o estado verde - edição 22303 - 22 de julho de 2014

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ANO VI - EDIÇÃO N o 347 FORTALEZA - CEARÁ - BRASIL Terça-feira, 22 de julho de 2014 Documento entrará em vigor em outubro, mas o Brasil – País com a maior biodiversidade do planeta – não ratificou. BRICS Ativistas reúnem-se e discutem pautas em comum Encontro ocorreu em Fortaleza em paralelo à VI Cúpula do Bloco Econômico. ACABOOOU Após a Copa, é hora de tirar a decoração das ruas Os materiais expostos poluem e podem danificar rede elétrica. Págs. 6 e 7 Pág. 12 DIVULGAÇÃO Págs. 9 e 10 PROTOCOLO DE NAGOYA TIAGO STILLE ANDERSON SANTIAGO

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Jornal O Estado (Ceará)

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ANO VI - EDIÇÃO No 347FORTALEZA - CEARÁ - BRASIL

Terça-feira, 22 de julho de 2014

Documento entrará em vigor em outubro, mas o Brasil – País com a maior biodiversidade do planeta – não ratificou.

BRICSAtivistas reúnem-se e discutem pautas em comum

Encontro ocorreu em Fortaleza em paralelo à VI Cúpula do Bloco Econômico.

ACABOOOUApós a Copa, é hora de tirar a decoração das ruas

Os materiais expostos poluem e podem danificar rede elétrica.

Págs. 6 e 7

Pág. 12

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Págs. 9 e 10

PROTOCOLO

DE NAGOYA

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O “Verde” é uma iniciativa para fomentar o desenvolvimento sustentável do Instituto Venelouis Xavier Pereira com o apoio do jornal O Estado. EDITORA: Tarcília Rego. CONTEÚDO: Equipe “Verde”. DIAGRAMAÇÃO E DESIGN: Wevertghom B. Bastos. MARKETING: Pedro Paulo Rego. JORNALISTA: Sheryda Lopes. TELEFONE: 3033.7500 / 8844.6873Verde

TARCILIA [email protected]

PERFEITA SEM HEXAPresidente Dilma Rousseff afi rmou,

durante evento de entrega simbólica da Copa do Mundo para a Rússia que, a “Copa só não foi perfeita porque o hexacampeonato não veio”. Eu digo o contrário: ela foi perfeita para o País, porque o hexa não veio.

A atenção dos amantes de fute-bol, agora, mais do que nunca, deve voltar-se para o Brasil, especialmente para a política e para a reformulação do futebol brasileiro, ao invés de vol-tar-se “para a Rússia”.

PETROBRAS Informou ter superado a marca de 500

mil barris de petróleo produzidos no pré--sal, incluída a produção dos parceiros. Em junho, conseguiu perfurar um poço no pré-sal em 92 dias. Há quatro anos, o tempo médio era de 168 dias. O cresci-mento da produção se deveu ao aumen-to da produção da plataforma P-62, que iniciou a operação em maio, no campo de Roncador, na Bacia de Campos.

LONAS DA FAN FESTEm nota distribuída a imprensa, dia

17, a Secretaria da Copa informa a en-trega ao Instituto Povo do Mar (Ipom) na comunidade do Titanzinho, parte dos 2.500 m2 de lonas utilizados para a identidade visual do Fifa Fan Fest. Bol-

sas, carteiras, mochilas, sacolas são al-guns dos produtos em que serão trans-formadas por meio de reciclagem”.

O fato foi anunciado como ação de responsabilidade social: “esta doação é mais uma colaboração que a realização da Copa propicia à cidade de Fortale-za”, consta no informe, mas na verdade não é. Só seria, se a Fifa tivesse com-pensado fi nanceiramente à instituição, por receber o resíduo que ela (Fifa) ge-rou e pelo qual é responsável. O artigo sexto da Lei 12.305 de 02/08/2010 que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), afi rma o princípio polui-dor-pagador e o protetor-recebedor.

Isso não caracteriza um “evento sustentável”, sustentabilidade vai mui-to além, passa pela Responsabilidade Social. Apenas repassar os resíduos, é pouco, a Fifa deveria pagar à insti-tuição por receber a lona, no mínimo, comprar a produção do Ipom que vai mitigar o impacto ambiental causado por ela (Fifa). É importante que a so-ciedade saiba que a ONG está con-tribuindo muito mais para o meio am-biente do que a Copa.

