado lugar a uma expo-sição montada na nossa escola aquandodas celebrações do dia internacional dosMuseus, assinalado a 18 de maio.

os alunos da turma “B” do pré-escolarda ePM-CeLP distinguiram e classifi-

car os diferentes tipos de atividade vulcâ-nica existentes no arquipélago de CaboVerde, através de uma experiência labora-torial realizada a 13 de maio. a par dos sis-mos, os “pequenos cientistas”, orientadospela professora Catarina Carvalho, explo-raram também conteúdos relacionadoscom o ecossistema das tartarugas mari-nhas, tema relacionado com projeto curri-cular de ano do pré-escolar.

a experiência “sísmica” permitiu aosalunos perceber a diferença entre os vul-cões efusivos e os do tipo explosivo,sendo estes últimos mais conhecidos e ad-mirados pelas crianças pelo maior espetá-culo pirotécnico e sonoro que oferecem.Cumpriu-se, assim, o objetivo de promovero gosto pela geociência e ensino experi-mental, articulando e integrando conteú-dos de diferentes ciclos de ensino.

Um elenco constituido por 22 alunosdos terceiro e quarto anos de escola-

ridade da ePM-CeLP apresentou a peçateatral “a espantalha generosa”, numaatuação que, na sequência de outros es-petáculos de fim de ano , serviu para en-cerrar a temporada 2014/2015 dacompanhia estudantil Maningue teatro.

agregando componentes de trabalhotextual e musical, o espetáculo acolheu in-terpretações de personagens como o sol,a lua e o espantalho, formando um enredohistórico que evocou, entre outros, valorescomo o amor e a solidariedade.

a plateia, composta pelos colegas dosmesmos anos de escolaridade, bem como

pelos pais e encarregados de educação,deixou-se seduzir pelo talento dos atoresque, no fim, ganharam aplausos e certifi-cados de participação.

orientado pelas professoras SandraCosme e Maria Guimarães, o grupo Ma-ningue teatro trabalha e atua com regula-ridade no auditório Carlos Paredes.

Pesquisa e criatividade revelaramsegredos de património familiar

Laboratório revelouao pré-escolarsegredos dos vulcões

“ a espantalha

generosa” encerrou

Maningue Teatro

2014/2015

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visitas de estudo

Na continuidade da execução do projetode educação para o Voluntariado, de-

senvolvido em parceria com a organizaçãoHeLPo Moçambique, as turmas a1 e a2do 10.º ano da ePM-CeLP realizaram, a 6de maio último, uma visita à escola Primá-ria Completa do triunfo para identificar ne-cessidades prementes de melhoria dofuncionamento da instituição, nais quais fi-zeram incidir, posteriormente, os seus pro-jetos de intervenção social.

a visita excedeu as expetativas quantoao impacto emotivo que provocou nos alu-nos “epmianos”, pois foi notório o desper-tar genuíno do espírito de cidadania ativae a vontade inabalável de cada um assu-mir responsabilidades sociais.

À chegada ao destino, os alunos daePM-CeLP começaram a interagir, deimediato e espontaneamente, com os pe-quenitos, envolvendo-se em diversas ati-vidades lúdicas. Cantaram, em conjunto, ohino da escola do triunfo e o hino nacio-

Na última semana de maio,as turmas a1, a2, B e

C do 10.º ano da nossaescola visitaram oMuseu Nacional de artede Maputo, no âmbitoda lecionação do con-teúdo programático “adimensão estética” da dis-ciplina de Filosofia do ensinosecundário.

a visita proporcionou aos alunos umasignificativa experiência estética e de fruição das obras de auto-res de renome internacional, tais como Bertina Lopes, Malanga-tana, Naguib e Chichorro, entre outros, oferecendo-lhes aoportunidade de conhecer ao detalhe os trabalhos de artistasque dão corpo à arte e cultura moçambicanas.

Não obstante a dificuldade em definir arte, a experiência tor-nou evidente o reconhecimento de que uma obra convida à in-teração com o espetador, que a interpreta de acordo com a suasensibilidade estética e emocional. isto mesmo ficou demons-trado, posteriormente, na sala de aula quando os alunos foramconvidados a apresentarem uma pintura ou escultura que apre-ciaram no Museu, reinterpretando-a. os alunos reconhecerama importância da arte na vida de cada um de nós pela possibili-dade que oferece de expressar sentimentos, sobretudo quandoas palavras são inexistentes.

arte e cultura deMoçambique atraíramolhar dos alunos

ePM-ceLP angarioumaterial escolar paraescola moçambicana

os alunos da turma C do 10.º ano da ePM-CeLP visitaram,no âmbito da educação para o Voluntariado, a escola Co-

munitária Polana Caniço B onde constataram que um dos mo-tivos do insucesso à disciplina de Matemática é a falta demateriais de geometria.

Sensibilizados, os nossos alunos prontificaram-se a arranjaro material escolar em falta e, para tanto, realizaram uma cam-panha de recolha do material necessário junto dos colegas doprimeiro ciclo de escolaridade. Previamente, nas aulas da dis-ciplina de Português, produziram e divulgaram informaçõessobre o observado na escola moçambicana, solicitando a cola-boração dos colegas mais novos e dos respetivos encarregadosde educação. a turma também realizou a “Feira de Sabores”para angariação de fundos destinados à compra de materiaisescolares e à preparação de um lanche oferecido aos alunosda escola Comunitária Polana Caniço B que, entretanto, visita-ram a nossa escola a 9 de junho. Na visita ao nosso estabele-cimento de ensino, os alunos da escola moçambicanaparticiparam em diversas atividades físicas, designadamente gi-nástica, orientação, dança e voleibol, as quais decorreram sobo signo do entusiasmo e cooperação entre os alunos de ambasas escolas.

o material escolar recolhido no âmbito da campanha de so-lidariedade lançada na ePM-CeLP, na qual os nossos alunosdo 10.º C colocaram total empenho e dedicação, foi entreguedireta e pessoalmente ao diretor de escola Comunitária PolanaCaniço B.

Voluntariado aproxima realidadesnal, fizeram jogos, distribuíram doces, con-versaram muito sobre o futuro e promete-ram voltar. Houve abraços e sorrisos,olhares e mãos dadas, muito “colo” e muitocarinho, muitas lágrimas e emoções, coma certeza de que muito se pode fazer emprol das crianças. este envolvimento tor-nou difícil o regresso dos “epmianos” acasa, mas reforçou a sua determinação re-lativamente ao contributo social que pre-tendem prestar.

o projeto, a prosseguir nos próximosanos letivos no âmbito do ensino secundá-rio, prevê, a curto prazo, a reestruturaçãoe apetrechamento da sala da biblioteca edoações de material escolar, bem como dekits de primeiros socorros.

a visita, humana e socialmente enri-quecedora, ofereceu a todos os alunosparticipantes a oportunidade de conhece-rem realidades e mundos distintos e,assim, aprenderem a relativizar as suaspreocupações.

