o pão de cada dia_dissertação_actualizada e corrigida

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  • 7/25/2019 O Po de Cada Dia_Dissertao_Actualizada e Corrigida

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    UNIVERSIDADE CATLICA PORTUGUESAFACULDADE DE TEOLOGIA

    Instituto Universitrio de Cincias ReligiosasMESTRADO EM CINCIAS RELIGIOSASEspecializao: Educao Moral e Religiosa Catlica

    FILIPE JOS BENTO BAIO

    O Po de Cada Dia

    Anlise filosfica, teolgica, pedaggica e didctica Unidade Lectiva Quatro do Sexto Ano do Ensino Bsicodo Programa de EMRC

    Relatrio Final da Prtica de Ensino Supervisionadasob orientao de:

    Doutor Bernardino Costa

    Porto2015

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    Jo 6, 9:

    H aqui um rapazito que tem cinco pes de cevada e dois peixes. Mas que isso

    para tanta gente?

    Maria Teresa Gerhardinger

    (Fundadora da Congregao das Irms Escolares de Nossa Senhora):

    Quando o Senhor abenoa, pouco po suficiente para muitos!

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    ndice

    ndice ..................................................................................................................................... 3

    Siglrio ................................................................................................................................... 5

    Introduo .............................................................................................................................. 7

    IAnlise filosfica e teolgica ......................................................................................... 10

    1.1 Anlise filosfica ....................................................................................................... 10

    1.2. Anlise teolgica ....................................................................................................... 14

    1.2.1 Apresentao, aprofundamento e reflexo da percope Jo 6, 1-15 ..................... 14

    1.2.1.1 Apresentao............................................................................................... 14

    1.2.1.2 Aprofundamento ........................................................................................... 15

    1.2.1.3 Reflexo ....................................................................................................... 21

    IIAnlise pedaggica e didctica ..................................................................................... 23

    1. Apresentao da Unidade Lectiva ............................................................................... 23

    2. Anlise, reflexo e sugesto UL ............................................................................... 25

    III. Experincia pessoal lectiva ............................................................................................ 38

    1. Caracterizao da Turma (dados, sua leitura crtica e ilaes pedaggico-didcticas

    para a disciplina de EMRC) ............................................................................................. 38

    2. A experincia e as aprendizagens na Escola EB 2/3 Sophia de Mello Breyner .......... 39

    2.1 A experincia ......................................................................................................... 39

    2.2 As aprendizagens ................................................................................................... 54

    3. Ser professor de EMRC, hoje ...................................................................................... 56

    Anexos ................................................................................................................................. 61Materiais de apoio Unidade Lectiva ............................................................................. 61

    Aula 1 ........................................................................................................................... 61

    Aula 2 ........................................................................................................................... 62

    Aula 3 ........................................................................................................................... 63

    Aula 4 ........................................................................................................................... 66

    Aula 5 ........................................................................................................................... 69

    Aula 6 ........................................................................................................................... 83

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    Concluso ............................................................................................................................. 85

    Bibliografia .......................................................................................................................... 89

    Internet ................................................................................................................................. 92

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    Siglrio

    1 Tm - Primeira Epstola a Timteo

    2 Rs - segundo Livro dos Reis

    a. C. - antes de Cristo

    AA.VV.

    - Autores Vrios

    Act - Livro dos Actos dos Apstolos

    AT - Antigo Testamento

    CA - Caderno do AlunoCap. - Captulo

    Cf. - Confrontar

    CIC - Catecismo da Igreja Catlica

    CN - Cincias da Natureza

    Comp. - Competncias

    EB - Escola Bsica

    EMRC - Educao Moral e Religiosa Catlica

    ERE - Ensino Religioso Escolar

    EVT - Educao Visual e Tecnolgica

    Ex - Livro do xodo

    Gn - Livro do Gnesis

    HGP - Histria e Geografia de Portugal

    Introd. - Introduo

    Jb - Job

    Jo - Evangelho de JooLc - Evangelho de Lucas

    LG - Lumen Gentium

    LP - Lngua Portuguesa

    MA - Manual do Aluno

    Mc - Evangelho de Marcos

    Mt - Evangelho de Mateus

    N. - Nmero

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    NT - Novo Testamento

    Pg. - PginaPe. - Padre

    PP - Encclica Populorum Progressio

    PPS - Prtica Pedaggica Supervisionada

    S. - So

    Sab - Livro da Sabedoria

    Sir - Livro do Eclesistes

    Sl - Livro dos Salmos

    SNEC - Secretariado Nacional da Educao Crist

    ss - Seguintes

    Tg - Epstola de Tiago

    Trad. - Traduo

    UL - Unidade Lectiva

    v. - Versculo

    vv. - Versculos

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    Introduo

    O objectivo da elaborao desta Dissertao dar a conhecer o meu trabalho

    desenvolvido no ano de Prtica Pedaggica Supervisionada na Escola EB 2/3 Sophia de

    Mello Breyner, em Arcozelo, Vila Nova de Gaia, sob orientao do Mestre Carlos Manuel

    Meneses Moreira, docente de Educao Moral e Religiosa Catlica dessa mesma Escola, e

    fazer uma reflexo teolgico-filosfico sobre a Unidade Letiva 4 do sexto ano do Ensino

    BsicoO Po de Cada Dia a partir da percope Jo 6, 1-15para a concluso do Mestrado

    em Cincias Religiosas, com especializao em ensino de Educao Moral e Religiosa

    Catlica no Ensino Bsico e Secundrio.

    Nem tudo pode ser ilustrado numa Dissertao desta natureza. Contudo, espero

    conseguir demonstrar o meu esforo na procura do progresso na minha qualificao para a

    excelncia e no desenvolvimento de competncias para o aperfeioamento do ensino de

    EMRC.

    Estou ciente que este um trabalho que no acaba e que no foi fcil delinear um

    caminho, pois medida que a avanando, outros se apresentavam. Assim, tenho a

    conscincia da complexidade deste trabalho e que o resultado apresentado apenas uma

    interpretao, um caminho realizvel e com vrias possibilidades de explorao que

    tendem disperso. Com efeito, tive a tendncia de me distender para outras opes e o

    delinear um caminho, dispendiou-me energias e obrigou-me a escolhas.

    Aps a fase de estabilizao do tema e do objectivo, parti para a realizao desta

    Dissertao, dividindo-a em trs captulos, que, em seguida, apresentarei.

    No primeiro captulo farei uma anlise filosfico-teolgica. No estudo filosficoapresentarei uma abordagem histrica e cultural do termo poem culturas e civilizaes

    mediterrnicas como o Egipto, Grcia, Roma e a judaico-crist e mencionando que o po

    ocupa um lugar de excelncia na alimentao humana, pois foi descoberta a presena de

    cereais na localizao da gnese do ser humano, e , simultaneamente, uma referncia

    espiritual em muitas religies, assumindo carcter religioso, tornando-se, assim, no

    alimento com maior simbolismo.

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    Assim, po no somente alimento bsico, vital e dirio, mas foi apropriado,

    transformando-se em alimento espiritual, do qual a humanidade subsiste e que deve ser

    repartido.

    Na abordagem teolgica analisarei a percope Jo 6, 1-15. Farei uso da anlise scio-

    histrico-cultural para a interpretao bblica, por me parecer ser um mtodo que ajuda a

    contextualizar o texto para melhor interpret-lo hoje e analisarei os gestos de Jesus, j que

    eles so o el de toda esta percope, pois Jesus apercebe-se da multido, acolhe-a e manda-

    a sentar-se; toma o alimento, bendi-lo, distribui-o e manda recolher as sobras; a multido

    ao ver tal sinal, quer entroniza-lO, mas Ele vai para a montanha, sozinho.

    Procurarei encerrar este primeiro captulo, questionando sobre a possibilidade da

    multiplicao dos pes e dos peixes, actualmente, atendendo ao significado real e

    simblico do po e tendo em conta os gestos de Jesus.

    Para a abordagem deste captulo, recorrerei a vrios biblistas, devidamente

    identificados.

    No segundo captulo analisarei pedaggica e didacticamente a Unidade Lectiva 4

    O Po de Cada Diadireccionada ao Sexto Ano do Ensino Bsico. Farei a apresentao

    da mesma, a sua anlise, reflexo e a respectiva sugesto ou reconstruo didctica.

    No captulo terceiro farei uma caracterizao da Turma: dados, sua leitura crtica e

    ilaes pedaggico-didcticas para a disciplina de EMRC. Abordarei a experincia e as

    aprendizagens na Escola EB 2/3 Sophia de Mello Breyner e, no trmino, reflectirei sobre

    como ser professor de EMRC, nos dias de hoje.

    Para a elaborao desta dissertao, foram uma mais-valia as experincias

    conseguidas ao longo do ano lectivo nas sesses de acompanhamento prtico por parte do

    Orientador de Escola, nas aulas e sesses de Seminrio frequentadas na Faculdade,respectivos apontamentos pessoais, tal como a partilha e entre-ajuda realizada com os

    colegas de Estgio e de Curso.

    Para aprofundar e complementar melhor o estudo, requeri bibliografia Biblioteca

    da Universidade Catlica Portuguesa, Plo da Foz, Biblioteca Escolar do Agrupamento

    de Escolas de Argoncilhe, Biblioteca da Universidade de Trs-os-Montes e Alto Douro,

    Biblioteca da Universidade de Coimbra, Biblioteca da Faculdade de Letras da

    Universidade do Porto e pesquisa na Internet.

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    As tradues apresentadas so realizadas por mim, podendo, por isso, serem

    passveis de incorreces, imprecises ou outras interpretaes.

    As citaes bblicas, tal como a percope apresentada, so retiradas da Bblia de

    Jerusalm.

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    I Anlise filosfica e teolgica

    1.1 Anlise filosfica

    O po um alimento essencial que ocupa um lugar de excelncia na alimentao

    mundial e, mais ainda, uma referncia espiritual em muitas religies, tomando carcter

    religioso, tornando-se, assim, no alimento com maior simbolismo no mundo.

    O po acompanha o nosso dia-a-dia e est na base da sobrevivncia da humanidade,

    uma vez que a descoberta de vestgios da presena de cereais est na localizao da gnese

    do ser humano. Conhece-se j a sua utilizao na alimentao no Neoltico e o Livro do

    Gnesis faz referncia a ele: Com o suor do teu rosto comers teu po (Gen 3, 19).

    O Homem, com o progresso gradual de caador a agricultor, de nmada a

    sedentrio, verificou que o po, nas suas mais variadas formas e composio, se tornou o

    alimento bsico da sua subsistncia e catalisador de vrios planos: agrcola, social,

    econmico, poltico e religioso.

    Ao olharmos para a alimentao dos povos mediterrnicos verificamos isso mesmo.

    A civilizao egpcia desenvolveu-se nas margens do rio Nilo, pois este dota o Egipto dasmelhores condies para o cultivo dos cereais, mas um conhecimento profundo do Nilo

    exactido no calendrio da progresso, das inundaes e da regresso das guas, que

    deixavam uma lama, funcionando como adubo favorecia as melhores condies para a

    agricultura1e, consequentemente, para o cultivo dos cereais.

