o método mãe-canguru como recurso para a erapia de

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Curso de Fisioterapia ELZA ALBUQUERQUE AVILA O MÉTODO MÃE-CANGURU COMO RECURSO PARA A TERAPIA DE HUMANIZAÇÃO AO RN DE ALTO RISCO Rio de Janeiro 2008

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Page 1: O Método Mãe-Canguru como Recurso para a Erapia de

Curso de Fisioterapia

ELZA ALBUQUERQUE AVILA

O MÉTODO MÃE-CANGURU COMO RECURSO PARA A TERAPIA DE HUMANIZAÇÃO AO RN DE ALTO RISCO

Rio de Janeiro 2008

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ELZA ALBUQUERQUE AVILA

O MÉTODO MÃE-CANGURU COMO RECURSO PARA TERAPIA DE HUMANIZAÇÃO AO RN DE ALTO RISCO

Monografia de Conclusão de Curso apresentada ao Curso de Fisioterapia da Universidade Veiga de Almeida, como requisito para obtenção do título de Fisioterapeuta. Orientador: Profª Adriana Verçoza

Rio de Janeiro 2008

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ELZA ALBUQUERQUE AVILA

O MÉTODO MÃE-CANGURU COMO RECURSO PARA A TERAPIA DE HUMANIZAÇÃO AO ALTO RISCO

Monografia de Conclusão de Curso apresentada ao Curso de Fisioterapia da Universidade Veiga de Almeida, como requisito para obtenção do título de Fisioterapeuta.

Aprovada em: 16/12/2008.

BANCA EXAMINADORA

Prof. Adriana Marinho Verçoza. Universidade Veiga de Almeida - Presidente da Banca Examinadora. Prof. Ivone Brauns. Universidade Veiga de Almeida - Membro da Banca Examinadora. Prof. Leda Amar de Aquino. Universidade Veiga de Almeida - Membro da Banca Examinadora.

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Dedico este trabalho a todas as pessoas presentes em minha vida, principalmente à

duas pessoas mais que especiais, que são os meus pais, Edson Reis Avila e Mª da Penha Albuquerque Avila, por me apoiarem nos momentos bons e ruins que passei e que ainda passarei na vida, agradeço por sempre me orientarem visando sempre

o meu bem, mesmo que essa não fosse a minha vontade, por acreditarem e confiarem em mim, sabendo e confiando na criação e na educação que me

proporcionaram, não somente com bens materiais, mais com o principal que é o amor e carinho que nunca me faltaram e que fizeram ser o que sou hoje e que serei

ainda um dia durante essa caminhada, já que uma etapa está se terminando, mais muitas outras ainda estão por vir e sei que eles sempre estarão ao meu lado, me

amando, protegendo, orientando da melhor forma e confiando em mim . Agradeço também a minha professora e orientadora Adriana Verçoza, por ter me orientado

neste trabalho, me acalmando durante o meu desespero, me orientando maravilhosamente, e principalmente acreditando em mim e no meu potencial para a realização deste trabalho. Ao profº Luiz Fernando Poyares de Albuquerque, por ser além de um ótimo profº ser também um amigo que podemos contar sempre mesmo estando longe. Aos meus amigos e familiares, principalmente ao meu grande amigo

Diego Rodrigues de Oliveira que me ajudou quanto a finalização deste trabalho. Dedico a acima de tudo à Deus, por ter me ajudado e me dado forças para

conseguir chegar aonde cheguei até este momento durante longa caminhada da vida.

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Agradeço a Deus primeiramente e principalmente, por estar junto a mim sempre em meus pensamentos e nos acontecimentos de minha vida. Aos meus pais, por todo

apoio e dedicação que eles têm comigo, meus familiares e amigos, aos meus professores por terem acreditado e me ensinado os conhecimentos que possuo.

AMO TODOS VOCÊS.

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“Quem não crê em si mesmo, nunca poderá crer em Deus”.

- Vivekânanda -

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RESUMO

As Unidades Hospitalares relacionadas em geral, as equipes que nelas trabalham

formando a equipe multidisciplinar e principalmente os pais, os mais interessados no

bem estar do RN prematuro que se encontram nas incubadoras das UTINNs, estão

cada vez mais tornando-se conhecedores da aplicação do Método Mãe-Canguru

(MMC), surgido em Bogotá – Colômbia. Este método foi implantado com idéia de

substituir a incubadora, onde se priorizava a diminuição e até a solução do problema

de superlotação que o país enfrentava na época. No Brasil, o método foi implantado

com a finalidade não apenas de substituir a incubadora, mas também e

principalmente com a finalidade de dar início a relação pais e bebê, já que este

método resgata o direito, a ternura e o respeito dos sentimentos da família e do

bebê prematuro que se encontra na incubadora, onde muitas vezes esses

sentimentos são perdidos e nem desenvolvidos, devido a necessidade do bebê em

permanecer na incubadora. Observaremos também a importância do aleitamento

materno, não só pelos benefícios nutricionais que ele proporciona, mas também pela

ajuda que ele traz ao método na relação mãe e RN, levando também ao

atendimento, fazendo a promoção do leite materno que é muito importante durante

essa fase de desenvolvimento. Abordaremos toda a importância dessa relação pais

e RN, no desenvolvimento não só psicomotor, mas também emocional em ambas as

partes relacionadas, já que essa aproximação com o RN prematuro, proporciona

afeto, carinho, amor, acalento e muitos outros sentimentos que anteriormente, sem a

utilização do MMC, ficava esquecido quando o RN se encontrava na UTINN, sem a

presença dos pais. Palavras-chaves: método mãe-canguru; atendimento humanizado; baixo

peso; prematuro, aleitamento materno.

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ABSTRACT

General Hospital Units, their team works comprising a multidisciplinary team and

mainly the parents, the most interested in the RN ( NB - new born child) premature

welfare who are placed in UTINN ( Intensive Therapy Units for new born children )

incubators, are each time becoming more experts in the “ Método Mãe-Canguru”

(MMC) (Kangaro-Mother Method), arisen in Bogotá – Colômbia. This method was

introduced with the idea for replacing the incubator, where the decrease and even

the solution of existing overcrowed problem the country faced at that time were

prioritized. In Brasil, the method was introduced not only to replace the incubator, but

also and mainly with the intention to start the relationship between parents and the

baby, since this method redeems the right, the tenderness and the respect of the

family feelings and of the feelings of the premature baby placed in the incubator,

where many times these feelings are lost and nor developed due to baby´s needing

while remaining within the incubator. We will also oberve the importance of maternal

nursing (maternal milk feeding), not only for the nutritional benefits it provides but

also for the help it brings to the relationship between the mother and RN , also

leading to the attendance promoting the maternal milk that is very important during

this phase of development. We will approach all the importance of this relationship

between parents and RN not only in psicomotor development, but also emotional in

both the related parts, since this approach with the premature, provides affection,

tenderness, love, lulls to sleep and many other feelings that, previously without using

MMC, were forgotten when the RN remained at the UTINN, without the parents

presence.

Key – words: Kangaroo-Mother Method; humanized attendance; low weight

NB; premature NB; maternal nursing or maternal milk feeding.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

1. AM – Aleitamento materno 2. BNDES – Banco Nacional do Desenvolvimento Social 3. BP – Baixo Peso 4. BPN – Baixo Peso Nascer

5. CTIs – Centros de Terapia Intensiva

6. FC – Freqüência Cardíaca

7. FGV – Fundação Getúlio Vargas

8. FR – Freqüência Respiratória

9. IG – Idade Gestacional

10. IMI – Instituto Materno Infantil

11. IMIP – Instituto Materno Infantil de Pernambuco

12. KMC – Kangaroo Mother Care

13. MMC – Método Mãe-Canguru

14. MS – Ministério da Saúde

15. NFCS – Sistema de Codificação da Atividade Facial

16. NIDCAP – Programa de Avaliação e Cuidados Individualizados para o Desenvolvimento do Neonato

17. NIPS – Escala de Avaliação de Dor

18. NN - Neonato

19. OMS – Organização Mundial de Saúde

20. PC – Posição Canguru

21. PIPP – Perfil de dor no Prematuro

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22. PT – Prematuro

23. PSaO2 – Saturação de Oxigênio

24. RN – Recém-nascido

25. RNBP – Recém-nascido de baixo peso

26. RNPT – Recém-nascido pré-termo ou prematuro

27. SNC – Sistema Nervoso Central

28. SUS – Sistema Único de Saúde

29. SIH/SUS – Sistema de Informações do Hospital do SUS

30. UTIs – Unidades de terapia intensiva

31. UTINN – Unidade de terapia intensiva neonatal

32. UNICEF – Fundo das Nações Unidas para Infância

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SUMÁRIO

CAPÍTULO I (INTRODUÇÃO).................................................................................11

1. Introdução..............................................................................................................11 1.1 Justificativa...........................................................................................................13 1.2 Objetivos .............................................................................................................14 1.2.1 Objetivo geral....................................................................................................14 1.2.2 Objetivo específico............................................................................................15

CAPÍTULO II (REVISÃO DE LITERATURA) ............................................... .........16

2. Revisão de Literatura ............................................................................................16 2.1 O ambiente hospitalar relacionado ao estresse e seus efeitos negativos...........16 2.2 Fatores de estresse/ dor os seus efeitos negativos nos RNs PT e BP............... 21 2.3 Atendimento humanizado....................................................................................31

CAPÍTULO III .........................................................................................................37

3. Método Mãe-Canguru............................................................................................37 3.1 Definição do Método Mãe-Canguru.....................................................................37 3.2 Indicações e benefícios do MMC.........................................................................42 3.3 Histórico Mundial .................................................................................................45 3.4 Histórico no Brasil................................................................................................48 3.5 Aplicação do Método ...........................................................................................55 3.6 Avaliação do Método ...........................................................................................59 3.7 A Importância do profissional de fisioterapia na equipe multidisciplinar ao atendimento do MMC......................................................................................62 3.7.1 O fisioterapeuta no MMC..................................................................................68

CONCLUSÃO ....................................................................................................... 68

REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 70

ANEXOS ...............................................................................................................81

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CAPÍTULO I

1. INTRODUÇÃO

Durante as três últimas décadas, o Método Mãe-Canguru (MMC) vem sendo

cada vez mais utilizado pelas instituições, hospitais e maternidades, através dos

profissionais da área, e da equipe multidisciplinar como um todo, sendo procurada

cada vez mais também pelos próprios pais dos RNs que vem conhecendo esse

projeto e se interessando pelo mesmo, onde poderão dar uma assistência neonatal

melhor para seus bebês prematuros de baixo peso ou com problemas orgânicos,

como também os bebês a termos que necessitem de uma maior assistência, mas é

importante ressaltar que esse projeto só pode ser iniciado estando os bebês

prematuros e a termos em condições estáveis, visando também o início ao vinculo

pais e filhos. O método surgindo em Bogotá, na Colômbia, com o doutor Héctor Martinez,

médico neonatologista, e seu amigo doutor Edgar Rey Sanabria, do Hospital San

Juan de Dios Instituto Materno Infantil (IMI) no ano de 1979, eles numa forma de

tentativa para a substituição das incubadoras, visando diminuir ou até mesmo

solucionar o problema de super lotação das UTINNs que o país enfrentava naquele

momento, pois o número de leitos nos hospitais e maternidades era menor que o

número de leitos que se necessitava para um atendimento adequado, havendo

quase sempre a necessidade da colocação de mais de um RN em uma mesma

incubadora, sendo, portanto idealizado e criado o MMC, que tem como um dos

objetivos principais também a diminuição da mortabilidade infantil muito presente

nessa classe de RNs que iremos abordar neste trabalho, visando não só a

substituição apenas da incubadora e sim também permitindo uma contribuição do

carinho e amor dos pais, e a realização no atendimento humanizado ao

desenvolvido do RN, onde o bebê irá ter uma melhor qualidade térmica e uma

estimulação maior do que iria receber dentro de uma incubadora, o que permite uma

alta hospitalar mais rápida, melhorando acima de tudo a qualidade da assistência

para esse RN com menos custo financeiro.

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Já em outros países, sendo um deles o Brasil, o método foi implementado

com a finalidade não só de substituição da incubadora em algumas regiões do

Brasil, mas sim com a finalidade de uma criação de uma relação Mãe-RN, levando a

aproximação desse vínculo Pais (mãe e pai) e RN, já que o MMC resgata os

sentimentos de amor, carinho, ternura e respeito dos pais que muitas vezes são

prejudicados, perdidos ou até mesmo não sendo criados diretamente com os

sentimentos do bebê e de sua família devido ao ambiente da UTINN.

Nos braços e no colo da mãe ou do pai, o bebê prematuro recebe o olhar

carinhoso, doce e sereno, o olhar de amor e o sentimento, também as vozes

harmoniosas que irão trazer uma nova linguagem e o início de um desenvolvimento

em todos os aspectos para o bebê e também para os pais muitas vezes de primeira

viagem, é o começo de uma relação bonita e harmoniosa que começa a ser

instalada através do acalento, do leite materno, que é muito importante durante esse

período, através do carinho, dedicação e proteção, que os pais dão ao filho quando

os mesmos são acalentados pelos braços de quem ama esse pequeno ser que

acabou de chegar. Mantendo-o quentinho e protegido, a mãe e não tão menos

importante o pai, que também é muito importante durante todo o desenvolvimento

desse pequeno ser que acaba de chegar, e apoiando acima de tudo a mãe e

companheira, dando todo amor e suporte que ela necessita e para o bebê também.

Esse método de atenção, carinho e uma maior dedicação deve-se estender

não somente para os pais, mais também deve ser principalmente iniciado pelos

profissionais da área de saúde responsáveis pelo bem estar desse RN através da

equipe multidisciplinar, sendo essa atenção conhecida e chamada de atendimento

humanizado que se caracteriza por um atendimento especializado de uma forma

mais humana com mais amor, onde se prioriza o amor, a paciência, o respeito, o

carinho e os demais sentimentos, durante as habilidades técnicas e profissionais

que são realizadas nos RNs que se encontram na UTINNs.

Abordaremos, portanto nesse trabalho essa relação Mãe-Pai e RN, o

surgimento desse método e sua implementação também no Brasil, o método em si,

os benefícios que esse método traz tanto para o bebê quanto para os pais do bebê,

a importância do aleitamento materno que é de grande ajuda durante todo esse

projeto, o começo do bom desenvolvimento do bebê, e abordaremos também a

atuação e a importância de todos profissionais da área, especialmente da

fisioterapia e principalmente o papel, o trabalho que ela realiza tanto para o bebê

Page 14: O Método Mãe-Canguru como Recurso para a Erapia de

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quanto para os pais, falaremos sobre a fisiologia do recém nascido e suas

características e classificações e também definições quanto seu peso, tamanho, e

outras características, sendo todas essas após o seu nascimento, onde sabemos

que é nessa fase que o RNPT geralmente se encontra na UTINNs necessitando dos

cuidados mais que especiais, onde esse bebê passa por situações devido a certos

fatores que podem ser responsáveis por desencadear de leves a sérios

comprometimentos e danos a esse RNPT que se encontra frágil e debilitado, o que

se agrava ainda mais por estar muitas vezes longe dos pais, devido a sua internação

na UTINNs, onde esse RNPT se encontra internado precisando de cuidados

especiais, encontrando na equipe multidisciplinar, tendo seu profissional de cada

área, os cuidados especializados sendo interligado com a ajuda essencial dos pais

também, pois essas situações sofridas por esses RNPT estão muitas vezes

relacionadas a alguns fatores que podem ser intrínsecos como extrínsecos, como e

sendo o mais comum desses fatores o “stress”, o pior e mais importante fator, pois é

esse fator que pode desencadear outros diversos problemas e possíveis danos para

o RNPT, como o próprio estresse neonatal, dor, agitação, comprometimentos no

desenvolvimento tanto motor como psicológico, a própria rejeição dos pais, devido a

não criação do vinculo Pai-RN, enfim danos dos mais leves aos mais graves e

complicados, sendo essa questão do vinculo Pais-RN, bastante complicada e

delicada muitas vezes, já que só os pais e a família mesmo que de longe, podem

trazer e dar esse amor, esse carinho e esses cuidados especiais que o RNPT

necessita durante a sua internação e permanência no hospital, e a equipe

multidisciplinar tenta também disponibilizar da melhor forma possível esse amor que

o bebê necessita através de seu atendimento humanizado.

1.1. Justificativa

O Método Mãe Canguru ou Atenção Humanizada ao RNBP (recém-nascido de

baixo peso) fundamenta-se no processo de desenvolvimento contínuo do bebê,

introduzindo algumas possibilidades de entendimento da assistência neonatal em

um contexto mais amplo, propondo o resgate dos conhecimentos fisiológicos,

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psicológicos e neurológicos do ser humano e levando em consideração o indivíduo

por completo (SANT’ANNA, 2008, apud, VENANCIO, 2004).

O BNDES, (2001) defende que o método mãe canguru de tratamento para

RNPT (recém-nascidos prematuros) e RNBP consiste em retirar os bebês das

incubadoras, desde que estes estejam saudáveis, e mantê-los em contato pele a

pele, com a cabeça próxima ao coração da mãe.

Desse modo o Ministério da Saúde, objetiva o método mãe canguru em relação

à diminuição da morbimortalidade, valorizando a atenção ao RN à promoção do

aleitamento materno, acompanhamento do crescimento e desenvolvimento da

criança, as imunizações, as prevenções e controle de infecções perinatais; visando

incrementar a capacidade resolutiva nos serviços de atenção à criança. Tendo

resultados muito significativos em termos de estabilidade da temperatura e dos

batimentos cardíacos do bebê, bem como do conforto proporcionado e da efetivação

dos laços afetivos da mãe com o bebê, sendo conhecido como binômio mãe-filho,

resultados esses descritos pelo BNDES, (2001) sendo dito também que essa

aproximidade permite também que a amamentação se realize, o que não acontece

quando a mãe volta para casa deixando-o na incubadora, BNDES, (2001).