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efemérides

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“Mabuko Ya hina” e ePM-ceLP celebraram dia de África

Teatro e poesiahomenagearamlíngua portuguesa

Língua, história, música, dança, hábitos e costumes africanos foramos principais ingredientes da festa que a EPM-CELP realizou, a 25

de maio último, no seu átrio principal, para celebrar o Dia África.Reunindo alunos e docentes da EPM-CELP e da Escola Comunitária

da Polana Caniço B, esta pertencente ao sistema de ensino moçambi-cano, o evento contou com as participações de Natasha Hirschfede,do consulado do Botswana, e de Glória Graça e Teodora Martins, em

representação de São Tomé e Príncipe, que evocaram os valores afri-canos nesta iniciativa organizada pelo projeto “Mabuko Ya Hina”.

A abrir a festa a Diretora da EPM-CELP, Dina Trigo de Mira, ressal-tou a importância do fortalecimento dos laços que unem os países afri-canos, enquanto os alunos dos primeiro e segundo ciclos do ensinobásico da nossa Escola, no palco do Auditório Carlos Paredes, recor-reram à dança para festejar e homenagear a cultura africana.

odia da Língua e da Cultura da Comu-nidade dos Países de Língua Portu-

guesa (CPLP) comemorou-se, na nossaescola, a 5 de maio último, num espaço in-terdisciplinar de artes onde “desfilaram”teatro, declamação de poemas, música eo escritor João Paulo Borges Coelho, cujavisita marcou o sarau cultural que home-nageou a língua portuguesa nas suas maisdiversas expressões artísticas.

a cerimónia, conduzida, com bastanteritmo e humor, pelos alunos Miguel Ângelo(10.º C) e Jéssica Magaia (10.º a1), abriuao som da música “os meninos à volta dafogueira”, interpretada pelos alunos MarizaGalrito, diogo Pimenta e Carolina Qua-resma. Seguiu-se a apresentação de umaadaptação para teatro de um excerto daobra de João Paulo Borges Coelho, “as Vi-sitas do dr. Valdez”, pelos alunos do 10.ºa2, abrindo caminho para o diálogo sub-sequente entre alunos e o autor do livro.Face à pergunta “o dr. Valdez existiu?” osalunos foram surpreendidos com o factode todas as personagens da obra teremexistido “num certo sentido”, tal como res-pondeu Borges Coelho.

a poesia de expressão portuguesatocou Moçambique, Portugal e angola. opoeta moçambicano rui Nogar e o poema“Xicuembo” foram evocados pelos alunosFahim Latif e Bruno Faria, do 10.º B, en-quanto a portuguesa Sophia de MelloBreyner e os poemas “Conselho” e “Meiodia” foram lembrados pelos alunos Bár-bara Santos, Mariana Pratas, João e au-gusto Simões, cabendo às alunas Jenishadipak e raquel Gouveia declamar opoema “Prelúdio” da poetisa angolanaalda Lara.

dia da cplp

o teatro colocou em palco a peçasobre a obra “Hinyambaan”, mais uma vezde João Paulo Borges Coelho, interpre-tada por, praticamente, toda a turma C do10.º ano, seguida de outra interpretação,de apenas um excerto da mesma obra,pela turma a1 também do 10.º ano, quefez as delícias da plateia.

o processo de produção do espetáculoconstituiu proposta de aprendizagem aosalunos organizadores do espetáculo e, porconseguinte, incluídos nos procedimentosde avaliação.

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efemérides

desporto, música e artes circensesentusiasmaram manhã do 1.º ciclo

os alunos do primeiro ciclo do ensinobásico da ePM-CeLP viveram com

muita alegria e animação a comemoraçãodo dia Mundial da Criança numa manhãrica de aventuras marcadas pela práticadesportiva, que foi o principal mote das ce-lebrações.

o corta-mato envolveu todas as turmasdo primeiro ciclo, propiciando um ambientecompetitivo e convívio amigável, orientadopelo núcleo organizador constituído pelosprofessores de educação Física, conjun-tamente com os docentes titulares de cadauma das turmas. o programa também

ficou marcado pela realização de dançasque emprestaram ao ambiente muita vibra-ção e embalo rítmico para o lanche cole-tivo para recobrar forças que se seguiu.

No final da manhã houve ainda lugarpara uma apresentação de várias artes cir-censes e de um concerto musical interpre-tado por Jorge Gonçalves, professor doprimeiro ciclo. este docente tem composto,aliás, de forma mais ou menos sistemática,letras e músicas especifica e exclusiva-mente dedicadas a determinados eventosque, ao longo de 2014/2015, tiveram lugarna nossa escola.

dia mundial da criança dia da criança africana

Homenagear a criança africana, lem-brando os seus direitos, foi o motivo

que animou as celebrações na ePM-CeLP, a 15 de junho último, do dia daCriança africana, cuja evocação se esten-deu a todo o mundo.

Como acontece todos os anos, o pro-jeto “Mabuko Ya Hina” proporcionou umconvívio que uniu as crianças do ensinoestruturado da ePM-CeLP aos alunos daescola Primária Completa Matchik tchik eda escola Primária Completa amizadeSem Fronteiras, do sistema de ensino mo-çambicano, habitualmente beneficiárias deiniciativas integradas no programa de coo-peração entre a nossa escola e os estabe-lecimentos de ensino moçambicanos.

as crianças das escolas participantesno programa de comemorações celebra-ram a efeméride nas instalações da nossaescola, aproveitando os equipamentos lú-dicos aí instalados que ofereceram umconjunto diversificado de brincadeiras.

a finalizar a jornada de convívio, ascrianças das escolas convidadas recebe-ram brindes e outras lembranças ofereci-dos por uma turma do oitavo ano daePM-CeLP, que adquiriu os bens paraoferta através das vendas realizadas noâmbito da iniciativa “La Chandeleur”.

“Mabuko Ya Hina” no MINEDHpara o Dia Mundial da Criança

a 1 de junho, o projeto “Mabuko YaHina”, liderado pela ePM-CeLP, participouna festa do dia Mundial da Criança orga-nizada pelo Ministério da educação e de-senvolvimento Humano (MiNedH) doGoverno de Moçambique, à qual assisti-ram os respetivos ministro e o vice-minis-tro, a diretora Nacional do ensinoPrimário, a embaixadora do Brasil em Mo-çambique, a ministra de estado Chefe daSecretaria de Políticas de Promoção daigualdade racial do Brasil, a diretora daescola Portuguesa de Moçambique, pro-fessores, alunos, encarregados de educa-ção e demais convidados.

“Mabuko Ya Hina” esteve representadopelas escolas ePC do triunfo, ePC PolanaCaniço a, eC Polana Caniço B e ePM-CeLP. “João à Procura da Palavra Poesia”,“a aldeia dos Crocodilos”, “a Formiga Jujue o Sapo Karibu” e “as Lágrimas São Fi-lhas do Mar” foram as histórias contadas,recontadas e dramatizadas pelas crianças.

ePM-ceLP uniu-sea escolasmoçambicanas

moçambique

os alunos do 10.º ano, Miguel Santosda ePM-CeLP e Cindy da escola Se-

cundária Mateus Sansão Mutemba, repre-sentaram os respetivos estabelecimentosde ensino num evento alusivo às celebra-ções da independência de Moçambique,ocorrido no passado dia 24 de junho, nasinstalações do Ministério da educação deMoçambique, onde ergueram as suasvozes em prol da liberdade, da paz e daunidade nacional.

