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RECUPERAR • Março / Abril 2008 e que maneira o “capitão Nasci- mento” se tornou “herói nacional” em “tropa de Elite”, um tema de de- bates? Em que momento “o caçador de pi- pas”, um livro sobre a distante realidade do Afeganistão, virou best seller no Brasil? Como funciona a propaganda boca a boca? O que, enfim, faz de uma tendência, moda; de um detalhe, mania; de uma nova tecno- logia, epidemia. Aí está a palavra: epidemia. D O segredo é que idéias, mensagens, materi- ais, hábitos, comportamentos se propagam como vírus, por contágio, quando na reali- dade se acreditava que tudo isso era um processo gradativo, acumulativo. Um jor- GLOSSÁRIO Algorítimo processo ou operação de cálculo. Série de operações matemáticas que fornecem soluções de problemas. Monitoramento da Atividade Estrutural (MAE) campo da engenharia especializado em detectar, medir e analisar o comportamento da atividade estrutural e seu ambiente circundante. Parâmetros como vibração, deslocamento, defor- mações, temperatura, corrosão, e uma série de informações químicas, a nível dinâmico e estáti- co faz parte do acervo da MAE. A informação obtida com a MAE é utilizada para planejar ativida- des de manutenção, recuperação, segurança, verificação de hipóteses e redução de toda sorte de incertezas. A cultura da atividade da MAE de- senvolve-se à passos largos em todo o mundo, pois significa acima de tudo muita economia. RECUPERAR • Março / Abril 2008 5 O fio da meada Infra-estruturas civis são artérias da ativida- de econômica e social, elemento essencial para a vida humana. Todo o investimento em infra- estruturas civis como edificações, pontes, bar- ragens, reservatórios, túneis, tubulações, ae- roportos, estádios etc, representa simples- mente o progresso da civilização e, mais im- portante, sua qualidade reflete o avanço da engenharia de um povo. Naturalmente, pro- cessos de degradação e deterioração são físi- ca e quimicamente inevitáveis. Os enormes avanços na tecnologia dos sensores, comuni- cação wireless e a rápida capacidade de pro- cessamento de dados, combinada com as no- táveis descobertas na obtenção de algoríti- mos de localização e identificação torna a MAE, hoje, disciplina high-tech obrigatória para todo engenheiro civil e uma disposição para toda estrutura.

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e que maneira o “capitão Nasci-mento” se tornou “herói nacional”em “tropa de Elite”, um tema de de-

bates? Em que momento “o caçador de pi-pas”, um livro sobre a distante realidade doAfeganistão, virou best seller no Brasil?Como funciona a propaganda boca a boca?O que, enfim, faz de uma tendência, moda;de um detalhe, mania; de uma nova tecno-logia, epidemia. Aí está a palavra: epidemia.

D

O segredo é que idéias, mensagens, materi-ais, hábitos, comportamentos se propagamcomo vírus, por contágio, quando na reali-dade se acreditava que tudo isso era umprocesso gradativo, acumulativo. Um jor-

GLOSSÁRIO

Algorítimo – processo ou operação de cálculo.Série de operações matemáticas que fornecemsoluções de problemas.Monitoramento da Atividade Estrutural(MAE) – campo da engenharia especializado emdetectar, medir e analisar o comportamento daatividade estrutural e seu ambiente circundante.Parâmetros como vibração, deslocamento, defor-mações, temperatura, corrosão, e uma série deinformações químicas, a nível dinâmico e estáti-co faz parte do acervo da MAE. A informaçãoobtida com a MAE é utilizada para planejar ativida-des de manutenção, recuperação, segurança,verificação de hipóteses e redução de toda sortede incertezas. A cultura da atividade da MAE de-senvolve-se à passos largos em todo o mundo,pois significa acima de tudo muita economia.

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O fio da meadaInfra-estruturas civis são artérias da ativida-de econômica e social, elemento essencial paraa vida humana. Todo o investimento em infra-estruturas civis como edificações, pontes, bar-ragens, reservatórios, túneis, tubulações, ae-roportos, estádios etc, representa simples-mente o progresso da civilização e, mais im-portante, sua qualidade reflete o avanço daengenharia de um povo. Naturalmente, pro-cessos de degradação e deterioração são físi-ca e quimicamente inevitáveis. Os enormesavanços na tecnologia dos sensores, comuni-cação wireless e a rápida capacidade de pro-cessamento de dados, combinada com as no-táveis descobertas na obtenção de algoríti-mos de localização e identificação torna a MAE,hoje, disciplina high-tech obrigatória para todoengenheiro civil e uma disposição para todaestrutura.

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nalista americano (“Ponto de equilíbrio”, deMalcolm Gladwell) mostrou que não é bemassim e que há um momento, um “de repen-te” que determina o salto, a mudança deparadigma. As coisas vêm vindo aos pou-cos, devagar e eis que uma fagulha, um ins-tante aparentemente insignificante desen-cadeiam o incêndio, que se alastra. Ele cha-ma a isso “ponto de desequilíbrio”, ou seja,a interseção em que um pequeno fato, umdetalhe desarma uma situação estável eacelera, subitamente, um processo que vi-nha se desenvolvendo em ritmo constantee regular – como o princípio da gripe. Que-ro dizer que estamos começando, de enxur-rada, uma nova era na engenharia civil.Mudanças radicais na forma de projetar,construir, operar e recuperar estruturas. Atéhá bem pouco tempo atrás, estruturas eramconstruídas com o único propósito, porexemplo, de suportar cargas. A natureza, quenos ensina a construir e reparar, cria quasesempre estruturas multifuncionais. Olhepara sua mão! Super competente para se-

Visão do Monitoramento da Atividade Estrutural (MAE)Considere uma edificação, comercial ou in-dustrial, instrumentada por centenas de pe-quenos sensores, que fornecem informaçõesnecessária para o conhecimento do seu com-portamento ou da atividade estrutrural daedificação. Caso ocorra qualquer evento,esta rede pode identificar a localização dodano na estrutura, assim como sua severida-de, diagnosticando-o logo no seu limiar. O

MAE tem como propó-sito básico conhecer ascondições de estabili-dade, segurança e,propriamente, o com-portamento das estru-turas, tanto na formaestática quanto dinâ-mica.

