o mensageiro - um mercado à espera

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GESTÃO DE EMPRESAS E PROJECTOS DE COMUNICAÇÃO ESCOLA SUPERIOR DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS SOCIAIS | INSTITUTO POLITÉCNICO DE LEIRIA O MENSAGEIRO um mercado à es era P EDRO JERÓNIMO

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Trabalho desenvolvido no âmbito da unidade curricular Gestão de Empresas e Projectos de Comunicação do curso de Comunicação Social e Educação Multimédia (2007/08), da Escola Superior de Educação e Ciências Sociais do Instituto Politécnico de Leiria.

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GESTÃO DE EMPRESAS E PROJECTOS DE COMUNICAÇÃOESCOLA SUPERIOR DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS SOCIAIS | INSTITUTO POLITÉCNICO DE LEIRIA

O MENSAGEIROum mercado à es era PE D R O J E R Ó N I M O

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O MENSAGEIRO: UM MERCADO À ESPERA

2

No âmbito da unidade curricular Gestão de Empresas e Projectos de Comunicação (GEPC),

leccionada por Paulo Faustino, em 2007/08, na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais – Instituto Politécnico de Leiria,

elaborei o presente trabalho, fruto dos quatro anos de aprendizagem e colaboração no semanário O Mensageiro,

bem como dos conhecimentos adquiridos em GEPC e nas restantes unidades curriculares do curso

de Comunicação Social e Educação Multimédia.

Pedro Jerónimo

20061437

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O MENSAGEIRO: UM MERCADO À ESPERA

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Índice

Introdução ......................................................................................................................... 4 1. Enquadramento ............................................................................................................ 5

1.1. Origem ................................................................................................................... 5 1.2. Fundador ................................................................................................................ 5 1.3. Direcção ................................................................................................................. 6 1.4. Estrutura ................................................................................................................ 6

2. Posicionamento ............................................................................................................ 7 2.1. Distribuição ............................................................................................................ 7 2.2. Público .................................................................................................................... 7 2.3. Tiragem .................................................................................................................. 8 2.4. Marketing ............................................................................................................... 8

3. Oportunidades .............................................................................................................. 9 3.1. Internet .................................................................................................................. 9 3.2. Parcerias ................................................................................................................. 9

4. Análise SWOT .............................................................................................................. 10 Conclusão ........................................................................................................................ 11 Bibliografia ...................................................................................................................... 12 Anexos I a III .................................................................................................................... 13

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O MENSAGEIRO: UM MERCADO À ESPERA

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Introdução

Poderá um jornal, como tradicionalmente o conhecemos, subsistir ao longo 100 anos?

Os exemplos são escassos: em 1645 nascia o jornal mais antigo do mundo, o sueco

Post Och Inrikes Tidningar, cerca de dois séculos depois, em 1835, o Açoriano Oriental

era o primeiro em Portugal e, em 1853, O Leiriense dava os primeiros passos na região

de Leiria, seguindo-se-lhe, em 1914, O Mensageiro actualmente o semanário mais

antigo do Distrito.

É sobre «93 anos de (in)formação diferente»1 que trata o presente trabalho. Uma

reflexão sobre as dificuldades de outrora e a realidade actual, de um jornal que tem

um público-alvo privilegiado. Qual será, então, o segredo da sua longevidade? Quais as

estratégias que utiliza para fidelizar os leitores?

1 Um dos slogans frequentes nas edições do semanário

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O MENSAGEIRO: UM MERCADO À ESPERA

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1. Enquadramento

1.1. Origem

A 7 de Outubro de 1914 nascia O

Mensageiro, “um semanário regional, que abrange a área do distrito de Leiria e está atento a todas as dimensões da vida humana, privilegiando tudo o que se relacione com o desenvolvimento da região nos seus mais diversos aspectos.”2 Propriedade do Seminário Diocesano de Leiria, “declara-se como um jornal fiel ao Magistério da Igreja Católica.”3 Contribuir para a restauração da diocese de Leiria-Fátima foi a principal razão para o padre José Ferreira Lacerda fundar o semanário. “Em primeiro lugar, e como intento primacial desenvolveu-se aqui com entusiasmo e firmeza a campanha restauracionista do nosso Bispado, que foi a génese do seu aparecimento (...). [Considerada] como passo decisivo para a reconstrução cristã desta região, (...) a restauração do Bispado de Leiria é incontestavelmente de resultados profícuos para a causa católica (...) de um povo que, crente e regionalista, ignora o que seja cobardia quando se trata de reivindicar os seus direitos e ressuscitar as suas mais caras regalias (...), aguardando com serenidade a hora suspirada da justiça. (...)”4

1.2. Fundador

José Ferreira de Lacerda nasceu no dia 23 de Abril de 1881, em Monte Real, Leiria. Cónego, militar, jornalista e benemérito da cidade do Lis, exerceu as funções de capelão militar durante a participação portuguesa na I Guerra Mundial, de onde enviava, semanalmente, apontamentos para o jornal que fundara.

