o novo cpc conheça as inovações - unipública · 6 fase postulatória e possíveis providências...

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O Novo CPC Conheça as Inovações Dia 18 - das 9h às 12h Novidades do Novo Código de Processo Civil (parte 1) Dia 18 - das 13h30 às 17h30 Novidades do Novo Código de Processo Civil (parte 2) Dia 19 - das 9h às 12h Novidades do Novo Código de Processo Civil (parte 3)

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Page 1: O Novo CPC Conheça as Inovações - Unipública · 6 Fase postulatória e possíveis providências iniciais 7 Audiências ... Novidades do Novo Código de Processo Civil (parte 3)

O Novo CPC Conheça as Inovações

Dia 18 - das 9h às 12h

Novidades do Novo Código de Processo Civil (parte 1)

Dia 18 - das 13h30 às 17h30

Novidades do Novo Código de Processo Civil (parte 2)

Dia 19 - das 9h às 12h

Novidades do Novo Código de Processo Civil (parte 3)

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A Unipública

Conceituada Escola de Gestão Municipal do sul do país, especializada em capacitação e treinamento de agentes

públicos atuantes em áreas técnicas e administrativas de prefeituras, câmaras e órgãos da administração indireta, como fundos,

consórcios, institutos, fundações e empresas estatais nos municípios.

Os Cursos

Com diversos formatos de cursos técnicos presenciais e à distância (e-learning/online), a escola investe na qualidade

e seriedade, garantindo aos alunos:

- Temas e assuntos relevantes e atualizados ao poder público

- Professores especializados e atuantes na área (Prática)

- Certificados de Participação digitalizado

- Material complementar de apoio (leis, jurisprudências, etc)

- Tira-dúvidas durante realização do curso

- Controle biométrico de presença (impressão digital)

- Atendimento personalizado e simpático

- Rigor no cumprimento de horários e programações

- Fotografias individuais digitalizadas

- Apostilas e material de apoio

- Coffee Breaks em todos os períodos

-Acesso ao AVA (Ambiente Virtual do Aluno)para impressão de certificado, grade do curso, currículo completo dos

professores, apostila digitalizada, material complementar de apoio de acordo com os temas propostos nos cursos, chat

entre alunos e contato com a escola.

Público Alvo

- Servidores e agentes públicos (secretários, diretores, contadores, advogados, controladores internos, assessores,

atuantes na área de licitação, recursos humanos, tributação, saúde, assistência social e demais departamentos) .

- Autoridades Públicas, Vereança e Prefeitos (a)

Localização

Nossa sede está localizada em local privilegiado da capital do Paraná, próximo ao Calçadão da XV, na Rua Des.

Clotário Portugal nº 39, com estrutura própria apropriada para realização de vários cursos simultaneamente.

Feedback

Todos os cursos passam por uma avaliação criteriosa pelos próprios alunos, alcançando índice médio de satisfação

9,3 no ano de 2014, graças ao respeito e responsabilidade empregada ao trabalho.

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Transparência

Embora não possua natureza jurídica pública, a Unipública aplica o princípio da transparência de seus atos mantendo

em sua página eletrônica um espaço específico para esse fim, onde disponibiliza além de fotos, depoimentos, notas de

avaliação dos alunos e todas as certidões de caráter fiscal, técnica e jurídica.

Qualidade

Tendo como principal objetivo contribuir com o aperfeiçoamento e avanço dos serviços públicos, a Unipública

investe no preparo de sua equipe de colaboradores e com rigoroso critério, define seu corpo docente.

Missão

Preparar os servidores e agentes, repassando-lhes informações e ensinamentos gerais e específicos sobre suas

respectivas áreas de atuação e contribuir com:

a) a promoção da eficiência e eficácia dos serviços públicos

b) o combate às irregularidades técnicas, evitando prejuízos e responsabilizações tanto para a população quanto para

os agentes públicos

c) o progresso da gestão pública enfatizando o respeito ao cidadão

Visão

Ser a melhor referência do segmento, sempre atuando com credibilidade e seriedade proporcionando satisfação aos

seus alunos, cidadãos e entidades públicas.

Valores

Reputação ilibada

Seriedade na atuação

Respeito aos alunos e à equipe de trabalho

Qualidade de seus produtos

Modernização tecnológica de metodologia de ensino

Garantia de aprendizagem

Ética profissional

SEJA BEM VINDO, BOM CURSO!

Telefone (41) 3323-3131 / Whats (41) 8852-8898

www.unipublicabrasil.com.br

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Programação:

Dia 18 - das 9h às 12h

Novidades do Novo Código de Processo Civil (parte 1)

1 Normas fundamentais no novo CPC

2 Petição Inicial/pedido

3 Respostas do réu

4 Saneamento e provas

5 Sentença e recursos

6 Fase postulatória e possíveis providências iniciais

7 Audiências

8 Providências preliminares e saneamento

9 Teoria Geral das Provas

10 Teoria geral dos recursos

11 Agravo de instrumento

12 Apelação

13 Recurso Especial

14 Recurso Extraordinário

15 Coisa julgada

16 Ação rescisória

17 O julgamento de causas e questões repetitivas

18 Cumprimento de sentença

19 Impugnação

Dia 18 - das 13h30 às 17h30

Novidades do Novo Código de Processo Civil (parte 2)

1 Tutelas:

a) Provisória (urgência e evidência)

b) Específica

2 Execução

3 Embargos

4 Cooperação e motivação

5 Precedentes

6 Incidente de assunção de competência

7 Processo de Conhecimento

8 Sentença e sua motivação

9 Coisa julgada e sistema recursal

10 Liquidação e Cumprimento de Sentença:

a) Processo de Execução

b) Liquidação de Sentença

c) Cumprimento definitivo e provisório da Sentença

d) Temas relevantes da Execução de Título Extrajudicial

e) Defesas do Executado

f) Meios de satisfação do credor

g) Penhora de bens

Dia 19 - das 9h às 12h

Novidades do Novo Código de Processo Civil (parte 3)

1 Princípios:

a) Atinentes ao processo civil

b) Constitucionais aplicáveis

c) Outros cabíveis

2 Prevalência de decisão de mérito

3 Direito à regulação da vontade das partes

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4 Intervenção de terceiros

5 Questões específicas:

a) Desconsideração Personalidade Jurídica

b) Mediação e Conciliação

c) Incidente de demandas repetitivas (jurisprudência defensiva)

6 Outras afetações do Novo CPC:

a) Na advocacia pública

b) Na magistratura

c) No processo do trabalho

d) No processo penal

e) No STJ

f) No STF

Professores:

Dirceu Pertuzatti: Advogado, professor universitário e mestre em ciências jurídicas.

Marcello Sgarbi: Advogado, especialista em direito, professor de direito processual civil, consultor, integrante das

comissões temáticas da OAB/PR.

Marcelo Quentin: Magistrado do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná - Especializado em Direito Processual Civil e

Direito Constitucional.

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Sumário

NOVIDADES DO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL (PARTE 1) ........................................... 1

NOVIDADES DO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL (PARTE 2) ......................................... 47

NOVIDADES DO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL (PARTE 3) ......................................... 69

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Curso: O Novo CPC – 18 e 19 de Novembro de 2015 /Curitiba-PR

NOVIDADES DO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO

CIVIL (PARTE 1)

Dirceu Pertuzatti

(PRINCIPAIS)NOVIDADES DO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO

1. Introdução

A Lei nº 13.105 de 16 de março de 2015 - Lei do Novo Código de Processo Civil, inaugurou uma nova fase

para o processo Civil Brasileiro, ou seja, com a modernidade a aplicabilidade de normas em vigor desde 1974 (Lei nº

5.869/73) já não atendem mais as necessidades jurídicas do século XXI.

Esse avanço jurídico, nas palavras de Nelson Nery Junior e Rosa Maria de Andrade Nery1, representa a criação

de um sistema absolutamente novo:

que requer de todos uma profunda revisão nos conceitos dos institutos básicos do direito processual civil, aliada

à moderna visão do papel que desempenha o direito constitucional, a doutrina e a jurisprudência dos tribunais,

notadamente dos tribunais superiores, na solução dos litígios que se apresentam ao Poder Judiciário.

Com isso, esse sistema acarreta mudanças que inauguram uma nova dinâmica processual, com adaptações à

realidade atual e também, com a aplicação das normas fundamentais com o foco constitucional.

Entre as mudanças mais significativas está acriação de novos mecanismos para a busca da conciliação

entre as partes, a simplificação da defesa do réu, a mudança na contagem dos prazos para as partes, a criação

de uma ordem de julgamento dos processos, a redução do número de recursos e a unificação dos prazos

recursais, a alteração das regras referente aos honorários advocatícios e a desconsideração da personalidade

jurídica da sociedade. As regras passam a valer a partir do mês de março de 2016, um ano após a publicação do Código, sendo

revogado o Código de Processo Civilanterior.

2. Parte Geral: Alterações constantes nas normas fundamentais do processo civil

Inicialmente, destacam-se os princípios positivados pelo novo Código de Processo Civil, em seus artigos

1º ao 12º.

O incentivo aos métodos de solução consensual entre as partes sempre que possível, conforme abaixo:

1JUNIOR, Nelson Nery. Rosa Maria de Andrade Nery. Comentários ao código de processo civil, p.05.

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Curso: O Novo CPC – 18 e 19 de Novembro de 2015 /Curitiba-PR

Art. 3º - não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito.(...) § 2º O Estado

promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos conflitos. § 3º A conciliação, a mediação e outros

métodos de solução consensual de conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos

e membros do Ministério Público, inclusive no curso do processo judicial. Com isso, o novo código seguiu a tendência da Lei dos Juizados Especiais os quais privilegiam a conciliação

entre as partes.

Outra questão imposta pelo novo código diz repeito ao direito das partes em obter em prazo razoável a

solução da lide. Ou seja, o artigo 4º ao impor que "as partes têm direito de obter em prazo razoável a solução

integral do mérito, incluída a atividade satisfativa", reforça a temática da celeridade processual descrita pela

Constituição Federal de 1988, artigo5º, inciso LXXVIII. Consubstanciando assim, o princípio da primazia do mérito.

O princípio da boa-fé e a cooperação judicial também estão presentes no novo código, conforme se verifica dos

artigos 5º e 6º:

Art. 5º Aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se se acordo com a boa-fé.

Art. 6º Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de

mérito justa e efetiva.

Observa-se que esses dispositivos dão mais efetividade às decisões e acabem corroborando para a razoável

duração dos processos.

Em relação ao contraditório, o novo CPC também inovou, em seus artigos 9º e 10º:

Art. 9º Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida.

Art. 10º O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não

se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício.

Lembrando que o artigo 9º, não se aplica nos casos referentes à tutela provisória de urgência, às hipóteses da

tutela da evidência previstas no artigo 311, incisos II e III e ainda à decisão prevista no artigo 701.

De acordo com esta regra, a decisão somente poderá ocorrer posteriormente à informação para as partes e à

abertura de prazo para eventual manifestação, mesmo em matérias de que o juiz pode conhecer de ofício.

A publicidade e a motivação das decisões judiciais, também foram abordados pelo novo código, nos artigos 11

e 489 § 1º e § 2º.

Art. 11. Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob

pena de nulidade.Parágrafo único. Nos casos de segredo de justiça, pode ser autorizada a presença somente das partes,

de seus advogados, de defensores públicos ou do Ministério Público.

Art. 489. São elementos essenciais da sentença:

§ 1º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que:

I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a

questão decidida;

II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso;

III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão;

IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo

julgador;

V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem

demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos;

VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a

existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento.

§ 2º No caso de colisão entre normas, o juiz deve justificar o objeto e os critérios gerais da ponderação efetuada,

enunciando as razões que autorizam a interferência na norma afastada e as premissas fáticas que fundamentam a

conclusão.

Estes dispositivos caracterizam claramente a intenção do legislador em acabar com àquelas fundamentações

superficiais, como por exemplo, "mantenho a decisão pelos próprios fundamentos", "nada a decidir", etc., assim, o juiz

deverá enfrentar todos os argumentos trazidos pelas partes. Reforça também a garantia constitucional de que as

decisões devem ser devidamente fundamentadas, conforme disposto no art. 93, inciso IX da Constituição Federal,

preservando assim a segurança jurídica e o respeito à legislação infraconstitucional.

Por outro lado, os juízes e os tribunais deverão obedecer à ordem cronológica de conclusão para proferir

sentença ou acórdão (art. 12). Com a instituição do princípio da cronologia, os processos devem ser analisados pela

"ordem de chegada" excluindo assim, preferências de qualquer natureza, salvo aquelas legalmente expressas pela lei (§

2º),como por exemplo, as sentenças proferidas em audiência e apreciação de pedido liminar no recurso.O § 1º desse

dispositivo, indica ainda que a lista de processos aptos a julgamento deverá estar permanentemente à disposição para

consulta pública em cartório e na rede mundial de computadores.Este princípio veio a ratificar os princípios

constitucionais já existentes, ou seja, o princípio da Isonomia e impessoalidade.

A partir deste tópico, será adotada uma convenção para a apresentação dos quadros contendo as principais

inovações do Novo Código de Processo Civil (NCPC – Lei 13.105 de 16/03/2015). No Primeiro quadro (sempre à

esquerda) está contemplado o Código de Processo Civil atual (Lei 5.869/1973). E ao lado (coluna da sua direita) está

comtemplado o Novo Código de Processo Civil. Lembrando ainda que adotamos a seguinte legenda: textos em AZUL,

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Curso: O Novo CPC – 18 e 19 de Novembro de 2015 /Curitiba-PR

estão presentes apenas no NCPC, ou seja, é uma inovação; textos em VERMELHO estão presentes em ambos os

códigos.

3. Dos Prazos

Art. 184. Salvo disposição em contrário,

computar-se-ão os prazos, excluindo o dia do

começo e incluindo o do vencimento.

§ 1º Considera-se prorrogado o prazo até o

primeiro dia útil se o vencimento cair em feriado

ou em dia em que:

I - for determinado o fechamento do fórum;

(...)

§ 2o Os prazos somente começam a correr do

primeiro dia útil após a intimação (art. 240 e

parágrafo único).

Art. 219.Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou

pelo juiz,

computar-se-ão somente os dias úteis.

Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se somente aos

prazos processuais.

Importante destacar que o parágrafo único, deixa claro que a

regra aplica-se somente aos prazos processuais, de forma que os

prazos para o cumprimento de obrigações determinadas por

decisão judicial continuam a ser contados de maneira contínua,

inclusive em férias, feriados e finais de semana.

Art. 218. Os atos processuais serão realizados nos prazos

prescritos em lei.

§ 1o Quando a lei for omissa, o juiz determinará os prazos em

consideração à complexidade do ato.

§ 2o Quando a lei ou o juiz não determinar prazo, as intimações

somente obrigarão a comparecimento após decorridas 48

(quarenta e oito) horas.

§ 3o Inexistindo preceito legal ou prazo determinado pelo juiz,

será de 5 (cinco) dias o prazo para a prática de ato processual a

cargo da parte.

§ 4o Será considerado tempestivo o ato praticado antes do termo

inicial do prazo.

Art. 231.Salvo disposição em sentido diverso, considera-se dia

do começo do prazo:

I - a data de juntada aos autos do aviso de recebimento, quando a

citação ou a intimação for pelo correio;

II - a data de juntada aos autos do mandado cumprido, quando a

citação ou a intimação for por oficial de justiça;

III - a data de ocorrência da citação ou da intimação, quando ela

se der por ato do escrivão ou do chefe de secretaria;

IV - o dia útil seguinte ao fim da dilação assinada pelo juiz,

quando a citação ou a intimação for por edital;(...)

§ 2o Havendo mais de um intimado, o prazo para cada um é

contado individualmente.

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Curso: O Novo CPC – 18 e 19 de Novembro de 2015 /Curitiba-PR

Art. 220. Suspende-se o curso do prazo processual nos dias

compreendidos entre 20 de dezembro e 20 de janeiro, inclusive.

Importante modificação também ocorreu em relação aos prazos do Ministério Público (Art. 180 e seguintes do

NCPC) e da Defensoria Pública (Artigos 185 e seguintes do NCPC), os quais terão o prazo em dobro para todas as

manifestações processuais. Destaca-se que em relação à Defensoria Pública, a previsão legal foi uma inovação neste

novo Código.

4. Parte Especial: do processo de conhecimento

4.1. Do Procedimento Comum

Art. 271. Aplica-se a todas as causas o

procedimento comum, salvo disposição em

contrário deste Código ou de lei especial.

Art. 318.Aplica-se a todas as causas o procedimento comum,

salvo disposição em contrário deste Código ou de lei.

Parágrafo único. O procedimento comum aplica-se

subsidiariamente aos demais procedimentos especiais e ao

processo de execução.

4.2. Da Petição Inicial

Art. 282. A petição inicial indicará:

I - o juiz ou tribunal, a que é dirigida.

II - os nomes, os prenomes, o estado civil,

profissão, domicílio e a residência do autor e do

réu;

III - o fato e os fundamentos jurídicos do

pedido;

IV - o pedido, com suas especificações;

V - o valor da causa;

VI - as provas com que o autor pretende

demonstrar a verdade dos fatos alegados;

VII - o requerimento para a citação do réu.

Art. 319. A petição inicial indicará:

I - o juízo a que é dirigida;

II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união

estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de

Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o

endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu;

III, IV, V, VI - sem alterações.

VII - a opção do autor pela realização ou não de audiência de

conciliação ou de mediação.

§ 1o Caso não disponha das informações previstas no inciso II,

poderá o autor, na petição inicial, requerer ao juiz diligências

necessárias a sua obtenção.

§ 2o A petição inicial não será indeferida se, a despeito da falta

de informações a que se refere o inciso II, for possível a citação

do réu.

§ 3o A petição inicial não será indeferida pelo não atendimento

ao disposto no inciso II deste artigo se a obtenção de tais

informações tornar impossível ou excessivamente oneroso o

acesso à justiça.

Referente à audiência de conciliação ou mediação, destacam-se principalmente os parágrafos 4º, 5º e 8º do

artigo 334, que assim dispõem:

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Curso: O Novo CPC – 18 e 19 de Novembro de 2015 /Curitiba-PR

Art. 334. (...) § 4o A audiência não será realizada:I - se ambas as partes manifestarem, expressamente, desinteresse na

composição consensual; II - quando não se admitir a autocomposição. § 5o O autor deverá indicar, na petição inicial, seu

desinteresse na autocomposição, e o réu deverá fazê-lo, por petição, apresentada com 10 (dez) dias de antecedência,

contados da data da audiência.(...) § 8o O não comparecimento injustificado do autor ou do réu à audiência de

conciliação é considerado ato atentatório à dignidade da justiça e será sancionado com multa de até dois por cento da

vantagem econômica pretendida ou do valor da causa, revertida em favor da União ou do Estado.

4.2.1. Da Citação

Art. 221. A citação far-se-á:

I- pelo correio

II - por oficial de justiça;

III - por edital;

VI - por meio eletrônico, conforme regulado em

lei própria.

A Lei 11.419/2006 que regulamenta o processo

em autos eletrônicos.

Art. 246. A citação será feita:

I - pelo correio;

II - por oficial de justiça;

III - pelo escrivão ou chefe de secretaria, se o citado comparecer

em cartório;

IV- por edital;

V - por meio eletrônico, conforme regulado em lei.

§ 1º Com exceção das microempresas e das empresas de

pequeno porte, as empresas públicas e privadas são obrigadas a

manter cadastro nos sistemas de processo em autos eletrônicos,

para efeito de recebimento de citações e intimações, as quais

serão efetuadas preferencialmente por esse meio.

§ 2º O disposto no § 1o aplica-se à União, aos Estados, ao

Distrito Federal, aos Municípios e às entidades da administração

indireta.

§ 3o Na ação de usucapião de imóvel, os confinantes serão

citados pessoalmente, exceto quando tiver por objeto unidade

autônoma de prédio em condomínio, caso em que tal citação é

dispensada.

De acordo com Fredie Didier Junior2a citação deve observar as exigências do artigo 5º da lei nº 11.419/2006:

Art. 5º As intimações serão feitas por meio eletrônico em portal próprio aos que se cadastrarem na forma do art.

2o desta Lei, dispensando-se a publicação no órgão oficial, inclusive eletrônico.

§ 1º Considerar-se-á realizada a intimação no dia em que o intimando efetivar a consulta eletrônica ao teor da

intimação, certificando-se nos autos a sua realização.

§ 2º Na hipótese do § 1o deste artigo, nos casos em que a consulta se dê em dia não útil, a intimação será considerada

como realizada no primeiro dia útil seguinte.

§ 3º A consulta referida nos §§ 1º e 2º deste artigo deverá ser feita em até 10 (dez) dias corridos contados da data do

envio da intimação, sob pena de considerar-se a intimação automaticamente realizada na data do término desse prazo.

§ 4º Em caráter informativo, poderá ser efetivada remessa de correspondência eletrônica, comunicando o envio da

intimação e a abertura automática do prazo processual nos termos do § 3o deste artigo, aos que manifestarem interesse

por esse serviço.

§ 5º Nos casos urgentes em que a intimação feita na forma deste artigo possa causar prejuízo a quaisquer das partes ou

nos casos em que for evidenciada qualquer tentativa de burla ao sistema, o ato processual deverá ser realizado por outro

meio que atinja a sua finalidade, conforme determinado pelo juiz.

§ 6º As intimações feitas na forma deste artigo, inclusive da Fazenda Pública, serão consideradas pessoais para todos os

efeitos legais.

2DIDIER Jr., Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil, parte geral e processo de

conhecimento., 622.

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6

Curso: O Novo CPC – 18 e 19 de Novembro de 2015 /Curitiba-PR

4.2.2. Das Intimações

Art. 234. Intimação é ato pelo qual se dá ciência

a alguém dos atos e termos do processo, para

que faça ou deixe de fazer alguma coisa.

Art. 269. Intimação é o ato pelo qual se dá ciência a alguém dos

atos e dos termos do processo.

§ 1o É facultado aos advogados promover a intimação do

advogado da outra parte por meio do correio, juntando aos autos,

a seguir, cópia do ofício de intimação e do aviso de recebimento.

§ 2o O ofício de intimação deverá ser instruído com cópia do

despacho, da decisão ou da sentença.

§ 3o A intimação da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos

Municípios e de suas respectivas autarquias e fundações de

direito público será realizada perante o órgão de Advocacia

Pública responsável por sua representação judicial.

Art. 236. No Distrito Federal e nas Capitais dos

Estados e dos Territórios, consideram-se feitas

as intimações pela só publicação dos atos no

órgão oficial.

§ 1o É indispensável, sob pena de nulidade, que

da publicação constem os nomes das partes e de

seus advogados, suficientes para sua

identificação.

§ 2o A intimação do Ministério Público, em

qualquer caso será feita pessoalmente.

Art. 272. Quando não realizadas por meio eletrônico,

consideram-se feitas as intimações pela publicação dos atos no

órgão oficial.

§ 1o Os advogados poderão requerer que, na intimação a eles

dirigida, figure apenas o nome da sociedade a que pertençam,

desde que devidamente registrada na Ordem dos Advogados do

Brasil.

§ 2o Sob pena de nulidade, é indispensável que da publicação

constem os nomes das partes e de seus advogados, com o

respectivo número de inscrição na Ordem dos Advogados do

Brasil, ou, se assim requerido, da sociedade de advogados.

§ 3o A grafia dos nomes das partes não deve conter abreviaturas.

§ 4o A grafia dos nomes dos advogados deve corresponder ao

nome completo e ser a mesma que constar da procuração ou que

estiver registrada na Ordem dos Advogados do Brasil.

§ 5o Constando dos autos pedido expresso para que as

comunicações dos atos processuais sejam feitas em nome dos

advogados indicados, o seu desatendimento implicará nulidade.

§ 6o A retirada dos autos do cartório ou da secretaria em carga

pelo advogado, por pessoa credenciada a pedido do advogado ou

da sociedade de advogados, pela Advocacia Pública, pela

Defensoria Pública ou pelo Ministério Público implicará

intimação de qualquer decisão contida no processo retirado,

ainda que pendente de publicação.

§ 7o O advogado e a sociedade de advogados deverão requerer o

respectivo credenciamento para a retirada de autos por preposto.

§ 8o A parte arguirá a nulidade da intimação em capítulo

preliminar do próprio ato que lhe caiba praticar, o qual será tido

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Curso: O Novo CPC – 18 e 19 de Novembro de 2015 /Curitiba-PR

por tempestivo se o vício for reconhecido.

§ 9o Não sendo possível a prática imediata do ato diante da

necessidade de acesso prévio aos autos, a parte limitar-se-á a

arguir a nulidade da intimação, caso em que o prazo será contado

da intimação da decisão que a reconheça.

4.2.3. Da possibilidade de emendar a petição inicial

Art. 284. Verificando o juiz que a petição inicial

não preenche os requisitos exigidos nos arts. 282

e 283, ou que apresenta defeitos e

irregularidades capazes de dificultar o

julgamento de mérito, determinará que o autor a

emende, ou a complete, no prazo de 10 (dez)

dias.

Parágrafo único. Se o autor não cumprir a

diligência, o juiz indeferirá a petição inicial.

Art. 321. O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche

os requisitos dos arts. 319 e 320 ou que apresenta defeitos e

irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito,

determinará que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende

ou a complete, indicando com precisão o que deve ser corrigido

ou completado.

Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz

indeferirá a petição inicial.

As regras decorrentes do art. 321 consagram o princípio da cooperação (art. 6º NCPC)3, ou seja, "todos os

sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva".

4.2.4. Dos Pedidos

Art. 293. Os pedidos são interpretados

restritivamente,compreendendo-se,entretanto, no

principal os juros legais.

Art. 322. O pedido deve ser certo.

§ 1o Compreendem-se no principal os juros legais, a correção

monetária e as verbas de sucumbência, inclusive os honorários

advocatícios.

§ 2o A interpretação do pedido considerará o conjunto da

postulação e observará o princípio da boa-fé.

Do mesmo modo, se o pedido inicial tratar-se de cumprimento de obrigações em prestações sucessivas, essas

serão consideradas incluídas no pedido, independentemente da declaração expressa do autor, e serão incluídas na

condenação, enquanto durar a obrigação, se o devedor, no curso do processo, deixar de pagá-las ou de consigná-las (art.,

323).

Art. 290. Quando a obrigação consistir em

prestações periódicas, considerar-se-ão elas

incluídas no pedido, independentemente de

declaração expressa do autor; se o devedor, no

curso do processo, deixar de pagá-las ou de

consigná-las, a sentença as incluirá na

condenação, enquanto durar a obrigação.

Art. 323. Na ação que tiver por objeto cumprimento de

obrigação em prestações sucessivas, essas serão consideradas

incluídas no pedido, independentemente de declaração expressa

do autor, e serão incluídas na condenação, enquanto durar a

obrigação, se o devedor, no curso do processo, deixar de pagá-

las ou de consigná-las.

3DIDIER, Jr., Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil, parte geral e processo de

conhecimento, 2015., p.558.

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Curso: O Novo CPC – 18 e 19 de Novembro de 2015 /Curitiba-PR

4.2.5. Alteraçõesda causa de pedir e pedido

Artigo 294.Antes da citação, o autor poderá

aditar o pedido, correndo à sua conta as custas

acrescidas em razão dessa iniciativa

Artigo 329. O autor poderá:

I - até a citação, aditar ou alterar o pedido ou a causa de pedir,

independentemente de consentimento do réu; II - até o

saneamento do processo, aditar ou alterar o pedido e a causa de

pedir, com consentimento do réu, assegurado o contraditório

mediante a possibilidade de manifestação deste no prazo mínimo

de 15 (quinze dias), facultado o requerimento de prova

suplementar.

Parágrafo único. Aplica-se o disposto neste artigo à reconvenção

e à respectiva causa de pedir.

4.2.6. Do indeferimento da Petição Inicial

Art. 296. Indeferida a petição inicial, o autor

poderá apelar, facultado ao juiz, no prazo de 48

(quarenta e oito) horas, reformar sua decisão.

Parágrafo único. Não sendo reformada a

decisão, os autos serão imediatamente

encaminhados ao tribunal competente

Art. 331. Indeferida a petição inicial, o autor poderá apelar,

facultado ao juiz, no prazo de 5 (cinco) dias, retratar-se.

§ 1o Se não houver retratação, o juiz mandará citar o réu para

responder ao recurso.

§ 2o Sendo a sentença reformada pelo tribunal, o prazo para a

contestação começará a correr da intimação do retorno dos autos,

observado o disposto no art. 334.

§ 3o Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito

em julgado da sentença.

4.2.7. Improcedência Liminar do Pedido

Art. 285-A.Quando a matéria controvertida for

unicamente de direito e no juízo já houver sido

proferida sentença de total improcedência em

outros casos idênticos, poderá ser dispensada a

citação e proferida sentença, reproduzindo-se o

teor da anteriormente prolatada.

§ 1º Se o autor apelar, é facultado ao juiz

decidir, no prazo de 5 (cinco) dias, não manter a

sentença e determinar o prosseguimento da

ação.

§ 2º Caso seja mantida a sentença, será ordenada

a citação do réu para responder ao recurso.

Art. 332. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz,

independentemente da citação do réu, julgará liminarmente

improcedente o pedido que contrariar:

I - enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do

Superior Tribunal de Justiça;

II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo

Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos

repetitivos;

III - entendimento firmado em incidente de resolução de

demandas repetitivas ou de assunção de competência;IV -

enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local.

§ 1o O juiz também poderá julgar liminarmente improcedente o

pedido se verificar, desde logo, a ocorrência de decadência ou de

prescrição.

§ 2o Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito

em julgado da sentença, nos termos do art. 241.

§ 3o Interposta a apelação, o juiz poderá retratar-se em 5 (cinco)

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dias.

§ 4o Se houver retratação, o juiz determinará o prosseguimento

do processo, com a citação do réu, e, se não houver retratação,

determinará a citação do réu para apresentar contrarrazões, no

prazo de 15 (quinze) dias.

Esse mecanismo está pautado pelos princípios da eficiência (art. 8º, CPC), da boa-fé (art. 5º, CPC) e da duração

razoável do processo (art. 5º, LXXVIII, CF/1988; art. 4º CPC).

Trata-se de importante instrumento de combate às demandas abusivas, permitindo a extinção fulminante de

processos que muitas vezes funcionam como mecanismos de extorsão processual4.

5. Respostas do Réu

5.1 Da contestação

No novo código percebe-se que a contestação é a principal defesa do réu, o que se comprova com a leitura dos

artigos 336 e 337, os quais concentram as matérias de defesa e o rol das matérias preliminares ao mérito.

Art. 297. O réu poderá oferecer, no prazo de 15

(quinze) dias, em petição escrita, dirigida ao juiz

da causa, contestação, exceção e reconvenção.

Art. 298.Quando forem citados para a ação

vários réus, o prazo para responder ser-lhes-á

comum, salvo o disposto no art. 191.

Parágrafo único. Se o autor desistir da ação

quanto a algum réu ainda não citado, o prazo

para a resposta correrá da intimação do

despacho que deferir a desistência.

Art. 335. O réu poderá oferecer contestação, por petição, no

prazo de 15 (quinze) dias, cujo termo inicial será a data:

I - da audiência de conciliação ou de mediação, ou da última

sessão de conciliação, quando qualquer parte não comparecer ou,

comparecendo, não houver autocomposição;

II - do protocolo do pedido de cancelamento da audiência de

conciliação ou de mediação apresentado pelo réu, quando

ocorrer a hipótese do art. 334, § 4o, inciso I;

III - prevista no art. 231, de acordo com o modo como foi feita a

citação, nos demais casos.

§1o No caso de litisconsórcio passivo, ocorrendo a hipótese do

art. 334, § 6o, o termo inicial previsto no inciso II será, para cada

um dos réus, a data de apresentação de seu respectivo pedido de

cancelamento da audiência.

§ 2o Quando ocorrer a hipótese do art. 334, § 4

o, inciso II,

havendo litisconsórcio passivo e o autor desistir da ação em

relação a réu ainda não citado, o prazo para resposta correrá da

data de intimação da decisão que homologar a desistência

Neste instante, incumbe ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de defesa, expondo as razões de fato e de

direito com que impugna o pedido do autor e especificando as provas que pretende produzir (art. 336 NCPC).

4DIDIER, Jr., Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil, parte geral e processo de

conhecimento, 2015., p.605.

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Art. 301. Compete-lhe, porém, antes de discutir

o mérito, alegar:

(...)

X - carência de ação;

(...)