GLOSSÁRIO

Sensor – aparelho que converte energia de umaforma para outra. A energia de entrada no sensorrepresenta o fenômeno físico/químico que sedeseja medir.

com base no paradigma biológico, de modoque possamos monitorar sua atividade e,porque não dizer, sua saúde. Soa bem e fazsentido, apesar de algumas dúvidas quepossam surgir. Esta epidemia, este incên-dio que tomou a engenharia civil de assaltoé a tecnologia do monitoramento da ativi-dade estrutural, MAE.

MAE e os números

Os números. Ah, os números! Foi GalileuGalilei que disse que a natureza fala mate-mática? Fosse quem fosse, queria dizer quea matemática é a linguagem do universocompleso para a linguagem humana que ésó uma ínfima parte dele. Na linguagem dosnúmeros não existe retórica, duplo sentidoe nem discussão. Monitorar ou conhecer a

gurar objetos não é? Permite também quevocê analise detalhes associados como opeso e velocidade com que maneja objetos.Sua mão também é hábil para analisar a pres-são do vento e da chuva e checar varia-ções de temperatura. Se sua mão, por outrolado, sofre um pequeno corte, você imedia-tamente toma conhecimento da localizaçãoe da extensão da ferida, sem necessariamen-te vê-la. Finalmente, seu corpo poderá re-parar a tal ferida, sem qualquer intervençãoexterna, a não ser que seja grave. Isto, semfalar na versatilidade, destreza e na gamade movimentos possíveis que a mão huma-na é capaz de realizar. Trata-se, portanto,de uma estrutura notável que, acreditamos,continuará a ser por mais algum tempo, atéque possamos copiá-la. Não desejamos ta-manha perfeição, mas construir estruturas

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com a identificação de vibrações e freqü-ências anormais, visualização da distribui-ção das tensões e deformações de flexão ecisalhamento, nível de corrosão das arma-duras e cabos protendidos, contaminaçãodo concreto etc. Estudos e mais estudosfeitos em estruturas nos ensinam que mu-danças na autofreqüência são de extremo

valor para detectar anormalidades ou da-nos do tipo trincas e fissuras. Por exemplo,já são rotineiramente utilizados sensores dedeformação, de corrosão e de deslocamen-to em vigas caixão de pontes e viadutospara análise do seu comportamento diário,que evitam aquelas inconvenientes, caras

Continua na pág. 09

resposta estática e dinâmica das estrutu-ras, através dos números, implica em saberde sua saúde, tomar conhecimento da MAE

Objetivos da MAEBasicamente, todo tipo de estrutura pode sermonitorada, de acordo com propósitos diver-sos.

Estruturas PropósitoPontes EstabilidadeEdifícios SegurançaTúneis ComportamentoBarragens ProjetoEstádios e QualidadeOutras estruturas

GECOR 8Tele-atendimento(0XX21) 3154-3250fax (0XX21) [email protected] consulta nº 02

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e pouco precisas vistorias técnicas que, namaioria das vezes, só é tradiamente promo-vida devido ao aparecimento de um ou maissintomas. Será que a análise visual e a ex-periência do consultor poderá identificar oque a estrutura tem? Hoje, estruturas sãomonitoradas com a utilização de programasque identificam eventos críticos ou impor-tantes tais como: alterações ou mudançasna freqüência de utilização e seu alcancedinâmico, assim como deformações exces-sivas, analisando, adicionalmente, dadosimportantes e deletando os pouco signifi-cativos. Tudo isto, traduzido em gráficosfacilmente interpretados por técnicos e en-genheiros. O reforço de estruturas antigas,sejam elas edificações, pontes etc, com tec-nologia da fibra de carbono aumenta seufator de segurança e, com ou sem surpresa,neutralizam futuros efeitos perniciosos na-quelas estruturas sem nenhum histórico decomportamento, como são nossas obraspúblicas, por exemplo.

MAE

Hoje já representa para as telecomunica-ções e conforme publicado nas RECUPE-RAR Nº 20 e 50, uma nova tecnologia quese adequa como uma luva ao conceito decontrole e monitoramento de todo tipo deestruturas civis e industriais, um verdadei-ro marco na engenharia civil.A MAE permite informação atualizada, acada segundo, 24 horas por dia, transmiti-da por linhas de telefone, celular, digitalou satélite, para estações de controle emqualquer parte do país. Técnicos e enge-nheiros podem, através da internet, sabera condição de uma edificação, barragem,

ponte ou túnel, em tempo real, conside-rando-se o ambiente e as cargas a que es-tão submetidas, sempre comparando-a aum modelo padrão desejado, presente nomesmo computador que recebe as infor-mações. Novamente, com base no padrãobiológico, do tipo nervos ou músculos, ide-alizou-se um nível equivalente de sofistica-ção para uma estrutura que chamamos deinteligente, onde se lê em seu sistema deinformação estrutural, deformações e ten-sões de flexionamento e cisalhamento, des-locamento de juntas, vibração, temperatura,umidade, pH, contaminação com cloretos,sulfatos etc, níveis de corrosão, além de ou-tros parâmetros que estão integrados com