Sendo assim, esse estudo se justifica ao analisar, as propostas levantadas em

relação ao Método, seu histórico, suas comparações em relação os benefícios

constatados com a utilização do método, em relação a díade mãe-filho; o

desenvolvimento desse RN atual e futuro; o posicionamento desse RN e a atuação

fisioterapêutica em relação a esse posicionamento, os efeitos do MMC no RN e as

suas conseqüências e as descrições e orientações que devem ser dadas em relação

ao Método Mãe Canguru ou Atendimento de Atenção Humanizada.

1.2. Objetivos

1.2.1. Objetivos Gerais

Pesquisar, descrever e orientar em relações ao Método Mãe-Canguru (MMC) e

os cuidados com o RNBP com a atuação do atendimento humanizado ao RNPT,

levantando a questão em relação a atuação fisioterapêutica quanto esse método e

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atendimento humanizado e principalmente em relação ao posicionamento desse

RNBP estável que possui plenas condições de realização do método mãe canguru.

1.2.2. Objetivo Específico

• Abordar sobre o ambiente neonatal, os cuidados realizados e o programa de

atendimento de atenção humanizada ao RNPT;

• Rever na literatura os esclarecimentos ao MMC;

• Explicar as classes que serão abordadas neste estatuto;

• Apresentar e explicar a aplicação do MMC;

• Descrever o histórico mundial e o método especificamente no Brasil sobre o

MMC;

• Abordar sobre as indicações, benefícios e contra-indicações do método;

• Descrever o MMC;

• Apresentar e descrever os instrumentos de avaliação do método;

• Discutir acerca da importância do fisioterapeuta no contexto de Humanização

do Método Mãe-Canguru.

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CAPÍTULO II

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. O Ambiente hospitalar relacionado ao estresse e seus efeitos negativos

O Bebê desde o seu nascimento sofre muitos traumas e algumas alterações

significativas devido ao seu desenvolvimento contínuo que ocorre de forma muito

rápida, onde essas mudanças ocorridas pelo desenvolvimento devem ser muito bem

observadas, já que se houverem algum tipo de alteração ou diferença dessa

evolução aparentemente normal durante o desenvolvimento, esse RN deve ter um

auxílio e acompanhamento adequado da equipe médica juntamente com os demais

profissionais de diversas áreas. Esses profissionais formam, portanto, uma equipe

multidisciplinar, onde garantirão o bem estar e a melhora do problema ocorrido,

resolvendo-o da melhor forma possível, a fim de buscar a homeostase do RN

(recém-nascido) e promovendo as boas condições de vida necessárias aos RNs,

visando que nada aconteça e que acabe interferindo no desenvolvimento normal do

bebê, sanando ou amenizando qualquer tipo de intercorrência que possa vir a

ocorrer dentro das possibilidades da situação ocorrida.

Todos os dias nascem milhares de bebês no mundo todo, tanto termo quanto

os RNs prematuros (RNPT) ou também chamados de pré-termo que podem ser de

baixo peso (RNBP) ou ter problemas orgânicos sendo esta população o objeto de

estudo desse trabalho.

Os RNPT são definidos por várias formas e também por diversos autores,

sendo um deles Mota, L. A. et.al. (2005), apud Souza ELBL, (2000), onde define a

prematuridade sendo uma condição definida para os bebês com menos de 37

semanas e seis dias de gestação, calculados a partir do primeiro dia da última

menstruação materna, sendo classificada de acordo com o critério temporal, com

base no peso ao nascer e de acordo com a adequação do peso de nascimento à

idade gestacional.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o RN pré- termo é

todo aquele com idade gestacional inferior a 37 semanas, e que podem ser

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classificados em três grupos distintos de acordo com a idade gestacional e, com a

relação entre o peso de nascimento e à idade gestacional (LEONE, 1996).

O termo prematuro, significa imaturidade funcional dos órgãos segundo Vaz,

(1989), sendo continuamente a maior causa de mortalidade e morbidade em nosso

meio e apesar dos avanços tecnológicos na assistência neonatal, cerca de 75% das

mortes neste período decorreram as prematuridade, excluídas as malformações,

(SPALLICI, et.al. 2000).

De acordo com Hernning, et.al. (2006), o Ministério da Saúde em 1999, definiu

as características do baixo peso ao nascer (BPN), como sendo o peso abaixo de

2500g, que associada à prematuridade são grandes responsáveis pela mortalidade

neonatal e alguns distúrbios funcionais entre os sobreviventes. Para Mota, L. A.

et.al. (2005), apud Gordon B. A. et.al. (1999) em relação ao peso, um bebê é

considerado de baixo peso quando nasce com menos de 2500g, independente de

sua idade gestacional. Isso exerce efeitos negativos na sobrevida da criança, assim

como em seu desenvolvimento sensório-motor, podendo ser considerado um

importante fator de risco de possíveis enfermidades na idade adulta.

Segundo Oliveira, F. L. et.al. (2006), quando o RNPT e de baixo peso é levado

para a Unidade Neonatal de Cuidados Intensivos encontra em ambiente

extremamente diferente daquele onde se encontrava, no útero materno.

Mota, L. A. et.al. (2005) apud Cloherty, T. P.; Stark, Ar. (1993), diz que esses

bebês podem apresentar várias complicações e dificuldades para a adaptação à

vida extra-uterina devido à imaturidade dos diversos sistemas orgânicos. Entretanto

nem todos os prematuros precisam de cuidados intensivos, muitos são assistidos em

unidades de cuidados intermediários ou em berçários, dependendo do grau de

prematuridade e da gravidade das complicações (ANEXO I e II)(MOTA, L. A. et.al.

2005).

Muitos RNs se encontram nas UTINNs apenas para o processo de engorda,

sendo, portanto menos graves, já outros permanecem nas UTINNs porque se

encontram em estados mais graves, pois esses bebês segundo Carvalho, M. R.

(BNDES, 2001), podem ser acometidos por enfermidades vasculares perinatais,

como hemorragia cerebral e retinopatia da prematuridade, ou por distúrbios

metabólicos, como hipoglicemia, dificuldade para manter a estabilidade térmica,

gerando, portanto hipotermia.

Page 19: O Método Mãe-Canguru como Recurso para a Erapia de

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Em alguns casos, são preocupantes estes processos, pois essas imaturidades

do RNPT levam ao risco de mortalidade neonatal. Preocupados com esses altos

índices das taxas de mortalidade neonatal, países do mundo inteiro, se viram

responsáveis de alguma forma e, portanto sendo de vital importância tomar alguma

atitude para controlar e mudar essa situação. Desta forma essa classe de RNs

passou a ser objeto de estudo e de pesquisa dos governos, visando adotar medidas

que mudassem essas taxas de mortalidades e seqüelas (CARDOSO, A. C. A. et.al.

2006).

Medidas estas, que após muitos estudos e pesquisas acabaram sendo criadas

estratégias com técnicas, que atualmente possuem forma mais humanística como o

Método Mãe-Canguru (MMC), já que a humanização no atendimento é uma grande

preocupação dos dias atuais

Os RNBP constituem um grande problema de saúde pública, visto que o

cuidado necessário à sua sobrevivência e desenvolvimento exige recursos

expressivos com profissionais qualificados, boas instalações equipamentos e

tecnologia adequados e em condições de utilização. Havendo, portanto, segundo

Oliveira, F. L. et.al. (2006) mudanças importantes quanto à atitude terapêutica nas

UTINNs de cuidados intensivos.

Onde sabemos que muitos desses recursos são disponíveis principalmente em

países desenvolvidos ou, em países em desenvolvimento e apenas em alguns

países subdesenvolvidos, sendo esses recursos mais escassos, mais o que não se

adianta é obter esses altos recursos tecnológicos e não haver profissionais bem

qualificados para manuseio desses recursos tecnológicos de forma adequada.

Oliveira, F. L. et.al. (2006), afirma que nas últimas décadas, ocorreu o

progresso de tecnologia médica e hospitalar possibilitando a sobrevivência de RNs

com história de prematuridade e extremos baixo peso, sendo esses objetos do

nosso estudo, fazendo com que os profissionais da área da saúde passassem a se

preocupar com o desenvolvimento desses RNs, que durante um período longo de

internação tiveram que se desenvolver sob condições não fisiológicas e

freqüentemente adversas, sujeitos a um risco maior de agressões.

Sarquis, (2002), ao analisar a perspectiva de vida do RN internado na UTINN

observa que, os prematuros despertam maior preocupação em relação aos demais.

É fundamental que a assistência seja prestada com qualidade e de forma adequada,

principalmente quando são prematuros de muito baixo peso ao nascer ou com idade

Page 20: O Método Mãe-Canguru como Recurso para a Erapia de

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gestacional (IG) abaixo de 31 semanas. Para oferecer maior possibilidade de

sobrevivência destes pequenos depende-se obter qualidade e intensidade dos

cuidados neonatais disponíveis, bem como, levar em consideração, os graus de

imaturidade e o peso ao nascimento.

Portanto os programas de intervenção passaram a valorizar e trabalhar em

função de um ambiente mais adequado e humanizado para o RN e a dar mais

importância à ligação mãe-bebê permitindo a entrada dos pais na UTINN e procurar

incentivar o aleitamento materno, uma vez que a nutrição e a interação no mãe-

bebê-família são tão importantes quanto o desenvolvimento tecnológico, sendo um

exemplo de estratégia de humanização realizada o MMC e o aleitamento materno,

como descrito por Oliveira, F. L. (2006).

Segundo Lima Lira em seu capítulo no livro de Margotto, (2004) o local é em

geral repleto de equipamentos e rico em tecnologia. São muitos os profissionais

envolvidos nos cuidados com esses RNs, como os médicos, enfermeiros,

fisioterapeutas, psicólogos, assistentes sociais entre outros. Desse modo segundo

Bessani, L. S. (2008) complementa que esses cuidados contribuirão para minimizar

os efeitos nocivos provocados pela hospitalização, promovendo uma melhoria na

qualidade de vida dos mesmos, portanto somente assim poderemos dizer que a

humanização faz parte do cotidiano e principalmente da essência do nosso cuidar.

Esses RNPT e de baixo peso necessitam de incubadoras para mantê-los

aquecidos, de oxigênio para evitar asfixia, de sonda ou cateteres para alimentá-los,

sendo esses cuidados necessários para mantê-los vivos de acordo Lima Lira, em

seu capítulo no livro de Margotto, (2004), já que os mesmos sofrem em decorrência

do nascimento prematuro. Algumas características do nascimento prematuro podem

ser descritas como: de patologias congênitas, de infecções adquiridas, da fragilidade

da pele, da presença de tubos, sondas sendo causas de sofrimento neonatal, pois

também esses bebês não estão preparados para tantos estímulos assim, somente

estão preparados para os estímulos necessários para o seu desenvolvimento, com

proteção, vozes e ruídos, estímulos de personagens costumeiros, como seus pais e

familiares que quando se encontrava no útero ainda estavam presentes.

Agora na UTINN esses estímulos costumeiros, são trocados por vozes e ruídos

e estímulos diferentes, com personagens diferentes, sendo, portanto isso tudo muito

estranho e assustador para o RN causando sofrimento e conseqüentemente o

estresse a esse bebê.

Page 21: O Método Mãe-Canguru como Recurso para a Erapia de

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Bessani, L. S. (2008) diz que a hospitalização em UTINN coloca o RNPT em

um ambiente restrito, onde é exposto a estímulos desagradáveis como o estresse e

a dor. Ruídos, luz intensa e procedimentos clínicos e invasivos que são constantes

nessa fase. Por Lima Lira em seu capitulo no livro de Margotto, (2004), a UTINN é

uma mistura de esperanças e de medo para os pais desses RNs que se encontram

internados nas UTINNs, já que a internação é sempre uma situação estressante,

principalmente em uma UTI, onde há uma associação inevitável em relação à

perdas e a morte, em relação diante dos problemas e das complicações sofridas por

esses RNs internados, sejam eles RNPT ou RNBP.

Obviamente também ocorre a esperança por saber que a UTINN é o local mais

preparado para atender melhor a esses RNs, aumentando, portanto as chances de

sobrevida e medo por riscos inerentes que qualquer paciente que está internado

seja em uma UTI ou no leito está arriscado a passar e sentimentos de frustração em

razão da separação que ocorre após o nascimento entre o RNPT que vai para a

UTINN e os pais, principalmente sendo muito sentida pela mãe, pelo fato de que os

pais não estão preparados para passarem por esse momento, já que ambos

esperavam um nascimento sem nenhum problema e um bebê saudável e não que

por alguma eventualidade esse bebê nascesse antes da hora.

Segundo Bessani, L. S. (2008) ao se ter um filho prematuro, a mulher é

bombardeada por muitas emoções e reações, sendo as mais comuns à ansiedade e

o sentimento de culpa, já que muitas vezes, esses pensamentos advém da

suposição de que, durante a gravidez, fez ou deixou o RN, provocando a

prematuridade.

Sendo relatado por Lima Lira em seu capitulo no livro de Margotto, (2004), os

pais, principalmente as mães sonham em ter um filho termo, saudável e levá-lo para

casa logo após o seu nascimento para que possam cuidar de seu bebê. Portanto,

continuando a descrição de Lima Lira, diz que a realidade é que as UTINNs são as

causadoras do estresse neonatal, não só para os RNs internados, como também

para os seus familiares e não tão menos para a equipe de profissionais que

trabalham nas UTINNs cuidando desses bebês. Citado por Seidmann, (1997), um

dos fatores mais estressantes para os pais é a perda da sua função ou relação com

o filho, que acaba ficando prejudicada, devido a alteração pelos fatores que não

permitem o manuseio, o toque e o cuidar, para que haja o desenvolvimento normal

do RN ao lado de seus pais e em seu lar. Por isso segundo Moreira, et.al. (1999) a

Page 22: O Método Mãe-Canguru como Recurso para a Erapia de

21

mãe deva ser apoiada visto que ela se encontra vivenciando um momento de

desconhecimento, em que os sentimentos de culpa e a ansiedade pelo estado do

bebê estão bastante acentuada, sendo importante um acompanhamento e uma

orientação dada por profissionais para esses pais que passam por essa experiência

nessa fase.

Bessani, L. S. (2008) faz a colocação que para visar o favorecimento da

recuperação de um RNPT é necessário que a equipe de profissionais responsáveis

pela UTINN em suas habilidades técnicas e profissionais preste um atendimento

humanizado, favorecendo a forma mais simples e eficaz para melhorar o

atendimento prestado ao RNPT, otimizando sua recuperação e ao mesmo tempo

tranqüilizando os pais, uma vez que a equipe profissional de saúde e os familiares

apostam em uma recuperação mais rápida do RNPT.

Segundo Lima Lira como dito em seu capítulo no livro de Margotto, (2004),

relata que a mudança no atendimento visa uma preocupação que a equipe

multidisciplinar tem em não restringir em somente tratar a doença em sim, mais sim

para que a UTINN cuide do paciente de modo que o mesmo não tenha seqüelas

físicas nem emocionais, sendo uma conseqüência de ser essencial humanizar as

UTINNs.

Contudo de acordo com Bessani, L. S. (2008), deve-se incentivar a equipe de

saúde, sobre a importância do atendimento humanizado ao RNPT, contribuindo para

a melhora do atendimento da assistência desses profissionais reduzindo

conseqüentemente possíveis danos, como o estresse, dor, agitação, ao mesmo.

Danos esses que são causados pelos fatores estressantes que levaram aos pontos

negativos que serão prejudiciais ao RNPT, aspectos esses que serão abordados

neste trabalho, juntamente com a abordagem sobre o atendimento humanizado.

2.2. Fatores de Estresse/ Dor os seus efeitos negativos no RNPT e /ou RNBP

Reichert, A. P. S. et.al. (2007) diz que apesar da importância das UTINNs para

os neonatos doentes, contraditoriamente, essa unidade que deveria zelar pelo bem-

estar da criança em todos os seus aspectos, é por excelência um ambiente nervoso,

Page 23: O Método Mãe-Canguru como Recurso para a Erapia de

22

impessoal e até temeroso para aqueles que não estão adaptados às suas rotinas. Já

que tal ambiente é repleto de luzes fortes e constantes, barulho, mudanças de

temperatura, interrupção do ciclo do sono, visto que são necessárias repetidas

avaliações e procedimentos, acarretando, muitas vezes, desconforto e dor.

Segundo Ricardo Silva, (2002), o ambiente da UTINN pode ser considerado

como um ambiente de excessos. Há excesso de ruídos, de estímulos, muitos em

geral inadequados.

De acordo com Lima Lira, em seu capítulo no livro de Margotto, (2004), diz que

a internação é sempre uma situação estressante, tanto para o paciente (RNs)

quanto para os seus familiares e a equipe multidisciplinar que deles cuida,

principalmente se essa internação ocorre em uma UTI. Já que apesar dos avanços

tecnológicos a UTINN e especificamente a incubadora não são ambientes

confortáveis para o bebê.

As incubadoras são muito diferentes do útero materno e são falíveis quanto à

proteção dos bebês, que ficam expostos às bactérias hospitalares, aumentando os

riscos de infecções, Valeri, O. B. et.al. apud Aylward, (2002). Atualmente com a

tecnologia tão avançada diferentemente de antigamente segundo Silva, (2005) a

incidência de nascimento de bebês pré-termo de baixo peso vem crescendo a cada

dia, portanto assim estamos salvando bebês cada vez menores ao redor de 24

semanas de IG. Todavia conforme isso ocorre esses bebês necessitam ficar durante

mais tempo internados sendo submetidos aos fatores estressantes já que esses

bebês ainda teriam 16 semanas no ambiente intra-útero para haver seu

desenvolvimento normal podendo ocorrer também até algumas alterações nesse

desenvolvimento, portanto sendo necessário um acompanhamento desse RN por

todos envolvidos, tanto a equipe multidisciplinar quanto os familiares.

Ainda de acordo com Silva, (2005), “estudos revelam que quanto menor o peso

de nascimento maior as possibilidades de alterações no desenvolvimento, isso se

deve a grande variedade de problemas clínicos que o pré-termo pode apresentar

durante a internação na UTIN, devido ao ruído elevado, iluminação excessiva,

manuseio freqüente, procedimentos dolorosos e ainda por não serem respeitados

períodos de repouso, assim a UTINN se torna um ambiente estressante para o

bebê”.