“Durante dezenas de anos, e hoje ainda, não houve nem há melhoramento em Leiria, desde o simples arruamento à mais importante realização, não só na cidade como no concelho, que o Padre Lacerda não tivesse, ou tomado a iniciativa, tantas vezes, ou dado uma palavra de louvor, ou ainda, quando era caso disso, feito uma crítica construtiva e desassombrada. (...)”5 O estrangulamento duma hérnia pôs-lhe termo à vida a 20 de Setembro de 1971.

2 Excerto do Estatuto Editorial; O Mensageiro

3 Idem 4 MATOS, Paulo; O Mensageiro; Edição 4522; 7 de Outubro de 2004; citando artigo de ROQUE, Padre

Júlio Pereira; O Mensageiro; Edição 53; 1915 5 FERREIRA, Ambrósio; O Padre Lacerda – Reitor dos Milagres - 1881-1971; Folheto, Edições & Design;

Leiria; 2005

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O MENSAGEIRO: UM MERCADO À ESPERA

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1.3. Direcção

O fundador foi precisamente o director em exercício durante mais tempo – 57 anos. Posteriormente, só o sucessor, padre António Francisco Pereira, se manteve durante mais de uma década (30 de Setembro de 1971 a 11 de Junho de 1987). Seguiram-se o padre João Vieira Trindade (18 de Junho de 1987 a 4 de Outubro de 1990), Manuel Matias Crespo (11 de Outubro de 1990 a 5 de Outubro de 2000) – o único leigo a dirigir o semanário até ao momento – e o padre Virgílio do Nascimento Antunes (12 de Outubro de 2000 a 25 de Agosto de 2005) – recentemente nomeado Reitor do Santuário de Fátima. Actualmente, e desde 1 de Setembro de 2005, encontra-se o padre Rui Acácio Amado Ribeiro, que também é responsável pelo Serviço Pastoral da Comunicação Social na diocese de Leiria-Fátima.

1.4. Estrutura

Desde a administração, passando essencialmente pela redacção, o espírito voluntarioso sempre foi uma constante na estrutura do semanário. Correspondentes locais e no estrangeiro, foram as principais fontes de informação ao longo de largas décadas de vida d’O Mensageiro. A evolução técnica e a formação de recursos humanos, apesar de terem lugar, sucederam-se a um ritmo mais lento que os restantes títulos regionais. “A modernização dos meios técnicos, destacada com a primeira impressão em offset, na edição de 22 de Março de 1984, número 3453, prossegue hoje, com o recurso às novas tecnologias da informação. Todavia, luta com dificuldade para sobreviver, com os parcos recursos disponíveis, no panorama de feroz concorrência da imprensa actual, de fins lucrativos”6 Actualmente, O Mensageiro tem uma redacção equipada com um parque informático actualizado, bem como um grupo de colaboradores que nunca teve: director, três jornalistas e uma estagiária. Uma estrutura multifacetada, que assume ainda a paginação do semanário. Ainda assim, esta não é permanente: o director – padre – acumula duas pároquias, o chefe-de-redacção assume outras funções na estrutura diocesana, um dos jornalistas está em regime de part-time e outro é trabalhador-estudante.

6 MATOS, Paulo; O Mensageiro; Edição 4522; 7 de Outubro de 2004

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2. Posicionamento

2.1. Distribuição

“O jornal da avó.” Assim conhecido pela generalidade das pessoas, O Mensageiro é

distribuído quase em exclusivo por assinatura. Se por um lado, a tiragem e o número

de exemplares efectivamente distribuídos coincidem, por outro, a percentagem da

população que desconhece a existência do semanário é elevada. O facto de não ter

presença em banca – apenas um local de venda – leva a que poucos conheçam o título

ou até mesmo julguem que já não existe.

“O mais antigo semanário do distrito de Leiria.” Este é o slogan do jornal, cuja

abrangência noticiosa se restringe precisamente ao Distrito e à diocese de Leiria-

Fátima, onde se encontram a maioria dos leitores e assinantes. Ainda assim, estes

estendem-se a outras regiões do País e do estrangeiro.

2.2. Público

No distrito que mais lê jornais regionais7, Leiria contabiliza 83 publicações registadas8,

sendo que 14 delas são semanários, quatro dos quais com sede na cidade do Lis – há

ainda um diário. Para sabermos qual o público-alvo real d’O Mensageiro,

contabilizamos metade dos 500 mil habitantes – distrito de Leiria e concelho de Ourém

– que são os que lêem imprensa regional, e seleccionamos 89,8% desses, os católicos9.

Temos, portanto, cerca de 250 mil pessoas.

Considerando que existe ainda A Voz do Domingo, outro título de inspiração cristã,

temos o referido valor partilhado por ambos. Contudo, ambas as publicações não

estão a explorar convenientemente as suas potencialidades, dado que, somando os

leitores de ambas, não chegamos a 10% dos seus potenciais leitores.