REFLEXÃO: “Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal”. Artigo III da Declaração Uni-versal dos Direitos Humanos.

No último dia 15, legisladores na Califórnia (EUA) aprovaram a multa diária de 500 dólares – cerca de R$ 1.200 – a todos os moradores que forem pegos desperdiçan-do água. A penalidade é uma medida para conter o desperdício, uma tentativa mais agressiva para conscientizar a população sobre a necessidade de economia, assim como fez a cidade do Rio de Janeiro em relação aos resíduos jogados na rua.

A Califórnia, como São Paulo e como o nosso Nordeste, também está sofrendo com a escassez de água e vive uma grande seca. A crise afeta a agricultura e a fl oresta, além dos moradores, tanto é que, o Governo declarou estado de emer-gência desde o início do ano.

Voltando à multa, será aplicada a quem regar os jardins, lavar o carro ou a calça-da sem fechamento de bico e manter fontes decorativas com água tratada. Sugiro que nos inspiremos no modelo californiano e avançando um pouco mais, bem ao estilo poluidor /pagador, passemos a cobrar taxa extra do usuário da Cagece que usa e abusa da água em piscinas e outras coisas mais, pertinentes ao lazer.

Afi nal, enquanto alguns se refestelam em “deliciosas piscinas”, muitos outros ce-arenses, mas muitos, caminham léguas e léguas de distâncias, em terras semiári-das do sertão cearense, em busca de água para beber, ou melhor, para sobreviver.

ÁGUA PRA BEBER

Coluna Verde

2 FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 22 de julho de 2014

VERDE

HOJE LANÇAMENTO: 12a MOSTRA DE TEATRO TRANSCENDENTAL • A 12ª edição da Mostra Brasileira de Teatro Transcendental está sendo lançada, ofi cialmente, nesta terça-feira (22). Este ano, o evento presta uma homenagem à fi gura de Mahatma Gandhi e acontecerá em Fortaleza entre os dias 20 e 24 de agosto, no Teatro do Via Sul, e terá ainda apresentações em 11 municípios do interior do Estado, em presídios feminino e masculino de Fortaleza e Região Metropolitana, além de casas de medidas socioedu-cativas da capital. Na programação peças de companhias teatrais dos esta-dos do Ceará, São Paulo e Rio de Janeiro.

25 DE JULHODIA DO COLONO

• A Lei No 5.496 de 05/09/1968 criou o Dia do Colono. Uma homenagem ao trabalhador rural estrangeiro que no fi m do Século XIX e início do Século XX chega ao Bra-sil para substituir a mão de obra escravagista nas lavou-ras, especialmente nas de café, no Estado de São Paulo.

Eles trabalhavam em regime de colonato, moravam em casas dentro da fazenda e recebiam em troca uma parte da colheita ou podiam cultivar o próprio sustento em certas partes das terras.

27 DE JULHODIA DO MOTOCICLISTA

• Foi escolhido por ser a data dedicada a São Cristóvão, santo padroeiro dos motoristas. No dia 21 de outubro de 1968, através do Decreto no 63.461, o dia foi instituído em nosso País.

28 DE JULHODIA DO AGRICULTOR

• Quando o alimento chega à nossa mesa, muitas vezes igno-ramos que os agricultores são os responsáveis, especialmente a agricultura familiar que, respon-de por 70% pela produção brasi-leira. Se hoje batemos recordes agrícolas de produção de grãos, devemos a esses homens e mulheres que levantam cedo para cuidar da lavoura, seja ela de grande ou de pequeno porte.

São 25 milhões de trabalhadores rurais no Brasil. Diferentemente de ou-tros profi ssionais, o agricultor interage com a natureza e dela tira o próprio sustento e o nosso, também. Não é por menos que o Dia do Agricultor é tão importante quanto os outros que comemoramos no Brasil e o mundo, como o Dia do Meio Ambiente da Água.

30 DE JULHODIA INTERNACIONAL DA AMIZADE

• Data criada pelo argentino, Enrique Ernesto Febbraro, para celebrar a amizade. Primeiramente, adotado em Buenos Ayres, na Argentina, através de um decreto, a data, gradualmente, foi sendo adotada em outras partes do mundo e atualmente, quase todos os países comemoram o dia.