Por Valeri, O. B. et.al. apud Aylward, (2002), as experiências dolorosas

repetidas frente a procedimentos de rotina em UTI Neonatal podem alterar as

Page 24: O Método Mãe-Canguru como Recurso para a Erapia de

23

respostas bio-comportamentais dos neonatos pré-termo às experiências

subseqüentes de dor. Sabemos que durante a internação os RNs são afetados por

diversos fatores considerados estressantes, tendo eles o principal fator a dor, que

conseqüentemente irá desencadear o estresse neonatal.

Lima Lira, em seu capítulo no livro de Margotto, (2004), define o estresse como

uma resposta não específica do corpo a uma demanda, e que desencadeia reações

que inicialmente podem ser benéficas, mas se persistirem, serão responsáveis pelo

aumento da morbidade e mortalidade dos pacientes.

Lemons, (2000), entretanto, define o estresse como um fator físico, químico ou

emocional que causa tensão corporal ou mental e pode ser um fator na origem da

doença, e ainda completa afirmando que a dor sempre é estressante, mas o

estresse não é necessariamente doloroso, porém ambos requerem uma avaliação,

uma mensuração, sua prevenção e seu tratamento, como já visto anteriormente. Já

a dor é definida segundo a Associação Internacional para o Estudo da Dor, como

uma experiência sensorial e emocional desagradável, associada a dano tecidual real

ou potencial ou descrita em termos tais danos (Moreno, Ruiz 1995; Arnand, et.al.

1996; Espinos, et.al. 1997; Dinerstein, et.al. 1998; Lemons, 2000; Teixeira, et.al.

2001; Bastos, J. V. e Brunelli, R. C. A. 2006) sendo complementada que a dor é

sempre subjetiva (CARDOSO, A. DOS. S. 2006)

Nesse contexto, a dor dos indivíduos que não podem expressá-las através de

palavras torna-se um fenômeno a parte. Já Bastos, J. V. e Brunelli, R. C. A, (2006)

complementam que a dor faz parte de todas as experiências precoces dos bebês,

para alguns ela é uma parte integral nas primeiras semanas de vida, sendo uma

verdade para os RNPT. Também já se sabe que a dor quando sentida

freqüentemente sendo prolongada pode ser prejudicial para o desenvolvimento do

sistema nervoso de crianças prematuras e doentes, (SING, et.al. 2000).

Portanto sabemos que esses fatores estressantes, como a dor, desencadeiam

reações e respostas diversas que variam de paciente para paciente, reações estas

que veremos posteriormente algumas delas.

O estresse Neonatal pode ser desencadeado devido a vários fatores, onde

muitos desses estão ligados a dor sentida pelo RN. Segundo Lima Lira, em seu

capítulo no livro de Margotto, (2004), a dor é uma das principais causas de estresse

presente na UTINN.

Page 25: O Método Mãe-Canguru como Recurso para a Erapia de

24

De acordo com Mota, L. A. et.al. (2005) apud Charpak, N.; Calume, Z. F. de;

Hamel, A. (1997), descreve que a iluminação intensa, os barulhos excessivos como

monitores, motores das incubadoras, as vozes das várias pessoas que transitam na

unidade, e realização de procedimentos dolorosos por exemplo, a aspiração de

secreções, punção venosa, e outros, que interrompem o sono desses bebês várias

vezes ao dia, são constantes fontes de estresse. Para isso é necessária que haja

uma compreensão e entendimento sobre os fatores que desencadeiam as reações

fisiológicas responsáveis por produzirem o estresse no RN, sendo esse o grande

problema ocorrido dentro das UTINNs, por isso é importante que haja um

planejamento das intervenções oportunas e eficazes durante o atendimento desses

RNs nas UTINNs pela equipe multidisciplinar, sendo então criado o atendimento de

atenção humanizada que visa minimizar os efeitos ocorridos nesses RNs.

Estes fatores associados à prematuridade e ou patologias apresentadas pelo

bebê, a dor que é produzida pelos procedimentos, pelos tubos, sondas, juntamente

com a perda do contato com o útero materno, com seus familiares, podem

desencadear a síndrome do estresse e seqüelas futuras como os déficits motores da

aprendizagem, entre outros, segundo Lima Lira em seu capítulo no livro de Margotto,

(2004). Guinsburg, (1999), durante pesquisa relata que dentro da UTINN foi

calculado que cada RN internado receba cerca de 50 a 150 procedimentos

potencialmente dolorosos ao dia.

Ainda por estudos de Guisnburg, (1998), pode-se observar que os pacientes

quando intubados, sem receber analgesia apresentam alterações fisiológicas,

comportamentais e endocrinológicas decorrentes da dor, comprovando ser a dor

uma causa de estresse, como já vimos anteriormente. Entretanto devemos ficar

atentos, pois, essas alterações fisiológicas, comportamentais, endócrinas são muitas

vezes difíceis também de serem caracterizadas decorrentes dos fatores

estressantes da internação ou somente são alterações decorrentes de

manifestações produzidas por distúrbios hemodinâmicos secundários às patologias,

pela dor.

“Por Lima Lira em seu capítulo no livro de Margotto, (2004), diz que a resposta ao

estresse no RN internado na UTINN pode se manifestar de várias formas, sendo

observadas alterações fisiológicas que são manifestadas pelas alterações de

freqüência cardíaca (FC) que podem variar de <120 a >160bpm, freqüência

respiratória (FR) de <40 a >60rpm, saturação de oxigênio (PSaO2) <92%, ocorrem

Page 26: O Método Mãe-Canguru como Recurso para a Erapia de

25

também alterações comportamentais que são observadas através das fácies com

músculos contraídos, olhos flutuando sem fixação ocular, pela característica do

choro, pela postura no leito que pode apresentar flacidez de braços, pernas, troncos

ou extensão, contorcionismo ou arqueamento. Sustos, bocejos e espirros

freqüentes, dedos afastados ou mãos cerradas.

Alterações endócrinas metabólicas também são observadas através de

alterações dos chamados hormônios do estresse como glicemia, cortisol, hormônio

do crescimento. Devemos estar atentos aos sinais e sintomas apresentados pelo

bebê, e principalmente tentar detectar os fatores que desencadeiam essas

alterações para adotar medidas preventivas e mais adequadas.”

Já de acordo com Kopelman, et.al. (1998) após um estímulo doloroso, o

neonato apresenta variações da freqüência cardíaca (FC), freqüência respiratória

(FR), pressão intracraniana e saturação de oxigênio (PSaO2), além de diminuição

das trocas gasosas e aumento da sudorese palmar. Tais respostas à dor,

denominadas de “fisiológicas”, são acompanhadas de uma reação

endocrinometabólica de estresse, com liberação, entre outros hormônios, de

adrenalina, noradrenalina e cortisol e/ou seus precursores, resultando em

hiperglicemia e catabolismo protéico e lipídico. Pode-se depreender, portanto, que a

resposta do recém-nascido ao estímulo doloroso interfere no equilíbrio

homeostático, por vezes já precário, que mantém o paciente vivo.

Storm, (2001), relata que as respostas fetais do estresse à procedimentos

invasivos são encontradas por volta da 23ª semana de IG e na 24ª semana de IG

todas as estruturas neurológicas necessárias para a nocicepção estão

desenvolvidas. As situações de estresse e dor em crianças prematuras induzem a

um aumento na freqüência cardíaca, e na pressão sanguínea, queda na saturação

de oxigênio, aumento na pressão intracraniana, podendo causar hemorragia

intraventricular e transpiração plantar.

Chiswick, (2000), diz que é possível que várias situações estressantes,

incluindo os estímulos nocivos, aumentem a sensibilidade da criança para

procedimentos dolorosos subseqüentes. Chiswick, (2000), ainda afirma que a

exposição a procedimentos múltiplos e freqüentes em uma UTINN aumenta a

consciência da dor.

Muitos autores em seus estudos dizem que os RNPT não possuíam as suas

capacidades cerebrais totalmente desenvolvidas para que estes bebês pudessem

Page 27: O Método Mãe-Canguru como Recurso para a Erapia de

26

sentir dor conforme dito por Arnand, et.al. (2000) e Dinerstein, (1998) que

antigamente, pensava-se que os neonatos não sentiram dor, devido a mielinização

inadequada dos nervos sensórios, imaturidade dos receptores de dor e do córtex e

localização reduzida da dor.

Porém estudos recentes desmentem esses pensamentos errôneos em relação

aos RNPT e a dor que segundo certos autores não seria sentida por eles, e estes

estudos recentes comprovaram a percepção de dor pelos RNPTs e de baixo peso,

apesar de que bebês não poderem verbalizar ou relatar as dores sentidas baseado

no que foi dito por Dinerstein, (1998). Segundo Lanza, (2004) apud Dinerstein,

(1998); Espinosa, (1997) o RN tem os componentes anatômicos e fisiológicos

requeridos para a percepção dos estímulos dolorosos na forma completa a partir da

30ª semana de gestação.

Os nociceptores polimodais e os mecanorreceptores estão presentes na 7ª

semana de gestação na região peribucal do feto, estendendo-se para o resto da

face, palmas das mãos e plantas dos pés na 11ª semana de gestação, ombros e

quadris na 15ª semana de gestação, alcançando a totalidade da superfície corporal

na 20ª semana. Baratta, (1993) diz que nos prematuros, encontram-se

desenvolvidas as vias neurofisiológicas para a nocicepção desde os receptores

periféricos até o córtex cerebral. Behrman e cols, (1997) complementam, que as vias

neurossensitivas essenciais à transmissão nociceptivas estão anatômicas e

funcionalmente intactas no neonato, por isso a imaturidade neurológica não torna o

RNPT e termo incapaz da sensibilidade e memórias álgicas.

Segundo Cardoso, A. dos S. (2006) relata que o RNPT sente mais dor que o

RN termo, pois suas capacidades de nocicepção, suas vias descendentes inibitórias

a partir da periferia e seus controles inibitórios interneurais e de neurotransmissores

não estão totalmente desenvolvidos, as células nervosas na periferia estão nas

maiores superfícies, os limiares dos reflexos espinais são menores, a produção de

endorfinas ainda não está funcional e as respostas metabólicas, hormonais e

cardiovasculares são mais pronunciadas.

Portanto após a comprovação de que o RNPT possui a capacidade de sentir os

estímulos dolorosos, o grande desafio e dificuldade agora é saber o método e a

forma de avaliar e mensurar essa dor sentida pelo RN já que esses bebês não

podem verbalizar e muito menos relatar essa dor, sendo essa a grande dificuldade

dos estudiosos e da equipe multidisciplinar, o processo de prevenção da dor e o

Page 28: O Método Mãe-Canguru como Recurso para a Erapia de

27

tratamento da mesma também deve ser bem estudado e orientado não sendo tão

menos importantes que a avaliação e a mensuração da dor, portanto, após todas

essas preocupações sentidas com o RNs é que foi pensado e criado um

atendimento específico, com uma forma mais humana, baseado no amor, carinho e

cuidados especiais ao bebê, sendo denominado de Atenção ao Atendimento

Humanizado, com técnicas como o MMC, e o incentivo ao aleitamento materno, que

serão mais bem explicadas durante esse trabalho.

Como dito anteriormente a avaliação, a mensuração, a prevenção e

principalmente o tratamento da dor e conseqüentemente do estresse, são as

maiores dificuldades entre todos os envolvidos sendo os estudiosos, a equipe

multidisciplinar, a família e até mesmo o próprio RN. Lanza, (2003) apud Guinsburg,

(1999), afirma que a dificuldade de avaliação e mensuração da dor no lactente pré-

verbal constitui-se no maior obstáculo ao tratamento adequado do dor nas UTINNs.

Porém o estudo da dor no RN nem sempre foi motivo de preocupação de clínicos e

investigadores durante muito tempo, já que as estruturas anatômicas para receber,

transmitir e interpretar a dor não eram consideradas funcionais (Bastos, J. V. e

Brunelli, R. C. A, (2006) apud Dinerstein, et.al. (1998).

Hoje é possível demonstrar que o RN, inclusive o prematuro, não é só capaz

de perceber a dor, mas também, como produto de sua imaturidade, pode perceber

esta dor, de maneira mais intensa e difusa (Dinerstein, 1998). Contudo depois de

vários anos sem estudos específicos, iniciaram-se os mesmos já que a preocupação

em relação a esse assunto começou a surgir, sendo criados, portanto vários

métodos de avaliação, mensuração, sendo estudadas novas técnicas de prevenção

e tratamento da dor e por conseqüência o estresse.

A avaliação da dor no período neonatal baseia-se em modificações de

parâmetros fisiológicos ou comportamentais, observados antes e depois de um

estímulo dolorosos (GUINSBURG, et.al. 1998).

Continuando com o estudo de Guinsburg, et.al. (1998) relata que os

parâmetros fisiológicos de dor, são mais utilizados pela prática clínica, sendo esses

parâmetros observados através da freqüência cardíaca, freqüência respiratória, a

pressão arterial sistólica e a dosagem dos hormônios de estresse.

Já a avaliação comportamental da dor fundamenta-se na modificação de

determinadas expressões comportamentais, após um estímulo doloroso, sendo as

mais estudadas e analisadas as respostas motoras à dor, sendo elas alterações de

Page 29: O Método Mãe-Canguru como Recurso para a Erapia de

28

tônus muscular e movimentos corporais específicos, choro, o padrão de sono e

vigília e a mímica facial (GUINSBURG, et.al. 1998).

Segundo Pereira, et.al. (1999), vários estudos indicam uma maior observação

da expressão facial, pois parece ser um método não-invasivo, sensível, específico e

útil para a avaliação da dor em RN termo e pré-termo. A avaliação facial de crianças

pré-verbais é expressiva e pode informar ao observador sobre o estado emocional

do neonato, além da dor, preenchendo os critérios subjetivos de dor da Associação

Internacional para o estudo da definição da dor (PEREIRA e cols, 1999).

Hoje, portanto podemos aceitar que, devido à impossibilidade de qualquer tipo

de verbalização, a principal forma de expressar a dor passa a ser por atitudes

comportamentais e fisiológicas, que são modalidades de expressão muito variáveis

de um RN para o outro (Dinerstein, et.al. 1998; Singh, et.al. 2000; Guinsburg, et.al.

1998; Bastos J. V. 2006). Além das respostas “fisiológicas e comportamentais” ao

estímulo doloroso agudo isolado, os RNPTs parecem desenvolver períodos

prolongados de hipersensibilidade, após a exposição a um estímulo nociceptivo

agudo, porém essa hipersensibilidade pode se prolongar ou se intensificar frente a

estímulos dolorosos de baixa intensidade, como a ventilação mecânica

(KOPELMAN, et.al. 1998).

Além disso, alterações a longo prazo, como distúrbios de atenção e sintomas

de hiperatividade, são sintomas presentes nos RNs presentes durante diversos tipos

de avaliações (Dinerstein, 1998). A exposição a múltiplos procedimentos invasivos

necessários para a reanimação e para o tratamento clínico dos RNPT após o

nascimento, estimula respostas fisiológicas e comportamentais agudas e aumenta a

sua vulnerabilidade para danos neurológicos grosseiros (hemorragia intraventricular

e/ou leucomalácia periventricular), segundo Arnand, 2000; Espinosa, et.al. 1997.

Procedimentos dolorosos em neonatos geralmente estão associados com

movimentos expiratórios forçados (choro) e ativação simpática levando a taquicardia

e a hipertensão. Alterações na pressão intratorácica de RN ventilados causam

oscilações substanciais da pressão intracraniana no envio de oxigênio ao cérebro

(PERMAN, apud ARNAND, 2000, p.56).

Sendo a magnitude e a rapidez dessas alterações fisiológicas são suficientes

para causar ou estender a hemorragia venosa para dentro da matriz germinal, região

ínfero-lateral dos ventrículos laterais ou para o parênquima cerebral (GHAZI-BIRRY,

Page 30: O Método Mãe-Canguru como Recurso para a Erapia de

29

apud ARNAND, 2000) e produzindo uma lesão por isquemia/reperfusão associada

com leucomalácia periventricular (ARNAND, 2000; CHISWIC, 2000).

Do mesmo modo que o RN possui diversos tipos de respostas aos estímulos

de acordo com os fatores estressantes realizados, esse RN também produz reações

de defesas. Portanto segundo o Ministério da Saúde, (2001) ao longo dos cuidados

indispensáveis à sua sobrevivência, a criança pode utilizar seus recursos para

resguardar-se, proteger-se das estimulações dolorosas.

O RNPT frente a uma situação dolorosa tenta se defender, e se isso for

excessivo, pode prejudicar o seu desenvolvimento psicoafetivo. Sendo importante

observarmos se o sono do bebê é em função da fadiga, a qual exige uma

recuperação por meio do sono como uma forma de retraimento e de recusa de

contato com o seu meio após um período prolongado de cuidados intensivos.

O RNPT pode apresentar-se apático, inativo, irresponsivos e em estados de

sono, podem na verdade estar conservando energia, mantendo a homeostase. Esta

apatia pode assim funcionar como uma proteção temporária do SNC em

desenvolvimento, (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001).

Baseado, portanto nessas alterações comportamentais e fisiológicas hoje

existem várias escalas de avaliação da dor, tendo como vantagem à ausência de

sofrimento durante a observação e praticidade de aplicação. Sendo exemplos das

escalas mais utilizadas em RN são: o Perfil de Dor no Prematuro (PIPP), o Sistema

de Codificação da Atividade Facial (NFCS), a Escala de Avaliação de Dor (NIPS),

entre outros (ALMEIDA, 2002).

Após então os modos de avaliação e de mensuração da dor, devemos nos

preocupar com os processos de prevenção e de tratamento aos RNs, portanto,

segundo Bessani, L. S. (2008), no processo do manejo efetivo da dor, deve-se incluir

a prevenção e a antecipação da dor, e não só o tratamento da mesma durante os

procedimentos dolorosos é importante considerarmos a utilização de intervenções

farmacológicas, visando a minimização da dor que é sofrida pelos bebês.

