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Departamento de Artes e Design O FAZER-PENSAR DO DESIGN ESTRATÉGICO: A TRANSFORMAÇÃO DO PLANO ENTRE MÍDIAS FÍSICAS E DIGITAIS COMO FONTE DE INOVAÇÃO Aluno: Anna Mendes Orientador: Cláudio Freitas de Magalhães 1- Introdução A partir do início dos anos 90 se observou o crescimento do interesse na área do Design sobre os aspectos que antecedem a concepção de produtos, definidos como os conteúdos concernentes a um Design Estratégico (Magalhães, 1994). Tanto o exercício profissional quanto o ensino e a pesquisa do design passaram a demonstrar interesse sobre este tema e a incorporar discursos e práticas voltadas principalmente para a fase anterior à definição do projeto e do produto a ser desenvolvido. Nesta fase, de carácter principalmente analítico, busca-se um entendimento da situação de projeto e uma maior fundamentação da definição do produto. Utiliza-se para isso uma série de métodos para análises do ambiente de negócios, mercadológico, tecnológico, social e cultural, oriundas de diversas áreas do conhecimento. O Design Estratégico absorveu inicialmente a cultura do Marketing e da Gestão da Qualidade. As consultorias de design no Brasil foram influenciadas pelo contato com as agências de publicidade que terceirizavam a maioria dos projetos que não fossem anúncios e publicidade. E o Branding, que foi a base teórica de sustentação do discurso estratégico do design e que permanece até o momento, também teve sua origem na área da administração de marcas. Assim, o Design Estratégico foi se estabelecendo. O discurso estratégico do design de algum modo foi sendo incorporado ao do universo da administração, em especial através do “Design Thinking” (CROSS, 2001) e sendo divulgado por Tim Brown (2009) e seu estúdio IDEO (http://www.ideo.com). Verifica-se portanto, que o Design Estratégico, não pouco pertinente e necessário em um primeiro momento, representa um dos paradigmas preponderantes no ensino e principalmente na prática profissional nos dias atuais. Desta maneira, verifica-se uma ênfase no processo analítico e um desequilíbrio entre os fundamentos do design, especialmente em detrimento do conhecimento e vivência dos elementos básicos da forma e da composição. Ou seja, estratégias centradas no núcleo da concepção de produtos, oriundas de uma experimentação na ação são restritas a uma fase de síntese, plenamente delineada por uma fase analítica do projeto, e por um briefing de produto que não contempla investigações no campo da materialidade ou da configuração. Esta situação é determinada pela utilização de uma estrutura restrita do método de design, especificamente onde se determina uma rígida distinção entre uma fase analítica anterior e uma fase de síntese posterior. 2- Objetivos Esta pesquisa visa desenvolver um estudo comparativo entre o bordado manual (tradicional) e o digital (mecanizado), a partir da sistematização e referências da máquina de bordado, propondo experimentos tridimensionais, alterando sua estrutura clássica. Pretende também, investigar a potencialidade estratégica de inovação da geração de seus conceitos e soluções a partir da exploração da transformação do plano, antecipando a definição de problemas e/ou oportunidades de projeto. Para isso, é necessário ter conhecimento do contexto prévio dos produtos a serem produzidos a partir do bordado e materiais para

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Departamento de Artes e Design

O FAZER-PENSAR DO DESIGN ESTRATÉGICO: A

TRANSFORMAÇÃO DO PLANO ENTRE MÍDIAS FÍSICAS E

DIGITAIS COMO FONTE DE INOVAÇÃO

Aluno: Anna Mendes

Orientador: Cláudio Freitas de Magalhães

1- Introdução

A partir do início dos anos 90 se observou o crescimento do interesse na área do

Design sobre os aspectos que antecedem a concepção de produtos, definidos como os

conteúdos concernentes a um Design Estratégico (Magalhães, 1994). Tanto o exercício

profissional quanto o ensino e a pesquisa do design passaram a demonstrar interesse sobre

este tema e a incorporar discursos e práticas voltadas principalmente para a fase anterior à

definição do projeto e do produto a ser desenvolvido. Nesta fase, de carácter principalmente

analítico, busca­se um entendimento da situação de projeto e uma maior fundamentação da

definição do produto. Utiliza­se para isso uma série de métodos para análises do ambiente de

negócios, mercadológico, tecnológico, social e cultural, oriundas de diversas áreas do

conhecimento. O Design Estratégico absorveu inicialmente a cultura do Marketing e da