AGENDA VERDE

POR TARCILIA [email protected]

Na América Latina e no Ca-ribe (ALC) as perdas e desperdícios com alimen-tos satisfariam as necessi-

dades de 47 milhões de pessoas que ainda padecem de fome na região, ou seja, 7,9% de sua população. É o que aponta o relatório “Perdas e desper-dícios de alimentos na América La-tina e no Caribe”, apresentando dia 16, pela Organização das Nações Uni-das para Alimentação e Agricultura (FAO). De acordo com a ONU, cerca de 1,3 bilhão de toneladas de alimen-tos são perdidas ou desperdiçadas, a cada ano em todo o planeta.

Na ALC são perdidos e desperdi-çados mais alimentos do que os ne-cessários para satisfazer os que ainda sofrem de fome, segundo o represen-tante regional da FAO, Raul Benítez. “A cada ano, a região perde ou desper-diça aproximadamente 15% de seus alimentos disponíveis, o que impacta a sustentabilidade dos sistemas ali-mentares, reduz a disponibilidade lo-cal e mundial de comida, gera menor renda para os produtores e aumenta os preços para os consumidores”.

IMPACTO NEGATIVOBenítez acrescenta que as perdas e

desperdícios também têm um efeito ne-gativo sobre o meio ambiente devido à utilização não sustentável dos recursos naturais. “Enfrentar este problema é fundamental para avançar na luta con-tra a fome e deve ser convertida em uma prioridade para os governos da Améri-ca Latina e Caribe”. O relatório destaca que impacta, também, de forma negati-va, sobre a nutrição e a saúde das popu-lações, ao reduzir a disponibilidade de local e global de alimentos.

As perdas de alimentos referem-se à diminuição da massa de alimentos dis-poníveis para consumo humano em toda a cadeia de abastecimento, mas, princi-palmente, nas fases de produção, pós--colheita, armazenamento e transporte. Os desperdícios de alimentos referem--se a perdas resultantes da decisão de descartar alimentos que ainda tem valor e está associada principalmente com o comportamento dos vendedores ataca-distas e varejistas, serviços de venda de comida e consumidores.

Somente na venda a varejo, se des-perdiça comida que alimentaria 64% das pessoas que sofrem de fome na região. A FAO estima que no período 2011/13, apenas no nível de varejo, ou

seja, supermercados, mercados de rua, lojas e outros tipos de venda, os países da região perderam entre 2,9% e 4,3% da sua disponibilidade calórica. Com as calorias que são perdidas no varejo, seria possível atender as necessidades alimentares e calóricas mínimas, diá-rias de mais de 30 milhões de pessoas nas duas regiões.

Os alimentos que se perdem neste nível, nas Bahamas, Jamaica, Trini-dade e Tobago, Belize e Colômbia, são equivalentes ao necessário para ali-mentar todos aqueles que sofrem de fome nestes cinco países. De acordo com dados do Banco Mundial entre um quarto e um terço dos alimentos produzidos para consumo humano, são perdidos ou desperdiçados, anu-almente, no mundo e mais da metade deles são cereais.

Para a região alcançar a primeira meta dos Objetivos Metas de Desenvolvimen-to (ODM) - reduzir pela metade a pro-porção de pessoas que sofrem de fome, entre 1990 e 2015 - em comparação com a última estimativa, cerca de 3 milhões de pessoas devem superar a falta de ali-mentos em 2015. Para a FAO, “reduzir o desperdício e perdas de comida é uma forma de ajudar a superar essa meta e conseguir erradicar a fome na região”.

EVITANDO PERDAS E DESPERDÍCIOSExistem formas de evitar as perdas e os

desperdícios em todos os elos da cadeia. De acordo com a FAO a cooperação entre os países e uma ação coordenada entre os setores, público e privado, é neces-sário para resolver o problema que está pendente na agenda da fome na ALC. Um exemplo são os bancos de alimentos, que reúnem comida que, por diversas ra-zões, seriam descartadas para sua redis-tribuição e que já existem na Costa Rica, Chile, Guatemala, Argentina, República Dominicana, Brasil e México. A Associa-ção de Bancos de Alimentos do México, por exemplo, resgatou 56 mil toneladas de alimentos somente em 2013.

*Com informações da ONU/Rio e FAO.

3FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 22 de julho de 2014

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América Latina e Caribe poderiam acabar com a fome apenas com alimentos desperdiçados. 47 milhões de pessoas estão famintas nestas regiões

Desperdício na ALC alimentaria milhões pessoas, diariamente

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4 FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 22 de julho de 2014

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A Barra do Ceará ganhou um grande presente e começa um ano ainda mais bela. Berço histórico de Fortaleza de acor-

do com historiadores, a Barra celebrou aniversário de 410 anos, dia 19 (sábado), promovendo a valorização da história local com a realização de evento que contou com ações de cidadania ecológi-ca. O projeto Limpando o Mundo pro-moveu uma limpeza coletiva da orla do Rio Ceará com a ajuda de voluntários.

Além da coleta de resíduos no local, com o apoio do CUCA Che Guevara e Green-ish, o projeto participou com outras ações durante a comemoração. Uma ciranda de tambores em homenagem à Barra do Ceará foi realizada pelos jovens voluntários do projeto e uma roda de diálogo será re-alizada com a participação do historiador Adauto Leitão sobre a importância do Cru-zeiro de Santiago, o Marco Zero da cidade.

Os presentes na celebração foram con-vidados e incentivados a participar da ação e alertados para a importância da cidada-nia diária como solução para questões ecológicas urgentes. O ponto de concen-tração dos voluntários para a travessia do rio foi no Alberto’s Restaurante.

Na limpeza coletiva promovida na Barra, voluntários recolheram até mesmo uma geladeira que foi des-cartada indevidamente.

410 anos da Barra do Ceará são comemorados com limpeza do Rio Ceará

FESTA E CIDADANIA

JORNALISTA E ESCRITOR

Mandamentos do padreO Greenpeace, organização não-

-governamental que atua em vários países do mundo defendendo a na-tureza, arrima-se nos ensinamentos do Padre Cícero para ensinar às populações que “quem desmata se-meia o inferno na Terra”. O movimen-to divulga as orientações que o Pa-dre Cícero legou aos pósteros nesse sentido. Os mandamentos ambien-tais do santo sertanejo ensinam em linguagem singela: 1. Não derrube o mato, nem mesmo um só pé de pau; 2. Não toque fogo no roçado nem na caatinga; 3. Não cace mais e deixe os bichos viverem.

Mandamentos do padre – IIRegistram ainda os mandamentos

ambientais do Padre Cícero: 4. Não crie o bom nem o bode soltos; faça cercados e deixe o pasto descansar para se refazer; 5. Não plante na terra no sentido serra acima, nem faça ro-çado em ladeira muito em pé, deixe o mato protegendo a terra para que a água não a arraste e não se perca sua riqueza; 6. Faça uma cisterna no oitão de sua casa para guardar água de chuva; 7. Represe os riachos de cem em cem metros, ainda que seja com pedras soltas.

Mandamentos do padre – IIIComo os demais, os mandamentos

que seguem dão boa ideia da cons-

ciência ecológica do santo do Nor-deste, bem à frente dos costumes da época em que viveu. 8. Plante cada dia pelo menos um pé de algaroba, de caju, de sabiá, de outra árvore qualquer até que o sertão todo seja uma mata só; 9. Aprenda a tirar pro-veito das plantas da caatinga, como a maniçoba, a favela e a jurema; elas podema ajudar você a conviver com a seca; 10. Se o sertanejo obedecer estes preceitos, a seca vai aos pou-cos se acabando, o gado melhoran-do e o povo e o povo terá sempre o que comer; mas, se não obedecer, dentro de pouvo tempo o sertão todo vai virar um deserto só.

Preceitos desobedecidosAs admoestações do Padre Cícero,

ao longo do tempo, caíram no esque-cimento e a população em geral, bem como os seguidores do “Meu Padim Ciço”, fazem ouvido de mercador das pertinentes orientações e mais agu-çam o espírito predatório. E não pe-nas os ordenamentos do padre, mas toda uma legislação ambiental que cada vez mais tem sido aperfeiçoa-da, a cada dia é desrespeitada. É o caso, por exemplo dos desmatamen-tos que não param e do tráfi co de animais silvestre que ocorre à vista das autoridades ambientais de forma imensamente criminosa. Urge, por-tanto, providências enérgicas para coibir o crime e punir os criminosos.

