o merchandisng no varejo moderno

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O MERCHANDISNG NO VAREJO MODERNO VAREJO MODERNO - Mais do que agradar ao gosto do proprietário e realizar os seus sonhos, o projeto arquitetônico deve ser funcional e atraente, para provocar impacto da fachada ao interior da loja. A funcionalidade depende de uma boa distribuição da área, respeitando-se a circulação e a exposição dos produtos. Já o impacto visual depende da decoração e da coordenação dos elementos. A receita vale para lojas acima de 80 metros quadrados e para as megaoperações, mais comuns nos grandes centros. "Loja de 40 metros quadrados é coisa do passado", declara Lima. "No conceito do varejo moderno, acolher bem o consumidor significa deixá-lo circular à vontade, com os produtos ao alcance das mãos." O critério para escolha dos materiais para as instalações e da mão-de-obra responsável pela obra, segundo os especialistas, refletirá na percepção de qualidade dos produtos vendidos. "Um bom design pode substituir detalhes rebuscados, mas mesmo as soluções mais simples precisam ser bem acabadas", afirma o arquiteto José Humberto de Oliveira. O projeto arquitetônico e a decoração interna, convém lembrar, devem ser focados no produto e no consumidor. "Comércio popular, por exemplo, não combina com chão de granito e acabamento de aço escovado", diz Fábio Chiaroni, da Marcap Engenharia. É preciso levar em conta, também, que os materiais de acabamento e de revestimento de tetos, paredes e pisos têm grande importância funcional, porque melhoram as características de desempenho, como durabilidade, impermeabilidade e isolamento termo acústico. Nos anos 2000, o visual no interior do ponto-de-venda privilegia um desenho mais simples, no qual o produto é o personagem principal. O ambiente deve retratar o conceito da loja em cada detalhe, da vitrine à iluminação. Nos Estados Unidos, o conceito geral se subdivide em três grandes vertentes. A primeira é a dos ambientes clean, com iluminação difusa, formas geométricas e mobiliário de metal prateado e vidro. A segunda inclui as lojas com ar caseiro, que abusam da madeira. E a terceira, os endereços voltados aos jovens, nos quais a cor, a imagem e a música criam o clima, junto com imagens gigantes, mais conhecidas como gigantografias, e peças de acrílico e metal. A escolha de cada uma delas depende do público-alvo que você pretende atingir. O ideal é adotar o maior número possível de referências de vida de cada tipo de consumidor. Você pode, se quiser, mesclar referências distintas, desde que não se afaste da identidade de seu negócio e de seu público. "É possível extrair um pouco de cada influência para compor a atmosfera que mais se adapte ao produto e ao consumidor que o lojista quiser atrair", afirma o arquiteto Manuel Alves Lima. Na decoração, segundo os especialistas, as peças autênticas, de qualquer época, devem ser mais valorizadas do que reproduções feitas sob medida dias antes da inauguração. A distribuição dos produtos pela loja, como são usados no dia-a-dia, também é uma tendência no varejo. Nem as prateleiras, os expositores e o material de merchandising (banners, totens e cartazes, entre outras coisas) resistiram aos novos tempos. No caso dos expositores e do material de merchandising, a comunicação gráfica convencional se modernizou. Hoje, na Europa e nos Estados Unidos, a reprodução de imagens e

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O MERCHANDISNG NO VAREJO MODERNO

VAREJO MODERNO - Mais do que agradar ao gosto do proprietário e realizar os seus sonhos, o projeto arquitetônico deve ser funcional e atraente, para provocar impacto da fachada ao interior da loja. A funcionalidade depende de uma boa distribuição da área, respeitando-se a circulação e a exposição dos produtos. Já o impacto visual depende da decoração e da coordenação dos elementos. A receita vale para lojas acima de 80 metros quadrados e para as megaoperações, mais comuns nos grandes centros. "Loja de 40 metros quadrados é coisa do passado", declara Lima. "No conceito do varejo moderno, acolher bem o consumidor significa deixá-lo circular à vontade, com os produtos ao alcance das mãos."

O critério para escolha dos materiais para as instalações e da mão-de-obra responsável pela obra, segundo os especialistas, refletirá na percepção de qualidade dos produtos vendidos. "Um bom design pode substituir detalhes rebuscados, mas mesmo as soluções mais simples precisam ser bem acabadas", afirma o arquiteto José Humberto de Oliveira.

O projeto arquitetônico e a decoração interna, convém lembrar, devem ser focados no produto e no consumidor. "Comércio popular, por exemplo, não combina com chão de granito e acabamento de aço escovado", diz Fábio Chiaroni, da Marcap Engenharia. É preciso levar em conta, também, que os materiais de acabamento e de revestimento de tetos, paredes e pisos têm grande importância funcional, porque melhoram as características de desempenho, como durabilidade, impermeabilidade e isolamento termo acústico.