Gestão da Qualidade. As consultorias de design no Brasil foram influenciadas pelo contato

com as agências de publicidade que terceirizavam a maioria dos projetos que não fossem

anúncios e publicidade. E o Branding, que foi a base teórica de sustentação do discurso

estratégico do design e que permanece até o momento, também teve sua origem na área da

administração de marcas. Assim, o Design Estratégico foi se estabelecendo. O discurso

estratégico do design de algum modo foi sendo incorporado ao do universo da administração,

em especial através do “Design Thinking” (CROSS, 2001) e sendo divulgado por Tim Brown

(2009) e seu estúdio IDEO (http://www.ideo.com). Verifica­se portanto, que o Design

Estratégico, não pouco pertinente e necessário em um primeiro momento, representa um dos

paradigmas preponderantes no ensino e principalmente na prática profissional nos dias atuais.

Desta maneira, verifica­se uma ênfase no processo analítico e um desequilíbrio entre os

fundamentos do design, especialmente em detrimento do conhecimento e vivência dos

elementos básicos da forma e da composição. Ou seja, estratégias centradas no núcleo da

concepção de produtos, oriundas de uma experimentação na ação são restritas a uma fase de

síntese, plenamente delineada por uma fase analítica do projeto, e por um briefing de produto

que não contempla investigações no campo da materialidade ou da configuração. Esta

situação é determinada pela utilização de uma estrutura restrita do método de design,

especificamente onde se determina uma rígida distinção entre uma fase analítica anterior e

uma fase de síntese posterior.

2- Objetivos

Esta pesquisa visa desenvolver um estudo comparativo entre o bordado manual

(tradicional) e o digital (mecanizado), a partir da sistematização e referências da máquina de

bordado, propondo experimentos tridimensionais, alterando sua estrutura clássica. Pretende

também, investigar a potencialidade estratégica de inovação da geração de seus conceitos e

soluções a partir da exploração da transformação do plano, antecipando a definição de

problemas e/ou oportunidades de projeto. Para isso, é necessário ter conhecimento do

contexto prévio dos produtos a serem produzidos a partir do bordado e materiais para

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protótipos, disponibilizados em chapas planas como plástico e papéis e técnicas digitais.

Partindo, portanto, da solução para o aprofundamento do produto, por meio da criação de

protótipos e soluções formais genéricas, encontrando o foco do projeto. Assim, a situação do

projeto é induzida pela solução.

3- Metodologia

A pesquisa iniciou com uma aproximação da tecnologia do bordado automático.

Foram realizados cursos técnicos no programa de desenho específico CAD-CAM

(Embroidery Studio Wilcom 3.0) e sobre o manuseio e operação da máquina (Barudan).

Foram realizadas aplicações dos diversos recursos técnicos disponíveis e pesquisa de

materiais (linhas e suportes). A partir desta aproximação, iniciaram intervenções no bordado

automático.

Foram feitas pesquisas iconográficas de produtos desenvolvidos com bordados

automáticos e bordados tradicionais inovadores.

O registro sistemático por meio de fotos, pequenas filmagens, seguidas de análise da

configuração estética e classificação desta geração também foi realizado, e serviram como

reflexão sobre o processo criativo e para decisões de aperfeiçoamentos e mudanças

necessárias ao longo do processo, assim como, para a exploração concentrada nos modelos

promissores.

Por fim, associações dos modelos tridimensionais criados foram aplicadas através de

técnicas de bordado automático e tradicional.

4- Os bordados durante os anos Diferente dos outros artesanatos têxteis, o bordado teve sua origem como uma função

estética e não utilitária, e por isso se tornou um produto atraente para a população. É uma

maneira de elaborar diferentes formas ornamentais e desenhos, a mão ou na máquina,

utilizando ferramentas como agulhas, linhas de algodão ou sintética, lã, diversos tecidos,

entretela, metais, etc. Sua estrutura clássica está na criação dessas formas em um plano 2D,

com pontos mais usados como: Ponto Cheio, Ponto Cruz e o Tatami, principalmente quando

feitos pelo modo tradicional, ou seja, manualmente. Quando se trata do uso da tecnologia

digital, as possibilidades são ampliadas, gerando novas formas e texturas.