7 Fonte: Marktest

8 Fonte: Gabinete para os Meios de Comunicação Social

9 Percentagem da população portuguesa que é católica; Annuarium Statiscum Ecclesiae (ed. trilingue);

31 de Dezembro 2004

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2.3. Tiragem

Numa análise ao arquivo d’O Mensageiro, damos conta de um decrescimento

acentuado na tiragem, sobretudo nos últimos anos. Em 1997 – quando começa a ser

indicada na ficha técnica o número de impressões – circulavam semanalmente uma

média de 3000 exemplares. Actualmente, são cerca de 2200. A principal descida

verificou-se em 2007, na sequência da política assumida pelo Governo, que efectuou

com cortes substanciais, no apoio à circulação de publicações periódicas – Porte Pago.

Ora, o semanário, que na altura tinha cerca de 400 assinantes no estrangeiro, viu

reduzir esse número para pouco mais de duas dezenas, devido ao fim da

comparticipação do Estado, que passou, neste caso, de 95% para 0%. O mesmo

aconteceu com os de Portugal continental e ilhas, que também sofreram uma quebra.

2.4. Marketing

É um departamento inexistente. Aparentemente, parece não haver um plano de

marketing delineado. Talvez devido à sua estrutura “flutuante”. «Os novos jornais, ao

aparecerem, trouxeram logo uma estratégia comercial, que este jornal nunca teve»,

refere o director d’O Mensageiro, Rui Ribeiro (ver Anexo I). É, assumidamente, um

projecto media sem fins lucrativos, no entanto, isso não justifica, por outro lado, a

quase inoperância da máquina de “marketing religioso.” Por outras palavras: o jornal

não tem sabido “vender” o seu produto, isto é, a informação “fiel ao Magistério da

Igreja Católica” que veicula. Se o semanário não é promovido junto do seu público-

alvo, como é que este acede à informação?

Mesmo que não tendo presença em banca, o que permitiria a divulgação da marca, há

passos por dar. As manifestações públicas de índole cristã, como são as missas

exemplo, e os locais onde se celebram, as igrejas, são espaços de actuação

privilegiados, onde mais nenhum produto media consegue circular com tremenda

facilidade.

O ímpeto missionário subjacente à Igreja Católica parece, portanto, descurado na área

da comunicação social, onde o marketing deveria ser considerado.

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O MENSAGEIRO: UM MERCADO À ESPERA

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3. Oportunidades

3.1. Internet

Com presença na World Wide Web desde o início do ano 2004, o semanário tem

disponibilizado, no endereço www.omensageiro.com.pt, apenas alguns conteúdos que

publica na sua edição em papel. Por outro lado, a gráfica que assume a impressão do

mesmo, disponibiliza em www.jornalregional.com todas as noticias que são publicadas

semanalmente.

A presença na Internet é indispensável, no entanto, passados cerca de quatro anos,

ainda há alguns caminhos a percorrer. Se não, vejamos: em Portugal já são muitos os

títulos que disponibilizam no seu site informação completar, seja textualmente ou

graficamente. A introdução do áudio e do vídeo são inovações mais recentes e que

vêm ao encontro de um público cada vez mais exigente, mais consumidor de produtos

distribuídos na Internet e menos leitores do forma tradicional. Portanto, caberá ao

semanário leiriense diversificar os conteúdos que disponibiliza no seu website, sob

pena de não conseguir compensar a perda de assinantes que vai registando no

formato que actualmente produz. A conquista de novos públicos, nomeadamente

faixas etárias mais baixas, seria outra das vantagens da aposta, bem como a abertura à

oferta publicitária, que nunca explorou nesta plataforma e da qual certamente

retiraria dividendos – “O rápido crescimento da publicidade online leva os analistas a

acreditar que em 2011 o dinheiro investido neste sector supere o aplicado na

publicidade impressa nos jornais.”10

3.2. Parcerias

Com a aposta da veiculação da informação por múltiplas plataformas, aumentam as

exigências a que os profissionais da comunicação social são sujeitos. “Formação de

jornalistas multimédia”11 é o caminho que alguns órgão de informação e/ou grupos de

comunicação social têm estado a seguir, rentabilizando ao máximo os recursos

10

http://tek.sapo.pt/4Q0/763962.html (último acesso: 30 de Abril de 2008) 11

http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1286382&idCanal (último acesso: 30 de Abril)

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humanos que dispõem. Esta aposta pode resultar em parcerias, como é o recente caso

do Parlamento Global, envolvendo a SIC, Expresso e Rádio Renascença (RR).

No caso d’O Mensageiro, a região é pródiga em oportunidades, inclusive dentro da sua

linha editorial. A TV Canção Nova e a própria RR são dois exemplos, com quem poderia

estabelecer parcerias, no sentido veicular a sua informação num formato multimédia,

cada vez mais explorados pelos meios de comunicação social.

Por outro lado, verifica-se alguma atenção às novas oportunidades do mercado, como

é o caso da parceria que o semanário estabeleceu recentemente com um quiosque

digital12, cujos objectivos passam pela divulgação do semanário e pela recuperação de

alguns assinantes, nomeadamente os residentes no estrangeiro, que perdeu com o fim

do Porte Pago.