Tamez, (2006) diz que o objetivo principal no manejo da dor do paciente

neonatal é a utilização de intervenções que venham minimizar a intensidade e a

duração da dor, ajudando o paciente a recuperar-se prontamente dessa experiência

estressante. Outra opção também seria utilizar as intervenções não-farmacológicas

como também às farmacológicas, sendo tomada essa decisão de acordo com a

circunstância e o procedimento de será realizado. Uma vez administrada à

Page 31: O Método Mãe-Canguru como Recurso para a Erapia de

30

intervenção indicada deve ser feita uma avaliação da dor, 15 a 20 minutos após a

intervenção, certificando-se da efetividade do tratamento administrativo.

Cardoso, A. dos. S, et.al. (2006) relata que o tratamento da dor pode ser

associado com a diminuição das complicações clínicas e da mortalidade, portanto se

faz necessário, compreender as situações que causam dor e as maneiras de

minimizá-las, capacitando a equipe para lidar com a situação. Pois o objetivo que

visa o bem estar do RNs é verificar se há sinais de dor durante os cuidados diários

do RN, que são realizados na UTINN pela equipe multidisciplinar sensibilizando a

mesma quanto à importância da observação dos sinais faciais e corporais dos RNs

que possam indicar dor/estresse e utilizar essas observações feitas pela equipe uma

forma de caracterização das ações terapêutica ocupacionais em UTINN, sendo

também uma forma de avaliação da dor e estresse (Maximino, V. S. et.al. 2008).

Em razão das reações que acontecem com esses RNs como visto

anteriormente, sendo essas reações fisiológicas e/ou comportamentais, é importante

se pensar em uma melhor forma de atendimento para esses RNs pela equipe

multidisciplinar dentro da UTINN, principalmente a equipe de enfermagem; por isso

se teve uma consciência de idealizar um plano de atendimento mais humano que

possui medidas que são adotadas de acordo com a realidade e a possibilidade de

cada UTINN visando diminuir os efeitos negativos como as respostas fisiológicas,

comportamentais, problemas psicoemocionais, motores, problemas e efeitos esses

que são desencadeados por doenças que o bebê venha a ter e/ou devido à

permanência dele também na UTINN.

Essa abordagem humanística é dada através de um cuidado maior do que se

era dado a esses RNs anteriormente, pela equipe multidisciplinar onde esses

tenham mais eficiência e uma maior habilidade na execução das tarefas e no

manuseio aos RNs, e que essas tarefas e o manuseio, principalmente seja realizado

com amor, carinho, ternura, paciência, respeito com o próximo, atenção, imenso

cuidado, afim de minimizar os efeitos negativos (dor/estresse) nesses RNs e

também em sua família e porque não até para a equipe hospitalar.

Page 32: O Método Mãe-Canguru como Recurso para a Erapia de

31

2.3. Atendimento Humanizado

Toma, T. S. (2003) apud Klaus, (1993), afirma que a criação das incubadoras e

das Unidades de Cuidado Intensivo possibilitam, hoje, a sobrevivência de RNs com

pesos cada vez mais baixos. Portanto, nessas circunstâncias, as rotinas hospitalares

que separam os pais de seus filhos prematuros podem ter implicações negativas

para a formação do vínculo afetivo e, conseqüentemente, influenciar o posterior

cuidado dessas crianças.

Hennig, et.al. (2006), diz que várias propostas de intervenção, centradas na

presença e participação da mãe, surgiram com resultados que chamam a atenção

no que se refere ao desenvolvimento global da criança, sendo um dos exemplos de

estratégias de humanização e incentivo à participação materna em relação aos RNs,

o “Método Mãe-Canguru” e o aleitamento materno, que serão mais detalhados

durante este estudo.

Reichert, A. P. S. (2007), afirma que o ambiente da UTINN propicia uma

experiência ao RN bastante diferente daquela experiência do ambiente uterino, uma

vez que este é o ideal para o crescimento e desenvolvimento fetal, pois possui

características distintas, como temperatura agradável e constante, macicez,

aconchego, e os sons extra-uterinos são filtrados e diminuídos. Por isso o

surgimento das CTIs e UTIs trouxeram um universo mais amplo à assistência aos

RNs, permitindo a sobrevivência de bebês que teriam poucas chances há alguns

anos. Carvalho, R. A. (2001), como dito anteriormente, já que a UTINN e as

incubadoras possibilitam essa assistência reproduzindo as mesmas condições do

ambiente uterino que esse RN necessita, sabendo-se que este é bem diferente do

útero materno, mais possibilita que o bebê tenha mais chances de sobrevivência,

diminuindo a mortalidade e a morbidade entre os RNPT e os RNBP, grande

preocupação das autoridades governamentais.

Segundo a OMS, no mundo nascem anualmente 20 milhões de bebês

prematuros e com baixo peso, dos quais um terço morre antes de completar 1 ano

de vida e em cada 10 RNs vivos, 9 tem peso inferior a 1000g ao nascer (Mota, L. A.

(2005) apud MINISTÉRIO DA SAÚDE-BR).

Page 33: O Método Mãe-Canguru como Recurso para a Erapia de

32

Henning, et.al. (2006), diz também que essa crescente visibilidade da

mortalidade neonatal tem sido um desafio para o sistema de saúde brasileiro, que

vem buscando através da implementação de medidas enfrentar os problemas

existentes na assistência perinatal, o que inclui o atendimento de maior

complexidade, implementando a humanização durante o atendimento.

Reichert, A. P. S. (2007), diz que a fim de dar conta da complexidade que é

assistir o RN em uma UTINN, enfatiza a importância do envolvimento da equipe

multidisciplinar, principalmente a equipe de enfermagem, já que são esses

profissionais que passam a maior parte do tempo com esses RNs, e na também na

assistência do binômio mãe-filho, ressaltando a necessidade de humanizar essa

assistência, facilitando a interação entre a equipe profissional-RN-mãe. Essa

assistência deve ser feita através de medidas mais humanas, com amor, carinho,

afeto, ternura, paciência, atenção, entre outros sentimentos.

Pois segundo Bessani, L. S. (2008) a humanização dentro da UTINN é um

processo importante para a melhoria da qualidade no atendimento ao RNPT. Já

segundo Ferreira, (1993) humanizar é dar condição humana. Sendo complementado

por Westphalen, et.al. (2001), que precisamos estar atentos e instrumentalizados

para humanizar a assistência que prestamos.

Bessani, L. S. (2008) diz que para que haja uma abordagem mais humanística,

devemos enfatizar o envolvimento da equipe de saúde na assistência ao RN e as

mães, sendo ressaltado a necessidade de humanizar essa assistência, facilitando a

interação equipe profissional-RN-mãe, propiciando o cuidar do RN numa visão mais

holística, onde esses cuidados contribuíram para minimizar os efeitos nocivos

provocados pela hospitalização.

Já que esses efeitos ocorrem devido a fatores, já citados neste trabalho, como

a dor e o estresse, os principais fatores, entre outros, e não sendo somente o RN

afetado, mais também a família e toda a equipe de saúde que cuida do RN.

Pois tanto a equipe multidisciplinar quanto os pais se envolvem em relação a

esses bebês e acabam submetidos a vários fatores estressantes que também

poderão atingir o RNs de alguma forma, seja durante a aplicabilidade de alguma

técnica durante o atendimento de qualquer que seja o profissional de saúde, quanto

a iniciativa ao desenvolvimento do vínculo do RN-mãe, o que interfere na utilização

dos métodos humanísticos, como o Método Mãe-Canguru e o incentivo ao

aleitamento materno que são grandes auxiliares quanto ao início do

Page 34: O Método Mãe-Canguru como Recurso para a Erapia de

33

desenvolvimento desse vínculo, prejudicando porque não também o

desenvolvimento futuro do RNPT e do RNBP que se encontra internado na UTINN.

Segundo Lima Lira em seu capítulo no livro de Margotto, (2004), a equipe de

profissionais que trabalha na UTINN também é submetida a vários fatores

estressantes, como a fadiga devido ao ritmo de trabalho que em geral é estressante,

intenso e exaustivo; a exigência crescente pela eficiência, tanto durante a habilidade

do manuseio e na execução das tarefas realizadas na UTINN com os RNs, quanto

na atualização do conhecimento profissional; além de saber ter a capacidade de

lidar com questões de vida e de morte continuamente; questões éticas que impõem

decisões freqüentes e difíceis em relação a todas as áreas de saúde que

acompanham esses RNs internados na UTINN; saber lidar também principalmente

com o ambiente fechado, com alto grau de exigência dos demais profissionais do

hospital, da família dos pacientes, e dos próprios colegas de equipe; entre outros

fatores considerados estressantes que ocorrem durante o dia-a-dia.

Muitas vezes os membros das equipes profissionais ficam tão envolvidos nos

aspectos de salvamento da vida física que as necessidades emocionais desses RNs

e de seus familiares são ignorados, (BESSANI, L. S. 2008).

Já os para os pais, Lima lira complementa através de uma pesquisa realizada

por Carter e Miles, (1993), revelando que os pais consideram como estressores mais

importantes presentes na UTINN são a aparência de seus filhos, ao vê-los com

tubos e sondas na boca e narinas das crianças; não saber notícias claras sobre o

estado de saúde e a evolução de seus filhos; o não conhecimento dos membros da

equipe multidisciplinar que está cuidando se seu filho; e principalmente não poder

participar dos cuidados dos filhos; ter somente visitas com tempo limitado,

ocorrendo, portanto uma abrupta perda do contado mãe-filho, onde a mãe não está

preparada para essa separação.

Portanto é importante segundo Bessani, L. S. (2008) que o trabalho integrado

da equipe multiprofissional que está envolvida no cuidado ao RN enfermo deva

incluir não só a equipe médica, mas os serviços de profissionais, como enfermeiros,

assistentes sociais, psicólogos, fisioterapeutas, entre outros profissionais que o RN

venha a precisar, fator este que se torna importante para o sucesso da recuperação

desta realização pais-filhos, e também no auxílio do relacionamento dos pais com a

equipe multidisciplinar envolvida no cuidado ao RN.

Page 35: O Método Mãe-Canguru como Recurso para a Erapia de

34

Preocupados com as taxas de mortalidade e de morbidade neonatal,

autoridades mundiais, incluindo o Brasil vem implantando em seus hospitais e

maternidades o Atendimento Humanizado visando a diminuição dos índices dessas

taxas, objetivando também a melhoria no atendimento hospitalar, principalmente nas

UTINN, ajudando e minimizando os efeitos negativos aos RNPT e RNBP, e porque

não incentivar estratégias humanísticas como método mãe-canguru e aleitamento

materno.

Bessani L. S. (2008), diz que o significado da integração pais-RN é

simplesmente o primeiro passo para a humanização na unidade.

Por essa razão, pais e a equipe multidisciplinar adotaram algumas medidas

que contribuem e tornam as UTINN mais humanas que segundo Lima lira em seu

capítulo no livro de Margotto, (2004), exemplifica em alguns tópicos, não só medidas

para se realizar com os RNs dentro da UTINN, como também para se realizar com

os pais e familiares dentro e fora do ambiente hospitalar, sendo algumas dessas

medidas:

Em relação aos pais e a equipe multidisciplinar:

• Adotar uma equipe multiprofissional com concursos de fisioterapeutas,

psicólogos, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais, nutricionistas,

fonoaudiólogos, entres outros profissionais da área de saúde, para atender

pacientes, familiares e a equipe que também necessita de apoio e ajuda nos

momentos difíceis;

• Promover reuniões com os pais e a equipe de profissionais, para

debater as novas situações vivenciadas pela família, as dificuldades existentes,

compartilhando experiências, e sendo importante fornecer apoio psicológico aos pais

e também para a equipe profissional;

• Disponibilizar um profissional de referencia, da equipe multidisciplinar,

em que os familiares possam confiar e recorrer quando precisar para possíveis

esclarecimentos em relação a dúvidas surgidas, tornando os pais mais confiantes a

equipe e no tratamento de seu filho;

• É importante fornecer aos familiares do RN, as informações de forma

mais clara possível, sendo compreensível, utilizando uma linguagem simples, para

uma melhor compreensão da família do paciente em relação ao estado e evolução

do bebê, passando tranqüilidade aos familiares, principalmente aos pais que se

encontram nervosos e ansiosos à espera de notícias;

Page 36: O Método Mãe-Canguru como Recurso para a Erapia de

35

• Ser sensível às necessidades individuais do paciente e de seus

familiares;

• Revisar o espaço físico destinado a UTINN, observando as

possibilidades de torná-lo mais agradável, funcional, climatizado e iluminado

adequadamente e com menos ruídos;

• Disponibilizar uma sala de espera para familiares que seja confortável

e acolhedora (exigência contida na PT/MS 3432).

• Permitir que os pais participem de alguns cuidados ao bebê,

proporcionando-os a prática da parentalidade, dando início ao desenvolvimento do

vinculo pais-RN;

Em Relação ao RNPT e RNBP, ainda de acordo com Lima Lira em seu capítulo

no livro de Margotto, (2004).

• A Atenção Humanizada deve ser dada de forma individualizada de

acordo com as necessidades de cada RN;

• Permitir a permanência dos pais nas UTINNs, pois é um direito

assegurado pelo ECA) e ou visitas com horários mais flexíveis, proporcionando a

oportunidade do contato pele a pele (MMC e o aleitamento materno), que se torna

fatores essenciais para a interação pais-filhos fortalecendo os laços afetivos entre os

dois;

• É importante a utilização de um Programa de Avaliação e de Cuidados

Individualizados para o Desenvolvimento do Neonato (NIDCAP) que constitui uma

filosofia de cuidar que envolve todas as pessoas e todos os fatores que direta os

indiretamente interagem com o bebê, significando aprender a observar os

comportamentos desses RNs e saber usar dessas observações formas de cuidados

individualizados, conhecendo o bebê;

• Saber controlar a dor com terapêutica adequada, sabendo também

como previní-la e tratá-la de forma eficaz.

Segundo Oliveira, F. L. (2006), como preocupação mundial, o Brasil também

tenta minimizar os efeitos negativos ao RNs, implementando as estratégias de

humanização que vem sendo preconizada desde 5 de julho de 2000, pelo Ministério

da Saúde com a participação da fundação Orsa e do Banco Nacional de

Desenvolvimento Econômico, através do ‘’Método Mãe-Canguru”.

Page 37: O Método Mãe-Canguru como Recurso para a Erapia de

36

Segundo Lima lira, em seu capítulo no livro de Margotto, (2004) a humanização

não resulta apenas da aplicação de recursos materiais mas essencialmente da

mudança de atitudes dos recursos humanos envolvidos no processo. Sendo,

portanto importante a abrangência de todos os níveis de responsabilidades, ou seja,

da equipe de profissionais, dos pacientes (RNs) e também de seus familiares.

Atitudes humanas essas que incluem dedicação, atenção, responsabilidade,

respeito, carinho, ternura, afeto, amor, entre outros sentimentos que não podem ficar

esquecidos durante o atendimento a esses pequeninos e a seus familiares.

Page 38: O Método Mãe-Canguru como Recurso para a Erapia de

37

CAPÍTULO III

3. O Método Mãe-Canguru

3.1 Definição do método mãe-canguru

Segundo Costa, R. (2005) com a instalação de modernas UTINNs equipadas

com recursos humanos e tecnológicos complexos e especializados, é possível se ter

a sobrevivência de neonatos com idades cada vez menores.

Ainda por Costa, R. (2005) no contexto atual há uma preocupação mundial

crescente em associar os avanços tecnológicos a uma assistência sensível e

individualizada, sendo uma forma de pensamento correta e que deveria ser adotada

por todas as áreas profissionais, não somente da saúde.

Porém de acordo com Andrade, (2005) a realidade socioeconômica dos países

ainda em desenvolvimento, muitas vezes não permitiam por em prática os

pensamentos de Costa, R. (2005), pois o alto número de nascimentos de recém-

nascidos prematuros (RNPTs), conseqüentemente faz com que a taxa de morbidade

neonatal se eleve, onde muitas vezes também esses RNs possam vir a ter a

necessidade de permanecerem em UTINNs, de acordo com o seu estado clínico, o

que acaba gerando um alto custo financeiro, devido a necessidade de aparelhagem

e recursos necessários.

Cardoso, A. C. A. et.al. (2006), também relata que os recém-nascidos de baixo

peso (RNBPs) constituem um grande problema de saúde pública, visto que o

cuidado necessário à sua sobrevivência e desenvolvimento exige recursos

expressivos com profissionais, instalações, equipamentos e tecnologias, que por

muitas vezes possuem a sua disponibilidade limitada, porém quando conseguidos,

muitas vezes são utilizados de forma inadequada, sendo visto essa situação em

países em desenvolvimento.

Carvalho, M. R. (BNDES, 2001), afirma que esses cuidados convencionais

geram problemas também aos países desenvolvidos, os ditos países ricos, por

serem recursos muitos caros que acabam aumentando o gasto na saúde, ocorrendo

também outras desvantagens como a mecanização na assistência ao RNs, reduz o

Page 39: O Método Mãe-Canguru como Recurso para a Erapia de

38

contato humano entre mães-filhos e profissionais da área, entre outros. Já em

países subdesenvolvidos, são pouquíssimos ou nenhuns que provém da

disponibilidade desses recursos. Contudo a grande preocupação mundial, das

autoridades é com a mortalidade e a morbidade neonatal, principalmente em RNPT

e RNBP.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), no mundo nascem

anualmente 20 milhões de RNPT e com baixo peso (BP), dos quais um terço morre

antes de completar um ano de idade, sendo em cada 10 RN vivos, 9 nasce tendo

peso inferior a 1000g (MOTA, L. A. et.al, 2005).

De acordo com o Ministério da Saúde (MS), (2002) a prematuridade é

responsável por 50% da morbi-mortalidade entre os RNs sem anomalias fetais.

Portanto Almeida, C. M. (2006), afirma que a maioria das causas de morte neonatal

podem ser prevenidas ou tratadas através de intervenção simples, efetiva e de baixo

custo, sendo realizada em casa ou na comunidade.