§ 1o Verifica-se a litispendência ou a coisa

julgada, quando se reproduz ação anteriormente

ajuizada.

§ 2o Uma ação é idêntica à outra quando tem as

mesmas partes, a mesma causa de pedir e o

mesmo pedido.

§ 3o Há litispendência, quando se repete ação,

que está em curso; há coisa julgada, quando se

repete ação que já foi decidida por sentença, de

que não caiba recurso.

§ 4o Com exceção do compromisso arbitral, o

juiz conhecerá de ofício da matéria enumerada

neste artigo.

Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar:

I – inexistência ou nulidade da citação.

(...)

XI - ausência de legitimidade ou de interesse processual;

(...)

XIII - indevida concessão do benefício de gratuidade de justiça.

§ 1o Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada, quando se

reproduz ação anteriormente ajuizada.

§ 2o Uma ação é idêntica à outra quando tem as mesmas partes, a

mesma causa de pedir e o mesmo pedido.

§ 3o Há litispendência quando se repete ação que está em curso.

§ 4o Há coisa julgada quando se repete ação que já foi decidida

por decisão transitada em julgado.

§ 5o Excetuadas a convenção de arbitragem e a incompetência

relativa, o juiz conhecerá de ofício das matérias enumeradas

neste artigo.

§ 6o A ausência de alegação da existência de convenção de

arbitragem, na forma prevista neste Capítulo, implica aceitação

da jurisdição estatal e renúncia ao juízo arbitral.

Ainda na contestação, o réu poderá propor reconvenção para manifestar pretensão própria, conexa com a ação

principal ou com o fundamento da defesa.(art. 343). Ainda, observe as alterações e/ou inclusão dos parágrafos:

Art. 315.O réu pode reconvir ao autor no

mesmo processo, toda vez que a reconvenção

seja conexa com a ação principal ou com o

fundamento da defesa.

Parágrafo único.Não pode o réu, em seu

próprio nome, reconvir ao autor, quando este

demandar em nome de outrem.

Art. 316. Oferecida a reconvenção, o autor

reconvindo será intimado, na pessoa do seu

procurador, para contestá-la no prazo de 15

(quinze) dias.

Art. 317. A desistência da ação, ou a existência

Art. 343. Na contestação, é lícito ao réu propor reconvenção

para manifestar pretensão própria, conexa com a ação principal

ou com o fundamento da defesa.

§ 1o Proposta a reconvenção, o autor será intimado, na pessoa de

seu advogado, para apresentar resposta no prazo de 15 (quinze)

dias.

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de qualquer causa que a extinga, não obsta ao

prosseguimento da reconvenção.

Art. 318. Julgar-se-ão na mesma sentença a

ação e a reconvenção.

§ 2o A desistência da ação ou a ocorrência de causa extintiva que

impeça o exame de seu mérito não obsta ao prosseguimento do

processo quanto à reconvenção.

§ 3o A reconvenção pode ser proposta contra o autor e terceiro.

§ 4o A reconvenção pode ser proposta pelo réu em litisconsórcio

com terceiro.

§ 5o Se o autor for substituto processual, o reconvinte deverá

afirmar ser titular de direito em face do substituído, e a

reconvenção deverá ser proposta em face do autor, também na

qualidade de substituto processual.

§ 6o O réu pode propor reconvenção independentemente de

oferecer contestação.

O Código de Processo Civil de 1973 em seu artigo 299, dispunha que a contestação e a reconvenção seriam

oferecidas simultaneamente, em peças autônomas, sendo a exceção, processada em apenso aos autos principais. Com a

entrada em vigor do novo código, a reconvenção deverá ser proposta na própria contestação, basta abrir um tópico

específico, conforme interpretação do caput do artigo 343.

6. Providências preliminares e Julgamento conforme o estado do processo

Apresentada ou não resposta do réu, inicia-se uma fase o procedimento comum que se denomina de fase de

saneamento ou fase de ordenamento do processo5.

De acordo com Daniel Amorim Assumpção Neves6 há poucas diferenças entre as providências preliminares

previstas no CPC/1973 e as dispostas no Novo Código de Processo Civil.

A mais significativa é amudança do prazo. Os arts. 350 e 351, que tratam da réplica do autor quando houver,

respectivamente, defesa de mérito indireta e defesa processual na contestação, preveem um prazo de quinze dias.O art.

348, que trata da especificação de provas para o autor quando o juiz não presumir verdadeiros os fatos diante da revelia

do réu, não prevê qualquer prazo para a manifestação, mas, para preservar a homogeneidade dessas reações do autor

reunidas no capítulo, é de presumir que o prazo também seja de quinze dias.

Art. 326.Se o réu, reconhecendo o fato em que

se fundou a ação, outro Ihe opuser impeditivo,

modificativo ou extintivo do direito do autor,

este será ouvido no prazo de 10 (dez) dias,

facultando-lhe o juiz a produção de prova

documental.

Art. 350. Se o réu alegar fato impeditivo, modificativo ou

extintivo do direito do autor, este será ouvido no prazo de 15

(quinze) dias, permitindo-lhe o juiz a produção de prova.

Art. 324. Se o réu não contestar a ação, o juiz,

verificando que não ocorreu o efeito da revelia,

mandará que o autor especifique as provas que

pretenda produzir na audiência.

Art. 348. Se o réu não contestar a ação, o juiz, verificando a

inocorrência do efeito da revelia previsto no art. 344, ordenará

que o autor especifique as provas que pretenda produzir, se ainda

não as tiver indicado.

Já a redação do dispositivo (art. 354 NCPC) não mereceelogios porque indica a existência de uma extinção

parcial do processo, o que éalgo rejeitado historicamente pela melhor doutrina7.

5DIDIER, Jr., Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil, parte geral e processo de

conhecimento, 2015., p.685.

6NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Novo Código de Processo Civil – Lei 13.105/2015, p. 327.

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Art. 329. Ocorrendo qualquer das hipóteses

previstas nos arts. 267 e 269, II a V, o juiz

declarará extinto o processo.

Art. 354. Ocorrendo qualquer das hipóteses previstas nos arts.

485 e 487, incisos II e III, o juiz proferirá sentença.

Parágrafo único. A decisão a que se refere o caput pode dizer

respeito a apenas parcela do processo, caso em que será

impugnável por agravo de instrumento.

Nas palavras de Daniel Amorim Assumpção Neves8 :

Teria sido mais cuidadoso o legislador se tivesse expressamente previsto que a decisão terminativa que diga

respeito a apenas parcela do processo é uma decisão interlocutória, recorrível por agravo de instrumento, aliás,

exatamente como ocorre no CPC/1973.

No que tange ao julgamento antecipado do mérito, e julgamento antecipado parcial do mérito as mudanças

foram:

Art. 330. O juiz conhecerá diretamente do

pedido, proferindo sentença:

I - quando a questão de mérito for unicamente

de direito, ou, sendo de direito e de fato, não

houver necessidade de produzir prova em

audiência;

II - quando ocorrer a revelia (art. 319).

Art. 355. O juiz julgará antecipadamente o pedido, proferindo

sentença com resolução de mérito, quando:

I - não houver necessidade de produção de outras provas;

II - o réu for revel, ocorrer o efeito previsto no art. 344 e não

houver requerimento de prova, na forma do art. 349.

Art. 356. O juiz decidirá parcialmente o mérito quando um ou

mais dos pedidos formulados ou parcela deles:

I - mostrar-se incontroverso;

II - estiver em condições de imediato julgamento, nos termos do

art. 355.

§ 1o A decisão que julgar parcialmente o mérito poderá

reconhecer a existência de obrigação líquida ou ilíquida.

§ 2o A parte poderá liquidar ou executar, desde logo, a obrigação

reconhecida na decisão que julgar parcialmente o mérito,

independentemente de caução, ainda que haja recurso contra essa

interposto.

§ 3o Na hipótese do § 2

o, se houver trânsito em julgado da

decisão, a execução será definitiva.

§ 4o A liquidação e o cumprimento da decisão que julgar

parcialmente o mérito poderão ser processados em autos

7NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Novo Código de Processo Civil – Lei 13.105/2015, p. 328.

8NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Novo Código de Processo Civil – Lei 13.105/2015, p. 329.

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suplementares, a requerimento da parte ou a critério do juiz.

§ 5o A decisão proferida com base neste artigo é impugnável por

agravo de instrumento.

Já o artigo 357 do Novo CPC refere-se ao “saneamento compartilhado”,onde a realização de uma audiência

para tal fim passa a ser excepcional, ocorrendoapenas se a causa apresentar complexidade em matéria de fato ou de

direito.

Art. 357. Não ocorrendo nenhuma das hipóteses deste Capítulo, deverá o juiz, em decisão de

saneamento e de organização do processo:I - resolver as questões processuais pendentes, se

houver;II - delimitar as questões de fato sobre as quais recairá a atividade probatória, especificando

os meios de prova admitidos;III - definir a distribuição do ônus da prova, observado o art. 373; IV -

delimitar as questões de direito relevantes para a decisão do mérito; V - designar, se necessário,

audiência de instrução e julgamento.

§ 1o Realizado o saneamento, as partes têm o direito de pedir esclarecimentos ou solicitar ajustes,

no prazo comum de 5 (cinco) dias, findo o qual a decisão se torna estável.

§ 2o As partes podem apresentar ao juiz, para homologação, delimitação consensual das questões de

fato e de direito a que se referem os incisos II e IV, a qual, se homologada, vincula as partes e o

juiz.

§ 3o Se a causa apresentar complexidade em matéria de fato ou de direito, deverá o juiz designar

audiência para que o saneamento seja feito em cooperação com as partes, oportunidade em que o

juiz, se for o caso, convidará as partes a integrar ou esclarecer suas alegações.

§ 4o Caso tenha sido determinada a produção de prova testemunhal, o juiz fixará prazo comum não

superior a 15 (quinze) dias para que as partes apresentem rol de testemunhas.

§ 5o Na hipótese do § 3

o, as partes devem levar, para a audiência prevista, o respectivo rol de

testemunhas.

§ 6o O número de testemunhas arroladas não pode ser superior a 10 (dez), sendo 3 (três), no

máximo, para a prova de cada fato.

§ 7o O juiz poderá limitar o número de testemunhas levando em conta a complexidade da causa e

dos fatos individualmente considerados.

§ 8o Caso tenha sido determinada a produção de prova pericial, o juiz deve observar o disposto no

art. 465 e, se possível, estabelecer, desde logo, calendário para sua realização.

§ 9o As pautas deverão ser preparadas com intervalo mínimo de 1 (uma) hora entre as audiências.

Observa-se que o § 3º deste dispositivo representa uma das principais inovações do novo código, trata-se de

uma regra que concretiza o princípio da cooperação disposto no art. 6º, CPC.

6.1 Das Provas (art. 369 e seguintes)

Art. 332. Todos os meios legais, bem como os

moralmente legítimos, ainda que não

especificados neste Código, são hábeis para

provar a verdade dos fatos, em que se funda a

ação ou a defesa.

Art. 369. As partes têm o direito de empregar todos os meios

legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não

especificados neste Código, para provar a verdade dos fatos em

que se funda o pedido ou a defesa e influir eficazmente na

convicção do juiz.

Art. 333. O ônus da prova incumbe:

I - ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu

direito;

I - ao réu, quanto à existência de fato

impeditivo, modificativo ou extintivo do direito

do autor.

Art. 373. O ônus da prova incumbe:

I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito;

II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo

ou extintivo do direito do autor.

§ 1o Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da

causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade

de cumprir o encargo nos termos do caput ou à maior facilidade

de obtenção da prova do fato contrário, poderá o juiz atribuir o

ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão

fundamentada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de

se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído.

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Parágrafo único. É nula a convenção que

distribui de maneira diversa o ônus da prova

quando:

I - recair sobre direito indisponível da parte;

II - tornar excessivamente difícil a uma parte o

exercício do direito.

§ 2o A decisão prevista no § 1

o deste artigo não pode gerar

situação em que a desincumbência do encargo pela parte seja

impossível ou excessivamente difícil.

§ 3o A distribuição diversa do ônus da prova também pode

ocorrer por convenção das partes, salvo quando:

I - recair sobre direito indisponível da parte;

II - tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do

direito.

§ 4o A convenção de que trata o § 3

o pode ser celebrada antes ou

durante o processo.

O Novo Código de Processo Civil inova quanto ao sistema de distribuição dos ônus probatórios, atendendo

correntedoutrinária que já vinha defendendo a chamada “distribuição dinâmica do ônus daprova”9.

Nas palavras de Daniel Amorim Assumpção Neves10

consagra-se legislativamente a ideia de que deve ter o ônus da prova a parte que apresentar maior facilidade em

produzir a prova e se livrar do encargo. Como essa maior facilidade dependerá do caso concreto, cabe ao juiz fazer a

análise e determinar qual o ônus de cada parte no processo.

Como visto, essa nova sistemática de distribuição do ônus da prova visa facilitar a produção de provas.

Art. 390. O incidente de falsidade tem lugar em

qualquer tempo e grau de jurisdição,

incumbindo à parte, contra quem foi produzido

o documento, suscitá-lo na contestação ou no

prazo de 10 (dez) dias, contados da intimação da

sua juntada aos autos

Art. 391.Quando o documento for oferecido

Art. 430. A falsidade deve ser suscitada na contestação, na

réplica ou no prazo de 15 (quinze) dias, contado a partir da

intimação da juntada do documento aos autos.

Parágrafo único. Uma vez arguida, a falsidade será resolvida

como questão incidental, salvo se a parte requerer que o juiz a

decida como questão principal, nos termos do inciso II do art.

19.

Art. 431. A parte arguirá a falsidade expondo os motivos em

que funda a sua pretensão e os meios com que provará o alegado.

9NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Novo Código de Processo Civil – Lei 13.105/2015, p. 342.

10NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Novo Código de Processo Civil – Lei 13.105/2015, p. 343.

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antes de encerrada a instrução, a parte o arguirá

de falso, em petição dirigida ao juiz da causa,

expondo os motivos em que funda a sua

pretensão e os meios com que provará o

alegado.

Art. 392. Intimada a parte, que produziu o

documento, a responder no prazo de 10 (dez)

dias, o juiz ordenará o exame pericial.

Parágrafo único. Não se procederá ao exame

pericial, se a parte, que produziu o documento,

concordar em retirá-lo e a parte contrária não se

opuser ao desentranhamento.

Art. 395.A sentença, que resolver o incidente,

declarará a falsidade ou autenticidade do

documento.

Art. 432. Depois de ouvida a outra parte no prazo de 15

(quinze) dias, será realizado oexame pericial.

Parágrafo único. Não se procederá ao exame pericial se a parte

que produziu o documento concordar em retirá-lo.

Art. 433. A declaração sobre a falsidade do documento, quando

suscitada como questão principal, constará da parte dispositiva

da sentença e sobre ela incidirá também a autoridade da coisa

julgada.

6.2.Produção de prova documental (arts. 434 a 438) e Documentos eletrônicos (arts. 439 a 411)

Art. 396. Compete à parte instruir a petição

inicial (art. 283),ou a resposta(art. 297), com os

documentos destinados a provar-lhe as

alegações.

Art. 397. É lícito às partes, em qualquer tempo,

juntar aos autos documentos novos, quando

destinados a fazer prova de fatos ocorridos

depois dos articulados, ou para contrapô-los aos

que foram produzidos nos autos.

Art. 434. Incumbe à parte instruir a petição inicial ou a

contestação com os documentos destinados a provar suas

alegações.

Parágrafo único. Quando o documento consistir em reprodução

cinematográfica ou fonográfica, a parte deverá trazê-lo nos

termos do caput, mas sua exposição será realizada em audiência,

intimando-se previamente as partes.

Art. 435. É lícito às partes, em qualquer tempo, juntar aos autos

documentos novos, quando destinados a fazer prova de fatos

ocorridos depois dos articulados ou para contrapô-los aos que

foram produzidos nos autos.

Parágrafo único. Admite-se também a juntada posterior de

documentos formados após a petição inicial ou a contestação,

bem como dos que se tornaram conhecidos, acessíveis ou

disponíveis após esses atos, cabendo à parte que os produzir

comprovar o motivo que a impediu de juntá-los anteriormente e

incumbindo ao juiz, em qualquer caso, avaliar a conduta da parte

de acordo com o art. 5o.

Art. 437.(...)§ 1o Sempre que uma das partes requerer a juntada

de documento aos autos, o juiz ouvirá, a seu respeito, a outra

parte, que disporá do prazo de 15 (quinze) dias para adotar

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Curso: O Novo CPC – 18 e 19 de Novembro de 2015 /Curitiba-PR

Art. 398. Sempre que uma das partes requerer a

juntada de documento aos autos, o juiz ouvirá, a

seu respeito, a outra, no prazo de 5 (cinco) dias.

Art. 399. O juiz requisitará às repartições

públicas em qualquer tempo ou grau de

jurisdição:

I - as certidões necessárias à prova das alegações

das partes;

II - os procedimentos administrativos nas causas

em que forem interessados a União, o Estado, o

Município, ou as respectivas entidades da

administração indireta.

§ 1o Recebidos os autos, o juiz mandará extrair,

no prazo máximo e improrrogável de 30 (trinta)

dias, certidões ou reproduções fotográficas das

peças indicadas pelas partes ou de ofício; findo

o prazo, devolverá os autos à repartição de

origem

§ 2o As repartições públicas poderão fornecer

todos os documentos em meio eletrônico

conforme disposto em lei, certificando, pelo

mesmo meio, que se trata de extrato fiel do que

consta em seu banco de dados ou do documento

digitalizado

qualquer das posturas indicadas no art. 436.

Art. 438. O juiz requisitará às repartições públicas, em qualquer

tempo ou grau de jurisdição:

I - as certidões necessárias à prova das alegações das partes;

II - os procedimentos administrativos nas causas em que forem

interessados a União, os Estados, o Distrito Federal, os

Municípios ou entidades da administração indireta.

§ 1o Recebidos os autos, o juiz mandará extrair, no prazo

máximo e improrrogável de 1 (um) mês, certidões ou

reproduções fotográficas das peças que indicar e das que forem

indicadas pelas partes, e, em seguida, devolverá os autos à

repartição de origem.

§ 2o As repartições públicas poderão fornecer todos os

documentos em meio eletrônico, conforme disposto em lei,

certificando, pelo mesmo meio, que se trata de extrato fiel do

que consta em seu banco de dados ou no documento digitalizado.

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Curso: O Novo CPC – 18 e 19 de Novembro de 2015 /Curitiba-PR

Inovação do Novo CPC:

Art. 439. A utilização de documentos eletrônicos no processo convencional dependerá de sua

conversão à forma impressa e da verificação de sua autenticidade, na forma da lei.

Art. 440. O juiz apreciará o valor probante do documento eletrônico não convertido, assegurado às

partes o acesso ao seu teor.

Art. 441. Serão admitidos documentos eletrônicos produzidos e conservados com a observância da

legislação específica.

6.4.Da prova testemunhal (artigos 442 a 449)

Art. 402.Qualquer que seja o valor do contrato,

é admissível a prova testemunhal, quando:

I - houver começo de prova por escrito,

reputando-se tal o documento emanado da parte

contra quem se pretende utilizar o documento

como prova;

II - o credor não pode ou não podia, moral ou

materialmente, obter a prova escrita da

obrigação, em casos como o de parentesco,

depósito necessário ou hospedagem em hotel.

Art. 405. Podem depor como testemunhas todas

as pessoas, exceto as incapazes, impedidas ou

suspeitas.

§ 2o São impedidos:

I - o cônjuge, bem como o ascendente e o

descendente em qualquer grau, ou colateral, até

o terceiro grau, de alguma das partes, por

consanguinidade ou afinidade, salvo se o exigir

o interesse público, ou, tratando-se de causa

relativa ao estado da pessoa, não se puder

obter de outro modo a prova, que o juiz repute

necessária ao julgamento do mérito

Art. 444. Nos casos em que a lei exigir prova escrita da

obrigação, é admissível a prova testemunhal quando houver

começo de prova por escrito, emanado da parte contra a qual se

pretende produzir a prova.

Art. 445. Também se admite a prova testemunhal quando o

credor não pode ou não podia, moral ou materialmente, obter a

prova escrita da obrigação, em casos como o de parentesco, de

depósito necessário ou de hospedagem em hotel ou em razão das

práticas comerciais do local onde contraída a obrigação.

Art. 447. Podem depor como testemunhas todas as pessoas,

exceto as incapazes, impedidas ou suspeitas.

§ 2o São impedidos:

I - o cônjuge, o companheiro, o ascendente e o descendente em

qualquer grau e o colateral, até o terceiro grau, de alguma das

partes, por consanguinidade ou afinidade, salvo se o exigir o

interesse público ou, tratando-se de causa relativa ao estado da

pessoa, não se puder obter de outro modo a prova que o juiz

repute necessária ao julgamento do mérito;

6.5 Da produção da prova testemunhal (artigos 450 a 463)

Art. 407. Incumbe às partes, no prazo que o juiz

fixará ao designar a data da audiência, depositar

em cartório o rol de testemunhas, precisando-

lhes o nome, profissão, residência e o local de

trabalho; omitindo-se o juiz, o rol será

apresentado até 10 (dez) dias antes da audiência.

Art. 450. O rol de testemunhas conterá, sempre que possível, o

nome, a profissão, o estado civil, a idade, o número de inscrição

no Cadastro de Pessoas Físicas, o número de registro de

identidade e o endereço completo da residência e do local de

trabalho.

Art. 357. Não ocorrendo nenhuma das hipóteses deste Capítulo,

deverá o juiz, em decisão de saneamento e de organização do

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Curso: O Novo CPC – 18 e 19 de Novembro de 2015 /Curitiba-PR

Parágrafo único. É lícito a cada parte oferecer,

no máximo, dez testemunhas; quando qualquer

das partes oferecer mais de três testemunhas

para a prova de cada fato, o juiz poderá

dispensar as restantes.

Art. 412.(...)

§ 3o A intimação poderáser feita pelo correio,

sob registro ou com entrega em mão própria,

quando a testemunha tiver residência certa.

processo:

§ 4o Caso tenha sido determinada a produção de prova

testemunhal, o juiz fixará prazo comum não superior a 15

(quinze) dias para que as partes apresentem rol de testemunhas.

§ 6o O número de testemunhas arroladas não pode ser superior a

10 (dez), sendo 3 (três), no máximo, para a prova de cada fato.

Art. 455. Cabe ao advogado da parte informar ou intimar a

testemunha por ele arrolada do dia, da hora e do local da

audiência designada, dispensando-se a intimação do juízo.

§ 1o A intimação deverá ser realizada por carta com aviso de

recebimento, cumprindo ao advogado juntar aos autos, com

antecedência de pelo menos 3 (três) dias da data da audiência,

cópia da correspondência de intimação e do comprovante de

recebimento.

Observação: essa nova forma de intimação (de

responsabilidade da parte) não afasta por completo a

intimação pela via judicial, conforme o § 4º.

§ 4º A intimação será feita pela via judicial quando:

I - for frustrada a intimação prevista no § 1o deste artigo;

II - sua necessidade for devidamente demonstrada pela parte ao

juiz;

III - figurar no rol de testemunhas servidor público ou militar,

hipótese em que o juiz o requisitará ao chefe da repartição ou ao

comando do corpo em que servir;

IV - a testemunha houver sido arrolada pelo Ministério Público

ou pela Defensoria Pública;

V - a testemunha for uma daquelas previstas no art. 454.

Art. 459. As perguntas serão formuladas pelas partes

diretamente à testemunha, começando pela que a arrolou, não

admitindo o juiz aquelas que puderem induzir a resposta, não

tiverem relação com as questões de fato objeto da atividade

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Curso: O Novo CPC – 18 e 19 de Novembro de 2015 /Curitiba-PR

Art. 416.O juiz interrogará a testemunha sobre

os fatos articulados, cabendo, primeiro à parte,

que a arrolou, e depois à parte contrária,

formular perguntas tendentes a esclarecer ou

completar o depoimento.

probatória ou importarem repetição de outra já respondida.

§ 1o O juiz poderá inquirir a testemunha tanto antes quanto

depois da inquirição feita pelas partes.

6.6 Da prova pericial (artigos 464 a 480)

A perícia é reconhecidamente o meio de prova mais complexo, demorado ecaro do sistema processual, sendo

compreensíveis as tentativas do legislador emevitar sua realização no caso concreto11

. Senão vejamos:

Art. 420. A prova pericial consiste em exame,

vistoria ou avaliação.

Parágrafo único. O juiz indeferirá a perícia

quando:

I - a prova do fato não depender do

conhecimento especial de técnico;

II - for desnecessária em vista de outras provas

produzidas;

III - a verificação for impraticável.

Art. 464. A prova pericial consiste em exame, vistoria ou

avaliação

§ 1o O juiz indeferirá a perícia quando:

I - a prova do fato não depender de conhecimento especial de

técnico;

II - for desnecessária em vista de outras provas produzidas;

III - a verificação for impraticável.

§ 2o De ofício ou a requerimento das partes, o juiz poderá, em

substituição à perícia, determinar a produção de prova técnica

simplificada, quando o ponto controvertido for de menor

complexidade.

§ 3o A prova técnica simplificada consistirá apenas na inquirição

de especialista, pelo juiz, sobre ponto controvertido da causa que

11

NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Novo Código de Processo Civil – Lei 13.105/2015, p. 384.

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Curso: O Novo CPC – 18 e 19 de Novembro de 2015 /Curitiba-PR

demande especial conhecimento científico ou técnico.

§ 4o Durante a arguição, o especialista, que deverá ter formação

acadêmica específica na área objeto de seu depoimento, poderá

valer-se de qualquer recurso tecnológico de transmissão de sons

e imagens com o fim de esclarecer os pontos controvertidos da

causa.

Art. 471. As partes podem, de comum acordo, escolher o perito,

indicando-o mediante requerimento, desde que:

I - sejam plenamente capazes;

II - a causa possa ser resolvida por autocomposição.

§ 1o As partes, ao escolher o perito, já devem indicar os

respectivos assistentes técnicos para acompanhar a realização da

perícia, que se realizará em data e local previamente anunciados.

§ 2o O perito e os assistentes técnicos devem entregar,

respectivamente, laudo e pareceres em prazo fixado pelo juiz.

§ 3o A perícia consensual substitui, para todos os efeitos, a que

seria realizada por perito nomeado pelo juiz.

7.Da Audiência

Art. 444. A audiência será pública; nos casos de

que trata o art. 155, realizar-se-á a portas

fechadas.

Art. 448.Antes de iniciar a instrução, o juiz

tentará conciliar as partes. Chegando a acordo, o

juiz mandará tomá-lo por termo.

Art. 450. No dia e hora designados, o juiz

declarará aberta a audiência, mandando apregoar

as partes e os seus respectivos advogados.

Art. 455. A audiência é una e contínua. Não

sendo possível concluir, num só dia, a instrução,

o debate e o julgamento, o juiz marcará o seu

prosseguimento para dia próximo.

Art. 456. Encerrado o debate ou oferecidos os

memoriais, o juiz proferirá a sentença desde

logo ou no prazo de 10 (dez) dias.

Art. 368. A audiência será pública, ressalvadas as exceções

legais.

Art. 359. Instalada a audiência, o juiz tentará conciliar as

partes, independentemente do emprego anterior de outros

métodos de solução consensual de conflitos, como a mediação

e a arbitragem.

Art. 358. No dia e na hora designados, o juiz declarará aberta

a audiência de instrução e julgamento e mandará apregoar as

partes e os respectivos advogados, bem como outras pessoas

que dela devam participar.

Art. 365. A audiência é una e contínua, podendo ser

excepcional e justificadamente cindida na ausência de perito ou

de testemunha, desde que haja concordância das partes.

Parágrafo único. Diante da impossibilidade de realização da

instrução, do debate e do julgamento no mesmo dia, o juiz

marcará seu prosseguimento para a data mais próxima possível,

em pauta preferencial.

Art. 366. Encerrado o debate ou oferecidas as razões finais, o

juiz proferirá sentença em audiência ou no prazo de 30 (trinta)

dias.

Sobre o tema da gravação da audiência tratado pelos §§ 5.º e 6.º do art. 367 do Novo CPC, assim escreve Daniel

Amorim Assumpção Neves12

:

12

NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Novo Código de Processo Civil – Lei 13.105/2015, p. 337.

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nos termos do § 5.º, a audiência poderá ser integralmente gravada em imagem e em áudio, em meio digital ou analógico,

desde que assegure o rápido acesso das partes e dos órgãos julgadores, observada a legislação específica. E, segundo o §

6.º, a gravação a que se refere o § 5.º também pode ser realizada diretamente por qualquer das partes,independentemente

de autorização judicial.

8. Sentença

Art. 458. São requisitos essenciais da sentença:

I - o relatório, que conterá os nomes das partes,

a suma do pedido e da resposta do réu, bem

como o registro das principais ocorrências

havidas no andamento do processo;

II - os fundamentos, em que o juiz analisará as

questões de fato e de direito;

III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as

questões, que as partes Ihe submeterem.

Art. 466. A sentença que condenar o réu no

pagamento de uma prestação, consistente em

dinheiro ou em coisa, valerá como título

constitutivo de hipoteca judiciária, cuja

inscrição será ordenada pelo juiz na forma

prescrita na Lei de Registros Públicos.

Parágrafo único. A sentença condenatória

produz a hipoteca judiciária:

I - embora a condenação seja genérica;

II - pendente arresto de bens do devedor;

III - ainda quando o credor possa promover a

execução provisória da sentença.

Art. 489. São elementos essenciais da sentença:

I - o relatório, que conterá os nomes das partes, a identificação

do caso, com a suma do pedido e da contestação, e o registro das

principais ocorrências havidas no andamento do processo;

II - os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e

de direito;

III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões principais

que as partes lhe submeterem.

§ 1º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial,

seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que:

I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato

normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão

decidida;

II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o

motivo concreto de sua incidência no caso;

III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra

decisão;

IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo

capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador;

V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem

identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que

o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos;

VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou

precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de

distinção no caso em julgamento ou a superação do

entendimento.

§ 2º No caso de colisão entre normas, o juiz deve justificar o

objeto e os critérios gerais da ponderação efetuada, enunciando

as razões que autorizam a interferência na norma afastada e as

premissas fáticas que fundamentam a conclusão.

§ 3º A decisão judicial deve ser interpretada a partir da

conjugação de todos os seus elementos e em conformidade com

o princípio da boa-fé.

Art. 495. A decisão que condenar o réu ao pagamento de

prestação consistente em dinheiro e a que determinar a

conversão de prestação de fazer, de não fazer ou de dar coisa em

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prestação pecuniária valerão como título constitutivo de hipoteca

judiciária.

§ 1o A decisão produz a hipoteca judiciária:

I - embora a condenação seja genérica;

II - ainda que o credor possa promover o cumprimento

provisório da sentença ou esteja pendente arresto sobre bem do

devedor;

III - mesmo que impugnada por recurso dotado de efeito

suspensivo.

§ 2º A hipoteca judiciária poderá ser realizada mediante

apresentação de cópia da sentença perante o cartório de registro

imobiliário, independentemente de ordem judicial, de declaração

expressa do juiz ou de demonstração de urgência.

§ 3º No prazo de até 15 (quinze) dias da data de realização da

hipoteca, a parte informá-la-á ao juízo da causa, que determinará

a intimação da outra parte para que tome ciência do ato.

§ 4º A hipoteca judiciária, uma vez constituída, implicará, para o

credor hipotecário, o direito de preferência, quanto ao

pagamento, em relação a outros credores, observada a prioridade

no registro.

§ 5º Sobrevindo a reforma ou a invalidação da decisão que

impôs o pagamento de quantia, a parte responderá,

independentemente de culpa, pelos danos que a outra parte tiver

sofrido em razão da constituição da garantia, devendo o valor da

indenização ser liquidado e executado nos próprios autos.

9. Da Coisa Julgada

Art. 467. Denomina-se coisa julgada material a

eficácia, que torna imutável e indiscutível a

sentença, não mais sujeita a recurso ordinário ou

extraordinário.

Art. 468. A sentença, que julgar total ou

parcialmente a lide, tem força de lei nos limites

da lide e das questões decididas.

Art. 502. Denomina-se coisa julgada material a autoridade que

torna imutável e indiscutível a decisão de mérito não mais sujeita

a recurso.

Art. 503. A decisão que julgar total ou parcialmente o mérito

tem força de lei nos limites da questão principal expressamente

decidida.