No evento, a cultura moçambicana foienaltecida pelo grupo cultural da escolaSecundária Mateus Sansão Mutemba que,através da dança, expressou a emoção li-gada às conquistas da independência, ob-tida há 40 anos.

a participação da ePM-CeLP nesta ce-rimónia traduz a atitude ativa de respeitoda nossa instituição pela identidade e cul-tura própria do povo e do país de acolhi-mento.

ePM-ceLP participounas comemoraçõesdo 40.º aniversárioda Independência

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c o m o s e f a z u m l i v r o

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empreendedorismo

Festival de criatividade consolidaprojeto inovador na ePM-ceLP

No final da manhã de 9 de junho, ocampo polivalente de jogos da ePM-

CeLP transformou-se num palco de expo-sições, onde 25 “micro-empresas”,constituídas pelos alunos do terceiro anode escolaridade da nossa escola, exibiramas suas habilidades artísticas e criativas,retratadas nos diversos produtos e servi-ços expostos à comunidade.

a produção e edição de um livro, asiguarias de várias tradições culturais e bi-juterias, entre outros artigos, cobriram osmuitos stands, ficando, assim, disponíveispara apreciação e venda ao público que,logo nos primeiros momentos, não hesitoue fez esgotar os produtos mais atrativos.

Foi neste contexto que o público, es-sencialmente constituído pelos pais e en-carregados da educação, que foramparticipantes ativos no projeto, assistiu aoencerramento do projeto de educaçãopara o empreendedorismo, exclusiva-mente dirigido aos alunos do terceiro anodo ano letivo de 2014/2015.

É o segundo ano letivo consecutivo devigência do referido projeto na nossa es-cola, com o objetivo de despertar compe-tências de participação ativa e criativa nomundo, através do trabalho em equipa,com espírito empreendedor, contandoigualmente com a participação dos alunosdo atelier criativo da ePM-CeLP.

os alunos da empresa vocacionada para aprodução de livros contactaram, expe-

rimentando, com os respetivos processoseditoriais, incluindo a conceção e descri-ção do produto, a definição e cumpri-mento de prazos, a redação de textos, ailustração e os custos de impressão.Para tal contaram com o apoio do Centrode recursos educativos da ePM-CeLP,onde, sob orientação da professora dianaManhiça, os alunos se envoveram na compo-sição gráfica do livro, que integra histórias, poe-mas e ilustrações da autoria dos alunos.

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entrevista

na hora de regressar àsescolas de origem, trêsprofessores do sistemapúblico de ensino emportugal deixam os seustestemunhos sobre aexperiência de trabalhonuma escola públicaportuguesa no estrangeiro.jorge mira, ana serucae eugénia marques estãoprestes a deixar a epm-celp, onde estiveram váriosanos, e relatam ao “o pátio”o que levam na bagagemprofissional e o que deixamficar.

rutura é cont inuar. . .Como perspetivam as escolas públicasportuguesas no estrangeiro?Jorge Mira (JM) - acho que é uma reali-dade muito importante no que diz respeitoà difusão da cultura portuguesa e da coo-peração com países que são irmãos. Épreciso ver dois lados: um são os benefí-cios que Portugal aproveita dessa intera-ção e outro são as vantagens para o paísde acolhimento, para além do proveito queprofessores e alunos retiram. trata-se,portanto, de um valor indiscutível. Nãoconsigo ver essas escolas como guetos,,mas como instituições promotoras da coo-peração.Ana Seruca (AS) - É fundamental a pro-moção da língua portuguesa pelo mundo,até para facilitar a integração dos alunosdeslocados de Portugal, do seu ambientede origem, os quais beneficiam, assim, deum sítio onde se sentem minimamente emcasa. resolve também problemas de en-sino: se não existissem escolas de currí-culo português no estrangeiro os alunosteriam dificuldades para prosseguir estu-

dos em Portugal, o que é a vontade damaioria, aquando do seu regresso.Eugênia Marques (EM) - É evidente a im-portância da existência de escolas quemantenham e transmitam a cultura portu-guesa no estrangeiro, atendendo a que,atualmente, existem muitas famílias queemigraram. Portugal andou sempre espa-lhado no mundo, particularmente na atua-lidade. daí a importância de o país mantera sua identidade cultural. entretanto, vejopelos meus filhos que, afastados do paísde origem, acabam por não ter o mesmocontacto com todos os traços que configu-ram a identidade portuguesa.

Como encaram o cruzamento de duasculturas no contexto do ensino?JM - a multiculturalidade é um valor e nãoum problema! Neste aspeto, a palavra deordem é a cooperação institucional e so-cial. as escolas portuguesas no estran-geiro não se devem colocar à margem da

na hora do regresso

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sociedade onde se inserem. tambémdevem beneficiar do meio envolvente e docontexto diferente no qual existem. esta di-versidade cultural é um valor imenso paraa formação dos alunos e das pessoas quenestas instituições trabalham. Uma escolaque se feche em si própria, nos seus cur-ricula e nos seus modos de funciona-mento, sem abertura para o contextoenvolvente, para além de prestar um mauserviço, alheia-se de um conjunto de be-nefícios oferecidos a uma escola aberta,cooperativa, interveniente, inclusiva, parti-cipativa e integradora de diferenças cultu-rais. a ePM-CeLP é bom exemplo deintegração de alunos de origem diversifi-cada. Portanto, é neste caminho que asescolas públicas portuguesas no estran-geiro devem andar.AS - É uma mais-valia para nós, professo-res, porque, no fundo, estamos a interagircom alunos de muitas culturas. e há bene-fício também para os próprios alunos. osmeus filhos, por exemplo, hoje olham paraos miúdos de outras culturas com olhos di-ferentes com que não viam antes. Perce-bemos como é que os outros vivem, masao mesmo tempo iguais a nós. ao longodestes anos estabelecemos amizadescom pessoas diferentes de nós.EM - É um cruzamento enriquecedor paraas crianças, contribuindo para a sua for-mação como cidadãos do mundo, comosomos todos. Por outro lado, ajuda a ser-mos mais tolerantes e ter consciência dadiferença como enriquecimento pessoal.

Qual o contributo da experiência emMoçambique do ponto de vista profis-sional e pessoal?JM - Não somos pessoas por um lado eprofissionais por outro. Uma vez que nãose fragmentam, as pessoas têm uma ca-raterística holística, definindo-se por tudoaquilo que fazem, ou seja, somos um con-junto integrado. a vida profissional de umindivíduo é influenciada pelas suas carate-

rísticas pessoais e vice-versa. a experiên-cia é riquíssima por vários motivos: aquiaprende-se para a vida toda e temos deestar disponíveis para os desafios, quefazem com que eu goste de ser pessoa. aePM-CeLP é uma escola multicultural,com uma diversidade imensa de naciona-lidades, onde os miúdos podem entrar nopré-escolar e sair no 12.º ano, o que repre-senta um desafio de construção de umcurrículo combinado entre todos os ciclosde ensino. Por outro lado, o contexto deMoçambique e de Maputo obriga-nos a teruma visão relativa da realidade, o que é ri-quíssimo do ponto de vista pessoal. istoadvém do facto de me relacionar com alu-nos com expetativas e futuros diferentes ede viver num contexto social completa-mente distinto daquele onde habitual-mente vivo, devendo eu, assim, integrar osvalores do contexto atual. Se uma pessoase mantiver dogmática ou preconceituosanão vai beneficiar nem metade daquilo quepode, efetivamente, aproveitar. Se, por

