o estado verde - edição 22403- 09 de dezembro de 2014

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ANO VI - EDIÇÃO N o 367 FORTALEZA - CEARÁ - BRASIL Terça-feira, 9 de dezembro de 2014 Página 3 MUDANÇA CLIMÁTICA COP 20 divulga primeira versão do novo acordo climático São 33 páginas elaboradas por negociadores, reunidos em Lima. O “paper” apresenta diversos elementos que deverão estar presentes no novo acordo e dá opções para o País escolher, na hora da discussão diplomática. ÁGUA Mais do que uma crise hídrica, uma crise ambiental Sobre a seca, o problema da escassez do recurso hídrico em São Paulo, é muito mais do que uma crise hídrica. A má gestão da Sabesp é apenas uma, dentre as causas dos extremos que a seca tem imposto em grande parte de nosso País. AGROTÓXICOS Página 12 Somos os maiores consumidores Usar químicos para controlar pragas e doenças, é uma prática comum em fazendas do mundo inteiro. Mas, atualmente, os campeões mundiais no uso de agrotóxicos são os brasileiros, cabendo a cada um o consumo médio de 5,2 litros de veneno agrícola por ano. Páginas 6 e 7

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Jornal O Estado (Ceará)

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Page 1: O Estado Verde - Edição 22403- 09 de dezembro de 2014

ANO VI - EDIÇÃO No 367FORTALEZA - CEARÁ - BRASIL

Terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Página 3

MUDANÇA CLIMÁTICACOP 20 divulga primeira versão do novo acordo climáticoSão 33 páginas elaboradas por negociadores, reunidos em Lima. O “paper” apresenta diversos elementos que deverão estar presentes no novo acordo e dá opções para o País escolher, na hora da discussão diplomática.

ÁGUAMais do que uma crise hídrica, uma crise ambientalSobre a seca, o problema da escassez do recurso hídrico em São Paulo, é muito mais do que uma crise hídrica. A má gestão da Sabesp é apenas uma, dentre as causas dos extremos que a seca tem imposto em grande parte de nosso País.

AGROTÓXICOS

Página 12

Somos os maiores consumidores

Usar químicos para controlar pragas e doenças, é uma prática comum em fazendas do mundo inteiro. Mas, atualmente, os campeões mundiais no uso de agrotóxicos são os brasileiros, cabendo a cada um o consumo médio de 5,2 litros de veneno agrícola por ano. Páginas 6 e 7

Page 2: O Estado Verde - Edição 22403- 09 de dezembro de 2014

O “Verde” é uma iniciativa para fomentar o desenvolvimento sustentável do Instituto Venelouis Xavier Pereira com o apoio do jornal O Estado. EDITORA: Tarcília Rego. CONTEÚDO: Equipe “Verde”. DIAGRAMAÇÃO E DESIGN: Rafael F. Gomes. MARKETING: Pedro Paulo Rego. JORNALISTA: Jessica Fortes. TELEFONE: 3033.7500 / 8844.6873Verde

TARCILIA [email protected]

CLIMAPor solicitação do deputado Sarney Filho

(PV-MA), a Comissão do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável promove au-diência pública, quinta-feira (11), para dis-cutir o 5º Relatório do Painel Intergoverna-mental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), da ONU, divulgado em novembro. Para o parlamentar, a situação é urgente e eviden-cia que a emissão de GEE´s tem aumenta-do em função do crescimento econômico e populacional.

As mudanças climáticas têm alcançado níveis sem precedentes nos últimos 800 anos, desde a era pré-industrial, mostrando que, apenas entre 2000 e 2010, a produção de energia por queima de combustíveis fósseis, foi a responsável por 47%, a in-dústria por 30%, o transporte por 11% e as construções por 3% das emissões globais dos gases responsáveis pelo efeito estufa.

7 CEARÁS Foi com prazer que participei como re-

presentante da sociedade civil, através do INVEXP, braço de responsabilidade social do jornal O Estado, dias 2,3 e 4 de dezem-bro, no Centro de Eventos, do Seminário 7 Cearás - Consolidação e Validação das Propostas do Plano de Governo do recém--eleito governador, Camilo Santana. Traba-lhei no Grupo Ceará Sustentabilidade e ali, no subgrupo Energia. Tive oportunidade de interagir com excelentes profi ssionais da área de meio ambiente, com atuação no setor público e privado, empenhados na construção de um novo Ceará. Valeu!

DESASSOSSEGOFesta da Praia Principal da Vila de Jerico-

acoara poderá não acontecer. A justifi cativa é a poluição sonora. O parecer do Minis-tério Público do Estado do Ceará, através da Promotoria de Justiça de Jijoca de Je-ricoacoara, atende a Ação de Obrigação de Não Fazer, movida pela Associação das Pousadas de Jericoacoara (Apjeri) contra a Associação de Vendedores Ambulantes de Bebidas e Lanches de Jericoacoara. Segundo a Apjeri, além do excesso do ru-ído, o evento traz transtornos de todas as ordens aos moradores e hóspedes de Jeri, como poluição da praia, falta de segurança pública, perturbação ao sossego e polui-ção sonora.

Quem dera o MP tenha o mesmo olhar para o que acontece na Praia de Iracema, nada diferente de Jeri. Morar nesta região, especialmente, próximo ao Aterrinho, virou pesadelo, não temos, sequer, muitas vezes, o direito de dormir ou transitar livremente pelas ruas do bairro. No último 30/11, os moradores do entorno foram acordados às 6h30 da manhã, com um som ensurde-cedor, transmitindo o Circuito Sesi 2014. Foram duas horas de zoada, o “cerimonia-lista” mais parecia transmitir um rodeio... Ainda tem gente que associa o evento à Responsabilidade Social.

BOLSA FAMÍLIASão Paulo vai acolher estrangeiros no

programa federal. A medida pode benefi -ciar até 50 mil imigrantes, entre haitianos, bolivianos, paraguaios, peruanos, e africa-nos de diversas nacionalidades.

Refl exão: “Um bom chefe faz com que homens comuns façam coisas inco-muns.” Peter Drucker.

O Brasil é campeão mundial no uso de agrotóxicos. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e com a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), é preciso se “mobilizar frente à grave situação em que o Brasil se encontra, de vulnerabilidade relacionada ao uso massivo de agrotóxicos”.

A opção clara da política agrícola brasileira pelo agronegócio é a grande res-ponsável pela situação. Em 2013, o mercado de agrotóxicos rendeu US$11,5 bi-lhões. O lucro se concentra em seis grandes empresas transnacionais: Monsan-to, Basf, Syngenta, Dupont, Bayer (fabricante do gás letal usado pelos nazistas) e a Dow, que até hoje não reconhece sua responsabilidade sobre Bhopal.

POR QUE TANTO VENENO?