Nos anos 2000, o visual no interior do ponto-de-venda privilegia um desenho mais simples, no qual o produto é o personagem principal. O ambiente deve retratar o conceito da loja em cada detalhe, da vitrine à iluminação. Nos Estados Unidos, o conceito geral se subdivide em três grandes vertentes. A primeira é a dos ambientes clean, com iluminação difusa, formas geométricas e mobiliário de metal prateado e vidro. A segunda inclui as lojas com ar caseiro, que abusam da madeira. E a terceira, os endereços voltados aos jovens, nos quais a cor, a imagem e a música criam o clima, junto com imagens gigantes, mais conhecidas como gigantografias, e peças de acrílico e metal.

A escolha de cada uma delas depende do público-alvo que você pretende atingir. O ideal é adotar o maior número possível de referências de vida de cada tipo de consumidor. Você pode, se quiser, mesclar referências distintas, desde que não se afaste da identidade de seu negócio e de seu público. "É possível extrair um pouco de cada influência para compor a atmosfera que mais se adapte ao produto e ao consumidor que o lojista quiser atrair", afirma o arquiteto Manuel Alves Lima.

Na decoração, segundo os especialistas, as peças autênticas, de qualquer época, devem ser mais valorizadas do que reproduções feitas sob medida dias antes da inauguração. A distribuição dos produtos pela loja, como são usados no dia-a-dia, também é uma tendência no varejo.

Nem as prateleiras, os expositores e o material de merchandising (banners, totens e cartazes, entre outras coisas) resistiram aos novos tempos. No caso dos expositores e do material de merchandising, a comunicação gráfica convencional se modernizou. Hoje, na Europa e nos Estados Unidos, a reprodução de imagens e informações tornou-se digital. Ou seja, ganhou movimento e facilitou a mudança da mensagem, que agora pode ser feita a qualquer momento, de acordo com a conveniência do lojista. A novidade não é barata. Mas em três anos no máximo também deverá aportar por aqui.

As prateleiras, por sua vez, representam um verdadeiro pecado, de acordo com os especialistas, para quem quer passar uma imagem moderna para o consumidor. Elas podem ser facilmente substituídas por mesas de vários tamanhos e formatos ou por cubos modulares de diferentes materiais.

Algumas lojas decidiram simplesmente abandonar a exposição clássica. É o caso da paulistana Jeans Hall. Com chão de cimento queimado e paredes rústicas, ela expõe os seus jeans de maneira inovadora. Em vez de apresentá-los em araras ou na velha prateleira, pendura-os em ganchos espalhados pela loja. E, ao contrário do que parece, eles não são populares. A calça mais em conta sai pela bagatela de 850 reais.

A descontração do ponto-de-venda e sua transformação num cenário no qual o cliente pode interagir com os produtos, é outra tendência do momento. A Marisol Franchising, com suas 66 lojas das redes de moda infantil Lilica Ripilica e Tigor T.Tigre, é um exemplo neste aspecto em seu ramo de atividade. Os pontos-de-venda das duas marcas exploram o colorido forte e usam materiais e equipamentos que convidam a criança a brincar, como o espelho deformante e os provadores que parecem uma toca à qual se chega seguindo as pegadas impressas no carpete.

Tudo isso, como se vê, é moderno, é legal, é atraente. Mas é preciso tomar muito cuidado para não dar à tematização um caráter forçado. Se isso acontecer, em vez de atrair a clientela você vai afastá-la para sempre. "Quando você consegue traduzir os sonhos do consumidor os resultados são fantásticos", afirma Jair Pasquali, diretor da Marisol.

LOJA DA LILICA RIPILICA, para a criançada: colorido forte e ambiente lúdico .ATENÇÃO REDOBRADA - Embora a transformação de toda a loja numa grande vitrine seja uma forte tendência no

varejo, é preciso dizer que as grifes de alto luxo seguem na direção oposta. No interior das lojas, exibem uma única peça, como se ela fosse uma jóia, algo que os especialistas chamam de "função conceitual".

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Ninguém pode negar que a exposição minimalista é atraente e sofisticada. Mas, para os mortais, a vitrine é - e ainda será por muito tempo - uma ferramenta indispensável para atrair o consumidor. Só que, para cumprir a sua função com eficiência, ela deve ser dinâmica, durar no máximo quinze dias e, mesmo assim, com alguma novidade acrescentada ao longo de cada semana. "A vitrine precisa despertar no comprador potencial o desejo de entrar na loja e de conhecer o restante das ofertas que estão em seu interior", afirma Solange Renault, da A6 Design e Arquitetura.