seu sistema comportamental, de modo a mo-dificar a situação da estrutura ou sua res-posta a carregamentos imediatos ou futu-ros. Esta reação pode envolver partes mó-veis da estrutura e mudar sua rigidez em umadeterminada região, de maneira a otimizar seucomportamento. Com a tecnologia dos com-pósitos de fibra de carbono, que promovemreforços estruturais quase que instantâne-os e da proteção catódica, que interrompeprocessos de corrosão, é possível, a um sim-ples sinal do sistema de monitoramento, nãosó corrigir o problema de forma imediata

REFERÊNCIAS• Mariana Tati é engenheira civil e trabalha

no repairbusiness.

fax consulta nº 03

Para ter maisinformações sobreMonitoramento.

como também evitar prejuízos físicos, quími-cos e financeiros mais adiante.

Lagoas de efluentes, tanques e tubulações sãopossíveis de analisar pela MAE.

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odo este alarde diário a respeito dacontaminação ambiental por chuvaácida, por canais, rios e praias com

suas águas recheadas de esgotos e o pró-prio ar distante de complexos industriaisdesencadeiam cada vez mais normativos deproibição acompanhados das soluções res-pectivas, pelo menos no tocante a tanquesque estocam produtos químicos corrosi-vos. Realmente, estocar produtos químicosem tanques de concreto e metálicos, semque haja qualquer tipo de vazamento, não

T chega a ser missão impossível, mas neces-sita de conhecimento e muita tecnologia.Caso contrário, apenas alguns meses de-pois, sinais de deterioração tornam-se apa-rentes. A maioria, se não todas as indústri-as estocam produtos químicos corrosivosou não essenciais à sua operação. Óleoscombustíveis e diesel são consideradoscombustíveis primários. Hidróxido de só-dio (soda cáustica), hipoclorito de sódio eácido sulfúrico são utilizados quase que ge-nericamente por indústrias, particularmen-

te as que processam alumínio, estações detratamento etc. Hoje, dispomos de tecnolo-gia de proteção, associada a novos políme-ros capazes de, uma vez bem dimensiona-dos, protegerem tanques, sejam eles gran-des ou pequenos, de concreto ou metáli-cos. Contudo, acidentes acontecem. Jun-tas podem apresentar vazamentos, paredesde concreto armado, protendido ou metáli-cas corroem, além de mudanças na utiliza-

Todo tanque industrial deve ter sua própria adequação achamada proteção secundária. Trata-se de uma baciatotalmente estanque ao protudo químico específico.

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ção destes tanques também são comuns. Oresultado são vazamentos de produtos cor-rosivos para o solo, atingindo o lençol fre-ático que nos abastece. É importante, obri-gatório e normativo, hoje, bacias de con-tenção ou proteção em torno dos tanques,de modo a impedir o ataque à mãe natureza.É a chamada impermeabilização ou conten-ção secundária, citada pela nova normaABNT NBR 17505-2 cujo objetivo é conterrespingos e vazamentos dos tanques decontenção primários e dos sistemas quetransportam os produtos químicos corrosi-vos. Muitas indústrias, pequenas e gran-des, ainda não atinaram para este impor-tante dispositivo e continuam a poluir a sua,a minha, a nossa terra, até que órgãos ambi-entais de controle vejam e apliquem pesa-das multas. Bacias de contenção secunda-ria, como o próprio nome alerta, não neces-sitam ter a mesma sofisticação protetora apli-cada nos tanques primários. Contudo, é ne-cessária tecnologia para protegê-las.

Diretrizes para protegerbacias de contenção

Para selecionar a tecnologia adequada àproteção das bacias de contenção secun-darias, precisamos considerar os seguin-tes fatores:• Grau de segurança necessário;• Poder tóxico ou de periculosidade do va-

zamento químico;• Possibilidades de respingos e vazamen-

tos;• Exposição química e sua concentração;• Variações de temperatura do ambiente e

dos tanques;• Duração de exposição, da detecção ou

conhecimento e os planos de controle elimpeza;

• O tempo de vida (durabilidade) do siste-ma de proteção;

• Exposição durante a operação.

A primeira consideração a ser analisada re-fere-se ao perigo e às responsabilidadesadvindas de respingos ou vazamentos dostanques primários. Produtos químicos tóxi-cos ou perigosos exigem altos níveis desegurança, o que significa dizer que a tec-nologia empregada na proteção/impermea-bilização dos tanques primários deverá serempregada nas bacias de contenção secun-daria. Evidentemente, para produtos quí-micos menos tóxicos, exigir-se-á níveis me-nores de segurança.

Bacias de proteção em concreto

Contenção secundaria, na verdade, incluivigas de parede dupla, tubulação revestin-do outra tubulação, membranas de PVCaderidas, membranas plásticas armadascom fibra e concreto polimérico. Não é pre-ciso ser catedrático para afiançar que o bome velho concreto é campeão em matéria decontenção secundaria por ser barato, re-sistente (não tanto) e de fácil construção.Bacias, calhas, canaletas e forros são es-

truturas comuns de contenção feitas deconcreto, geralmente armado. Esta revista,no entanto, tem apresentado inúmeras ma-térias em que deixa claro que concreto (ar-mado) sozinho, só tem força física. Sua re-sistência química é tão nula quanto inócua.O guia técnico AC1515.1R do AmericanConcrete Institute apresenta uma lista(enorme) dos produtos que sensibilizam oconcreto, apresentando os respectivos efei-tos. Soluções cáusticas, sejam ácidas oubásicas, simplesmente desintegram o con-

Todas as instalaçõesque contenham

tanques deverão terbacias de contenção

específicas para oproduto químico

estocado. Aimpermeabilidade

química da bacia, ouseja, a proteção

secundária, deverá serfeita com produtos

cimentícios e/oupoliméricos

resistentes, específicoscontra o produto

estocado no tanque.