ORDENAMENTOS DO PADRE CÍCERO PARA PROTEGER O AMBIENTE

Há 80 anos completados no domingo passado, dia 20, morria em Juazeiro do Norte cercado da auréola de santidade, o Padre Cícero Romão Batista, líder políti-co e religioso que o povo venera e a cúpula da hierarquia romano-católica demora em compreender o alcance de reabilitá-lo, instalando, posteriormente, o neces-sário processo de beatifi cação seguido do processo de canonização. Ou seja, a Igreja deve formalizar o que o povo determinou e ela própria aceita empiricamen-te. Mas, esta digressão vem a propósito da visão larga do Padre Cícero noque diz respeito à sociedade em que viveu, rústica, atrasada, sobretudo em questões ambientais. O taumaturgo, todavia, preocupava-se sobremodo com as ações do seu rebanho e o aconselhava sobre os mais diversifi cados assuntos. Um deles, a proteção ambiental, sobre o a qual deixou admoestações que os seus seguidores defi niram como os “Mandamentos do Padre Cícero para o agricultor.”

Berç o histó rico de Fortaleza, Barra do Ceará celebra aniversá rio de 410 anos com aç ã o de boa cidadania

O aniversá rio foi da Barra e o presente foi para o Rio Ceará

Uma ciranda de tambores em homenagem à Barra do Ceará foi realizada pelos jovens voluntá rios do projeto Limpando o Mundo

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POR: SHERYDA [email protected]

Durante reunião, no último dia 17, na sede do Conselho de Políticas e Gestão do Meio Ambiente (Conpam), para a

construção do Inventário de Emissões de GEE ex post da Copa do Mundo, José Carlos de Alcântara, consultor do Minis-tério do Meio Ambiente (MMA), elogiou as ações ambientais dos órgãos e empre-sas envolvidos na realização dos jogos da Copa do Mundo e nas atividades na Fifa Fan Fest na Capital. Ainda assim, lamentou que, das dez recomendações feitas por ele para mitigar a emissão dos poluentes, apenas duas foram atendidas integralmente. Alcântara é responsável por orientar quanto à mitigação e reco-lher os dados das organizações quanto à emissão de poluentes.

A certifi cação Leed da Arena Castelão e a Gestão de Resíduos Sólidos no Está-dio e na Arena Fan Fest foram motivos de elogios por parte do consultor, que também comemorou o uso do metrô pelos torcedores para chegar aos jogos. “Infelizmente, as obras de mobilidade não fi caram prontas, mas espero que esse legado fi que disponível para a ci-dade em breve”, afi rmou.

BIODIESEL Também relacionado ao transporte

público, parte das recomendações era que os veículos do transporte público da Capital e das delegações da Fifa fossem abastecidos com biodiesel, o que não ocorreu. “Só não dou nota 10 para Forta-leza por causa disso”, afi rmou Alcântara. O presidente da Cooperativa Central dos Produtores de Algodão e Alimentos (Co-central), Sérgio Britto, afi rmou que as negociações com os fornecedores de óleo usado para a produção não ocorreram em tempo hábil. Em maio, a Cooperativa

implantou uma Usina Produtiva de Bio-diesel e Sabão Ecológico na própria sede.

“Achamos que poderíamos pegar o embalo da Copa e realizar essa produ-ção, mas não foi possível. Os fornece-dores estavam muito envolvidos com o atendimento dos clientes, e preferiram negociar após o Mundial”, disse. Se-gundo Britto, ainda assim houve pro-dução de seis mil litros de biodiesel no período, combustível utilizado no abastecimento dos caminhões da coo-perativa. A recomendação de Alcântara é que toda a frota do transporte público de Fortaleza seja abastecida com a al-

ternativa menos poluente.Outra recomendação do MMA era que

o fornecimento energético fosse feito por meio da rede pública, porém o que ocor-reu foi o uso de geradores na Arena Cas-telão e Fifa Fan Fest. “Quando fi z a reco-mendação, a licitação para os geradores já estava ocorrendo, mas é uma pena, pois pela rede pública emite-se bem me-nos carbono”, encerra.

A coordenadora de serviços públicos e meio ambiente da Secopa-Ce, Rebeca Oliveira, disse que gostou das avaliações de Alcântara e destacou a certifi cação internacional LEED da Arena Castelão como uma das ações alcançadas.