outro lado, for sensível, não fala da reali-dade, mas abre-se a ela.AS - antes, quando estava em Portugal,trabalhei como professora na Casa Pia deLisboa, uma instituição-escola que se de-dica ao apoio a famílias e a jovens comgravíssimos problemas do ponto de vistasocial - jovens sem família ou famílias de-sestruturadas, drogas, álcool... -, o que ori-gina um ambiente escolar pesado. aquisinto-me no céu, ou seja, tenho um con-junto de alunos bem educados, talvez de-masiado protegidos ou mimados pelocontexto do país em que vivem. do pontode vista disciplinar, consigo estabelecercom eles uma relação de proximidade sau-dável, o que em Portugal não consigo. erefiro-me também à relação que aqui man-tenho com os meus colegas de profissão,que em Moçambique são muito mais ale-gres e comunicativos. Sinto que o relacio-namento com os colegas é melhor aqui doque em Portugal. Por exemplo, já estou areceber mais manifestações de carinho

perfil

Jorge MiraProfessor de Educação Física

Nome Completo Jorge Mira

Naturalidade Lisboa (Portugal)

Idade 59

Habilitações académicas Licenciatura emEducação Física e Mestrado em Ciências daEducação

Experiência profissional Autor dos progra-mas nacionais de Educação Física no ensinoprofissional e regular de Portugal. Dirigente daSociedade Portuguesa de Educação Física, vice-

presidente do Conselho Nacional das Associa-ções Profissionais de Educação Física. Foi mem-bro do Conselho Cientifico da Avaliação deProfessores. Integrou várias direções de escolase trabalhou na administração da Educação. For-mador na Área de Educação Física. Docente nocurso de Educação Física da Universidade Ca-tólica.

Interesses Leitura, pintura, desporto e cultura

Lema pessoal Ri da vida, ri-te para a vida.Ninguém pode andar na vida sem nela se im-plicar.

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com a proximidade da minha partida doque tive quando deixei Portugal. Quanto aMoçambique, devo confessar que nuncasenti o país como se fosse a minha casa.tenho sempre imensas saudades daminha casa em Portugal. É a primeira vezque sou emigrante. Sinto que, no geral, opovo moçambicano não nos vê, a nós, por-tugueses, com muito bons olhos. Às vezeshá pouco espaço para sentir a pertença.entretanto, Moçambique foi uma passa-gem muito enriquecedora para mim e paraos meus filhos.EM - estar em Moçambique foi um acon-tecimento importante para mim pois acre-dito que conhecer pessoas diferentes, numcontexto igualmente diferente, é sempreum enriquecimento. o ensino e as carate-rísticas dos alunos não são assim tão dife-rentes. Cresci pessoalmente aqui de formadiferente do que seria em Portugal, sob in-fluência de condições sociais e de umarealidade próprias.

Ensinar em Moçambique e regressar aPortugal: ruptura ou continuidade pro-fissional e pessoal?JM - as coisas que acontecem na vida sãosempre uma continuidade, isto é, elasacontecem e provocam transformaçõesem cima das coisas já existentes, pas-sando a integrá-las. Mas, a rutura nãodeixa de ser uma continuidade. a vida temum conjunto de situações de conflito e oconflito é benéfico porque é com ele que apessoa se desenvolve, enfrentando-o, re-solvendo-o e solucionando-o, o que me-lhora a pessoa. Quando digo que é umacontinuidade não quero dizer que as rutu-ras não são necessárias, mas elas sãosempre parte integrante de uma continui-dade. Portanto, esta experiência ofereceu-me um conjunto de coisas que, seconseguir integrar, farão de mim melhorpessoa. Não quero deixar de dizer que en-contrei aqui uma escola com um conjunto

de pessoas com grande carinho pela es-cola. Se há algo que posso caraterizar ouidentificar uma tendência é afirmar que osprofissionais da ePM-CeLP têm um cari-nho especial pela escola e um grande sen-tido de pertença, o que não é comumencontrar noutros estabelecimentos de en-sino. a ePM-CeLP tem, felizmente, ativi-dades diversificadas, produto da iniciativadas pessoas que nela habitam. acho quetem dois constrangimentos: o primeiro éser a única escola de currículo portuguêsem Moçambique e estar situada a mais deoito mil quilómetros de distância de Portu-gal. Portanto, terá sempre uma debilidadeem termos de formação de professores,pois a possibilidade de atualização profis-sional vem sempre do exterior. No entanto,acho que há aqui uma oportunidade e prio-ridade para a escola, que é valorizar osseus próprios processos de formação do-cente, recorrendo aos seus profissionais.assim, devia-se “fuzilar” a expressão “san-tos da casa não fazem milagres”.AS - ao regressar à minha escola de ori-gem, a Casa Pia de Lisboa, sinto a neces-sidade de mudar o “chip”. ensinar aqui émuito bom e fácil, os miúdos são impecá-veis, têm bom relacionamento comigo,consigo levá-los longe e a terem boasnotas, chegando ao curso que querem, oque é muito gratificante. Lá a escola é pro-blemática e conseguir colocar um aluno nafaculdade é uma vitória. a maioria dos alu-nos não quer estudar, aliás, em Portugaltrabalho no ensino profissional, onde le-ciono disciplinas de caráter mais técnico.Portanto, é uma experiência completa-mente diferente.EM - Profissionalmente é uma continui-dade porque regresso com novas expe-riências. Mudei a minha maneira de ser,dentro da continuidade. a nível pessoalvejo isso como uma nova oportunidade decomeçar. Volvidos muitos anos regresso acasa como um sentimento de reconquistarespaços e laços, com entusiasmo para re-tomar a minha escola de origem. Umanova fase de vida com uma expetativa po-sitiva.

perfil

Ana SerucaProfessora de Educação Visual

perfil

Eugénia MarquesProfessora de Português

Nome Completo Ana Seruca

Naturalidade Lisboa (Portugal)

Idade 42

Habilitações académicas

Licenciada em Desenho de Interiores, comespecialização em Arte e Tecnologia

Experiência profissional

Professora há 19 anos. Experiência de em-

presária na área de desenho de interiores.Autora de obras e pinturas com exposi-ções em Lisboa e na Amadora

Interesses

Pintura, desenho, ensino, leitura, praia e ci-nema

Lema pessoal

Aproveitar o que a vida nos oferece nomomento. Não deixar para amanhã o quese pode fazer hoje.