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tras podem ser simplesmente preenchidascom uma infinidade de adesivos.

O revestimento paraas bacias de concreto

Falar em revestimento líquido para a prote-ção da superfície do concreto significa fa-lar em epóxi novolac e epóxi novolac ester-vinilico que poderão ser aplicados com al-guns ingredientes:• Com tecido próprio, de modo a encorpar

uma espécie de armadura à película;• Com flocos ou fibras, de modo a estrutu-

rar a película;• Puras, formando uma película conven-

cional.O contato do produto químico corrosivocom a bacia secundaria de proteção deverá

creto. Sua rede de capilares forma uma for-midável malha viária, viabilizando o trans-porte dos contaminantes concreto adentro,com direito a banhar armaduras e cabos deprotensão. Isto, sem contar a inerente quan-tidade de fissuras e trincas, verdadeirasauto-estradas concreto adentro. Assim, evi-dentemente, torna-se obrigatório revestir opobre do concreto, seja com PVC aderidoespecífico ou com revestimento epóxico no-volac, estruturados ou não, de modo a tor-ná-lo estanque ao ataque químico. Concretonão é um material 100% homogêneo, unifor-me e, mais importante, possui algumas ca-racterísticas físicas que traduzem sua confi-abilidade, ajudando na escolha do revesti-mento de proteção. A primeira característicasobressai: sua condição superficial, quepode variar muito. Sua composição e o lan-

çamento definem duas outras característicasimportantes para a situação em questão, querdizer o revestimento que será aplicado so-bre ele, faz de sua resistência à tração umaspecto importante. Diversos revestimentosou produtos de proteção podem exercer ten-são de tração em sua superfície superior ado concreto. Todo aquele processo de retra-ção, movimentação térmica, suas juntas dedilatação e controle são fatores que devemser considerados no design do revestimen-to protetor. Estruturas antigas apresentamcaracterísticas diferentes das novas. Estasúltimas sofrem todo aquele processo que,invariavelmente, produz fissuras e trincas emsua superfície. As antigas não. Por falar emtrincas, é preciso saber se são ativas ou ina-tivas. As primeiras deverão ser tratadas pro-vavelmente como junta de dilatação. As ou-

Tanques e produtos altamente corrosivos geralmente deverão ter a proteção secundária na forma de bacias protegidas com revestimentos bemdimensionados para resistir ao ataque químico.

EPÓXI 28 FLEXTele-atendimento

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ser evitado ao máximo. Caso ocorra, a tur-ma de manutenção deverá entrar em ação,neutralizando-o logo. Desta forma, a prote-ção ficará sempre em boas condições. Casoa película de proteção seja atacada, criandoum buraco na proteção, dever-se-á repará-la imediatamente. De outra forma, o produ-to químico entrará concreto adentro, esta-belecendo condições extremamente corro-sivas em seu interior, a começar pela dife-rença de pH. É muito mais barato repararuma película de proteção que o concreto esuas armaduras.

Revestimentos não estruturados

Na maioria das vezes, o que se aplica paraprodutos corrosivos são revestimentos àbase de novolac com ou sem estervinílicos,na base do rolo, aplicando-se espessuras de,no máximo, 500 micrômetros. Oferecem boaresistência química e são relativamente ba-ratos e fáceis de aplicar. Usualmente, utiliza-se como base argamassas cimentícias poli-méricas que também oferecem alguma prote-ção. O grande problema é que estruturas detanques e bacias de concreto trabalham, de-senvolvendo fissuras e trincas. A películaassim aplicada, solidária ao concreto, tam-bém fissurará. Desta forma, portanto, tornam-

se necessários reparos na película, o que levaa concluir que revestimentos rígidos, não es-truturados, são idealmente aplicados nas ba-cias de contenção secundaria, sujeitos a ata-ques ocasionais e onde é possível monitorara película de proteção. Com o advento dasformulações de epóxis novolacs semi-rígidose flexíveis, a película ganha revestimento eimpermeabilidade, acomodando-se à movi-mentação da estrutura, sem sofrer fissuras.

Estruturando o revestimento

De um modo geral, quando produtos quí-micos altamente corrosivos são escaladospara entrar em campo, quer dizer, fazer con-tato com o concreto, é preciso investir maisno sistema de proteção. Basicamente, utili-zar-se misturas incorporadas, com espes-sura da ordem de 3mm e formadas com teci-dos especialmente desenvolvidos para usi-nas novolac. Nas situações onde há ácidosminerais concentrados e produtos cáusti-cos incorporam-se tecidos especiais à basede fibra sintética, na formação de películade proteção. Uma outra versão é a aplica-ção direta de manta de PVC especialmenteaderida às superfícies. A relação de resinabasear-se-á na resistência química deseja-da. Lembremo-nos que não existe revesti-

REFERÊNCIAS• Patrícia Karina Tinoco é engenheira civil,

especialista em química e física da constru-ção.

• Basic Corrosion. Houston, TX: NACE Inter-national.