Há relatos de que o bordado seja um dos artesanatos mais antigos, surgido mais de 30

mil a.C, logo após a descoberta da agulha. Por serem executados em tecidos, os bordados

mais antigos, muitos não se conservaram. Para identificar suas formas e existências, é preciso

observar os antigos monumentos, esculturas, pinturas e gravuras, onde são representados.

Assim, foi observado que eram usados desde a pré-história, pois encontraram Ponto Cruz na

união de suas roupas. A base desta afirmação é referente a um fóssil encontrado na Rússia,

que possuía vestes adornadas com ângulos de marfim. [9]

Nas civilizações antigas que se localizavam próximas as margens do Eufrates, a arte

do bordado foi muito cultivada, sendo não só uma arte estética, mas referencias de classe

social. Nos monumentos da Grécia Antiga, Sumatra, é possível observar figuras com túnicas

bordadas. Após a guerra de Tróia, princesas do Império Romano documentaram em bordados

sobre episódios da guerra. A partir de então, a arte se generalizou [5]

A partir do século VII, o interesse pelo bordado se tornou sistemático no Ocidente, se

intensificando cada vez mais, a ponto de abadias e mosteiros se transformarem em oficinas de

artesanato. Até a realeza se dedicava a esta prática, e, portanto, foram aparecendo em armas,

escudos e pendões bordados a cores de ouro e prata. No século XVI, tornou-se comum o

bordado como arte, reproduzindo cenas de pinturas religiosas, históricas, etc. [9]

A Itália sempre foi um centro artístico mundial. Seus bordados serviam de modelo

para toda a Europa. Do bordado plano e em pequenos relevos surgiram os recortes e rendados,

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dando origem às Rendas. A partir da Renascença, o bordado se tornou uma obra decorativa,

indo além da ornamentação e vestes religiosas e civis. Começou a aparecer em design de

interiores, tapeçarias, toalhas, móveis e no século XVIII, em roupas íntimas. [9]

No ano de 1821, um operário francês inventou a primeira máquina de bordar, gerando

seu aperfeiçoamento e multiplicação com o passar do tempo. Porém, no no final do século

XIX, entrou em declínio até o surgimento do movimento “Arts and Crafts”, de William

Morris. Ele defendia o artesanato como alternativa à mecanização e a produção em massa,

tendo como objetivo de dar o fim na distinção entre o artesão e o artista. O movimento foi

concretizado na Inglaterra e devido aos avanços tecnológicos na época, previa a impressão em

móveis e objetos o traço do “artesão-artista”, o atual designer. [9]

No século XX, mesmo com a produção diversificada de bordados em máquinas,

diversos gêneros caíram em desuso, e com a revalorização do artesanato manual, o bordado

tornou-se um símbolo da alta classe social através da alta costura. No Brasil, era usado em

trabalhos folclóricos, fantasias de Carnaval e tapeçarias, pois permaneceram bem cotados e

difundidos. [9]

Na década de 70, deu início ao uso de materiais alternativos, pesquisas de diferentes

fibras para tecidos e tendências extravagantes e ecológicas da moda, que deram origem a

bordados com aplicações de conchas, miçangas, sementes, dentre outros materiais nas

vestimentas. [9]

Na década de 80, conforme a tecnologia foi ampliando, surgiram as bordadeiras

eletrônicas profissionais e industriais, acompanhadas pelo uso de softwares de criação. Isso

facilitou a produção em série e abaixou o custo das peças bordadas, apesar dos bordados

manuais continuarem com preços altos e com mais valor. Desde seu surgimento, seus

softwares continuam sendo atualizados e aprimorados constantemente para facilitar o trabalho

do bordador. Assim, o mercado nesta área cresceu muito, tanto na parte de softwares, quanto

na operação das máquinas. [5]

5- Sistematização:

Para iniciar a pesquisa, partiu-se para o conhecimento de uma máquina de bordado

automática da marca Barudan recém adquirida pelo DAD. Além da máquina ainda é

necessário o uso de um software que administra a operação. Este programa especial traduz os

desenhos que podem ser feitos em diversos outros programas gráficos. O objetivo inicial não

era apenas conhecer os recursos disponíveis na máquina, mas também explorar a capacidade

para desenvolver um modelo inovador de bordado, tirando ele do plano bidimensional,

comparar e analisar os resultados com os modelos artesanais, e misturar os dois universos,

digital e analógico do bordado em um produto só. Para isso, foi necessário realizar uma

sistematização dos recursos da máquina para o entendimento dos diferentes tipos de pontos

que o programa Wilcom disponibiliza. Isso foi de extrema importância, visto que a

visualização dos recursos e possibilidades fica mais evidente e organizada. Este seria o

primeiro passo para o entendimento dos recursos para pensar nas experimentações

tridimensionais.