Nome Completo

Eugénia Maria Martins Marques

Naturalidade

Pessegueiro de Vouga, no concelho de

Sever do Vouga, distrito de Aveiro

(Portugal)

Idade

46

Habilitações académicas

Mestrado em Literaturas Românicas

Modernas e Contemporâneas pela Fa-

culdade de Letras da Universidade do

Porto

Experiência profissional

Professora de Português e de Francês

há 22 anos;

Pertence ao quadro da Escola Secun-

dária de Rocha Peixoto, na Póvoa de

Varzim, em Portugal

Interesses

leitura, cinema e decoração

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textoarte

Masterclass - Violinos, viola d’arco e piano

aúltima semana do passado mês dejunho acolheu a 12.ª edição da ePM-

CeLP da Masterclass de violino, que pas-sou também a incluir, primeiro, piano e,este ano, viola de arco. assim, alunos nos-sos e integrantes da orquestra da escolade Comunicação e artes da Universidadeeduardo Mondlane receberam formaçãofacultada pelos professores Pepi iz-quierdo, Laura andres Castells e Franciscoreyes, todos de origem espanhola, e deLuís Santana da ePM-CeLP.

a formação visou o aperfeiçoamentode técnicas musicais específicas, associa-das ao violino, viola de arco e piano, tendocomo base a Programação Neurolinguís-

tica, onde a linguagem corporal e gestualprocuram reproduzir as notas musicais.Nesta ação também estiveram presentesprofessores do primeiro ciclo, que toma-ram contacto com formas inovadoras deencarar a música, tornando-a meio de ex-pressão humana propiciadora de novasaprendizagens.

Luís Santana, professor de violino daePM-CeLP desde 2007, na qualidade deanfitrião, acompanhou de perto a estadiados homólogos espanhóis e foi, como ha-bitualmente, o responsável pela organiza-ção do espetáculo final da 12.ª edição doMasterclass de violino, violana de arco epiano, que aconteceu no dia 27 de junho.

Como corolário de uma semana de traba-lho, alunos e mestres presentearam a co-munidade educativa com um concerto, nopátio central da ePM-CeLP, onde desfila-ram diversas recriações musicais que pro-vocaram momentos únicos de emoção ebeleza na plateia, maioritariamente consti-tuída por encarregados de educação.

referência especial para a participaçãona Masterclass de uma antiga aluna daePM-CeLP, actualmente a estudar emNelspruit (África do Sul), que se fez acom-panhar por um dos seus atuais professo-res, revivendo, desta forma, a suapassagem pela nossa escola, onde a edu-cação musical e instrumental é valorizada.

a aprendizagem instrumental do violinoe da viola de arco na ePM-CeLP alar-

gou o seu universo de influência, pas-sando, desde o início do presente anoletivo, a abranger mais alunos. Para tal, anossa escola adquiriu 10 violinos e seisviolas de arco que foram distribuídos a 16alunos do terceiro ano de escolaridade,que, conservando os instrumentos emcasa e na escola, nesta última passarama beneficiar de aulas em regime de com-

plemento curricular, o que foi inovador naárea do ensino da música na ePM-CeLP.

o novo projeto terá a duração de doisanos e procura incrementar o gosto pelaprática instrumental, período findo o qualserá dirigido a novo grupo de alunos. ogrupo atual já conta com duas atuações, aprimeira realizada na ePM-CeLP e a se-gunda na Fortaleza de Maputo, aqui emconjunto com a orquestra da escola deComunicação e artes da UeM.

novo projeto

expressão pública do valor musical

ePM-ceLP alarga prática de violino e viola de arco

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arte

Encontros com a Arte

Um mundo de expressões artísticascomo o canto e execuções de piano,

guitarra e bateria, entre outros instrumen-tos, uniu-se à dança para alegrar e entu-siasmar a comunidade da ePM-CeLP. Sãoos já bem conhecidos encontros com aarte, momentos de recriação artística que,ao longo do último ano letivo, se repetiramsemanalmente, surpreendendo alunos, en-carregados de educação e visitantes nosfinais das manhãs das quintas-feira, no an-fiteatro ao ar livre da nossa escola.

os espetáculos contaram quase sem-pre com assídua afluência de público cons-

tituído, maioritariamente, por alunos e en-carregados de educação que ganharam ohábito de assistir aos encontros semanaispara se deliciaram com as atuações dosalunos movidos apenas pelo gosto indivi-dual por esta ou aquela arte.

a iniciativa, que retomou com forçauma prática sucessivamente realizada nosanos letivos anteriores, serve para promo-ver os talentos e habilidades artísticas dosalunos, no que toca à música e à dança,emprestando ao espaço escolar uma viva-cidade feita de movimento, ritmo e melo-dia. Por vezes, foi também possível contar

com a atuação da classe de guitarra clás-sica liderada pelo professor Queirós Júliada ePM-CeLP.

a espontaneidade e genuinidade dasobras apresentadas foram as notas domi-nantes das apresentações protagonizadaspelos alunos e convidados como resultadode esforços individuais, fora do contexto le-tivo, embora acarinhados e estimuladospela equipa de professores de educaçãoMusical e dança. esta atividade favoreceo diálogo entre a componente letiva e aprática da música ou da dança fora do con-texto formal de ensino.

espontaneidade ao ar livre favorece atividade letiva

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artes

durante a primeira quinzena de maio a ePM-CeLP acolheu, no seu átrio principal,uma exposição do artista plástico moçambicano Ciro, despertando nos nossos alu-

nos múltiplos olhares e sentimentos a respeito de cada obra. Mais uma vez, os alunosdo curso de artes Visuais contaram com a presença de Ciro, cujos discursos diretos eos trabalhos expostos inspiraram as produções académicas, em acrílico sobre tela e emcontexto de sala de aula, dos próprios alunos.

a exposição das obras de Ciro foi oficialmente inaugurada na nossa escola a 18 demaio último, contando com as presenças da diretora da ePM-CeLP, dina trigo de Mira,do próprio artista, do embaixador de Portugal em Moçambique, José augusto duarte, edo ministro da Cultura de Moçambique, Silva armando dunduro.

Cinema de animação com nildo

exposição de pintura com Ciro

No início do presente ano letivo, para assinalar o dia internacional do Cinema, come-morado a 25 de novembro, os alunos do curso de artes Visuais assistiram à apre-

sentação do filme de animação “o Ladrão de Brinquedos”, realizado por Nildo essa,autor e realizador moçambicano, que, no referiodo dia, esteve presente na plateia paraconversar com os nossos alunos sobre a sua obra.

a partir da exibição do filme surgiu a possibilidade do autor ministrar algumas sessõesde formação sobre o programa informático “3d Studio Max”, com o qual Nildo essaexerce a sua atividade de cinema de animação, o que veio a ocorrer durante o mês demaio, com o envolvimento dos alunos das turmas a2 do 11.º e 12.º anos, nas disciplinasde desenho a e de oficina Multimédia B, bem como de professores e técnicos ligadosao setor multimédia. Foi um trabalho muito interessante e proveitoso pois todos apren-deram a construir formas digitais, a integrá-las num espaço, a revesti-las com texturasdiversas, a introduzir-lhes movimento e a colocá-las sob iluminação, consoante a loca-lização e a hora do globo terrestre, produzindo, assim, uma pequena animação.

João esteves, realizador de filmes publicitários, de férias em Moçambique, visitou anossa escola, em maio último, e, numa aula de oficina de Multimédia B, do curso de

artes Visuais, falou com os nossos alunos do seu percurso escolar, da sua formaçãoacadémica e da sua profissão. também mostrou filmes que produziu, alguns deles jáexibidos na televisão portuguesa e noutras estrangeiras, e explicou as técnicas utiliza-das. este contacto foi muito importante e proveitoso para os nossos alunos que, destaforma, ficaram familiarizados com as diferentes opções e possíveis percursos profissio-nais que a área das artes Visuais pode proporcionar.

a ePM-CeLP mantém a aposta na dimensão da educação artística, convicta de queema resulta de uma relação triádica entre o artista, que é o criador, a obra de arte em sie o espectador/público, que é o recriador.