• Olorunniwo, O.E. and B.I. Imasogie. “Inter-nal Corrosion Monitoring and Control in SourGas Systems”.

• Peabody, A.W., R. Bianchetti ed. Peabody’sControl of Pipeline Corrosion.

• L.M. Tata - Oil and gás corrosion.

fax consulta nº 10

Para ter maisinformações sobreProteção Secundária.

Governos municipais, estaduais e federais e seusórgãos regulamentadores já dispõem de normasespecíficas que regulamentam a chamada proteçãosecundária.

mento 100% impermeável. Assim, quantomais espesso, mais difícil de ser penetrado.

Revestimentos com flocos e fibras

Epóxis novolacs ou epóxis novolacs ester-vinílicos frequentemente são encorpados,em sua composição, com flocos extremamen-te pequenos e finos ou então com fibrasmuito pequenas, que garantem uma curtaestabilidade à película de proteção. A espes-sura recomendada é da ordem de 1 a 2 mm.Estes sistemas são indicados para situaçõesonde há produtos químicos corrosivos, combaixa ou média concentração e cujo ataquenão seja constante.É preciso entender queflocos e fibras dão estabilidade à película,mas sem aquela continuidade própria dostecidos estruturantes que, no final das con-tas, garantem total resistência à propagaçãode trincas e fissuras. Por falar em estabilida-de, os epóxis novolacs, com ou sem estervi-nílicos, aplicados com desempenadeira deaço (bem tixotrópico) oferecem melhor im-permeabilidade à proteção de químicos queos mesmos sistemas aplicados com rolo ouspray. Isto, pelo fato de que a desempena-deira orienta os flocos e fibras numa confi-guração mais densa e impermeável que ossistemas aplicados com rolos ou spray. Umaoutra vantagem é que a desempenadeira for-ça o revestimento de encontro a pequenosfuros e cavidades, promovendo uma pelícu-la mais homogênea e estável.

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fSurvey Practice

ão existem dois ambientes igualmen-te corrosivos e não há como padro-nizá-los. A dificuldade origina-se a par-

tir da natureza dinâmica das variáveis de cadaambiente e suas complexas interações si-nergísticas. Naturalmente, torna-se alta-mente desejável caracterizar a corrosivi-dade dos nossos ambientes, de modo aeliminar surpresas, pelo menos em rela-

ção a obras novas.

Fatores que afetam a corrosividade

Ambientes atmosféricos são classificados emquatro categorias:

N

Continua na pág. 22

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Um ambiente marinho é caracterizado pela proxi-midade do mar e sua catastrófica atuação juntoa praticamente todos os materiais estruturais,aumentando a corrosão galvânica e acelerandoa deterioração de películas de proteção. Os ter-roristas mais conhecidos neste ambiente são osíons cloretos, da facção salina do cloreto de só-dio. O ambiente industrial está associado a umagrande diversidade de indústrias, que produzememissões atmosféricas poluidoras, baseadas nagrande família dos óxidos de enxofre (SOx), cuja

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maior ramificação pertence às famí-lias dos sulfetos (SO2) e sulfatos(SO3) que, invariavelmente estãoacompanhados de menores quanti-dades de óxidos de nitrogênio(NOx), como o NO2, porções deamônia e seus sais, NH3 e NH4, to-dos sempre acompanhados do in-defectível sulfeto de hidrogênio,vulgo ácido sulfídrico, H2S. No caosurbano, os principais contaminantessão os óxidos de nitrogênio, NOx,proveniente dos automóveis. Logoatrás, aparecem os óxidos de enxo-fre, SO2, descolados dos veículospesados. Finalmente, na tranqüili-dade rural não há muito que falar.Estes valores, monitorados há 20anos, seguramente, já foram altera-dos em razão da atuante e modernatecnologia de controle da poluição,principalmente nas regiões indus-triais, nestes últimos 10 anos. Refe-rimo-nos, em particular, às emissõesdos SOx. Um time de fatores inte-ressantes contribui para a obtençãode surpresas nos valores monitora-dos. Fatores climáticos cada vezmais intensos, seu pH a velocidadee a direção dos ventos, além, claro,da umidade relativa, influenciam so-bremaneira a incidência da radiaçãosolar/ultravioleta, a massa térmica ea temperatura das superfícies que,por sua vez, alteram muito os pro-cessos de condensação ou evapo-ração da umidade absorvida. Asmaiores supresas ficam por contados corroentes transportados pelovento e pela chuva. Todos estes fa-tores, na prática, não atuam comoentidades separadas e sim de forma

O ar atmosférico é o responsávelpor reações em pinturas de

proteção, nas edificações, queacabam por liquidá-las.

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fSurvey Practice

A corrosividade pelo método daperda de peso (PP)

Para caracterizar a corrosividade de ummicro ambiente, é de praxe expor amos-tras de materiais, na forma de cupons, ge-ralmente de aço carbono, que corroem demaneira padronizada no local, quantifi-cando-se os danos ou a perda de suamassa, produzidas pela corrosão. Estescupons, geralmente com tamanho de 10cm x 15 cm são medidos, de forma contí-nua, determinando-se a perda de massa,o que nos dá a velocidade da corrosão.Ou seja, remove os produtos da corrosãopesando-se, a seguir, os cupons. Efeitossazonais costumam incidir de forma pe-sada no monitoramento dos cupons, ra-zão pela qual se costuma exigir de um adois anos de monitoramento para carac-terizar a corrosividade de um micro ambi-ente. Um outro aspecto que não costuma

do apenas a necessidade do meio ambi-ente considerado como um todo. Qualquerprocesso de corrosão, basicamente, é vis-to como uma diferença entre, pelo menos,duas medidas efetuadas em um intervalode tempo. A medição da corrosão é feitareconhecendo-se mudanças tanto na es-pessura do aço, através de equipamentoultrassônico ou de resistência elétrica,como pela perda de peso.