Por e.mail, a assessoria de comunica-ção da Secopafor afi rmou que a Secreta-ria trabalha em parceria com o consultor do MMA, desde antes da Copa das Confe-derações, e que suas considerações “são de extrema relevância”. A parceria com as demais secretarias que fazem parte da Prefeitura, principalmente, com a Secre-taria de Conservação e Serviços Públicos também foi ressaltada. Todos os órgãos

envolvidos na realização do evento em Fortaleza têm até quatro de agosto para enviar os dados solicitados para a cons-trução do Inventário.

PROJETO GESTÃO DE EMISSÕES DE GEE NA COPA

O Projeto BRA/12/019 “Gestão das emissões de gases de efeito estufa da Copa das Confederações e da Copa do Mundo” é resultado dos debates que se produziram no Núcleo Temático sobre Mudança do Clima entre Governo Fede-ral e governos dos estados e cidade-sede da Copa. Para isso, o MMA buscou apoio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), dando início a execução do Projeto em dezembro de 2012 com vigência até abril de 2015.

De maneira geral, o Projeto engloba a elaboração do inventário das emis-sões de Gases de Efeito Estufa (GEE) relacionados à Copa; os planos de miti-gação e compensação; além de uma va-lidação da metodologia utilizada e dos resultados obtidos.

5FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 22 de julho de 2014

VERDE

Ações recomendadas pelo MMA para diminuir a emissão de carbono durante a Copa em Fortaleza

• Uso de materiais provenientes de reciclagem na reforma e adequação na Arena Castelão;

• Fornecimento de transporte pelo mo-dal Metropolitano;

• Fornecimento de transporte pelo mo-dal BRT ;

• Fornecimento de transporte pelo mo-dal VLT Ramal Parangaba - Mucuripe;

• Uso de maior percentual de biodiesel nos ônibus que atenderam ao estádio e os outros espaços ofi ciais (B-20 e B-100);

• Uso de maior percentual de biodiesel nos ônibus disponibilizados para fazer o transporte dos espectadores entre os

bolsões de estacionamento e o estádio;• Uso de maior percentual de biodiesel

no diesel utilizado nos ônibus emprega-dos para veículos da FIFA e delegações;

• Uso da rede pública para suprimento energético das estruturas temporárias e dos locais de exibição pública dos jogos;

• Uso de maior percentual de biodie-sel utilizado pelos geradores de energia para suprimento energético das estrutu-ras temporárias e nos locais de exibição pública dos jogos;

• Desenvolvimento do Plano de Gestão de Resíduos/Destinação à Re-ciclagem.

Maioria das orientações do Ministério não foram seguidas

MEIO AMBIENTE

Ainda assim, consultor do MMA deu nota acima de 9,5 para a atuação dos órgãos esta-duais e municipais, durante a Copa em Fortaleza. A Gestão de Resíduos recebeu elogios

O consultor do Ministério do Meio Ambiente só não deu nota 10 para Fortaleza por causa do transporte

TIAGO STILLE

POR SHERYDA [email protected]

Quando realizamos uma co-memoração - uma festa de aniversário, por exemplo - ao fi nal dos festejos provi-

denciamos que toda a decoração seja retirada. Seria impensável deixar fi tas e outros enfeites no local da festa até o ano seguinte, certo? Então porque não retirar a decoração colocada na rua para torcer pela seleção brasileira durante a Copa do Mundo? Além de provocar poluição visual, o material pode danifi car a rede elétrica e cair na rede de esgoto e drenagem da cidade, ocasionando entupimento de bueiros e poluição de recursos hídricos.

Na rua onde mora a dona de casa Marlene de Souza, no bairro Joa-quim Távora, a animação foi gran-de para a decoração. Cada morador contribuiu com R$0,50 e com o total arrecado foi possível adquirir bar-bantes, bolas de plástico, fi tas e pelo menos 300 metros de plástico verde e amarelo, utilizado para a confecção de milhares de fi tinhas. Após a der-rota que retirou o Brasil do Mundial, as fi tas começam a cair e os morado-res pretendem deixar que a decora-ção se “acabe naturalmente”.

“Estamos esperando que o tem-po derrube mesmo. Aí quando isso acontece, juntamos e colocamos no lixo”, conta Marlene, lembrando que do material da festa, só o que foi guardado foram as bandeiras do

Brasil. Já as bolas de plástico, fo-ram doadas para as crianças da vi-zinhança.