Filme publicitário com joão esteves

a educação artística faz parte da formação integral do indivíduo pelo que, além deintegrar o currículo escolar formal, ela consta habitualmente dos mapas de atividades da

epm-celp, justificando diversas iniciativas tomadas neste domínio. a nossa escola teminteragido com diversos artistas do meio envolvente, mais ou menos imediato, para recolher

sensibilidades artísticas que promovem nos nossos alunos novas visões da realidade.

Múltiplos olhares sobre a artesuscitam novas realidades

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especial

afetos para além do improvável

oauditório Carlos Paredes recebeu, nofinal do ano lectivo, ao longo da se-

gunda quinzena de maio e inícios dejunho, o espectáculo “Wanga e o espan-talho” que marcou para sempre os cora-ções de todos os que assistiram à suaapresentação. a peça teatral contou comum elenco muito especial, os alunos daSala de ensino estruturado, os técnicos eauxiliares, que demostraram o carinho quetodos os dias depositam no trabalho comas crianças, e, como não podia deixar deser, os docentes do ensino especial quefizeram brilhar as suas “estrelinhas”.

o espectáculo contou uma históriasimples de amor e amizade, encenada erealizada pela professora de música Lean-dra reis que, ao longo da apresentação,foi narrando os vários episódios, de formaexpressiva e melodiosa. “Wanga e o es-pantalho” foi, também, marcado pela par-ticipação memorável do professor JorgeGonçalves que, com as suas canções iné-ditas, construídas para o espetáculo, foienvolvendo harmoniosamente a plateia.

a professora Gabriela Canastra, res-ponsável pelo ensino especial na ePM-CeLP, conduziu, enérgica ebrilhantemente, todo o espectáculo, inter-pelando e interagindo, sistematicamente,

com a assistência, colocando no primeiroplano os “seus meninos”.

a crença indestrutível de que tudo épossível, levou os alunos do ensino espe-cial a representar genuinamente os diver-sos papéis, dos quais sobressaía a forçados olhares e dos sorrisos, enchendo de

afetos os corações de todos os que tive-ram o privilégio de assistir ao espetáculo.

Se viver em sociedade implica desper-tar o amor, fomentar a tolerância e cultivaro respeito pela diferença, a harmonia so-cial surgirá naturalmente, mercê de apren-dizagens oferecidas pelo “espantalho”.

os alunos do ensino estruturado da epm-celp exibiram uma peça teatral que testemumhou o poder dos afetosna educação inclusiva, tratando a diferença como oportunidade para derrubar limites e fomentar a tolerância.

Eu sei que estão aí a ver, mas queremos que

possam sentir

O corpo da arte a nascer, a emoção a progredir

Escalada livre e sem final, um hino ao que é

especial

A tudo o que emana amor, cantem connosco por

favor.

O espantalho era diferente

Mas nenhum dos dois desistiu

Lutaram de uma forma crente

E a vida por fim lhes sorriu.

E assim podes perceber

Que não há diferença em nós

Se amarmos e respeitarmos

Nunca mais ficaremos sós…

jorge gonçalves

Professor do 1.º Ciclo

Canção

Wanga era uma leoa, linda e brilhante,mas nada lhe interessava, por isso es-

tava sempre sozinha e em silêncio. Até queum dia tudo mudou na sua vida ao repararnum espantalho que vivia no outro lado domato. Um espantalho solitário, uma pessoaespecial que, afinal, como qualquer outra,só queria ser feliz.

A amizade foi crescendo entre eles e de-pressa deu lugar ao amor, que foi carinho-samente manifestado pela Wanga compresentinhos que ia oferecendo ao seuamigo namorado, que passou a ser umapessoa imprescindível na sua vida. Partilha-vam tudo o que sabiam e o mundo deambos foi-se progressivamente enrique-cendo, de tal forma que já não conseguiamviver um sem o outro.

O tempo foi passando e o casamento foimarcado. Mas antes era preciso pedir umdesejo às estrelinhas. Que desejo? O espan-talho, que só tinha uma perna, desejavapoder andar e até calçar os dois chinelinhosque Wanga lhe tinha oferecido. Então, pediua outra perna, pediu com a ajuda e a forçado público, e o desejo foi concedido.

Com muita alegria e animação, realizou-se a festa do casamento, reunindo todos osanimais da floresta, elegantemente vesti-dos, mas também convidados muito espe-ciais que se encontravam na assistência, emespecial professores de outras áreas curri-culares. Todos bailaram em conjunto, em ce-lebração à amizade, ao amor e ao respeito,mostrando que, afinal, somos todos diferen-tes e todos especiais, tal como foi entoado...

Era uma vez... a Wanga e o Espantalho

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ciência

ePM-ceLP estimula investigaçãocientífica nos hábitos de estudo

Já chegou à ePM-CeLP todo o arsenalda exposição científica “Física no dia-a-

dia”, atribuída pelo Ministério da educaçãoe Ciência de Portugal no âmbito do projeto“o mundo na escola”, o qual, generica-mente, visa potenciar a pesquisa e o co-nhecimento científicos no meio escolar.

a exposição ficará permanentementedisponível na ePM-CeLP, possibilitando autilização de objetos do quotidiano paraexplicar princípios básicos da física. a con-ceção da exposição “Física dia-a-dia” , ba-seia-se na obra de rómulo de Carvalho,professor de Física que escreveu vários li-vros, e potencia o ensino das ciências e acriação de hábitos de experimentação nosalunos, com especial focalização nos se-tores do pré-escolar e do 1.º ciclo.

depois de díli (timor-Leste) e deCabo-Verde, a ePM-CeLP é o terceiro eúltimo beneficiário do programa governa-mental, cujo aproveitamento prevê a orga-nização de grupos de alunos paraexploração de todas as oportunidades de

oátrio principal da ePM-CeLP acolheu,entre 8 e 15 de junho, uma exposição

de brinquedos científicos construídos poralunos do terceiro ciclo, no âmbito da dis-ciplina de Físico-Química.

a actividade, inserida nas comemora-ções do ano internacional da Luz, temadefinido pela UNeSCo para 2015, explo-rou a criatividade e estimulou a curiosi-dade científica dos alunos, que serevelaram verdadeiros “cientistas”, dispos-tos a dar contributos para o desenvolvi-mento do conhecimento científico.

os aprendizes de ciência apresenta-ram, posteriormente, no auditório CarlosParedes, as suas criações mostrando quequalquer invento exige uma explicaçãoquanto à sua funcionalidade, justificadorada sua genialidade inovadora.

a assistência contou as presenças dosencarregados de educação que tambémparticiparam nas construções científicasdos seus educandos, o que evidencia umacúmplice interajuda entre pais e filhos.

os prémios dos melhores brinquedoscientíficos foram atribuídos aos alunosJoão teixeira (7.º e), Maria Canastro (8.ºe), Catarina Bragança e Hélder Lourenço,ambos do 8.º C.

exposição “Física dia-a-dia” ficarápermanentemente na ePM-ceLP

Brinquedos científicosapresentadoscom luz e arte

a atribuição à nossa escola de uma exposição permanente de ciência, aprodução e exibição de brinquedos científicos e a realização de palestras

regulares marcam, por ora, o programa de educação para a ciência.

experiências que a exposição oferece, es-tendendo-se a iniciativa também aos alu-nos do sistema de ensino moçambicano.É. aliás, na vertente da cooperação comos agentes educativos do país de acolhi-mento que o projeto se pretende afirmarcom particular acuidade. Neste sentido, aexposição estará aberta não só às escolasmoçambicanas, no âmbito dos processosde ensino e de aprendizagem, como aopúblico em geral na vertente da formaçãocultural do cidadão.

a instalação e permanência da exposi-ção no nosso estabelecimento de ensino,tendo em vista o seu máximo aproveita-mento, prevê uma ação de formação des-tinada aos professores da área dasciências e do primeiro ciclo, os quais,como tarefa de aprendizagem, serão en-carregues da montagem da própria expo-sição. esta ação será igualmente aberta aprofessores do sistema de ensino moçam-bicano, refletindo, uma vez mais, o carátercooperador desta iniciativa.