    Mas a grande inovao dos Egpcios para a histria do po est ligada utilizao

    do forno2. Enquanto que, at aqui, outros povos coziam os gros em caldos ou tostavam-

    nos no fogo ou em pedras aquecidas, o povo do Egipto descobriu que se o gro modoficasse algum tempo num espao quente formava uma espcie de levedura que aplicada

    novamente a essa farinha a fazia crescer, tornando-a fofa e bastante agradvel ao paladar.

    Esta descoberta foi por acaso: algum deixou um pedao de massa, esquecido. No dia

    seguinte, a massa tinha aumentado de volume e tinha desenvolvido um aroma e sabor

    acres mas agradveis. Misturado esse resto de massa massa nova e deixando esta

    1

    Cf. PEREIRA-MLLER, M. MargaridaPo feito em casa. Feitoria dos livros, 2011, pg. 9.2Cf. PEREIRA-MLLERPo feito em casa, pg. 10.

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    esperar um tempo antes de ser cozida, o po no s ficava mais fofo como tambm mais

    saboroso3. Por oposio a este po fermentado, havia o po zimo ou no fermentado que

    era usado nas celebraes religiosas4.

    A partir do domnio do armazenamento e das tcnicas de confeco e cozedura, o

    po no Egipto tornou-se o alimento principal da refeio e merecedor de respeito: comiam

    os legumes, o peixe ou a carne dentro do po e recusar um po a um pobre era visto como

    pecado. Chegou-se a pagar o salrio dos trabalhadores com po. Os historiadores gregos

    chegaram a chamar aos egpcios comedores de po5.

    Mas quem desdenha, quer comprar, os gregos importaram a tcnica de se fazer po

    do Egipto e melhoraram a frmula, adicionando-lhes fermento e outros ingredientes

    (leite, gordura, mel e especiarias). Estes melhoramentos deram aos gregos uma reputao

    de excelentes padeiros6. Nos sculos V-IV a. C. os gregos eram exmios na arte do po e

    tinham mais de setenta variedades. Tambm era usado como medicamento7.

    Como a Grcia no era dotada das mesmas particularidades naturais do Egipto e

    bastante longe de reunir as condies necessrias para uma agricultura satisfatria, apesar

    do clima ser ameno e favorvel agricultura, a verdade que os terrenos eram maus

    [], cobertos por umafina camada de hmus pobre em argila [] demasiado fina para

    reter a gua8, Slon, no sculo IV, adoptou vrias posturas: aos agricultores perdoou-lhes

    as dvidas; passaram a ver o indivduo que trabalhasse as terras como um sacerdote; o

    trabalho que at ento era visto como vergonhoso, por tornar o homem escravo do esforo

    e do suor, passou a enobrecer quem o praticava; e virou-se para o mar, para as transaes

    comerciais, para poder importar o cereal que fazia falta sua populao 9. Por isso, os

    gregos celebram as colheitas em nome de Demter, deusa da agricultura10.

    3PEREIRA-MLLERPo feito em casa, pg. 9-10.4Cf. BUENO SNCHES, Manuel; BUENO LOZANO, Manuel Aceite, pan y vino. La triloga de la dietamediterrnea. Madrid: Ilusbooks, 2015, pg. 87.5Cf. JACOB, H. E.6000 anos de po. Lisboa: Antgona, 2003, pg. 30-32.6PEREIRA-MLLERPo feito em casa, pg. 10.7Cf. BUENO SNCHES, Manuel; BUENO LOZANO, ManuelAceite, pan y vino, pg. 87-88.8JACOB, H. E.6000 anos de po, pg. 33.9

    Cf. JACOB, H. E.6000 anos de po, pg. 34-36.10Cf. BUENO SNCHES, Manuel; BUENO LOZANO, ManuelAceite, pan y vino, pg. 87.

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    J Roma politizou a questo do po, pois, apesar de ter desenvolvido monhos

    mecnicos (de vento e de gua) em detrimento dos habituais11, hierarquizou a necessidade

    e a importncia das conquistas de determinadas zonas geogrficas. Como o solo em Roma

    j estava demasiadamente sobrelotado, quer pela agricultura, quer pelos grandes centros

    populacionais, e no sendo capaz de produzir o suficiente para essa mesma populao, os

    romanos tiveram que partir conquista de territrios vizinhos. Prova disso so as

    conquistas, quer no Norte de frica onde construiram vastos terrenos para a agricultura e

    fundaram vrias cidades para a fixao da populao e assim satisfazer a carncia de po

    em Roma, quer para a Hispnia. Graas a esta sua poltica de conquista e de expanso, os

    cereais foram introduzidos em Portugal, tornando-nos no celeiro de Roma, quando ainda s

    existamos como Lusitnia12. Em Roma quem confeccionava o po eram homens, mas em

    Portugal eram as mulheres, sendo uma delas famosa: D. Brites, a padeira de Aljubarrota.

    O po teve uma notvel influncia na Medicina. Galeno na sua De sanitate

    tuenda escreve que tipo de po os idosos deveriam comer13.

    Como vimos atrs, os Gregos festejavam Demter, mas os romanos celebravam

    Ceres, deusa da agricultura, das colheitas e da fecundidade. O seu festival era

    aCerelia ouLudi Ceriales(jogos de Ceres). Em portugus, cereal deriva do nome

    desta deusa.

    O que produz abundncia pode produzir a ruina e foi precisamente isso que se

    passou com Roma: perto de 50 a.C. metade do solo arvel do Norte de frica estava nas

    mos de apenas seis famlias romanas e s cerca de dois mil camponeses cultivavam a seu

    prprio terreno14. A partir de dada altura os camponeses tinham passado condio de

    arrendatrios nas suas antigas terras. Os pequenos arrendatrios eram explorados pelos

    maiores e os grandes arrendatrios prestavam contas a algum senador romano, quandono ao milionrio que se encontrava cabea do Estado, o prprio Imperador.15Entre

    outras, esta situao levou ao desencanto, revolta e declnio do Imprio Romano. Em

    11Cf. PEREIRA-MLLERPo feito em casa, pg. 11.12Cf. PEREIRA-MLLERPo feito em casa, pg. 13.13Cf. BUENO SNCHES, Manuel; BUENO LOZANO, ManuelAceite, pan y vino, pg. 88.14

    Cf. JACOB, H. E.6000 anos de po, pg. 39.15JACOB, H. E.6000 anos de po, pg. 40.

    https://pt.wikipedia.org/wiki/Cere%C3%A1liahttps://pt.wikipedia.org/wiki/Cere%C3%A1liahttps://pt.wikipedia.org/wiki/Cere%C3%A1lia
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    linguagem actual, Roma no deu a devida importncia aos pequenos e mdios

    proprietrios.

    Uma cultura que viveu momentos de represso e anexao por vrios povos foi a

    judaico-crist. Convivia com as regies perifricas e, por isso, no estava intocada pela

    influncia estrangeira e a cultura greco-romana influenciava muitas esferas da sua vida.

    A regio onde se inseria a cultura judaico-crist era pobre. O comrcio interno,

    pouco conhecido, consistia nas trocas directas locais e, sobretudo, visava o abastecimento

    das grandes cidades. Quanto ao externo, importavam produtos de luxo, consumidos pelas

    elites e pelo Templo. Por outro lado, exportavam alimentosfrutas, leo, vinho, peixese

    manufacturas, como os perfumes. Como nos informa Joaquim Jeremias, a profisso de

    comerciante sempre foi muito valorizada na Palestina do tempo de Jesus. A principal

    atividade econmica da regio, contudo, era a agricultura. Plantava-se trigo, cevada,

    figo, azeitonas, uvas, tmaras, roms, mas, nozes, lentilhas, ervilhas, alface, chicria,

    agrio, etc16. As atividades de pesca, pecuria e explorao florestal tambm no podem

    ser esquecidas, devido sua grande importncia econmica.

    A sua localizao geogrfica favorecia as rotas comerciais, quer terrestres, quer

    martimas, entre o Ocidente, Mdio Oriente e Norte de frica. Era em torno de Jerusalm

    que se desenvolviam as transaces comerciais devido sua posio de capital poltica e

    religiosa, o que atraa para si a aristocracia sacerdotal e a nobreza, fontes de grandes

    recursos financeiros.

    Mas apesar de todo este comrcio e esplendor, o calor, seca e parcos recursos

    hdricos17, levavam a que as pessoas fossem pobres e o po era muitas vezes o nico

    alimento que se comia. A orao do Pai-Nosso resume bem no po nosso todos os

    alimentos necessrios para a sobrevivncia humana18e que so dom de Deus, smbolo decomunho com o divino. Tal simblica foi adoptada por Jesus para se tornar presente na

    Eucaristia. Assim, no somente do po que alimenta o corpo, mas tambm do Po que

    alimenta o esprito que a Humanidade subsiste (nem s de po vive o homem, mas de toda

    16JEREMIAS, JoaquimJerusalm no Tempo de Jesus: Pesquisas de histria econmico-social no perodoneotestamentrio. So Paulo: Paulinas, 1983.17Cf. TUYA, ManuelIntroduccin a la Biblia. Madrid: La Editorial Catlica, 1967, pg. 584-587.18

    Cf. COENEN, L., BEYREUTHER, E. e BIETENHARD, H. Diccionario Teolgico del NuevoTestamento. Vol. III. Salamanca: Ediciones Sgueme, pg. 282.

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    a palavra que vem da boca de Deus Mt 4, 4). Deste modo, o po no apenas alimento

    bsico, dirio e vital, mas sinal de comunho, fraternidade, de partilha, de vida. Por

    exemplo, se formos buscar a etimologia das palavras companhia, companheiro,

    acampamento, apercebemo-nos da sua identidade mais profunda: o com-panis, o comer o

    mesmo po19. Na linguagem bblica, o po tambm deve ser entendido dentro desta lgica,

    como alimento que se destina a ser repartido20, implicando deste modo reunio (re-unio),

    comunho (comum unio) e intimidade. Em direco contrria, a ausncia de po acaba

    por significar, exactamente, a separao e o conflito, conforme o ditado popular: Casa

    onde no h po, todos ralham sem razo.

    1.2. Anlise teolgica

    1.2.1 Apresentao, aprofundamento e reflexo da percope Jo 6, 1-15

    1.2.1.1 Apresen tao

    Multipl icao dos pes e dos peixes (M t 14,13-21;Mc 6,30-44;Lc 9,10-17)

    1Depois disto, Jesus foi para a outra margem do lago da Galileia, ou de

    Tiberades. 2Seguia-o uma grande multido, porque presenciava os sinais

    miraculosos que realizava em favor dos doentes. 3Jesus subiu ao monte e

    sentou-se ali com os seus discpulos.4Estava a aproximar-se a Pscoa, a festa dos judeus. 5Erguendo o olhar e

    reparando que uma grande multido viera ter com Ele, Jesus disse ento a

    Filipe: Onde havemos de comprar po para esta gente comer? 6Dizia isto

    para o pr prova, pois Ele bem sabia o que ia fazer. Filipe respondeu-lhe:7Duzentos denrios de po no chegam para cada um comer um

    bocadinho. 8Disse-lhe um dos seus discpulos, Andr, irmo de Simo

    19Cf. MENDONA, Jos TolentinoPai-Nosso que estais na Terra. O Pai-nosso aberto a crentes e a no-crentes. Prior Velho: Paulinas, 2011, pg. 102.20

    Cf. SESBO, Daniel Pan. In LON-DUFOUR, Xavier (dir.) Vocabulario de Teologa Bblica.Barcelona: Editorial Herder, 1965, pg. 566-567.