4. Análise SWOT

Por fim, apresentamos um quadro resumo das principais Forças (Strengths), Fraquezas (Weaknesses), Oportunidades (Opportunities) e Ameaças (Threats), ao objecto em estudo:

Forças Fraquezas

Org

aniz

ação

- Longevidade (semanário mais antigo do Distrito). - Recursos técnicos (parque informático). - Distribuição (vai ter directamente à mão do leitor).

- Estrutura (carece de melhor organização). - Recursos humanos especializados (apenas um está a obter formação superior na área e nenhum tem).

Am

bie

nte

- Público-alvo (maioria da população católica). - Prestigio (longevidade e papel sócio-cultural).

- Divulgação (não tem presença em banca). - Concorrência (tem mais tiragem). - Internet (pouco aproveitamento da plataforma).

Oportunidade Ameaças

12

As edições d’O Mensageiro estão disponíveis em www.recortes.pt, em formato PDF

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Conclusão

Próximo dos 94 anos e a caminho dos 100. Se persistir no mercado, nos próximos 6

anos, O Mensageiro será o primeiro no distrito de Leiria a chegar ao centenário. Para

tal, precisa de se adaptar às novas tendências, evoluir tecnicamente e acima de tudo ir

ao encontro do seu público.

Conforme pudemos constatar com este trabalho, a prioridade do semanário nunca foi

comercial, mas de fidelidade à sua orientação editorial. Contudo, mesmo essa

estratégia não está a ser potenciada. Há um considerável número de pessoas que

desconhece o título e mesmo as que conhecem, precisam de ser abordadas pelo

mesmo.

O semanário precisa de se repensar, reorganizar e definir uma estratégia de marketing,

tendo presente que, para ser fiel à sua ideologia, é prioritário ir ao encontro das

pessoas, sejam elas assinantes, leitores ou anunciantes.

Considerando ainda a importância que a diocese de Leiria-Fátima assume no

panorama religioso nacional e internacional; a existência de uma agência noticiosa

especializada13 e que no mercado português não circula nenhum semanário católico,

apesar de existirem vários, regionais, de inspiração cristã, O Mensageiro poderá ter

aqui uma excelente oportunidade de negócio.

São múltiplas as possibilidades. Resta definir um rumo. O mercado está à espera...

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A Agência Ecclesia é uma agência noticiosa católica, que veicula informação de âmbito mundial.

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Bibliografia

- FERREIRA, Ambrósio; O Padre Lacerda – Reitor dos Milagres – 1881-1971; Folheto,

Edições & Design; Leiria; 2005

- ROQUE, Padre Júlio Pereira; O Mensageiro; Edição 53; 1915

- MATOS, Paulo; O Mensageiro; Edição 4522; 7 de Outubro de 2004

- O Mensageiro; Edições de 1 de Janeiro de 1993 a 31 de Dezembro 2007

Internet

Google http://www.google.pt (último acesso a 21/04/08) Governo www.portugal.gov.pt/NR/rdonlyres/AC673499-8627-420A-B246-FA8E6D9FA161/0/Reforma_CS_Reg_Loc.pdf (último acesso a 21/04/08) Annuarium Statiscum Ecclesiae

http://www.ecclesia.pt/estatistica_igreja2004.pdf (último acesso a 24/04/08) Projecto de Lei n.º 395/IX http://www.pcp.pt/ar/legis-9/projlei/pjl395.htm (último acesso a 24/04/08) Bareme Imprensa: A importância da imprensa regional http://www.apan.pt/?ref=detnot&id=322 (último acesso a 29/04/08) “Investimento em publicidade online supera anúncios em jornais em 2011” http://tek.sapo.pt/4Q0/763962.html (último acesso a 29/04/08) Dados Marktest http://www.gazetacaldas.com/Suplemento/PDF/Audi%C3%AAncias.pdf (último acesso a 03/05/08) Ciberjunta – portal das juntas de freguesia http://www.ciberjunta.com/leiria.html (último acesso a 03/05/08)

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Anexos I a III

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O Mensageiro é o semanário mais antigo do distrito de Leiria, no entanto, des-conhecido da generalidade das pessoas. A que se deve este desconhecimento?Creio que múltiplos fac-tores explicam o desco-nhecimento do jornal, mas aponto apenas um, que me parece o mais forte: o facto de ser o semanário mais antigo do distrito é uma honra, mas ao mesmo tempo explica este desco-nhecimento, o jornal não “embarcou” no espírito comercialista e de con-corrência comercial com que apareceram os jornais mais recentes. Ficou para trás e não apanhou o com-boio. Os novos jornais, ao aparecerem, trouxeram logo uma estratégia co-mercial, que este jornal nunca teve.

Como fidelizam, então, assinantes e anunciantes?A estratégia é a fideli-dade ao espírito que lhe está subjacente. Sendo um jornal de inspiração cris-tã, deverá ser cada vez mais isso mesmo: um jornal cristão, para cristãos, oferecendo uma leitura generalizada e inspira-da da vida social. Mas a fidelidade à sua vertente cristã é fundamental e é desejada pelos leitores.