Coluna Verde

2 FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 9 de dezembro de 2014

VERDE

09 DE DEZEMBRO DE 2014Dia Internacional Contra a Corrupção

• Hoje o mundo todo refl ete sobre a Corrupção lembrando que, enquanto houver corrupção, não haverá desenvolvimen-

to, muito menos justiça social. Para o Secretário Geral da ONU, Ban Ki-Moon, “a corrupção é uma barreira para conquistar os

Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e precisa ser le-vada em conta na defi nição e implementação de uma forte agenda de desenvolvimento pós-2015”.

10 DE DEZEMBRO DE 2014Dia da Declaração Universal dos Direitos Humanos

• 10 de dezembro é o Dia Internacional dos Direitos Humanos. A

data foi instituída em 1950, dois anos após a Or-ganização das Nações Unidas (ONU) adotar a Declaração Universal do Direitos Humanos (DUDH) como marco legal regulador das relações entre governos e pessoas. Com esse ato, mais do que celebrar, a ONU visava destacar o longo ca-minho a ser percorrido na efetivação dos preceitos da declaração. A Declaração é um documento marco na história da humanidade. Elaborada por represen-tantes de diferentes origens jurídicas e culturais de todas as regiões do mundo, foi proclamada pela Assembleia Geral ONU, em Paris, em 10 de dezembro de 1948, através da Resolução 217. Ela estabelece, pela primeira vez, a proteção universal dos direitos humanos.Portanto, neste 10 de dezembro, façamos uma refl exão sobre o papel a ser exer-cido pelo cidadão, pelo Estado, enfi m, por cada um de nós no avanço e na efeti-vação das garantias consolidadas pela Declaração dos Direitos Humanos.

11 DE DEZEMBRO DE 2014Dia Internacional das Montanhas• Data foi instituído pela Assembleia Geral das Nações Unidas. É um dia importante para celebrar a conservação e desenvolvimento das montanhas, de forma equilibrada.

14 DE DEZEMBRO DE 2014Dia do Engenheiro da Pesca• O profi ssional foi homenageado no Brasil, pela primeira vez, de forma ofi cial, em 2013. A homenagem foi garantida no calendário cívico brasileiro pela presidente Dil-ma Rousseff, ao sancionar em junho de 2013, a Lei de nº 12.820. A data é uma alusão à colação de grau da primeira turma de engenheiros de pesca no País, em 1974, em Pernambuco..

15 DE DEZEMBRO DE 2014Dia do Jardineiro• Um jardim bem cuidado atrai animais e colabora para a proteção do meio ambiente. Ao cultivar árvores e plantas, é possível contribuir para a melhora dos problemas am-bientais enfrentados pelo planeta. A profi ssão de jardi-neiro, apesar de antiga, passou a ter importância econô-mica no Brasil, somente nos últimos 25 anos. Parabéns aos jardineiros que embelezam a cidade.

AGENDA VERDE

Page 3: O Estado Verde - Edição 22403- 09 de dezembro de 2014

A capital Lima, do Peru, está sendo a capi-tal global dos esforços contra as mudan-ça do clima. Na manhã de ontem (8),

representantes de 190 países reunidos na Con-ferência da ONU sobre Mudanças Climáticas divulgaram a primeira versão do rascunho do acordo global para reduzir emissões de gases--estufa e, com isso, conter os efeitos da mudan-ça climática no planeta. O texto, de 33 páginas, foi elaborado pelos copresidentes da COP a par-tir dos negociadores. Eles negociam desde o úl-timo dia primeiro. O “paper” apresenta diversos elementos que deverão estar presentes no novo acordo e dá opções para o país escolher na hora da discussão diplomática.

O texto base do “novo protocolo”, instru-mento legal ou resultado acordado com força legal terá que fi car pronto até maio de 2015 e deverá incluir disposições sobre corte de emissões de gases, adaptação à mudança climática, reparação por perdas e danos cau-sados por desastres naturais, fi nanças, de-senvolvimento e transferência de tecnologia, capacitação e transparência de ação e apoio. O novo tratado substituirá o de Kyoto e tem que ser assinado em 2015, na COP 21, em Pa-ris, e entrar em vigor em 2020.

O principal objetivo da 20ª Conferência das Partes (COP 20) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima,

sem dúvidas, é produzir um novo tratado que vai substituir, a partir de 2021, o Proto-colo de Kyoto, criado em 1997 para obrigar nações desenvolvidas a reduzir suas emis-sões em 5,2%, entre 2008 e 2012, em relação aos níveis de 1990. O novo texto precisa ser fi nalizado e aprovado pelos governos até a próxima Conferência do Clima, que acontece daqui a 12 meses, em Paris.

CENÁRIO Até a defi nição do novo documento fi nal,

muitas interrogações serão colocadas: Quan-to cada país terá que cortar de emissões? Que governos precisarão receber ajuda por danos sofridos em desastres naturais ou para a prevenção deles? Quanto de dinheiro será doado? De onde virá o investimento? Como será o desenvolvimento ou a transferência de tecnologias voltadas à redução das emissões? Como as nações vão se adaptar a uma possí-

vel nova realidade climática?A meta é sair do Peru com o rascunho do

novo acordo global, mas para tal as ques-tões acima e muitas outras ainda devem ser discutidas e defi nidas. E é a partir de hoje (9), que as negociações entram em uma nova fase, com a participação dos mi-nistros de Estado em um cenário que pa-rece favorável se consideramos que os dois maiores emissores de gases de efeito estufa do planeta, a China e os Estados Unidos, apresentaram compromissos importantes rumo a uma redução substancial de suas emissões nas próximas décadas.

BRASILMesmo que esses anúncios não sejam tão

ambiciosos como o necessário, eles são sinais importantes da disposição desses países para enfrentar o desafi o climático. Neste contexto a ministra do Meio Ambiente do Brasil, Iza-

bella Teixeira, confi rmou presença na con-ferência de Lima. Mas, o contexto brasileiro não é tão favorável, a partir dos dados do Sistema de Estimativa de Emissões de Gases do Efeito Estufa (SEEG), as emissões do País aumentaram 7,8% em 2013, mesmo com o baixo crescimento apresentado pelo país no ano passado (2,6%).

AQUECIMENTO NÃO SERÁ CONTIDOSegundo o IPCC, é preciso diminuir en-

tre 40% e 70% do total de gases lançados até 2050 e zerar essa taxa até 2100. Em en-trevista ao Portal G1, secretária-executiva das Nações Unidas para o Clima, Christina Figueres, disse que os esforços apresen-tados até o momento por diversos países, incluindo Brasil, não “fecham a conta do clima”. Ou seja, os cortes nas emissões já feitos (incluindo as metas voluntárias ou cumpridas dentro do Protocolo de Kyoto) ou previstos pelos governos não vão conter o aquecimento em 2ºC até 2050.

Gases de efeito estufa como o dióxido de carbono (CO2) são liberados, principalmen-te, na queima de combustíveis fósseis, mas também com o desmatamento e outras ativi-dades humanas. Caso isso não seja reduzido, segundo o IPCC, fenômenos extremos como secas, enchentes, degelo dos polos e aumento do nível dos mares serão mais frequentes. A temperatura média da Terra já subiu 0,85ºC com relação à era pré-industrial.

3FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 9 de dezembro de 2014

VERDE

São 33 páginas elaboradas por negociadores, reunidos no Peru. Mas para Christina Figueres, os cortes nas emissões já feitos ou previstos, não vão conter o aquecimento em 2ºC até 2050

COP 20 divulga primeira versão do novo acordo climático em Lima

MUDANÇA CLIMÁTICA

POR TARCILIA [email protected]

DIVULGAÇÃO

Page 4: O Estado Verde - Edição 22403- 09 de dezembro de 2014

4 FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 9 de dezembro de 2014

VERDE

O Teatro Rio Mar Fortaleza já está fun-cionando. A nova casa de espetáculos inaugurada no último dia 5/11 dentro do shopping, recém-aberto na Cidade, na região do Papicu, é uma parceria entre a Opus Promoções e o Grupo JCPM (João Carlos Paes Mendonça). Com capaci-dade superior a 900 pessoas, mais de 4 mil metros quadrados de área total, bar, chapelaria e recursos técnicos e acústicos que seguem aos padrões de qualidade

O novo espaço, composto por três se-tores, Plateia Baixa A, Plateia Baixa B, e Plateia Alta, ainda conta com locais

destinados aos portadores de deficiên-cia e obesos. Inicialmente, teatro, irá operar em sistema de Soft Opening, período de testes e ajustes, para ga-rantir a excelência técnica, acústica e operacional do teatro.

Marcando o início das apresentações no novo palco, o musical para toda a fa-mília, Branca de Neve, foi exibido nos dias 05, 06 e 07 dezembro. Para 2015, de janeiro a março, estão previstos seis espetáculos na programação, que serão confi rmados em breve, como informa a assessoria de imprensa.

Cidade ganha nova casa de espetáculos

FORTALEZA

CURIOSIDADE

JORNALISTA E ESCRITOR

FUNDAMENTOS ESPECÍFICOSComo se tem lembrado à saciedade,

a Constituição Federal do Brasil esta-belece no artigo 225 os fundamentos específi cos em matéria de meio am-biente, em decorrência do qual fi cam assentados os direitos de todos a um meio ambiente ecologicamente equi-librado, em face do que fi ca estabe-lecido um regime jurídico defi ne ser o meio ambiente um bem de uso co-mum do povo brasileiro. É, portanto, o artigo anteriormente citado que as-senta a base da normatização e dos regramentos que autorizam a atuação da coletividade na proteção do meio ambiente. E mais que isto, impôs à so-ciedade o dever de agir para defender e preservar o nosso ecossistema.

MECANISMOS DE PARTICIPAÇÃOO Direito brasileiro reconhece, em

essência, três mecanismos que per-mitem a participação direta da po-pulação na proteção da qualidade ambiental. Em primeiro lugar, pela par-ticipação nos processos de criação do Direito Ambiental, com a iniciativa po-pular nos procedimentos legislativos (art. 61, caput e § 2º, da CF e arts. 22, inc. IV, e 24, § 3º, I, da CE), a realiza-ção de referendos sobre leis (art. 14, inc. II, da CF e art. 24, § 3º, inc. II, da CE) e a atuação de representantes da sociedade civil em órgãos colegiados dotados de poderes normativos (p. ex., o Conama - art. 6º, inc. II, da Lei 6.938/81, com redação dada pela Lei 7.804/89 e alterada pela Lei 8.028/90).

REPRESENTAÇÃO DA SOCIEDADEEm segundo lugar, a sociedade

pode atuar diretamente na defesa do meio ambiente participando na formu-lação e na execução de políticas am-bientais, por intermédio da atuação de representantes da sociedade civil em órgãos colegiados responsáveis pela formulação de diretrizes e pelo acom-panhamento da execução de políticas públicas; por ocasião da discussão de estudos de impacto ambiental em audiências públicas (art. 11, § 2º, da Resolução 001/86 do Conama e art. 192, § 2º, da CE) e nas hipóteses de realização de plebiscitos (art. 14, inc. I, da CF e art. 24, § 3º, 3, da CE).

PARTICIPAÇÃO DIRETAO terceiro mecanismo é a partici-

pação popular direta na proteção do meio ambiente por intermédio do Po-der Judiciário, com a utilização de ins-trumentos processuais que permitem a obtenção da prestação jurisdicional na área ambiental (entre todos, o mais famoso deles, a ação civil pública am-biental da Lei 7.347/85). Ainda dentro do tema da participação popular dire-ta na defesa do meio ambiente, impor-ta destacar os seus dois pressupostos fundamentais: a informação e a edu-cação. Sem informação consistente e correta; e sem uma boa educação ambiental, difi cilmente alcançaremos a curto ou médio prazo os objetivos almejados pela sociedade e defi nidos na Constituição.

PRINCÍPIO DA PARTICIPAÇÃO POPULAR NA PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE

A Constituição de 1988 possui dispositivos que lhe asseguram programatica-mente o epíteto que lhe deu o líder-mor da Constituinte, deputado Ulysses Gui-marães, de “Constituição Cidadã”. A Lex Magna em vigor ampliou sobremodo os mecanismos de participação popular que permitem à sociedade uma atuação em defesa dos seus sagrados direitos. O meio ambiente ganhou um espaço nunca dantes observados nas Cartas Constitucionais republicanas. Ali estão assentados direitos de proteção do meio ambiente, sedimentando o liame com a legislação infraconstitucional posterior, aí ressaltadas as previsões expressas no Princípio nº 10 da Declaração do Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, resultante da Conferência realizada na ex-capital da República em 1992.

Empreendimento no Shopping RioMar Fortaleza conta com capacidade superior a 900 pessoas. Ainda tem locais destinados aos portadores de deficiência e obesos

SERVIÇOTeatro RioMar FortalezaRua Desembargador Lauro Nogueira, 1500 Piso L3 - Shopping RioMar Fortaleza – PapicuFortaleza – CE (próximo à Praça de Alimentação).www.teatroriomarfortaleza.com.br

• A palavra “teatro” deriva dos ver-bos gregos “ver, enxergar” (theastai). Na Grécia antiga, os festivais anuais em homenagem ao deus Dionísio in-cluíam a representação de tragédias e comédias. A seguir, todos os pa-péis eram representados por homens, pois não era permitida a participação

de mulheres. O espaço utilizado para as apresentações, em Atenas, era somente um grande círculo. Com o passar do tempo, o teatro grego se profi ssionalizou e surgiram os primei-ros palcos elevados. O teatro chegou a ser considerado uma atividade pagã por força do Cristianismo.

THIAGO GASPAR

Page 5: O Estado Verde - Edição 22403- 09 de dezembro de 2014

5FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 9 de dezembro de 2014

VERDE

EXPOCATADORES 2014

POR TARCÍLIA REGO*

O tom foi de valorização profi ssio-nal. Participantes do Brasil e de outros países fi zeram, mais uma

vez da Expocatadores o grande encon-tro anual de catadores de todo o Brasil. A 5ª edição do evento recebeu, também a presidente Dilma Rousseff e o ex- pre-sidente Lula da Silva. Nos três dias de programação (1, 2 e 3) a valorização profi ssional e o fortalecimento da ca-deia produtiva de materiais recicláveis de forma sustentável e inclusiva fi caram no centro das discussões.