Este monitor da corrosão atmosférica é uminstrumento eletrônico que produz leituras emtempo real do nível de reatividade corrosiva doambiente, da umidade relativa e da temperatura.Estes dois últimos fatores interferemdiretamente na velocidade da corrosão. O usocontínuo deste equipamento permite açãopreventiva, antes que a corrosão promovaserviços de tratamento custosos.

interagida e significativa. Com toda estasalada de variáveis, costuma-se, de for-ma pragmática, ignorar determinados as-pectos climáticos particulares, observan-

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res já apresentados, como a temperaturada superfície, direção do vento, chuvas eprodutos da corrosão atuantes nas su-perfícies. O monitoramento da corrosivi-dade de um microambiente pelo métododos cupons é normatizado pela ASTMG-92, “Prática para caracterização de testesatmosféricos em micro ambientes”.

A corrosividade pelo método daresistência elétrica (RE)

De um modo geral, o método da perda depeso é bom, mas tem uma grande desvan-tagem: a velocidade da corrosão é estabe-lecida com base em uma média de tempo demonitoramento. Ou seja, não fornece indi-cação da velocidade da corrosão em temporeal ou de forma freqüente. Assim, se for-mos considerar um período curto de moni-toramento, o resultado pode não ser indi-cativo da velocidade. A resistência elétricade um fio de aço é função de sua geometria,de sua resistividade especifica e é direta-mente proporcional ao seu comprimento, in-versamente proporcional à sua seção reta ediretamente proporcional à resistividade do

dar bons resultados é a tentativa de cor-relacionar a concentração do corroente

com a perda de peso, quer dizer, com acorrosão, em razão de interação de fato-

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Este monitor da condição ambiental é idealpara micro-ambientes industriais. Fornece avelocidade da corrosão, a umidade relativa,temperatura e a pressão diferencial. Possuium analisador de dados opcional. Permite apesquisa constante de micro ambientes e umarápida detecção de qualquer deterioração quepossa resultar em danos nos equipamentoscaros e sofisticados. A rápida detecção dascondições de umidade, temperatura ecorrosividade ambiente permite açõescorretivas, antes que ocorram danos eminstalações, computadores etc. A velocidadeda corrosão é evidenciada por luzespadronizadas pela classificação ISA ambiental.

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REFERÊNCIAS• Joaquim Rodrigues é engenheiro civil,

mestre em corrosão, membro de diversosinstitutos nos EUA, em assuntos de patolo-gias da construção, É editor e diretor da RE-CUPERAR, além de consultor de diversasempresas.

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aço. Assim, se um “sensor” elétrico, de ge-ometria conhecida, é exposto a um micro-ambiente, poder-se-á acompanhar as mu-danças que o mesmo sofrerá em sua geo-metria e, portanto, em sua resistência elétri-ca, devido ao processo de corrosão queatuará sobre o mesmo. Para otimizarmos aleitura encapsula-se, no corpo do sensor,um outro metal que servirá como referên-cia, com a mesma geometria, mas que nãoesteja diretamente exposto ao ambientepara a compensação da temperatura.

Monitorando oscontaminantes do local

O monitoramento de fatores climáticos ede ambientes, por si só, não nos dá umprognóstico da corrosividade de um úni-co ambiente. Entretanto, este monitora-mento é útil para identificar as espécies (enaturalmente suas concentrações) que têmculpa no cartório, em relação ao processode corrosão atuante. Entre os principais

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Para ter maisinformações sobreAnálise.

contaminantes, fáceis de monitorar, estãoos cloretos, o dióxido de enxofre e o dióxi-do de nitrogênio. Íons cloretos, presentesno ar marinho, podem ser capturados como dispositivo “vela úmida” para análisesubseqüente. No interessante trabalhoapresentado recentemente pelos pesqui-sadores Gilson Roche, Carmem de Andra-de, Ivo Padaratz e José Carlos Borba, noXI Encontro Nacional de Tecnologia noAmbiente Construído, em Florianópolis,SC, intitulado “Deposição de cloretos emzona de atmosfera marinha: comportamen-to sazonal e sua relação com estruturas deconcreto”, comprovou-se que a deposiçãode cloretos sofre forte influência do ventocom períodos claros de maior presençadeste sal quando os ventos são mais in-tensos. A relação entre a deposição de clo-retos e sua acumulação nas estruturas deconcreto segue uma função da raiz qua-drada da deposição acumulada. Afastan-do-se do mar, determina-se uma reduçãoacentuada na oferta de cloretos para pe-

A concentração de cloretos no concretoNo estudo apresentado por Carmem An-drade e outros, no ENTAC 2006, foramobtidos perfis de cloretos para distintasdistâncias em relação ao mar e períodos

de exposição, ocorrendo a clássica ten-dência de crescimento das concentraçõescom o aumento da relação água/cimento ecom o tempo.

netração no concreto, mas que ocorre deforma lenta, indicando que a relação entrea deposição e os cloretos que penetramnas estruturas de concreto armado-proten-dido não é linear.

Relação entre deposição acumulada de cloretos e concentração total média no concreto.