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leitura

Um concurso de soletração, destinadoaos alunos dos quinto e sexto anos de

escolaridade da ePM-CeLP, teve lugar a 1de junho no auditório Carlos Paredes. am-pliar o vocabulário dos alunos, valorizar osestudos de ortografia, ortoépia e prosódianas línguas portuguesa e inglesa foram osmotivos que justificaram a realização doevento, incluindo a aplicação do novoacordo ortográfico, transversal a todas asdisciplinas.

de um total de 39 alunos, dos quais 18do quinto ano e 21 do sexto, foram apura-dos, pelo menos, três alunos por turma. Noque diz respeito ao quinto ano, os alunosLuna Cabrita (5.º F), Joana Salgado (5.º d)e Kethile Fondo (5.º d) classificaram-senos primeiro, segundo e terceiro lugares,respetivamente. No sexto ano, os alunosFélix Júnior (6.º C), Pablo Libombo (6.º F)e Gonçalo Franco (6.º d) ocuparam as pri-meira, segunda e terceira posições, respe-tivamente.

aprender línguas com ortografia, ortoépias e prosódias

concurso

otítulo “Nyeleti - a filha das estrelas” éo mais recente livro da ePM-CeLP

lançado na manha de 3 de junho, no audi-torio Carlos Paredes, integrado nas come-morações do dia internacional da Criança.a cerimónia de lançamento contou com apresença do autor e ilustrador da obra,rafo diaz, que preencheu a sessão comuma intensa interação direta com os alu-nos do primeiro ano de escolaridade donosso estabelecimento de ensino.

Contemplando duas histórias, o escri-tor inspirou-se em factos reais que, em-bora positivos, retratam o drama diário dealgumas comunidades e aldeias fronteiri-cas da região norte de Mocambique, juntoà tanzânia, onde o dramatismo do relato émais acentuado.

as crenças na magia africana e as su-perstições, entre outras formas de inter-pretação e discernimento da vida,compõem a sociologia do livro e são fontede reflexão em torno das dinâmicas sociaisem África, onde as conceções sobre oalém ocupam lugar importante no quoti-diano das pessoas.

antes, noutro ponto do país, dois livrosjá anteriormente editados e publicadospela ePM-CeLP foram apresentados noCentro Cultural Português, polo da Beira,a 20 de maio último. trata-se das obras"Kanova e o Segredo da Caveira", escrito

“nyeleti” brilhou entre os petizes

por Pedro Pereira Lopes e ilustrado porWalter Zand, e "o Casamento Misteriosode Mwidja", de alexandre dunduro e or-lando Mondlane.

as duas obras integram a coleção"Contos e Histórias de Moçambique", quejá totaliza 10 títulos baseados na recolhade contos pertencentes à tradição oral mo-çambicana, posteriormente recriados porescritores e ilustrados por artistas plásticose artesãos de Moçambique.

entretanto, a fechar o mês de abril, oCentro de Formação e difusão da LínguaPortuguesa da ePM-CeLP procedeu aolançamento e apresentação em Moçambi-que do livro “Fragmentos de alma”, da au-toria do docente de educação Físicaantero ribeiro do nosso estabelecimentode ensino. o livro de poesia inscreve-se naColeção Prazeres Poéticos, da Chiadoeditora, tendo sido publicado em Portugalem março de 2015.

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texto psicologando

Na ponta da língua

Tumores da europa

Espaço literário preenchido com textos livre e espontaneamenteescritos por alunos da EPM-CELP

Como psicóloga do pré-escolar e doprimeiro ciclo do ensino básico tenho

observado, ao longo dos anos de trabalhona EPM-CELP, a dificuldade com que amaioria das crianças com cinco anos in-gressa no primeiro ano de escolaridade,especialmente as que fazem anos depoisde outubro.

Apesar de possuirem um desenvolvi-mento cognitivo acima da média, aquelascrianças têm dificuldades em manter aatenção por períodos prolongados, reve-lando problemas de aprendizagem e debaixa auto-estima. Só conseguem “apa-nhar o comboio” já no final do segundoou terceiro período do primeiro ano, járotuladas com “mau” comportamento,imaturidade e incapacidade.

Ao entrarem mais cedo, no primeiroano, as crianças veem-se obrigadas acrescerem mais rápido, estudando maishoras e com explicações para além da es-cola. O pré-escolar é fundamental paratrabalhar a nível corporal muito do que,depois, a criança precisa para aprender aler e a escrever, designadamente a orien-tação espacial, a posição no espaço e aatenção auditiva, entre outros aspetos. Éno brincar que a criança integra as regras,treina a capacidade de planificar, aprendea respeitar o outro e a si própria. É nobrincar que, ao arrumar os brinquedos,aprende mais tarde a alinhar as letras queprecisa para escrever uma palavra.

Países como a Finlândia e a Suéciatêm a entrada no primeiro ciclo do ensinobásico apenas aos sete anos, atendendoa que a atenção e a concentração dascrianças, por períodos longos, só ocorreentre os seis e os sete anos. Sempre queaceleramos este processo, estamos a exi-gir da criança algo que ela ainda não ad-quiriu.

A sociedade tem pressa em ver os fi-lhos a ler e a escrever. Valoriza, cada vezmais, o desenvolvimento cognitivo e os tí-tulos. Está na hora de dar valor a outrasáreas, como a auto-estima, a felicidade, aidentidade, a criatividade...

Quero acreditar que, no futuro, se va-lorizará também qualidades humanas.

janaína tomás

Psícologa Escolar

edição ALEXANDRA MELO

Inteligência nãoé caminho únicopara o sucesso

recostada à anatóliaPrincesa de instintos fataistombada de costas na escóriade intenções tão pouco cabais

Não te deites, ó marquesaQue não sabes dos finaisdesta história ninguém rezaVide e pensai, animais

Nem condessa, nem duquesaJá nem por elas esperaisQue se a vós a dívida pesao que dizer dos demais?

o que dizer dos honradosQue cumprem o prometidodos lutadores e esforçadosdo honesto e comedido?

Como podes, falsa princesaConcordar com tal discórdiae afogar em tristezatu' herança de glória?