Figura1. Programa Embroidery Studio Wilcom Figura 2. Bordadeira Barudan

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Assim, inicialmente, foi relacionado os tipos de pontos: corrido, corrido triplo,

pesponto, ponto haste e corrida de motivos e suas alternativas. E por fim, as possibilidades de

enchimentos e cantos existentes.

Figura3.1. Sistematização dos Pontos

Figura 3.2. Sistematização dos Pontos

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Figura 3.3. Sistematização dos Pontos

Figura 3.4. Sistematização dos Pontos

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Figura 3.5. Sistematização dos Pontos

Figura 3.6. Sistematização dos Pontos

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Figura 3.7. Sistematização dos Pontos

Figura 3.8. Sistematização dos Pontos

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Figura 4.1. Sistematização dos Enchimentos

Figura 4.2 Sistematização dos Enchimentos

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Figura 4.3. Sistematização dos Enchimentos

Figura 4.4. Sistematização dos Enchimentos

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Figura 4.5. Sistematização dos Enchimentos

A figura 4.6, apresenta as formas e nomes, que são iguais aos pontos “Corrida de Motivos

Monogram”. A diferença é que agora está preenchendo a imagem com os pontos ou bordados

pré prontos.

Figura 4.6. Sistematização dos Enchimentos

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Figura 5. Sistematização dos Cantos

6- Experimentos:

Para iniciar os experimentos com os bordados, começou-se a desenvolver figuras com

formas e diferentes enchimentos para incluir texturas aos bordados. Depois, essa textura

passou a ter interferências manuais para geração de novos resultados.

Figura 6. Experimento 1

Figura 7. Experimento 2

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Figura 8. Experimento 3

No Experimento 3, Figura 8, o bordado foi descontruído em algumas partes da asa da

borboleta, para obter texturas com interferências manuais. Ou seja, o bordado foi cortado para

verificar o efeito mais “peludo” do bordado.

Figura 9. Experimento 4

Avançando a ideia te textura com interferência manual, foi costurado pedaços de bordado

para dar uma elevação na grama.

Figura 10. Experimento 5 Figura 11 Experimento 5.1

Bordado Bordado desfiado

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Figura 12. Experimento 6 Figura 13. Experimento 6.1- Tecido na trama

Nas figuras 12 e 13, as duas conchas, tiveram como o objetivo de explorar as capacidades de

enchimentos da máquina. A areia foi elaborada a partir de pontos muito fechados, o que

resultou em uma estrutura rígida e uma sensação granulada.

O uso de pontos muito próximos pode causar uma desestruturação no tecido, podendo alterar

a figura bordada e o próprio tecido ao redor, pois este começa a ganhar volumes inesperados.

Outro fator que foi observado, foi o sentido do tecido. Bordar na trama, causa um

desequilíbrio entre a máquina e o desenho, pois é aonde possui uma maior elasticidade,

mesmo não tendo elastano em sua composição. O comum é bordar no fio do tecido, onde ele

possui uma resistência maior e estruturação na forma.

Protótipos Experimento 7

Figura 14 Figura 15 Figura 16

Figura 17. Experimento 7

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No experimento 7, figuras 14,15,16,17, iniciou-se o processo de transformação de uma forma

bidimensional para uma tridimensional. O primeiro protótipo foi feito a partir de tiras de

papel, o segundo em tecido e o terceiro com viés de tecido. Assim, foram bordadas cinco

tiras, com quatro dobradas e costuradas na máquina de zigue zague. Para unir as tirar e montar

a forma tridimensional, foi costurado na sobreposição das tiras, com o ponto zigue zague.

Figura 18. Experimento 8.1 Figura 19. Experimento 8.2

Frente Verso

A partir do experimento 8, figuras 18 e 19, iniciou-se a proposta de pontos mais distantes e

tecidos vazados. O verso dos bordados também chamou atenção como possibilidade criativa.