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método mais popular de melhoria de solosmoles em todo o Brasil. Seu grande segre-do reside no fato de combater, de forma efi-ciente, o enorme excesso de poropressão,produzido em sua execução. Nesta matéria,descreve-se uma das maneiras triviais decálculo do CPR, com a análise de elemen-tos finitos, de modo a se conhecer melhorseu comportamento.Indiscutivelmente, confirma-se a superiori-dade do CPR em relação às demais técnicasde consolidação de solos moles, como porexemplo, o aterro temporário, devido prin-

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cipalmente aos fatores prazo, preço e efici-ência da consolidação para grandes pro-fundidades.

Com o pé na lama

Solo mole é um dos principais problemasdentro da engenharia civil. À medida quese aumenta o domínio das cidades, quaseque rotineiramente, depara-se com áreas desolos moles que, até bem pouco tempoatrás, era inviável qualquer idéia de cons-trução, particularmente de casas populares.

aravilhas tecnológicas e enge-nharia sempre andaram de mãosdadas, a saltitar. Dos “efeitos es-

peciais” que deslumbravam egípcios e ro-manos aos detalhes inventados pelos en-genheiros daquela época para seus proje-tos, diante de imperadores e faraós boquia-bertos, passando pela utilização de ensai-os de penetração e análises numéricas, tudoconduz à verdade: a arte é uma característi-ca inerente à engenharia.De forma inquestionável, Compactação Pro-funda Radial ou CPR está se tornando o

M

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Existe maneira mais moderna, inteligente e barata para consolidar solos sem resistência em grandes áreas.

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COMPACTAÇÃO PROFUNDA RADIAL(CPR)

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A técnica de consolidação CPR tem comocaracterística o bombeamento, a alta pres-são, de um grout específico, de maneira anão fraturar o solo, permitindo sua compac-tação e o aumento da densidade do solo

mole, circundado por geodrenos especiaispreviamente instalados, aumentando-sesua capacidade de carga. A estratégia noposicionamento dos geodrenos é de fun-damental importância, pois acelera a dissi-

pação do excesso de poropressão, encur-tando significativamente o tempo de con-solidação do solo mole em toda a sua pro-fundidade.Para a análise teórica do CPR, através de ele-mentos finitos, escolhemos uma região nacidade de Recife, terra de solos moles e ondese desenvolve corriqueiramente este tipo detrabalho. Apresentamos, a seguir, o desen-volvimento do modelo analisado, caracteri-zado por fileiras de furos onde foram insta-lados previamente geodrenos especiais en-tremeados por furos subseqüentes onde fo-ram executadas as “colunas” do grout.

O modelo executado

Estudos de modelos de consolidação desolos moles com formação de bulbos de groutsão conhecidos e perfeitamente aceitoscomo grandes esferas executadas de baixopara cima e que se expandem dentro da mas-sa de solo, gerando um complexo sistema detensões tangencial e radial ao longo de todaa profundidade do solo em questão. Eviden-temente, estas tensões promovem grandequantidade de deformações cisalhantes, as-sociadas a regiões de ruptura plástica em

A introdução de tubulação para o bombeamento da CPR.

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torno dos bulbos esféricos formados. Àmedida que se aumenta o afastamento dainterface grout/solo, as deformações tornam-se elásticas. Como o comportamento de todosolo é inerentemente dependente de suadensidade, torna-se necessário estabelecerum modelo elasto-plástico para o solo querepresente o efeito da densidade. O modeloadotado foi o de uma esfera, que assume ummovimento expansivo e que, consequente-mente, causa uma ruptura por cisalhamentocônico acima do bulbo esférico.

Para o modelo de consolidação radial asso-ciado a geodrenos, a teoria de Barron for-nece todas as soluções necessárias tantopara a velocidade de recalque quanto paraa dissipação do excesso de poropressãocriada. Utilizou-se o conhecido programaPLAXIS FEM para simular o comportamen-to do CPR no solo mole em questão. Destaforma, simula-se perfeitamente o efeito deconsolidação da massa de solo circundan-te, através da dissipação radial do excessoda poropressão, na medida em que se inse-re um modelo de seção padrão associadoaos parâmetros do solo pertinentes. Utili-zou-se, para análise numérica, o modelo elas-to-plástico de Mohr-Coulomb, associado a

Ruptura por cisalhamentocônico acima do bulboesférico.

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uma rede teórica que evidencia os efeitosde consolidação e das deformações duran-te o processo de bombeamento do grout,ou seja, durante o aumento dos bulbos es-féricos. No programa PLAXIS é possível tam-bém especificar o comportamento não drena-do na análise das tensões efetivas.

O comportamento do modeloadotado

O perfil do solo analisado, com 16 metrosno total, tem 1 metro de aterro, 9 metros desolo argiloso mole e, finalmente, um soloarenoso resistente com 6 metros de espes-

ou consolidação do solo para viabilizar aconstrução de casas populares geminadas

sura, seguido de mais areia grossa. A ques-tão, simples e direta, é a seguinte: estacas

A consolidação do solo em andamento com o bombeamento do CPR neste terreno onde há uma capa de aterro com 0,80cm e 8m de solo mole abaixo.

Perfil dosoloanalisado.