As atividades ocorreram no Parque Anhembi, em São Paulo, com o obje-tivo de despertar novos negócios para cooperativas e redes de catadores. Em todo o País, segundo estimativas do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), existem cerca de um milhão de catadores. A Ex-pocatadores 2014 recebeu catadores de 14 países da América Latina, Caribe, Ásia, África e Europa, além de dez mil visitantes diários.

No ultimo dia do evento (03/12), aconteceu a tradicional Solenidade de Natal dos catadores e da população em situação de rua, com presença da presi-dente Dilma. Após participar de reunião com o MNCR e Movimento Nacional da População de Rua, onde recebeu as pau-tas de reivindicações para a sua próxima gestão, a presidenta ocupou o palco da plenária principal ao lado de diversas autoridades e enfatizou o padrão de or-ganização conquistado pelo Movimento ao longo dos últimos anos.

DILMADilma reconheceu que ainda há um

caminho de aperfeiçoamento a ser per-corrido por todos os agentes do Progra-ma, mas reafi rmou as conquistas já ob-tidas. “Acredito que nós atingimos um padrão importante. O Cataforte tornou o Brasil diferenciado no mundo em re-

lação aos resíduos. É cada vez mais im-portante darmos continuidade a ele”.

Segundo a Presidente, as coopera-tivas devem ter a mesma importância econômica que as pequenas empresas e o engajamento das prefeituras é essen-cial para o sucesso das políticas públi-cas de resíduos em âmbito nacional. O Cataforte é um programa desenvolvido pela Secretaria Nacional de Economia Solidária (Senaes) e a Fundação Banco do Brasil, promove ação de formação e assessoria técnica para o setor de reci-clagem dos resíduos sólidos e já benefi -ciou mais de 12 mil catadores de mate-riais recicláveis.

A chefe de Estado também homena-geou a presidente da Cooperativa de Ourinhos, Matilde Ramos, a primeira organização de catadores do Brasil a ser contemplada pelos recursos do Catafor-te III. “A Dilma está mais próxima de nós e deixou claro a vontade de continu-ar apoiando os catadores”, comemorou a catadora Matilde. Dilma também, re-cebeu reivindicações de catadores e po-pulação de rua na Expocatadores 2014.

LULAO ex-presidente Luiz Inácio Lula da

Silva também participou do encontro e afi rmou que, se morresse naquele mo-

mento, estaria feliz pela organização a que chegaram os catadores de materiais recicláveis nesses 12 anos, contra todos os que os desprezavam. “Catar papelão na rua é muito mais digno do que jogar”, disse, destacando a importância do tra-balho ambiental dos catadores, ainda pouco reconhecido no País. “A profi ssão de vocês não é menor que a do médico, nem que a do engenheiro”, completou Lula, destacando o valor do catador, du-rante abertura da Expocatadores 2014, dia 1º de dezembro, em São Paulo.

Lula ressaltou que os trabalhadores não devem se deixar levar por discur-sos antipolítica e que se mantenham fi rmes e organizados. “A gente só faz mesmo se a gente for cobrado. O mun-do é assim”, explicou, comentando que tanto a Presidente Dilma quanto o pre-feito receberão muitas reivindicações. Mas depois vão a outras reuniões e vão receber mais pedidos. “O mais esperto é o que ganha. E quem é o mais esper-to? É o que cobra”, completa.

O integrante da coordenação na-cional do MNCR, Roberto Laureano reiterou que o Movimento acredita e defende o atual projeto político fede-ral. “É a Presidência olhando para nós, mostrando que existimos. Queremos que os catadores continuem sendo

protagonistas desse processo e que os municípios não precisem pensar em incineração”. Ele agradeceu, também, a “audácia” da presidente Rousseff, ao dizer não à prorrogação do fi m dos li-xões. “Isso é a demonstração de que o Governo está conosco”.

SAIBA MAISO evento contou ainda com feira de

negócios, debates, seminários gra-tuitos, oficinas, exposição de artes e ações educativas.

Os catadores tiraram 2014 como o Ano da Reciclagem Popular. O movi-mento conta com o programa da reci-clagem popular, que engloba todo um processo de organização dos catadores, que envolve investimentos e investi-mento direto. A proposta da reciclagem popular aborda a mesma metodologia da agricultura familiar, aonde o recur-so vai direto ao produtor em família até aqueles organizados em cooperativa ou outro tipo de organização.

Em 2014 venceu o prazo para que as cidades brasileiras elaborassem seus planos de gestão de resíduos sólidos. Mais da metade das prefeituras não conseguiram eliminar os lixões. Estima--se que o Brasil produza cerca de 190 mil toneladas de lixo por dia.

*Com informações do MNCR

Participaram mais de quatro mil catadores de recicláveis e especialistas em gestão de resíduos sólidos, do Brasil e da América Latina. Lula e Dilma também compareceram

Termina em SP encontro dos agentes da reciclagem do País

PAULO LOPES

RICARDO STUCKERT/INSTITUTO LULA

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6 FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 9 de dezembro de 2014

VERDE

A guerra do homem contra as pra-gas e doenças que atacam as la-vouras, parece não ter fi m. Como

toda guerra, ela tornou-se um negócio, legítimo para os fabricantes das “ar-mas”, chamadas de venenos agrícolas, agrotóxicos ou defensivos agrícolas. Na última década, elas têm fi cado cada vez mais potentes, porém, com efeitos cola-terais indesejáveis para os produtores, consumidores e para o meio ambiente, por isso foi necessário redobrar os cui-dados com seu uso.

BHOPAL Usar agrotóxicos para controlar pragas

e doenças, é uma prática comum em fa-zendas do mundo inteiro. Mas, o Brasil é, atualmente, o campeão mundial no uso de agrotóxicos, cabendo a cada brasileiro o consumo médio de 5,2 litros de veneno agrícola por ano. O dado foi divulgado na última quarta-feira (3) por ambienta-listas, quando foi celebrado o Dia Inter-nacional da Luta contra os Agrotóxicos. A data lembra a tragédia ocorrida há 30 anos, na cidade de Bhopal, na Índia, quando uma fábrica da Union Carbide, atual Dow Chemical, explodiu, liberando toneladas de veneno no ar, matando nas primeiras horas duas mil pessoas e viti-mando de forma fatal, outras milhares, nos dias seguintes.

IMPACTOS Pelo ar, por terra, em diversas formu-

lações e preparos. Os agrotóxicos fazem parte do pacote tecnológico usado na maioria das propriedades rurais brasi-leiras. Com o crescimento da agricul-tura, na última década, a venda desses produtos no País aumentou considera-velmente, situação que vem preocupan-do os profi ssionais da saúde.