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    Pedro: 9H aqui um rapazito que tem cinco pes de cevada e dois peixes.

    Mas que isso para tanta gente? 10Jesus disse: Fazei sentar as pessoas.

    Ora, havia muita erva no local. Os homens sentaram-se, pois, em nmero de

    uns cinco mil. 11Ento, Jesus tomou os pes e, tendo dado graas, distribuiu-

    os pelos que estavam sentados, tal como os peixes, e eles comeram quanto

    quiseram. 12Quando se saciaram, disse aos seus discpulos: Recolhei os

    pedaos que sobraram, para que nada se perca. 13Recolheram-nos, ento, e

    encheram doze cestos de pedaos dos cinco pes de cevada que sobejaram

    aos que tinham estado a comer.14Aquela gente, ao ver o sinal milagroso que Jesus tinha feito, dizia: Este

    realmente o Profeta que devia vir ao mundo! 15Por isso, Jesus, sabendo que

    viriam arrebat-lo para o fazerem rei, retirou-se de novo, sozinho, para o

    monte.

    1.2.1.2 Ap rofun damento

    - Pretexto e lugar

    Depois do discurso que fez na Piscina de Betesda, onde curou um enfermo, Jesus

    foi para a outra margem do lago da Galileia (v.2) e subiu ao monte com os seus discpulos

    (v.3).

    A sua pregao, atitude e sinais causavam polmicas, suspeitas e divises entre os

    seus contemporneos21: uns crem e seguem-nO; outros tm dvidas em segui-lO, mas a

    grande maioria rejeita-O, excluindo a Galileia, que era como um refgio22, um lugar calmo

    e de descanso.Esta subida recorda a de Moiss no Sinai, recebendo as tbuas da Promessa da

    Aliana (Ex 19, 3), local onde se revela a presena de Deus23.

    21Cf. PINHO, ArnaldoJesus Cristo: Quem ? Lisboa: Universidade Catlica Editora, 2003, pg. 54-57.

    22Cf. ROSAS, Ricardo Lpez; RICHARD, Pablo Evangelio y Apocalipsis de san Juan. Navarra: Editorial

    Verbo Divino, 2006, pg. 137.23

    AA.VV.A Eucaristia na Bblia. 2. Edio. Lisboa: Difusora Bblia, 2000, Coleco Cadernos Bblicos,n. 19, pg. 60.

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    - tempo

    O evangelista faz referncia proximidade da Pscoa dos Judeus (v.4), sublinhada

    com a referncia muita erva (v.10). Estamos na Primavera; por isso, h erva abundante

    naquele lugar. Mas esta envolvncia pascal mais que uma indicao cronolgica: uma

    aluso Pscoa nova, em que Jesus a ser sacrificado como o novo cordeiro pascal. Deste

    modo, sua carne sacrificada ser a comida da nova Pscoa crist.24 , tambm, um

    convite do evangelista a ler a multiplicao dos pes na perspectiva da grande Pscoa

    hebraica, a festa que celebra a libertao de Israel da escravido do Egipto.25

    - acomodao

    O sentar-se (v.3), para alm de ser sinal de descanso, -o tambm de igualdade,

    onde no h pessoas privilegiadas nem pessoas menos importantes. Aqui, Jesus olha

    sempre para o outro como prximo, coloca-o sempre Sua estatura, remetendo-o no a Si

    mas ao Pai que olha para cada um pelo que e por aquilo que cada um . Desta forma, o

    prximo aproximado humanidade de si mesmo e ao transcendente26.

    - o milagre

    Seguia-O uma grande multido (v. 2), como ovelhas sem pastor, e que vai ao

    encontro de quem lhes proporcione algo mais do que um dia normal. Por isso O seguem e

    O procuram, esteja Ele onde estiver, mesmo no deserto, porque presenciavam os sinais

    miraculosos que realizava em favor dos doentes (v. 2). Seguem-nO por sentirem a solido

    da prpria vida27. Por isso, Jesus sente compaixo pela multido, pois esta sente-se como

    ovelhas sem pastor. Deste modo, coloca a questo a Filipe: Onde havemos de comprar

    po para esta gente comer? (v. 5), mas tanto este como Andr no responderam como omestre desejava. Filipe reage a partir dos factos visveis, palpveis e no consegue ir mais

    alm do que v e fica perturbado com a questo. Constata o problema e reconhece a sua

    24CABALLERO, Baslio La palabra cada da. Comentario y oracin. 3. Edicin. Madrid: San Pablo,

    1990, pg. 194.25

    ARMELLINI, FernandoO banquete da palavra: comentrio s leituras dominicais do ano B . Paulinas,1996, pg. 347.26CARVALHO, Jos Carlos Educao crist: saudosismo, utopia ou futuro? Uma nota (artigo para aSemana de Teologia de Braga).InRevista Theologica, 37 (2002), pg. 132-133.27RAHNER, KarlPregaes bblicas. So Paulo: Editora Herder, 1968, pg. 71.

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    incapacidade para resolv-lo, lana o alerta mas no apresenta respostas. J Andr mais

    de aco (vv. 8-9), talvez louco ou cheio de f, e apresenta uma criana com cinco pes e

    dois peixes.

    Este pormenor curioso: as crianas como se sabeso os primeiros a comer

    o que trazem; , pois, improvvel que, entre tanta gente, precisamente uma criana e s

    uma criana tenha poupado a merenda. Mas o valor simblico deste detalhe evidente:

    em muitas passagens do Evangelho, a criana indicada como o modelo do discpulo.

    Assim, por exemplo, a quem entrar no reino dos cus, Jesus exige que se torne uma

    criana (Mc 10, 15). claro o significado do episdio: o menino o discpulo chamado a

    pr disposio dos irmos tudo o que possui. Esta a grande proposta! Basta que os

    homens abandonem o seu egosmo e a sua ganncia de possuir e de acumular para si e

    acolham a lgica do reino, a lgica da partilha, e o milagre pode repetir-se ainda hoje:

    haver alimento em abundncia para todos28.

    Jesus no se intimida com as respostas dos seus discpulos nem com o nmero da

    multido. Ele age, pois de aco e j no a primeira vez que d ordens (por exemplo,

    Mt 8, 3; Mc 2, 11; Mc 9, 25), e ordena para que as pessoas se sentem, todos na mesma

    circunstncia, sem pressa, com todo o tempo do mundo e no na condio de escravos,

    pressa (Ex 12, 11)29e sem ordem de lugar e hoje, de modo original, na erva, em contraste

    com outrora, que foi em local deserto (Ex 16, 4-5.12-15; Sl 78, 24-30; Sab 16, 20-21)30ou

    em cima de pedras (Gn 31, 46). Sentar-se com os pecadores o modo que Jesus encontra

    para partilhar a sua convico de que as pessoas so mais importantes do que a lei31.

    participando nas refeies e adoptando nelas atitudes pouco convencionais que Ele se

    define diante de Israel e dos seus discpulos: Ele o profeta que suporta os pecadores

    Sua mesa (Lc 7, 36-50) ou que aceita seu convite (Lc 5, 29-32; 19, 1-10); Ele d emprofuso o po da Palavra quele que quer receb-lO (Mc 7, 35-44; 8, 1-10); Ele o

    servo do qual todos devem aceitar os servios, antes de O imitar (Jo 13, 2-15). [...] no

    decurso de algumas refeies que Jesus se manifesta desta maneira, Ele que anuncia

    28ARMELLINI, FernandoO banquete da palavra: comentrio s leituras dominicais do ano B . Paulinas,1996, pg. 350.29Cf. CARVALHO, Jos Carlos Fontes bblicas da eucaristia. In Revista Theologica, 2. Srie, 43, 1,2008, pg. 34.30

    Cf. CARVALHO, Jos CarlosFontes bblicas da eucaristia, pg. 18.31Cf. CARVALHO, Jos CarlosFontes bblicas da eucaristia, pg. 38.

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    finalmente a vinda dum dia em que os eleitos, instalados no Reino, exprimiro a sua

    comunho comendo o po (Lc 14, 15).32

    Depois de fazer sentar a multido, toma os pes e os peixes, d graas e distribuiu-

    os a todos, saciando-lhes a fome. Esta sua aco lembra a Ceia Pascal (Lc 9, 16; 22, 19)33

    quer tomando e abenoando o po, quer o vinho, smbolos do seu corpo e do seu sangue,

    oferecidos a toda a humanidade. Neste sinal da multiplicao dos pes quando Jesus

    disse a bno, partiu e os distribuiu pelos seus discpulos para alimentar a multido

    prefigura a superabundncia deste po nico da Sua Eucaristia34.

    Pronunciou a bno (v. 11): uniu-se a Deus de modo total, pois essa a

    conotao fortssima da bno hebraica e bblica. Tomou os pes e distribuiu-os

    (v.11). Partiu o po e deu-o. Gesto soberano e inaugural de uma forma nova de

    viver35.

    Dar graas pela refeio que se toma um rito judeu36, com origem exodal, para

    agradecer e para no deixar cair no esquecimento o que Deus fez pelo seu Povo.

    Depois da multido saciada, Jesus, que presidia mesa, mandou recolher as sobras.

    Os mestres de Israel defendiam a sobriedade, mas com Jesus comeram quanto quiseram e

    ainda sobrou, mas vai mais alm: no permite que se percam as sobras. So Paulo segue a

    mesma linha: Pois tudo o que Deus criou bom e nada deve ser rejeitado, quando

    tomado com aco de graas. Com efeito, tudo santificado pela palavra de Deus e pela

    orao (1 Tm 4, 4-5)37. Da que se recolham as sobras para que nada se perca e se possa,

    ento, partilhar com as pessoas necessitadas, luz das primeiras comunidades crists, que

    faziam a distribuio dos bens38.

    32AA.VV.A Eucaristia na Bblia, pg. 4.

    33Cf. LANGNER, CrdulaEvangelio de Lucas, Hechos de los Apostoles. Navarra: Editorial Verbo Divino,2008, pg. 142.34Cf. Catecismo da Igreja Catlica. Coimbra: Grfica de Coimbra, 1993, n. 1335.35 Cf. COUTO, Antnio Como uma Ddiva. Caminhos de Antropologia Bblica . 2. Edio. Lisboa:Universidade Catlica Editora, 2005, pg. 266.36Cf. LANGNER, CrdulaEvangelio de Lucas, Hechos de los Apostoles, pg. 401.37Didach / doctrina apostolorum / epistola del Pseudo-Bernab.Edio de AYN CALVO, Juan Jos.

