«O Leão e o Canguru»

O leão e o canguru iam sempre para a praia.

O canguru mal punha os pés na areia, saltava por cima dos

toldos: zás…zás…zás… e plof!

Caía dentro de água.

Claro que havia sempre reclamações.

- Canguru atrevido!

- Não sei como deixam vir esta gente para a praia!

O leão não incomodava ninguém. Estendia-se a tomar banhos

de sol e de vez em quando sacudia a sua linda juba muito forte.

Era um bocadinho vaidoso, o leão.

E um bocadinho medroso também. Por isso não tomava banho,

só molhava os pés, enquanto o amigo canguru nadava todo satisfeito.

Um dia o canguru resolveu continuar no banho até muito

tarde. Já não havia ninguém na praia e o leão estava farto de esperar.

De repente o mar ficou bravo e o canguru começou a sentir-se

muito aflito porque não conseguia voltar para terra.

Quando viu o seu amigo aflito, o leão não hesitou.

Não quis saber do medo e atirou-se logo à água.

O pior é que mal sabia nadar, e daí a pouco estavam os dois

desembrulhados na espuma das ondas.

No meio daquela aflição ouviram uma gargalhada:

- Ah! Ah! Ah!

- Querem que vos leve para a praia? – perguntou uma voz

líquida.

Custava a acreditar, mas quem lhes falava era uma onda!

- Então como é isto? São as ondas que nos estão a arrastar e

tu dizes que nos levas para a praia? – perguntou o canguru.

A ondinha voltou a rir e explicou:

- Nós não somos todas iguais. Há ondas que puxam as pessoas

para longe e ondas como eu, que as empurram para a praia. Venham

comigo!

O leão e o canguru lá foram as cambalhotas.

Quando perceberam que estavam salvos, nem queriam

acreditar.

Antes de se ir embora a onda disse-lhes adeus e gritou:

- Nunca se esqueçam que há ondas boas e ondas más!

Tenham cuidado com as minhas irmãs!

- Tivemos sorte! – disse o leão.

- Sorte é ter um amigo como tu! – disse o canguru.