O público-alvo privili-giado e a longevidade do título são duas caracte-rísticas apetecíveis para as empresas jornalísticas, que inclusive já tentaram adquirir O Mensageiro. Considera que é por fal-ta de rentabilidade que o fizeram?Creio que as investidas do exterior têm a ver com a possibilidade de entrar no mercado por meio de um caminho já feito, atin-gindo um alvo apetecível. Trata-se de um interesse comercial e nada mais, aproveitando um caminho já desbravado. Se adqui-rissem o título, imedia-tamente modificariam o perfil do jornal ajustan-do-o aos seus interesses.

Existem ainda, no municí-pio, mais três semanários – Região de Leiria, Jornal de Leiria e A Voz do Do-mingo. Não estará satura-do o mercado regional?A minha ideia é que O Mensageiro deve ser en-quadrado no âmbito da co-municação social oficial da diocese de Leiria-Fá-tima. Ou seja, não deve continuar a ser proprie-dade particular como é o Seminário Diocesano. Deve fazer parte de uma acção conjunta da Diocese. Nes-se sentido, deve entrar

em diálogo com A Voz do Domingo – jornal proprie-dade da Diocese – e os dois deverão apresentar uma proposta de conjunto, que se torne a voz da Dio-cese. Pessoalmente, gos-taria de transformar os dois jornais numa revista cristã... mas isso já não depende de mim.

»ENTREVISTA

Rui Acácio Amado Ri-beiro, 40 anos, padre, professor, director do semanário leiriense O Mensageiro, desde 1 de Setembro de 2005, e res-ponsável pelo Serviço Pastoral da Comunicação Social, da Diocese de Leiria-Fátima.

Licenciado em Teologia, formou-se ainda em Co-municação Social (Paris, 1999-2000).

A estratégia é a fidelidade ao espírito que lhe está subjacente

Por Pedro Jerónimo

ANEXO I

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Actualmente é a pessoa há mais tempo n’O Men-sageiro. Que análise faz ao percurso do semanário, relativamente às suas es-tratégias de mercado?O Mensageiro foi fundado com o objectivo concreto de defender um ideal que, à altura, motivava a so-ciedade leiriense, dentro e fora da Igreja: a res-tauração da Diocese. Como um dos percursores da comunicação no Distrito, nasceu num tempo em que as estratégias de mercado se ficavam por garantir a subsistência do projecto, centrando a sua principal preocupação na defesa dos seus ideais fundadores, no papel de formar e in-formar os cidadãos e che-gar ao maior número pos-sível de pessoas. Dada a ausência de concorrentes, a tarefa estava facilita-da e cumpria com alguma eficiência o seu objec-tivo. A estratégia de mercado inicial era sim-ples: o director garantia o conteúdo informativo do jornal, enquanto deixava a um colaborador a tarefa de angariar anunciantes e gerir assinaturas que ge-rassem fundos suficientes para a sua impressão e distribuição regulares.Com o surgir de novos tí-tulos, o primeiro e prin-

cipal dos quais nasceu, precisamente, da eman-cipação desta parte co-mercial que sustentava O Mensageiro, este voltou a procurar uma forma de sub-sistência financeira. Mas nunca assumiu uma postu-ra de concorrência, pelo menos assumida, mesmo quando o mercado da comu-nicação social cresceu em quantidade e qualidade e evoluiu para padrões mais exigentes de profissiona-lização dos seus agentes e de gestão empresarial das suas estruturas. Desde que aqui cheguei, há 12 anos, houve uma pre-ocupação na formação de quadros e na modernização tecnológica da redacção e impressão. Mas a estra-tégia administrativa não fugiu muito, até hoje, da garantia da subsistência, encarando as dificuldades financeiras entretanto surgidas com uma política mais virada para a conten-ção de custos do que para o investimento no futuro e procura de novas soluções de financiamento.Este é o desafio que, ac-tualmente, está a ser en-carado. Percebeu-se, fi-nalmente, que só com uma gestão comercial eficaz se poderá assegurar o futuro no universo da comunicação social, mesmo que não em

concorrência com outros, pelo menos na apresen-tação de uma alternativa credível e auto-sustenta-da. Resta dar o passo de concretizar esta postura, cujos moldes ainda estão em análise pela actual ad-ministração.

É o semanário mais antigo do distrito de Leiria, no entanto, desconhecido da generalidade das pessoas. O que tem falhado?Tempos houve em que toda a gente conhecia O Mensa-geiro. A maioria das pes-soas com mais de 50 anos ainda conhece. Para as

»ENTREVISTA

Luís Miguel Ribeiro Fer-raz, 36 anos, jornalista e teólogo ao serviço da diocese de Leiria-Fá-tima, desde 1995, onde integra o Gabinete de Apoio aos Serviços Pas-torais.

É chefe-de-redacção do semanário O Mensageiro, desde 1995, e director do mensário Jornal da Golpilheira, que fundou em 1996.