Como podem tais mentirase Falsidades bacocasLevar inocentes às pirastentar as almas mais poucas?

recostada ao já poentePassado e, contemplativaespera pobre a indolentePor arrancar a sativa

Semente que já não podePersistir sim em mentiraJá toda a peça implodeSem que a princesa se fira

Ficará só a gentilLadeada de seus ursosFechada no seu covilSeu pavilhão multi-usos

Primeiro uso a ganânciaSecundada pl' intençãodos calotes, ignorânciade não pagar a tençãotenção já paga p'l' europa

Com juros de devoçãoo que querem mais, ó gregos?tempo, dinheiro, perdão?

Não vos basta, questionotudo o que vos já demos?exigem agora, qual monoSyriza, Cinco estrelas, Podemos

Não pagam, sabemosdizem e alegres balemLevadas ovelhas, clamemosQue falham e tombam e falem

Mas o que me pesa, condoídoNão é o balido dos mudosÉ sim dos fortes o ruídoQue se cala, taciturno

e enquanto tudo isto correarrasta-se da europa a vidaSua vida e, triste, morreMorta e maçada, morrida

Que lhes recordem os deusesQue os inspirem as musasQue, mesmo não sendo só delestalvez lhes toldem as obtusasVisões de vã inconsciênciainconsistência por demaisdeixai isso, amados gregosretornai sim dos infernosaceitai os "capitais"Percebei que os mercadosNão são sobrenaturaisNem tão pouco animadosde interesses animais

São vocês os vossos mercadosCredores da vossa palavraCumpram-na que, acabadosrecompensa magna se vos abra

miguel padrao

(12.º A1)

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internet

No âmbito da Semana da Leitura, pro-movida pela Biblioteca escolar José

Craveirinha, e do programa de educaçãopara a Cidadania da ePM-CeLP, foi-meendereçado um desafio para abordar a te-mática “o mundo da internet”, através doqual circula a maioria da informação es-crita que os alunos leem, sendo, aomesmo tempo, o ponto fulcral dos movi-mentos culturais dos adolescentes.

ao preparar-me para a singela pales-tra, que, posteriormente, assumiu formatode tertúlia com um grupo de jovens ávidosde trocar ideias com alguém que com-preendesse as dicotomias da sua culturaatual, dei por mim a considerar até queponto as redes sociais e a internet eram fa-tores positivos de promoção da língua por-tuguesa, ou de qualquer outra, e como aforma de comunicar entre nós mudou radi-calmente, para o bem e para o mal. Foineste último ponto, predominante nas di-versas gerações de jovens, passando pelaminha até chegar à atual, que encontrei oponto de partida para as conversas com aturma C do nono ano, que me provou aexistência de uma geração recheada de“gente pensante”, disposta a mudar o que,aparentemente, está errado e a apresentarpropostas válidas para a solução dos seuspróprios problemas.

a geração atual, que apelidei de “nati-vos digitais”, é aquela que, aparentemente,tem maior facilidade de acesso à informa-ção e à sua troca. É a geração dos smart-

phones e dos jovens que estão sempre emconstante comunicação. Porém, até queponto podemos considerar a troca de men-sagens, vídeos e feeds em redes sociaiscomo formas reais de comunicação? osjovens passam cada vez menos tempo unscom os outros, trocando muitas vezes asvaliosas experiências de contato humanopelos seus telemóveis e computadores. asgerações anteriores consideravam diver-tido ir ao cinema em grupo. a atual, apesarde não ter esquecido totalmente esse “ri-tual de adolescência”, prefere ver os seusfilmes em stream. as gerações anterioressentavam-se no pátio da escola, emamena cavaqueira, discutindo tudo e maisalguma coisa. os “nativos digitais” trocamentre si, via messenger, impressões sobreposts que viram numa qualquer rede so-cial.

a organização e a hierarquia sociaisdos adolescentes mudaram e, com isso,

também a orgânica dos pátios e recreiosescolares. os jovens passaram a or-ganizar-se de acordo com osseus likes nas redes sociais,ao invés do seu status quo

ou capacidade econó-mica, o que permitiu,de certa maneira, a ul-trapassagem das di-ferenciações sociaisque se encontravamvincadas nas gera-ções anteriores. a in-formação circulalivremente e emtempo real, promo-vendo a troca de ideias,de culturas e de experiên-cias a uma velocidade verti-ginosa, mas nem sempre é esteo uso dado a estas ferramentas.Claro que nem todos os adolescentes dasociedade atual são assim e é obvio quenem todos os hábitos e rituais de passa-gem foram alterados, mas seguramenteeste pequeno paralelismo estabelecidoentre várias gerações corresponde a expe-riências passadas por um número conside-rável de pessoas.

ao estabelecer este paralelismo multi-geracional, encontrei, nas mesmas redessociais utilizadas pelos alunos para osquais iria discursar, dois vídeos que ilus-tram, claramente, um dos aspetos maisnefastos das novas tecnologias – a promo-ção do bullying e a sua versão digital cy-

berbullying. Num dos vídeos assiste-se a13 minutos de agressões de um grupo deadolescentes a um colega, numa rua deuma cidade no norte de Portugal. os diver-sos atos de violência física e de insultos eintimidações foram, sobretudo, protagoni-zados por duas raparigas, tendo sido re-gistados em vídeo por um dos membros deum grupo que, entretanto, foi assistindo atudo. este vídeo tornou-se viral e foi umdos posts mais comentados do ano nasredes sociais. No segundo vídeo - um, pe-queno clip de um programa de televisão -um jovem é ridicularizado pelo tamanhodas suas orelhas e pelos seus fracos dotesvocais. também este vídeo se tornou viral,cativando as atenções da maioria dos ado-lescentes da sua faixa etária, uns tecendocomentários de apoio e outros jocosos.

Com base nos dois vídeos exploreicom a turma C do nono ano a problemática

do cy-

berbullying e datroca de informações na geração dos “na-tivos digitais”, não com o intuito de demo-nizar a utilização da internet e das suasredes sociais, mas com o objetivo de pro-curar, através do diálogo e da reflexãoconstantes, soluções para esta problemá-tica que os afeta ou afetou a todos a deter-minada altura. Considero que esta reflexãocoletiva foi profícua, tendo cada um dosalunos produzido um pequeno documentoonde enunciavam formas de combate aestas situações, que vão desde a criaçãode grupos de debate à formação do pes-soal docente e não docente, passando pormedidas de integração dos novos alunosbem como medidas disciplinares duraspara os agressores.

a reflexão não deve ser apenas feita noespaço escolar. os adolescentes têm paise, por mais que alguns se coloquem numaposição de “olha para o que eu digo, nãoolhes para o que eu faço”, não podem ig-norar o processo de formação dos seuseducandos, porque, da mesma maneiraque pagam pelo material que os filhos pos-sam destruir em contexto escolar, devemser responsabilizados por atos graves deagressão física e psicológica que os mes-mos possam perpetrar contra outros cole-gas. Há que haver diálogo eresponsabilização.

jorge pinto

Professor

literacia e cidadania foram temas inspiradores para uma tertúlia onde alunos do nono ano do ensino básicorefletiram sobre formas de comunicação, interação moderna e fatores de agressividade no mundo da internet

comunicação entre nativos digitais

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“nem me falta na vida honesto estudo/com longa experiência misturado” - Luís de Camões