“Nós estamos na liderança como os maiores consumidores de agrotóxicos no mundo. Isso por conta do agronegó-

cio. Este modelo que tem sido adotado oferece vários danos tanto a saúde hu-mana, como à biodiversidade”, explica a professora e pesquisadora, Raquel Rigotto, do Departamento de Saúde Co-munitária da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará.

Os impactos à saúde pública são vários porque atingem amplos territórios e en-volvem diferentes grupos populacionais como trabalhadores em diversos ramos de atividades, moradores do entorno de fábricas e fazendas, além de todos nós que consumimos alimentos contamina-dos de acordo com Rigotto que, também, coordena o reconhecido Núcleo Tramas (Trabalho, Meio Ambiente e Saúde).

Além disso, a pesquisadora ressalta que o meio ambiente também é forte-mente impactado, com a extinção em massa de diversas espécies de insetos, como abelhas, repercutindo na baixa polinização das plantas e na produção de mel. Também as águas são contami-nadas com moléculas absorvidas pelos animais e pelo ser humano, levando a uma série de doenças, que podem ser passadas das mães para os fi lhos.

AGRICULTURA FAMILIAR Uma alternativa ao não uso dos agro-

tóxicos é investir na agricultura familiar, que segundo Raquel Rigotto, é quem produz 70% dos alimentos que chegam à nossa mesa. No entanto, faltam atenção e políticas públicas de incentivo a agri-cultura familiar e o apoio a feiras e pro-dutos orgânicos, por exemplo.

Quem produz alimentos, quem pro-duz comida realmente no Brasil, é a agri-cultura familiar. No ano de 2008, mais de 50% dos agrotóxicos consumidos no Brasil foram nas plantações de soja. Essa soja é em grande parte exportada para ser transformada em ração animal e sub-sidiar o consumo europeu e norte-ameri-cano de carne. “Então, isso não signifi ca alimentação para o nosso povo, signifi ca concentração de terra, redução de biodi-versidade, contaminação de água, solo e ar e contaminação dos trabalhadores e das famílias que vivem no entorno desses empreendimentos. Além das enormes perdas para os ecossistemas, o cerrado, a Caatinga e até mesmo o amazônico, que está sendo invadido pela expansão da fronteira agrícola”, disse Rigotto.

“Então, é claro que deixar de usar agro-tóxico não é algo que se possa fazer de um dia para o outro, de acordo com o que os agrônomos têm discutido, mas por outro lado nós temos muitas experiências ex-tremamente positivas de agroecologia, que é a produção de alimentos utilizando conhecimentos tradicionais das comuni-dades e saberes científi cos sensíveis da perspectiva da justiça socioambiental. Esses, sim, produzem qualidade de vida, bem viver, soberania, segurança alimen-tar, conservação e preservação das con-dições ambientais e culturais.”

AGROTÓXICOS E RISCOSA “Lei dos Agrotóxicos” nº 7.802, de

11 de julho de 1989, estabelece que os agrotóxicos somente podem ser utiliza-dos no País se forem registrados em ór-gão federal competente, de acordo com as diretrizes e exigências dos órgãos responsáveis pelos setores da saúde, do meio ambiente e da agricultura. O Brasil é considerado o maior consumidor de agrotóxicos do mundo.

No Brasil, o registro de agrotóxicos é realizado pelo Ministério da Agricultura, porém, a anuência da Agência de Vigi-lância Sanitária (Anvisa) e do Ibama é requisito obrigatório para que o agrotó-xico seja registrado. A Anvisa realiza ava-liação toxicológica dos produtos quanto ao impacto na saúde da população. Já o Ibama observa os riscos que essas subs-tâncias oferecem ao meio ambiente.

Diferentes pesquisas apontam a re-lação de produtos com agrotóxicos e a saúde reprodutiva e o surgimento de di-versos tipos de câncer. Os trabalhadores rurais são as principais vítimas do uso indevido de agrotóxicos. Para o consu-midor fi nal os riscos estão mais relacio-nados ao consumo crônico, já que algu-mas substâncias têm efeito cumulativo no organismo e podem vir a desencadear problemas de saúde no futuro.

AGROTÓXICO

A informação foi divulgada por ambientalistas, quando foi celebrado o Dia Internacional da Luta contra os Agrotóxicos, no último 3 de dezembro. A data lembra a tragédia de Bhopal

Brasileiro consome 5,2litros da substância por ano

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7FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 9 de dezembro de 2014

VERDE

Recente decisão do TRT/CE condenou a empresa Del Mon-te Fresh Produce, localizada em Limoeiro Norte, a indenizar em R$ 100 mil por danos morais a família de um trabalhador que faleceu após contaminação por agrotóxicos. Vanderley Matos trabalhava no almoxarifado quí-mico da multinacional e mor-

reu após três anos manuseando substâncias tóxicas.

Estudos realizados pelo grupo Tramas ligam a morte do empre-gado ao trabalho que realizava na agroindústria. A pesquisa foi um dos elementos utilizados pela re-latora do processo, desembarga-dora Regina Gláucia Nepomuce-no, para condenar a empresa.

- Diversos agrotóxicos aplicados nos alimentos agrícolas e no solo têm a capacidade de penetrar no interior de folhas e polpas, de modo que os pro-cedimentos de lavagem dos alimentos em água corrente e a retirada de cascas e folhas externas dos mesmos contri-buem para a redução dos resíduos de agrotóxicos, ainda que sejam incapazes de eliminar aqueles contidos em suas

partes internas.- Soluções de hipoclorito de sódio

(água sanitária ou solução de Milton) devem ser usadas para a higienização dos alimentos na proporção de uma co-lher de sopa para um litro de água, com o objetivo apenas de matar agentes mi-crobiológicos que possam estar presen-tes nos alimentos, e não de remover ou eliminar os resíduos de agrotóxicos.

Família de trabalhador que faleceu contaminado por

agrotóxico será indenizada

FIQUE SABENDO

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8 FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 9 de dezembro de 2014

VERDE

Onde posso descartar meus equi-pamentos sem uso ou inservíveis?

Os consumidores deverão efetuar a devolução após o uso, aos comer-ciantes ou distribuidores, dos produ-tos e das embalagens a que se ref-erem a Lei 12305/2010. (Fonte Lei 12 305/2010 – PNRS).

O que os fabricantes e os im-portadores irão fazer com os equi-pamentos recebidos?

Darão destinação ambientalmente adequada aos produtos e às embala-gens reunidos ou devolvidos, sendo o rejeito encaminhado para a dis-posição final ambientalmente ad-equada, na forma estabelecida pelo órgão competente do Sisnama e, se houver, pelo plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos.

(Fonte Lei 12 305/2010 – PNRS).Devo fornecer ou manter algu-

ma informação dos materiais que estou descartando?

Com exceção dos consumidores, to-dos os participantes dos sistemas de logística reversa manterão atualizadas e disponíveis ao órgão municipal com-petente e a outras autoridades, infor-mações completas sobre a realização das ações sob sua responsabilidade. (Fonte Lei 12 305/2010 – PNRS)

QUAIS EQUIPAMENTOS POSSO DESCARTAR?