    Madrid, Ciudad Nueva, 1992, pg. 42.38Cf. Act 2, 42 (ver especialmente a nota de rodap l); 4, 32-34.

    http://www.biblioteca.porto.ucp.pt/docbweb/plinkres.asp?Base=ISBD&Form=COMP&StartRec=0&RecPag=5&NewSearch=1&SearchTxt=%22TCO%20Didach%E9%20%3A%20doctrina%20apostolorum%20%3A%20epistola%20del%20Pseudo-Bernab%E9%22%20%2B%20%22TCO%20Didach%E9%20%3A%20doctrina%20apostolorum%20%3A%20epistola%20del%20Pseudo-Bernab%E9%24%22http://www.biblioteca.porto.ucp.pt/docbweb/plinkres.asp?Base=ISBD&Form=COMP&StartRec=0&RecPag=5&NewSearch=1&SearchTxt=%22TCO%20Didach%E9%20%3A%20doctrina%20apostolorum%20%3A%20epistola%20del%20Pseudo-Bernab%E9%22%20%2B%20%22TCO%20Didach%E9%20%3A%20doctrina%20apostolorum%20%3A%20epistola%20del%20Pseudo-Bernab%E9%24%22http://www.biblioteca.porto.ucp.pt/docbweb/plinkres.asp?Base=ISBD&Form=COMP&StartRec=0&RecPag=5&NewSearch=1&SearchTxt=%22TCO%20Didach%E9%20%3A%20doctrina%20apostolorum%20%3A%20epistola%20del%20Pseudo-Bernab%E9%22%20%2B%20%22TCO%20Didach%E9%20%3A%20doctrina%20apostolorum%20%3A%20epistola%20del%20Pseudo-Bernab%E9%24%22
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    Este respeito que as sobras recebem sublinha a qualidade misteriosa deste po. Os

    restos deste contrapem-se ao man de Moiss (Ex 16, 18-20)39, pois Jesus o verdadeiro

    man, superior ao primeiro.

    - Os nmeros

    Acerca dos nmeros, vejamos um quadro comparativo entre os quatro evangelhos

    e, depois, uma breve reflexo.

    Cinco mil homens Mt 14, 21 Mc 6, 44 Lc 9, 14 Jo 6, 10

    Cinco pes e dois peixes Mt 14, 18 Mc 6, 38 Lc 9, 13 Jo 6, 9

    Sobraram doze cestos de po Jo 6, 13

    Sobraram doze cestos de po e peixe Mc 6, 43

    Sobraram doze cestos cheios (semreferir se eram de po ou de peixe)

    Mt 14, 20 Lc 9, 17

    Pela anlise do quadro, verifica-se que h unanimidade em relao aos nmeros de

    homens, pes, peixes e cestos, embora neste ltimo haja uma ligeira divergncia em

    relao designao concreta das sobras, embora insignificante.

    Seriam doze cestos? O nmero doze poder ser simbolismo da reunio das doze

    tribos de Israel, ou melhor, do Israel Escatolgico40, e tambm da plenitude

    transbordante e inesgotvel41. Neste sentido, o que Jesus pretende com o seu gesto que

    chegou o momento de fazer festa porque o reino, em que haver abundncia de po paraos pobres, j comeou [...]. At os doze cestos que sobraram sublinham esta abundncia e

    so sinais dum alimento destinado a multiplicar-se, a nunca mais acabar42.

    39 ROSAS, Ricardo Lpez; RICHARD, Pablo Evangelio y Apocalipsis de san Juan. Navarra: Editorial

    Verbo Divino, 2006, pg. 139.40ROSAS, Ricardo Lpez; RICHARD, PabloEvangelio y Apocalipsis de san Juan, pg. 140.41 COUTO, Dom Antnio Quando Ele nos abre as escrituras. Domingo aps Domingo. Uma leiturabblica do Lecionrio. Ano B. Lisboa: Paulus Editora, 2014, pg. 237.42

    ARMELLINI, FernandoO banquete da palavra: comentrio s leituras dominicais do ano B . Paulinas,1996, pg. 349.

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    - Tentati va de entronizaoEste realmente o Profeta que deveria vir ao mundo (vv. 14). Porque exclamaram

    isto? Porque interpretaram o sinal como a manifestao do profeta que lhes sacia a fome.

    Por isso, queriam proclam-lo seu rei, pois nunca viram tais sinais: curar as enfermidades,

    ressuscitar os mortos e alimentar milhares de pessoas apenas com migalhas. Um obreiro

    assim, no se encontra todos os dias.

    Porque buscavam o po da eternidade, Deus d-lhes tambm o po deste mundo.

    E, porque Ele lho d, tornam a procurar o po terreno e no a Deus. Querem transformar

    o seu Deus em rei desta vida. Ao se sentirem saciados, desejam mais po material e, o que

    era visado, como suposio para a busca de Deus com calma e liberdade interior de

    esprito, transforma-se-lhes em tentao de ambicionar avidamente as alegrias terrenas,

    pervertendo at mesmo o dom de Deus43.

    - I da para outro lugar

    A nsia de o fazerem rei leva a que o encontro da multido com Jesus seja um

    fracasso. Encontram-no fisicamente, mas perdem-no espiritualmente. Ele quer que o

    reconheam como o po vivo descido do cu (Jo 6, 51), mas apenas O vem como

    resposta s suas necessidades, como rei, segundo a ideia messinica tradicional de chefe do

    povo. Por isso, Jesus se retirou sozinho para um monte.O Deus que lhes oferecera

    tambm o po material desaparece, afasta-se deles, por serem eles assim, por terem

    pervertido a ddiva divina, porque a fome saciada lhes aguou ainda o apetite pelas

    coisas desta terra44.

    Se ficasse ali com a multido, ficava apenas algum tempo. No ficava,

    portanto. O modo divino, excessivo, de ficar dar-Se. Mas dar-se no ficar retido.

    Para ficar connosco, Jesus deu-se a ns. E dando-se a ns, derramando-se em ddiva

    pessoal, dando por ns a vida toda, no pode estar mais ali. Desaparece naturalmente

    mas fica mais presente do que nunca na nossa vida, pois se dar reclama a realidade do

    43

    RAHNER, KarlPregaes bblicas, pg. 72.44RAHNER, KarlPregaes bblicas, pg. 72.

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    - 21 -

    dom, dar-se reclama a presena do doador, presena no apenas real, mas ntima e de

    amor45.

    1.2.1.3 Ref lexo

    Ser possvel, hoje, a multiplicao dopo?

    Atendendo ao significado real e simblico do po e se tivermos em conta as

    atitudes de Jesus na percope atrs apresentada, acredito na multiplicao do po

    actualmente.

    Para isso, ter-se- que se realizar o milagre do amor, ou seja, a f e o amor cristo

    tero que passar da eucaristiaonde Jesus se apropria dopocomo alimento espiritual (Jo

    6, 35) e que se multiplica em cada celebrao da fraco do po(Lc 22, 19) para saciar a

    fome da comunidade eclesial e de todo o Homem , para a vivncia do dia-a-dia: no

    trabalho, na famlia, no crculo de amigos, na comunidade... para ser, de verdade, f e amor

    em aco, ou seja, perante a falta depo, sairmos do nosso conforto e tomarmos as atitudes

    de Jesus: aperceber, ver, ter compaixo, procurar solues, dar-se, servir e servir-se a quemest faminto. Apropriando-me das palavras de Bento XVI, Jesus no nos pede aquilo de

    que no dispomos, mas faz-nos ver que se cada um oferecer o pouco que tiver, pode

    realizar-se sempre de novo o milagre: Deus capaz de multiplicar o nosso pequeno gesto

    de amor e tornar-nos partcipes do seu dom46.

    A exemplo de Jesus, devemos estar atentos s necessidades das pessoas que nos

    rodeiam (o nosso prximo, imagem da parbola do bom samaritano Lc 10, 29-37)

    partilhar o que se tem, mesmo que seja pouco, pois poder ser muito para quem nada tem.A partilha implica sair do conforto da casa, do dar, para o ir e dar-se. A isto chama-

    se ddiva total, pois j no s partilhar o que se tem, o que sobra ou at o que se

    compra para dar, mas j uma ddiva de si mesmo, um dar tudo, dar-se todo, dar-

    se sem nenhuma reserva, sem nada a que recorrer amanh. Por outras palavras, no

    45 Cf. COUTO, Antnio - Como uma Ddiva. Caminhos de Antropologia Bblica. 2. Edio. Lisboa:Universidade Catlica Editora, 2005, pg. 267.46

    Bento XVI, Orao do Angelus de 29 de Julho de 2012. In http://w2.vatican.va/content/benedict-xvi/pt/angelus/2012/documents/hf_ben-xvi_ang_20120729.html (acedido a 2015.07.24).

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    - 22 -

    retendo, amealhando, segurando a vida, que se fica; dando a vida, que se fica,

    segundo o critrio paradoxal de Jesus e do Evangelho: Aquele que procurar ganhar a

    sua vida, perd-la-;e aquele que a perder conserv-la- (Lc 17,33)47. Assim, ans

    compete-nos comungar, isto , implicarmo-nos nessa maneira nova e bela de viver48.

    47

    Cf. COUTO, Antnio - Como uma Ddiva, pg. 266.48Cf. COUTO, Antnio - Como uma Ddiva, pg. 267.

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    II Anlise pedaggica e didctica

    1. Apresentao da Unidade Lectiva

    O po de cada dia49

    6. ano Unidade Lectiva 4

    Competncias Especficas:

    1. Reconhecer, luz da mensagem crist, a dignidade da pessoa humana.5. Interpretar produes culturais (literrias, pictricas, musicais ou outras) que utilizam

    ou aludem a perspectivas religiosas ou a valores ticos.6. Interpretar criticamente episdios histricos e factos sociais, a partir de uma leitura da

    vida fundada em valores humanistas e cristos.8. Relacionar o fundamento religioso da moral crist com os princpios, valores e

    orientaes para o agir humano, propostos pela Igreja.9. Organizar um universo coerente de valores, a partir de um quadro de interpretao tica

    humanista e crist.10. Mobilizar princpios e valores ticos para a orientao do comportamento em situaesvitais do quotidiano.

    12. Relacionar-se com os outros com base nos princpios de cooperao e solidariedade,assumindo a alteridade e diversidade como factor de enriquecimento mtuo.

    14. Identificar o ncleo central constitutivo da identidade do Cristianismo, particularmentedo Catolicismo.

    22. Usar a Bblia a partir do conhecimento da sua estrutura.23. Interpretar textos fundamentais da Bblia, extraindo significados adequados e

    relevantes.24. Reconhecer as implicaes da mensagem bblica nas prticas de vida quotidiana.

    25. Interpretar produes estticas de temtica crist, de mbito universal e local.26. Apreciar produes estticas de temtica crist, de mbito universal e local.

    Operacionalizao das Competncias Contedos

    49

    SECRETARIADO NACIONAL DA EDUCAO CRIST Programa de Educao Moral e ReligiosaCatlica. Ensino Bsico e Secundrio. Lisboa: SNEC, 2007, pg. 88-89.