§ 1º O disposto no caput aplica-se à resolução de questão

prejudicial, decidida expressa e incidentemente no processo, se:

I - dessa resolução depender o julgamento do mérito;

II - a seu respeito tiver havido contraditório prévio e efetivo, não

se aplicando no caso de revelia;

III - o juízo tiver competência em razão da matéria e da pessoa

para resolvê-la como questão principal.

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Art. 474.Passada em julgado a sentença de

mérito, reputar-se-ão deduzidas e repelidas todas

as alegações e defesas, que a parte poderia opor

assim ao acolhimento como à rejeição do

pedido.

§ 2º A hipótese do § 1o não se aplica se no processo houver

restrições probatórias ou limitações à cognição que impeçam o

aprofundamento da análise da questão prejudicial.

Art. 508. Transitada em julgado a decisão de mérito,

considerar-se-ão deduzidas e repelidas todas as alegações e as

defesas que a parte poderia opor tanto ao acolhimento quanto à

rejeição do pedido.

10.Cumprimento de Sentença (artigo 513 e seguintes)

Art. 475-I. O cumprimento da sentença far-se-á

conforme os arts. 461 e 461-A desta Lei ou,

tratando-se de obrigação por quantia certa, por

execução, nos termos dos demais artigos deste

Capítulo.

§ 1o É definitiva a execução da sentença

transitada em julgado e provisória quando se

tratar de sentença impugnada mediante recurso

ao qual não foi atribuído efeito suspensivo.

§ 2o Quando na sentença houver uma parte

líquida e outra ilíquida, ao credor é lícito

promover simultaneamente a execução daquela

e, em autos apartados, a liquidação desta

Art. 513. O cumprimento da sentença será feito segundo as

regras deste Título, observando-se, no que couber e conforme a

natureza da obrigação, o disposto no Livro II da Parte Especial

deste Código.

§ 1º O cumprimento da sentença que reconhece o dever de pagar

quantia, provisório ou definitivo, far-se-á a requerimento do

exequente.

Art. 509. Quando a sentença condenar ao pagamento de quantia

ilíquida, proceder-se-á à sua liquidação, a requerimento do

credor ou do devedor:

§ 1o Quando na sentença houver uma parte líquida e outra

ilíquida, ao credor é lícito promover simultaneamente a execução

daquela e, em autos apartados, a liquidação desta.

Art. 517. A decisão judicial transitada em julgado poderá ser

levada a protesto, nos termos da lei, depois de transcorrido o

prazo para pagamento voluntário previsto no art. 523.

§ 1º Para efetivar o protesto, incumbe ao exequente apresentar

certidão de teor da decisão.

§ 2º A certidão de teor da decisão deverá ser fornecida no prazo

de 3 (três) dias e indicará o nome e a qualificação do exequente e

do executado, o número do processo, o valor da dívida e a data

de decurso do prazo para pagamento voluntário.

§ 3º O executado que tiver proposto ação rescisória para

impugnar a decisão exequenda pode requerer, a suas expensas e

sob sua responsabilidade, a anotação da propositura da ação à

margem do título protestado.

§ 4º A requerimento do executado, o protesto será cancelado por

determinação do juiz, mediante ofício a ser expedido ao cartório,

no prazo de 3 (três) dias, contado da data de protocolo do

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requerimento, desde que comprovada a satisfação integral da

obrigação.

11. Recursos - Disposições Gerais

Art. 496. São cabíveis os seguintes recursos:

I - apelação;

II - agravo;

III - embargos infringentes;

IV - embargos de declaração;

V - recurso ordinário;

Vl - recurso especial;

Vll - recurso extraordinário;

VIII - embargos de divergência em recurso

especial e em recurso extraordinário.

Art. 994. São cabíveis os seguintes recursos:

I - apelação;

II - agravo de instrumento;

III - agravointerno;

IV - embargos de declaração;

V - recurso ordinário;

VI - recurso especial;

VII - recurso extraordinário;

VIII - agravo em recurso especial ou extraordinário;

IX - embargos de divergência.

12. Dos Recursos propriamente ditos

No novo Código de Processo Civil, o recurso de apelação serve não apenas para impugnar as questões decididas

na sentença, mas também se presta para impugnar todas as questõesdecididas ao longo do procedimento que não

comportarem recurso de agravo de instrumento(art. 1.009, § 1º).

12.1. Da Apelação

De acordo com Marcus Vinícius Rios Gonçalves13

, a apelação é o recurso que cabe contra sentença, definida

como ato que põe fim ao processo, ou à fase condenatória.

Porém, com a entrada em vigor do novo código, este recurso sofreu alterações, "serve não apenas para

impugnar as questões decididas na sentença, mas também se presta para impugnar todas as questõesdecididas ao longo

do procedimento que não comportarem recurso de agravo de instrumento"14

.

Nas palavras de Daniel Amorim Assumpção Neves15

:

É regra muito similar a aplicável atualmente nos Juizados Especiais, que tem o recurso inominado como o

cabível contra sentença, aplicando-se também a esse recurso a impugnação das decisões interlocutórias proferidas

durante o procedimento.

O juízo de admissibilidade da apelação, na sistemática do novo CPC será feito apenas perante o tribunal

competente, não havendo exame pelo órgão a quo, conforme se verifica do artigo 1.010, § 3º). Da mesma forma, nada

declarará sobre os efeitos desse recebimento.

13

GONÇALVES, Marcus Vinícius Rios. Direito processual civil esquematizado. Coordenador Pedro Lenza.p.,573.

14MARINONI, Luiz Guilherme. Curso de Processo Civil. Tutela dos direitos mediante procedimento comum. Volume

2., p. 527.

15NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Novo Código de Processo Civil – Lei 13.105/2015, p. 686.

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Art. 513. Da sentença caberá apelação (arts. 267

e 269).

Art. 514. A apelação, interposta por petição

dirigida ao juiz, conterá:

I - os nomes e a qualificação das partes;

II - os fundamentos de fato e de direito;

III - o pedido de nova decisão.

Art. 515. A apelação devolverá ao tribunal o

conhecimento da matéria impugnada.

Art. 1.009. Da sentença cabe apelação.

§ 1º As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a

decisão a seu respeito não comportar agravo de instrumento, não

são cobertas pela preclusão e devem ser suscitadas em preliminar

de apelação, eventualmente interposta contra a decisão final, ou

nas contrarrazões.

§ 2º Se as questões referidas no § 1º forem suscitadas em

contrarrazões, o recorrente será intimado para, em 15 (quinze)

dias, manifestar-se a respeito delas.

§ 3º O disposto no caput deste artigo aplica-se mesmo quando as

questões mencionadas no art. 1.015 integrarem capítulo da

sentença.

Art. 1.010. A apelação, interposta por petição dirigida ao juízo

de primeiro grau, conterá:

I - os nomes e a qualificação das partes;

II - a exposição do fato e do direito;

III - as razões do pedido de reforma ou de decretação de

nulidade;

IV - o pedido de nova decisão.

§ 1º O apelado será intimado para apresentar contrarrazões no

prazo de 15 (quinze) dias.

§ 2º Se o apelado interpuser apelação adesiva, o juiz intimará o

apelante para apresentar contrarrazões.

§ 3º Após as formalidades previstas nos §§ 1º e 2º, os autos serão

remetidos ao tribunal pelo juiz, independentemente de juízo de

admissibilidade.

Art. 1.013. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da

matéria impugnada.

§ 1º Serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo

tribunal todas as questões suscitadas e discutidas no processo,

ainda que não tenham sido solucionadas, desde que relativas ao

capítulo impugnado.

§ 2º Quando o pedido ou a defesa tiver mais de um fundamento e

o juiz acolher apenas um deles, a apelação devolverá ao tribunal

o conhecimento dos demais.

§ 3º Se o processo estiver em condições de imediato julgamento,

o tribunal deve decidir desde logo o mérito quando:

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Curso: O Novo CPC – 18 e 19 de Novembro de 2015 /Curitiba-PR

§ 1º Serão, porém, objeto de apreciação e

julgamento pelo tribunal todas as questões

suscitadas e discutidas no processo, ainda que a

sentença não as tenha julgado por inteiro.

§ 2º Quando o pedido ou a defesa tiver mais de

um fundamento e o juiz acolher apenas um

deles, a apelação devolverá ao tribunal o

conhecimento dos demais.

§ 3º Nos casos de extinção do processo sem

julgamento do mérito (art. 267), o tribunal pode

julgar desde logo a lide, se a causa versar

questão exclusivamente de direito e estiver em

condições de imediato julgamento.

§ 4o Constatando a ocorrência de nulidade

sanável, o tribunal poderá determinar a

realização ou renovação do ato processual,

intimadas as partes; cumprida a diligência,

sempre que possível prosseguirá o julgamento

da apelação.

Art. 520. A apelação será recebida em seu efeito

devolutivo e suspensivo. Será, no entanto,

recebida só no efeito devolutivo, quando

interposta de sentença que:

I - homologar a divisão ou a demarcação; II -

condenar à prestação de alimentos;

III - (Revogado pela Lei nº 11.232, de 2005)

IV - decidir o processo cautelar;

V - rejeitar liminarmente embargos à execução

ou julgá-los improcedentes;

VI - julgar procedente o pedido de instituição de

I - reformar sentença fundada no art. 485;

II - decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente

com os limites do pedido ou da causa de pedir;

III - constatar a omissão no exame de um dos pedidos, hipótese

em que poderá julgá-lo;

IV - decretar a nulidade de sentença por falta de fundamentação.

§ 4º Quando reformar sentença que reconheça a decadência ou a

prescrição, o tribunal, se possível, julgará o mérito, examinando

as demais questões, sem determinar o retorno do processo ao

juízo de primeiro grau.

§ 5º O capítulo da sentença que confirma, concede ou revoga a

tutela provisória é impugnável na apelação.

Art. 1.012. A apelação terá efeito suspensivo.

§ 1o Além de outras hipóteses previstas em lei, começa a

produzir efeitos imediatamente após a sua publicação a sentença

que:

I - homologa divisão ou demarcação de terras;

II - condena a pagar alimentos;

III - extingue sem resolução do mérito ou julga improcedentes os

embargos do executado;

IV - julga procedente o pedido de instituição de arbitragem;

V - confirma, concede ou revoga tutela provisória;

VI - decreta a interdição.

§ 2º Nos casos do § 1º, o apelado poderá promover o pedido de

cumprimento provisório depois de publicada a sentença.

§ 3º O pedido de concessão de efeito suspensivo nas hipóteses

do § 1o poderá ser formulado por requerimento dirigido ao:

I - tribunal, no período compreendido entre a interposição da

apelação e sua distribuição, ficando o relator designado para seu

exame prevento para julgá-la;

II - relator, se já distribuída a apelação.

§ 4º Nas hipóteses do § 1º, a eficácia da sentença poderá ser

suspensa pelo relator se o apelante demonstrar a probabilidade

de provimento do recurso ou se, sendo relevante a

fundamentação, houver risco de dano grave ou de difícil

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Curso: O Novo CPC – 18 e 19 de Novembro de 2015 /Curitiba-PR

arbitragem.

VII - confirmar a antecipação dos efeitos da

tutela;

Art. 521. Recebida a apelação em ambos os

efeitos, o juiz não poderá inovar no processo;

recebida só no efeito devolutivo, o apelado

poderá promover, desde logo, a

execuçãoprovisória da sentença, extraindo a

respectiva carta.

reparação.

12.2. Agravo de Instrumento

No novo sistema recursal criado pelo Novo Código de Processo Civil é excluídoo agravo retido e o cabimento

do agravo de instrumento está limitado àssituações previstas em lei16

. Ou seja, o artigo 1.015 trouxe um rol taxativo.

Art. 522. Das decisões interlocutórias caberá

agravo, no prazo de 10 (dez) dias, na forma

retida, salvo quando se tratar de decisão

suscetível de causar à parte lesão grave e de

difícil reparação, bem como nos casos de

inadmissão da apelação e nos relativos aos

efeitos em que a apelação é recebida, quando

será admitida a sua interposição por instrumento

Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões

interlocutórias que versarem sobre:

I - tutelas provisórias;

II - mérito do processo;

III - rejeição da alegação de convenção de arbitragem;

IV - incidente de desconsideração da personalidade jurídica;

V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento

do pedido de sua revogação;

VI - exibição ou posse de documento ou coisa;

VII - exclusão de litisconsorte;

VIII - rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio;

IX - admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros;

X - concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo

aos embargos à execução;

XI - redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, §

1o;

XII - (VETADO);

XIII - outros casos expressamente referidos em lei.

Parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento contra

decisões interlocutórias proferidas na fase de liquidação de

sentença ou de cumprimento de sentença, no processo de

16

NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Novo Código de Processo Civil – Lei 13.105/2015, p. 694.

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Curso: O Novo CPC – 18 e 19 de Novembro de 2015 /Curitiba-PR

execução e no processo de inventário.

Art. 525. A petição de agravo de instrumento

será instruída:

I - obrigatoriamente, com cópias da decisão

agravada, da certidão da respectiva intimação e

das procurações outorgadas aos advogados do

agravante e do agravado;

II - facultativamente, com outras peças que o

agravante entender úteis.

§ 1º Acompanhará a petição o comprovante do

pagamento das respectivas custas e do porte de

retorno, quando devidos, conforme tabela que

será publicada pelos tribunais.

§ 2º No prazo do recurso, a petição será

protocolada no tribunal, ou postada no correio

sob registro com aviso de recebimento, ou,

ainda, interposta por outra forma prevista na lei

local.

Art. 1.017. A petição de agravo de instrumento será instruída:

I - obrigatoriamente, com cópias da petição inicial, da

contestação, da petição que ensejou a decisão agravada, da

própria decisão agravada, da certidão da respectiva intimação ou

outro documento oficial que comprove a tempestividade e das

procurações outorgadas aos advogados do agravante e do

agravado;

II - com declaração de inexistência de qualquer dos documentos

referidos no inciso I, feita pelo advogado do agravante, sob pena

de sua responsabilidade pessoal;

III - facultativamente, com outras peças que o agravante reputar

úteis.

§ 1º Acompanhará a petição o comprovante do pagamento das

respectivas custas e do porte de retorno, quando devidos,

conforme tabela publicada pelos tribunais.

§ 2º No prazo do recurso, o agravo será interposto por:

I - protocolo realizado diretamente no tribunal competente para

julgá-lo;

II - protocolo realizado na própria comarca, seção ou subseção

judiciárias;

III - postagem, sob registro, com aviso de recebimento;

IV - transmissão de dados tipo fac-símile, nos termos da lei;

V - outra forma prevista em lei.

§ 3º Na falta da cópia de qualquer peça ou no caso de algum

outro vício que comprometa a admissibilidade do agravo de

instrumento, deve o relator aplicar o disposto no art. 932,

parágrafo único.

§ 4º Se o recurso for interposto por sistema de transmissão de

dados tipo fac-símile ou similar, as peças devem ser juntadas no

momento de protocolo da petição original.

§ 5º Sendo eletrônicos os autos do processo, dispensam-se as

peças referidas nos incisos I e II do caput, facultando-se ao

agravante anexar outros documentos que entender úteis para a

compreensão da controvérsia.

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Curso: O Novo CPC – 18 e 19 de Novembro de 2015 /Curitiba-PR

Art. 526. O agravante, no prazo de 3 (três) dias,

requererá juntada, aos autos do processo de

cópia da petição do agravo de instrumento e do

comprovante de sua interposição, assim como a

relação dos documentos que instruíram o

recurso.

Parágrafo único. O não cumprimento do

disposto neste artigo, desde que arguido e

provado pelo agravado, importa

inadmissibilidade do agravo.

Art. 1.018. O agravante poderá requerer a juntada, aos autos do

processo, de cópia da petição do agravo de instrumento, do

comprovante de sua interposição e da relação dos documentos

que instruíram o recurso.

§ 2º Não sendo eletrônicos os autos, o agravante tomará a

providência prevista no caput, no prazo de 3 (três) dias a contar

da interposição do agravo de instrumento.

§ 3º O descumprimento da exigência de que trata o § 2º, desde

que arguido e provado pelo agravado, importa inadmissibilidade

do agravo de instrumento.

Novo CPC

Art. 1.003. O prazo para interposição de recurso conta-se da data em que os advogados, a sociedade de advogados,

a Advocacia Pública, a Defensoria Pública ou o Ministério Público são intimados da decisão.

§ 5º Excetuados os embargos de declaração, o prazo para interpor os recursos e para responder-lhes é de 15 (quinze)

dias.

Art. 527. Recebido o agravo de instrumento no

tribunal, e distribuído incontinenti, o relator:

I - negar-lhe-á seguimento, liminarmente, nos

casos do art. 557;

II - converterá o agravo de instrumento em

agravo retido, salvo quando se tratar de decisão

suscetível de causar à parte lesão grave e de

difícil reparação, bem como nos casos de

inadmissão da apelação e nos relativos aos

efeitos em que a apelação é recebida, mandando

remeter os autos ao juiz da causa;

III - poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso

(art. 558), ou deferir, em antecipação de tutela,

total ou parcialmente, a pretensão recursal,

comunicando ao juiz sua decisão;

IV - poderá requisitar informações ao juiz da

causa, que as prestará no prazo de 10 (dez) dias;

V - mandará intimar o agravado, na mesma

oportunidade, por ofício dirigido ao seu

advogado, sob registro e com aviso de

recebimento, para que responda no prazo de 10

(dez) dias (art. 525, § 2o), facultando-lhe juntar a

documentação que entender conveniente, sendo

que, nas comarcas sede de tribunal e naquelas

em que o expediente forense for divulgado no

Art. 1.019. Recebido o agravo de instrumento no tribunal e

distribuído imediatamente, se não for o caso de aplicação do art.

932, incisos III e IV, o relator, no prazo de 5 (cinco) dias:

I - poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso ou deferir, em

antecipação de tutela, total ou parcialmente, a pretensão recursal,

comunicando ao juiz sua decisão;

II - ordenará a intimação do agravado pessoalmente, por carta

com aviso de recebimento, quando não tiver procurador

constituído, ou pelo Diário da Justiça ou por carta com aviso de

recebimento dirigida ao seu advogado, para que responda no

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Curso: O Novo CPC – 18 e 19 de Novembro de 2015 /Curitiba-PR

diário oficial, a intimação far-se-á mediante

publicação no órgão oficial;

VI - ultimadas as providências referidas nos

incisos III a V do caput deste artigo, mandará

ouvir o Ministério Público,se for o caso, para

que se pronuncie no prazo de 10 (dez) dias.

Parágrafo único. A decisão liminar, proferida

nos casos dos incisos II e III do caput deste

artigo, somente é passível de reforma no

momento do julgamento do agravo, salvo se o

próprio relator a reconsiderar.

prazo de 15 (quinze) dias, facultando-lhe juntar a documentação

que entender necessária ao julgamento do recurso;

III - determinará a intimação do Ministério

Público,preferencialmente por meio eletrônico, quando for o

caso de sua intervenção, para que se manifeste no prazo de 15

(quinze) dias.

12.3. Agravo em Recurso Especial e em Recurso Extraordinário

Nas palavras de Daniel Amorim Assumpção Neves17

O agravo atualmente previsto no art. 544 do CPC/1973 deixa de existir no Novo Código de Processo Civil porque o

tribunal de segundo grau não terá mais em regra competência para fazer o juízo de admissibilidade desse recurso,

limitando-se a intimar o recorrido para apresentação de contrarrazões e imediatamente enviar os autos ao tribunal

superior (art. 1.030 do Novo CPC).

Atenção: esta posição poderá ser alterada, em face do Projeto de Lei no Senado 414/2015 (ver tópico específico abaixo

– comentário ao artigo 1.030 – parágrafo único), que, se aprovado este Projeto e convertido em Lei, certamente trará

novamente este Recurso para a esfera processual.

Art. 544. Não admitido o recurso

extraordinário ou o recurso especial, caberá

agravo nos próprios autos, no prazo de 10 (dez)

dias.

Art. 1.042. Cabe agravo contra decisão de presidente ou de

vice-presidente do tribunal que:

I - indeferir pedido formulado com base no art. 1.035, § 6º, ou no

art. 1.036, § 2º, de inadmissão de recurso especial ou

extraordinário intempestivo

II - inadmitir, com base no art. 1.040, inciso I, recurso especial

ou extraordinário sob o fundamento de que o acórdão recorrido

coincide com a orientação do tribunal superior;

III - inadmitir recurso extraordinário, com base no art. 1.035, §

8o, ou no art. 1.039, parágrafo único, sob o fundamento de que o

Supremo Tribunal Federal reconheceu a inexistência de

repercussão geral da questão constitucional discutida.

§ 1o Sob pena de não conhecimento do agravo, incumbirá ao

agravante demonstrar, de forma expressa:

17

NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Novo Código de Processo Civil – Lei 13.105/2015, p. 706.

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§ 2º A petição de agravo será dirigida à

presidência do tribunal de origem, não

dependendo do pagamento de custas e despesas

postais. O agravado será intimado, de imediato,

para no prazo de 10 (dez) dias oferecer resposta,

podendo instruí-la com cópias das peças que

entender conveniente. Em seguida, subirá o

agravo ao tribunal superior, onde será

processado na forma regimental.

§ 3º O agravado será intimado, de imediato,

para no prazo de 10 (dez) dias oferecer resposta.

Em seguida, os autos serão remetidos à superior

instância, observando-se o disposto no art. 543

deste Código e, no que couber, na Lei

no 11.672, de 8 de maio de 2008.

I - a intempestividade do recurso especial ou extraordinário

sobrestado, quando o recurso fundar-se na hipótese do inciso I

do caput deste artigo;

II - a existência de distinção entre o caso em análise e o

precedente invocado, quando a inadmissão do recurso:

a) especial ou extraordinário fundar-se em entendimento firmado

em julgamento de recurso repetitivo por tribunal superior;

b) extraordinário fundar-se em decisão anterior do Supremo

Tribunal Federal de inexistência de repercussão geral da questão

constitucional discutida.

§ 2o A petição de agravo será dirigida ao presidente ou vice-

presidente do tribunal de origem e independe do pagamento de

custas e despesas postais.

§ 3o O agravado será intimado, de imediato, para oferecer

resposta no prazo de 15 (quinze) dias.

§ 4o Após o prazo de resposta, não havendo retratação, o agravo

será remetido ao tribunal superior competente.

§ 5o O agravo poderá ser julgado, conforme o caso,

conjuntamente com o recurso especial ou extraordinário,

assegurada, neste caso, sustentação oral, observando-se, ainda, o

disposto no regimento interno do tribunal respectivo.

§ 6o Na hipótese de interposição conjunta de recursos

extraordinário e especial, o agravante deverá interpor um agravo

para cada recurso não admitido.

§ 7o Havendo apenas um agravo, o recurso será remetido ao

tribunal competente, e, havendo interposição conjunta, os autos

serão remetidos ao Superior Tribunal de Justiça.

§ 8o Concluído o julgamento do agravo pelo Superior Tribunal

de Justiça e, se for o caso, do recurso especial,

independentemente de pedido, os autos serão remetidos ao

Supremo Tribunal Federal para apreciação do agravo a ele

dirigido, salvo se estiver prejudicado.

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Curso: O Novo CPC – 18 e 19 de Novembro de 2015 /Curitiba-PR

§ 1o O agravante deverá interpor um agravo

para cada recurso não admitido.

12.4. Agravo Interno

O novo código simplifica significativamente a atualconfusão entre agravo interno e agravo regimental. Numa só

previsão, o art. 1.021prevê que da decisão monocrática do relator cabe agravo interno para o respectivoórgão colegiado.

Novo CPC

Art. 1.021. Contra decisão proferida pelo relator caberá agravo interno para o respectivo órgão colegiado,

observadas, quanto ao processamento, as regras do regimento interno do tribunal.

§ 1º Na petição de agravo interno, o recorrente impugnará especificadamente os fundamentos da decisão agravada.

§ 2º O agravo será dirigido ao relator, que intimará o agravado para manifestar-se sobre o recurso no prazo de 15

(quinze) dias, ao final do qual, não havendo retratação, o relator levá-lo-á a julgamento pelo órgão colegiado, com

inclusão em pauta.

§ 3º É vedado ao relator limitar-se à reprodução dos fundamentos da decisão agravada para julgar improcedente o

agravo interno.

§ 4º Quando o agravo interno for declarado manifestamente inadmissível ou improcedente em votação unânime, o

órgão colegiado, em decisão fundamentada, condenará o agravante a pagar ao agravado multa fixada entre um e

cinco por cento do valor atualizado da causa.

§ 5º A interposição de qualquer outro recurso está condicionada ao depósito prévio do valor da multa prevista no §

4º, à exceção da Fazenda Pública e do beneficiário de gratuidade da justiça, que farão o pagamento ao final.

13. Recurso Especial e Recurso Extraordinário (artigos 1.029 a 1.035)

Com o novo código de processo civil, a competência do presidente ou vice-presidente do respectivo Tribunal

para o juízo de admissibilidade do recurso extraordinário e/ou recurso especial, prevista no art. 542, § 1º, CPC/73 foi

extinta. Assim, o novo código determina a remessa direta do recurso para o respectivo Tribunal Superior, que fará então

o juízo de admissibilidade (art. 1.030, parágrafo único, CPC/15).

Art. 541. O recurso extraordinário e o recurso

especial, nos casos previstos na Constituição

Federal, serão interpostos perante o presidente

ou o vice-presidente do tribunal recorrido, em

petições distintas, que conterão:

I - a exposição do fato e do direito;

Il - a demonstração do cabimento do recurso

interposto;

III - as razões do pedido de reforma da decisão

recorrida.

(...)

Art. 1.029. O recurso extraordinário e o recurso especial, nos

casos previstos na Constituição Federal, serão interpostos

perante o presidente ou o vice-presidente do tribunal recorrido,

em petições distintas que conterão:

I - a exposição do fato e do direito;

II - a demonstração do cabimento do recurso interposto;

III - as razões do pedido de reforma ou de invalidação da decisão

recorrida.

§ 1o Quando o recurso fundar-se em dissídio jurisprudencial, o

recorrente fará a prova da divergência com a certidão, cópia ou

citação do repositório de jurisprudência, oficial ou credenciado,

inclusive em mídia eletrônica, em que houver sido publicado o

acórdão divergente, ou ainda com a reprodução de julgado

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Art. 542. Recebida a petição pela secretaria do

tribunal, será intimado o recorrido, abrindo-se-

lhe vista, para apresentar contrarrazões.

§ 1o Findo esse prazo, serão os autos conclusos

para admissão ou não do recurso, no prazo de 15

(quinze) dias, em decisão fundamentada

§ 2o Os recursos extraordinário e especial serão

recebidos no efeito devolutivo

§ 3o O recurso extraordinário, ou o recurso

especial, quando interpostos contra decisão

interlocutória em processo de conhecimento,

cautelar, ou embargos à execução ficará retido

nos autos e somente será processado se o reiterar

a parte, no prazo para a interposição do recurso

contra a decisão final, ou para as contrarrazões.

disponível na rede mundial de computadores, com indicação da

respectiva fonte, devendo-se, em qualquer caso, mencionar as

circunstâncias que identifiquem ou assemelhem os casos

confrontados.

§ 2o Quando o recurso estiver fundado em dissídio

jurisprudencial, é vedado ao tribunal inadmiti-lo com base em

fundamento genérico de que as circunstâncias fáticas são

diferentes, sem demonstrar a existência da distinção.

§ 3o O Supremo Tribunal Federal ou o Superior Tribunal de

Justiça poderá desconsiderar vício formal de recurso tempestivo

ou determinar sua correção, desde que não o repute grave.

§ 4o Quando, por ocasião do processamento do incidente de

resolução de demandas repetitivas, o presidente do Supremo

Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça receber

requerimento de suspensão de processos em que se discuta

questão federal constitucional ou infraconstitucional, poderá,

considerando razões de segurança jurídica ou de excepcional

interesse social, estender a suspensão a todo o território nacional,

até ulterior decisão do recurso extraordinário ou do recurso

especial a ser interposto.

§ 5o O pedido de concessão de efeito suspensivo a recurso

extraordinário ou a recurso especial poderá ser formulado por

requerimento dirigido:

I - ao tribunal superior respectivo, no período compreendido

entre a interposição do recurso e sua distribuição, ficando o

relator designado para seu exame prevento para julgá-lo;

II - ao relator, se já distribuído o recurso;

III - ao presidente ou vice-presidente do tribunal local, no caso

de o recurso ter sido sobrestado, nos termos do art. 1.037.

Art. 1.030. Recebida a petição do recurso pela secretaria do

tribunal, o recorrido será intimado para apresentar contrarrazões

no prazo de 15 (quinze) dias, findo o qual os autos serão

remetidos ao respectivo tribunal superior.

Parágrafo único. A remessa de que trata o caput dar-se-á

independentemente de juízo de admissibilidade.

(ATENÇÃO EM RELAÇÃO A ESTE ARTIGO (1.030)–

VER EXPLICAÇÃO ABAIXO)

Art. 1.032. Se o relator, no Superior Tribunal de Justiça,

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Curso: O Novo CPC – 18 e 19 de Novembro de 2015 /Curitiba-PR

entender que o recurso especial versa sobre questão

constitucional, deverá conceder prazo de 15 (quinze) dias para

que o recorrente demonstre a existência de repercussão geral e se

manifeste sobre a questão constitucional.

Parágrafo único. Cumprida a diligência de que trata o caput, o

relator remeterá o recurso ao Supremo Tribunal Federal, que, em

juízo de admissibilidade, poderá devolvê-lo ao Superior Tribunal

de Justiça.

Art. 1.033. Se o Supremo Tribunal Federal considerar como

reflexa a ofensa à Constituição afirmada no recurso

extraordinário, por pressupor a revisão da interpretação de lei

federal ou de tratado, remetê-lo-á ao Superior Tribunal de Justiça

para julgamento como recurso especial.

Art. 1.034. Admitido o recurso extraordinário ou o recurso

especial, o Supremo Tribunal Federal ou o Superior Tribunal de

Justiça julgará o processo, aplicando o direito.

Parágrafo único. Admitido o recurso extraordinário ou o

recurso especial por um fundamento, devolve-se ao tribunal

superior o conhecimento dos demais fundamentos para a solução

do capítulo impugnado.

É importante destacar que, ao lermos o parágrafo único do artigo 1.030 do NCPC tem gerado muita discussão e

é possível quando da entrada em vigor do novo Código, já estar alterado.

Na atual sistemática do CPC de 1973, o Recurso Especial e o Recurso Extraordinário se sujeitam ao duplo juízo

de admissibilidade, ou seja, no juízo a quo, quando o Presidnete do Tribunal admite ou não o recurso; e no juízo ad

quem, quando, no seu julgamento no Tribunal Superior também analisará se admite ou não o recurso; E destaca-se ainda

que atualmente, no juízo ad quem, quando, no seu julgamento no Tribunal Superior, verifica-se preliminarmente se o

recurso é cabível ou não.

Neste raciocínio o STJ criou a Súmula 123, afirmando que, para fixar o entendimento da decisão de

admissibilidade, em ambas as instâncias, dever ser fundamentada com a análise dos seus pressupostos gerais e

constitucionais. Portanto, assim prevês a Súmula 123:

Súmula 123: A decisão que admite, ou não, o recurso especial deve ser fundamentada, com o exame dos seus pressupostos gerais econstitucionais.

Desta análise é importante destacar que o novo CPC (Lei 13.105 de 2015) aboliu a competência do Presidente

ou Vice-Presidente do respectivo Tribunal para o juízo de admissibilidade do Recurso Extraordinário e/ou Recurso

Especial. Veja o artigo 1.030, parágrafo único acima destacado, o qual determina a remessa direta do recurso para os

respectivos Tribunais Superiores (STJ e STF), que farão o juízo de admissibilidade.

Porém, e sempre há um porém, os Tribunais Superiores já se manifestaram alegando que terão excesso de

trabalho, e que já estão apresentando atualmente, o que ensejou um clamor por uma alteração: retornar ao atual

sistema, quando da entrada em vigor no Novo Código de Processo Civil.

Neste sentido, foi proposto um Projeto de Lei que tramita no Senado (414/2015) que traz em sua Ementa:

Dispõe sobre o juízo de admissibilidade do recurso extraordinário ou especial e instaura o recurso de agravo de

admissão, nos próprios autos, dessa decisão, alterando dispositivos da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 - Código

de Processo Civil.

Na explicação da ementa, assim consta:

Altera o novo Código de Processo Civil (Lei nº 13.105/2015), para criar o recurso de agravo de admissão, proponível

contra a decisão que não admitir o recurso especial ou o recurso extraordinário.