O Mensageiro tem potencial para cativar um numeroso público

Por Pedro Jerónimo

ANEXO II

Page 16: O Mensageiro - Um mercado à espera

gerações mais novas é que este título já não será tão familiar, excepto para aqueles cujos pais ou avós são assinantes, mas estamos a falar num uni-verso de 2000 famílias. Isso prende-se com um fac-to muito simples: o jor-nal nunca apostou na venda em banca, ficando sempre limitado às assinaturas. Assim, é natural que a generalidade das pessoas não conheça ou pense que morreu, porque deixou de o ver a circular e, quando vai à banca, não encontra sinal dele.

Já houve empresas jorna-lísticas interessadas na aquisição d’O Mensageiro. Terá sido apenas pela lon-gevidade do título ou terá sido pela falta de visão, isto é, fidelização do pú-blico-alvo, por parte do jornal?Não será apenas pela lon-gevidade, nem diria que há falta de visão. Tem havi-do outras prioridades que não a expansão do jornal. Mas é um facto que o tí-tulo é apetecível, pois, com uma postura de mercado mais agressiva, uma gestão equilibrada de recursos e uma linha editorial bem definida, tem potencial para cativar um numeroso público, o seu público-alvo, que anda quase todo afastado: os católicos da Diocese que se interes-sam pela vida da Igreja e, sobretudo, por uma vi-são cristã da vida, dos acontecimento e do mundo em geral. Uma empresa que pegasse no jornal e fosse à conquista deste público

tinha, com certeza, bom retorno do investimento na sua qualificação e di-vulgação, quer por assi-natura, quer na venda em banca. Mas isso, o actual proprietário, o Seminário Diocesano, também pode fazer e parece estar in-teressado nisso a curto prazo.

Para além d’O Mensageiro, o município de Leiria tem, actualmente, mais três semanários. Haverá espaço para este número de peri-ódicos?Às vezes, temos a sensa-ção de que há saturação e, sobretudo, de que não se oferece diferença… es-tão todos a fazer o mesmo. Mas dois jornais de socie-dade como o Região de Lei-ria e o Jornal de Leiria são perfeitamente viáveis para o público leiriense, considerado no universo alargado do Distrito – que nem sempre é bem explorado em toda a sua potenciali-dade. Menos do que dois seria pouco, pois todos sabemos a pobreza que existe numa visão unifor-me e única da realidade. Mais do que dois, pelos menos com a intenção de projectos de grande tira-gem e expansão, também me parece ser uma utopia para Leiria. Aliás, já hou-ve tentativas frustradas disso, como foi o caso do extinto Notícias de Leiria e a mais recente aposta de uma revista semanal, que rapidamente teve de pas-sar a quinzenal.A excepção estará num pro-jecto que se afirme pela diferença. Não em con-

corrência com esses dois grandes semanários, mas com um produto que seja alternativa. Com a mesma qualidade e profissiona-lismo, mas com um discur-so menos institucional e mais humano. É aí que uma publicação católica pode fazer a diferença e assu-mir uma posição de merca-do com alguma expressão, sem retirar espaço às que já existem. Sem ser “be-ata”, mas também sem ter como principal preocupa-ção vender papel e estar à frente nas audiências. Isso liberta-a do sensa-cionalismo imediatista, das tricas políticas e da cedência a outras pres-sões normais do mercado.Essa aposta está por fa-zer, pois nem O Mensagei-ro nem A Voz do Domingo investiram ainda numa apresentação a esse ní-vel à sociedade. Aliás, dois jornais como estes numa Diocese acabam por se duplicar, por ten-tar sobreviver num mesmo espaço, por tirar força ao trabalho um do outro. Unidos, poderiam ser esse tal projecto alternativo: um jornal de sociedade, de inspiração cristã, com um complemento de informação eclesial que não existe noutros meios de comuni-cação e tem, sem dúvida, os seus interessados.Com três semanários com estas características, penso que Leiria ficaria bem servida.

ANEXO II

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A imprensa regional desempenhou ao longo da história, e con�nua a desempenhar hoje, um pa-pel fundamental na promoção da informação de proximidade junto das populações. Faz, como ne-nhuma outra, um retrato do País real, no seu po-si�vo e nega�vo, indo ao concreto das situações, das pessoas e dos valores locais – etnográficos, históricos, sociais e humanos – longe dos sensa-cionalismos dominantes nos tablóides nacionais ou dos temas poli�camente correctos da grande imprensa. Ao mesmo tempo, cons�tui um contri-buto insubs�tuível para a literacia do povo, sobre-tudo nas classes mais simples, mais afastadas dos hábitos de leitura e da programação cultural, pois, em muitos casos, o “jornal da terra” é a única coi-sa que ainda vão lendo. Porque lhes interessa, fala da sua realidade concreta, da sua gente, dos seus usos e costumes. No mundo da globalização, em que os grandes editores falam todos dos mesmos assuntos, muitas vezes afastados da vida real e de-sinteressantes para a grande maioria das pessoas,

são os jornais regionais os únicos aptos a fazer uma leitura local desses assuntos e a acrescentar ao debate o contributo dos actores e autores de cada comunidade concreta.