Apesar de muita gente não dar a devida importância para a iluminação, ela é capaz de mudar a atmosfera da loja ou de dar a um produto o status de estrela do negócio. A Claro, operadora de telefonia celular em todo o país, conseguiu dar vida a cada aparelho celular, graças ao jogo de luzes e à maneira como são expostos na loja. O cliente pode mexer no telefone e conferir suas funções, sem que ninguém o incomode. "Foi a forma que encontramos de ampliar a interatividade do cliente com as nossas tecnologias", afirma Roberto Guenzburger, diretor de marketing da empresa.

A escolha do tipo de iluminação e da quantidade de luz depende não só da atmosfera, mas também do pé-direito da loja, do piso e das cores das paredes. Cada caso é um caso. Em geral, uma papelaria, por exemplo, pede uma iluminação uniforme. Já uma loja que trabalha com produtos sofisticados deve usar uma luz suave. No ramo alimentício, o ideal é usar luz amarelada para carnes e luz fria para frutas e verduras. "Seja qual for a necessidade, hoje a tecnologia já permite uma melhor reprodução da cor, maior economia de energia e controle do facho de luz", afirma Fábio Chiaroni, da Marcap Engenharia, especializada em obras do varejo. Bons resultados sem empurrar produtos ao consumidor

LOJA DA REDE O BOTICÁRIO: auto-serviço e assistência para facilitar as comprasFaça um rápido exercício e descubra quantas vezes você já deixou de fazer uma compra porque o vendedor não lhe

deu atenção ou insistia em lhe empurrar o produto mais caro. Dezenas de vezes, com certeza. Embora o varejo tenha se profissionalizado muito nos últimos anos, a figura do vendedor despreparado ainda é freqüente em muitas lojas, principalmente nas mais populares. "O maior erro é contratar pessoas que estão vendedoras e não que são vendedoras", afirma Marlety Gübel, da Via Vendas, especializada em marketing de vendas. "Escolher uma boa equipe de vendas e moldá-la segundo o conceito da loja e o perfil do consumidor que você pretende atingir é uma das tarefas mais difíceis do varejo."

Outro pecado, na visão dos especialistas, é pasteurizar a equipe. Como os clientes não são iguais, os vendedores também não podem ter um único perfil. Mesclar idades, sexos e até tribos costuma ser uma boa solução, desde que todos estejam afinados com o conceito da loja e muito bem informados sobre seus produtos.

COMO FAZER - A associação de um aroma a uma cartela de cores bem trabalhada, por exemplo, resulta numa alquimia atraente para o consumidor. As cores mais vibrantes denotam ação, juventude, alegria. Tons mais suaves, por outro lado, refletem um ambiente mais tranqüilo e acolhedor. A escolha de umas ou de outras depende, segundo os especialistas, da proposta de cada loja e do conceito que ela espera transmitir ao consumidor. Com os aromas não é diferente. Não basta borrifar no local perfumes consagrados. Os aromas têm personalidade própria. Sua adoção deve ser sutil e ligada ao perfil da clientela. Lojas de surfe, por exemplo, pedem essências que lembrem o mar. Já a baunilha, reconhecida como antidepressiva, vai bem em lojas voltadas à terceira idade. Já os adolescentes sentem-se atraídos por tudo o que lembre tutti-frutti e chocolate.

Do processo de sedução do cliente fazem parte ainda experimentações dentro do ponto-de-venda, cuja eficiência é comprovada por pesquisas de mercado. A Suxxar, especializada em artigos de cozinha, criou espaços para os gourmets de fim de semana. A rede Centauro, de artigos esportivos, instalou pequenas quadras dentro das lojas para que os consumidores possam testar a performance dos tênis. "Cerca de 70% dos consumidores que tiveram uma experiência de entretenimento na loja voltam", diz Rogério Miola, professor de marketing de varejo da Fundação Armando Álvares Penteado. "É o triplo do índice de retorno registrado nos pontos-de-venda convencionais."

A automação ajuda a gestão e a relação com os compradoresÉ diifícil acreditar, mas há dez anos apenas 4% do comércio no país possuía algum equipamento de automação no

ponto-de-venda. Hoje, a tecnologia tornou-se indispensável para quem deseja alcançar o sucesso no varejo. O problema é que, embora esteja mais popular, a tecnologia, muitas vezes, ainda é mal utilizada pelos lojistas. Pouca gente vai além da automação do controle de estoque e de sua ligação com o caixa. Esquece que a informatização pode trazer vários benefícios, como ajudar a traçar um perfil de compras de cada cliente, para permitir o atendimento personalizado. "O varejo não consegue, nem mesmo, tirar bom proveito do e-mail para fidelizar seus clientes", diz Amyres Fernandez, mestre em Comércio Eletrônico pelo Rochester Institute of Technology e professora do Ibmec, escola de negócios de São Paulo.

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