Atualmente, encontra-se aguardando um parecer da Relatoria no Senado conforme abaixo.

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Curso: O Novo CPC – 18 e 19 de Novembro de 2015 /Curitiba-PR

Relator atual:Romero Jucá

Último local:18/09/2015 - Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania

Último estado:18/09/2015 - MATÉRIA COM A RELATORIA18

Portanto, fica o alerta aqui manifestado para que se observe as mudanças que ocorrerão nas próximas semanas.

13.1 Julgamento (por amostragem) dos Recursos Extraordinário e Recurso Especial repetitivos (artigos 1.036

a 1.041)

Art. 543-B. Quando houver multiplicidade de

recursos com fundamento em idêntica

controvérsia, a análise da repercussão geral será

processada nos termos do Regimento Interno do

Supremo Tribunal Federal, observado o disposto

neste artigo

§ 1º Caberá ao Tribunal de origem selecionar

um ou mais recursos representativos da

controvérsia e encaminhá-los ao Supremo

Tribunal Federal, sobrestando os demais até o

pronunciamento definitivo da Corte.

§ 2º Negada a existência de repercussão geral,

os recursos sobrestados considerar-se-ão

automaticamente não admitidos.

§ 3º Julgado o mérito do recurso

extraordinário, os recursos sobrestados serão

apreciados pelos Tribunais, Turmas de

Uniformização ou Turmas Recursais, que

poderão declará-los prejudicados ou retratar-se.

§ 4º Mantida a decisão e admitido o recurso,

poderá o Supremo Tribunal Federal, nos termos

do Regimento Interno, cassar ou reformar,

liminarmente, o acórdão contrário à orientação

firmada.

§ 5º O Regimento Interno do Supremo Tribunal

Federal disporá sobre as atribuições dos

Ministros, das Turmas e de outros órgãos, na

análise da repercussão geral.

Art. 1.035. O Supremo Tribunal Federal, em decisão

irrecorrível, não conhecerá do recurso extraordinário quando a

questão constitucional nele versada não tiver repercussão geral,

nos termos deste artigo.

§ 1o Para efeito de repercussão geral, será considerada a

existência ou não de questões relevantes do ponto de vista

econômico, político, social ou jurídico que ultrapassem os

interesses subjetivos do processo.

§ 2o O recorrente deverá demonstrar a existência de repercussão

geral para apreciação exclusiva pelo Supremo Tribunal Federal.

§ 3o Haverá repercussão geral sempre que o recurso impugnar

acórdão que:

I - contrarie súmula ou jurisprudência dominante do Supremo

Tribunal Federal;

II - tenha sido proferido em julgamento de casos repetitivos;

III - tenha reconhecido a inconstitucionalidade de tratado ou de

lei federal, nos termos do art. 97 da Constituição Federal.

§ 4o O relator poderá admitir, na análise da repercussão geral, a

manifestação de terceiros, subscrita por procurador habilitado,

nos termos do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal.

§ 5o Reconhecida a repercussão geral, o relator no Supremo

Tribunal Federal determinará a suspensão do processamento de

todos os processos pendentes, individuais ou coletivos, que

versem sobre a questão e tramitem no território nacional.

§ 6o O interessado pode requerer, ao presidente ou ao vice-

presidente do tribunal de origem, que exclua da decisão de

sobrestamento e inadmita o recurso extraordinário que tenha sido

interposto intempestivamente, tendo o recorrente o prazo de 5

(cinco) dias para manifestar-se sobre esse requerimento.

§ 7o Da decisão que indeferir o requerimento referido no §

6o caberá agravo, nos termos do art. 1.042.

§ 8o Negada a repercussão geral, o presidente ou o vice-

presidente do tribunal de origemnegará seguimento aos recursos

extraordinários sobrestados na origem que versem sobre matéria

18

http://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/122069 - site acessado em 25/10/2015.

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Curso: O Novo CPC – 18 e 19 de Novembro de 2015 /Curitiba-PR

idêntica.

§ 9o O recurso que tiver a repercussão geral reconhecida deverá

ser julgado no prazo de 1 (um) ano e terá preferência sobre os

demais feitos, ressalvados os que envolvam réu preso e os

pedidos de habeas corpus.

§ 10. Não ocorrendo o julgamento no prazo de 1 (um) ano a

contar do reconhecimento da repercussão geral, cessa, em todo o

território nacional, a suspensão dos processos, que retomarão seu

curso normal.

§ 11. A súmula da decisão sobre a repercussão geral constará de

ata, que será publicada no diário oficial e valerá como acórdão.

Art. 1.036. Sempre que houver multiplicidade de recursos

extraordinários ou especiais com fundamento em idêntica

questão de direito, haverá afetação para julgamento de acordo

com as disposições desta Subseção, observado o disposto no

Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal e no do

Superior Tribunal de Justiça.

§ 1o O presidente ou o vice-presidente de tribunal de justiça ou

de tribunal regional federal selecionará 2 (dois) ou mais recursos

representativos da controvérsia, que serão encaminhados ao

Supremo Tribunal Federal ou ao Superior Tribunal de Justiça

para fins de afetação, determinando a suspensão do trâmite de

todos os processos pendentes, individuais ou coletivos, que

tramitem no Estado ou na região, conforme o caso.

§ 2o O interessado pode requerer, ao presidente ou ao vice-

presidente, que exclua da decisão de sobrestamento e inadmita o

recurso especial ou o recurso extraordinário que tenha sido

interposto intempestivamente, tendo o recorrente o prazo de 5

(cinco) dias para manifestar-se sobre esse requerimento.

§ 3o Da decisão que indeferir este requerimento caberá agravo,

nos termos do art. 1.042.

§ 4o A escolha feita pelo presidente ou vice-presidente do

tribunal de justiça ou do tribunal regional federal não vinculará o

relator no tribunal superior, que poderá selecionar outros

recursos representativos da controvérsia.

§ 5o O relator em tribunal superior também poderá selecionar 2

(dois) ou mais recursos representativos da controvérsia para

julgamento da questão de direito independentemente da

iniciativa do presidente ou do vice-presidente do tribunal de

origem.

§ 6o Somente podem ser selecionados recursos admissíveis que

contenham abrangente argumentação e discussão a respeito da

questão a ser decidida.

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Curso: O Novo CPC – 18 e 19 de Novembro de 2015 /Curitiba-PR

Art. 543-C. Quando houver multiplicidade de

recursos com fundamento em idêntica questão

de direito, o recurso especial será processado

nos termos deste artigo.

§ 1o Caberá ao presidente do tribunal de origem

admitir um ou mais recursos representativos da

controvérsia, os quais serão encaminhados ao

Superior Tribunal de Justiça, ficando suspensos

os demais recursos especiais até o

pronunciamento definitivo do Superior Tribunal

de Justiça.

§ 2o Não adotada a providência descrita no §

1o deste artigo, o relator no Superior Tribunal de

Justiça, ao identificar que sobre a controvérsia já

existe jurisprudência dominante ou que a

matéria já está afeta ao colegiado, poderá

determinar a suspensão, nos tribunais de

segunda instância, dos recursos nos quais a

controvérsia esteja estabelecida

§ 3o O relator poderá solicitar informações, a

serem prestadas no prazo de quinze dias, aos

tribunais federais ou estaduais a respeito da

controvérsia

§ 4o O relator, conforme dispuser o regimento

interno do Superior Tribunal de Justiça e

considerando a relevância da matéria, poderá

admitir manifestação de pessoas, órgãos ou

entidades com interesse na controvérsia.

§ 5o Recebidas as informações e, se for o caso,

após cumprido o disposto no § 4o deste artigo,

terá vista o Ministério Público pelo prazo de

quinze dias

Art. 1.037. Selecionados os recursos, o relator, no tribunal

superior, constatando a presença do pressuposto do caput do art.

1.036, proferirá decisão de afetação, na qual:

I - identificará com precisão a questão a ser submetida a

julgamento;

II - determinará a suspensão do processamento de todos os

processos pendentes, individuais ou coletivos, que versem sobre

a questão e tramitem no território nacional;

III - poderá requisitar aos presidentes ou aos vice-presidentes dos

tribunais de justiça ou dos tribunais regionais federais a remessa

de um recurso representativo da controvérsia.

§ 1o Se, após receber os recursos selecionados pelo presidente

ou pelo vice-presidente de tribunal de justiça ou de tribunal

regional federal, não se proceder à afetação, o relator, no tribunal

superior, comunicará o fato ao presidente ou ao vice-presidente

que os houver enviado, para que seja revogada a decisão de

suspensão referida no art. 1.036, § 1o.

§ 2o É vedado ao órgão colegiado decidir, para os fins do art.

1.040, questão não delimitada na decisão a que se refere o inciso

I do caput.

§ 3o Havendo mais de uma afetação, será prevento o relator que

primeiro tiver proferido a decisão a que se refere o inciso I

do caput.

§ 4o Os recursos afetados deverão ser julgados no prazo de 1

(um) ano e terão preferência sobre os demais feitos, ressalvados

os que envolvam réu preso e os pedidos de habeas corpus.

§ 5o Não ocorrendo o julgamento no prazo de 1 (um) ano a

contar da publicação da decisão de que trata o inciso I do caput,

cessam automaticamente, em todo o território nacional, a

afetação e a suspensão dos processos, que retomarão seu curso

normal.

§ 6o Ocorrendo a hipótese do § 5o, é permitido a outro relator do

respectivo tribunal superior afetar 2 (dois) ou mais recursos

representativos da controvérsia na forma do art. 1.036.

§ 7o Quando os recursos requisitados na forma do inciso III

do caput contiverem outras questões além daquela que é objeto

da afetação, caberá ao tribunal decidir esta em primeiro lugar e

depois as demais, em acórdão específico para cada processo.

§ 8o As partes deverão ser intimadas da decisão de suspensão de

seu processo, a ser proferida pelo respectivo juiz ou relator

quando informado da decisão a que se refere o inciso II do caput.

§ 9o Demonstrando distinção entre a questão a ser decidida no

processo e aquela a ser julgada no recurso especial ou

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Curso: O Novo CPC – 18 e 19 de Novembro de 2015 /Curitiba-PR

§ 6o Transcorrido o prazo para o Ministério

Público e remetida cópia do relatório aos demais

Ministros, o processo será incluído em pauta na

seção ou na Corte Especial, devendo ser julgado

com preferência sobre os demais feitos,

ressalvados os que envolvam réu preso e os

pedidos de habeas corpus.

§ 7º Publicado o acórdão do Superior Tribunal

de Justiça, os recursos especiais sobrestados na

origem:

I - terão seguimento denegado na hipótese de o

acórdão recorrido coincidir com a orientação do

Superior Tribunal de Justiça; ou

II - serão novamente examinados pelo tribunal

de origem na hipótese de o acórdão recorrido

divergir da orientação do Superior Tribunal de

Justiça

§ 8o Na hipótese prevista no inciso II do §

7o deste artigo, mantida a decisão divergente

pelo tribunal de origem, far-se-á o exame de

admissibilidade do recurso especial.

extraordinário afetado, a parte poderá requerer o prosseguimento

do seu processo.

§ 10. O requerimento a que se refere o § 9o será dirigido:

I - ao juiz, se o processo sobrestado estiver em primeiro grau;

II - ao relator, se o processo sobrestado estiver no tribunal de

origem;

III - ao relator do acórdão recorrido, se for sobrestado recurso

especial ou recurso extraordinário no tribunal de origem;

IV - ao relator, no tribunal superior, de recurso especial ou de

recurso extraordinário cujo processamento houver sido

sobrestado.

§ 11. A outra parte deverá ser ouvida sobre o requerimento a

que se refere o § 9o, no prazo de 5 (cinco) dias.

§ 12. Reconhecida a distinção no caso:

I - dos incisos I, II e IV do § 10, o próprio juiz ou relator dará

prosseguimento ao processo;

II - do inciso III do § 10, o relator comunicará a decisão ao

presidente ou ao vice-presidente que houver determinado o

sobrestamento, para que o recurso especial ou o recurso

extraordinário seja encaminhado ao respectivo tribunal superior,

na forma do art. 1.030, parágrafo único.

§ 13. Da decisão que resolver o requerimento a que se refere o §

9o caberá:

I - agravo de instrumento, se o processo estiver em primeiro

grau;

II - agravo interno, se a decisão for de relator.

Art. 1.038. O relator poderá:

I - solicitar ou admitir manifestação de pessoas, órgãos ou

entidades com interesse na controvérsia, considerando a

relevância da matéria e consoante dispuser o regimento interno;

II - fixar data para, em audiência pública, ouvir depoimentos de

pessoas com experiência e conhecimento na matéria, com a

finalidade de instruir o procedimento;

III - requisitar informações aos tribunais inferiores a respeito da

controvérsia e, cumprida a diligência, intimará o Ministério

Público para manifestar-se.

§ 1o No caso do inciso III, os prazos respectivos são de 15

(quinze) dias, e os atos serão praticados, sempre que possível,

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Curso: O Novo CPC – 18 e 19 de Novembro de 2015 /Curitiba-PR

por meio eletrônico.

§ 2o Transcorrido o prazo para o Ministério Público e remetida

cópia do relatório aos demais ministros, haverá inclusão em

pauta, devendo ocorrer o julgamento com preferência sobre os

demais feitos, ressalvados os que envolvam réu preso e os

pedidos de habeas corpus.

§ 3o O conteúdo do acórdão abrangerá a análise de todos os

fundamentos da tese jurídica discutida, favoráveis ou contrários.

Art. 1.039. Decididos os recursos afetados, os órgãos colegiados

declararão prejudicados os demais recursos versando sobre

idêntica controvérsia ou os decidirão aplicando a tese firmada.

Parágrafo único. Negada a existência de repercussão geral no

recurso extraordinário afetado, serão considerados

automaticamente inadmitidos os recursos extraordinários cujo

processamento tenha sido sobrestado.

Art. 1.040. Publicado o acórdão paradigma:

I - o presidente ou o vice-presidente do tribunal de origem

negará seguimento aos recursos especiais ou extraordinários

sobrestados na origem, se o acórdão recorrido coincidir com a

orientação do tribunal superior;

II - o órgão que proferiu o acórdão recorrido, na origem,

reexaminará o processo de competência originária, a remessa

necessária ou o recurso anteriormente julgado, se o acórdão

recorrido contrariar a orientação do tribunal superior;

III - os processos suspensos em primeiro e segundo graus de

jurisdição retomarão o curso para julgamento e aplicação da tese

firmada pelo tribunal superior;

Art. 1.041. Mantido o acórdão divergente pelo tribunal de

origem, o recurso especial ou extraordinário será remetido ao

respectivo tribunal superior, na forma do art. 1.036, § 1o.

14. AÇÃO RESCISÓRIA

Art. 485. A sentença de mérito, transitada em

julgado, pode ser rescindida quando:

I - se verificar que foi dada por prevaricação,

concussão ou corrupção do juiz;

Art. 966. A decisão de mérito, transitada em julgado, pode ser

rescindida quando:

I - se verificar que foi proferida por força de prevaricação,

concussão ou corrupção do juiz;

II - for proferida por juiz impedido ou por juízo absolutamente

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Curso: O Novo CPC – 18 e 19 de Novembro de 2015 /Curitiba-PR

II - proferida por juiz impedido ou

absolutamente incompetente;

III - resultar de dolo da parte vencedora em

detrimento da parte vencida, ou de colusão entre

as partes, a fim de fraudar a lei;

IV - ofender a coisa julgada;

V - violar literal disposição de lei;

Vl - se fundar em prova, cuja falsidade tenha

sido apurada em processo criminal ou seja

provada na própria ação rescisória;

Vll - depois da sentença, o autor obtiver

documento novo, cuja existência ignorava, ou de

que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de Ihe

assegurar pronunciamento favorável;

VIII - houver fundamento para invalidar

confissão, desistência ou transação, em que se

baseou a sentença;

IX - fundada em erro de fato, resultante de atos

ou de documentos da causa;

§ 1 Há erro, quando a sentença admitir um fato

inexistente, ou quando considerar inexistente um

fato efetivamente ocorrido.

§ 2º É indispensável, num como noutro caso,

que não tenha havido controvérsia, nem

pronunciamento judicial sobre o fato.

incompetente;

III - resultar de dolo ou coação da parte vencedora em

detrimento da parte vencida ou, ainda, de simulação ou colusão

entre as partes, a fim de fraudar a lei;

IV - ofender a coisa julgada;

V - violar manifestamente norma jurídica;

VI - for fundada em prova cuja falsidade tenha sido apurada em

processo criminal ou venha a ser demonstrada na própria ação

rescisória;

VII - obtiver o autor, posteriormente ao trânsito em julgado,

prova nova cuja existência ignorava ou de que não pôde fazer

uso, capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento favorável;

VIII - for fundada em erro de fato verificável do exame dos

autos.

§ 1º Há erro de fato quando a decisão rescindenda admitir fato

inexistente ou quando considerar inexistente fato efetivamente

ocorrido, sendo indispensável, em ambos os casos, que o fato

não represente ponto controvertido sobre o qual o juiz deveria ter

se pronunciado.

§ 2º Nas hipóteses previstas nos incisos do caput, será

rescindível a decisão transitada em julgado que, embora não seja

de mérito, impeça:

I - nova propositura da demanda; ou

II - admissibilidade do recurso correspondente.

§ 3º A ação rescisória pode ter por objeto apenas 1 (um)

capítulo da decisão.

§ 4º Os atos de disposição de direitos, praticados pelas partes ou

por outros participantes do processo e homologados pelo juízo,

bem como os atos homologatórios praticados no curso da

execução, estão sujeitos à anulação, nos termos da lei.

Art. 967. Têm legitimidade para propor a ação rescisória:

I - quem foi parte no processo ou o seu sucessor a título

universal ou singular;

II - o terceiro juridicamente interessado;

III - o Ministério Público:

a) se não foi ouvido no processo em que lhe era obrigatória a

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Curso: O Novo CPC – 18 e 19 de Novembro de 2015 /Curitiba-PR

Art. 486. Os atos judiciais, que não dependem

de sentença, ou em que esta for meramente

homologatória, podem ser rescindidos, como os

atos jurídicos em geral, nos termos da lei civil.

Art. 487. Tem legitimidade para propor a ação:

I - quem foi parte no processo ou o seu sucessor

a título universal ou singular;

II - o terceiro juridicamente interessado;

III - o Ministério Público:

a) se não foi ouvido no processo, em que Ihe era

obrigatória a intervenção;

b) quando a sentença é o efeito de colusão das

partes, a fim de fraudar a lei.

Art. 488. A petição inicial será elaborada com

observância dos requisitos essenciais do art.

282, devendo o autor:

I - cumular ao pedido de rescisão, se for o caso,

o de novo julgamento da causa;

II - depositar a importância de 5% (cinco por

intervenção;

b) quando a decisão rescindenda é o efeito de simulação ou de

colusão das partes, a fim de fraudar a lei;

c) em outros casos em que se imponha sua atuação;

IV - aquele que não foi ouvido no processo em que lhe era

obrigatória a intervenção.

Parágrafo único. Nas hipóteses do art. 178, o Ministério

Público será intimado para intervir como fiscal da ordem jurídica

quando não for parte.

Art. 968. A petição inicial será elaborada com observância dos

requisitos essenciais do art. 319, devendo o autor:

I - cumular ao pedido de rescisão, se for o caso, o de novo

julgamento do processo;

II - depositar a importância de cinco por cento sobre o valor da

causa, que se converterá em multa caso a ação seja, por

unanimidade de votos, declarada inadmissível ou improcedente.

§ 1º Não se aplica o disposto no inciso II à União, aos Estados,

ao Distrito Federal, aos Municípios, às suas respectivas

autarquias e fundações de direito público, ao Ministério Público,

à Defensoria Pública e aos que tenham obtido o benefício de

gratuidade da justiça.

§ 2º O depósito previsto no inciso II do caput deste artigo não

será superior a 1.000 (mil) salários-mínimos.

Art. 969. A propositura da ação rescisória não impede o

cumprimento da decisão rescindenda, ressalvada a concessão de

tutela provisória.

Art. 968. A petição inicial será elaborada com observância dos

requisitos essenciais do art. 319, devendo o autor: (...)

II - depositar a importância de cinco por cento sobre o valor da

causa, que se converterá em multa caso a ação seja, por

unanimidade de votos, declarada inadmissível ou improcedente.

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Curso: O Novo CPC – 18 e 19 de Novembro de 2015 /Curitiba-PR

cento) sobre o valor da causa, a título de multa,

caso a ação seja, por unanimidade de votos,

declarada inadmissível, ou improcedente.

Parágrafo único. Não se aplica o disposto no

nº II à União, ao Estado, ao Município e ao

Ministério Público.

Art. 489. O ajuizamento da ação rescisória não

impede o cumprimento da sentença ou acórdão

rescindendo, ressalvada a concessão, caso

imprescindíveis e sob os pressupostos previstos

em lei, de medidas de natureza cautelar ou

antecipatória de tutela.

Art. 490. Será indeferida a petição inicial:

I - nos casos previstos no art. 295;

II - quando não efetuado o depósito, exigido

pelo art. 488, II.

Art. 491. O relator mandará citar o réu,

assinando-lhe prazo nunca inferior a 15 (quinze)

dias nem superior a 30 (trinta) para responder

aos termos da ação. Findo o prazo com ou sem

resposta, observar-se-á no que couber o disposto

no Livro I, Título VIII, Capítulos IV e V.

§ 2o O depósito previsto no inciso II do caput deste artigo não

será superior a 1.000 (mil) salários-mínimos.

§ 3º Além dos casos previstos no art. 330, a petição inicial será

indeferida quando não efetuado o depósito exigido pelo inciso II

do caput deste artigo.

§ 4o Aplica-se à ação rescisória o disposto no art. 332.

§ 5o Reconhecida a incompetência do tribunal para julgar a ação

rescisória, o autor será intimado para emendar a petição inicial, a

fim de adequar o objeto da ação rescisória, quando a decisão

apontada como rescindenda:

I - não tiver apreciado o mérito e não se enquadrar na situação

prevista no § 2o do art. 966;

II - tiver sido substituída por decisão posterior.

§ 6o Na hipótese do § 5o, após a emenda da petição inicial, será

permitido ao réu complementar os fundamentos de defesa, e, em

seguida, os autos serão remetidos ao tribunal competente.

Art. 970. O relator ordenará a citação do réu, designando-lhe

prazo nunca inferior a 15 (quinze) dias nem superior a 30 (trinta)

dias para, querendo, apresentar resposta, ao fim do qual, com ou

sem contestação, observar-se-á, no que couber, o procedimento

comum.

Art. 972. Se os fatos alegados pelas partes dependerem de

prova, o relator poderá delegar a competência ao órgão que

proferiu a decisão rescindenda, fixando prazo de 1 (um) a 3 (três)

meses para a devolução dos autos.

Art. 973. Concluída a instrução, será aberta vista ao autor e ao

réu para razões finais, sucessivamente, pelo prazo de 10 (dez)

dias.

Parágrafo único. Em seguida, os autos serão conclusos ao

relator, procedendo-se ao julgamento pelo órgão competente.

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Art. 492. Se os fatos alegados pelas partes

dependerem de prova, o relator delegará a

competência ao juiz de direito da comarca onde

deva ser produzida, fixando prazo de 45

(quarenta e cinco) a 90 (noventa) dias para a

devolução dos autos.

Art. 493. Concluída a instrução, será aberta

vista, sucessivamente, ao autor e ao réu, pelo

prazo de 10 (dez) dias, para razões finais. Em

seguida, os autos subirão ao relator, procedendo-

se ao julgamento:

I - no Supremo Tribunal Federal e no Superior

Tribunal de Justiça, na forma dos seus

regimentos internos;

II - nos Estados, conforme dispuser a norma de

Organização Judiciária.

Art. 494. Julgando procedente a ação, o tribunal

rescindirá a sentença, proferirá, se for o caso,

novo julgamento e determinará a restituição do

depósito; declarando inadmissível ou

improcedente a ação, a importância do depósito

reverterá a favor do réu, sem prejuízo do

disposto no art. 20.

Art. 495. O direito de propor ação rescisória se

extingue em 2 (dois) anos, contados do trânsito

em julgado da decisão.

Art. 974. Julgando procedente o pedido, o tribunal rescindirá a

decisão, proferirá, se for o caso, novo julgamento e determinará

a restituição do depósito a que se refere o inciso II do art. 968.

Parágrafo único. Considerando, por unanimidade, inadmissível

ou improcedente o pedido, o tribunal determinará a reversão, em

favor do réu, da importância do depósito, sem prejuízo do

disposto no § 2º do art. 82.

Art. 975. O direito à rescisão se extingue em 2 (dois) anos

contados do trânsito em julgado da última decisão proferida no

processo.

§ 1º Prorroga-se até o primeiro dia útil imediatamente

subsequente o prazo a que se refere o caput, quando expirar

durante férias forenses, recesso, feriados ou em dia em que não

houver expediente forense.

§ 2º Se fundada a ação no inciso VII do art. 966, o termo inicial

do prazo será a data de descoberta da prova nova, observado o

prazo máximo de 5 (cinco) anos, contado do trânsito em julgado

da última decisão proferida no processo.

§ 3º Nas hipóteses de simulação ou de colusão das partes, o

prazo começa a contar, para o terceiro prejudicado e para o

Ministério Público, que não interveio no processo, a partir do

momento em que têm ciência da simulação ou da colusão.

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15. DO INCIDENTE DE RESOLUÇÃO DE DEMANDAS REPETITIVAS (ARTIGOS 976 A 987)

Na abordagem deste tema deve-se ressaltar que se trato algo novo, sem precedente comparativo no CPC de

1973. Portanto, genericamente serão abordadas algumas peculiaridades atinentes ao tema.

Este instituto traz a ideia do legislador quanto à possibilidade de suspensão de casos análogos que versem sobre

idêntica questão de direito. E ainda merece destaque o fato de que julgar questões semelhantes há a possibilidade de se

gerar ofensa ao Princípio da Segurança Jurídica, quando da possível existência de decisões conflitantes em um mesmo

contexto. Busca a uniformização das decisões, conforme se percebe da leitura do artigo abaixo:

Art. 976. É cabível a instauração do incidente de resolução de demandas repetitivas quando houver,

simultaneamente:

I - efetiva repetição de processos que contenham controvérsia sobre a mesma questão unicamente de direito;

II - risco de ofensa à isonomia e à segurança jurídica.

§ 1o A desistência ou o abandono do processo não impede o exame de mérito do incidente.

§ 2o Se não for o requerente, o Ministério Público intervirá obrigatoriamente no incidente e deverá assumir sua

titularidade em caso de desistência ou de abandono.

§ 3o A inadmissão do incidente de resolução de demandas repetitivas por ausência de qualquer de seus pressupostos

de admissibilidade não impede que, uma vez satisfeito o requisito, seja o incidente novamente suscitado.

§ 4o É incabível o incidente de resolução de demandas repetitivas quando um dos tribunais superiores, no âmbito de

sua respectiva competência, já tiver afetado recurso para definição de tese sobre questão de direito material ou

processual repetitiva.

§ 5o Não serão exigidas custas processuais no incidente de resolução de demandas repetitivas.

Ainda sobre este instituto é interessante destacar:

O pedido de instauração do incidente será dirigido ao Presidente ao Tribunal pelo juiz ou relator, por ofício, pelas

partes, pelo Ministério Público ou pela Defensoria Pública conforme previsão do Art. 977, parágrafo único.

Aqui há a possibilidade da participação da sociedade civil no julgamento do incidente, promovendo a oitiva de

pessoas e entidades com interesse na controvérsia, as quais, no prazo de 15 dias poderão requerer a juntada de

documentos, bem como diligências necessárias para a elucidação da questão. Aqui também há a necessidade da

manifestação do Ministério Público, conforme previsão do Art. 983 do NCPC.

O Julgamento do Incidente deve ser julgado no prazo de 1 ano e terá preferência sobre os demais feitos, ressalvados

os que envolvam réu preso e os pedidos de habeas corpus, podendo ser prorrogado o prazo por decisão fundamentada

do relator(Art. 980, caput e parágrafo único do NCPC).

Deste procedimento, não caberá o reexame necessário conforme orientação adotada em incidente de resolução de

demandas repetitivas (Art. 496, § 4º, III do NCPC).

Ao ser julgado o incidente, a tese jurídica será aplicada a todos os processos que versem idêntica questão de direito e

que tramitem na área de jurisdição do respectivo tribunal, inclusive àqueles que tramitem nos juizados especiais do

respectivo Estado ou região, até que esse mesmo Tribunal a revise. Neste sentido, cabem também aplicação aos casos

futuros que versem sobre idêntica questão de direito. (Art. 985, I e II NCPC).

Do julgamento do mérito do incidente caberá recurso extraordinário ou especial (Art. 987). Lembrando que o § 1º do

Artigo mencionado prevês que o recurso terá o efeito suspensivo, presumindo-se a repercussão geral de questão

constitucional eventualmente discutida.

Uma vez apreciado o mérito do recurso, a tese jurídica adotada pelo STF ou STJ será aplicada no território nacional

a todos os processos individuais ou coletivos que versem sobre idêntica questão de direito. (Art. 987, § 2º). É que se

denomina Uniformização da Jurisprudência em que se verifica a necessidade de análise da correspondência entre a ratio

decidendi do caso em julgamento e do precedente firmado.

E por último cabe a ressalva de que, uma vez não observada a tese adotada pela decisão proferida no incidente,

caberá reclamação para o Tribunal competente. Procedimento este previsto nos artigos 988 e seguintes do NCPC que

será objeto de outros eventos.

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Curso: O Novo CPC – 18 e 19 de Novembro de 2015 /Curitiba-PR

Espero que todos tenham aproveitado o momento dos debates. Uma ressalva deve ser feita em relação a atual

situação de transição que o Direito Processual Brasileiro atravessa. Ainda é cedo para julgar os acertos e erros. Tudo

depende das condições de aplicação e aceitação pela comunidade jurídica. O importante é que sempre possamos buscar

o aprimoramento e a evolução do Direito sempre. O Direito não é uma ciência exata e penso que não pretende ser... mas,

sempre busca a sua melhor aplicação rumo a uma sociedade mais justa e perfeita em todas as suas acepções.

Bons estudos.

Prof. Me. Dirceu Pertuzatti – Curitiba, outubro de 2015.

Referências Bibliográficas

BRASIL. Lei 5869 de 11/01/1973, Código de processo civil. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5869compilada.htm

Acesso em 14 outubro de 2015.

BRASIL. Lei 13.105/2015 de 16/03/2015, Código de processo civil. Disponível

em:http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm

Acesso em 14 de outubro de 2015.

Códigos de processo civil comparados / obra coletiva de autoria da Editora Saraiva com a colaboração de Luiz Roberto

Curia, et. all. – São Paulo: Saraiva, 2015.

DONIZETTI, Elpídio. Novo código de processo civil: CPC/73 para o NCPC e NCPC para o CPC/73: contém

legenda das modificações.- São Paulo: Atlas, 2015.

DIDIER, Jr., Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil, parte geral e processo

de conhecimento.- 17.ed.- Salvador: Ed. Jus Podivm, 2015.

DIDIER, Jr., Fredie. Curso de direito processual civil: teoria da prova, direito probatório, ações probatórias,

decisão, precedente, coisa julgada e antecipação dos efeitos da tutela.- 10.ed.- Salvador: Ed. Jus Podivm, 2015.v.2.

GONÇALVES, Marcus Vinícius Rios. Direito processual civil esquematizado.Coordenador Pedro Lenza. - 5º.ed., de

acordo com o novo CPC. Lei 13.105 de 16/03/2015. São Paulo: Saraiva, 2015. (coleção esquematizado).

MARINONI, Luiz Guilherme. Curso de Processo Civil. Tutela dos direitos mediante procedimento comum.Sérgio

Cruz Arenhart, Daniel Mitidiero. Volume 2.Editora Revista dos Tribunais.Ed. 2015.

NERY Junior, Nelson; NERY, Rosa Maria de Andrade. Comentários ao código de processo civil. Ed. 01. Revista dos

Tribunais, 2015.

NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Novo Código de Processo Civil – Lei 13.105/2015. – Rio de Janeiro: Forense;

São Paulo: MÉTODO, 2015.

Novo CPC – Fundamentos e sistematização / Humberto Theodoro Júnior, Dierle Nunes, Alexandre Melo Franco

Bahia, Flávio Quinaud Pedron – Rio de Janeiro: Forense, 2015.