Até há duas/três décadas atrás, como produto das pessoas (directores e redactores) mais cultas da população local, este serviço era evidente. A tecnologia era mínima, mas não muito diferente da que estava ao alcance dos grandes �tulos. Mas, com a evolução tecnológica galopante dos úl�mos anos, as grandes empresas de comunicação deram um salto de gigante na organização informá�ca das redacções, na melhoria gráfica dos seus pro-dutos e nas novas potencialidades exploradas ao nível da promoção e marke�ng dos mesmos. Aí, a grande maioria dos jornais regionais, sobretudo os mais pequenos, não conseguiram acompanhar a evolução, tanto por falta de formação profissional específica dos seus editores, como por escassez de recursos financeiros, sem o suporte de grandes

grupos económicos que começaram a dominar a concorrência a nível nacional e, nalguns casos, também a nível regional.

As diferenças começaram, então, a ser mais evidentes, sobretudo na qualidade de apresenta-ção do jornal (gráficas, fotográficas, de paginação, etc.). Isto porque, a nível da qualidade de redacção, nem sempre o mesmo se regista. De facto, há pe-quenos �tulos regionais com conteúdos bem mais interessantes e bem redigidos do que outros (tan-to de nível nacional, como concorrentes no âmbi-to regional) que ostentam uma qualidade gráfica superior, maior projecção no mercado e mesmo reconhecimento das “ins�tuições” públicas, até as ligadas ao sector da comunicação social.

As polí�cas dos úl�mos anos têm seguido essa norma de avaliação, em muitos casos injusta. Com o argumento da “profissionalização”, apoiam-se, mesmo financeiramente, apenas os projectos que são editados por empresas jornalís�cas, que “empregam” determinado número de pessoas,

que publicam determinado número de exempla-res por edição, e obedecem a um sem número de exigências que só os grandes jornais conseguem cumprir. Acontece isso em relação, por exemplo, à possibilidade de candidatura ao “Incen�vo à Modernização Tecnológica” e ao “Incen�vo à Leitura” que veio acabar com o Porte Pago. Igno-ra-se, assim, que também pode ter qualidade e ser uma importante mais-valia local um pequeno jornal de uma paróquia, associação ou ins�tuição, que pode até envolver muita gente em regime de voluntariado ou trabalho não remunerado, apesar de não ter poder económico para dar “emprego” a funcionários ou por estar a desempenhar o seu papel junto do público restrito de uma aldeia, vila ou comunidade.

Com isto, o Governo opta por patrocinar apenas os jornais de grande expansão ou poder económi-co, os únicos que considera a�ngirem o patamar do pretenso “profissionalismo”, potenciando a

ANEXO III

Imprensa Regional Independente: fundamental mas asfixiada

LUÍS MIGUEL FERRAZ Chefe-de-Redacção do semanário

O MENSAGEIRODirector do mensário

JORNAL DA GOLPILHEIRA

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concentração da comunicação social em grandes grupos editoriais, onde a “facturação” é o único critério, ou pelo menos mais importante do que a qualidade editorial – e isso é evidente em muitos deles. Os pequenos jornais ficam de fora dessa lista de apoios e, se quiserem sobreviver, terão de encontrar nas suas próprias receitas as armas para se modernizarem, para chegarem aos leitores e para combaterem a concorrência feroz e asfixiante dos �tulos mais fortes. O resultado – não sabemos se propositado – é a diminuição da diversidade na opinião pública, a redução de potenciais vozes crí�cas, e a maior facilidade em controlar os con-teúdos publicados a nível nacional e regional, pois basta exercer pressão ou “ter na mão” as poucas grandes empresas que, aos poucos, vão ficando “donas” de todos os jornais que circulam.

Grandes Grupos / Pequenos IndependentesCom esta nova realidade, deu-se um fenóme-

no de que poucos falam, nem mesmo nos mais recentes estudos que têm sido apresentados so-bre a matéria: o facto de não haver apenas uma “imprensa regional”, mas dois �pos de imprensa regional (que poderão até subdividir-se mais). Dei a entender essa diferenciação no que acima referi, quando falo de “pequenos �tulos regionais” ou de “concorrência dos grupos económicos, também a nível regional”. Parece-me que, actualmente, a diferença não estará tanto entre jornais nacionais/regionais, mas sim entre a imprensa que se encai-xou nos “requisitos legais” e que é de�da por gran-des ou médios grupos económicos e aquela que é editada por pessoas ou en�dades independentes dessa força económica, uns de âmbito regional e outros de âmbito meramente local, mas que a le-gislação não diferencia como tal.

De facto, também a nível regional temos vindo a assis�r à concentração dos jornais – e mesmo rádios e agências de comunicação e publicidade – em torno de grandes grupos editoriais que do-minam o mercado em determinada região. Com-pram �tulos existentes, às vezes há décadas, para os assimilar ou aniquilar, estabelecem parcerias que lhes re�rar a iden�dade que �nham, ou fazem uma concorrência agressiva àqueles que teimam em con�nuar independentes.