Equipamentos com voltagem de até 220 v e de consumidor (aquele que não apura lucro na utilização do equipa-mento) e inteiro ou seus componentes (fi os/controles/etc.).

CONFIRA OS PONTOS DE COLETA- Universidade de Fortaleza

(Unifor)Avenida Washington Soares, 1321 –

Edson Queiroz - Loja Rabelo de MessejanaRua Coronel Francisco Pereira,

202 – loja 2013 - Escola Rebouças Macambira (Dia

09/12)Rua Cariús, 200 - Jardim Guanabara - Escola Frei Tito (Dia 10/12) Avenida Dioguinho, 5925 - Vicente Pinzon - Escola Antônio Diogo de Siqueira

(Dia 11/12)

Rua Anselmo Nogueira, 655 – Bonsucesso.

- Escola Presidente Kennedy (Dia 11/12)

Avenida Lineu Machado, 811 - Jóquei Clube

- Escola Cordeiro Neto (Dia 12/12) Rua Jorge Acúrcio, 900 - Vila União - Escola Conceição Mourão (Dia 15/12) Rua Duas Nações, 550 - Granja Portugal - Escola Maria Bezerra Nogueira

(Dia 16/12) Avenida Contorno Norte, 710 - Con-

junto São Cristóvão.

ENTENDA O DESCARTE

Com o elevado uso de equipa-mentos eletrônicos no mundo moderno, este tipo de lixo tem

se tornado um grande problema ambi-ental quando não descartado em locais adequados. Por possuir substâncias químicas (chumbo, cádmio, mercúrio, berílio, etc.) em suas composições, po-dem provocar contaminação do solo e da água. Além de contaminar o meio ambiente, estas substâncias quími-cas podem provocar doenças graves em pessoas que coletam produtos em lixões, terrenos baldios ou na rua.

Observando isso e tentando di-minuir estes impactos, a Prefeitura de Fortaleza, por meio da Secretaria Municipal de Urbanismo e Meio Am-biente (Seuma), em parceria com a Associação Brasileira de Reciclagem de Eletroeletrônicos e Eletrodomésti-cos (ABREE), realiza até o dia 20 de dezembro, a campanha “Se Liga For-taleza – Seu Eletro Tem Destino”.

A ação, realizada em várias cidades do Brasil, de acordo com o gerente executivo da ABREE, Herbert Mas-carenhas, tem como objetivo princi-pal a participação dos empresários da cadeia varejo, do poder público e de parceiros técnicos na conscientização e divulgação para a população descar-tar corretamente seus eletros usados e resíduos deste segmento.

“Será uma grande oportunidade de o consumidor descartar seus equipa-mentos de forma correta, sem precisar jogar no lixo comum, ou deixar em terrenos baldios, ou mesmo na beira de rios. Teremos pontos de descarte em vários pontos da cidade e depois nós estaremos dando uma destinação ambientalmente correta para isso, ou seja, levando para uma área de arma-

zenagem segura, depois transportan-do até um reciclador e providenciando a reciclagem destes resíduos”, explica.

Para a titular da Secretaria Munici-pal de Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma), Águeda Muniz, a parceria é um importante ganho para as ações desenvolvidas pela Prefeitura dia-riamente quanto à conscientização e educação ambiental referente à cole-ta seletiva e à reciclagem. “Fortaleza está cada vez mais participativa nas ações relacionadas aos cuidados com o meio ambiente. Essa iniciativa vem incentivar ainda mais as atitudes pos-itivas da população”.

Em locais específicos estão sendo colocados contêineres identificados da ABREE para que as pessoas pos-sam descartar seus eletros, dentre os pontos de coleta estão algumas escolas municipais de Fortaleza, nas quais caminhões farão a retirada dos materiais.

A campanha de coleta é realizada em Fortaleza

LOGÍSTICA REVERSA

A ação acontece em várias cidades do Brasil. O objetivo é a participação dos empresários da cadeia varejo e dos parceiros técnicos. Propõem conscientização

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9VERDE

FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 9 de dezembro de 2014

POR TARCILIA [email protected]

VIDA MARINHA

O Projeto Coral Vivo Mucugê funciona desde 2012, mas acaba de passar por ampla reforma. No centro das atividades, os recifes de corais, considerados as fl orestas tropicais dos mares

Reinaugurado, espaço de proteção de ecossistemas coralíneos

Os corais de recifes estão vul-neráveis, mas tem gente con-tribuindo para o fortalecimen-

to desses ecossistemas. É o exemplo do Projeto Coral Vivo que trabalha para a conservação e uso sustentável de ambientes recifais brasileiros e que acaba de reinaugurar o Espaço Coral Vivo Mucugê, em Arraial d’Ajuda (Porto Seguro, BA). Interatividade, mostra de fotografias, painéis infor-mativos e vídeos, complementam a coleção de colônias centenárias de es-queletos de corais expostas no Espaço, completamente reformulado, propici-ando experiências de encantamento e consciência ambiental aos visitantes.

As informações são transmitidas de forma lúdica. Na Tela Interativa Teia Alimentar, o uso de alta tecnologia contribui para a sensação de imersão na vida marinha da Costa do Desco-brimento. “Quando o visitante toca em um dos seres marinhos, são apre-sentadas informações sobre seus hábi-tos alimentares. Caso clique na opção para eliminá-lo, é observado o impac-to disso”, explica a bióloga marinha, Débora Pires, coordenadora de Comu-nicação do Projeto Coral Vivo, criado em 11 de outubro de 2012.

Através de um jogo de interação, um grupo de personagens ensina de forma divertida, sobre o impacto das ações do homem em ecossistemas como banco de gramas, manguezal e banco de corais. “O extremo Sul da Bahia é a maior e mais rica área de recifes de coral do Atlântico Sul. Com essa exposição permanente, espera-mos que o público passe a olhar para o mar imaginando o que pode estar acontecendo embaixo da superfície e, com isso, perceba a importância de preservá-lo”, destaca o biólogo marinho Clovis Castro, coordenador

geral do Projeto Coral Vivo. Todo o esforço da iniciativa Coral

Vivo, patrocinada pela Petrobras por meio do Programa Petrobras Socio-ambiental e copatrocinada pelo Eco Parque Arraial d’Ajuda, reforça, também, a importância dos corais e algas calcárias no complexo ecos-sistema marinho. Segundo Castro, “eles são os principais construtores do mar” e têm uma rica e maior bio-diversidade marinha, “são as flores-tas tropicais dos mares”.

Recifes de coral estão ameaçados por causa do aquecimento do plane-ta. Com a continuidade do fenômeno das mudanças climáticas, os recifes de corais são impactados resultando no branqueamento das espécies. “A alga que vivia em simbiose nos teci-dos do pólipo é expulsa. O processo não mata o organismo, mas deixa-o transpa-rente e mais vulnerável”,

explica Castro. “Aqui, o episódio já foi visto. O

maior deles aconteceu no litoral do Rio Grande do Norte ao Rio de Ja-neiro, mas a maioria das espécies se recuperou, a água esfriou e aos poucos foram se recu-perando. Eles têm capa-cidade de adaptação. No Oceano Índico, aconte-ceu um episódio mais drástico e em massa”, conta o biólogo.