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Curso: O Novo CPC – 18 e 19 de Novembro de 2015 /Curitiba-PR

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Curso: O Novo CPC – 18 e 19 de Novembro de 2015 /Curitiba-PR

NOVIDADES DO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO

CIVIL (PARTE 2)

Marcello Sgarbi

1 TUTELAS:

Já se firmou na doutrina a ideia de que tutela é a atividade jurisdicional que visa a garantir a eficácia do

direito material conferido. Isto é o que afirmaMarinoni19

, para quem a tutela jurisdicional, devendo ser considerada no

plano do processo, é a atividade jurisdicional que deve realizar a tutela decorrente do direito material de forma plena e

eficaz.

Diante disso, devemos entender que a tutela deve se amoldar a eficácia do direito que se pretende ver

efetivado. Entretanto, esta tutela, para ser efetivada necessita do requerimento dos interessados, ou seja, a atividade

jurisdicional deve ser provocada, sob pena de se afrontar o princípio da imparcialidade, isto já estava expressamente

previsto no código de 1973 e permanece no novo código de 2015, como podemos comparar:

Código de 1973

Art. 2º Nenhum juiz prestará a tutela

jurisdicional senão quando a parte ou o

interessado a requerer, nos casos e forma legais.

Art. 262. O processo civil começa por iniciativa

da parte, mas se desenvolve por impulso oficial.

.Código de 2015

Art. 2º O processo começa por iniciativa da parte e se

desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções previstas em

lei.

1.1Tutelas Provisórias (urgência e evidência)

O Novo Código de Processo Civil, aborda a tutela provisória no seu Livro V, artigos 294 a 311. Conforme

esclarece Didier Jr.20

, no novo código foi abolido o processo cautelar, tendo a sido reunida a tutela cautelar à tutela

antecipada no referido Livro V.

Aqui o legislador optou por fazer uma aproximação das tutelas cautelar e antecipada, tendo reunido as duas

conforme citado acima.

19 MARINONI, Luiz Guilherme. Tutela inibitória. Pág. 400. São Paulo: RT. 1998

20DIDIER, Jr., Fredie. Curso de direito processual civil: teoria da prova, direito probatório, ações probatórias, decisão,

precedente, coisa julgada e antecipação dos efeitos da tutela.- 10.ed.- Salvador: Ed. Jus Podivm, 2015.v.2. P. 568-570

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O códigopassa a tratar destas tutelas sob a denominação de provisórias, podendo ser cautelar (não satisfativa)

ou antecipada (satisfativa), sendo que o fundamento para tanto pode sedar na urgência (satisfativa ou não satisfativa) ou

na evidência (apenas a satisfativa).

Por provisório, devemos entender que será deferida no sentido de dar eficácia ao provimento definitivo que se

pretende mas, como a eficácia deste depende do transito em julgado da tutela definitiva, em certas situações não há

como se esperar o trâmite normal do processo para tanto, devendo ser dada uma tutela que antecipe os efeitos da tutela

definitiva ou que de certo modo garanta a eficácia, através de medidas que possam ter efeito imediato, de forma a

garantir a eficácia do direito protegido pela tutela definitiva.

Provisório será porque esta tutela se mostrará útil enquanto não sobrevier os efeitos da tutela definitiva pretendida e irá

durar até a eficácia desta.

1.1.2Tutela provisória em caráter de urgência

No novo código a tutela provisória de urgência está instrumentalizada nos artigos 300 a 310 do novo Código de

Processo Civil. Destaque-se que os artigos 300 a 302 contém o regramento referente às disposições gerais.

Os requisitos gerais para o deferimento da tutela em sede de urgência são a probabilidade do direito e o perigo

de dano ou o risco ao resultado útil do processo, ou como como são denominados: fumus boni iuris e o periculum in

mora. Somente para o caso da tutela de urgência satisfativa (antecipada) além destes pressupostos deve, ainda, ser

demonstrada a reversibilidade da medida (artigo 300, parágrafo 3º do NCPC).

Outra inovação do código, além da extinção do processo cautelar como sistema autônomo, se dá também, pelo

fato de que a tutela antecipada passa a contar com a possibilidade de ser requerida de forma antecedente, quando

fundamentada na urgência, ou seja, antes da propositura dos pedidos totais da ação principal, o que somente até então

era permitida a tutela cautelar conforme disposição expressa do código no artigo 303:

Art. 303. Nos casos em que a urgência for contemporânea à propositura da ação, a petição inicial pode limitar-se ao

requerimento da tutela antecipada e à indicação do pedido de tutela final, com a exposição da lide, do direito que se

busca realizar e do perigo de dano ou do risco ao resultado útil do processo.

Ainda, em decorrência desta novidade, no que tange a tutela provisória, o código estabeleceu um sistema

denominado de estabilização desta nos casos do réu, após o procedimento previsto no referido artigo, não interpor o

recurso específico para atacar a medida. Nestes casos a tutela deferida, se estabiliza, não como coisa julgada, mas como

uma decisão que tem seus efeitos tornados permanentes e, nesta situação, o processo é extinto, com o equivalente à

resolução do mérito. Mas, esta medida não está sob efeito da coisa julgada, podendo ser impugnada, em ação autônoma,

tanto pelo autor como pelo réu da ação originária no prazo de 02(dois) anos a contar da estabilização da medida.

Quanto a tutela cautelar ou não satisfativa, a novidade se resume no fato desta não ser mais tratada como sendo

um procedimento autônomo do sistema geral do código, passa a compor o processo de conhecimento.

Na sequencia os artigos 303 e 304 tratam da tutela antecipada requerida em caráter antecedente e nos artigos

305 a 310 tratam do procedimento da tutela cautelar requerida em caráter antecedente.

Nos termos do artigo 300 a tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a

probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo e para a concessão da tutela de

urgência, o juiz pode, conforme o caso, exigir caução real ou fidejussória idônea para ressarcir os danos que a outra

parte possa vir a sofrer, podendo a caução ser dispensada se a parte economicamente hipossuficiente não puder oferecê-

la.

Os requisitos gerais para o seu deferimento são a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao

resultado útil do processo, que se entende pela provável existência de um direito a ser tutelado e um provável perigo em

face do dano ao possível direito pedido. Os referidos requisitos são o fumus boni iuris e o periculum in mora dos

provimentos cautelares.

E finalmente, para ambas as tutelas de urgência não haverá a necessidade de proposição da ação principal,

havendo um único processo a conter as duas, não sendo necessários pagamentos de novas custas ou nova distribuição,

tudo será resolvido na mesma relação processual.

1.1.3. Tutela da Evidência

Aqui, o tempo continua a ser fator de preocupação. Entretanto, aqui o prisma não é a possibilidade de risco ou

perigo, mas, sim, a própria marcha processual que, em algumas situações se mostra perniciosa ao autor, posto que o

natural desenvolvimento do processo pode se mostrar um obstáculo a afastar um direito que para àquele ao qual já se

mostra evidente.

O novo código aglutinou as hipóteses de se reconhecer a evidência do direito do autor no artigo 311:

Art. 311. A tutela da evidência será concedida, independentemente da demonstração de perigo de dano ou de risco ao

resultado útil do processo, quando:

I - ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório da parte;

II - as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas documentalmente e houver tese firmada em julgamento de

casos repetitivos ou em súmula vinculante;

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Curso: O Novo CPC – 18 e 19 de Novembro de 2015 /Curitiba-PR

III - se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova documental adequada do contrato de depósito, caso em que

será decretada a ordem de entrega do objeto custodiado, sob cominação de multa;

IV - a petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos fatos constitutivos do direito do autor, a que o

réu não oponha prova capaz de gerar dúvida razoável.

Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o juiz poderá decidir liminarmente.

O fundamento aqui se dá na evidência, que ao que se extrai dos incisos do artigo 311, devem estar se mostrando

através de provas cabais de forma que possam convencer o Magistrado da procedência do pedido do autor.

Diante disso, conforme disposição expressa, a urgência não é levada em conta como fundamento, podendo até

existir, mas aqui a cognição não é mais superficial e, sim, mais profunda, lastreada me provas convincentes.

Desta necessária cognição decorre que, aqui, não se pode admitir o procedimento antecedente como na tutela da

urgência, portanto aqui o autor não pode agir de forma “preparatória”, deve trazer à baila todos os fundamentos, pedidos

e provas necessários ao deferimento de seus pedidos.

Mas ainda que não se possa admitir a forma “preparatória”, se admite, nos caos dos incisos II e III do artigo

311, o deferimento da medida na forma liminar. Quanto aos incisos I e IV, não é possível a medida liminar tendo em

vista que a participação do réu é necessária para a configuração desta.

1.2 Tutela específica

A tutela específica se dá quando há o reconhecimento, por parte do juízo, da obrigação do réu em determinada

obrigação de fazer ou não fazer ou de entregar coisa certa, portanto situações específicas. O código de 1973 previa o

tratamento da tutela específica nos artigos 461 e 461-A.

Tais dispositivos se destinavam a regulamentar a forma de efetividade do direito reconhecido nestas situações.

A tutela neste sentido tem plena natureza executiva, onde a preocupação é o direcionamento específico ao direito

pretendido e reconhecido. Tais dispositivos eram complementados pelo artigo 273 do CPC/1973 que prevê

apossibilidade de antecipação da tutela específica pretendida.

Este sistema de regramentos da tutela específica tem correspondência destas regras nos artigos 497 e 498.

Podemos assim comparar:

Código de 1973

Art. 461. Na ação que tenha por objeto o

cumprimento de obrigação de fazer ou não

fazer, o juiz concederá a tutela específica da

obrigação ou, se procedente o pedido,

determinará providências que assegurem o

resultado prático equivalente ao do

adimplemento. (Redação dada pela Lei nº 8.952,

de 13.12.1994)

§ 1o A obrigação somente se converterá

em perdas e danos se o autor o requerer ou se

impossível a tutela específica ou a obtenção do

resultado prático correspondente. (Incluído pela

Lei nº 8.952, de 13.12.1994)

§ 2o A indenização por perdas e danos dar-

se-á sem prejuízo da multa (art. 287). (Incluído

pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)

§ 3o Sendo relevante o fundamento da

demanda e havendo justificado receio de

ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz

conceder a tutela liminarmente ou mediante

justificação prévia, citado o réu. A medida

liminar poderá ser revogada ou modificada, a

qualquer tempo, em decisão

fundamentada. (Incluído pela Lei nº 8.952, de

13.12.1994)

§ 4o O juiz poderá, na hipótese do

parágrafo anterior ou na sentença, impor multa

diária ao réu, independentemente de pedido do

autor, se for suficiente ou compatível com a

obrigação, fixando-lhe prazo razoável para o

cumprimento do preceito. (Incluído pela Lei nº

8.952, de 13.12.1994)

§ 5o Para a efetivação da tutela específica

.Código de 2015

Art. 497. Na ação que tenha por objeto a prestação de

fazer ou de não fazer, o juiz, se procedente o pedido, concederá a

tutela específica ou determinará providências que assegurem a

obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente.

Parágrafo único. Para a concessão da tutela específica

destinada a inibir a prática, a reiteração ou a continuação de um

ilícito, ou a sua remoção, é irrelevante a demonstração da

ocorrência de dano ou da existência de culpa ou dolo.

Art. 498. Na ação que tenha por objeto a entrega de coisa,

o juiz, ao conceder a tutela específica, fixará o prazo para o

cumprimento da obrigação.

Parágrafo único. Tratando-se de entrega de coisa

determinada pelo gênero e pela quantidade, o autor

individualizá-la-á na petição inicial, se lhe couber a escolha, ou,

se a escolha couber ao réu, este a entregará individualizada, no

prazo fixado pelo juiz.

Art. 499. A obrigação somente será convertida em perdas

e danos se o autor o requerer ou se impossível a tutela específica

ou a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente.

Art. 500. A indenização por perdas e danos dar-se-á sem

prejuízo da multa fixada periodicamente para compelir o réu ao

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Curso: O Novo CPC – 18 e 19 de Novembro de 2015 /Curitiba-PR

ou a obtenção do resultado prático equivalente,

poderá o juiz, de ofício ou a requerimento,

determinar as medidas necessárias, tais como a

imposição de multa por tempo de atraso, busca e

apreensão, remoção de pessoas e coisas,

desfazimento de obras e impedimento de

atividade nociva, se necessário com requisição

de força policial. (Redação dada pela Lei nº

10.444, de 7.5.2002)

§ 6o O juiz poderá, de ofício, modificar o

valor ou a periodicidade da multa, caso verifique

que se tornou insuficiente ou

excessiva. (Incluído pela Lei nº 10.444, de

7.5.2002)

Art. 461-A. Na ação que tenha por objeto

a entrega de coisa, o juiz, ao conceder a tutela

específica, fixará o prazo para o cumprimento da

obrigação. (Incluído pela Lei nº 10.444, de

7.5.2002)

§ 1o Tratando-se de entrega de coisa

determinada pelo gênero e quantidade, o credor

a individualizará na petição inicial, se lhe couber

a escolha; cabendo ao devedor escolher, este a

entregará individualizada, no prazo fixado pelo

juiz. (Incluído pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)

§ 2o Não cumprida a obrigação no prazo

estabelecido, expedir-se-á em favor do credor

mandado de busca e apreensão ou de imissão na

posse, conforme se tratar de coisa móvel ou

imóvel. (Incluído pela Lei nº 10.444, de

7.5.2002)

§ 3o Aplica-se à ação prevista neste artigo

o disposto nos §§ 1o a 6

o do art. 461.(Incluído

pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)

cumprimento específico da obrigação.

Art. 501. Na ação que tenha por objeto a emissão de

declaração de vontade, a sentença que julgar procedente o

pedido, uma vez transitada em julgado, produzirá todos os

efeitos da declaração não emitida.

O que se tem, no caso do novo código, é um regramento mais enxuto, mas plenamente aplicável quando

reconhecida tais obrigações ou nos casos de antecipação dos efeitos destas.

2.EXECUÇÃO

Dentre as diversas mudanças ocorridas no CPC/2015, e conforme o objetivo deste, vamos destacar as que

entendemos mais significativas:

a)Possibilidade de citação por correio: o novo código, no seu artigo 247, ao regulamentar em quais hipóteses se pode

efetuar a citação por correio, excluiu de suas exceções o processo de execução conforme disposição do artigo 222 do

atual código.

Código de 1973

Art. 222. A citação será feita pelo correio,

para qualquer comarca do País, exceto:

a) nas ações de estado;

b) quando for ré pessoa incapaz;

c) quando for ré pessoa de direito público;

d) nos processos de execução;

e) quando o réu residir em local não

atendido pela entrega domiciliar de

correspondência;

f) quando o autor a requerer de outra

forma.

.Código de 2015

Art. 247. A citação será feita pelo correio para qualquer

comarca do país, exceto:

I – nas ações de estado, observado o disposto no art. 695, § 3º;

II – quando o citando for incapaz;

III – quando o citando for pessoa de direito público;

IV – quando o citando residir em local não atendido pela

entrega domiciliar de correspondência;

V – quando o autor, justificadamente, a requerer de outra

forma.

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Curso: O Novo CPC – 18 e 19 de Novembro de 2015 /Curitiba-PR

b) Ainda, o processo autônomo de execução fica restrito aos títulos executivos extrajudiciais, em conformidade com os

artigos 771 a 925.

c) Pode ser determinada, por requerimento da parte, a inclusão do nome do executado em cadastros de inadimplentes.

Esta possibilidade também é dada na hipótese da execuçãodefinitiva de títulos judiciais conforme o artigo 782, §5º.

d) O prazo para pagamento, na execução por quantia certa, passa a ser de três dias contados da citação conforme artigo

829.

e) Para a expropriação do bem poderá ser efetuado leilão judicial, o termo o praça desaparece, conforme artigo 881.

Permanecem a alienação por inciativa particular e a adjudicação.

f) Ao contrário do sistema atual, o leilão somente se dará na forma presencial quando não for possível a sua realização

por meio eletrônico pelos ditames do artigo 882.

g) Uma outra inovação se dá ao admitir expressamente a execução contra a Fazenda Pública com baseem título

executivo extrajudicial, artigo 910, e não mais somente por título judicial, o procedimento será o do cumprimento se

sentença contra a Fazenda Pública. A saber:

Art. 910. Na execução fundada em título extrajudicial, a Fazenda Pública será citada para opor embargos em 30 (trinta)

dias.

§ 1o Não opostos embargos ou transitada em julgado a decisão que os rejeitar, expedir-se-á precatório ou requisição de

pequeno valor em favor do exequente, observando-se o disposto no art. 100 da Constituição Federal.

§ 2o Nos embargos, a Fazenda Pública poderá alegar qualquer matéria que lhe seria lícito deduzir como defesa no

processo de conhecimento.

§ 3o Aplica-se a este Capítulo, no que couber, o disposto nos artigos 534 e 535.

h) reconhece-se a possibilidade de prisão civil ao devedor de alimentos também por título extrajudicial, conforme artigo

911 e não mais exclusivamente

às dividas decorrentes de títulos judicias.

i) Com relação aos honorários advocatícios, o juiz deve fixar de pronto ao despachar a inicial o valor de 10% de

honorários advocatícios, entretanto este valor deverá ser reduzido pela metade no caso de pronto pagamento efetuado

pelo devedor, quando o devedor, portanto cumpre com o dever de pagar o débito em juízo no prazo fixado em juízo. De

outra banda, em caso de rejeição ou improcedência de embargos à execução o valor dos honorários advocatícios deve

ser elevado para 20%. Tudo em conformidade com o artigo 827.

3.Embargos

Aqui também, como é de se esperar, houve mudanças no sistema pelo qual o devedor pode se opor a execução

dentre as quais apontamos como significativas as elencadas a seguir, por entendermos serm significativas em

comparação ao sistema atual.

a) Prazos e contagem. Com relação ao prazo de oposição dos embargos aexecução, o art. 915, caput, mantém o prazo de

15 dias, entretanto, a contagem do prazo tem algumas inovações, dentre as quais destacamos:

I)Cônjuges:

O parágrafo primeiro do referido artigo agora inclui as pessoas que se encontram sob união estável como sendo

beneficiárias da contagem da contagem autônoma do prazo, a ser computado da juntada do último mandato.

II)Nas execuções por carta:

O parágrafo segundo do artigo 915, trata da contagem dos prazos para oposição de embargos de acordo com o

julgamento pelo juízo deprecante ou deprecado. O inciso I do referido parágrafo determina que a contagem se dará da

juntada da certificação da citação quando versarem sobre vícios da penhora, da avaliação ou da alienação de bens. Já o

inciso II, determina que o julgamento se dará no juízo de origem e a contagem se fará a partir da juntada da

comunicação do cumprimento da carta ou, na ausência deste , da juntada da própria precatória devidamente cumprida

quando não se tratar das matérias do inciso I.

III)Prazo em dobro:

O parágrafo 3º é expresso ao afirmar que não se aplica o prazo em dobro do artigo 229 (litisconsortes)

b) Incorreção de penhora ou de avaliação.Nestes casos agora poderão ser impugnadas a incorreção de penhora ou de

avaliação por simples petição, sendo um incidente, portanto, não necessitando de procedimento autônomo conforme

disposição expressa do atigo 917, parágrafo 1º.

c) Comunicação da precatória. O parágrafo 4º do artigo 915 exige que a o cumprimento da precatória pelo juízo

deprecado seja efetivada pelo meio eletrônico.

4. COOPERAÇÃO E MOTIVAÇÃO

a) Cooperação

O princípio da Cooperação passa a ser expressamente previsto no novo sistema processual brasileiro. De forma

expressa o art. 6.º do novo CPC consagra tal princípio, de onde se exige que todos os sujeitos do processo cooperementre si para que se obtenha a solução do processo com efetividade e em temporazoável. Tal dispositivo,

entretanto, se mostra mais voltado a atuação do Juiz, de onde agora se extrai que este poderá ter participação mais ativa

na solução do litígio, já que agora, por todo a lógica que permeia o novo CPC, poderá ter atuação mais direta na

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determinação de atos que visem a solução da demanda, bem como maiores poderás para interagir com as partes,

podendo “sugeri” a realização de atos e aproveitamento de outros que, resguardado o contraditório, podem ser benéficos

à solução da lide.

Conforme ensina Didier21

, a cooperação significa que o órgão jurisdicional passa a ser um participante ativo no

processo, junto às partes, na condução do processo não mais pela exclusiva vontade das partes, mas com a condução

mais próxima destas, valorizando o contraditório em buscando a solução da lide. Mas continua o autor, que esta

condução não se extende às decisões, que continua sendo ato exclusivo do magistrado22

.

Também podemos considerar como parte do princípio da cooperação o regramento do artigo 67 do NCPC:

Art. 67. Aos órgãos do Poder Judiciário, estadual ou federal, especializado ou comum, em todas as instâncias e graus de

jurisdição, inclusive aos tribunais superiores, incumbe o dever de recíproca cooperação, por meio de seus magistrados e

servidores.

Esta cooperação entre órgãos jurisdicionais objetiva a celeridade, já que “os juízos poderão formular um ao

outro pedido de cooperação para a prática de qualquer ato processual” , artigo 68, o que vai demandar, ao menos esta é a

previsão, uma significativa diminuição do tempo despendido com atos judiciais externos.

Ressalte-se que, o atual CPC já contempla os institutos da carta de ordem e da carta precatória, considerados

meios de cooperação, o objetivo do novo código é mais amplo, de imediato inclui também o auxílio direto, reunião ou

apensamento de processo, prestação de informações e atos concentrados entre os juízes cooperantes, tudo sem necessitar

de forma específica rígida, conforme artigo 69 do novo código:

Art. 69. O pedido de cooperação jurisdicional deve ser prontamente atendido, prescinde de forma específica e pode ser

executado como:

I - auxílio direto;

II - reunião ou apensamento de processos;

III - prestação de informações;

IV - atos concertados entre os juízes cooperantes.

§ 1o As cartas de ordem, precatória e arbitral seguirão o regime previsto neste Código.

§ 2o Os atos concertados entre os juízes cooperantes poderão consistir, além de outros, no estabelecimento de

procedimento para:

I - a prática de citação, intimação ou notificação de ato;

II - a obtenção e apresentação de provas e a coleta de depoimentos;

III - a efetivação de tutela provisória;

IV - a efetivação de medidas e providências para recuperação e preservação de empresas;

V - a facilitação de habilitação de créditos na falência e na recuperação judicial;

VI - a centralização de processos repetitivos;

VII - a execução de decisão jurisdicional.

§ 3o O pedido de cooperação judiciária pode ser realizado entre órgãos jurisdicionais de diferentes ramos do Poder

Judiciário.

b) Motivação

Outro aspecto que se modificou no novo CPC foi motivação de todasas decisões, em especial as decisões

interlocutórias, que exigem agora fundamentação detalhada da motivação e não mais meras repetições de expressões

como “ausentes os pressuposto nego ,ou ao contrário, presentes os pressupostos defiro”, agora o Magistrado deverá

expor suas razões para o reconhecimento de tais atos.

Por outro lado, a sentença continua com a determinação de motivação, mas o novo CPC expões de forma clara

como deve ser feita e o que não se considera como motivação válida. A saber as duas hipóteses:

Código de 1973

Sem correspondente

Código de 2015

Art. 11. Todos os julgamentos dos órgãos do

Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas

todas as decisões, sob pena de nulidade.

Parágrafo único. Nos casos de segredo de

21

DIDIER, Jr., Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil, parte geral e processo de

conhecimento.- 17.ed.- Salvador: Ed. Jus Podivm, 2015. Pg 125.

22 Idem. Pg 126

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Curso: O Novo CPC – 18 e 19 de Novembro de 2015 /Curitiba-PR

justiça, pode ser autorizada a presença somente das

partes, de seus advogados, de defensores públicos ou

do Ministério Público.

Código de 1973

Art. 458. São requisitos essenciais

da sentença:

I - o relatório, que conterá os

nomes das partes, a suma do pedido e da

resposta do réu, bem como o registro das

principais ocorrências havidas no

andamento do processo;

II - os fundamentos, em que o juiz

analisará as questões de fato e de direito;

III - o dispositivo, em que o juiz

resolverá as questões, que as partes Ihe

submeterem.

Art. 459. O juiz proferirá a

sentença, acolhendo ou rejeitando, no

todo ou em parte, o pedido formulado

pelo autor. Nos casos de extinção do

processo sem julgamento do mérito, o

juiz decidirá em forma concisa.

Parágrafo único. Quando o autor

tiver formulado pedido certo, é vedado

ao juiz proferir sentença ilíquida.

Art. 460. É defeso ao juiz proferir

sentença, a favor do autor, de natureza

diversa da pedida, bem como condenar o

réu em quantidade superior ou em objeto

diverso do que Ihe foi demandado.

Parágrafo único. A sentença deve

ser certa, ainda quando decida relação

jurídica condicional. (Incluído pela Lei

nº 8.952, de 13.12.1994)

.Código de 2015

Art. 489. São elementos essenciais da

sentença:

I - o relatório, que conterá os nomes das partes,

a identificação do caso, com a suma do pedido e da

contestação, e o registro das principais ocorrências

havidas no andamento do processo;

II - os fundamentos, em que o juiz analisará as

questões de fato e de direito;

III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as

questões principais que as partes lhe submeterem.

§ 1o Não se considera fundamentada qualquer

decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou

acórdão, que:

I - se limitar à indicação, à reprodução ou à

paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação

com a causa ou a questão decidida;

II - empregar conceitos jurídicos

indeterminados, sem explicar o motivo concreto de

sua incidência no caso;

III - invocar motivos que se prestariam a

justificar qualquer outra decisão;

IV - não enfrentar todos os argumentos

deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a

conclusão adotada pelo julgador;

V - se limitar a invocar precedente ou

enunciado de súmula, sem identificar seus

fundamentos determinantes nem demonstrar que o

caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos;

VI - deixar de seguir enunciado de súmula,

jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem

demonstrar a existência de distinção no caso em

julgamento ou a superação do entendimento.

§ 2o No caso de colisão entre normas, o juiz

deve justificar o objeto e os critérios gerais da

ponderação efetuada, enunciando as razões que

autorizam a interferência na norma afastada e as

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Curso: O Novo CPC – 18 e 19 de Novembro de 2015 /Curitiba-PR

premissas fáticas que fundamentam a conclusão.

§ 3o A decisão judicial deve ser interpretada a

partir da conjugação de todos os seus elementos e em

conformidade com o princípio da boa-fé.

*todos os grifos são nossos

5.PRECEDENTES

O novo sistema processual, de forma expressa, determina o respeito aos precedentes jurisdicionais, sobretudo

dos Tribunais Superiores. Ainda que se possa afirmar que o atual código de 1973 visa a uniformização de

jurisprudência, este não se mostra expresso no respeito à jurisprudência. O código de 2015 entretanto, agora determia de

forma expressa esta necessidade de observância aso precedentes e, como dito, especialmente aos Tribunais Superiores.

Tudo em evidente consonância à necessidade de uniformização das decisões, visando maior segurança social, bem como

a redução de interposição de recursos. A saber o artigo 927 do novo código, que não tem correspondente no atual código

de 1973:

Art. 927. Os juízes e os tribunais observarão:

I - as decisões do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de constitucionalidade;

II - os enunciados de súmula vinculante;

III - os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de resolução de demandas repetitivas e em julgamento de

recursos extraordinário e especial repetitivos;

IV - os enunciados das súmulas do Supremo Tribunal Federal em matéria constitucional e do Superior Tribunal de

Justiça em matéria infraconstitucional;

V - a orientação do plenário ou do órgão especial aos quais estiverem vinculados.

§ 1o Os juízes e os tribunais observarão o disposto no art. 10 e no art. 489, § 1o, quando decidirem com fundamento

neste artigo.

§ 2o A alteração de tese jurídica adotada em enunciado de súmula ou em julgamento de casos repetitivos poderá ser

precedida de audiências públicas e da participação de pessoas, órgãos ou entidades que possam contribuir para a

rediscussão da tese.

§ 3o Na hipótese de alteração de jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal e dos tribunais superiores ou

daquela oriunda de julgamento de casos repetitivos, pode haver modulação dos efeitos da alteração no interesse social e

no da segurança jurídica.

§ 4o A modificação de enunciado de súmula, de jurisprudência pacificada ou de tese adotada em julgamento de casos

repetitivos observará a necessidade de fundamentação adequada e específica, considerando os princípios da segurança

jurídica, da proteção da confiança e da isonomia.

§ 5o Os tribunais darão publicidade a seus precedentes, organizando-os por questão jurídica decidida e divulgando-os,

preferencialmente, na rede mundial de computadores.

6. INCIDENTE DE ASSUNÇÃO DE COMPETÊNCIA

Este instituto processual está previsto expressamente no novo CPC e está relacionado aos recursos, que prevê

que “o julgamento de recurso, de remessa necessária ou de processo de competência originária envolver relevante

questão de direito, com grande repercussão social, sem repetição em múltiplos processos” (art. 947).

Cumpre alertar que, como expresso no artigo referido também se aplica à remessa necessária, que não é

tecnicamente um recurso, e aos processos de competência originária dos Tribunais, que também não são recursos. A

função de tal sistema é de , precipuamente, otimizar a função jurisdicional, uniformizando de forma imediata o

entendimento dos Tribunais em matérias de relevância social, não afetadas pelo incidente de julgamento de recursos

repetitivos. A consequência indireta é a redução de novos recursos e maior celeridade.

Este instituto já estava previsto no atual código em seu artigo 555, parágrafo 1º, mas a novidade do novo

código é que o incidente poderá ser provcado pela parte, pelo MP e pela Defensoria Pública e não mais somente pelo

relator como no atual sistema. A saber:

Código de 1973

Art. 555. No julgamento de apelação ou de

agravo, a decisão será tomada, na câmara ou

turma, pelo voto de 3 (três) juízes. (Redação

dada pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001)

.Código de 2015

Art. 947. É admissível a assunção de competência quando o

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Curso: O Novo CPC – 18 e 19 de Novembro de 2015 /Curitiba-PR

§ 1o Ocorrendo relevante questão de direito, que

faça conveniente prevenir ou compor

divergência entre câmaras ou turmas do tribunal,

poderá o relator propor seja o recurso julgado

pelo órgão colegiado que o regimento indicar;

reconhecendo o interesse público na assunção de

competência, esse órgão colegiado julgará o

recurso. (Incluído pela Lei nº 10.352, de

26.12.2001)

§ 2o Não se considerando habilitado a proferir

imediatamente seu voto, a qualquer juiz é

facultado pedir vista do processo, devendo

devolvê-lo no prazo de 10 (dez) dias, contados

da data em que o recebeu; o julgamento

prosseguirá na 1a (primeira) sessão ordinária

subseqüente à devolução, dispensada nova

publicação em pauta. (Redação dada pela Lei nº

11.280, de 2006)

§ 3o No caso do § 2o deste artigo, não

devolvidos os autos no prazo, nem solicitada

expressamente sua prorrogação pelo juiz, o

presidente do órgão julgador requisitará o

processo e reabrirá o julgamento na sessão

ordinária subseqüente, com publicação em

pauta. (Incluído pela Lei nº 11.280, de 2006)

julgamento de recurso, de remessa necessária ou de processo de

competência originária envolver relevante questão de direito,

com grande repercussão social, sem repetição em múltiplos

processos.

§ 1o Ocorrendo a hipótese de assunção de competência, o relator

proporá, de ofício ou a requerimento da parte, do Ministério

Público ou da Defensoria Pública, que seja o recurso, a remessa

necessária ou o processo de competência originária julgado pelo

órgão colegiado que o regimento indicar.

§ 2o O órgão colegiado julgará o recurso, a remessa necessária

ou o processo de competência originária se reconhecer interesse

público na assunção de competência.

§ 3o O acórdão proferido em assunção de competência vinculará

todos os juízes e órgãos fracionários, exceto se houver revisão de

tese.

§ 4o Aplica-se o disposto neste artigo quando ocorrer relevante

questão de direito a respeito da qual seja conveniente a

prevenção ou a composição de divergência entre câmaras ou

turmas do tribunal.

7.PROCESSO DE CONHECIMENTO

Já na exposição de motivos do novo código se percebe uma ênfase na eficácia do processo. No novel sistema, a

entrar em vigência, há uma tendência a não detalhar de forma exaustiva os procedimentos, de forma a não torná-los

vítimas de rigidez excessiva. O novo sistema autoriza uma liberdade ao magistrado em conduzir o processo com

criatividade, concede maior impulso à conciliação e até a possibilidade de negociação, pelas partes, do procedimento a

ser adotado para a solução do litígio (artigo 190 do novo CPC).