Com esta asfixia da concorrência comercial e sem apoios públicos, os pequenos jornais regio-nais e locais – a que chamo no �tulo “jornais re-gionais independentes” – vão desaparecendo ou sobrevivendo com dificuldade. O seu futuro estará

dependente do carinho e apoio que conseguirem angariar junto dos leitores e empresas/ins�tuições locais. Só nas localidades onde se conseguir essa iden�ficação das pessoas e a correspondente aju-da financeira das empresas, mais como patrocínio ao “seu” jornal do que pela contrapar�da publici-tária, será possível con�nuar a exis�r uma publica-ção regional independente. Ao mesmo tempo, só subsis�rão aquelas que contarem com o trabalho voluntário e não remunerado ou pouco remune-rado dos seus “fazedores”, pois será impossível à maioria suportar todos os custos que hoje são exi-gidos a uma publicação, desde o funcionamento da redacção à impressão e à expedição.

Publicações da IgrejaA nível nacional, grande parte destes �tulos da

imprensa regional independente são editados por paróquias ou ins�tuições da Igreja, às centenas! Não me parece que a sua situação seja melhor ou pior do que a de outros jornais regionais, só pelo facto de serem da Igreja. Acontece-lhes o mesmo que aos outros: ou se tornaram grandes, ou estão asfixiados.

O facto é que muitos deles desis�ram da luta concorrencial e man�veram-se ao nível do que costumam fazer há décadas. Dependentes dos padres ou leigos que prestam esse serviço de forma gratuita e pouco qualificada, não evoluíram tecnologicamente, nem conseguiram responder às novas exigências, contentando-se com sa�s-fazer os assinantes que angariaram no passado. Mas, pela falta de novidade editorial e de beleza gráfica, comparando com os produtos que inun-dam os mercados, debatem-se com a diminuição de leitores e incapacidade de ca�var as gerações mais novas.

Mas há algumas excepções, com �tulos da Igre-ja que são líderes de audiência. Mo�vo: ou não têm concorrência local de peso, ou tornaram-se eles próprios em empresas jornalís�cas, geridas com objec�vos comerciais assumidos. A questão fundamental, quanto a mim, está neste pormenor. Basta ver que mesmo alguns dos que acompanha-ram a evolução, apetrecharam as redacções com pessoas e materiais de qualidade e modernizaram o seu grafismo, lutam com dificuldades. Simples-mente porque não evoluíram também a nível co-mercial e administra�vo.

Ao longo de décadas, as ins�tuições da Igreja “deram cartas”, pois poucas �nham como elas a possibilidade de editar a nível local. O padre �nha

ANEXO III

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conhecimentos, contactos, meios e disponibilida-de que poucas pessoas na “terra” �nham. E usava essa potencialidade como meio de evangelização: mais do que no�ciar, muitos bole�ns serviam so-bretudo para veicular a opinião católica, defender os valores da doutrina e anunciar o Evangelho. Por isso, nunca encararam o jornal como “negócio” ou “empresa”. Se havia publicidade, era a suficiente para as despesas de impressão, pois não havia or-denados a pagar e a expedição era gratuita com o Porte Pago.

Hoje, é impossível con�nuar assim. Se assu-mem apenas o papel de meios de evangelização, terão de ser custeados como tal pela paróquia/diocese. Se querem afirmar-se como meios de comunicação social a par de outros concorrentes, sobretudo os de âmbito diocesano, têm de optar por uma gestão comercial rigorosa, que siga as re-gras do mercado, para angariar receitas e controlar despesas. Precisam cons�tuir-se como empresas de comunicação, estabelecer uma estratégia co-mercial eficaz e garan�r que, à actualização dos conteúdos, corresponde a liquidez financeira para viabilizar o projecto, inclusivamente no que diz respeito à candidatura a subsídios a que outros acedem. Quanto aos de âmbito local, a receita é mesma em relação aos jornais de outras en�dades: se conseguirem iden�ficação com os leitores e fontes locais de financiamento, está garan�da a sua con�nuidade.

Nesta linha, julgo que muitos jornais de paróquia, e m b o ra c o m

despesas acrescidas, con�nuarão a desempenhar o seu papel de sempre, dirigidos sobretudo aos fiéis da comunidade.

Já os de âmbito diocesano, terão de reposi-cionar-se nos seus objec�vos e modo de encarar o futuro. Mais do que um semanário em cada diocese parece-me exagerado e inviável. Mas um por diocese é perfeitamente aceitável, dentro dos princípios enunciados de proximidade ao leitor, assumindo um papel de alterna�va aos grupos editoriais concorrentes, com a oferta de uma “vi-são católica” do mundo, tanto na forma de no�ciar como na opinião publicada, nos diversos sectores da sociedade, cultura, polí�ca, desporto, econo-mia, religião, etc.

Mas para isso precisam de se assumir como parceiros comerciais da comunicação social. Ter estatuto editorial claro, gestão comercial orga-nizada e uma estratégia de captação de público bem delineada e executada. Depois, garan�r uma redacção profissional, um grafismo moderno e uma rede de distribuição eficiente. Seguindo esse caminho, também a Igreja, mesmo de âmbito dio-cesano, pode ombrear com os grupos económicos que dominam o sector. Não como concorrente,

mas como alterna�va atraente e credível.

ANEXO III