O que gerou uma busca por pesquisas iconográficas, principalmente no Pinterest, sobre

diferentes bordados, artesanatos, esculturas que representassem o material abordado e

tecnologias em projetos da área. Abaixo alguns exemplos:

Figura 20. Obras de Meredith Woolnough

Disponível em: http://www.modayacamim.com.br/blog/bordando-a-natureza/

Acesso em: 19/04/16

A figura 20, apresenta trabalhos da artista Meredith Woolnough com o bordado, utilizando

uma entretela solúvel. O material apresentado, entretela solúvel, foi escolhido para aprofundar

a exploração de suas possibilidades, e princípios o desenvolvimento desta pesquisa.

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Figura 21. Designer Elisa Strozyk Figura 22. Designer Mika Barr

Figura 23. Designer Yung Wong

Disponível em: http://www.stylourbano.com.br/designers-criam-tecidos-tridimensionais-

inspirados-nas-dobraduras-de-origamis/

Acesso em: 11/06/16

As figuras 21, 22 e 23, mostram técnicas e propostas inovadoras para o uso dos tecidos. Isso

mostra que o têxtil pode obter formas estruturadas, abrangendo outro caminho para explorar

as técnicas com o bordado, como no experimento 13. Por ser produzido em cima do material

têxtil, pode gerar formas, origamis e estruturas tridimensionais oscilantes, que mudam sua

forma de acordo com as dobraduras, podendo obter resultados muito interessantes.

7- Exploração do princípio “Vazados”

Para a exploração deste princípio vazado de bordado, iniciou-se a preparação da

produção de imagens com formas abertas, para depois introduzi-las na entretela que vazará

seus enchimentos, deixando apenas os pontos bordados.

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Figura 24. Experimento 9

Figura 27. Experimento 10.3 Figura 25. Experimento 10.1 Figura 26. Experimento 10.2

Figura 28. Experimento 11

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No experimento 10, foi encontrado alguns defeitos. Na figura 25, mostra umas falhas, que

foram causadas devido a longa distância entre um ponto e outro. Criar pontos muito longos,

em uma imagem complexa pode causar sequelas na hora de bordar. Na figura 27 por outro

lado, foi visto pontos brancos. Esses pontos são da bobina, linha que fica por baixo da linha

principal para completar a costura. Neste caso, a linha de cima estava presa, puxando a linha

de baixo para cima. Já na figura 28, onde foi usado um enchimento mais emparelhado, de

maneira que o bordado ficou mais uniforme. Partiu-se então para o experimento no material

final.

Figura 29. Experimento 12 Figura 30. Experimento 12

Frente Verso

No experimento 12, figuras 29 e 30, foi observado que pontos muito próximos geram uma

estrutura rígida no verso, além de embolar as linhas umas nas outras. Isso pode dificultar os

vazados na hora que usar o material proposto.

Figura 31. Experimento 13 Figura 32. Experimento 14

Nas figuras 31 e 32, experimentos 13 e 14, usou-se a entretela solúvel. Foi observado um

problema na gramatura da entretela. Sua espessura é fina demais para resistir a força da

máquina ao bordar uma imagem. Por tal motivo, usou-se quatro entretelas, uma sobre a outra,

para tornar a proposta possível, porém mesmo assim, bordados muito finos e com muito corte

de linha não obtiveram um bom resultado. A figura 32 é o mesmo desenho na figura 28. Ela

não conseguiu ser finalizada pois a agulha furou a entretela, impossibilitando o desenho final.

Na figura 31, foi separado uma parte da figura 28, onde possui pontos maiores e o resultado

foi muito satisfatório. Bordou-se também uma flor com ponto cruzado.

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Figura 33. Resultado do experimento 13 e 14

Pode-se observar na Figura 33 o resultado do experimento 13 e 14. A flor de ponto cruzado se

desfez após o contato com a água, pois quando a entretela desapareceu, seus pontos se

soltaram, pois, o ponto cruzado não possui uma ligação entre um ponto e outro. Já os outros

bordados tiveram êxito. Seus pontos são interligados e muitas vezes sobrepostos, gerando um

bordado vazado e estruturado, pois após a secagem, ocorreu um enrijecimento do material.