Podemos apontar, se forma sintética, que o novo sistema possui algumas novidades que se mostram inovadoras

comparadas ao atual sistema:

a) adoção de um rito único, com a extinção dos ritos sumários e ordinários, conforme previsto a partir do artigo 302 do

novo CPC. O rito passa a ser comum à quase todas as demandas, com exceção dos ritos especiais, sendo que seu

desenvolvimento será adaptado à realidade da demanda e não mais por mero formalismo legal.

b) A mudança no início do desenvolvimento do processo a partir da citação do réu, onde, no supracitado rito único, o

prazo para contestação não se inicia de imediato com a citação mas, sim, após a realização de uma audiência de

conciliação e mediação. Ou seja, o réu agora é citado para comparecer à referida audiência e a partir desta, e somente se

não houver composição, é que se iniciará o prazo para contestação, conforme regras dos artigos 334 e 335 do novo CPC.

c) A redução dos procedimentos especiais, onde alguns deixam de ser elencados como tal e passam a compor o processo

de conhecimento comum, como por exemplo a antecipação de provas, que deixa de ser tutela cautelar e passa a ser parte

do capítulo das provas no processo de conhecimento. Da mesma, forma, p.ex., a ação de apresentar contas por aquele

que entende ter a obrigação de apresentá-las deixa de existir, se for necessária será proposta na forma do processo de conhecimento.

c) Deixa de existir o processo cautelar, sendo aglutinado no processo de conhecimento junto à antecipação de tutela, a

partir do artigo 294 do novo CPC, como já referido neste.

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Curso: O Novo CPC – 18 e 19 de Novembro de 2015 /Curitiba-PR

d) a ampliação do do negócio jurídico processual onde, tratando-se direitos que admitam autocomposição, as partes

podem ajustar o procedimento, conforme artigo 190 do novo CPC, que amplia o instituto do artigo 181 do atual códex

que se restringia a mudança de prazos dilatórios. A saber:

Código de 1973

Art. 181. Podem as partes, de comum

acordo, reduzir ou prorrogar o prazo dilatório; a

convenção, porém, só tem eficácia se, requerida

antes do vencimento do prazo, se fundar em

motivo legítimo.

§ 1o O juiz fixará o dia do vencimento do

prazo da prorrogação.

§ 2o As custas acrescidas ficarão a cargo

da parte em favor de quem foi concedida a

prorrogação.

.Código de 2015

Art. 190. Versando o processo sobre direitos que

admitam autocomposição, é lícito às partes plenamente capazes

estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo às

especificidades da causa e convencionar sobre os seus ônus,

poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou durante o

processo.

Parágrafo único. De ofício ou a requerimento, o juiz

controlará a validade das convenções previstas neste artigo,

recusando-lhes aplicação somente nos casos de nulidade ou de

inserção abusiva em contrato de adesão ou em que alguma parte

se encontre em manifesta situação de vulnerabilidade

e) Alteração na contagem dos prazos processuais, que deixam de ser por dias corridos e passam a ser por dias úteis, para

atender a conforme expressa determinação do artigo 219 do novo CPC. A saber:

Código de 1973

Art. 178. O prazo, estabelecido pela lei ou pelo

juiz, é contínuo, não se interrompendo nos

feriados.

.Código de 2015

Art. 219. Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou

pelo juiz, computar-se-ão somente os dias úteis.

Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se somente aos

prazos processuais.

Existem outras alterações, mas em face do objetivo deste módulo, entendemos estas mais significativas, tendo

em vista redimensionarem o processo de conhecimento como já estamos habituados.

8. SENTENÇA E SUA MOTIVAÇÃO

Destarte ter sido abordado o tópico da motivação das decisões judicias, se impõe agora, uma melhor análise de

uma delas em específico, com brevidade.

A sentença no novo código mantém a redação com base no seu conteúdo, mas esclarece alguns pontos que

estavam omissos no atual código, que forma abordadas na parte final do artigo 203 do novo CPC.

As distinções podem ser constatadas comparando a redação dos artigos referentes ao conceito de sentença nos dois

sistemas:

Código de 1973

Art. 162. Os atos do juiz consistirão em

sentenças, decisões interlocutórias e despachos.

§ 1º Sentença é o ato do juiz que implica

alguma das situações previstas nos arts. 267 e

269 desta Lei. (Redação dada pelo Lei nº

11.232, de 2005)

(...)

.Código de 2015

Art. 203. Os pronunciamentos do juiz consistirão em

sentenças, decisões interlocutórias e despachos.

§ 1o Ressalvadas as disposições expressas dos

procedimentos especiais, sentença é o pronunciamento por meio

do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à

fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a

execução.

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Curso: O Novo CPC – 18 e 19 de Novembro de 2015 /Curitiba-PR

Portanto, o novo conceito de sentença se mantém orientado pelo conteúdo, mas dá relevância ao seu efeito na

marcha processual, com isso, será sentença as decisões que imponham resolução ou não do mérito, mas que encerrem a

fase de conhecimento do processo ou encerrem o processo de execução. Cumpre ressaltar que neste último (execução)

deve, em primeiro momento, encerrar a discussão sobre a natureza das decisões no processo de execução.

Como dito antes, se mantém a motivação com elemento da sentença, mas o código definiu agora que esta

motivação deve ser detalhada e, da mesma forma, com base em experiências do passado, resolveu também definir o que

não se pode considerar como sendo motivação, demandando reforma.

9. COISA JULGADA E SISTEMA RECURSAL

a)Coisa Julgada

A coisa julgada no novo código acabou por sofrer uma extensão no seu alcance. Enquanto no atual sistema esta

se limitava às questões expressamente pretendidas e debatidas pelas partes com a propositura da ação, no novo código a

coisa julgada passa a abranger as questões incidentais reconhecidas pelo Juiz durante a instrução deste, mesmoas

discutidas indiretamente em face de terem sido reflexos da discussão de mérito. Isto objetiva maior celeridade, evitando

novas demandas e, até, maior segurança jurídica sobre as questões postas em juízo. A saber:

Código de 1973

Art. 467. Denomina-se coisa julgada material a

eficácia, que torna imutável e indiscutível a

sentença, não mais sujeita a recurso ordinário ou

extraordinário.

Art. 468. A sentença, que julgar total ou

parcialmente a lide, tem força de lei nos limites

da lide e das questões decididas.

.Código de 2015

Art. 502. Denomina-se coisa julgada material a autoridade que

torna imutável e indiscutível a decisão de mérito não mais sujeita

a recurso.

Art. 503. A decisão que julgar total ou parcialmente o mérito

tem força de lei nos limites da questão principal expressamente

decidida.

§ 1o O disposto no caput aplica-se à resolução de questão

prejudicial, decidida expressa e incidentemente no processo, se:

(este parágrafo não tem correspondência no atual código)

I - dessa resolução depender o julgamento do mérito;

II - a seu respeito tiver havido contraditório prévio e efetivo, não

se aplicando no caso de revelia;

III - o juízo tiver competência em razão da matéria e da pessoa

para resolvê-la como questão principal.

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Curso: O Novo CPC – 18 e 19 de Novembro de 2015 /Curitiba-PR

§ 2o A hipótese do § 1o não se aplica se no processo houver

restrições probatórias ou limitações à cognição que impeçam o

aprofundamento da análise da questão prejudicial.

b)Sistema Recursal

O sistema recursal passa a contar com uniformidade de prazos, onde o prazo de todos os recursos à exceção dos

embargos de declaração, passa a ser de 15 dias, bem como com a extinção dos embargos infringentes e do agravo

Retido.Com relação aos prazos assim determina o novo código:

Código de 1973

Art. 508. Na apelação, nos embargos

infringentes, no recurso ordinário, no recurso

especial, no recurso extraordinário e nos

embargos de divergência, o prazo para interpor e

para responder é de 15 (quinze) dias. (Redação

dada pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)

.Código de 2015

Art. 1.003. O prazo para interposição de recurso conta-se da

data em que os advogados, a sociedade de advogados, a

Advocacia Pública, a Defensoria Pública ou o Ministério Público

são intimados da decisão.

(...)

§ 5o Excetuados os embargos de declaração, o prazo para

interpor os recursos e para responder-lhes é de 15 (quinze) dias.

Em relação aos recursos propriamente ditos, o Código atual admite a interposição de sete recursos: i) apelação;

ii) agravo; iii) embargos infringentes; iv) embargos de declaração; v) recurso ordinário; vi) recurso especial; e vii)

recurso extraordinário. Sendo que para o agravo existem quatro modalidades: a) agravo retido; b) agravo de

instrumento; c) agravo na forma do artigo 544; e d) agravo na forma do §1º do artigo 557.

Já no novo CPC, a ideia foi a simplificação do sistema recursal. Segundo o Novo CPC serão cabíveis os

seguintes recursos conforme redação do artigo 994 do novo código: i) apelação; ii) agravo de instrumento; iii) agravo

interno; iv) embargos de declaração; v) recurso ordinário; vi) recurso especial; vii) recurso extraordinário; viii) agravo

em recurso especial e extraordinário; e ix) embargos de divergência

Ainda, apesar de ter sido mantido o efeito suspensivo da apelação, os recursos não impedem a eficácia das

decisões se assim entender o órgão jurisdicional, conforme artigo 995 NCPC:

Art. 995. Os recursos não impedem a eficácia da decisão, salvo disposição legal ou decisão judicial em sentido diverso.

Parágrafo único. A eficácia da decisão recorrida poderá ser suspensa por decisão do relator, se da imediata produção de

seus efeitos houver risco de dano grave, de difícil ou impossível reparação, e ficar demonstrada a probabilidade de

provimento do recurso.

De outro lado houve uma grande alteração com relação ao recurso de Agravo destinado ao ataque das decisões

interlocutórias.

O novo código preferiu instituir um rol taxativo de decisões passiveis de ataque por agravo de instrumento, que

podem ser direcionadas imediatamente ao Tribunal para conhecimento e, para as demais, não elencadas, passa a não

mais considerar preclusivo o sistema. Com isso, as decisões que não estejam previstas no rol do artigo 1015 do novo

código, podem ser revolvidas em sede de apelação, se assim entender necessário o apelante, em caráter preliminar na

peça recursal, independente de ter havido protesto no momento oportuno. A saber:

Código de 1973

Art. 522. Das decisões interlocutórias caberá

agravo, no prazo de 10 (dez) dias, na forma

retida, salvo quando se tratar de decisão

suscetível de causar à parte lesão grave e de

difícil reparação, bem como nos casos de

inadmissão da apelação e nos relativos aos

efeitos em que a apelação é recebida, quando

.Código de 2015

Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões

interlocutórias que versarem sobre:

I - tutelas provisórias;

II - mérito do processo;

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Curso: O Novo CPC – 18 e 19 de Novembro de 2015 /Curitiba-PR

será admitida a sua interposição por

instrumento. (Redação dada pela Lei nº 11.187,

de 2005)

Parágrafo único. O agravo retido independe de

preparo. (Redação dada pela Lei nº 9.139, de

30.11.1995)

Sem correspondência no código de 1973

III - rejeição da alegação de convenção de arbitragem;

IV - incidente de desconsideração da personalidade jurídica;

V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento

do pedido de sua revogação;

VI - exibição ou posse de documento ou coisa;

VII - exclusão de litisconsorte;

VIII - rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio;

IX - admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros;

X - concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo

aos embargos à execução;

XI - redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, § 1o;

XII - (VETADO);

XIII - outros casos expressamente referidos em lei.

Parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento contra

decisões interlocutórias proferidas na fase de liquidação de

sentença ou de cumprimento de sentença, no processo de

execução e no processo de inventário.

Art. 1.009. Da sentença cabe apelação.

§ 1o As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a

decisão a seu respeito não comportar agravo de instrumento, não

são cobertas pela preclusão e devem ser suscitadas em preliminar

de apelação, eventualmente interposta contra a decisão final, ou

nas contrarrazões.

Este ponto, entretanto, é controverso, visto que alguns doutrinadores ( entre eles Marinoni e Didier) entendem o

rol como exemplificativo, destarte a redação do artigo 1015 do CPC.

10. LIQUIDAÇÃO E CUMPRIMENTO DE SENTENÇA: a) Processo de Execução

Como já exposto antes, de forma expressa o processo autônomo de execução se restringe aos títulos

extrajudiciais, conforme artigo 771 do novo código, mas aplicável subsidiariamente a outros processos especiais de

execução e ao cumprimento de sentença:

Art. 771. Este Livro regula o procedimento da execução fundada em título extrajudicial, e suas disposições aplicam-se,

também, no que couber, aos procedimentos especiais de execução, aos atos executivos realizados no procedimento de

cumprimento de sentença, bem como aos efeitos de atos ou fatos processuais a que a lei atribuir força executiva.

Portanto, ainda que autônomo, o processo de execução serve como referência aos direitos que dependam da

aplicação da tutela executiva, quando as disposições procedimentais para estes for omissa.

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Curso: O Novo CPC – 18 e 19 de Novembro de 2015 /Curitiba-PR

b) Liquidação de Sentença

O procedimento foi simplificado no Novo Código de Processo Civil,o artigo 509 define as modalidades de

liquidação:

Art. 509. Quando a sentença condenar ao pagamento de quantia ilíquida, proceder-se-á à sua liquidação, a requerimento

do credor ou do devedor:

I - por arbitramento, quando determinado pela sentença, convencionado pelas partes ou exigido pela natureza do objeto

da liquidação;

II - pelo procedimento comum, quando houver necessidade de alegar e provar fato novo.

§ 1o Quando na sentença houver uma parte líquida e outra ilíquida, ao credor é lícito promover simultaneamente a

execução daquela e, em autos apartados, a liquidação desta.

§ 2o Quando a apuração do valor depender apenas de cálculo aritmético, o credor poderá promover, desde logo, o

cumprimento da sentença.

§ 3o O Conselho Nacional de Justiça desenvolverá e colocará à disposição dos interessados programa de atualização

financeira.

§ 4o Na liquidação é vedado discutir de novo a lide ou modificar a sentença que a julgou.

A primeira inovação é a de que a liquidação que dependa exclusivamente de mero cálculo aritmético para se

chegar ao valor devido não exige liquidação da obrigação, deixa de fazer parte do rol da liquidação. De fato, o art. 786,

parágrafo único, do Novo CPC prevê quea necessidade de simples operações aritméticas para apurar o crédito

exequendo não retira a liquidez da obrigação constante do título.

Com isso, conforme disposição do parágrafo 2º do art. 509 nos casos de sentenças que dependam da apuração

do valor apenas por cálculo aritmético, o credor poderá promover, desde logo, o cumprimento da sentença, onde o

exequente se quiser poderá ser auxiliado por programa de atualização financeira a ser disponibilizado pelo Conselho

Nacional deJustiça, conforme disposição do parágrafo 3.º deste artigo.

Outro importante é que o artigo 509, caput, do Novo CPC dá algumas diretrizes no entendimento do cabimento

da liquidação. Em primeiro lugar, ao mencionar que é cabível em sentenças condenatórias de quantias ilíquidas, parece

limitar somente à obrigação de pagar quantia. Em segundo lugar, abre a legitimidade tanto ao credor como ao devedor

(parte final do caput do artigo 509).

De outro lado, restam somente dois tipos de liquidação :(I) por arbitramento e (II) pelo procedimento comum.

Se reduz as diferentes espécies de liquidação de sentença, limitando-se a prever dois diferentes procedimentos:

uma delas é a liquidação por arbitramento quando determinado pela sentença, convencionado pelas partes ou exigido

pela natureza do objeto quando a fixação do valor dependesse de prova pericial.

A outra espécie é a liquidação pelo procedimento comum, quando dependa da necessidade de provar fato

novo.O procedimento da liquidação por arbitramento está regulado pelo artigo 510:

Art. 510. Na liquidação por arbitramento, o juiz intimará as partes para a apresentação de pareceres ou documentos

elucidativos, no prazo que fixar, e, caso não possa decidir de plano, nomeará perito, observando-se, no que couber, o

procedimento da prova pericial.

Para tanto, sendo subsidiário o rito comum, se aplicam as disposições necessárias a garantir o contraditório.

O procedimento da liquidação pelo procedimento comum se verifica no artigo 511 do NCPC, onde se aplica o

rito comum do processo de conhecimento previsto na parte especial do código:

Art. 511. Na liquidação pelo procedimento comum, o juiz determinará a intimação do requerido, na pessoa de seu

advogado ou da sociedade de advogados a que estiver vinculado, para, querendo, apresentar contestação no prazo de 15

(quinze) dias, observando-se, a seguir, no que couber, o disposto no Livro I da Parte Especial deste Código.

Cumpre por fim, lembrar que todas as decisões exaradas na liquidação são atacáveis por agravo de instrumento

por determinação expressa do parágrafo único do artigo 1015 do NCPC.

c) Cumprimento definitivo e provisório da Sentença

Cumprimento provisório de sentença

Para as sentenças que estejam pendentes de recurso sem efeito suspensivo o credor poderá promover a execução

provisória com base no artigo 520 quando se tratar de pagamento por quantia certa ou entregar coisa ou fazer ou não

fazer:

Art. 520. O cumprimento provisório da sentença impugnada por recurso desprovido de efeito suspensivo será realizado

da mesma forma que o cumprimento definitivo, sujeitando-se ao seguinte regime:

I - corre por iniciativa e responsabilidade do exequente, que se obriga, se a sentença for reformada, a reparar os danos

que o executado haja sofrido;

II - fica sem efeito, sobrevindo decisão que modifique ou anule a sentença objeto da execução, restituindo-se as partes

ao estado anterior e liquidando-se eventuais prejuízos nos mesmos autos;

III - se a sentença objeto de cumprimento provisório for modificada ou anulada apenas em parte, somente nesta ficará

sem efeito a execução;

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Curso: O Novo CPC – 18 e 19 de Novembro de 2015 /Curitiba-PR

IV - o levantamento de depósito em dinheiro e a prática de atos que importem transferência de posse ou alienação de

propriedade ou de outro direito real, ou dos quais possa resultar grave dano ao executado, dependem de caução

suficiente e idônea, arbitrada de plano pelo juiz e prestada nos próprios autos.

§ 1o No cumprimento provisório da sentença, o executado poderá apresentar impugnação, se quiser, nos termos do art.

525.

§ 2o A multa e os honorários a que se refere o § 1o do art. 523 são devidos no cumprimento provisório de sentença

condenatória ao pagamento de quantia certa.

§ 3o Se o executado comparecer tempestivamente e depositar o valor, com a finalidade de isentar-se da multa, o ato não

será havido como incompatível com o recurso por ele interposto.

§ 4o A restituição ao estado anterior a que se refere o inciso II não implica o desfazimento da transferência de posse ou

da alienação de propriedade ou de outro direito real eventualmente já realizada, ressalvado, sempre, o direito à reparação

dos prejuízos causados ao executado.

§ 5o Ao cumprimento provisório de sentença que reconheça obrigação de fazer, de não fazer ou de dar coisa aplica-se,

no que couber, o disposto neste Capítulo.

Em resumo, a execução provisória é uma opção do credor que assume, entretanto, a responsabilidadeé do credor

pelos cujos prejuízos causados que serão apurados nos mesmos autos.

Ainda, por se tratar de cumprimento provisório, para haver levantamento de depósito em dinheiro ou

expropriar os bens, o credor terá que prestar caução, salvo nas hipóteses do artigo 521do novo CPC (crédito de natureza

alimentar, independentemente da origem, credor demonstrar situação de necessidade, pender o recurso de agravo da

inadmissão de recurso extraordinário ou especial; sentença estiver de acordo com súmula do STF e do STJ ou nos casos

em que já acórdão proferido em julgamento de casos repetitivos). De qualquer modo, independente de se tratar ou não

dos casos de exceção,a necessidade de cauçãopermanece se a sua dispensa resultar em risco de grave dano de difícil ou

incerta reparação, conforme parágrafo único do artigo 521

A multa de 10% do cumprimento definitivo é aplicável ao cumprimento de sentença, por força do artigo 520,

parágrafo 2º.

Cumprimento definitivo

O cumprimento definitivo se divide em obrigações de pagar quantia certa, pagar alimentos

No caso de cumprimento de obrigação de pagar quantia certa assim, o código diferenciou os casos de quantia

certa em geral, a decorrente de obrigação de alimentos e a obrigação da fazenda pública:

Obrigação em quantia certa de forma geral

Art. 523. No caso de condenação em quantia certa, ou já fixada em liquidação, e no caso de decisão sobre parcela

incontroversa, o cumprimento definitivo da sentença far-se-á a requerimento do exequente, sendo o executado intimado

para pagar o débito, no prazo de 15 (quinze) dias, acrescido de custas, se houver.

§ 1o Não ocorrendo pagamento voluntário no prazo do caput, o débito será acrescido de multa de dez por cento e,

também, de honorários de advogado de dez por cento.

§ 2o Efetuado o pagamento parcial no prazo previsto no caput, a multa e os honorários previstos no § 1

o incidirão sobre

o restante.

§ 3o Não efetuado tempestivamente o pagamento voluntário, será expedido, desde logo, mandado de penhora e

avaliação, seguindo-se os atos de expropriação.

Art. 524. O requerimento previsto no art. 523 será instruído com demonstrativo discriminado e atualizado do crédito,

devendo a petição conter:

I - o nome completo, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica

do exequente e do executado, observado o disposto no art. 319, §§ 1o a 3

o;

II - o índice de correção monetária adotado;

III - os juros aplicados e as respectivas taxas;

IV - o termo inicial e o termo final dos juros e da correção monetária utilizados;

V - a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso;

VI - especificação dos eventuais descontos obrigatórios realizados;

VII - indicação dos bens passíveis de penhora, sempre que possível.

§ 1o Quando o valor apontado no demonstrativo aparentemente exceder os limites da condenação, a execução será

iniciada pelo valor pretendido, mas a penhora terá por base a importância que o juiz entender adequada.

§ 2o Para a verificação dos cálculos, o juiz poderá valer-se de contabilista do juízo, que terá o prazo máximo de 30

(trinta) dias para efetuá-la, exceto se outro lhe for determinado.

§ 3o Quando a elaboração do demonstrativo depender de dados em poder de terceiros ou do executado, o juiz poderá

requisitá-los, sob cominação do crime de desobediência.

§ 4o Quando a complementação do demonstrativo depender de dados adicionais em poder do executado, o juiz poderá, a

requerimento do exequente, requisitá-los, fixando prazo de até 30 (trinta) dias para o cumprimento da diligência. § 5

o Se os dados adicionais a que se refere o § 4

o não forem apresentados pelo executado, sem justificativa, no prazo

designado, reputar-se-ão corretos os cálculos apresentados pelo exequente apenas com base nos dados de que dispõe.

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Curso: O Novo CPC – 18 e 19 de Novembro de 2015 /Curitiba-PR

Art. 525. Transcorrido o prazo previsto no art. 523 sem o pagamento voluntário, inicia-se o prazo de 15 (quinze) dias

para que o executado, independentemente de penhora ou nova intimação, apresente, nos próprios autos, sua

impugnação.

§ 1o Na impugnação, o executado poderá alegar:

I - falta ou nulidade da citação se, na fase de conhecimento, o processo correu à revelia;

II - ilegitimidade de parte;

III - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação;

IV - penhora incorreta ou avaliação errônea;

V - excesso de execução ou cumulação indevida de execuções;

VI - incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução;

VII - qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, novação, compensação, transação ou

prescrição, desde que supervenientes à sentença.

§ 2o A alegação de impedimento ou suspeição observará o disposto nos arts. 146 e 148.

§ 3o Aplica-se à impugnação o disposto no art. 229.

§ 4o Quando o executado alegar que o exequente, em excesso de execução, pleiteia quantia superior à resultante da

sentença, cumprir-lhe-á declarar de imediato o valor que entende correto, apresentando demonstrativo discriminado e

atualizado de seu cálculo.

§ 5o Na hipótese do § 4

o, não apontado o valor correto ou não apresentado o demonstrativo, a impugnação será

liminarmente rejeitada, se o excesso de execução for o seu único fundamento, ou, se houver outro, a impugnação será

processada, mas o juiz não examinará a alegação de excesso de execução.

§ 6o A apresentação de impugnação não impede a prática dos atos executivos, inclusive os de expropriação, podendo o

juiz, a requerimento do executado e desde que garantido o juízo com penhora, caução ou depósito suficientes, atribuir-

lhe efeito suspensivo, se seus fundamentos forem relevantes e se o prosseguimento da execução for manifestamente

suscetível de causar ao executado grave dano de difícil ou incerta reparação.

§ 7o A concessão de efeito suspensivo a que se refere o § 6

o não impedirá a efetivação dos atos de substituição, de

reforço ou de redução da penhora e de avaliação dos bens

§ 8o Quando o efeito suspensivo atribuído à impugnação disser respeito apenas a parte do objeto da execução, esta

prosseguirá quanto à parte restante.

§ 9o A concessão de efeito suspensivo à impugnação deduzida por um dos executados não suspenderá a execução contra

os que não impugnaram, quando o respectivo fundamento disser respeito exclusivamente ao impugnante.

§ 10. Ainda que atribuído efeito suspensivo à impugnação, é lícito ao exequente requerer o prosseguimento da

execução, oferecendo e prestando, nos próprios autos, caução suficiente e idônea a ser arbitrada pelo juiz.

§ 11. As questões relativas a fato superveniente ao término do prazo para apresentação da impugnação, assim como

aquelas relativas à validade e à adequação da penhora, da avaliação e dos atos executivos subsequentes, podem ser

arguidas por simples petição, tendo o executado, em qualquer dos casos, o prazo de 15 (quinze) dias para formular esta

arguição, contado da comprovada ciência do fato ou da intimação do ato.

§ 12. Para efeito do disposto no inciso III do § 1o deste artigo, considera-se também inexigível a obrigação reconhecida

em título executivo judicial fundado em lei ou ato normativo considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal

Federal, ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou do ato normativo tido pelo Supremo Tribunal Federal como

incompatível com a Constituição Federal, em controle de constitucionalidade concentrado ou difuso.

§ 13. No caso do § 12, os efeitos da decisão do Supremo Tribunal Federal poderão ser modulados no tempo, em

atenção à segurança jurídica.

§ 14. A decisão do Supremo Tribunal Federal referida no § 12 deve ser anterior ao trânsito em julgado da decisão

exequenda.

§ 15. Se a decisão referida no § 12 for proferida após o trânsito em julgado da decisão exequenda, caberá ação

rescisória, cujo prazo será contado do trânsito em julgado da decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal.

Art. 526. É lícito ao réu, antes de ser intimado para o cumprimento da sentença, comparecer em juízo e oferecer em

pagamento o valor que entender devido, apresentando memória discriminada do cálculo.

§ 1o O autor será ouvido no prazo de 5 (cinco) dias, podendo impugnar o valor depositado, sem prejuízo do

levantamento do depósito a título de parcela incontroversa.

§ 2o Concluindo o juiz pela insuficiência do depósito, sobre a diferença incidirão multa de dez por cento e honorários

advocatícios, também fixados em dez por cento, seguindo-se a execução com penhora e atos subsequentes.

§ 3o Se o autor não se opuser, o juiz declarará satisfeita a obrigação e extinguirá o processo.

Vê-se que aqui o código retirou a necessidade de garantia da execução para o início do prazo para apresentação

de impugnação do executado, iniciando este após o transcurso do prazo de pagamento dado pela intimação de

cumprimento desta.

Ainda, as alegações de excesso de execução e outras decorrentes de incerteza do cálculo apresentado pelo

exequente serão atacáveis por petição simples dirigidas ao juiz que terá opoder de revisão dos atos portanto, antes da

necessidade de provocação por recursos.

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Obrigação de alimentos

Neste ponto o CPC assim dispõe:

Art. 528. No cumprimento de sentença que condene ao pagamento de prestação alimentícia ou de decisão interlocutória

que fixe alimentos, o juiz, a requerimento do exequente, mandará intimar o executado pessoalmente para, em 3 (três)

dias, pagar o débito, provar que o fez ou justificar a impossibilidade de efetuá-lo.

§ 1o Caso o executado, no prazo referido no caput, não efetue o pagamento, não prove que o efetuou ou não apresente

justificativa da impossibilidade de efetuá-lo, o juiz mandará protestar o pronunciamento judicial, aplicando-se, no que

couber, o disposto no art. 517.

§ 2o Somente a comprovação de fato que gere a impossibilidade absoluta de pagar justificará o inadimplemento.

§ 3o Se o executado não pagar ou se a justificativa apresentada não for aceita, o juiz, além de mandar protestar o

pronunciamento judicial na forma do § 1o, decretar-lhe-á a prisão pelo prazo de 1 (um) a 3 (três) meses.

§ 4o A prisão será cumprida em regime fechado, devendo o preso ficar separado dos presos comuns.

§ 5o O cumprimento da pena não exime o executado do pagamento das prestações vencidas e vincendas.

§ 6o Paga a prestação alimentícia, o juiz suspenderá o cumprimento da ordem de prisão.

§ 7o O débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o que compreende até as 3 (três) prestações

anteriores ao ajuizamento da execução e as que se vencerem no curso do processo.

§ 8o O exequente pode optar por promover o cumprimento da sentença ou decisão desde logo, nos termos do disposto

neste Livro, Título II, Capítulo III, caso em que não será admissível a prisão do executado, e, recaindo a penhora em

dinheiro, a concessão de efeito suspensivo à impugnação não obsta a que o exequente levante mensalmente a

importância da prestação.

§ 9o Além das opções previstas no art. 516, parágrafo único, o exequente pode promover o cumprimento da sentença ou

decisão que condena ao pagamento de prestação alimentícia no juízo de seu domicílio.

Art. 529. Quando o executado for funcionário público, militar, diretor ou gerente de empresa ou empregado sujeito à

legislação do trabalho, o exequente poderá requerer o desconto em folha de pagamento da importância da prestação

alimentícia.

§ 1o Ao proferir a decisão, o juiz oficiará à autoridade, à empresa ou ao empregador, determinando, sob pena de crime

de desobediência, o desconto a partir da primeira remuneração posterior do executado, a contar do protocolo do ofício.

§ 2o O ofício conterá o nome e o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas do exequente e do executado, a

importância a ser descontada mensalmente, o tempo de sua duração e a conta na qual deve ser feito o depósito.

§ 3o Sem prejuízo do pagamento dos alimentos vincendos, o débito objeto de execução pode ser descontado dos

rendimentos ou rendas do executado, de forma parcelada, nos termos do caput deste artigo, contanto que, somado à

parcela devida, não ultrapasse cinquenta por cento de seus ganhos líquidos.

Art. 530. Não cumprida a obrigação, observar-se-á o disposto nos arts. 831 e seguintes.

Art. 531. O disposto neste Capítulo aplica-se aos alimentos definitivos ou provisórios.

§ 1o A execução dos alimentos provisórios, bem como a dos alimentos fixados em sentença ainda não transitada em

julgado, se processa em autos apartados.

§ 2o O cumprimento definitivo da obrigação de prestar alimentos será processado nos mesmos autos em que tenha sido

proferida a sentença.

Art. 532. Verificada a conduta procrastinatória do executado, o juiz deverá, se for o caso, dar ciência ao Ministério

Público dos indícios da prática do crime de abandono material.

Art. 533. Quando a indenização por ato ilícito incluir prestação de alimentos, caberá ao executado, a requerimento do

exequente, constituir capital cuja renda assegure o pagamento do valor mensal da pensão.

§ 1o O capital a que se refere o caput, representado por imóveis ou por direitos reais sobre imóveis suscetíveis de

alienação, títulos da dívida pública ou aplicações financeiras em banco oficial, será inalienável e impenhorável enquanto

durar a obrigação do executado, além de constituir-se em patrimônio de afetação.

§ 2o O juiz poderá substituir a constituição do capital pela inclusão do exequente em folha de pagamento de pessoa

jurídica de notória capacidade econômica ou, a requerimento do executado, por fiança bancária ou garantia real, em

valor a ser arbitrado de imediato pelo juiz.

§ 3o Se sobrevier modificação nas condições econômicas, poderá a parte requerer, conforme as circunstâncias, redução

ou aumento da prestação.

§ 4o A prestação alimentícia poderá ser fixada tomando por base o salário-mínimo.

§ 5o Finda a obrigação de prestar alimentos, o juiz mandará liberar o capital, cessar o desconto em folha ou cancelar as

garantias prestadas.