Ao contrário dos recursos tecnológicos que possuem altos custos, recursos

esses utilizados em várias instituições, sendo alguns necessários, porém em outros

casos podendo ser substituídos por propostas alternativas de baixo custo, apesar do

que Carvalho, M. R. (BNDES, 2001) diz, os recursos tecnológicos além de terem um

alto custo, possuem técnicas que separam a mãe do RN, dificultando o inicio

adequado do aleitamento materno, adotando a mecanização da assistência,

reduzindo o contato humano entre as mães-filhos e profissionais de saúde, entre

outros.

Portanto em razão da precariedade nos serviços de saúde que ocorrem em

diversos países, principalmente os em desenvolvimento e os de

subdesenvolvimento, foram idealizadas e após a sua concretização, foram propostas

novas técnicas de baixos custos, que sanassem os problemas existentes na área de

saúde, porém esses mesmos problemas após serem sanados pelas técnicas que

obtiveram resultados positivos foram transformados em estratégias humanísticas,

tanto nos países que não possuem problemas de saúde publica, quanto nesses

países que tiveram alguns de seus problemas de saúde sanados, e que, portanto

continuam utilizando a técnica humanística, agora somente com uma finalidade de

atendimento humanístico, que é muito utilizada hoje em dia, sendo o Método Mãe-

Canguru, o grande exemplo disto.

Page 40: O Método Mãe-Canguru como Recurso para a Erapia de

39

O Método Mãe-Canguru (MMC) é descrito por diversos autores, de várias

maneiras. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Método Mãe-

Canguru (MMC) é definido como um cuidado do RNBP, após estabilização inicial,

pele a pele com a mãe, iniciado precocemente e mantido de forma contínua e

prolongada.

Completado por Costa, R. (2005) como uma assistência neonatal de forma

crescente, sendo realizado pelo tempo que ambos entendessem, de forma

prazerosa tanto para o bebê quanto para a mãe, permitindo assim que haja uma

inserção dos pais no cuidado com seu filho. De acordo com Venâncio, S. I. (2004) o

Método Mãe-Canguru também pode ser conhecido como “Cuidado Mãe Canguru”

ou “Contato Pele a Pele”, tendo sido proposto como uma alternativa ao cuidado

neonatal convencional para o bebê prematuro e de baixo peso ao nascer.

“Segundo o Ministério da Saúde, o MMC é descrito como um tipo de assistência

neonatal que implica contato pele a pele precoce entre mãe e o RNBP, de forma

crescente e pelo tempo que ambos entenderem por processo e suficiente,

permitindo, dessa forma, uma maior participação dos pais nos cuidados dos RNs

(OLIVEIRA, F. L. 2006).”

Mota, L. A. (2005), já descreve o MMC enquadrando nas ações de

humanização dos serviços de saúde e caracterizando o método pelo contato

precoce, entre mãe e RNBP, que se encontra em processo de ganho de peso. O

bebê recebe maior estimulação tátil, cinestésica, auditiva, visual e térmica, podendo

alimentar-se em livre demanda, pelo contato direto com a mãe, promovendo,

portanto o aleitamento materno. Pois o método é uma forma de manter por maior

tempo possível um RN em contato pele a pele com um adulto, permitindo que o

mesmo integre o mais rápido possível à sua mãe e ao seu ambiente familiar.

Por meio do posicionamento canguru (PC), a mãe mantém o seu filho no colo

transmitindo-lhe o calor, amor e o alimento ideal para o bebê que é o leite materno.

A proximidade entre mãe e filho permite que ambos remontem a condição vivida na

gravidez quando o bebê tem o contato com o corpo da mãe, percebe a voz materna

identificada ainda dentro do útero, sente o cheiro materno bem como do leite pela

proximidade com as mamas.

A literatura assinala que o MMC vem favorecer o inicio e a manutenção da

lactação em mães de bebês prematuros, pois a proximidade constante com a mãe,

Page 41: O Método Mãe-Canguru como Recurso para a Erapia de

40

seus movimentos, seu cheiro contribuem para estimular a produção de leite

(WHITELAW, et.al. 1988; ANDERSON, 1990; CHARPAK, et.al. 1999).

Porém o Manual do MMC do Ministério da Saúde, em 2002, só considera a

realização do método quando o sistema permite o contato precoce, por livre escolha

da família, de forma crescente e segura com acompanhamento do suporte

assistencial dada por uma equipe de saúde adequadamente treinada.

Portanto podemos afirmar que o MMC é uma tecnologia passível que propicia a

assistência integral do binômio mãe-filho em situação de prematuridade e de baixo

peso; todavia, a sua implantação requer o preparo adequado das pessoas

envolvidas neste cuidado sendo no caso o próprio RN, a família e os profissionais da

saúde, bem como é importante se ter o (re) conhecimento de como este método se

configura na atualidade, em termos da produção de conhecimentos que vem sendo

gerada e veiculada pelos meios indexados de divulgação na área da saúde (COSTA,

R. 2005).

Assim, de acordo com o Manual do MMC do Ministério da Saúde, (2002),

espera-se que durante a aplicação do método ocorra um vínculo mãe-filho muito

maior, que irá auxiliar no desenvolvimento psicomotor dos RNs, notadamente os

prematuros e de baixo peso, e conseqüentemente ocorrendo promoção do

aleitamento materno. Sendo esse método de grande importância já que este

promove a humanização do nascimento, através da atenção no atendimento aos

RNs, de forma que se possa propor que o atendimento seja realizado com amor,

ternura, carinho, respeito, paciência, delicadeza, que tenha o toque, que promova o

vínculo afetivo, e outros sentimentos importantes que ajudaram no desenvolvimento

psicológico e motor desses RNs que se encontram internados na UTINN.

O Manual do MMC do Ministério da Saúde, (2002), e a Cartilha de Família

Canguru, Guia de Orientações, também do Ministério da Saúde, BNDES e

Fundação Orsa, dividem o Método em três fases, sendo elas: 1ª ETAPA:

“Conhecendo o MMC”, (fase de conhecimento dos pais aos bebês e reconhecimento

do local em que o bebê se encontra e fase onde os pais tomam ciência a respeito do

método); 2ª ETAPA: “Estamos treinando para irmos para casa”, (fase em que os

pais são treinados com os cuidados realizados com o bebê); 3ª ETAPA: “Canguru

em Casa”, (fase em que será realizado o método em casa, tendo somente o

acompanhamento ambulatorial), essas fases serão melhor detalhadas

posteriormente.

Page 42: O Método Mãe-Canguru como Recurso para a Erapia de

41

De acordo com a preocupação tida pelos idealizadores do método, com os

RNPTs e de baixo peso que em alguns países, como será visto posteriormente,

eram obrigados a dividir uma mesma incubadora, diminuindo seu espaço que já é

muito pequeno, para então que esses RNs tivessem uma melhor permanência,

conseqüentemente um melhor atendimento, para que o seu desenvolvimento não

fosse prejudicado, os idealizadores analisando o dia-a-dia dos RNs também

começaram a observar os “cangurus’’ relacionando, portanto ambos entre si.

Por isso Venâncio, S. I. (2004) pôde observar e analisar que o canguru nasce

prematuro e permanece na bolsa da mãe até completar o tempo de gestação.

Observou também a forma como as índias colombianas carregavam seus bebês

resolvendo, portanto adaptá-la para a assistência neonatal.

Andrade, (2005) quando analisa a proposta do MMC de acordo com os

próprios cangurus, observa também que as mães irão carregar os seus bebês

prematuros, desde que, esses precisam estar em condições clínicas, gástricas e

respiratórias estáveis.

Contudo em base nas pesquisas já realizadas e nos relatos de experiências de

diferentes serviços, o grupo concluiu que o MMC tinha potencial para melhorar a

saúde e a sobrevivência de RNBP, particularmente naqueles locais onde os

recursos são limitados. Porém, benefícios tanto para as mães quanto para os bebês

também podem ser obtidos nos locais onde se dispõe de tecnologia, casos em que o

método contribui para a humanização da assistência neonatal e para um melhor

vínculo mãe-bebê (VENÂNCIO S. I. 2004).

Por essa razão, como veremos mais detalhadamente posteriormente neste

trabalho, Andrade, (2005) relata que o MMC vem tendo ótima aceitação e sendo

utilizado em diversos países, adaptando-se para cada um, adequando-se às

próprias condições, culturas e às necessidades locais. Devendo ser enfatizados,

contudo, três componentes comuns: a posição canguru (PC), a nutrição baseada no

aleitamento materno e a alta hospitalar tendo um acompanhamento ambulatorial,

para que esse bebê possa ter um desenvolvimento adequado, sendo supridas as

perdas e faltas do RN pela falta de maturação em razão da prematuridade.

O MMC só traz benefícios a todos os envolvidos, mais deve ser realizado pelos

pacientes que possuem indicação clinica para tal prática, pois esses pacientes irão

poder usufruir de seus benefícios sem que se tenha prejuízos ou danos. Sendo

importante saber que a prática do método seja orientada e supervisionada, pelos

Page 43: O Método Mãe-Canguru como Recurso para a Erapia de

42

profissionais da área de saúde, como enfermeiros, técnicos de enfermagem,

fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, entre outros.

A atuação fisioterápica atuará principalmente com o RNs internados em

UTINNs, quando esse o precisar, o fisioterapeuta irá realizar procedimentos de

higiene brônquica, tentará solucionar problemas psicomotores e motores que o RNs

tenha, devido algum problema congênito ou que tenha tido durante o seu

nascimento, como problemas cardio-respiratórios, observa possíveis complicações e

problemas relacionados ao desenvolvimento motor desse bebê podendo assim

evitá-los, saná-los ou minimizá-los, procurando proporcionar a esse RN que se

encontra internado na UTINN o melhor, fazendo com que esse RN tenha o seu

desenvolvimento o mais normal possível, sendo toda essa atuação fisioterápica

abordada neste trabalho.

3.2. Indicações e benefícios do MMC

O MMC vem sendo utilizado em vários países do mundo inteiro, como dito

anteriormente, que acabaram por adotar essa experiência humanística no

atendimento dos RNPT e de baixo peso (BP), visando os benefícios desse método,

sendo utilizados em quaisquer das suas formas e finalidades, por exemplo somente

como substituição de incubadoras ou somente como uma nova estratégia de

Atendimento Humanizado. As indicações do método serão importantes para que se

usufrua dos benefícios do método da melhor forma possível, sendo importante que a

realização do método e de todas as suas fases sejam feitas de forma correta e com

orientação adequada. O método traz muitos benefícios e vantagens aos seus

usuários, que são descritas de várias formas por diversos autores. Venâncio, S. I. (2004), apud Ludington-Hoe, et.al. (1991) e Whitelaw, A. et.al.

(1988), relatam que os primeiros experimentos realizados em países desenvolvidos

indicaram que o método era seguro em termos de suas respostas fisiológicas quanto

ao RNPT e de BP, e que ofereciam benefícios em relação à prática da

amamentação e redução do tempo de internação no hospital ou maternidade; além

de conseguir reduzir o choro dos RNs aos 06 meses de vida; promove também o

Page 44: O Método Mãe-Canguru como Recurso para a Erapia de

43

aumento do vínculo mãe-filho, reduzindo o tempo de separação dos mesmos,

evitando longos períodos sem estimulação sensorial no bebê.

O Ministério da Saúde em seu Manual do MMC, (2002) complementa esses

benefícios descrevendo-os pela estimulação da realização quanto ao aleitamento

materno, que leva ao favorecimento de uma maior freqüência, precocidade e

duração da amamentação; oferece um melhor controle térmico ao RN; ocorre a

diminuição do número de casos de infecção hospitalar; diminuindo também o

número de RNs nas Unidades de Cuidados Intermediários, devido à maior

rotatividade de leitos; proporciona também um melhor relacionamento da família em

relação a equipe multidisciplinar de saúde; promove aos pais uma maior segurança

e dão competência em relação ao manuseio quanto ao RNPT ou de BP; consegue

reduzir o tempo de permanência hospitalar desses bebês (MINISTÉRIO DA SÁUDE,

Manual do MMC. 2002 e ALMEIDA, C. M. 2006).

Ainda por Almeida, C. M. (2006) diz que o método é capaz de proporcionar um

sono mais calmo e prolongado ao bebê; além de exercer um efeito analgésico por

meio da liberação de endorfinas, sendo importante ressaltar que esses benefícios

também são conseguidos nos bebês termos normais.

Costa, R. (2005) ainda complementa os benefícios incluindo que o método

reduz a morbidade e mortalidade e concorda afirmando a ocorrência da redução do

período de internação dos bebês melhora também a incidência e duração da

amamentação e além de contribuir bastante para o senso de competência dos pais

em relação ao filho. Para Venâncio, S. I. (2004) o método se objetiva, quando é

destinado a promover a alta precoce para os RNPT e de baixo peso, já que devido

aos graves problemas das redes públicas de saúde que se enfrentava como a falta

de recursos tecnológicos, tendo a falta de incubadoras como um deles, sendo

inevitável o surgimento de infecções cruzadas, o desmame precoce pelo não

incentivo ao aleitamento materno, e a preocupação maior das altas as taxas de

mortalidade neonatal além do abandono materno bastante freqüente anteriormente.

Venâncio, S. I. (2004), continua ainda a preescrever que os princípios do

método, são: o incentivo ao contato pele a pele precoce entre mãe e bebê, sendo o

mesmo colocado entre as mamas na posição canguru (PC), promover a manutenção

do bebê em posição vertical, orientando quanto ao posicionamento; a não utilização

durante a alimentação de fórmulas infantis, e sim apenas leite materno, fazendo o

Page 45: O Método Mãe-Canguru como Recurso para a Erapia de

44

incentivo ao aleitamento materno; e o principal que é a alta precoce independente do

peso, mas desde que o bebê apresente condições clinicas estáveis.

As recomendações para a implantação do MMC apontam os benefícios,

principalmente para os países em desenvolvimento, já que é uma tecnologia

praticável e apropriada para hospitais com recursos limitados Lincetto, O. et.al.

(2000). Sendo um método alternativo ao excesso de tecnologia de ponta, sem

desmerecê-la, pois o método é de baixo custo, tendo diversas vantagens como a

regulação da temperatura, o incentivo da amamentação prolongada, a criação e o

desenvolvimento de interação mãe-bebê e principalmente a diminuição da

mortalidade (VAIVRE-DOURET, L. et.al. 1996).

É de grande importância também para que se obtenha a melhor e maior forma

de aproveitamento dos benefícios, que se saiba além de como se deva praticar o

método, realizando-o de forma correta, todas as etapas do método com a orientação

adequada, deve-se saber para qual público o método deve ser indicado.

O Ministério da Saúde no Manual do MMC, 2002, relata que a população com

indicação para o método: gestantes que se encontram com situações clinicas ou

obstétricas com risco de nascimento prematuro; RNBPs, internados na UTINN até

que haja sua alta hospitalar, onde serão acompanhados em ambiente ambulatorial

especializado; e mães e pais que devem ter contato com o seu filho o mais breve

possível recebendo orientação, ajuda e suporte da equipe multidisciplinar, para a

participação do programa.

Portanto após a comprovação dos benefícios do método, seus objetivos e

princípios e para quem o método pode ser indicado, devemos saber usar também da

melhor forma, sendo da forma correta para que possamos aproveitar os mesmo,

agora também é importante sabermos mais sobre como surgiu o método e as suas

etapas, sendo como ele é realizado.

3.3. Histórico mundial

Segundo Cardoso, A. C. A. et.al. (2006) a iniciativa do atendimento

humanizado não surgiu recentemente, o autor apud Pierre Budin, França (1906),

Page 46: O Método Mãe-Canguru como Recurso para a Erapia de

45

relata que a primeira ala hospitalar voltada aos cuidados com o RNPT e de baixo

peso, foi criada em Paris há pouco mais de 100 anos, onde já se era visto o

incentivo à participação materna no cuidado com o RN. Porém muitas décadas após, dois médicos colombianos, preocupados no bem

estar de seu país, e na situação precária do mesmo, pensaram em sanar um dos

maiores problemas de saúde pública de seu país, de acordo com Carvalho M. R.

(BNDES, 2001), esses colombianos criaram uma nova estratégia, iniciando, portanto

uma grande transformação na concepção e na forma de lidar com o RNPT e de

baixo peso (BP). Então preocupados com a situação crítica em que os RNs

internados nas UTINNs eram sujeitos, devido à superpopulação, tendo mais de uma

criança em cada incubadora, sendo sujeitas a infecções cruzadas e a ausência de

recursos tecnológicos, os doutores Hector Martinez, médico neonatologista

juntamente com o doutor Edgar Rey Sanabria, ambos do Hospital San Juan de Dios,

no Instituto Materno-Infantil (IMI) de Bogotá, na Colômbia, criaram e implantaram

nesse mesmo hospital o Programa Mãe-Canguru, um trabalho pragmático que veio

revolucionar a forma de tratar os RNs, principalmente os de baixo peso e os

prematuros, oferecendo a esses bebês a possibilidade de crescerem mais saudáveis

e com melhor qualidade de vida, já que antes da implantação do método existiam

muitos casos de desmame precoce, muitas vezes não existindo nem o incentivo ao

aleitamento materno, já que era muito freqüente o uso de fórmulas infantis na

alimentação, e um grande problema de preocupação mundial também era muito

corriqueiro, pois a mortalidade neonatal era extremamente alta e o abandono

materno também era bastante freqüente.

Carvalho, M. R. (BNDES, 2001) ainda relata que as condições que existiam

antes da implantação do Programa e durante o início do Programa Mãe-Canguru,

foram descritas pelos doutores Martinez e Sanabria da seguinte forma

“Imediatamente após o nascimento, o recém-nascido de baixo peso era colocado em

uma incubadora, às vezes compartilhada por um ou mais recém-nascidos...Na UTI

do Instituto Materno-Infantil de Bogotá, não se permitia o acesso a pessoas

estranhas, incluindo-se também a mãe, que só podia ver o seu bebê quando este

recebia alta. Iniciávamos a alimentação com dextrose e com fórmulas infantis, de

acordo com o peso. Uma vez tratada à patologia inicial e alcançado o peso

satisfatório, o prematuro era então retirado da incubadora e colocado em berços

especiais”.