8- Exploração do princípio “Dobras”

Neste princípio, foi necessário estabelecer uma forma simples para testes de sua

construção tridimensional. Escolheu-se um icosaedro regular, um polígono de vinte triângulos

equiláteros para ser desenvolvido. Veja o processo a seguir:

Figura 31. Experimento 15 Figura 32. Experimento 16

O experimento 13, figura 31 e 32, tiveram algumas complicações, pois a máquina teve uma

interpretação diferente do que foi determinado no programa Wilcom. Por ser espaçamentos

muito próximos, a máquina não bordava os triângulos com os mesmos espaçamentos,

dificultando posteriormente as dobras para fechar o polígono na máquina de costura. Além

disso, ao fechar o objeto, foi necessário o uso de uma entretela rígida para mante-lo firme na

forma pretendida.

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Figura 33. Experimento 17 Figura 34. Experimento 17 e 16

Na figura 33, mostra sua forma bidimensional com um espaçamento de 0,5cm, onde a

máquina obteve uma resposta de acordo com a sistematização do programa Wilcom. Na

figura 34, o objeto está com a entretela rígida. Apesar de não estar pronto, observa-se que sua

forma ganhou estrutura e rigidez.

Figura 35. Experimento 18

Na figura 35, experimento 15, encontramos um resultado positivo. Com o uso da entretela,

um tecido mais rígido (tecido de decoração) e enchimento com tecidos de algodão em seu

interior, foi possível atingir a forma desejada. Neste caso, diferente do experimento 13, o

tentou-se fechar o objeto a partir da costura manual, o que permitiu um melhor encaixe e

acomodação do material.

9- Conclusões

A partir da sistematização da máquina de bordado automático e de um estudo do

bordado manual, iniciou-se o processo de experimentos, gerando soluções para diversos

possíveis caminhos para a criação de novas formas bidimensionais e tridimensionais. Os

elementos construtivos do bordado automático foram usados como variáveis para a criação de

modelos experimentais: diferentes “pontos”, dimensões destes pontos, relação entre diferentes

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pontos, continuidade e descontinuidade entre tipos de pontos, tipos de linhas, tipos de suporte,

acabamentos superficiais na face e no verso, relação entre a área bordada e a não bordada.

O domínio do equipamento e do programa exigiram investimentos para permitir um

posterior desenvolvimento experimental com a tecnologia. Diversos experimentos foram

construídos visando atingir estruturas diferenciadas do bordado automático. A pesquisa com

materiais foi importante para a criação de conceitos inovadores, assim como o uso de

interferências durante e ao final do processo de bordado automático.

10- Referências

1 - Brown, T. Change by Design: how design thinking can transform organizations and

inspire innovation. New York: Harper Business, 2009.

2 - CROSS, N. Designerly ways of knowing. London: Springer-Verlag, 2006.

3 - MAGALHAES, C. F., Design Estratégico: integração e ação do Design Industrial dentro

das empresas. Rio de Janeiro, SENAI/DN, SENAI/SETIQT, CNPq, IBICT, PADCT, TIB,

1997.

4 - Laver, James. “A roupa e a moda - Uma história concisa”.

Editora: Companhia das Letras. Edição: 13ª reimpressão

5 -”Bordado - uma arte milenar”

Disponível em:http://www.kapui.com.br/Historia-do-bordado

Acesso em: 28/04/16.

6- “Bordando a Natureza”

Disponível em: http://www.modayacamim.com.br/blog/bordando-a-natureza/

Acesso em: 19/04/16

7- “Designers criam tecidos tridimensionais inspirados nas dobraduras de origamis”

Disponível em: http://www.stylourbano.com.br/designers-criam-tecidos-tridimensionais-

inspirados-nas-dobraduras-de-origamis/

Acesso em: 11/06/16

8- " Design Thinking, inovação em negócios"

Disponível em: http://www.livrodesignthinking.com.br/

Acesso em: 26/04/16.

9- “História do Bordado”.

Disponível em: http://blogillustratus.blogspot.com.br/2010/04/historia-do-bordado.html

Acesso em: 28/04/16.

10-"O que é o design thinking"

Disponível em: http://www.dtparaeducadores.org.br/site/o-que-e-design-thinking/

Acesso em: 26/04/16.

11- “Pinterest”

Disponível em: https://br.pinterest.com/

Acesso em: 10/04/16.