A requerimento do exequente o executado será intimado para pagar no prazo de 03 dias para pagar. Caso não

faça o pagamento e o débito já se dê por no mínimo 03 prestações o juiz poderá ordenar o protesto da sentença e, ainda,

decretar a prisão deste por um período de 1 a 3 meses, em regime fechado separado dos demais presos, esta prisão não

exime o devedor ao pagamento do débito. Desta forma o CPC unifica o procedimento com relação à estes itens.

Entretanto se de imediato o exequente optar pelo cumprimento de sentença na forma legal, não poderá ser

decretada a prisão do executado mês, serão efetuados os atos necessários à satisfação do crédito.

Do cumprimento de sentença de obrigação de pagar pela Fazenda Pública.

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Neste ponto o CPC acaba com alguns dos privilégios da Fazenda Pública, aplicando o entendimento de

igualdade processual que permeia o novo Código. Assim dispõe o Código:

Art. 534. No cumprimento de sentença que impuser à Fazenda Pública o dever de pagar quantia certa, o exequente

apresentará demonstrativo discriminado e atualizado do crédito contendo:

I - o nome completo e o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica

do exequente;

II - o índice de correção monetária adotado;

III - os juros aplicados e as respectivas taxas;

IV - o termo inicial e o termo final dos juros e da correção monetária utilizados;

V - a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso;

VI - a especificação dos eventuais descontos obrigatórios realizados.

§ 1o Havendo pluralidade de exequentes, cada um deverá apresentar o seu próprio demonstrativo, aplicando-se à

hipótese, se for o caso, o disposto nos §§ 1o e 2

o do art. 113.

§ 2o A multa prevista no § 1

o do art. 523 não se aplica à Fazenda Pública.

Art. 535. A Fazenda Pública será intimada na pessoa de seu representante judicial, por carga, remessa ou meio

eletrônico, para, querendo, no prazo de 30 (trinta) dias e nos próprios autos, impugnar a execução, podendo arguir:

I - falta ou nulidade da citação se, na fase de conhecimento, o processo correu à revelia;

II - ilegitimidade de parte;

III - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação;

IV - excesso de execução ou cumulação indevida de execuções;

V - incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução;

VI - qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, novação, compensação, transação ou

prescrição, desde que supervenientes ao trânsito em julgado da sentença.

§ 1o A alegação de impedimento ou suspeição observará o disposto nos arts. 146 e 148.

§ 2o Quando se alegar que o exequente, em excesso de execução, pleiteia quantia superior à resultante do título,

cumprirá à executada declarar de imediato o valor que entende correto, sob pena de não conhecimento da arguição.

§ 3o Não impugnada a execução ou rejeitadas as arguições da executada:

I - expedir-se-á, por intermédio do presidente do tribunal competente, precatório em favor do exequente, observando-se

o disposto na Constituição Federal;

II - por ordem do juiz, dirigida à autoridade na pessoa de quem o ente público foi citado para o processo, o pagamento

de obrigação de pequeno valor será realizado no prazo de 2 (dois) meses contado da entrega da requisição, mediante

depósito na agência de banco oficial mais próxima da residência do exequente.

§ 4o Tratando-se de impugnação parcial, a parte não questionada pela executada será, desde logo, objeto de

cumprimento.

§ 5o Para efeito do disposto no inciso III do caput deste artigo, considera-se também inexigível a obrigação reconhecida

em título executivo judicial fundado em lei ou ato normativo considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal

Federal, ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou do ato normativo tido pelo Supremo Tribunal Federal como

incompatível com a Constituição Federal, em controle de constitucionalidade concentrado ou difuso.

§ 6o No caso do § 5

o, os efeitos da decisão do Supremo Tribunal Federal poderão ser modulados no tempo, de modo a

favorecer a segurança jurídica.

§ 7o A decisão do Supremo Tribunal Federal referida no § 5

o deve ter sido proferida antes do trânsito em julgado da

decisão exequenda.

§ 8o Se a decisão referida no § 5

o for proferida após o trânsito em julgado da decisão exequenda, caberá ação rescisória,

cujo prazo será contado do trânsito em julgado da decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal.

Com isso, a Fazenda Pública será intimada, na pessoa do seu representante, para querendo impugnar a

execução. Mantida a decisão de imediato será expedida pelo Tribunal o precatório respectivo, caso seja dívida de

pequeno monte o próprio juiz da causa poderá expedir ordem de pagamento ao representante intimado do cumprimento.

Obrigações de fazer ou não fazer ou entregar coisa certa

Assim dispõe o Código:

Art. 536. No cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de fazer ou de não fazer, o juiz

poderá, de ofício ou a requerimento, para a efetivação da tutela específica ou a obtenção de tutela pelo resultado prático

equivalente, determinar as medidas necessárias à satisfação do exequente.

§ 1o Para atender ao disposto no caput, o juiz poderá determinar, entre outras medidas, a imposição de multa, a busca e

apreensão, a remoção de pessoas e coisas, o desfazimento de obras e o impedimento de atividade nociva, podendo, caso

necessário, requisitar o auxílio de força policial.

§ 2o O mandado de busca e apreensão de pessoas e coisas será cumprido por 2 (dois) oficiais de justiça, observando-se o

disposto no art. 846, §§ 1o a 4

o, se houver necessidade de arrombamento.

§ 3o O executado incidirá nas penas de litigância de má-fé quando injustificadamente descumprir a ordem judicial, sem

prejuízo de sua responsabilização por crime de desobediência.

§ 4o No cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de fazer ou de não fazer, aplica-se o art.

525, no que couber.

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Curso: O Novo CPC – 18 e 19 de Novembro de 2015 /Curitiba-PR

§ 5o O disposto neste artigo aplica-se, no que couber, ao cumprimento de sentença que reconheça deveres de fazer e de

não fazer de natureza não obrigacional.

Art. 537. A multa independe de requerimento da parte e poderá ser aplicada na fase de conhecimento, em tutela

provisória ou na sentença, ou na fase de execução, desde que seja suficiente e compatível com a obrigação e que se

determine prazo razoável para cumprimento do preceito.

§ 1o O juiz poderá, de ofício ou a requerimento, modificar o valor ou a periodicidade da multa vincenda ou excluí-la,

caso verifique que:

I - se tornou insuficiente ou excessiva;

II - o obrigado demonstrou cumprimento parcial superveniente da obrigação ou justa causa para o descumprimento.

§ 2o O valor da multa será devido ao exequente.

§ 3o A decisão que fixa a multa é passível de cumprimento provisório, devendo ser depositada em juízo, permitido o

levantamento do valor após o trânsito em julgado da sentença favorável à parte ou na pendência do agravo fundado nos

incisos II ou III do art. 1.042.

§ 4o A multa será devida desde o dia em que se configurar o descumprimento da decisão e incidirá enquanto não for

cumprida a decisão que a tiver cominado.

§ 5o O disposto neste artigo aplica-se, no que couber, ao cumprimento de sentença que reconheça deveres de fazer e de

não fazer de natureza não obrigacional.

SeçãoII

Do Cumprimento de Sentença que Reconheça a Exigibilidade de Obrigação de Entregar Coisa

Art. 538. Não cumprida a obrigação de entregar coisa no prazo estabelecido na sentença, será expedido mandado de

busca e apreensão ou de imissão na posse em favor do credor, conforme se tratar de coisa móvel ou imóvel.

§ 1o A existência de benfeitorias deve ser alegada na fase de conhecimento, em contestação, de forma discriminada e

com atribuição, sempre que possível e justificadamente, do respectivo valor.

§ 2o O direito de retenção por benfeitorias deve ser exercido na contestação, na fase de conhecimento.

§ 3o Aplicam-se ao procedimento previsto neste artigo, no que couber, as disposições sobre o cumprimento de obrigação

de fazer ou de não fazer.

Neste Ponto o CPC não modificou substancialmente o procedimento atual, mantendo os dispositivos que

regulam o cumprimento de tais obrigações.

Especificamente o CPC determina que as multas aplicadas se destinam ao exequente, e no caso da obrigação de

entregar coisa certa apenas definiu que as alegações de retenção por existência de benfeitorias devem ser efetuadas na

fase de conhecimento, o que demanda menor litigiosidade nesta fase de cumprimento, o que condiz com a lógica do

sistema.

e) Defesas do Executado

Em todos os casos de cumprimento de sentença, o meio de oposição a esta fase será a impugnação à execução

com as matérias taxativamente elencadas, agora independente de garantia do juízo, iniciando o prazo imediatamente ao

não cumprimento da ordem de pagar, ou de imediato no caso da Fazenda Pública. Para este último, aliás, surge a

novidade de, caso alegue excesso de execução deve agora, com a impugnação, apontar discriminadamente por meio de

cálculos o excesso, sob pena de rejeição da impugnação.

f) Meios de satisfação do credor

Os meios de satisfação do credor permanecem no novo CPC, sendo basicamente o leilão, a venda por iniciativa

particular e a adjudicação, nos casos de pagamento de quantia certa. Para as obrigações de fazer não fazer ou entregar

quantia certa permanecem os atos cogentes da autoridade judicial no sentido de poder tomar as medidas que entenda

necessárias para o cumprimento de sua decisão. Nos casos em que é exequente a Fazenda Pública permanece o sistema

de precatórios para grandes quantias e execução direta para pequenos valores.

Com relação à alienação dos bens, cumpre dizer que, desaparece o termo praça e restam apenas o leilão, de

preferencia o eletrônico e a venda por iniciativa particular, conforme dispõe o artigo 879:

Art. 879. A alienação far-se-á:

I - por iniciativa particular;

II - em leilão judicial eletrônico ou presencial.

g) Penhora de bens

A inovação do CPC se dá no fato de não mais exigir penhora prévia para a abertura do prazo para impugnação

pelo executado, portanto, no novo sistema, caso este não cumpra espontaneamente a obrigação ou após a determinação

dada pelo juízo inicia-se o prazo para impugnação da execução na forma do artigo 525 basicamente, que é aplicado

subsidiariamente aos demais tipos de cumprimento de sentença.

Entretanto, como novidade, que na prática veio regulamentar o que já entendia a Jurisprudência em muitos

casos, foi a autorização da penhora para dívidas oriundas de crédito alimentar de qualquer natureza e, independente da

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Curso: O Novo CPC – 18 e 19 de Novembro de 2015 /Curitiba-PR

natureza da dívida, para salários com valor acima de 50 salários mínimos. Da mesma forma se permite a penhora para

saldos da caderneta de poupança acima de 40 salários mínimos.

De se referendar que o art. 833 do NCPC, assim como acontecia no CPC73, apresenta o rol de bens

impenhoráveis, as situações nas quais, por força de lei, a penhora não é permitida, mas nos casos supra mencionados

agora haverá exceções à esta intangibilidade. A saber:

Art. 833. São impenhoráveis:

I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução;

II - os móveis, os pertences e as utilidades domésticas que guarnecem a residência do executado, salvo os de elevado

valor ou os que ultrapassem as necessidades comuns correspondentes a um médio padrão de vida;

III - os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de elevado valor;

IV - os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os proventos de aposentadoria, as pensões, os

pecúlios e os montepios, bem como as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do

devedor e de sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal, ressalvado o § 2o;

V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros bens móveis necessários ou úteis ao

exercício da profissão do executado;

VI - o seguro de vida;

VII - os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas forem penhoradas;

VIII - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família;

IX - os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação compulsória em educação, saúde ou

assistência social;

X - a quantia depositada em caderneta de poupança, até o limite de 40 (quarenta) salários-mínimos;

XI - os recursos públicos do fundo partidário recebidos por partido político, nos termos da lei;

XII - os créditos oriundos de alienação de unidades imobiliárias, sob regime de incorporação imobiliária, vinculados à

execução da obra.

§ 1o A impenhorabilidade não é oponível à execução de dívida relativa ao próprio bem, inclusive àquela contraída para

sua aquisição.

§ 2o O disposto nos incisos IV e X do caput não se aplica à hipótese de penhora para pagamento de prestação

alimentícia, independentemente de sua origem, bem como às importâncias excedentes a 50 (cinquenta) salários-mínimos

mensais, devendo a constrição observar o disposto no art. 528, § 8o, e no art. 529, § 3

o.

§ 3o Incluem-se na impenhorabilidade prevista no inciso V do caput os equipamentos, os implementos e as máquinas

agrícolas pertencentes a pessoa física ou a empresa individual produtora rural, exceto quando tais bens tenham sido

objeto de financiamento e estejam vinculados em garantia a negócio jurídico ou quando respondam por dívida de

natureza alimentar, trabalhista ou previdenciária.

Ainda, expressamente, quando se tratar de penhora em aplicações financeiras será efetuada sem a ciência do

executado, ou seja, antes mesmo da citação (execução de título extrajudicial) ou da intimação (cumprimento de

sentença), conforme caput do artigo 854:

Art. 854. Para possibilitar a penhora de dinheiro em depósito ou em aplicação financeira, o juiz, a requerimento do

exequente, sem dar ciência prévia do ato ao executado, determinará às instituições financeiras, por meio de sistema

eletrônico gerido pela autoridade supervisora do sistema financeiro nacional, que torne indisponíveis ativos financeiros existentes em nome do executado, limitando-se a indisponibilidade ao valor indicado na execução.

Isto veio a pacificar a discussão a respeito do tema e torna o cumprimento da medida passível de maior

efetividade.

Referências Bibliográficas

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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5869compilada.htm

Acesso em 14 outubro de 2015.

BRASIL. Lei 13.105/2015 de 16/03/2015, Código de processo civil. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm

Acesso em 14 de outubro de 2015.

Códigos de processo civil comparados / obra coletiva de autoria da Editora Saraiva com a colaboração de Luiz Roberto

Curia, et. all. – São Paulo: Saraiva, 2015.

DONIZETTI, Elpídio. Novo código de processo civil: CPC/73 para o NCPC e NCPC para o CPC/73: contém

legenda das modificações.- São Paulo: Atlas, 2015.

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Curso: O Novo CPC – 18 e 19 de Novembro de 2015 /Curitiba-PR

DIDIER, Jr., Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil, parte geral e processo

de conhecimento.- 17.ed.- Salvador: Ed. Jus Podivm, 2015.

DIDIER, Jr., Fredie. Curso de direito processual civil: teoria da prova, direito probatório, ações probatórias,

decisão, precedente, coisa julgada e antecipação dos efeitos da tutela.- 10.ed.- Salvador: Ed. Jus Podivm, 2015.v.2.

GONÇALVES, Marcus Vinícius Rios. Direito processual civil esquematizado. Coordenador Pedro Lenza. - 5º.ed., de

acordo com o novo CPC. Lei 13.105 de 16/03/2015. São Paulo: Saraiva, 2015. (coleção esquematizado).

MARINONI, Luiz Guilherme. Tutela inibitória. Pág. 400. São Paulo: RT. 1998

MARINONI, Luiz Guilherme; MITIDIERO, Daniel. O projeto do CPC: críticas e propostas. São Paulo: editora

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MARINONI, Luiz Guilherme. Curso de Processo Civil. Tutela dos direitos mediante procedimento comum. Sérgio

Cruz Arenhart, DanielMitidiero. Volume 2.Editora Revista dos Tribunais.Ed. 2015.

NERY Junior, Nelson; NERY, Rosa Maria de Andrade. Comentários ao código de processo civil. Ed. 01. Revista dos

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Novo CPC – Fundamentos e sistematização / Humberto Theodoro Júnior, Dierle Nunes, Alexandre Melo Franco

Bahia, Flávio QuinaudPedron – Rio de Janeiro: Forense, 2015.

THEODORO JUNIOR, Humberto. Notas sobre o projeto do novo código de processo civil do Brasil em matéria de

Execução. Belo Horizonte,

2010.Disponívelem:<http://www.oab.org.br/editora/revista/revista_10/artigos/notassobreoprojetodonovocodigodeproces

socivil.pdf > Acesso em: 10/11/2015.

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NOVIDADES DO NOVO CÓDIGO DE

PROCESSO CIVIL (PARTE 3)

Marcelo Quentin

Os Princípios no Novo Código de Processo Civil

Os princípios já integram o direito processual civil há longa data, o que se deve principalmente à doutrina, que

fomenta a sua aplicação desde 1988, inclusive em livros específicos sobre a temática. Entretanto, a exegese do Código

de Processo Civil demonstra deficiências do texto nesse contexto.

Já no projeto de novo Código esse quadro se inverte, pois começam a surgir no texto legal a participação de

princípios para guiar a solução das lides. No pensar de Antônio Aurélio Abi Ramia Duarte, no projeto do novo Código

de Processo Civil os princípios se revelam como o núcleo estrutural de todo o código, irradiando seus efeitos, abarcando

o ordenamento e norteando sua interpretação e integração, fato louvável em um sistema regido por uma Constituição

Democrática. Com efeito:

[…] os princípios constitucionais são, precisamente, a síntese dos valores mais relevantes da ordem jurídica. A

Constituição […] não é um simples agrupamento de regras que se justapõem ou que se superpõem. A ideia de sistema

funda-se na de harmonia, de partes que convivem sem atritos. Em toda ordem jurídica existem valores superiores e

diretrizes fundamentais que ‘costuram’ suas diferentes partes. Os princípios constitucionais consubstanciam as

premissas básicas de uma dada ordem jurídica, irradiando-se por todo o sistema. Eles indicam o ponto de partida e os

caminhos a serem percorridos.

Os princípios formam a estrutura basilar do processo, haja vista que devem ser a guia na interpretação do texto

legal. Devido a essa importância prática dos princípios no sistema jurídico brasileiro, o NEAPRO buscou aprofundar

suas estruturas, o que se verificar a seguir.

1. Princípio Dispositivo

O artigo 2° do NCPC (novo código de processo civil) norteia o princípio do Dispositivo (da inércia ou da

demanda):

O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções previstas em

lei.

Esse artigo consubstancia que a jurisdição apenas atua quando provocada, excetuando as situações legalmente

previstas, ou seja, a inércia da jurisdição não importa passividade e apatia do juiz na condução do processo. Já o impulso

oficial traz a ideia de que o processo deve caminhar sempre ao seu fim.

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2. Princípios da inafastabilidade do controle jurisdicional e o Princípio do Direito de ação

O art. 3° do NCPC aumenta a amplitude do art. 5°, inc. XXXV da Constituição da República Federativa do

Brasil, ressalvando apenas a questão da arbitragem (via alternativa de pacificação extrajudicial, mediante a escolha de

um terceiro imparcial que decidirá no lugar das partes, segundo normas e procedimentos por ela eleitos). Veja-se a

redação:

Art. 3° – Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito.

§ 1º É permitida a arbitragem, na forma da lei.

§ 2º O Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos conflitos.

§ 3º A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos deverão ser estimulados por

magistrados, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público, inclusive no curso do processo judicial.

3. O Princípio do Acesso à Justiça

O art. 16 da Declaração dos Direito do Homem, de 1789, estabelece que toda sociedade, onde a garantia dos

direitos não é assegurada, não goza de uma Constituição. O certo é que a garantia do acesso à justiça não se restringe

apenas a propositura de ações judiciais, mas resguarda principalmente o direito de defesa, pois nele devem estar as

possibilidades reais de as partes no processo serem ouvidos e influírem na atividade jurisdicional.

As partes têm direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa.

Isso leva a crer que o direito à jurisdição em prazo razoável é uma exigência para a tutela jurisdicional efetiva.

Além disso, a tutela deve ser prestada por meio de uma jurisdição adequada.

A tutela não deve ser apenas adequada, mas também efetiva, assim dispõe o art. 5º, LXXVIII, da Constituição

Federal (efetividade processual).

4. Princípio da Boa-fé

Preceitua o art.5° do projeto do novo CPC:

Aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se de acordo com a boa-fé.

O princípio da boa-fé se demonstra como um novo paradigma no Direito, responsável por estabelecer novos

limites para o exercício dos direitos, fulcrando-se no resgurado da moral, da veracidade e da confiança nas relações

jurídicas.

5. Princípio Constitucional da Dignidade de Pessoa Humana e os Princípios Constitucionais da

Administração pública

O artigo 6° do NCPC aponta para a necessidade de decisões fundamentadas e ainda faz alusão ao art. 37 da

CF/88. Veja-se:

Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem comum,

resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a

legalidade, a publicidade e a eficiência.

Ao exigir que decisões sejam devidamente fundamentadas o sistema deseja que o magistrado interprete a norma

de acordo com os valores e preceitos constitucionais, em particular ao princípio da dignidade de pessoa humana,

rejeitando a atividade meramente criativa, na qual o julgador levaria em conta seus valores e escolhas pessoais.

6. Princípio da Isonomia (= Princípio da paridade entre as partes)

É assegurado às partes paridade de tratamento no curso do processo, competindo ao juiz velar pelo efetivo

contraditório.

No NCPC as situações processuais de aplicação do princípio da isonomia foram mais detalhadamente

especificadas. Incorporando o viés constitucional, partiu-se da premissa de que um processo justo está em plena

consonância com o direito à igualdade e ao contraditório participativo. É a prerrogativa de que a todos devem ser dadas

oportunidades de agir de se defender em absoluta igualdade de condições.

7. Princípio da Cooperação

O princípio processual civil da Cooperação processual já era muito prestigiado no direito estrangeiro

(Alemanha, França e Portugal), mas no Brasil ainda tinha reflexos tímidos. Nas palavras de Fredie Didier Junior, em

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Curso: O Novo CPC – 18 e 19 de Novembro de 2015 /Curitiba-PR

dissertação à Revista de Processo: “…o chamado princípio da cooperação, que orienta o magistrado a tomar uma

posição de agente-colaborador do processo, de participante ativo do contraditório e não mais a de um mero fiscal de

regras”.

Esse princípio decorre da Boa-fé e da Lealdade. Apesar de não previsto em nossa legislação, o atual código já

vinha reprimindo ações contrárias a Boa-Fé no art. 14 do Código de Processo Civil:

São deveres das partes e de todos aqueles que de qualquer forma participam do processo:

I – expor os fatos em juízo conforme a verdade;

II – proceder com lealdade e boa-fé;

III – não formular pretensões, nem alegar defesa, cientes de que são destituídas de fundamento;

IV – não produzir provas, nem praticar atos inúteis ou desnecessários à declaração ou defesa do direito.

V – cumprir com exatidão os provimentos mandamentais e não criar embaraços à efetivação de provimentos judiciais,

de natureza antecipatória ou final.

Parágrafo único. Ressalvados os advogados que se sujeitam exclusivamente aos estatutos da OAB, a violação

do disposto no inciso V deste artigo constitui ato atentatório ao exercício da jurisdição, podendo o juiz, sem prejuízo

das sanções criminais, civis e processuais cabíveis, aplicar ao responsável multa em montante a ser fixado de acordo

com a gravidade da conduta e não superior a vinte por cento do valor da causa; não sendo paga no prazo

estabelecido, contado do trânsito em julgado da decisão final da causa, a multa será inscrita sempre como dívida ativa

da União ou do Estado.

Portanto, o atual sistema processual já reprime atitudes que não guardem Boa-fé em seus atos, inclusive

prevendo sanções pecuniárias as partes que agirem de má-fé criando embaraços à efetivação dos provimentos judiciais.

No momento encontra-se assim a redação do art. 8° do NCPC:

Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de

mérito justa e efetiva.

Com isso as partes e os agentes do poder judiciário devem se comprometer com os valores do processo

constitucionalizado (eficiente e satisfativo), sem criar entraves desnecessários.

8. Princípio do Contraditório e do devido processo

O artigo 9° do NCPC reforça a ideia de contraditório participativo:

Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que esta seja previamente ouvida. Parágrafo único. O

disposto no caput não se aplica à tutela antecipada de urgência e às hipóteses de tutela antecipada da evidência

previstas no art. 306, incisos II e III.

Portanto, o processo deve ser o campo de plena participação das partes, garantindo a elas idênticas

oportunidades a fim de que possam expressar sua defesa. O contraditório participativo deriva do princípio político da

participação democrática.

Isso quer dizer que a decisão não pode gerar surpresa às partes, tendo estas a oportunidade de apresentar todas

as suas alegações anteriormente. Excepcionam-se somente as hipóteses de urgência ou para se evitar o perecimento do

direito.

9. Contraditório tendo como destinatário o órgão jurisdicional (art. 10)

Art. 10 – Em qualquer grau de jurisdição, o órgão jurisdicional não pode decidir com base em fundamento a respeito

do qual não se tenha oportunizado manifestação das partes, ainda que se trate de matéria apreciável de ofício.

É inovação no projeto do novo Código. A principal diferença para o formato anterior é que a exigência do

contraditório tem como destinatário o órgão jurisdicional. Desta forma, entre o contraditório e a livre fundamentação das

decisões do juiz, deverá preponderar o contraditório, resguardando valores do Estado Democrático de Direito.

Esse artigo norteia a impossibilidade de o juiz decidir sem conceder a oportunidade de manifestação às partes.

10. Princípio da Publicidade dos atos processuais e princípio da motivação das decisões judiciais.

Trata da publicidade e da fundamentação das decisões judiciais. A publicidade é uma das garantias mais

importantes no Estado Democrático de Direito, e é o único instrumento de controle da atuação judicial. Assim, o sigilo e

a restrição às informações judiciais devem ser medidas excepcionais.

Já o princípio da motivação das decisões judiciais é prerrogativa para o contraditório participativo e para a

segurança jurídica de todo o sistema processual.

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Curso: O Novo CPC – 18 e 19 de Novembro de 2015 /Curitiba-PR

Art. 11 – Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob

pena de nulidade. Parágrafo único. Nos casos de segredo de justiça, pode ser autorizada somente a presença das

partes, de seus advogados, de defensores públicos ou do Ministério Público.

11. Julgamento dos processos em ordem cronológica

A redação do artigo 12 do NCPC é inovadora, estabelecendo que todos os órgãos jurisdicionais deverão

obedecer a ordem cronológica de conclusão para proferir sentença ou acórdão. Essa inovação é louvável, pois o

julgamento em ordem cronológica é um imperativo de igualdade. Além disso, essa regra impedirá que julgamento siga

ordem distinta considerando as partes envolvidas.

Art. 12 – Os órgãos jurisdicionais deverão obedecer à ordem cronológica de conclusão para proferir sentença ou

acórdão.

§ 1º A lista de processos aptos a julgamento deverá estar permanentemente à disposição para consulta pública em

cartório e na rede mundial de computadores.

§ 2º Estão excluídos da regra do caput:

I – as sentenças proferidas em audiência, homologatórias de acordo ou de improcedência liminar do pedido;

II – o julgamento de processos em bloco para aplicação da tese jurídica firmada em julgamento de casos repetitivos;

III – o julgamento de recursos repetitivos ou de incidente de resolução de demandas repetitivas;

IV – as decisões proferidas com base no art. 945;

V – o julgamento de embargos de declaração;

VI – o julgamento de agravo interno;

VII – as preferências legais.

§ 3º Após elaboração de lista própria, respeitar-se-á a ordem cronológica das conclusões entre as preferências legais.

§ 4º Após a inclusão do processo na lista de que trata o § 1º, o requerimento formulado pela parte não altera a ordem

cronológica para a decisão, exceto quando implicar a reabertura da instrução ou a conversão do julgamento em

diligência.

§ 5º Decidido o requerimento previsto no § 4º, o processo retornará à mesma posição em que anteriormente se

encontrava na lista.

PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA DECISÃO DE MÉRITO NO NOVO CPC

1. O DIREITO FUNDAMENTAL AO EXAME DO MÉRITO

Há muito se fala, em sede de doutrina, que existe um direito fundamental de acesso à justiça, o qual não pode

ser visto como mera garantia de acesso ao Judiciário mas, mais do que isto, deve ser compreendido como o direito

fundamental de acesso ao resultado final do processo.[1]

Não obstante isso, sempre foi muito grande o número de

decisões obstando o exame de mérito (de processos e de recursos), o que gerou até mesmo um movimento nos tribunais

que ficaria conhecido como “jurisprudência defensiva”.[2]

A existência de uma jurisprudência defensiva, porém, com a criação de obstáculos ao exame do mérito de

processos e recursos, acaba por contrariar o direito fundamental de acesso à justiça (aqui compreendido como garantia

de acesso aos resultados a que o processo se dirige e, pois, garantia de obtenção de pronunciamentos de mérito e de

satisfação prática dos direitos).[3]

O direito fundamental de acesso à justiça, evidentemente presente no ordenamento jurídico brasileiro (por força

do inciso XXXV do art. 5º da Constituição da República), assegura, porém, o acesso aos resultados efetivos do

processo, notadamente a resolução do mérito (nos procedimentos cognitivos, aí incluídos os recursos) e a satisfação

prática do direito substancial (nos procedimentos executivos, inclusive naquele que no Brasil se convencionou chamar

de cumprimento de sentença, e que nada mais é do que a execução de decisões judiciais). Para dar efetividade a este

direito fundamental, o Código de Processo Civil de 2015 fez constar do rol (não exaustivo) de normas fundamentais do

processo civil o princípio da primazia da resolução do mérito, objeto deste breve estudo.

2. O PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA RESOLUÇÃO DO MÉRITO COMO NORMA

FUNDAMENTAL DO PROCESSO CIVIL

O Código de Processo Civil de 2015 é, em sua estrutura (e não só em seu conteúdo), bastante diferente da

legislação processual anterior. Destaca-se, aí, a existência de uma Parte Geral, cujos dispositivos, ao serem

interpretados, dão azo à identificação de normas aplicáveis a todos os procedimentos civis (e não só civis, como se pode

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Curso: O Novo CPC – 18 e 19 de Novembro de 2015 /Curitiba-PR

ver pela leitura do art. 15 do Código). E na Parte Geral do Código tem especial destaque um capítulo denominado “Das

normas fundamentais do processo civil”, composto pelos doze primeiros artigos da lei.

Nesse capítulo podem ser encontrados dispositivos cuja interpretação permite a afirmação de princípios e regras

que compõem a base do direito processual civil brasileiro. No que concerne aos princípios, especificamente, não há – no

CPC de 2015 – grandes novidades. É que todos esses princípios já resultam diretamente da Constituição da República

de 1988, e compõem o modelo constitucional de processo civil brasileiro.[4]

Não obstante isso, o CPC de 2015 explicita

esses princípios constitucionais (como os princípios do contraditório e da fundamentação das decisões judiciais) ou

apresenta corolários seus (como os princípios da boa-fé objetiva e da cooperação), o que tem a evidente vantagem de

deixar clara a necessidade de se desenvolver o processo a partir de um modelo constitucional. Não é à toa, aliás, que o

art. 1º do CPC de 2015 expressamente estabelece que “[o] processo civil será ordenado, disciplinado e interpretado

conforme os valores e as normas fundamentais estabelecidos na Constituição da República Federativa do Brasil,

observando-se as disposições deste Código”.

Pois o art. 4º do CPC de 2015 faz alusão a dois princípios fundamentais do processo civil do Estado

Democrático Brasileiro: o da duração razoável do processo (que tem guarida constitucional no art. 5º, LXXVIII, da Lei

Maior) e o da primazia da resolução do mérito. É que o aludido dispositivo expressamente afirma que “[a]s partes têm o

direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa”.

Evidentemente, uma primeira leitura do dispositivo legal transcrito faz com que a atenção do intérprete seja

chamada para a referência ao “prazo razoável”, o que imediatamente leva ao princípio constitucional da duração

razoável do processo. Uma leitura mais atenta, porém, permite verificar ali a afirmação de que “[a]s partes têm o direito

de obter [a] solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa”.

Consolida-se, aí, um princípio fundamental: o de que se deve dar primazia à resolução do mérito (e à produção

do resultado satisfativo do direito) sobre o reconhecimento de nulidades ou de outros obstáculos à produção do resultado

normal do processo civil. Eis aí, portanto, o princípio da primazia da resolução do mérito.

Por força deste princípio, combate-se a jurisprudência defensiva, sendo portanto equivocado identificar

obstáculos superáveis (à resolução do mérito) e não envidar esforços para os superar. A decretação de uma nulidade, o

não conhecimento de um recurso ou a extinção de um processo sem resolução do mérito só serão legítimos, então,

naqueles excepcionais casos em que se encontre vício verdadeiramente insanável ou que, havendo necessidade de

atividade da parte para que seja sanado o vício, esta permaneça inerte e não o corrija, inviabilizando a superação do

obstáculo.

Para efetiva aplicação deste princípio, o CPC de 2015 permite a identificação de uma série de regras destinadas

a permitir que sejam removidos obstáculos à resolução do mérito, facilitando a produção dos resultados a que o processo

civil se dirige. Vale, então, examinar um rol meramente exemplificativo dessas regras, o que permitirá uma melhor

compreensão do modo como incide o princípio de que aqui se trata.