“Isso ocorre quando há mudanças na tem-peratura da água, no regime de luz ou nos nutrientes disponíveis, geralmente resultado da poluição marinha como a ocupação da orla, lançamen-tos de esgotos e a sobrepesca. Quanto mais recifes de corais

depredados, adoecidos, menos rique-zas e menos peixes, que alimentam-se ou abrigam-se, nos recifes que servem de habitat para milhares de espécies e ainda protegem o litoral dos impactos do oceano”, encerra.

PAN CORAISEm 2014, no Brasil, várias institui-

ções estão envolvidas num esforço em prol da conservação dos recifes de corais, é o Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Ambientes Coralíneos (Pan Corais) que acontece com a coordenação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodivers-idade (ICMBio) e o Coral Vivo .

É um documento de pactuação en-tre diferentes atores-institucionais para conservar 35 áreas prioritárias ao longo da costa brasileira e está sendo elaborado com a participação de mais de 100 atores-institucionais, entre governantes, representantes de universidades e institutos de pesqui-sa, ONGs, pescadores, empresários de pesca e de turismo.

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10 FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 9 de dezembro de 2014

VERDE

- Exposição permanente que alia alta tecnologia com acervo de co-lônias centenárias de corais para sensibilizar o público sobre con-servação marinha.

- Cabe destacar que o Espaço Co-ral Vivo Mucugê fica na Costa do Descobrimento, que é uma área de maior biodiversidade marinha do Atlântico Sul. A coleção de esquele-tos de colônias centenárias de corais pertence ao acervo do Museu Nacio-nal / Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e estão empres-tadas ao Projeto Coral Vivo.

- Nas dependências do Espaço Coral Vivo Mucugê, fica uma loja com produtos exclusivos da marca Coral Vivo, que têm a renda rever-tida para ações de conservação do projeto sem fins lucrativos.

- A entrada é gratuita, de segunda a sábado, das 16h às 23h.

- O endereço é na Rua do Mucugê, 402, Arraial d’Ajuda, Porto Seguro, Bahia.

PROJETO CORAL VIVO- O Espaço Coral Vivo Mucugê é

uma das vertentes do Projeto Coral

Vivo, que atua na conservação e uso sustentável dos recifes de coral e dos ambientes coralíneos. O Coral Vivo tem o patrocínio da Petrobras por meio do Programa Petrobras Socio-ambiental e o co-patrocínio do Arraial d’Ajuda Eco Parque.

- O Coral Vivo faz parte da Rede BIOMAR (Rede de Projetos de Bio-diversidade Marinha), que reúne também os projetos Tamar, Baleia Jubarte, Golfinho Rotador e Alba-troz. Todos patrocinados pela Pe-trobras por meio do Programa Pe-trobras Socioambiental, eles atuam de forma complementar na conser-vação da biodiversidade marinha do Brasil, e trabalham nas áreas de proteção e pesquisa das espécies e dos habitats relacionados.

- As ações do Coral Vivo são viabi-lizadas também pelo copatrocínio do Arraial d’Ajuda Eco Parque, e realiza-das pela Associação Amigos do Mu-seu Nacional (SAMN) e pelo Instituto Coral Vivo (ICV).

Mais informações sobre o Projeto Coral Vivo: www.coralvivo.org.br

e www.fb.com/CoralVivo

As Unidades de Conservação (UCs) que englobam comunida-des recifais estão distribuídas em praticamente todas as principais áreas recifais brasileiras. Recente-mente, foi criada também um Par-que Estadual Marinho no Ceará (Pedra da Risca do Meio), porém de pequeno porte e ainda pratica-mente desconhecida.

A maioria das espécies de corais formadoras de recifes é endêmi-

ca de águas brasileiras, ou seja, só ocorrem aqui, onde contribuem na formação de estruturas que não são encontradas em nenhuma outra parte do mundo.

Fontes: Biólogo Clovis Barreira e Castro,

Departamento de Invertebrados do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Ministério do Meio Ambiente

Espaço Coral Vivo Mucugê SAIBA MAIS

CURIOSIDADES

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FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 9 de dezembro de 2014

VERDE

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As garrafas PET estão presentes no nosso dia a dia e a maneira como são descartadas, muitas vezes, vira

um problema ambiental. Soma-se a isso o fato da reciclagem no Brasil enfrentar dilemas, precisando superar alguns desa-fi os de forma a atingir níveis mais avança-dos em direção à sustentabilidade.

Mas você de modo criativo e diferente, pode evitar o descarte do material e reaproveita-lo, totalmente, reutilizando-o na confecção de uma linda guirlanda que pode vir a ser um belo e diferente pre-sente de Natal. E mais, você economiza recursos fi nanceiros e naturais.

Material: Garrafas PET de diversas cores; tesoura; cola; purpurina; arame;

chave de fenda; isqueiro ou fósforo.

MODELO 1Corte o fundo das garrafas na linha

desenhada na própria garrafa. Para fa-cilitar, dê uma leve amassada na garrafa para que então comece a cortar. Para dar um acabamento arredondado queime as bordas com vela ou isqueiro ou então faça dois pequenos cortes, um em cada ex-tremidade, e dobre a garrafa para dentro. Faça isso com todas as garrafas, a quanti-dade ideal para formar a sua guirlanda vai variar de acordo com o tamanho escolhi-do. Esquente a ponta da chave de fenda e faça um furo no fundo das peças, onde passará o arame. Passe cola e purpurina

na quantidade de garrafas que desejar e espere secar.

Para proteger o enfeite, faça uma mis-tura de 1:2 de cola e água e passe por cima de todo o trabalho. Depois de seco, passe o arame pelos furos feitos no fundo das peças e encaixe-as conforme mostrado na galeria de fotos acima. Para fi nalizar basta colocar um laço.

MODELO 2Para esta ideia os gargalos das garra-

fas serão a principal matéria-prima. Por isso, é possível reaproveitar as mesmas garrafas PET de onde foram retirados os fundos. Meça um palmo a partir do bico, faça a marcação com uma caneta

comum e recorte.Para uma guirlanda grande, o ideal é

utilizar 38 garrafas. Porém, esse número pode variar de acordo com o tamanho de-sejado e a quantidade de PET disponível. Após cortar as garrafas, basta passar um fi o de arame e colocar os gargalos en-fi leirados no mesmo sentido. Ao fi nali-zar contorne as duas pontas do arame. O ponto desta junção deve ser coberto pelos enfeites, ou então, pode servir como gan-cho para pendurar a guirlanda na porta ou na parede. Para enfeitá-la basta deixar a criatividade solta e a dica é reutilizar os enfeites do ano passado, para evitar que eles sejam descartados.