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    - 24 -

    1. Interpretar produes culturais que

    reflictam sobre a justia vs injustia nadistribuio dos bens. (Comp. 5)

    2. Interpretar criticamente factos sociais, luz do reconhecimento da dignidade detodos os seres humanos, nos quais esteja

    patente a injusta distribuio dos bens deprimeira necessidade. (Comp. 1 e 6)

    A alimentao, a fome, a subnutrio, a

    pobreza, a distribuio injusta dos bensde primeira necessidade

    3. Organizar um universo de valoresfundado no respeito pela dignidade de

    todos os seres humanos e na justiasocial. (Comp. 1 e 9)

    Distribuio do alimento pela populaomundial

    Instituies nacionais e internacionaisvocacionadas para a derrota da fome(Caritas, FAO, Banco Alimentar Contraa Fome)

    4. Mobilizar os valores da dignidade detodas as pessoas, da solidariedade e dacooperao com vista resoluo dos

    problemas relacionados com a ausnciade condies mnimas de subsistncia.(Comp. 1, 9, 10 e 12)

    Solidariedade e voluntariado

    5. Consultar a Bblia, mobilizandoconhecimentos sobre a estrutura do NovoTestamento, bem como outrosconhecimentos necessrios j exploradosem anos anteriores. (Comp. 22)

    As divises do NT Evangelhos Actos dos Apstolos Cartas ou Epstolas Apocalipse

    6. Interpretar textos bblicos sobre a relaodo ser humano com os bens materiais,reconhecendo as suas implicaes navida quotidiana. (Comp. 9, 14, 23 e 24)

    7. Relacionar a identificao de Cristo comos mais necessitados com o fundamentodo agir cristo. (Comp. 8, 9 e 14)

    A necessria distribuio justa dariqueza: Tg 5,1-6; 1Jo 3,17-18 O julgamento final: as obras de

    promoo humana: Mt 25,31-45 Parbola do rico insensato: Lc 12,13-21

    8. Interpretar produes culturais de

    diferentes origens sobre o significado

    O significado simblico-religioso do

    alimento

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    - 25 -

    simblico-religioso do alimento. (Comp.5)

    9. Interpretar e apreciar produes estticassobre a ltima Ceia, identificando o seusignificado essencial para a mensagemcrist. (Comp. 14, 25 e 26)

    A ltima Ceia como representao daentrega de Jesus por amor

    Ser po para os outros: a doao de simesmo

    Sugesto de interdisciplinaridade:Cincias da Natureza Trocas nutricionais entre o organismo e o meio.Educao Visual e TecnolgicaA alimentao.

    2. Anlise, reflexo e sugesto UL

    Neste ponto, utilizarei, em primeiro lugar, a estrutura original e depois explanarei

    uma anlise, uma reflexo e uma sugesto. F-los-ei a partir de cada Contedoe respectiva

    Operacionalizao das Competncias.

    A)

    apresentao

    Operacionalizao das Competncias Contedos

    1. Interpretar produes culturais quereflictam sobre a justia vs injustia na

    distribuio dos bens. (Comp. 5)

    2. Interpretar criticamente factos sociais, luz do reconhecimento da dignidade detodos os seres humanos, nos quais esteja

    patente a injusta distribuio dos bens deprimeira necessidade. (Comp. 1 e 6)

    A alimentao, a fome, a subnutrio, apobreza, a distribuio injusta dos bens

    de primeira necessidade

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    - 26 -

    reflexo

    A Operacionalizao de Competncias dois, nesta idade, parece-me pertinente,

    nestes ltimos anos devido crise que est a assolar todo o mundo, pois provoca os jovens

    a reflectir no que lhes dado, no que possuem e a dar-lhes mais valor e ateno. Tambm

    os desafia a estarem mais atentos aos sacrifcios que os pais fazem para que nada lhes falte,

    quando, por vezes, falta aos prprios pais o essencial.

    Na Operacionalizao de Competnciasum, haver distribuio injusta dos bens

    de primeira necessidade ou os bens esto distribudos mediante a situao econmica,

    social, recursos agrcolas, hdricos... de uma certa e determinada regio, pas ou

    continente? Nestes ltimos meses temos ouvido falar muito nos Meios de Comunicao

    Social que a crise maior nos denominados pases perifricos da Europa. Porqu?

    Porque esto mais longe dos centros de deciso ou porque esto mais longe dos centros de

    produo e de investigao? Sabemos que os pases perifricos tm mais dificuldades

    econmicas, mas nesta circunstncia ser justo falar de distribuio injusta de bens de

    primeira necessidade? Julgo que no, mas tratar-se-, sim, de distribuio desiquilibrada

    dos bens de primeira necessidade. Ou, por distribuio injusta de bens de primeira

    necessidade o Programa se refere a situaes como o desemprego prolongado,

    precaridade de trabalho, doena, falta de recursos econmicos, escassez de alimentos e de

    gua potvel... que impossibilita as pessoas menos capazes do acesso aos bens de primeira

    necessidade? uma questo que deixo no ar...

    Em vez de distribuio injusta, proponho distribuio desiquilibrada dos bens de

    primeira necessidade.

    Fala-se muito do Estado Social. Ser que o Estado, na sua orgnica, competncia e

    na sua operacionalidade, v as pessoas como um nmero, como homo economicus ouhomo numeruse se esquece que as pessoas so seres morais, sociais e com necessidades

    biolgicas? Penso que o Estado deveria ler com muita ateno a Carta Encclica

    Populorum Progressiode Sua Santidade Papa Paulo VI, escrita a 26 de Maro de 1967 aos

    Bispos, Sacerdotes, Religiosos, Fiis e a todos os homens de boa vontade sobre o

    desenvolvimento dos povos.

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    Felizmente, h campanhas e organizaes que no esto sob a tutela do Estado que

    vo suprindo as necessidades das pessoas e no as vm apenas sob um prisma, mas na sua

    globalidade.

    sugesto

    Operacionalizao das Competncias Contedos

    1. Interpretar produes culturais quereflictam sobre a desiquilibradadistribuio dos bens. (Comp. 5)

    2. Interpretar criticamente factos sociais, luz do reconhecimento da dignidadedo ser humano, nos quais estejam

    patentes uma desiquilibradadistribuio dos bens de primeiranecessidade. (Comp. 1 e 6)

    A alimentao, a fome, a subnutrio, asobrenutrio, a pobreza, a distribuiodesiquilibrada dos bens de primeiranecessidade

    B)

    apresentao

    3. Organizar um universo de valoresfundado no respeito pela dignidade detodos os seres humanos e na justiasocial. (Comp. 1 e 9)

    Distribuio do alimento pela populaomundial

    Instituies nacionais e internacionaisvocacionadas para a derrota da fome(Caritas, FAO, Banco Alimentar Contraa Fome)

    reflexo

    Organizar um universo de valores...Valor no um modo consciente de actuar,

    tanto individual como colectivamente? Mas olhando para os Contedosparece-me que a

    Opercionalizao no alcance o que pretende, pois apenas apresenta instituies e no

    valores, ficando, assim, aqum do desejado.

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    sugesto

    Operacionalizao das Competncias Contedos

    3. Identificar um universo de instituiesfundadas no respeito pela dignidade detodos os seres humanos e na justiasocial. (Comp. 1 e 9)

    A distribuio do alimento pelapopulao

    C)

    apresentao

    Operacionalizao das Competncias Contedos

    4. Mobilizar os valores da dignidade detodas as pessoas, da solidariedade e dacooperao com vista resoluo dos

    problemas relacionados com aausncia de condies mnimas desubsistncia. (Comp. 1, 9, 10 e 12)

    Solidariedade e voluntariado

    reflexo

    No que se refere minha turma adstrita, no tive dvidas de que este seria um

    contedo a no leccionar, pois dezoito dos dezanove alunos inscritos a EMRC participam

    ou participaram em aces de voluntariado.

    Parece-me que este tema um aprofundar e um recordar da Unidade Lectiva 5 A

    Fraternidadedo Quinto Ano

    50

    , o que poder dispersar a ateno dos alunos. No entanto,numa outra turma de outra Escola, os alunos reavivaram a memria e partilharam o que

    tinham dado e realizado com o professor do ano anterior.

    As Competncias Especficas dez e doze desenvolvem nos discentes a tica e a

    Moral indo ao encontro do domnio do Saber e do Saber Fazer, procurando capacitar os

    alunos para a autonomizao no momento de eleger o valor moral mais urgente e

    50 Cf. SECRETARIADO NACIONAL DA EDUCAO CRIST Caminhos de Encontro. Manual do

    AlunoEMRC 5. Ano do Ensino Bsico. Lisboa: Fundao Secretariado Nacional da Educao Crist,2009, pg. 152-191.

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    operacionaliz-lo em situaes concretas da vida, o que nestas idades, compreendidas entre

    os dez e os doze anos, se enquadra perfeitamente e pertinente.

    sugesto

    A proposta apresentada peloProgramaparece-me que est bem includa, no

    tendo, por isso, uma proposta mais profunda para apresentar.

    D)

    apresentao

    Operacionalizao das Competncias Contedos

    5. Consultar a Bblia, mobilizandoconhecimentos sobre a estrutura do

    Novo Testamento, bem como outrosconhecimentos necessrios jexplorados em anos anteriores. (Comp.22)

    As divises do NT Evangelhos Actos dos Apstolos Cartas ou Epstolas Apocalipse

    reflexo

    A Competncia Especficavinte e dois desenvolvida ao longo do Ensino Bsico.

    No entanto, pela experincia que tenho no Primeiro Ciclo e pelas Escolas por onde tenho

    passado, maioritariamente na margem esquerda do rio Douro e todas no interior da

    Diocese, esta Competnciano vem acrescentar conhecimento aos discentes do Sexto Ano,

    uma vez que a maioria frequenta a Catequese, embora se saiba que h alunos que

    frequentam EMRC e no Catequese e vice-versa, e ao longo do Primeiro Ciclo j se faz

    referncia, leitura e interpretao de textos bblicos. Assim, nesta altura, j os discentes

    sabem a organizao interna da Bblia (Saber) e j a sabem manusear (Saber-Fazer) pelo

    que me parece extempornea a apresentao aqui do Novo Testamento. Alis, quando na

    aula anterior se projecta o que se ir leccionar, a maioria dos alunos pergunta logo se

    necessrio trazer a Bblia para a aula. A minha experincia diz que bom que a tragam

    para se sentirem estimulados e integrantes no seu ensino-aprendizagem.

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    - 30 -

    Embora no esteja a analizar a UL um Viver juntos do Quinto Ano de

    Escolaridade, no deixo de lhe fazer referncia, uma vez que um dos seus contedos a

    diviso do Antigo Testamento. Mais uma vez, pela experincia que tenho, um contedo a

    leccionar, aprofundar e ir mais alm do contedo proposto e acrescentar o Novo

    Testamento, uma vez que os discentes sabem partes da Bblia, embora de forma no

    organizada.

    Alm disso, se analizarmos o DVD de apoio ao professor que se encontra

    conjuntamente com o Manual do Professor do Quinto Ano, um dos contedos do material

    de apoio precisamente a diviso interna da Bblia, no seu todo e no em partes.

    sugesto

    A minha sugesto passaria por, no Quinto Ano, na UL um Viver juntosfazer a

    apresentao da Bblia de forma completa: o povo onde nasceu a Bblia, origem do seu

    nome, onde foi escrita, em que lnguas, quais os materiais utilizados para a escrita dos

    livros/rolos, a sua organizao e diviso, como encontrar um texto e como cit-lo51.

    Esta minha sugesto venho a concretiz-la nos discentes do Quinto Ano e estes tm

    reagido positivamente, uma vez que a maioria j sabe que a Bblia se divide em Antigo e

    Novo Testamento e j expem com um elevado grau de rectido a constituio da Bblia.

    Operacionalizao das Competncias Contedos

    5. Consultar a Bblia, mobilizandoconhecimentos sobre a sua estrutura,

    bem como outros conhecimentos j

    explorados em anos anteriores. (Comp.22)

    As divises do AT Pentateuco Livros Histricos

    Livros Sapienciais Livros Profticos

    As divises do NT Evangelhos Actos dos Apstolos Cartas ou Epstolas Apocalipse

    51Cf. SECRETARIADO NACIONAL DA EDUCAO CRIST Caminhos de Encontro,pg. 31-39.