Page 47: O Método Mãe-Canguru como Recurso para a Erapia de

46

Cardoso, A. C. A et.al. (2006) descreve que o MMC foi proposto por Sanabria e

Martinez na Universidade Nacional de Bogotá, como alternativa ao cuidado

tradicional para os RNs com baixo peso ao nascer e prematuros, sendo implantado

pela primeira vez no Hospital San Juan de Dios em Bogotá, na Colômbia, em 1979,

complementamos com Venâncio, S. I. (2004), que diz que o método denominado

“Mãe-Canguru” (MMC) era devido à maneira pela qual as mães carregavam seus

bebês após o nascimento, de forma semelhante aos marsupiais (cangurus).

Portanto, Toma, F. S. (2005), apud Witelaw & Steath, (1985) diz que a idéia do

método seria que a própria mãe pudesse ser a fonte de calor para o seu RN já que a

estratégia surgiu devido a escassez de incubadoras.

Posteriormente, na década de 80, em alguns países desenvolvidos da Europa

o método foi testado, tendo-se a constatação de seus benefícios por parte dos pais

(CARDOSO, A. C. A. et.al. 2006). O autor ainda relata que após essa tentativa dos

países desenvolvidos e também das avaliações realizadas do Programa, o método

começou a ser divulgado mundialmente visando a sua aplicação nos demais países

desenvolvidos. Em Israel, estudos publicados revelam que RNs que entraram em

contato pele a pele com as mães ou familiares, durante uma hora por dia no mínimo,

obtiveram respostas positivas apontando o cuidado canguru como uma intervenção

facilitatória para o desenvolvimento sensorial do RN; além de proporcionar o

aumento no vínculo afetivo da mãe com o bebê. Já na Índia, os estudos demonstram

a relação do método ao ganho de peso do bebê; o incentivo ao aleitamento materno,

que além de proporcionar esse ganho de peso, aumenta o vínculo da mãe com o RN

que conseqüente irá melhorar o estado clinico do bebê; sendo por sua vez

diminuindo o tempo de internação do mesmo, em bebês tendo realizado o cuidado

canguru durante 4 horas (LAMY, 2005).

A autora Lamy, (2005) ainda coloca que em experiência publicada na África, o

método traz benefícios quando realizado, sendo eles o aleitamento materno; o

aumento do vínculo da mãe com o bebê; a estabilidade fisiológica do bebê, já que

causa efeitos fisiológicos positivos e atenuações de infecções aos RNs.

Em países da Europa como já descritos, os resultados elucidaram o aumento

ao vínculo mãe-bebê; a estimulação da amamentação; e o desenvolvimento da

confiança e segurança da família, principalmente dos pais em relação ao manuseio

do bebê, se tornando preparados para o retorno a casa.

Page 48: O Método Mãe-Canguru como Recurso para a Erapia de

47

Ainda na Europa, países como a Inglaterra e a Alemanha, comprovaram em

estudos que a posição canguru (PC) em relação aos aspectos fisiológicos de

temperatura e oxigenação, é uma estratégia segura, podendo ser utilizada em

UTINNs. Outro grande problema que pode ser prevenido com a posição canguru, já

que o bebê fica na posição supina, é o refluxo gastroesofágico e a broncoaspiração.

No Brasil, como será discutido posteriormente, o Programa acabou por sofrer

grande influência da Colômbia, servindo também de experiências para diversos

outros programas de atenção humanizada no país (ALMEIDA, C. M. 2006), porém o

autor continua que no Brasil o MMC não é adotado como um substituto as

incubadora, mas sim como uma nova forma de assistência neonatal nas UTINNs.

Venâncio, S. I. (2004) diz que o Fundo das Nações Unidas para a Infância

(UNICEF), foi o percussor da divulgação do método pelo mundo, principalmente em

países desenvolvidos e em desenvolvimentos, visando os resultados satisfatórios do

programa, especialmente na redução das altas taxas de mortalidade e morbidade,

além dos benefícios do método, tanto psicológicos quanto motores e devido aos

baixos custos do programa. Carvalho, M. R. (BNDES, 2001) complementa o

reconhecimento internacional do MMC pela UNICEF como uma resolução nos

cuidados aos RNPT e RNBP, onde a mesma acabou por financiar a construção de

uma sede própria e especial, nos jardins do Instituto Materno-Infantil (IMI), em

Bogotá, conhecido como a famosa “La Casita”, que promove o acompanhamento

ambulatorial dos grupos-cangurus (mães e seus bebês).

O método após a sua propagação promovida pelo UNICEF e tendo a sua

comprovação positiva em diversos países do mundo, acabou por ter o seu

estabelecimento internacional como “Kangaroo Mother Care (KMC)”.

Mais nem sempre o método possui a mesma finalidade, como já pôde ser

observado durante esse estudo, o método é disseminado por 02 caminhos, sendo o

primeiro caminho tendo o objetivo de substituição das incubadoras nas UTINNs,

sendo esse o objetivo inicial dos idealizadores do programa, procurando alternativas

que amenizem os escassos recursos tecnológicos, portanto, sendo esse caminhar

seguido por países pobres, os países subdesenvolvidos e algumas regiões dos

países em desenvolvimento. Já o segundo caminho, é utilizado principalmente em

países desenvolvidos e em alguns países em desenvolvimento também, sendo

esses utilizando o método como uma nova forma de assistência humanística,

Page 49: O Método Mãe-Canguru como Recurso para a Erapia de

48

visando os benefícios dessa nova estratégia e não com o intuito de sanar um

problema de saúde pública.

Almeida, C. M. (2006) relata que em 1996, durante um workshop realizado

sobre o MMC, foi publicado um guia de implementação da intervenção do método

em países com recursos limitados, constituindo-se assim o Consenso sobre o

método, onde neste consenso foram destacados 05 itens necessários para a

implementação do MMC, sendo eles: a informação e o suporte para as mães e

família; o treinamento da equipe de saúde; a realização do contato pele a pele e do

controle térmico; o incentivo ao aleitamento materno e a interrupção do MMC

quando o RN conseguir mamar no peito sugando adequadamente e estiver

ganhando peso, quando houver instabilidade térmica na posição canguru e quando

houver um adequado acompanhamento ambulatorial especializado pós alta (“follow-

up”).

Sant’Anna, (2008) apud Lamy, (2005) descreve que o programa em seu país

sede, Colômbia, é atualmente realizado da seguinte forma, sendo um programa

predominantemente ambulatorial, que possui especial ênfase em um rigoroso

acompanhamento do crescimento e desenvolvimento do bebê. A fase hospitalar do

método tem como objetivo principalmente preparar a díade mãe-RN para a prática

domiciliar. Esse período é denominado de apego, pois se dá ênfase especial ao

aleitamento materno, o reconhecimento aos sinais de alerta do bebê e à alta

precoce. O Método Canguru é praticado no domicílio materno, inicialmente tendo

acompanhamento diário no ambulatório de seguimento “La Casita Canguru”.

Segundo avaliação dos doutores Martinez e Sanabria, “o Programa Mãe-

Canguru é uma técnica em que a equipe de profissionais de saúde deve sempre

propor, porém nunca impô-la aos familiares” (CARVALHO, M. R. BNDES, 2001).

3.4. Histórico no Brasil

Devido aos altos índices das taxas de mortalidade e morbidade neonatal (NN)

apresentadas em todo mundo, inclusive no Brasil, as autoridades governamentais de

saúde, preocupados com esse grande problema de saúde pública, medidas foram

Page 50: O Método Mãe-Canguru como Recurso para a Erapia de

49

idealizadas e experimentadas, sendo adotadas muitas delas, formando o

Atendimento Humanizado. Segundo Venâncio, S. I. (2004) pode se dizer que o Brasil sofreu forte

influência da Colômbia, para o desenvolvimento da proposta de Atendimento

Humanizado ao RNBP e prematuro (PT), levando a implementação de diversas

outras experiências nas mesmas linhas do programa, como: presença da mãe,

contato pele a pele, campanhas do aleitamento materno e incentivo da alta precoce

entre outras como também o Programa de Avaliação e Cuidados Individualizados

para o desenvolvimento do Neonato (NIDCAP – Newborm Individualized

Developoment Care and Assessment Program).

Este é descrito de forma que o bebê prematuro seja estabelecido por 5

subsistemas, sendo esses, o autonômico, motor, de estados, de atenção/interação e

regulador, sendo esses, interligados entre si, onde a desorganização de um ou mais

de um desses subsistemas acontecer, acaba descontrolando os demais,

sobregarregando-os, o que naturalmente irá influenciar negativamente o bebê

através de efeitos. Portanto é necessário que esses subsistemas estejam em total

harmonia e equilíbrio, para que haja o funcionamento perfeito do organismo.

Ainda por Venâncio, S. I. (2004) e Cardoso, A. C. A. et.al. (2006) o MMC iniciou

os serviços inicialmente no Brasil em 1991, tendo seus aplicativos inicialmente

ocorridos no Hospital Guilherme Álvaro, em Santos (SP), em 1992, a seguir sendo

implantado em Recife, no Instituto Materno-Infantil de Pernambuco (IMIP), em 1993,

sendo desde então adotado em diversos serviços de todo o país. Cardoso A. C. A.

et.al. (2006) relata que no Hospital Guilherme Álvaro inicialmente foram utilizados

para a prática do método, o espaço de alojamento conjunto e a equipe de saúde do

mesmo, até que se fossem disponibilizadas instalações e uma equipe

multidisciplinar próprias.

Em 1997, a Fundação Getúlio Vargas reconheceu durante a premiação de

“Gestão Pública e Cidadania”, o Instituto Materno-Infantil de Pernambuco (IMIP) pela

implantação do MMC, sendo também premiado pelo BNDES como “Best Practice”

(VENÂNCIO, S. I. 2004, apud CARVALHO, M. R. BNDES, 2001).

De acordo com alguns autores, a partir de julho de 2000, sendo outros

defendendo o ano de 1999, estabelecendo através de uma parceria entre o BNDES,

a Fundação Orsa e o Ministério da Saúde, o incentivo e a promoção da difusão do

MMC em todo o Brasil, sendo oficialmente apresentada as “Normas de Atenção

Page 51: O Método Mãe-Canguru como Recurso para a Erapia de

50

Humanizada ao RNBP – MMC” denominada por outros autores como “Normas de

Orientação para a Implementação do MMC”, através do Seminário realizado na

cidade do Rio de Janeiro (RJ), sob parceria e patrocínio do BNDES e Fundação

Orsa, sendo publicado pela secretaria de políticas de saúde, que acabou por

recomendar e definir o estabelecimento das diretrizes para a implantação nas

unidades médicos-assistenciais integrantes do Sistema Único de Saúde (SUS),

através do Sistema de Informações do Hospital do SUS (SIH/SUS), (Fonte

disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/saude/cidadao; CARDOSO, A. C. A.

et.al. 2006; TOMA, T. S. 2003; VENÂNCIO, S. I. 2004).

Toma, T. S. (2003) complementa que a Secretária do Estado da Saúde de São

Paulo (SP), em 2001, aprovou resolução semelhante a “Norma de Atenção

Humanizada” do Ministério da Saúde. A partir desse momento, ocorreu um grande

interesse pelo método, havendo uma considerável expansão do MMC no país,

igualmente ao que ocorre em apenas 5 países do mundo, incluindo o Brasil,

atualmente sendo eles: a própria Colômbia, Peru, Moçambique e Indonésia,

(CARDOSO, A. C. A. et.al. 2003; VENÂNCIO, S. I. 2004; COLAMEO, 2006).

Desta forma, podemos afirmar que o Brasil foi o primeiro país que adotou o

MMC como uma política pública, padronizando seus procedimentos através de

estratégias de padronização de procedimentos, criações de cursos de treinamento

padrão para as equipes hospitalares multidisciplinares, o que inclui o profissional de

fisioterapia, a promoção de cursos desenvolvidos em centros de capacitação criados

pela parceria citada a cima.

Sant’Anna, (2008) apud Furlan, (2003) descreve a legalização do Programa

Mãe-Canguru iniciado no Brasil. Sendo através da “Portaria nº693, de 05 de julho de

2000, o Ministério da Saúde normatiza a implantação do MMC, definido como

assistência neonatal que implica no contato pele-a-pele precoce entre o binômio

mãe-filho (RNPT e RNBP), de forma crescente, permitindo, dessa forma, maior

participação dos pais de inclusão de RNs no Mãe-Canguru são a estabilidade clinica

e o ganho de peso. A adoção do Cuidado Mãe-Canguru é uma estratégia essencial

para mudança institucional na busca da atenção à saúde, centrada na humanização

da assistência e no princípio da cidadania da família”.

Portanto, assim o modelo brasileiro do Método Mãe-Canguru não foi adotado

visando a substituição da incubadora, mas sim como uma nova forma de assistência

neonatal à disposição nos berçários e UTINNs (ALMEIDA, C. M. 2006).

Page 52: O Método Mãe-Canguru como Recurso para a Erapia de

51

Venâncio, S. I. (2004) relata que a aplicação do MMC no Brasil pode ser

considerado como um programa de intervenção complexo e abrangente, o que leva

em consideração o desenvolvimento global do bebê e o meio em que ele está

inserido. Objetivando, portanto o método como uma humanização da assistência ao

RNBP, e não pela substituição da tecnologia nas UTINNs.

Exceto em algumas regiões do Brasil, atingidas pelas carências de recursos, o

programa pode ser implantado para sanar essas carências.

Visando, portanto essa nova política de saúde, após o estabelecimento da

Norma de Atenção Humanizada ao RNBP-MMC, viu-se a necessidade de um plano

de desenvolvimento de treinamentos dos profissionais, tornando-os capacitados

para a realização do método, como uma estratégia de implementação do método

nas unidades hospitalares, então foram criados 08 Centros Nacionais de Referência

para a capacitação dos profissionais na metodologia Mãe-Canguru, além de

inicialmente dispor de 14 unidades hospitalares realizando as atividades práticas do

curso, sendo essas instituições relacionadas abaixo:

• Maternidade Assis Chateaubriand/UFCE – Ceará;

• Hospital Geral César Calls – Ceará;

• Hospital Regional de Taguatinga – Distríto Federal;

• Hospital Universitário da São Luís do Maranhão/HUUFMA-Maranhão;

• Instituto Materno-Infantil de Pernambuco/IMIP – Pernambuco;

• Hospital Maternidade Alexander Fleming – Rio de Janeiro;

• Hospital Maternidade Oswaldo Nazareth – Rio de Janeiro;

• Instituto Municipal da Mulher Fernando Magalhães – Rio de Janeiro;

• Maternidade Leila Diniz – Rio de Janeiro;

• Maternidade Carmela Dutra – Rio de Janeiro;

• Unidade Integrada de Saúde Herculano Pinheiro – Rio de Janeiro;

• Hospital Universitário de Florianópolis/HUUFSC – Santa Catarina;

• Hospital Geral de Itapecerica da Serra – São Paulo;

• Hospital Municipal Universitário de São Bernardo do Campo – São

Paulo;

• Hospital Vila Nova Cachoeirinha – São Paulo.

(Fonte disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/saude/cidadao)

Page 53: O Método Mãe-Canguru como Recurso para a Erapia de

52

Esse Programa de Capacitação Profissional dispõe de um Manual Técnico

para capacitação e um instrumento de avaliação que objetiva e quantifica o grau de

implantação da metodologia nas maternidades que adotaram o programa de

capacitação e o método em si.

Seminários macrorregionais foram desenvolvidos visando a disseminação do

MMC, atingindo um público de mais de 2500 profissionais e gestores locais de

diversas unidades hospitalares do SUS e instituições particulares, apoiados pelo

BNDES e a Fundação Orsa (Fonte disponível em:

http://portal.saude.gov.br/portal/saude/cidadao). O método expandiu não somente

nas unidades hospitalares públicas, mas também acaba por ocorrer um grande

interesse dos hospitais e maternidades particulares em adotarem o MMC, visto seu

recurso positivo, através dos benefícios conseguidos e a sua grande aceitação

ocorrendo também sua expansão na rede privada, como medida humanizadora.

Em abril de 2003, foi realizado o Seminário Nacional sobre o MMC, no

BNDES/RJ que contou com a participação de pessoas ilustres, onde entre os temas

que foram apresentados, sendo discutidos as metas propostas e seus resultados.

Porém para a implantação do método, segundo Cardoso, A. C. A. et.al. (2004),

no Brasil só é considerado o MMC em sistemas que permitam o contato pele-a-pele

de forma precoce e sendo também de livre escolha da família, nunca impondo a

realização do método, sendo o contato da mãe com o bebê de forma crescente e

pelo tempo em que ambos mãe-filho entenderem ser agradável e suficiente, sendo

importante o acompanhamento do método por uma equipe multidisciplinar de saúde

adequadamente treinada.

Portanto para a implantação do método no Brasil das instituições foi-se enviado

à 240 maternidades, que receberam a capacidade de atenção humanizada, um

questionário de pré-aval para identificar quais as unidades hospitalares que estavam

implantando a metodologia do método, dessas 240 instituições, apenas 84 delas

responderam ao questionário, onde acabaram por ser analisadas pelos Técnicos da

Área de Saúde da Criança, dessas 84 instituições, 36 delas foram visitadas por

avaliadores, onde foi aplicado o instrumento de avaliação, sendo somente 12 delas

obtendo a implantação do Programa de Atenção Humanizada ao RNBP-MMC de

acordo com as Normas de Atenção Humanizada e também sendo 15 delas

implementada com apenas 01 ou 02 etapas do programa.