3. REGRAS DE APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA RESOLUÇÃO DO MÉRITO

NO NOVO CPC

A primeira regra de aplicação do princípio da primazia da resolução do mérito que se destaca aqui é a que

resulta da interpretação do § 2º do art. 282. Este dispositivo é apresentado antes de qualquer outro com uma finalidade:

permitir que se verifique que o princípio de que aqui se trata não foi “inventado” pelo CPC de 2015, mas é resultado de

uma evolução histórica que já permite afirmar a existência de uma história institucional do princípio. Afinal, o

dispositivo mencionado é reprodução (com pequeninos ajustes de redação, como a substituição da expressão

“declaração da nulidade” pela expressão, mais precisa, “decretação da nulidade”) do § 2º do art. 249 do CPC de 1973.

Pois é por força do § 2º do art. 282 do CPC de 2015 que se pode afirmar que, “[q]uando puder decidir o mérito a favor

da parte a quem aproveite a decretação da nulidade, o juiz não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprir-lhe a

falta”. Pense-se, por exemplo, no caso em que o juiz verifica não ter havido a correta intimação do réu para comparecer

a uma audiência de instrução e julgamento, vício este que só é percebido quando os autos estão conclusos para sentença.

Ora, se o material probatório existente nos autos é suficiente para a prolação de uma sentença de improcedência do

pedido (pronunciamento de mérito favorável ao réu, que seria favorecido pela decretação da nulidade da audiência para

a qual não fora regularmente intimado), não há qualquer sentido em anular-se a audiência. Deve-se, pois, proferir

sentença de mérito, e não anular o ato processual.

Este modo de proceder, como dito, já encontrava precedentes no sistema processual anterior, o que justificou a

prolação de decisões de mérito em casos nos quais haveria motivo para reconhecer a existência de nulidades processuais

e até mesmo para se extinguir o processo sem resolução do mérito.[5]

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Curso: O Novo CPC – 18 e 19 de Novembro de 2015 /Curitiba-PR

Merece destaque, também, o disposto no art. 317 do CPC de 2015, por força do qual “[a]ntes de proferir

decisão sem resolução de mérito, o juiz deverá conceder à parte oportunidade para, se possível, corrigir o vício”. É, pois,

absolutamente incompatível com as normas fundamentais do processo civil brasileiro extinguir-se o processo sem

resolução do mérito sem que antes se dê ao demandante oportunidade para sanar eventual vício processual. E por força

do princípio da cooperação – consagrado no art. 6º do CPC de 2015 – é incumbência do órgão jurisdicional apontar com

precisão qual o vício que se faz presente e pode, se não for sanado, obstar a resolução do mérito. Daí a razão para a

previsão, contida no art. 321, de que “[o] juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os requisitos dos arts. 319

e 320 ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor,

no prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou a complete, indicando com precisão o que deve ser corrigido ou

completado”.

No mesmo sentido se encontra o disposto no art. 488, segundo o qual, “[d]esde que possível, o juiz resolverá o

mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485”,

ou seja, a extinção do processo sem resolução do mérito. Pense-se, por exemplo, no caso de o juiz verificar que o

processo se encontra paralisado há mais de trinta dias por desídia do autor, o que é causa de extinção do processo sem

resolução do mérito (art. 485, III), mas se dá conta, também, de que o direito que o autor pretende fazer valer em juízo já

se extinguira por força da consumação de prazo decadencial, o que é causa de prolação de sentença de mérito (art. 487,

II). Como a sentença de mérito, aqui, favoreceria o demandado, mesma parte que seria beneficiada pela extinção do

processo sem resolução do mérito, deve-se considerar adequada a emissão de um pronunciamento que resolve o mérito

da causa, dando-lhe solução definitiva.

Em grau de recurso – sede em que a jurisprudência defensiva mais se desenvolveu – há diversas regras de

concretização do princípio da primazia da resolução do mérito. Algumas aqui também merecem destaque.

A primeira delas, sem dúvida, é a que se alcança com a interpretação do art. 932, parágrafo único, do CPC de

2015, por força do qual “[a]ntes de considerar inadmissível o recurso, o relator concederá o prazo de 5 (cinco) dias ao

recorrente para que seja sanado vício ou complementada a documentação exigível”. Pense-se, por exemplo, no caso de

ter sido interposto recurso que só será tempestivo se ficar comprovada a ocorrência, durante a fluência do prazo, de

algum feriado local. Pois o art. 1.003, § 6º, do CPC de 2015 estabelece que incumbe ao recorrente comprovar a

ocorrência de feriado local no ato de interposição do recurso. A ausência desta comprovação no momento da

interposição do recurso, porém, não acarreta a inadmissão automática do recurso: incumbe ao relator, antes de proferir

decisão de não conhecimento do recurso, determinar a intimação do recorrente para produzir a prova em cinco dias.

Regra equivalente se aplica aos casos em que não há comprovação do preparo no momento da interposição do

recurso. O CPC de 2015 repetiu, em seu art. 1.007, § 2º, a disposição contida no § 2º do art. 511 do CPC de 1973, por

força da qual o recorrente será intimado, no caso de insuficiência do preparo, para complementar o depósito no prazo de

cinco dias. Novidade, porém, está na previsão do § 4º do art. 1.007 do novo CPC: “[o] recorrente que não comprovar, no

ato de interposição do recurso, o recolhimento do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, será intimado, na

pessoa de seu advogado, para realizar o recolhimento em dobro, sob pena de deserção”. Verifica-se aí não só a

preocupação com a observância do princípio da primazia da resolução do mérito, mas também a necessidade de

combater-se conduta protelatória (que, na hipótese, consistiria em não comprovar preparo algum com o objetivo de

retardar o exame do mérito do recurso, aguardando-se a abertura de nova oportunidade para comprovar o recolhimento

das custas): haverá, é certo, uma segunda oportunidade para o recorrente efetuar o preparo mas, de outro lado, será ele

punido com a exigência de que efetue o depósito do valor em dobro.

Ainda tratando do preparo do recurso, merece destaque o disposto no art. 1.007, § 7º, segundo o qual “[o]

equívoco no preenchimento da guia de custas não implicará a aplicação da pena de deserção, cabendo ao relator, na

hipótese de dúvida quanto ao recolhimento, intimar o recorrente para sanar o vício no prazo de 5 (cinco) dias”. Elimina-

se, aqui, aquela que talvez tenha sido a principal causa de prolação de decisões afinadas com a “jurisprudência

defensiva”: a dos erros no preenchimento de guias de recolhimento de custas.[6]

Em sede de recurso especial e de recurso extraordinário se destacam algumas previsões que não têm qualquer

antecedente na legislação processual anterior. Veja-se, por exemplo, o disposto no art. 1.029, § 3º, por força do qual “[o]

Supremo Tribunal Federal ou o Superior Tribunal de Justiça poderá desconsiderar vício formal de recurso tempestivo ou

determinar sua correção, desde que não o repute grave”. Evidentemente, só se poderá desconsiderar vício de recurso

interposto tempestivamente, já que no caso de ser intempestivo o recurso especial ou extraordinário já terá o acórdão

recorrido transitado em julgado, caso em que apreciar o mérito do recurso implicaria violar a garantia constitucional da

coisa julgada. Tempestivo que seja o recurso excepcional, porém, o STF e o STJ deverão (e não simplesmente poderão,

como consta da literalidade do texto normativo, eis que evidentemente não se trata de faculdade do órgão jurisdicional,

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Curso: O Novo CPC – 18 e 19 de Novembro de 2015 /Curitiba-PR

mas de um dever que lhe é imposto por princípios fundamentais do ordenamento processual) desconsiderar vícios

menos graves (como seria uma diferença ínfima entre o valor do preparo recolhido e o efetivamente devido) ou

determinar sua correção (como se daria, por exemplo, no caso de não estar indicado o endereço eletrônico onde

encontrado acórdão invocado como paradigma em recurso especial fundado em dissídio jurisprudencial, o que afrontaria

a exigência formal resultante do disposto no art. 1.029, § 1º, do CPC de 2015).

Outra regra de aplicação do princípio da primazia do mérito se encontra nos dispositivos que regulam a

conversão de recurso especial em extraordinário e vice-versa. Dispõe o art. 1.032 do CPC de 2015 que no caso de o

relator do recurso especial entender que este versa sobre questão constitucional, não deverá declará-lo inadmissível, mas

conceder prazo de quinze dias para que o recorrente demonstre a existência de repercussão geral e se manifeste sobre a

questão constitucional, a fim de em seguida remeter os autos ao Supremo Tribunal Federal. De sua vez, se o STF reputar

reflexa a ofensa à Constituição da República alegada em recurso extraordinário, por pressupor a revisão da interpretação

da lei federal ou de tratado, deverá remetê-lo ao STJ para julgamento como recurso especial (art. 1.033).

4. CONCLUSÃO

A apresentação, que aqui se fez, de algumas regras de aplicação do princípio da primazia da resolução do

mérito teve um único objetivo:[7]

mostrar que é preciso tratar o processo civil brasileiro do século XXI como um

mecanismo eficiente de produção de resultados constitucionalmente legítimos. O juiz do século XXI deve ser visto

como garantidor de direitos fundamentais,[8]

e entre estes está, sem dúvida, o direito fundamental de acesso à justiça,

compreendido aqui como direito fundamental à produção de resultados constitucionalmente legítimos através do

processo.

Certamente a aplicação deste princípio exigirá uma mudança de postura (e de cultura) dos magistrados: é

preciso que eles passem a ver-se como integrantes de uma comunidade de trabalho,[9]

através da qual, junto com as

partes (e seus advogados), construirão a decisão correta para o caso concreto.[10]

É preciso, então, que essa comunidade

de trabalho seja compreendida em consonância com o paradigma do Estado Democrático de Direito, estabelecido pelo

art. 1º da Constituição da República. É que, como leciona NUNES:[11]

“Como uma das bases da perspectiva democrática, aqui defendida, reside na manutenção da tensão entre

perspectivas liberais e sociais, a comunidade de trabalho deve ser revista em perspectiva policêntrica e comparticipativa,

afastando qualquer protagonismo, e se estruturando a partir do modelo constitucional de processo”.

O processo civil brasileiro do Estado Democrático, que o CPC de 2015 consolida a partir de um modelo

estabelecido pela Constituição da República de 1988, há de ser um processo comparticipativo, cooperativo, capaz – por

isso mesmo – de conduzir a decisões constitucionalmente legítimas, que serão, preferencialmente, decisões de mérito.

INTERVENÇÃO DE TERCEIROS NO NOVO CPC

1 – Introdução.

O novo Código de Processo Civil, lei nº 13.105/2015, traz inovações na intervenção de terceiros, regulada nos

artigos 119 a 138 do título III do livro III da parte geral. Dentre elas destaca-se o tratamento da ação de oposição nos

procedimentos especiais e não mais em conjunto com as outras formas de intervenção, a criação do incidente de

desconsideração da personalidade jurídica, a previsão da participação do amicuscuriae.

A ação de oposição passa a ser regulada nos artigos 682 a 686 do novo Código de Processo Civil, dentro do

título III do livro I da parte especial. As formas de intervenção de terceiro, tratadas nos artigos 119 a 138 são: a

assistência, simples e litisconsorcial; a denunciação da lide; o chamamento ao processo; o incidente de desconsideração

da personalidade jurídica e o amicuscuriae.

Tendo em conta a necessidade de se resguardar o terceiro, assim entendido aquele que não é parte no processo,

de decisões que possam afetar a sua relação jurídica com uma das partes, o Código de Processo Civil admite a sua

intervenção na relação processual fazendo-se parte.

A seguir passa-se a análise do referido instituto, descrevendo os tipos atuais de intervenção e as inovações

trazidas pelo novo Código de Processo Civil.

2 – A intervenção de terceiros no novo Código de Processo Civil.

Em regra, ninguém pode ver alterada a sua situação jurídica, mediante decisão judicial de cujo processo não foi

parte. Contudo, as relações jurídicas não subsistem isoladas e estanques, havendo inúmeras vezes interdependência de

relações, de modo que a decisão proferida quanto a uma delas atinge a outra em parte ou no seu todo. [1]

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Pela intervenção o terceiro torna-se parte ou coadjuvante no processo pendente, devendo sua existência à

necessidade de evitar resultados contraditórios e diminuir o número de processos. [2]

O Código de Processo Civil de 73 arrola como formas de intervenção de terceiros a oposição, artigos 56 a 61; a

nomeação à autoria, artigos 62 a 69; a denunciação da lide, artigos 70 a 76; o chamamento ao processo, artigos 77 a 80 e

a assistência nos artigos 50 a 55.

A assistência, embora tratada no mesmo capítulo que o litisconsórcio é forma de intervenção, e não se dá por

meio de ação própria e sim por incidente no processo pendente. Neste caso, o assistente atua como um auxiliar de um

das partes no intuito de que o resultado final do processo seja favorável á parte a quem assiste.

Para a intervenção do terceiro é necessário que se observe o limite temporal referente ao processo pendente,

assim entendido o momento em que se inicia com a petição inicial e se extingue quando a sentença torna-se irrecorrível.

[3]

A assistência pode ser simples ou litisconsorcial, dependendo da intensidade do interesse do terceiro no

resultado do processo. Qualquer que seja a modalidade o assistente terá faculdades, ônus, poderes e deveres relativos à

relação processual.

A assistência tem lugar em qualquer dos tipos de procedimento e em todos os graus de jurisdição, inclusive nos

Tribunais Superiores, recebendo o processo no estado em que se encontre, conforme parágrafo único do artigo 50 do

CPC de 73. É cabível, portanto, em todos os ritos do processo de conhecimento; no processo cautelar; nos embargos do

devedor e na liquidação de sentença.

A assistência no novo Código de Processo Civil é tratada nos artigos 119 a 124, em capítulo separado do

litisconsórcio, que é regulado nos artigos 113 a 118. Continua sendo caracterizada como assistência simples, nos artigos

121 a 123, e litisconsorcial, no artigo 124.

Importante inovação refere-se ao disposto no parágrafo único do artigo 121, ao determinar que na assistência

simples sendo revel ou, de qualquer outro modo, omisso o assistido, o assistente será considerado seu substituto

processual e não mais gestor de negócios como dispunha o CPC de 73.

Na hipótese do parágrafo único do artigo 121 do novo Código de Processo Civil, a assistência deixa de ser

simples e passa a ser litisconsorcial por força do disposto no artigo 18 do Código: “Ninguém poderá pleitear direito

alheio em nome próprio, salvo quando autorizado pelo ordenamento jurídico. Havendo substituição processual, o

substituído poderá intervir como assistente litisconsorcial.”

O prazo para a impugnação passa a ser de 15 dias, nos termos do artigo 120 do novo Código de Processo Civil,

e a assistência simples não obsta que a parte principal reconheça a procedência do pedido, desista da ação, renuncie ao

direito sobre o que se funda a ação ou transija sobre direitos controvertidos, porque o bem e o interesse em litígio

pertencem ao assistido.

A nomeação à autoria regulada nos artigos 62 a 69 do Código de Processo Civil de 73, não encontra

correspondente no novo Código de Processo Civil. Isto porque a nomeação à autoria corresponde a uma alegação de

ilegitimidade para a causa por parte do réu

Candido Rangel Dinamarco destaca que “a utilidade da nomeação à autoria consiste em antecipar soluções para

a questão da legitimidade passiva mediante um incidente razoavelmente simples em que o autor, alertado, tem

oportunidade de retificar a mira da demanda proposta.” [4]

Deste modo, preceituam os artigos 338 e 339 do novo Código de Processo Civil, que incumbe ao réu, quando

alegar sua ilegitimidade na contestação, indicar o sujeito passivo da relação jurídica discutida, sempre que tiver

conhecimento, podendo arcar com as despesas processuais e indenizar o autor pelos prejuízos decorrentes da falta de

indicação. Se o autor aceitar a indicação, procederá à alteração da petição inicial para a substituição do réu. O autor

pode, ainda, optar por alterar a petição inicial para incluir, como litisconsorte passivo, o sujeito indicado pelo réu.

A denunciação da lide é tratada nos artigos 70 a 76 do Código de Processo Civil de 73, encontrando

correspondente no novo Código de Processo Civil, nos artigos 125 a 129. Apresenta-se como uma ação regressiva, no

mesmo processo, que pode ser proposta pelo autor e pelo réu no âmbito exclusivo do processo de conhecimento.

O artigo 125 do novo Código de Processo Civil arrola as hipóteses em que a denunciação da lide é admissível,

ao contrário do artigo 70 do Código de Processo Civil de 73, que arrola as hipóteses em que a denunciação da lide é

obrigatória. A parte tem o ônus de denunciar a lide, podendo exercer o direito regressivo em ação autônoma quando a

denunciação da lide for indeferida, deixar de ser promovida ou não for permitida.

A hipótese do inciso II, do artigo 70 do CPC de 73, foi excluída das hipóteses de denunciação da lide previstas

no novo Código de Processo Civil, pois como ensina Candido Rangel Dinamarco:

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Curso: O Novo CPC – 18 e 19 de Novembro de 2015 /Curitiba-PR

A hipótese descrita no inc. II do art. 70, de raríssima incidência na prática, deve ser entendida em consonância

com o instituto da nomeação à autoria. Aquele que exerça posse direta sobre o bem é admitido a denunciar a lide ao

proprietário ou ao possuidor indireto; mas o mero detentor, que possuidor não é, apenas cabe nomear tais pessoas à

autoria (art. 62) (supra, n. 599). O possuidor direito que denuncia faz como todo litisdenunciante: convoca o terceiro a

oficiar como seu assistente litisconsorcial e ao mesmo tempo pede sua condenação a ressarcir em caso de sucumbir

perante adversário comum; não é como o mero detentor, que, ao nomear à autoria o possuidor ou proprietário, pede sua

própria exclusão do processo. [5]

No parágrafo 2º do artigo 125, admite-se apenas uma única denunciação sucessiva, promovida pelo denunciado,

contra seu antecessor imediato na cadeia dominial ou quem seja responsável por indenizá-lo, não podendo o denunciado

sucessivo promover nova denunciação, hipótese em que eventual direito de regresso será exercido por ação autônoma.

Isto porque, cada sujeito do processo pode denunciar a lide ao seu próprio garante e jamais aos garantes de seu

garante. No Recurso Especial nº 9876/SP o Superior Tribunal de Justiça admite o indeferimento de denunciações

sucessivas da lide, quando ocasionarem demora excessiva ao processo:

DENUNCIAÇÃO DA LIDE. ARTIGO 70, III, DO CODIGO DE PROCESSO CIVIL. DENUNCIAÇÕES

SUCESSIVAS, POSSIBILIDADE DE INDEFERI-LAS.

Ação indenizatória, promovida por paciente contra estabelecimento hospitalar, com posterior intervenção do

banco de sangue, que denunciou a lide aos laboratórios encarregados da analise do sangue utilizada em transfusões.

Embora admitida exegese ampla ao disposto no artigo 70, III, do CPC, não esta obrigado a magistrado a admitir

sucessivas denunciações da lide, devendo indeferi-las (certamente que com resguardo de posterior 'Ação Direta'),

naqueles casos em que possa ocorrer demasiada demora no andamento do feito, com manifesto prejuízo a parte autora.

Recurso Especial não conhecido.

O chamamento ao processo distingue-se da denunciação da lide, por não se tratar de um exercício de direito de

regresso, mas da instauração de um litisconsórcio sucessivo facultativo. No chamamento o réu pede a integração do

terceiro ao processo, como parte, para que a sentença tenha força executiva também em relação a ele.

Os artigos 130 a 132 do novo Código de Processo Civil tratam do chamamento ao processo, e correspondem

aos artigos 77 a 80 do Código de Processo Civil de 73. Foram alterados, apenas, os prazos para citação dos litisconsortes

que passaram a ser de 30 (trinta) dias do deferimento do chamamento, e de 2 (dois) meses se o chamado residir em outra

comarca, seção ou subseção judiciárias, ou em lugar incerto.

Os referidos prazos contidos no artigo 131 do novo Código são aplicáveis à denunciação da lide, conforme

determina o artigo 126. No Código de 73 ocorria o inverso, os dispositivos relativos aos prazos de citação na

denunciação da lide, artigos 72 e 74, é que eram aplicáveis ao chamamento ao processo.

O chamamento ao processo continua sendo procedimento exclusivo do processo de conhecimento, incompatível

com o processo de execução, pois tem como objeto a condenação do terceiro a reembolsar o réu pelo que vier a pagar

em razão da sentença.

Em todas as hipóteses do artigo 125 do novo Código, os terceiros já eram legitimados passivos para a causa,

mas não foram incluídos na petição inicial. Deste modo, o chamamento é instituído em favor do réu e não do autor da

demanda.

Foram introduzidas duas novas formas de intervenção de terceiro pelo novo Código, que são o incidente de

desconsideração da personalidade jurídica e o amicuscuriae, nos artigos 133 a 137 e no artigo 138.

O Código Civil, no artigo 44, confere às pessoas jurídicas personalidade distinta da dos seus sócios. Ao

constituírem a sociedade os sócios transferem-lhe bens que passam a integrar o seu patrimônio. A manifestação de

vontade da pessoa jurídica se dá por meio de seus órgãos deliberativos e administrativos.

Ocorre que a autonomia patrimonial da pessoa jurídica não pode servir para acobertar situações antijurídicas

prejudiciais a terceiros. Em razão disto foi construída a teoria da desconsideração da personalidade jurídica,

possibilitando a responsabilização dos sócios quando caracterizada a utilização abusiva da forma societária. [6]

A teoria da desconsideração da personalidade jurídica, difundida na doutrina brasileira após a década de 60, por

Rubens Requião, encontra nos dias atuais suporte no ordenamento jurídico (artigo 2º da Consolidação das Leis do

Trabalho, artigo 28 do Código de Defesa do Consumidor, artigo 4º da Lei nº 9.605/98, artigo 50 do Código Civil),

devendo ser aplicada quando presentes os pressupostos específicos, relacionados com a fraude ou abuso de direito em

prejuízo de terceiros.

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A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça trata da desconsideração da pessoa jurídica como um incidente

processual, e não como um processo incidente, razão pela qual pode ser deferida nos próprios autos, em desfavor de

quem foi superada a pessoa jurídica (Recurso Especial nº 1.096.604/DF).

Seguindo o mesmo entendimento, o novo Código de Processo Civil disciplina o incidente de desconsideração

da personalidade jurídica, nos artigos 133 a 137, que será instaurado pela parte ou pelo Ministério Público com a

comprovação dos pressupostos específicos previstos em lei, fraude ou abuso da personalidade jurídica e confusão

patrimonial.

A existência dos referidos pressupostos deve ser demonstrada sob o crivo do contraditório, exigindo-se a

citação do sócio ou da pessoa jurídica (no caso de desconsideração inversa), para manifestar-se sobre o incidente, no

prazo de 15 (quinze) dias. Neste caso, forma-se um litisconsórcio eventual entre a sociedade e o sócio para permitir a

excussão dos bens do sócio quando o patrimônio da pessoa jurídica não for suficiente para a satisfação da obrigação.

O incidente de desconsideração é cabível em todas as fases do processo de conhecimento, no cumprimento de

sentença e na execução fundada em título executivo extrajudicial, podendo a desconsideração ser requerida na petição

inicial, hipótese em que se dispensa a instauração do incidente, artigo 134 do novo Código de Processo Civil.

O incidente, também, é cabível na ação de execução fiscal por força do disposto no artigo 1º da lei nº 6.830/80,

que determina a aplicação subsidiária do Código de Processo Civil. Neste caso, deve-se observar o entendimento do

Superior Tribunal de Justiça que determina que a citação do sócio deva ocorrer dentro do prazo prescricional de 5

(cinco) anos [7].

Do mesmo modo, é cabível no processo do trabalho por decorrência expressa do artigo 769 da Consolidação

das Leis do Trabalho, decreto-lei 5.452/43, que prevê a aplicação subsidiária do Código de Processo Civil nos casos

omissos.

A decisão que resolve o incidente é interlocutória, cabendo agravo de instrumento, artigo 1.015 inciso IV do

novo Código. No caso de acolhimento do pedido de desconsideração, a alienação ou a oneração de bens, havida em

fraude de execução, será ineficaz em relação ao requerente.

Atualmente, o amicuscuriae atua como um terceiro que participa do processo para defender os interesses do

grupo por ele representado, perseverando no objetivo de fazer prevalecer as suas alegações. [8]

A intervenção de terceiro como amicuscuriae passou a ter previsão legal com a lei n° 6.835/76, que no artigo 31

permite a intervenção da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em demandas individuais, nas quais devessem ser

analisadas questões de direito societário, sujeitas, no plano administrativo à competência da referida autarquia. [9]

Posteriormente, a lei n° 9.868/99 no § 2º do artigo 7º, passou a admitir a manifestação do amicuscuriaeno

processo objetivo de controle de constitucionalidade, como instrumento de abertura do processo e de pluralização do

debate constitucional.

Na ação direta de inconstitucionalidade não se admite a intervenção de terceiros, mas o relator poderá admitir

mediante decisão irrecorrível, e considerada a relevância da matéria e a representatividade dos postulantes, a

manifestação de outros órgãos ou entidades.

Seguindo a mesma sistemática o novo Código de Processo Civil trata da participação do amicuscuriae, no

artigo 138, dispondo que “o juiz ou o relator, considerando a relevância da matéria, a especificidade do tema objeto da

demanda ou a repercussão social da controvérsia, poderá, por decisão irrecorrível, de ofício ou a requerimento das partes

ou de quem pretenda manifestar-se, solicitar ou admitir a participação de pessoa natural ou jurídica, órgão ou entidade

especializada, com representatividade adequada, no prazo de 15 (quinze) dias de sua intimação.”

Na decisão do juiz ou relator que admitir a participação de pessoa natural ou jurídica, será definido o poder do

amicuscuriae. A referida intervenção não acarreta a modificação de competência nem autoriza a interposição de

recursos, salvo a oposição de embargos de declaração e de recurso da decisão que julgar o incidente de resolução de

demandas repetitivas.

Conforme disposto no caput do artigo 138, a participação do amicuscuriae pode ocorrer em primeiro e segundo

grau de jurisdição, no âmbito do processo de conhecimento.

No tocante a representatividade e a pertinência temática, destaca-se o acórdão proferido no Agravo de

Instrumento nº 201400001023563, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO PROCESSUAL CIVIL. PROPRIEDADE INDUSTRIAL.

PATENTE MAIL BOX. ADMISSÃO DA ABIFINA COMO AMICUS CURIAE. PRELIMINARES DE NÃO

CABIMENTO DO AGRAVO E AUSÊNCIA DE INTERESSE RECURSO REJEITADAS. PRECEDENTES

JURISPRUDENCIAIS DE ADMISSÃO DA ABIFINA EM DEMANDAS SEMELHANTES. IRRELEVANTE O

INTERESSE DO AMICUS CURIAE. REPRESENTATIVIDADE E PERTINÊNCIA TEMÁTICA VERIFICADOS.

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Curso: O Novo CPC – 18 e 19 de Novembro de 2015 /Curitiba-PR

PROVIMENTO NEGADO AO AGRAVO DE INSTRUMENTO I - Trata-se de agravo de instrumento, com pedido de

efeito suspensivo ativo, interposto contra decisão que deferiu o ingresso como amicuscuriae de ABIFINA -Associação

Brasileira das Indústrias de Química Fina, Biotecnologia e suas Especialidades. II - Rejeitadas as preliminares de não

cabimento do agravo e ausência de interesse recursal. III - A jurisprudência deste Tribunal Regional Federal passou a

admitir o ingresso de amicuscuriae sempre que a matéria debatida ultrapassar a esfera patrimonial das partes e afetar o

interesse de toda coletividade. IV - O papel do amicuscuriae é trazer ao processo informações que auxiliem o

magistrado, sendo irrelevante eventual interesse que tenha na demanda. V - Requisito da representatividade satisfeito. A

ABIFINA é “associação classista de âmbito nacional, fundada há cerca de trinta anos, que congloba laboratórios

públicos (FARMANGUINHOS, LAFEPE, IQUEGO) e privados (EMS, ACHE, LIBBS, CRISTÁLIA, EUROFARMA

etc)”. VI - Requisito da pertinência temática também satisfeito. A demanda principal versa sobre prazo de patente

relacionado ao medicamento TAMIFLU, utilizado para tratamento do vírus influenza (H1N1). VII - Provimento negado

ao agravo de instrumento.

Deste modo, a representatividade deve relacionar-se diretamente à identidade funcional, natureza ou finalidade

estatutária da pessoa física ou jurídica que a qualifique para atender ao interesse público de contribuir para o

aprimoramento do julgamento da causa, não sendo suficiente o interesse em defender a solução da lide em favor de uma

das partes. Sendo necessário, ainda, que a matéria debatida transcenda a esfera patrimonial das partes, possuindo

relevância econômica e social.

O amicuscuriae, agora com previsão expressa no Código de Processo Civil, representa uma nova forma de

intervenção de terceiros, que se diferencia da assistência.

A intervenção de terceiros não é autorizada nos juizados especiais estaduais e federais, por força do disposto no

artigo 10 da lei nº 9.099/95, em razão de se orientar pelos critérios da oralidade, simplicidade, informalidade, economia

processual e celeridade.

Do mesmo modo, entende o Superior Tribunal de Justiça que o rito do mandado de segurança é incompatível

com a intervenção de terceiros, ainda que na modalidade de assistência litisconsorcial. [10]

O recurso previsto no novo Código de Processo Civil para as decisões interlocutórias de admissão ou

inadmissão de intervenção de terceiros é o agravo de instrumento, inciso IX do artigo 1.015.

3 – O procedimento especial da ação de oposição no novo Código de Processo Civil.

Diferente do Código de Processo Civil de 73, o novo Código trata a ação de oposição como um procedimento

especial, no capítulo VIII do título III do livro I da parte especial, e não em conjunto com as demais formas de

intervenção de terceiros.

Isto porque, a oposição é realmente uma ação na qual terceiro deduz em juízo pretensão incompatível com os

interesses conflitantes do autor e do réu de um processo cognitivo pendente. O que caracteriza a pretensão do terceiro é

o fato do pedido ser relativo ao mesmo bem que as partes originárias disputam. [11]

Conforme Athos Gusmão Carneiro: “trata-se de instituto de origem germânica, ligado ao princípio da

universalidade do juízo, que se contrapõe ao princípio da singularidade, que caracterizou o direito romano.” [12]

No Código de Processo Civil de 73 quando a oposição é oferecida antes da audiência, ela será apensada aos

autos principais e correrá simultaneamente com a ação, sendo ambas julgadas pela mesma sentença, conforme dispõe o

artigo 59. Neste caso, trata-se de verdadeira intervenção de terceiro.

Diferentemente, se a oposição for oferecida após a audiência seguirá o procedimento ordinário, sendo julgada

sem prejuízo da causa principal, conforme artigo 60 do Código de Processo Civil de 73. Neste caso, a oposição não tem

natureza de intervenção, mas de ação autônoma por formar um processo incidente.

A oposição interventiva não encontra correspondente no novo Código de Processo Civil, apenas a oposição

autônoma é prevista nos artigos 682 a 686. A oposição deve ser oferecida até o momento de ser proferida a sentença,

não havendo mais distinção se oferecida antes ou após a audiência. O oferecimento da oposição após a audiência

acarreta apenas a suspensão do processo principal.

Esta é basicamente a única diferença da oposição no Código de Processo Civil de 73 e no novo Código de

Processo Civil. Os artigos 57, 58 e 61 do CPC de 73 correspondem aos artigos 682, 683, 684 e 686 do novo CPC.

A ação de oposição deverá observar os requisitos para propositura da ação, artigos 319 e 320 do novo Código,

devendo ser distribuída por dependência ao processo principal. Ambas as ações serão julgadas na mesma sentença,

sendo a ação de oposição prejudicial à ação principal.

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4 – Conclusão.

Diante do exposto, pode-se notar que houve uma adequação nas formas de intervenção de terceiros no novo

Código de Processo Civil. A nomeação à autoria não encontra previsão, a oposição é somente a autônoma tratada nos

procedimentos especiais, a denunciação da lide e o chamamento ao processo sofreram alguns ajustes e foram criados o

incidente de desconsideração da personalidade jurídica e a participação do amicuscuriae.

As referidas alterações atendem aos reclamos da celeridade, da economia processual, da efetividade e da

razoável duração do processo, sem se descuidar da necessidade do contraditório.

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ANOTAÇÕES:

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EM CASO DE EMERGÊNCIA