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    E)

    apresentao

    Operacionalizao das Competncias Contedos

    6. Interpretar textos bblicos sobre arelao do ser humano com os bensmateriais, reconhecendo as suasimplicaes na vida quotidiana.(Comp. 9, 14, 23 e 24)

    7. Relacionar a identificao de Cristocom os mais necessitados com ofundamento do agir cristo. (Comp. 8,9 e 14)

    A necessria distribuio justa dariqueza: Tg 5,1-6; 1Jo 3,17-18

    O julgamento final: as obras depromoo humana: Mt 25,31-45

    Parbola do rico insensato: Lc 12,13-21

    reflexo

    positiva a interpretao de textos bblicos sobre a relao do ser humano com os

    bens materiais e identificar Cristo com os mais necessitados de acordo com o agir cristo.

    No entanto, os contedos pecam, pois da forma como se apresentam ou so apresentados,

    no so contedos52, mas sim, recursos53.

    A leitura de Tg 5, 1-6 poder ser de compreenso difcil para os discentes uma vez

    que utiliza metforas. Em vez desta leitura, poder-se- utilizar Tg 2, 15-16 ou Sir 29, 11-

    14, pois a linguagem utilizada nestas passagens mais simples e acessvel compreenso

    vocabular do discente.

    52 Cf. SECRETARIADO NACIONAL DA EDUCAO CRIST Programa de Educao Moral eReligiosa Catlica. Ensino Bsico e Secundrio. Lisboa: SNEC, 2007, pg. 16, diz que contedoscurriculares so entendidos como a base de conhecimentos e o conjunto de procedimentos que sorequeridos aos alunos para que possam tornar-se competentes, capazes de fazer deles um uso inteligente de

    forma a poderem tornar-se cidados educados, e responder melhor a situaes da vida e ao desafios dopensamento.53 Graells (2000) considera recursos educativos quase tudo o que pode facilitar a aprendizagem, se forutilizado num contexto de formao especfica ou seja, recursos educativos so todos os materiais que sousados de modo a facilitar os processos de ensino e de aprendizagem . In DOS SANTOS BOTAS, DilailaOlviaA utilizao dos materiais didcticos nas aulas de Matemtica. Um estudo no 1 ciclo . Dissertaoapresentada para obteno do grau de Mestre em Ensino das Cincias Especialidade em Ensino da

    Matemtica pela Universidade Aberta, sob a orientao da Professora Doutora Darlinda Moreira, em 2008.Texto policopiado, pg. 25.

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    O julgamento final... parece uma linguagem apologtica e faz lembrar o filme

    2012que retrata um cenrio apocalptico, de fim do mundo, quando, na realidade, o que se

    pretende com esta passagem apenas demonstrar o que est certo ou errado, segundo a

    perspectiva crist na relao com os mais necessitados.

    Neste contedo, poderia ser apenas a segunda parte: as obras de promoo

    humana com uma leitura menos catacltica e mais potica de Jb 31, 15-17.19-2254, ou,

    ento, Mt 25, 34-45, sem os trs primeiros versculos propostos.

    A passagem de Lc 12, 13-21 enquadra-se muito bem e vai de encontro ao texto

    escolhido de Sir 29, 11-14.

    sugesto

    Operacionalizao dasCompetncias

    Contedos Recursos

    6. Interpretar textosbblicos sobre a relaodo ser humano com os

    bens materiais,reconhecendo as suasimplicaes na vidaquotidiana. (Comp. 9,14, 23 e 24)

    7. Relacionar aidentificao de Cristocom os maisnecessitados e com ofundamento do agir

    cristo. (Comp. 8, 9 e14)

    A necessria distribuiojusta da riqueza

    Tg 2, 15-16 Sir 29, 11-14 Lc 12, 13-21

    As obras de promoohumana

    Mt 25, 34-45 Jb 31, 15-17.19-22

    54Pois aquele que me criou no ventre, tambm o criou a ele, um s nos formou a ambos no seio materno. Serecusei aos pobres aquilo que pediam ou defraudei a esperana da viva; se comi sozinho o meu pedao de

    po sem dar ao rfo a sua parte; se no fiz caso do miservel sem roupas, e do pobre que no tinha comque se cobrir; se no me ficaram agradecidos os seus membros, aquecidos com a l das minhas ovelhas;se

    levantei a mo contra o rfo, por me ver apoiado pelo tribunal; que o meu ombro caia das minhas costas, eo meu brao seja separado do cotovelo!

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    F)

    apresentao

    Operacionalizao das Competncias Contedos

    8. Interpretar produes culturais dediferentes origens sobre o significadosimblico-religioso do alimento.(Comp. 5)

    O significado simblico-religioso doalimento

    reflexo

    Neste Contedo, o Programa apresenta a alimentao na cultura bblica. H que

    reconhecer que um ponto positivo, tal como apresentar a simbologia do alimento noutras

    culturas ou mitologias, dando o exemplo da simbologia escandinava.

    sugesto

    Este Contedo est bem elaborado, segundo a minha ptica, pelo que no tenho

    sugesto a apresentar.

    G)

    apresentao

    Operacionalizao das Competncias Contedos

    9. Interpretar e apreciar produes

    estticas sobre a ltima Ceia,identificando o seu significadoessencial para a mensagem crist.(Comp. 14, 25 e 26)

    A ltima Ceia como representao da

    entrega de Jesus por amor Ser po para os outros: a doao de simesmo

    reflexo

    Os Contedos apresentados referem-se Eucaristia, o que, primeira vista,

    parecem descabidos, uma vez que em EMRC poder estar inscrito qualquer aluno de

    qualquer confisso religiosa e poder entrar em conflito com a sua confisso religiosa ou

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    movimento religioso ou colocar em causa a legitimidade de EMRC como oferta obrigatria

    mas de inscrio facultativa no ensino pblico portugus. Descortinados, posteriormente e

    com mais reflexo, faz sentido a apresentao destes contedos, pois a disciplina de

    EMRC de cariz catlica. Logo, faz sentido fazer a apresentao da Eucaristia, segundo

    esta perspectiva, at porque vai de encontro com a simbologia judaico-crist do alimento e

    coerente com oProgramade EMRC do Sexto Ano.

    H)

    O Programa faz uma sugesto de interdisciplinaridade que apresento e qual fao

    uma reflexo e uma proposta.

    apresentao

    Sugesto de interdisciplinaridade:

    Cincias da Natureza Trocas nutricionais entre o organismo e o meio.

    Educao Visual e TecnolgicaA alimentao.

    reflexo

    A articulao interdisciplinar exige a resposta a questes directamente

    relacionadas com o seu campo de saber especfico, mas tambm o restabelecimento de

    relaes afectivas com os demais campos do saber55, de modo a que os alunos consigam

    conectar os saberes entre si e, assim, ter uma viso o mais englobante possvel da matria

    leccionada.

    Para que isto seja possvel, tero que os docentes reunir e debater a matriaespecfica da sua disciplina e depois fazer uma planificao a longo prazo para assim se

    poder articular e apresentar o mesmo assunto ao mesmo tempo s vrias disciplinas e da

    resultar uma viso mais global da matria, e no apenas a viso de um campo do saber.

    55

    COMISSO EPISCOPAL DA EDUCAO CRIST Programa de Educao Moral e ReligiosaCatlica. Ensino Bsico e Secundrio. Lisboa: SNEC, 2007, pg. 22.

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    Assim, CN56apresenta o alimento de modo biolgico, necessrio para viver: o bom

    funcionamento do organismo, produo de energia, crescimento, compensar as perdas, em

    que alimento se encontram os diferentes nutrientes, qual a funo de cada nutriente, tabela

    das vitaminas, roda dos alimentos, alimentao saudvel e como fazer uma escolha

    adequada dos alimentos.

    EVT57 segue o esquema de CN, expondo o alimento de modo biolgico,

    acrescentando dois temas:

    os cuidados a ter para quem trabalha com os alimentos;

    a cozinha regional.

    EMRC58, para alm de apresentar o alimento enquanto biolgico, vai mais longe,

    apresentando-o na perspectiva artstica, cultural, social, religiosa e bblica.

    sugesto

    A sugesto de interdisciplinaridade que vou apresentar, baseia-se em manuais

    adoptados no ano lectivo 2011/12, no Agrupamento de Escolas de Argoncilhe e

    consultados na Biblioteca Escolar do mesmo Agrupamento, podendo, por isso, noutros

    Agrupamentos ou Escolas, haver outras opes/adopes.

    Alm das disciplinas apresentadas pelo Programa de EMRC, acrescento:

    Matemtica59no estudo da Proporcionalidade directa (cap. 8), mormente na

    elaborao de escalas, percantagens e representao grfica de percentagens e

    tambm na Estatstica (cap. 9);

    Lngua Portuguesa60 na leitura de alguns textos poder-se- tirar

    apontamentos, no s biolgicos, mas tambm morais/sociais, tais como A

    cigarra e a formiga, de Bocage e Joo de Deus (pg. 62); A raposeta, de

    56Cf. PERALTA, Catarina Rosa; CALHAU, Maria Beleza; SOUSA, Maria Fernanda de Pginas da Vida.Cincias da Natureza 6. Ano [Guia do Professor]. 1. Edio. Porto: Porto Editora, 2011, pg. 10-31.57 SEIXAS, Antnio; GASPAR, Fernando; ANDRADE, Lusa Educao Visual e Tecnolgica. CriarInovar. Manual do 2. Ciclo: 5. e 6. anos de escolaridade. Didctica Editora, pg. 117-124.58SECRETARIADO NACIONAL DA EDUCAO CRIST Ns e o Mundo. Manual do alunoEMRC

    6. Ano do Ensino Bsico. 1. ed.. Lisboa: Edies Fundao Secretariado Nacional de Educao Crist,2009, pg. 138-179.59ROLO, Alice Pinto; MONTEIRO, Sandra Carina Onda matemtica. Matemtica 6. Ano. 1. Edio.Livraria Arnado, 2001.60

    AFONSO, Isilda Loureno; PEREIRA, Nlson Rodrigues Palavras ao vento. Lngua Portuguesa / 6.Ano. Vila Nova de Gaia: Gailivros, 2005.

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    Aquilino Ribeiro (pg. 118);Filmon e Bucis, de Antnio Srgio (pg. 137);

    Hortas comunitrias, publicado no Jornal Pblico, a 29 de Novembro de 2003

    (pg. 190) e curiosidades gastronmicas, tais como O Natal no pas do Sol

    nascente, de Tomana de Carvalho (pg. 75) e O ch de Catarina, de Ana

    Maria Magalhes e Isabel Alada (pg. 101);

    Ingls61 na identificao das refeies, origem das mesmas, gostos

    gastronmicos (no SET 2, Task B nice food, great drinks!) pg. 84-95),

    eleio de restaurantes que melhor satisfazem o nosso paladar e, da, selecionar

    a comida mais saudvel; hbitos alimentares em diversos pases SET 4, Task

    BAround the world, pg. 126-137;

    Educao Fsica62a importncia da alimentao equilibrada e da actividade

    fsica para a manuteno saudvel do corpo;

    Histria e Geografia de Portugal63 sendo mais complicada, mas no

    impossvel, a articulao com esta disciplina devido leccionao cronolgica,

    ous seja, segue-se o programa conforme as datas reais, no as intercalando, h

    temas que articulam com EMRC. Vejamos esses captulos:

    na parte 1, UL 3 Portugal na segunda metade do sc. XIX ,

    especialmente sub-unidade 3.2 e 3.3mudanas no campo e mudanas na

    cidaderespectivamente (Cf. Pg. 78-113);

    na parte 2, UL 7A populao portuguesa no incio do sculo XXI, UL 8

    Os lugares onde vivemos, UL 9 As actividades econmicas e UL 10

    Ocupao de tempos livres (cf. Pg. 64-121).