Page 54: O Método Mãe-Canguru como Recurso para a Erapia de

53

Atualmente, o Brasil conta com 13 instituições, entre hospitais e maternidades

públicas que acabaram por cumprir corretamente as 03 etapas do método, conforme

o nível de exigência que se é estabelecido pela Avaliação Global do MMC, onde

essas instituições obtendo o reconhecimento do trabalho desenvolvido, através de

uma placa simbólica pelo Ministério da Saúde, o BNDES e a Fundação Orsa, na

Semana Mundial do Aleitamento Materno em 2003, sendo essas instituições

nomeadas:

• Maternidade Escola Assis Chateaubriand – Ceará;

• Hospital São Vicente de Paula – Barbalha – Ceará;

• Hospital Regional de Taguatinga – Brasília – Distríto Federal;

• Hospital Universitário da UFMA – Maranhão;

• Instituto Materno-Infantil de Pernambuco/IMIP – Pernambuco;

• Hospital Maternidade Alexandre Fleming – Rio de Janeiro;

• Hospital Maternidade Oswaldo Nazareth – Rio de Janeiro;

• Instituto da Mulher Fernando Magalhães – Rio de Janeiro;

• Maternidade Leila Diniz – Rio de Janeiro;

• Maternidade Carmela Dutra – Rio de Janeiro;

• Unidade Integrada de Saúde Herculano Pinheiro – Rio de Janeiro;

• Hospital Geral de Itapecerica da Serra – São Paulo;

• Clínica e Maternidade Nª Sª do Rosário de Curitiba – Paraná;

• Maternidade Escola Vila Nova Cachoeirinha – São Paulo.

(Fonte disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/saude/cidadao/)

A Norma do Ministério da Saúde visa a aplicação do MMC sendo dividido em

03 etapas que são interligadas entre si, como já citado anteriormente e que também

será melhor abordado posteriormente, sendo elas: 1ªETAPA: Iniciado nas Unidades

Neonatais-UTINNs e Unidades de Cuidados Intermediários; depois, passamos para

a 2ª ETAPA: no Alojamento Conjunto Canguru ou Unidades Cangurus, e finalmente

após a alta hospitalar, passamos para a 3ªETAPA: realizado nos Ambulatórios de

Seguimento Hospitalar, sendo essa etapa também chamada de Canguru Domiciliar,

VENÂNCIO, S. I. 2004; CARDOSO, A. C. A. et.al. 2006). Etapas estas que serão

vistas posteriormente neste estudo.

Page 55: O Método Mãe-Canguru como Recurso para a Erapia de

54

Hennig, et.al. (2006) apud Oliveira, N. D. (2002) complementa que as 03

etapas do MMC são interligadas entre si, e onde o sucesso se uma etapa depende

do trabalho adequado, realizado na etapa anterior.

Portanto, Silva, O. P. V. (2003) analisando as normas e rotinas definidas pelo

Ministério da Saúde, identificou os 05 pilares do MMC na proposta brasileira, sendo

definidos: o 1º Cuidados individualizados, centrados nos pais (intervenção

centrada na família); 2º Contato pele-a-pele precoce (estimulação adequada e

prazerosa, tendo integração sensorial); 3º Controle ambiental de luz e som, pelo

protocolo de dor (para evitar estimulação aversiva e inadequada); 4º Adequação

postural (prevenção de futuras distonias nos RNPTs); e 5ª Amamentação (favorece

o vínculo e prevenção de doenças durante o primeiro ano de vida do RN).

Penalva, (2006) complementa, sugerindo que o método no Brasil é como “um

Programa sistematizado que reúne propostas de intervenção voltadas para o

desenvolvimento”, pois o método associa e relaciona o controle dos estímulos

ambientais prejudiciais à posturação adequada do RN; a participação dos pais

quanto aos cuidados diários ao RN; o incentivo e desenvolvimento do contato pele a

pele, sendo essas medidas um diferencial ao atendimento ao RNPT e de baixo

peso. E esse trabalho de suporte da equipe multidisciplinar em relação ao RN e a

família acaba por favorecer a autoconfiança e a competência dos pais, o que permite

interação mais positivas ao bebê.

Relacionando, contudo por Toma, T. S. (2003) os objetivos do Método no Brasil

através da abertura das UTINN de forma ampla aos pais, objetivando que haja mais

rapidamente o toque no bebê); o contato pele a pele prolongado o que propicia o

bem-estar e a adaptação mais rápida do bebê à vida extra-uterina portanto também

acaba estimulando a amamentação; alta hospitalar precoce do RN e a possibilidade

de continuidade do contato pele a pele em domicílio (até em torno de quarenta

semanas de idade gestacional).

Portanto de acordo com tudo que já foi descrito, sabemos que conforme o

Manual do MMC, do Ministério da Saúde, já se foi adotado o método em diversas

Unidades Hospitalares de Atenção à Gestante de Alto Risco/SUS e em até algumas

Unidades Hospitalares da rede privada em diversas cidades do Brasil e em diversos

países do mundo. Pois se pôde comprovar que o método demonstrou respostas

positivas, aos RNs prematuros e de baixo peso, possibilitando aos pais, os

profissionais da equipe multidisciplinar e principalmente os próprios RNs, não só

Page 56: O Método Mãe-Canguru como Recurso para a Erapia de

55

como já dito, no Brasil mais em diversos outros países em que o método foi adotado,

pode-se observar e usufruir dos benefícios proporcionados pelo método.

3.5. Aplicação do método

De acordo com o Manual do Método Mãe-Canguru (MMC), do Ministério da

Saúde de 2002, o método no Brasil é proposto e dividido em 03 etapas da seguinte

maneira (ANEXO III e ANEXO IV):

1ª ETAPA: “Conhecendo o MMC”

É o período após o nascimento do RN de baixo peso e/o prematuro, que esse

impossibilitado de ir para o alojamento conjunto, necessitando de cuidados

especiais, sendo, portanto internado na UTINN.

Nessa etapa deverão ser iniciadas certas medidas, já visando as etapas

posteriores, sendo elas:

• Primeiramente é de extrema importância iniciar o atendimento aos pais,

começando a orientação aos pais quanto à importância da prática do método, logo

que o RN tenha condições clínicas para a realização do mesmo;

• Se as condições clínicas da mãe permitem, é importante iniciar e estimular o

acesso dos pais, principalmente da mãe, à UTINN, iniciando o incentivo e o

desenvolvimento ao vínculo dos pais ao RN;

• Após o início desse incentivo ao vinculo pais-filho, se o bebê apresentar

condições clínicas estáveis permitindo que se inicie o processo do método

propriamente dito, proporcionando a colocação do RN no contato pele-a-pele direto,

entre a mãe e o RN;

• Nunca se esquecer de orientar e sempre manter informado a família,

principalmente os pais que mantém um maior contato com o RN, sobre as condições

de saúde do mesmo;

• Devemos também ressaltar a grande importância da atuação da mãe e da

família toda em geral, na recuperação do bebê;

É dada uma observação que após o parto, os primeiros 05 dias deverão ser

utilizados para prestação de todas as informações e ensinamentos à mãe, o pai e a

Page 57: O Método Mãe-Canguru como Recurso para a Erapia de

56

família, antes de se iniciar o método. Devendo ser assegurado todo o suporte

assistencial necessário ao RN, à puérpera durante a permanência do RN na unidade

hospitalar, mesmo se a mãe venha a receber alta e o bebê continuar internado.

2ª ETAPA: “Estamos treinando para irmos para a casa” – Alojamento Conjunto

ou Unidade Canguru

Nessa etapa o RN na UITNN, já encontra-se em uma situação clínica estável

podendo portanto ficar continuamente acompanhado de sua mãe. Contudo, após

passado o período de adaptação e de treinamento, dado na 1ªetapa, mãe e RN, já

estarão aptos a permanecer em uma Unidade de Enfermaria Conjunta, sendo o RN

transferido para a mesma, onde nesta unidade da enfermaria, mãe-filho realizarão

pelo maior tempo possível a posição canguru (PC). Sendo essa fase uma espécie

de “estágio” de pré-alta hospitalar de mãe e filho (MINISTÉRIO DA SAÚDE, Manual

do Método Mãe-Canguru, 2002).

Para a estadia nesta Unidade de Enfermaria Conjunta, mãe e filho devem

preencher alguns critérios importantes para a realização do método e a permanência

na Unidade de Enfermaria Conjunta, sendo eles:

Recém-Nascido:

• O RN deve encontra-se em estabilidade clínica;

• Ter um peso mínimo de pelo menos 1.250g;

• Deve encontrar-se em alimentação enteral plena através de “peito”,

sonda gástrica ou copo;

• Garantir um ganho de peso mínimo diário maior de 15g.

Mãe:

• A mãe deve ter plena certeza de quer participar do Programa, se

disponibilizando em tempo e existência de um serviço social de apoio;

Page 58: O Método Mãe-Canguru como Recurso para a Erapia de

57

• A decisão da realização do Programa deve ser dada pela mãe e esta

deve entrar em consenso com a sua família e a equipe dos profissionais que estão à

assistindo;

• Deve ter ciência e orientação para obter a capacidade de

reconhecimento das situações de risco em que o RN possa apresentar, como

mudança da coloração da pele; regurgitações; diminuição de movimentação; pausas

respiratórias; entre outras...

• É necessária que a mãe tenha o conhecimento e a habilidade,

adquirida através de orientação e instrução para a realização do método, para a

colocação da criança em posição canguru (PC), dada pela equipe de profissionais

da área de saúde.

3ª ETAPA: “Canguru em Casa” – Etapa Ambulatorial de seguimento hospitalar

ou Canguru Domiciliar

Ainda segundo o Manual do Método Mãe-Canguru, do Ministério da saúde,

2002, antes da realização da 3ª etapa, alguns critérios deveram ser preenchidos,

para quem mãe e filho possam ter alta hospitalar sendo “transferidos” para o início

da 3ª etapa, onde a mãe deve se sentir segura e bem orientada, necessitando

também estar psicologicamente motivada quanto ao método, além de haver o

compromisso materno e familiar, para a realização do MMC por 24 horas/dia, para

que se haja a continuidade do trabalho iniciado na Unidade Hospitalar, sendo

garantido o retorno freqüente da mãe e do bebê, à Unidade de saúde, também é de

extrema importância que os familiares estejam conscientes quanto ao cuidado

domiciliar do RN.

A mãe e família devem assegurar que obtêm condições para a realização do

acompanhamento ambulatorial, além de ter também condições para recorrência de

socorro, durante um momento de urgência, levando o bebê à Unidade origem para

que haja socorro rápido.

A 3ª etapa consiste na realização do método mãe canguru, em ambiente

domiciliar tendo também um acompanhamento ambulatorial, visando a continuidade

da realização do MMC, iniciado na Unidade Hospitalar, sendo iniciada essa etapa

Page 59: O Método Mãe-Canguru como Recurso para a Erapia de

58

após a alta hospitalar desse RN. Sendo o acompanhamento ambulatorial realizado

periodicamente, onde na 1ª semana se dá por uma freqüência de 03 consultas; na

2ª semana serão 02 consultas; e na 3ª semana e posteriormente nas seguintes

semanas, deve-se realizar pelo menos 01 consulta, até que o bebê atinja o peso de

2.500g, portanto para garantir os resultados positivos do método, a mãe deve

assegurar que possui condições para dar continuidade na realização do método na

Unidade Ambulatorial.

O acompanhamento ambulatorial deve realizar algumas atribuições que serão

especificadas para a obtenção do acompanhamento do método:

• O bebê deve ser acompanhado por médicos e outros membros da

equipe multidisciplinar como enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos, nutricionistas,

fonoaudiólogos, assistentes sociais e etc, que são treinados e familiarizados com o

seguimento do bebê;

• A Unidade Ambulatorial deve dispor de uma agenda “aberta”

permitindo que haja o retorno não agendado do bebê, caso o mesmo necessite;

• Realização periódicas de exames físicos completos do bebê, obtendo-

se referências quanto ao grau de desenvolvimento, o ganho de peso, o comprimento

e o perímetro cefálico desse bebê, para que se saiba se estes estão ocorrendo de

maneira correta ou não, sendo esses dados utilizados também em análises, de

banco estudos e para a realização de estatísticas;

• Através desse monitoramento esses dados obtidos periodicamente em

relação ao bebê, também ajudarão na correção de situações que não estejam

adequadas ao desenvolvimento normal, como ganho de peso inadequado, sinais de

refluxo, possíveis infecções e apnéias, entre outros;

• Portanto visto essas e outras inadequações no desenvolvimento do

bebê, é necessário que se haja a orientação correta e o acompanhamento dos

tratamentos especializados, como exames oftalmológicos, avaliações audiométricas,

fisioterapia motora e respiratória, avaliações gástricas, entre outros tratamentos que

se faça necessário ao problema do bebê;

• Orientar a mãe e os familiares quanto o esquema adequado de

imunizações (vacinas);

• Avaliar também o equilíbrio psicoafetivo do bebê em relação a mãe e a

família.

Page 60: O Método Mãe-Canguru como Recurso para a Erapia de

59

Devemos sempre levar em conta que o bebê é quem determinará o tempo de

permanência dele próprio em posição canguru (PC), junto à mãe ou familiar, onde

ocorre quando o bebê atinge o termo ou o peso de 2.000g;

Após o bebê atingir o peso de 2.500g, o acompanhamento passa a ser

orientado conforme as Normas para Acompanhamento de Crescimento e

Desenvolvimento do Ministério da Saúde.

Portanto é de extrema importância quem o método seja realizado da maneira

mais correta possível, através de orientações adequadas dos profissionais da equipe

multidisciplinar, tanto no acompanhamento hospitalar, quanto domiciliar e

ambulatorial, portanto nas 03 etapas que possui o método, para que mãe-pai-

familiares-RN-profissionais, possam usufruir da melhor forma possível dos

benefícios e vantagens que o método proporciona.

3.6. Avaliação do método

Segundo o Manual do MMC, do Ministério da Saúde (2002), o correto para o

funcionamento de um processo de normatização de um método requer a existência

e a utilização de um adequado sistema de informações e de avaliações. Sendo

então criado pelo Ministério da Saúde, um instrumento de avaliação, através da

Secretaria de Políticas de Saúde, do Departamento de Ações Programáticas e

Estratégicas da Área Técnica da Saúde da Criança, do projeto de Atenção

Humanizada ao RNBP (MMC), onde esse instrumento de avaliação se baseia em

fichas de avaliação, que são divididas em diversas partes e tipos de fichas.

Ainda de acordo com o Manual do MMC, do Ministério da Saúde, em 2002, a

avaliação da Atenção Humanizada ao RNBP (MMC) é composta de dois tipos de

fichas, sendo uma delas subdividida, já que se requer o preenchimento mensal e

anual dessas fichas: A Ficha de Avaliação Institucional Anual; A Ficha de Avaliação

Institucional Mensal; e a Avaliação Individual do RNBP, sendo todas elas

acompanhadas de uma instrução de preenchimento. As fichas devem ser

preenchidas de modo correto, de acordo com as instruções de preenchimento que

devem ser seguidas.

Page 61: O Método Mãe-Canguru como Recurso para a Erapia de

60

A Ficha de Avaliação Institucional pelo Manual do MMC, do Ministério da

Saúde, é subdividida em duas, onde uma delas deve ser preenchida mensalmente

com os dados estatísticos e outra preenchida anualmente com os dados cadastrais.

Além do preenchimento da Ficha de Atenção Humanizada ao RNBP-MMC.

Ainda segundo as orientações do Manual do MMC, do Ministério da Saúde, em

2002, as fichas de avaliação possuem seus objetivos, sendo eles:

• Ficha de Avaliação Institucional Mensal – Dados cadastrais

Objetivo: É cadastrar as Maternidades, Hospitais e Unidades de Saúde, que

realizam a Atenção à Gestante de Alto Risco, avaliar a população assistida, e a

capacidade instalada, além das ações de saúde da criança, não esquecendo de

conhecer os indicadores de impacto dentro do MMC.

• Ficha de Avaliação Institucional Anual – Dados Estatísticos –

Objetivo: Esta ficha possui o mesmo objetivo da ficha de Avaliação Institucional

Mensal, sendo diferenciado pela obtenção de dados estatísticos, sobre os índices

maternos e dos RNs.

• Ficha de Avaliação do RNBP – MMC – Objetivo: Avalia o

desempenho da equipe de saúde durante os diferentes passos da aplicação da

atenção preconizada no Método Canguru, observando o impacto dessa atenção

individualizada no grupo em estudo.

É importante salientar que o preenchimento dessas fichas de avaliação deverá

ser realizada de acordo com as etapas que serão alcançadas pelo bebê e pela mãe,

onde serão realizados cálculos percentis, conforme os dados obtidos de dados

cadastrais e estatísticos.

3.7. A Importância do profissional de fisioterapia na equipe

multidisciplinar ao atendimento do MMC

A UTINN é o ambiente hospitalar onde destina-se a internação dos RNs que

necessitam de cuidados clínicos especiais e específicos, em razão desses RNs

geralmente apresentarem um potencial risco de importância fatal, como os RNs

prematuros (RNPT) e de baixo peso (RNBP), com problemas orgânicos e/ou

Page 62: O Método Mãe-Canguru como Recurso para a Erapia de

61

problemas congênitos, por essa razão esses RNs precisam de cuidados mais que

especiais, como já dito, não somente do profissional de fisioterapia, como também

de todos os profissionais da área da saúde que atuem e estejam capacitados para o

trabalho na UTNN.

Cargnin, et.al. (2001) descreve o ambiente da UTI por características físicas

que propiciam uma maior vigilância ao paciente, centralizando recursos materiais e

humanos, permitindo que aconteça um atendimento mais eficaz, sendo de grande

importância que a equipe multiprofissional esteja sempre voltada para um objetivo

comum, que é a recuperação do paciente. Não sendo a UTINN diferente, já que

caracteriza por ser um ambiente hospitalar onde são utilizadas técnicas e

procedimentos sofisticados, capazes de propiciar condições que revertam distúrbios

que esses RNs tenham ou venham apresentar colocando esses RNs em risco a

vida. Reichert A.P.S,(2007) complementa descrevendo que o ambiente da UTINN,

propicia ao RN uma experiência diferente daquela ao que ele encontrava no útero,

sendo este ambiente o ideal para o seu desenvolvimento. Ao contrário do ambiente

hospitalar, de alta complexidade, projetado com leitos que possuem monitores

cardíacos, oxímetros de pulso e rede de gases

(http://portal.saude.gov.br/portal/saude/cidadao/) o que induz ao RN há exposição

intensa a estímulos nociceptivos, como já visto e descrito anteriormente, fatores

como estresse e dor que são os mais freqüentes (MOREIRA, MEL. 2003). Fatores

estressantes e de dor como ruídos, luz intensa e contínua, bem como procedimentos

clínicos invasivos e dolorosos constantes da rotina hospitalar, são apenas alguns

exemplos já vistos, tendo objetivo de monitorização completa e vigilância por

24horas desse RN (REICHERT, A. P. S. 2007).