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com dois andares? Em uma pequena anÁli-se, excluiu-se a solução por estacas, devi-do a mais que certa visita do sinistro efei-

to do atrito negativo nas estacas por cau-sa da camada de solo mole. Das técnicasde consolidação resultantes analisadas,

CPR e aterro temporário, escolheu-se a pri-meira devido aos inerentes benefícios deprazo, preço e capacidade de tratamento detoda a capa mole. Para o estudo, procede-ram-se simulações do modelo, de modo aavaliar-se o melhor procedimento executi-vo. O critério estabelecido foi o seguinte:1. Execução de bulbos até encontrar-se no

manômetro 25 kg/cm2 ou,2. 140 litros de grout para cada 30cm de

bombeio ou,3. 13mm de levantamento do greide con-

siderado.4. Caso haja excessivo consumo de grout,

sem que apareça qualquer aumento napressão do manômetro, far-se-á novaslinhas de furos (tanto para geodrenoscomo para grouteamento).

As figuras abaixo, apresentam um corte nosolo em tratamento, onde há presença eausência de geodrenos, após a formaçãode bulbos com uma pressão máxima de

As “colunas” do grout com e sem geodrenos e o efeito de levantamento do greide.

GLOSSÁRIO

1kg/cm2 – 100kPa1kN/m2 – 1kPa1ton – 10kN

Geodreno purgando durante o CPR.

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0,8kg/cm². Observou-se, como era espera-do, que a presença de geodrenos reduziusignificativamente o levantamento do grei-de. Com base na análise do modelo, ob-servaram-se relações do aumento da pres-são de bombeio com o diâmetro dos bul-bos executados, considerando-se a capade aterro com 1m existente. Observou-setambém que durante a formação de cadabulbo, há a seguinte relação: para cada2kg/cm² de pressão no manômetro, o raioaumenta em 20cm, o que equivale a quan-

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o bulbo faz para cima iguala-se ao peso deum cone de solo, acima do bulbo, mais aprópria resistência que este cone faz parabaixo. Como a resistência não drenada dosolo mole é relativamente pequena, a re-sistência que realmente importa, quandoocorre o levantamento do solo, deve-seexclusivamente à capa de aterro. A figuratambém nos mostra que a intensidade dolevantamento é proporcional à quantida-de de furos do CPR. Para este estudo, di-mensionou-se uma malha de furos espa-

tidade de 150 litros de grout bombeado.Desta forma, atende-se ao critério previa-mente estabelecido. Na figura acima, à di-reita, verifica-se o levantamento do solo àmedida que se aumenta a pressão no bom-beamento do grout. Observa-se um rápidoaumento no greide do solo quando a pres-são no manômetro ultrapassa 80kPa, o quesignifica que o solo está submetido a umcomportamento plástico ou, em números,equivale a, aproximadamente, o peso dacamada de aterro. Com base na teoria daruptura cônica do solo, estabelecida porEl-Kelesh, comprova-se que quando se ini-cia o levantamento do solo, a tensão que

çadas de 10m no formato triangular comum geodreno no meio.Com base na análise numérica, a pressãode trabalho no manômetro não poderá ul-

uma redução de cerca de 50% no efeito dolevantamento do solo, se compararmos asituação sem geodrenos. Desta forma, se-gundo a figura, poder-se-á com a utiliza-

trapassar 100kPa, de modo a atender o cri-tério levantamento. Conseqüentemente,quanto maior a malha de furos do CPR,menor a pressão de trabalho. O efeito dosgeodrenos, na consolidação do solo, como CPR é apresentado na figura inferior. Ob-serve que o efeito do levantamento do solocom geodrenos instalados é semelhante àcondição sem geodrenos para tensões detrabalho de 80kPa. É interessante obser-var que a execução do CPR com tensõesde trabalho inferiores a 100kPa significa

Relação entre a pressão do bombeio com o diâmetro do bulboformado na profundidade de 5m. Variações entre o levantamento do solo e a pressão do bombeamento.

Disposição dos furos doCPR com os geodrenos.

Continua na pág. 34

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ção de geodrenos e, de acordo com o cri-tério estabelecido de levantamento dosolo, utilizam-se tensões de trabalho deaté 130kPa. Observou-se também que, au-mentando-se a quantidade de geodrenosna malha do CPR, diminui o efeito do le-vantamento do solo. Notou-se que o ex-cesso da poropressão, gerado pela forma-ção dos bulbos e os conseqüentes recal-ques associados é totalmente dissipadoem prazos curtíssimos, de no máximo 30dias, se considerarmos a mecânica execu-tiva da técnica. A intensidade do levanta-mento do solo apresentado é, na verdade,um somatório de movimentos decorrentesde deformação do solo, tanto para baixoquanto para cima (e para os lados) que, nofrigir dos ovos, significa a ultra benéficaocorrência antecipada dos recalques fu-turos. Portanto, a asserção de que a con-solidação é efetuada com base no levan-

tamento do solo, naturalmente consideran-do um determinado volume de grout bom-beado é inteiramente verídica. Mas ainda,uma redução no levantamento do solo sig-nifica mais eficiência na consolidação. Jáque falamos em eficiência, o modelo comelementos finitos utilizado, o PLAXIS, caiucomo uma luva para a verificação dos cri-térios de projeto e de execução do CPR, naredução do excesso da poropressão e,como conseqüência, na consolidação desolos moles. Outras conclusões, tambémimportantes informam que o volume dobulbo aumenta à medida que aumenta apressão no manômetro. Uma pressão limi-te de 200kPa, corresponde a um estágioonde o volume de grout mandado é de150litros.

REFERÊNCIAS• Jorge L. F. de Almeida é professor e enge-

nheiro de fundações.

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Para ter maisinformações sobreSolos.

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• Chai, J. C. And Miura, N. (1999). “Investigationof factors affecting vertical drain

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Vista panorâmica do local de execução do CPR, em Recife, PE. Asfotos menores mostram os serviços de construção de casas

populares após a consolidação do solo.

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