    Para alm dos aspectos morfo-sintcticos da elaborao de um texto, seja em verso,seja em prosa, oral ou por escrito, como em Lngua Portuguesa; de clculo, como em

    Matemtica; do alimento de modo biolgico, necessrio para a sobrevivncia do ser

    humano, a CN; alerta para os cuidados a ter para quem trabalha com os alimentos e

    61COSTA, Cristina; Teixeira, Isabel; MENEZES, Paula New Cool Kids. Ingls 6. Ano. Lisboa: TextoEditora, 2011.62COSTA, Jos David D.Jogo limpo. Educao Fsica 5./6. anos. Porto: Porto Editora, 2004.63

    AMORIM, Ana; VARGAS, Beatriz; LOBATO, Maria Joo Histria e Geografia de Portugal. 6. Ano /2. Ciclo. Lisboa: Lisboa Editora, 2008. Nota: este manual constitudo por duas partes.

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    apresentao da cozinha regional, a EVT; a evoluo da populao portuguesa desde 1850

    at hoje, com as suas actividades econmicas e sociais, a HGP; a importncia da

    alimentao equilibrada na manuteno do corpo e forma fsica, a Educao Fsica; e a

    identificao das refeies, gostos gastronmicos, alimentao saudvel e hbitos

    alimentares em diversos pases, a Ingls, a disciplina de EMRC pode fazer a diferena

    atravs de:

    valorizar a solidariedade das pessoas, procurando evidenciar a sua dinmica

    cvica, com ateno prioritria s situaes de especial sofrimento e

    vulnerabilidade humana;

    apelar responsabilidade individual e colectiva na luta contra a pobreza e a

    excluso social;

    educar para a prtica de uma economia de solidariedade, de bem-comum;

    fazer a distino entre o que essencial e no essencial;

    mobilizar os valores da dignidade, da solidariedade, da cooperao e justia

    social com vista resoluo dos problemas relacionados com a ausncia de

    condies mnimas de sobrevivncia;

    assumir que a pobreza um problema de todos.

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    III. Experincia pessoal lectiva

    1. Caracterizao da Turma (dados, sua leitura crtica e ilaes

    pedaggico-didcticas para a disciplina de EMRC)

    A turma adstrita do 6. E, tinha inscritos vinte e oito alunos, dos quais dezanove a

    EMRC.

    Esta turma constituda por doze meninas e dezasseis meninos. A EMRC so dez

    meninas e nove meninos.

    Destes dezanove alunos inscritos a EMRC, os seus Encarregados de Educao so

    maioritariamente as mes, sendo s um pai o Encarregado de Educao.

    Os alunos que apresentam melhores resultados escolares so oriundos de famlias

    com habilitaes acadmicas mais elevadas: gerentes de bancos, de empresas e com cargos

    de relevo em empresas de renome nacional e internacional. No entanto, mais de metade

    dos pais dos alunos tm habilitaes acadmicas acima do sexto ano.A maioria dos alunos situa-se na faixa etria dos onze anos e so de nacionalidade

    portuguesa.

    Dezasseis alunos so oriundos de famlias tradicionais, dois de famlias

    monoparentais e um de famlia reconstituda.

    Dos dezanove alunos, trs tm ambos progenitores desempregados e dois tm um

    dos progenitores desempregados.

    A nvel de actividades desportivas regulares, quatro alunos jogam Voleibol naAssociao Acadmica de Espinho; trs frequentam uma escola de Karat, em Espinho;

    um joga futebol no Futebol Club do Porto; uma menina joga futsal no Restauradores

    Avintenses Futsal Feminino e trs meninos jogam hquei em patins na Associao Cultura

    e Recreio de Gulpilhares.

    Os passatempos preferidos so: ver televiso, jogar videojogos nas mais diversas

    plataformas e consolas, conversao online com os amigos e ouvir msica.

    Dos dezanove alunos inscritos a EMRC, oito frequentam o Escutismo.

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    Em Dezembro, na altura da Campanha Alimentar Contra a Fome, dezoito alunos

    participaram na angariao de alimentos junto dos Hiper e Supermercados.

    O aproveitamento bom, mas o comportamento no o melhor, mas com a

    aplicao de algumas medidas correctivas, como a mudana de disposio na sala de aula,

    o comportamento foi melhorando ao longo do ano, no sendo ainda o desejvel, mas j

    possvel leccionar-se sem incidentes crticos.

    A Directora de Turma informou-me que o comportamento apresentado em EMRC

    igual em todas as aulas.

    No segundo perodo, as planificaes de EMRC passaram a incluir um Plano de

    Interveno, pois no primeiro perodo houve aulas em que os alunos estavam distrados,

    desconcentrados, conversadores, desrespeitadores e poucas vezes realizaram os Desafios

    da Semana64. Estes Planos de Interveno surtiram o efeito desejado, pois quando foram

    solicitados, a ttulo facultativo, a realizarem uma pea para a II Mostra Multimdia A

    EMRC j se v na beleza do dilogo, dinamizada pelo Grupo Disciplinar de EMRC,

    houve oito alunos que participaram.

    2. A experincia e as aprendizagens na Escola EB 2/3 Sophia de

    Mello Breyner

    2.1 A experincia

    Aps a caracterizao da Turma (dados, sua leitura crtica e ilaes pedaggico-

    didcticas para a disciplina de EMRC), exponho, agora, a minha experincia que tive na

    Escola Sophia de Mello Breyner, em Arcozelo, com Segundo e Terceiro Ciclo, na turma

    adstrita do 6. E.

    64Utilizei a terminologia Desafio da Semana em vez de Trabalho para Casa para descarregar o peso de

    obrigatoriedade de realizao do trabalho e de comparao com as outras disciplinas e os discentesassumirem que um desafio que dura uma semana, assumindo mais um carcter ldico do que acadmico.

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    Neste sentido, comearei por apresentar uma proposta de planificao a mdio

    prazo da UL 4 e que ao longo da leccionao da UL, na planificao de aula a aula, sofreu

    algumas alteraes.

    Unidade Lectiva 4O po de cada dia

    Contextualizao

    Nesta Unidade Lectiva far-se- a apresentao do tema e tentar-se- orientar

    sempre as aulas, a partir da experincia que o aluno faz do po de cada dia, enquanto

    alimento biolgico, como smbolo e sinal da partilha e solidariedade, em geral, e, depois,

    na perspectiva crist, apresentar Jesus como o po para os outros, doando-se a si mesmo,

    e que se recebe na Eucaristiaalimento espiritual.

    Para isso, apresentar-se- a importncia da alimentao, partindo da aprendizagem

    do aluno na disciplina de Cincias da Natureza sobre a alimentao saudvel, explorando

    imagens sobre a subnutrio e a sobrenutrio e razes que levaro a uma e a outra e tentar

    encontrar solues, tanto para uma como para outra, para se manter um equilbrio ou

    minorizar situaes que possam colocar em causa a dignidade da pessoa.

    Como nem sempre as pessoas lutam pelo bem comum, o Estado tenta ajudar os

    mais necessitados a minorar a desigualdade da distribuio dos bens de primeira

    necessidade, criando, para o efeito, instituies e organismos. Um exemplo disso so as

    Misericrdias que j tm uma vasta tradio neste campo, pois j h mais de quinhentos

    anos que ajudam os mais necessitados e que tm por lema Mt 25, 33-4065.

    Apresentarei, depois, a importncia da alimentao, em concreto, na cultura judaica

    e crist, apresentando um texto (resumo das pginas 152-158 do manual do aluno) em

    como a cultura judaico-crist v a simblica de certos alimentos, para, no fim, apresentar

    Jesus como o po para os outros, doando-se a si mesmo, numa perspectiva crist, claro.

    65 sua direita por as ovelhas e sua esquerda, os cabritos. O Rei dir, ento, aos da sua direita: Vinde,benditos de meu Pai! Recebei em herana o Reino que vos est preparado desde a criao do mundo.

    Porque tive fome e destes-me de comer, tive sede e destes-me de beber, era peregrino e recolhestes-me,estava nu e destes-me que vestir, adoeci e visitastes-me, estive na priso e fostes ter comigo. Ento, os

    justos vo responder-lhe: Senhor, quandofoi que te vimos com fome e te demos de comer, ou com sede e tedemos de beber? Quando te vimos peregrino e te recolhemos, ou nu e te vestimos? E quando te vimos doente

    ou na priso, e fomos visitar-te? E o Rei vai dizer-lhes, em resposta: Em verdade vosdigo: Sempre quefizestes isto a um destes meus irmos mais pequeninos, a mim mesmo o fizestes.

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    - 41 -

    No leccionarei os seguintes contedos:

    Solidariedade e voluntariado, porque me parece repetitivo focar este tema, uma

    vez que, se solidariedade ajudar todo o que precisa de mim, se encontra na

    Unidade Lectiva 3 Jesus, um Homem para todos do Quinto Ano e, pelo

    conhecimento que tenho da turma e da articulao com a Directora de Turma, os

    alunos ajudam-se, enquanto turma e enquanto membros da Escola, pois a maioria

    j participou e continua a participar em campanhas de recolha de alimentos nos

    hipermercados;

    As divises do Novo Testamento, uma vez que os alunos nas UL anteriores

    demonstraram j serem conhecedores da estrutura interna da Bblia.

    Planificao a mdio prazo da Unidade Lectiva 4: O po de cada dia

    COMPETNCIASESPECFICAS

    Reconhecer, luz da mensagem crist, a dignidade da pessoa humana; Interpretar produes culturais (literrias, pictricas, musicais ou outras) que utilizam ou aludem a

    perspectivas religiosas ou a valores ticos; Interpretar criticamente episdios histricos e factos sociais, a partir de uma leitura da vida fundada em

    valores humanistas e cristos; Relacionar o fundamento religioso da moral crist com os princpios, valores e orientaes para o agir

    humano, propostos pela Igreja; Organizar um universo coerente de valores, a partir de um quadro de interpretao tica humanista e crist; Mobilizar princpios e valores ticos para a orientao do comportamento em situaes vitais do quotidiano; Relacionar-se com os outros com base nos princpios de cooperao e solidariedade, assumindo a alteridade

    e diversidade como factor de enriquecimento mtuo; Identificar o ncleo central constitutivo da identidade do Cristianismo, particularmente do Catolicismo; Usar a Bblia a partir do conhecimento da sua estrutura; Interpretar textos fundamentais da Bblia, extraindo significados adequados e relevantes; Reconhecer as implicaes da mensagem bblica nas prticas de vida quotidiana; Interpretar produes estticas de temtica crist, de mbito universal e local; Apreciar produes estticas de temtica crist, de mbito universal e local.