Existem profissionais da área de saúde, com várias especializações diferentes

(PEREIRA, D. D. F. 2005). Portanto sendo recomendado que na UTI o trabalho

desses profissionais sejam realizados em equipe, dependendo da interação e da

coordenação entre esses profissionais para que se tenha sucesso, sendo portanto

formado a equipe multidisciplinar ou interdisciplinar. Alguns exemplos de

profissionais que fazem parte da equipe multidisciplinar são: médicos de diversas

especialidades, principalmente os neonatologistas (dentro das UTINNs); psicólogos;

bioquímicos; fonoaudiólogos; nutricionistas; fisioterapeutas; equipe de enfermagem;

técnicos e auxiliares de enfermagem, entre outros.

Page 63: O Método Mãe-Canguru como Recurso para a Erapia de

62

Loisel, et.al. apud Machado e Medeiros, (2001), “descrevem que a organização

da UTINN requer uma formação complexa de profissionais multidisciplinares

interdependentes, significando que a equipe deve ser colaborativa, comunicativa e

flexível em benefício dos RNs a que atendem”.

Portanto segundo Bassetto, et.al. (1998), é importante que os membros de uma

equipe sejam cientes do significado da palavra equipe, sabendo a sua definição,

onde todos os membros que compõem essa equipe, devem trabalhar em

cooperação, sendo que um dos aspectos mais importantes é a comunicação

interpessoal. Onde tal comunicação deve ser simples e objetiva, visando à troca de

informações entre os profissionais a respeito do RN, para que os planos de ação

seja constantemente avaliado na sua eficácia. Bessani, (2008) ainda completa

relatando que o trabalho do profissional da área da saúde dentro de uma UTI, seja

ela neonatal (NN) ou não, é um desafio constante para todos os envolvidos, já que é

um trabalho que requer muita vigilância, habilidade, respeito e sensibilidade, já que o

ambiente da UTINN é bastante complexo, em sua estrutura além do fato que o

paciente que será atendido não fala, sendo extremamente vulneráveis sendo,

portanto altamente dependentes da equipe que lhe está prestando a assistência ao

RN.

3.7.1. O fisioterapeuta no MMC

Segundo o Conselho Regional de Fisioterapia, Crefito 2, (2007), o profissional

de fisioterapia é “o profissional de saúde, com formação acadêmica superior,

habilitado a construção do diagnóstico dos distúrbios cinéticos funcionais, a

prescrição das condutas fisioterapêuticas, sua ordenação e indução no paciente,

bem como, o acompanhamento da evolução do quadro funcional e a sua alta do

serviço.

O profissional de fisioterapia, como o médico, pode ter a sua especialização em

diversas áreas, sendo uma delas a fisioterapia pediátrica e a fisioterapia neonatal,

sendo esse o profissional que atua nas UTINNs.

A fisioterapia na UTINN como já relatado, faz parte de uma equipe que

acompanha o RN de alto risco, equipe essa onde todos os profissionais possuem

Page 64: O Método Mãe-Canguru como Recurso para a Erapia de

63

aperfeiçoamento específico, inclusive os fisioterapeutas, visando a melhor forma de

entendimento as questões neonatais, relacionadas as peculiaridades desses RNs.

Ou seja, é sabido que o acompanhamento fisioterapêutico a esses RNs, acelera a

recuperação o que aumenta a sobrevivência desses RNs que estão internados na

UTINN (Fonte disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/saude/cidadao/>).

Sabemos também que a Fisioterapia na UTINN está cada dia mais integrada

com os serviços de cuidados intensivos neonatais (NN), (Anexo V) (Fonte disponível

em: <http://portal.saude.gov.br/portal/saude/cidadao/>), onde atua direta e

indiretamente dentro de todas as disfunções básicas apresentadas em neonatologia,

sendo suas contra-indicações mínimas, apresentando certas particularidades

(MENEGHEL, K. 2002), e dentre esses cuidados encontramos a preocupação dos

mesmos em relação ao bem estar e a assistência que é prestada ao RN, sendo o

papel do profissional de saúde dentro de uma UTINN, sendo a forma de cuidados

desses profissionais em relação ao RN e a sua família uma grande preocupação

atual, onde essa preocupação se baseia no bem estar, e na forma de cuidados

visando a assistência prestada tanto ao RN quanto a sua família. Essa é uma

assistência humanizada, onde um exemplo muito conhecido e utilizado é o MMC,

onde veremos o papel da fisioterapia durante essa assistência humanizada como

membro da equipe multidisciplinar, já que se vem sendo observada uma mudança

de consciência e comportamento em alguns profissionais não só de fisioterapia,

como de diversas áreas, quanto à importância de prestar uma assistência

humanizada (REICHERT, A. P. S. 2000).

Portanto segundo Reichert, A. P. S. (2007) humanizar pode ser compreendida

como uma forma de ver e interpretar o ser humano, sendo o caso o paciente e o seu

familiar, a partir de uma visão global, superando assim a visão fragmentada da

assistência ao paciente, onde ainda por Reichert, A.P.S. (2007) observamos que

nesse ambiente, a humanização representa um conjunto de iniciativas visando à

produção de cuidados, sendo esses especiais na saúde, de forma a conciliar a

melhor tecnologia disponível, em alguns casos, com a promoção de acolhimento e

respeito ético e cultural ao paciente, mesclando à espaço de trabalhos favoráveis ao

bom exercício de saúde e usuários.

O atendimento de forma humanizada, também chamado pelo Ministério da

Saúde como Atenção Humanizada ao RNBP, sendo já visto anteriormente, visa

segundo Bessani, (2008), principalmente o fortalecimento ao vínculo afetivo entre

Page 65: O Método Mãe-Canguru como Recurso para a Erapia de

64

mãe-RN, a díade, assegura o bom relacionamento da equipe multidisciplinar com os

pais, entre outros objetivos já visto.

Por essa razão, a atuação fisioterápica dentro da equipe multidisciplinar,

exercendo o seu papel, possui várias atividades, como os demais profissionais de

outras áreas da saúde que fazem parte da equipe. Ressaltando que a fisioterapia

tem conseguido, por méritos próprios, além dos avanços técnicos e cinetíficos, a

aprovação e reconhecimento de demais profissionais da equipe multidisciplinar, que

são conscientes das necessidades dos seus pacientes (MENEGHEL, K. 2002).

Dentre essas atividades realizadas pelo Fisioterapeuta na UTINN, estão: a

manutenção das vias aéreas com manobras específicas, através de técnicas usadas

na Fisioterapia Respiratória; estimulação a auto-organização sensório motora e

estimulação do desenvolvimento neuro psico-motor, através de técnicas de

Fisioterapia motora; e além de participar integralmente das atividades

interdisciplinares, visando um melhor desenvolvimento global da maneira mais

normal possível (Fonte disponível em:

http://portal.saude.gov.br/portal/saude/cidadao) complementamos por Meneghel, K.

2002, como já foi dito que a fisioterapia tem conseguido por méritos próprios a

aceitação de diversos profissionais conscientes das necessidades dos seus

pacientes, além também da ajuda dos avanços técnicos e científicos dos recursos

oferecidos.

Já dentro das estratégias de atenção humanitária, como o MMC a atuação

fisioterápica se dará nas 03 fases do método, sendo a 1ª e a 3ª que são voltadas

principalmente para os RNs prematuros e de baixo peso, e na 2ª fase para os pais

ou familiares responsáveis. O objetivo principal da fisioterapia na atuação

fisioterapêutica é a sua ingressão e integração no projeto, visando o sucesso de sua

permanência no mesmo, sendo a sua atuação é profilática e terapêutica.

1ª Etapa do método:

Etapa realizada nas UTINNs sendo enfocada na recuperação dos RNs. Porém

primeiramente é necessário orientar os pais ou responsáveis quanto aos

Page 66: O Método Mãe-Canguru como Recurso para a Erapia de

65

posicionamentos e técnicas utilizadas nesta fase inicial, depois incentivar aos

mesmos o desejo ao ingresso no projeto MMC.

Acalmar e amenizar, controlando a ansiedade dos pais ou responsáveis no que

diz respeito a atuação fisioterápica, portanto deve-se haver uma avaliação geral de

desvios sensórios, motores e respiratórios.

Após as orientações deve ser iniciado o tratamento de acordo com diversas

técnicas como a realização de Cinesioterapia global e passiva, quando se houver

condições para tal e necessidade pelas estimulações das atividades motoras; com o

alinhamento e o controle postural dos segmentos do corpo, entre outras técnicas

fisioterápicas motoras. Também realizamos a Cinesioterapia respiratória passiva

com técnicas de desobstrução brônquica por drenagem postural brônquica seletiva,

drenagem rotacional, digito percussão, vibração torácica, aspiração traqueal,

hiperinsuflação pulmonar; técnicas também de desinsuflação pulmonar através de

compressão manual torácica na expiração, com cuidados ventilatórios e desmame

em casos de utilização de ventilação mecânica; visar uma reeducação da mecânica

respiratória; busca a melhora e controle da V/Q; realização de inaloterapia e o uso

de CPAP, quando necessário (Fonte disponível em:

http://www.aleitamento.com/discus/messages/2/26.html por BORGES, C. 2000).

2ª Etapa do método:

Realizada no alojamento Canguru ou enfermaria canguru, com a mãe e RN

juntos, porém essa etapa é focada e realizada visando pais ou responsáveis,

associados aos RNs, contudo nunca esquecendo do enfoque da fisioterapia no

melhor do desenvolvimento ao RN, estratégias da 1ªfase.

Portanto nessa 2ª fase, devemos dar orientações quanto a melhor postura para que

possa manter-se (sentar, levantar, recostar...) objetivando obter um menor desgaste

físico conseqüentemente melhorando as condições gerais do RN e da mãe;

orientações de técnicas de alongamento e relaxamento, visando a diminuição do

ciclo de ansiedade; além de orientações de técnicas respiratórias, para a

manutenção e/ou a melhora da relação V/Q dos mesmos, utilizando as posturas

mantendo o RN na verticalidade, em posição canguru. E a cima de tudo devemos

Page 67: O Método Mãe-Canguru como Recurso para a Erapia de

66

sempre estar incentivando a permanência dos pais e dos responsáveis no Programa

MMC (Fonte disponível em: http://www.aleitamento.com/discus/messages/2/26.html

por BORGES, C. 2000).

3ª Etapa do método:

Etapa realizada em ambiente ambulatorial, através de consultas periódicas e

domiciliar, sendo dada continuidade no trabalho anteriormente iniciado e

desenvolvido nas outras duas fases, onde no ambulatório e/ ou a domicilio, o RN

será acompanhado até pelo menos um ano de idade juntamente com os seus pais.

O acompanhamento nessa fase deverá visar o desenvolvimento sensório- motor do

RN, assim com as aptidões no cuidado específico dos pais ou responsáveis.

Entretanto é importante que em todas as fases se deva levar em consideração

o bem estar e a saúde do binômio mãe e filho, para que o sucesso da realização do

método seja completo para todos, tanto para o RN, para os pais e familiares e a

equipe multiprofissional e o profissional de fisioterapia atuante na realização do

método (Fonte disponível em:

http://www.aleitamento.com/discus/messages/2/26.html, por BORGES, C. 2002).

Portanto vistas essas ações fisioterápicas e as ações de todos os membros da

equipe multidisciplinar, podemos dizer que segundo Miura e Procianoy, em (1997)

os RNs termos, pré-termos ou pós-termos apresentam dependência de acordo com

as decisões a serem adotadas pelos membros as equipe multidisciplinar. Por isso a

coesão entre todos os membros da equipe, resulta no favorecimento da dinâmica

funcional ao atendimento ao RNPT e de BP internado na UTINN. O planejamento de

estratégias no atendimento devolve a relação pessoal na integração e na visão entre

os membros da equipe, sendo essas medidas necessárias ao sucesso que é

desejado por todos da equipe, na manutenção e na recuperação do bem estar do

RN.

Portanto a humanização do cuidado Neonatal, segundo o Ministério da Saúde,

“preconiza várias ações, as quais estão voltadas para o respeito às individualidades,

à garantia da tecnologia que permita a segurança do recém-nato e o acolhimento ao

bebê e sua família, com ênfase no cuidado voltado para o desenvolvimento e

Page 68: O Método Mãe-Canguru como Recurso para a Erapia de

67

psiquismo, buscando facilitar o vínculo pais-bebê durante sua permanência no

hospital e após a alta”, (REICHERT, A. P. S. 2007).

Concluímos então que os profissionais da equipe multidisciplinar devem

trabalhar de forma interligada, visando um objetivo comum, a fim de que o paciente,

no caso o RN, possa receber os cuidados merecidos, visando o melhor atendimento,

sendo preconizada a atenção humanizada, onde através de mãos humanas,

palavras de conforto e um trabalho de forma digna de um verdadeiro ser humano,

importando também a dedicação, o amor ao próximo, paciência com os demais,

entre outros sentimentos, teremos a certeza que os nossos objetivos serão

alcançados, sendo beneficiados, o RN, sua família e a equipe multidisciplinar que

terá a certeza que o seu trabalho foi bem realizado e sendo reconhecidos muitas

vezes por isso.

Page 69: O Método Mãe-Canguru como Recurso para a Erapia de

68

CONCLUSÃO

Concluímos segundo Oliveira que os recursos tecnológicos, atualmente andam

em contínuo progresso, possibilitando, portanto a sobrevivência de RNPT e de baixo

peso, que no passado não teriam essa mesma sorte, porém em países

subdesenvolvidos, ainda existe alguma escassez desses recursos.

Portanto preocupados com essa escassez de recursos, idealizou-se como visto

nesse trabalho a estratégia humanitária do MMC, porém já havia a preocupação

diante dos problemas de saúde pública onde passou-se também a ter grande

importância a humanização da equipe multidisciplinar no atendimento ao RN,

estendendo-se ao relacionamento aos pais e entre a própria equipe, através da

Atenção Humanizada aos RNBPs e PTs (prematuros).

Como visto, o MMC deve ser compreendido e difundido, não só pelos

benefícios que ele proporciona, mas sim como uma nova estratégia humanitária de

saúde, que visa o bem estar desses bebês e conseqüentemente da família dos

mesmos, evitando possíveis seqüelas que podem ser irreversíveis (SANT’ANNA,

2008).

Porém vimos que o método teve seu início com a finalidade de substituição da

incubadora, contudo atualmente não possui somente essa finalidade, tranformando-

se em uma medida de assistência neonatal (NN) à disposição dos berçários e

UTINNs, (ALMEIDA, C.M, 2006).

Entretanto, não podemos deixar de salientar conforme Cardoso, A.C.A, (2006)

que relata através de evidências científicas, confirma os benefícios do método à

saúde do RNBP, que reduz custo e tempo de internação hospitalar, proporciona a

humanização na assistência, melhora e inicia o vínculo mãe-filho, além de aumentar

a adesão ao aleitamento materno.

Através do atendimento humanizado foi possível das uma maior importância à

equipe multidisciplinar e a ligação entre os seus membros, sendo de extrema

importância o entrosamento interdisciplinar entre os membros das diversas áreas,

para que se possa desenvolver um trabalho, cujo objetivo principalmente é assistir a

melhoria das condições de saúde e diminuir a permanência desses RNs nas

unidades hospitalares, Bassetto, et.al, (1998) e o fisioterapeuta como membro dessa

equipe, tem a sua importância em relação aos cuidados específicos ao RN, tanto

Page 70: O Método Mãe-Canguru como Recurso para a Erapia de

69

quanto os demais componentes da equipe multidisciplinar, complementado por

Meneghel, K (2002) que o fisioterapeuta tem conseguido seu reconhecimento por

méritos próprios a aceitação de diversos profissionais de sua equipe multidisciplinar.

Sendo uma grande vitória para os profissionais fisioterapeutas.

Conclui-se que o importante é que se haja carinho, respeito, paciência,

dedicação, segurança, entre outros diversos sentimentos durante a aplicação do

MMC ou de qualquer outro tipo de atendimento ao ser humano, sendo estratégias

básicas, para o melhor atendimento visando sempre o bem estar do paciente e de

sua família.

Page 71: O Método Mãe-Canguru como Recurso para a Erapia de

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ANEXO I

Fonte: http://www.sapreemies.za.org/image/neonatal_index_pic1.jpg

Foto de uma UTINN

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ANEXO II

Fontes: http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.oesteinforma.com.br/imagens

http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.guiazonanorte.com.br

Foto de RN prematuro (RNPT) e de baixo peso (RNBP)

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ANEXO III

Fonte: http://www.risolidaria.org.br/docs/ficheros/200503070008_15_0.jpg

Foto Manual do MMC, Ministério da Saúde, Fundação Orsa e BNDES. Mãe realizando o método mãe-canguru.

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ANEXO IV

Fonte:http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.ma.gov.br/dados/imagens/Foto_2__Hospital_imperatriz.AF.jpg&imgrefurl=http://www.ma.gov.br/2008/5/16/Pagina5381.htm&usg=__TmAHZQXzeDwQX6tVwIDrhJz2rM=&h=2000&w=3008&sz=549&hl=ptBR&start=346&sig2=nMoX2B3nlFfuAqoY5beg&tbnid=1gYbQk2uf47ZM:&tbnh=100&tbnw=150&ei=yy9ISYncLJqctweZhZiCDg&prev=/images%3Fq%3Dmetodo%2Bmae%2Bcanguru%26start%3D342%26gbv%3D2%26ndsp%3D18%26hl%3Dpt-BR%26sa%3DN

Foto da mães realizando o método mãe-canguru na enfermaria e ambulatório.

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ANEXO V

Fonte: http://images.google.com.br/images?gbv=2&ndsp=18&hl=pt-BR&q=equipe+multidisciplinar&start=0&sa=N

Foto do Atendimento Humanizado individual na UTINN