Fonte: http://www.ciclovivo.com.br

Confeccione guirlandas deNatal com garrafas PET

PRESENTE SUSTENTÁVEL

INDICAÇÃO DE LEITURA

O Movimento Proparque lança o livro “Demandas do Movimento Ambiental por Áreas Verdes em Fortaleza”. Trata-se da dis-sertação do Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente, de Ademir Costa, gerente de documentação da entidade. O lançamento aconteceu dia 7, durante o já tradicional Domingo no Parque, um piquenique que o movimento realiza no primeiro domingo de cada mês, à base de Chorinho [a cargo do Grupo Rytmos], brincadeiras e vivências com a natureza, no Parque Rio Branco.

O lançamento constou de uma roda de conversa, no anfi teatro da área verde, quando lideranças entrevistadas na fase da pesquisa, falaram sobre a obra e sobre os 20 movimentos ambientais cujas histórias são contadas no livro. O evento encerra as

comemorações dos 19 anos (1995 a 2014) do Movimento Proparque.

O livro resulta da pesquisa feita durante o mestrado no Prodema/UFC [Programa de Mestrado e Doutorado em Desenvolvimento e Meio Ambiente], entre os anos 2009 e 2011. Conta as histórias de 20 movimentos ambientais, em suas lutas para Fortaleza ter mais áreas verdes públicas.

A pesquisa cobre o período de 40 anos, que vai da 1ª Conferência Mundial sobre Meio Ambiente [1972] à preparação da Conferência Rio + 20 [2012]. O autor usou os métodos da História Oral e da Observa-ção Participante. Pessoas que viveram [e algumas ainda vivem] as lutas contaram suas experiências, fi zeram suas análises, afi rmaram suas conclusões.

Especialistas ouvidos consideram o desenvolvimento de Fortaleza perigoso para o presente e as futuras gerações, principalmente se consideraram o anun-ciado quadro de mudanças climáticas. A pesquisa foi orientada pelo Prof. Dr. José César Vieira Pinheiro [UFC/Prodema]. A banca examinadora foi composta por: Profa. Dra. Mônica Dias Martins [Pre-sidente/UECE], Profa. Dra. Kênia Sousa Rios [UFC/Departamento de História] e Prof. Dr. Luiz Antônio Maciel de Sousa [UFC/Centro de Ciências Agrárias].

NA INTERNETPoucos exemplares da obra estarão à

venda, dada a tiragem pequena, dentro da estratégia do editor, o Banco do Nordeste, de

disponibilizar a obra, grátis, em sua página para quem quiser “baixá-la” com o link: http://www.bnb.gov.br/projwebren/Exec/livroPDF.aspx?cd_livro=259 Se alguém ti-ver problema com o link, peça o arquivo PDF pelo e-mail [email protected] .

Movimento Proparque lança livro sobre Áreas Verdes de Fortaleza

De autoria do ambientalista e jornalista Ademir Costa, o livro conta a luta de20 movimentos ambientais de Fortaleza. A obra está disponível, grátis, via internet

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FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 9 de dezembro de 2014

VERDE

POR GABRIEL PARENTE*

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Fenômeno natural que no Brasil tra-dicionalmente é associado à região do Semiárido, a seca tem chamado aten-ção nos últimos meses pelos impactos causados em porções da região sudeste que não se inserem no conhecido “po-lígono das secas”. A notícia, há cerca de dois meses, de que a principal nascen-te do rio São Francisco, no estado de Minas Gerais, havia secado; bem como os baixos níveis e até mesmo o esvazia-mento dos principais reservatórios que abastecem a capital e muitas outras ci-dades do estado de São Paulo (SP) nos levam a entender que o problema da água, muito mais do que uma crise hí-drica, é antes de tudo um indicativo de uma crise ambiental.

A despeito do grande peso que a má gestão da Sabesp desempenha como causa da crise vivenciada atualmente em SP – expressa, entre outros aspec-tos, pela insufi ciência dos investimen-tos voltados à expansão dos reserva-tórios e à contenção da alta taxa de desperdício de água tratada ao longo das redes de distribuição – é impor-tante ressaltar que a má gestão desta empresa é apenas uma dentre as cau-sas dos extremos que a seca tem im-posto em grande parte de nosso país, pois é bom ressaltar que grande parte do Semiárido, há mais de três anos, também vivencia uma das mais graves secas ao longo das últimas décadas. A forma como o caso de São Paulo vem sendo discutida e as principais solu-ções propostas expressam a forma como tradicionalmente a seca é pen-sada pelas autoridades e grande parte de nossa sociedade: basicamente como

uma questão de segurança hídrica. Assim como nas principais ações re-

lacionadas aos impactos gerados pela seca no Semiárido, marcadas pelo desenvolvimento de grandes obras – como a construção de grandes reser-vatórios e projetos de conexão fl uvial como a transposição do São Francis-co – as principais soluções apontadas para a resolução da crise em SP dizem respeito a estratégias de captação de água. Primeiramente o governo pau-lista propôs uma revisão do modelo de compartilhamento dos recursos da bacia do vale do Paraíba, bacia que se constitui em um dos principais ve-tores de abastecimento do estado do Rio de Janeiro, sugestão que gerou protestos por parte do governador fl uminense; posteriormente, o go-verno paulista divulgou um plano de construção de estações de tratamento de esgoto para a reutilização de água. Apesar de extremamente importantes

e necessárias, como forma de garantia do abastecimento de grandes concen-trações urbanas, a concentração das ações referentes aos impactos da seca no desenvolvimento de grandes obras referentes à captação e a uma melhor gestão dos recursos hídricos demons-tra uma percepção limitada acerca des-te fenômeno climático que, conforme as previsões referentes ao processo de aquecimento global tende a se inten-sifi car em várias regiões ao longo das próximas décadas, afetando sobrema-neira o Brasil.

A seca vai muito além de sua face mais visível (a falta de água), trata-se de um fenômeno natural incontorná-vel que, se não pode ser evitado, pode ter seus impactos atenuados e isso pas-sa necessariamente pela transforma-ção de nosso olhar e de nossas ações perante ele. Se nossas ações relativas à seca estão profundamente marca-das pela lógica do “combate”, que tem

nas grandes obras de captação de água sua expressão máxima, devem, cada vez mais, passar a se pautar, também, pela lógica do “convívio com a seca”. Se combater a seca importa desenvol-ver obras de captação de água, convi-ver com a seca importa, entre outros aspectos, discutir e desenvolver ações de proteção de nossas fl orestas e de nossos mananciais que, mais dos que os grandes reservatórios, são as prin-cipais garantias para a conservação de nossos recursos hídricos e sobre este aspecto a seca da principal nascente do São Francisco nos deixa uma grande lição. De nada adiantará grande inves-timentos para a transposição e capta-ção de recursos hídricos, se de forma conjunta não se discutir medidas de refl orestamento e proteção de nossos mananciais.

*Gabriel Parente é historiador e integrante do Movimento Pró-Árvore

Mais do que uma crisehídrica, uma crise ambiental

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