    Aula Operacionalizao dascompetncias

    Contedos Experincias de aprendizagem Avaliao

    1

    Adquirir rotinas deinteraco e cordialidadesocial.

    A importncia do acolhimento e

    saudao para o estabelecimento de um

    bom clima pedaggico e relacional.

    Saudao Observao directa

    de:

    comportamento

    interesse nas

    actividades

    propostas

    Estabelecer um contactoindividualizado com oprofessor.

    Chamada

    Identificar o tema da aula.

    O tema a leccionar na aula.

    Introduo ao tema: O po de cada

    dia.

    Sumrio

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    - 42 -

    AulaOperacionalizao das

    competnciasContedos Experincias de aprendizagem Avaliao

    A luta contra a fome no mundo. participao

    domnio da

    linguagem

    especfica da

    disciplina

    material necessrio

    atitude de respeito,

    tolerncia e

    abertura aos outros

    mobilizao de

    informao

    realizao do

    Desafio da Semana

    (T.P.C.).

    Desenvolvimento

    Mesa: sinal de unio familiar.

    Actividade oral

    Debate exploratrio acerca do local deconvvio, tomada de decises, partilha,alimentao... at chegar mesa. Aps sechegar mesa, apresentar, em powerpoint,a UL.

    Apropriar-se da matria aleccionar nesta UnidadeLectiva.

    1. A importncia da alimentao2.A luta contra a fome

    3.O significado religioso da refeio nocontexto judaico-cristo

    4.A ltima Ceia como representao daentrega de Jesus aos outros por amor:doao de Si mesmo.

    Apresentao, em powerpoint, daunidade lectiva.

    Recordar algunscontedos leccionados nadisciplina de Cincias da

    Natureza.

    Alimentao saudvel: mais fruta,legumes, peixe, carne branca,actividade fsica, cereais e menos

    gorduras, refrigerantes, evitar acomida de plstico e refinados...

    Dilogo sobre a importncia daalimentao, a partir do queaprenderam na disciplina de Cincias da

    Natureza sobre a alimentao saudvel(utilizando o powerpoint anterior,projectar uma imagem com a roda dosalimentos).

    Identificar razes queesto na origem dadistribuio injusta dosrecursos alimentares.

    O que contribui para a subnutrio:pobreza; falta de recursos econmicos;escassez de alimentos; falta de guapotvel; falta de acesso comida, ou deuma forma insuficiente; falta denutrientes necessrios; precariedadedo emprego;

    O que contribui para a sobrenutrio:riqueza; distribuio desequilibrada dosrecursos; egosmo;

    O que fazer para se lutar contra asubnutrio e a sobrenutrio:distribuio mais equilibrada dosrecursos; condies de salrio; justiaequitativa (igual para todos); a luta pelobem comum (problema de um, problemade todos)

    Projeco de duas imagens: uma de umapessoa subnutrida e outra de umapessoa sobrenutrida (que poder estarno mesmo powerpoint anterior).

    Questionrio a explorar sobre as imagens(guio):

    Razes que esto na origem dasubnutrio?

    O que leva sobrenutrio?

    O que se pode fazer para lutar contraa subnutrio e a sobrenutrio?

    Fazer um apanhado da

    aula leccionada.

    Sintetiza a aula

    Sntese

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    - 43 -

    AulaOperacionalizao das

    competnciasContedos Experincias de aprendizagem Avaliao

    O valor da justia e da distribuioequilibrada de recursos.

    2

    Adquirir rotinas deinteraco e cordialidadesocial. A importncia do acolhimento e

    saudao para o estabelecimento de umbom clima pedaggico e relacional.

    Saudao

    Observao directa

    de:

    comportamento

    interesse nas

    actividades

    propostas

    participao

    linguagem

    especfica da

    disciplina

    material

    necessrio

    atitude de

    respeito,

    tolerncia e

    abertura aos

    outros

    mobilizao deinformao

    realizao do

    Desafio da

    Semana.

    Estabelecer umcontactoindividualizado com oprofessor.

    Chamada

    Identificar o tema da aula. O tema a leccionar na aula.

    A luta contra a fome.

    Sumrio

    Desenvolvimento

    Recordar as atitudes a terperante a distribuioinjusta dos bens mnimosde subsistncia

    Causas que levam subnutrio/sobrenutrio

    Atitudes a ter perante a distribuioinjusta dos bens mnimos desobrevivncia: ser justo (igual para comtodos) e lutar pelo bem comum.

    Questionar os alunos sobre a matrialeccionada na aula anterior.

    Algum capaz de descrever asimagens projectadas na aulaanterior?

    Que problemas sociais foramretratados nessas imagens?

    Que atitudes podemos ter perante

    essas situaes? Interpretar criticamente

    factos sociais, luz doreconhecimento dadignidade de todos osseres humanos, nos quaisesteja patenteinstituies/organismosna justa distribuio dosbens de primeiranecessidade.

    Organizar um universo devalores fundado norespeito pela dignidade detodos os seres humanos ena justia social.

    FAO (Food and Agriculture OrganizationOrganizao para a Alimentao eAgricultura); Caritas; Junta de

    Freguesia; Cmara Municipal; SeguranaSocial; Centros Sociais e Paroquiais;Banco Alimentar; Conferncia Vicentina;projectos missionrios; Santa Casa deMisericrdia....

    Partindo da sntese da aula anterior,perceber o que a sociedade/Estadofaz/cria numa tentativa de ajudar osmais necessitados a minorar adesigualdade da distribuio dos bensde primeira necessidade:

    Que instituies/organismosconhecem que ajudam aspessoas mais necessitadas?

    Apoio junto das pessoas maiscarenciadas atravs de apoiopsicossocial (acompanhamento dirioou semanal de uma assistente social

    junto das pessoas necessitadas);atribuio de cabazes alimentaresmensais; ajuda na construo de

    Quais as aces desenvolvidaspor cadainstituio/organismo?

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    AulaOperacionalizao das

    competnciasContedos Experincias de aprendizagem Avaliao

    melhores condies habitacionais;voluntariado; solidariedade; atribuiode subsdios escolares...

    Mobilizar os valores dadignidade de todas aspessoas, da solidariedadee da cooperao comvista resoluo dosproblemas relacionadoscom a ausncia decondies mnimas desubsistncia.

    Definio de solidariedade: virtudeeminentemente crist que pratica apartilha de bens, quer espirituais, quermateriais.

    Partindo destas questes, chegar sMisericrdias nacionais que tm como lemaMt 25, 31ss.

    Histria das MisericrdiasNos grandes centros urbanos, como Lisboa,o desenvolvimento da expanso martima,da actividade porturia e comercial,favorecia o afluxo de gente na procura detrabalho ou de enriquecimento. Ascondies de vida degradavam-se e as ruastransformavam-se em locais de pobreza,abandono, orfandade, mendicidade edoenas.A 15 de Agosto de 1498, em Lisboa, surgiu aprimeira Misericrdia portuguesa. Suafundadora foi a Rainha D. Leonor, viva deD. Joo II, com o total apoio do Rei D.

    Manuel I, com o nome de Irmandade deInvocao a Nossa Senhora daMisericrdia. A Irmandade actuava juntodos pobres, presos, doentes, e apoiava oschamados "envergonhados" (pessoasdecadas na pobreza, por desgraa). Atodos os necessitados socorria dandopousada, roupas, alimentos,medicamentos Tambm promovia umaimportante interveno a nvel religioso,presente nas oraes e na celebrao demissas e procisses, nas cerimnias dosenterros, no acompanhamento decondenados morte ou na promoo dapenitncia. Desta forma, os Irmosanunciavam o Evangelho com palavras mastambm com obras concretas,testemunhadas atravs de atitudes crists.Com o correr dos anos, a Misericrdia foi-se expandindo por Portugal. Entre outroslocais, est presente no Porto, fundada em1499, estando o Hospital da Prelada sob asua superviso.

    Distribuir o texto Histria das

    Misericrdias.

    Jesus identifica-se com os pequeninos,com cada um de ns,

    Leitura de Mt 25, 34-40 (por parte deum aluno)

    Com quem que o prprio Jesus

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    AulaOperacionalizao das

    competnciasContedos Experincias de aprendizagem Avaliao

    independentemente da categoria social. se identifica?

    A concluso que se pode tirar que sedeve sempre ajudar quem necessita.

    Que concluso se pode tirar daseguinte frase: sempre quefizestes isto a um destes meusirmos mais pequeninos, a mimmesmo o fizestes?

    Dar de comer a quem tem fome;

    Dar de beber a quem tem sede;

    Acolher o peregrino;

    Vestir o mal vestido;

    Visitar os doentes e presos

    Ouvir/Escutar/Ajudar o vizinho...

    Que gestos e atitudes concretaspodes assumir para ajudar os quete rodeiam?

    Fazer um resumo da aulaleccionada.

    As obras de caridade devem ser vistase sentidas como actos pessoais[fraternidade] e como serviosprestados s pessoas necessitadas,tendo em ateno os princpios dasolidariedade, justia e bem comum.

    Sntese

    (enunciado escrito).

    Consolidao dos factossociais, luz do

    reconhecimento dadignidade de todos osseres humanos, nos quaisesteja patente instituiesou organismos na justadistribuio dos bens deprimeira necessidade deque exemplo a SantaCasa de Misericrdia.

    1. A primeira Misericrdia surgiu em quecontexto/situao?

    2. Em que data?

    3. Onde?

    4. Quem foi a sua fundadora?

    5. Quem era o rei nessa altura?

    6. Teve o seu apoio ou a sua oposio?

    7. A Misericrdia apoiava quem?

    8. Como fazia esse apoio?9. Para alm do apoio material, que outra

    interveno fazia?

    10.A primeira Misericrdia surgiu emLisboa. E a segunda?

    11. Em que ano?

    12.Que Hospital, no Porto, est sob a suasuperviso?

    Desafio da Semana

    Distribuio de um questionrio de resposta

    curta e fechada sobre a Histria dasMisericrdias para resoluo domiciliria.

    3 Adquirir rotinas de

    interaco ecordialidade social.

    A importncia do acolhimento esaudao para o estabelecimento de umbom clima pedaggico e relacional.

    SaudaoObservao directa

    de:

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    AulaOperacionalizao das

    competnciasContedos Experincias de aprendizagem Avaliao

    Estabelecer umcontactoindividualizado como professor.

    Chamada

    comportamento

    interesse nas

    actividades

    propostas

    participao

    linguagem

    especfica da

    disciplina

    material

    necessrio

    atitude de

    respeito,

    tolerncia e

    abertura aos

    outros

    mobilizao deinformao

    realizao da

    actividade

    proposta

    (Desafio da

    Semana T.P.C.)

    Identificar o tema daaula.

    O tema a leccionar na aula:

    Correco do Desafio da Semana.

    Simbologia judaico-crist de algunsalimentos.

    Sumrio

    Desenvolvimento

    Aferir os seus

    conhecimentos relativos ainstituies/organismosque esto implicados na

    justa distribuio dosbens de primeiranecessidade, em especial,as Misericrdiasportuguesas.

    Reconhecer a importnciada ateno nas aulas paraa aquisio e consolidaode conheci