Para Veridiana Barros, que se en-contra desempregada, o desânimo da comunidade deve-se principalmente pelo trabalho que as pessoas tiveram para realizar a decoração. “Foram muitas horas cortando as fi tinhas, depois tivemos que encontrar quem pendurasse os barbantes. Para fazer foi muito trabalho, acho que para re-tirar seria pior ainda”, confessa.

600 METROS DE PLÁSTICOJá na rua do chefe de cozinha Lineu

de Sousa, já está decidido: é só termi-nar julho e tudo será retirado. “De-pois do desempenho do Brasil não faz sentido deixar isso aí por muito tempo. A gente vai deixar só para as crianças apresentarem a quadrilha”, avisa.

Segundo a aposentada Roberta de Souza, que articulou a vizinhança, foram necessários 600 metros de plástico para a decoração. Ao con-versar com a reportagem, ela afi rma que todo o material vai para o lixo, mas confessa que não tinha pensado em separar os resíduos para a recicla-gem. “Agora que você falou, eu vou ver se os rapazes que passam reco-lhendo querem”, disse.

IMPACTOSSegundo o professor do Mestrado

em Gestão Ambiental do Instituto Federal do Ceará (IFCE), Gemmelle

6 FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 22 de julho de 2014

VERDE

Restos da decoração da Copa do Mundo devem ser retirados

RESÍDUOS

As lembranças do Mundial permanecem se degradando em vários pontos da cidade. O ideal é que os materiais sejam retirados para evitar poluição

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7FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 22 de julho de 2014

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Morador conta que em breve toda a decoração de sua rua será retirada. “Se o Brasil tivesse jogado melhor fazia até sentido deixar por mais tempo”

Santos, “O impacto das decorações aé-reas feitas nas ruas para o período dos eventos é mínimo quando o assunto é o volume e a quantidade gerada fren-te ao total de resíduos sólidos gerados por dia em Fortaleza, que é de apro-ximadamente cinco mil toneladas”. Mesmo assim, é preciso ter cuidado, pois as fitinhas podem ocasionar da-nos à rede elétrica da cidade, com ris-cos, inclusive, de acidentes.

Para o coordenador do departamen-to de biologia da Universidade Federal do Ceará, Paulo Cascon, o ideal é que a comunidade faça a retirada dessa deco-ração, ao invés de deixar que a mesma se solte. Embora não tenha certeza se o material plástico popular nas decora-ções é possível de ser reciclado, “pois existem diversos tipos de polímeros”, o ideal é que ao fi nal da festa ele seja jogado no lixo para se degradar em um ambiente controlado.O QUE DIZ A SEUMA

Segundo informações da Secretaria de Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma), “as decorações nas ruas são consideradas manifestações cívicas, portanto, é de res-ponsabilidade da população que decorou o espaço que realize a retirada e a desti-nação correta dos materiais. A legislação que trata da publicidade e propaganda na cidade não prevê a proibição com relação à pintura das ruas e avenidas no período da Copa do Mundo, desde que esta inter-venção seja popular, não contendo, por-tanto, publicidade de estabelecimentos comerciais”.

Dessa forma, a Secretaria não tomará providências para a retirada dos enfeites, porém, pede que as denúncias de qual-quer tipo de crime ambiental, inclusive os relacionados à poluição visual, sejam feitas pelo telefone (85) 3452.6923 e pelo site www.fortaleza.ce.gov.br/seuma.

O órgão informou ainda que, quanto à estrutura da Fifa Fan Fest, que ainda não foi completamente retirada do Ater-ro da Praia de Iracema, “a Prefeitura de Fortaleza, por meio da empresa licitada, aguarda a retirada do material dos for-necedores e patrocinadores do evento, fi cando estabelecido o prazo de até 25 de julho para retirada total”.

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A educação dos torcedores japoneses, que limparam as arquibancadas após os jogos, surpreendeu

POR: SHERYDA [email protected]

Ter saneamento básico é um fator essencial para uma localidade ser reconhecida como desenvol-vida. O défi cit de quase 40% da

cobertura de saneamento básico de For-taleza poderá ser superado nos próximos 20 anos. Essa é a intenção da Prefeitura Municipal, que na última sexta-feira, 18, no auditório da Secretaria Regional III, durante entrevista coletiva, apresentou o planejamento da Rede de Água e Esgoto da cidade, parte do Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB), que visa a universalização do abastecimento de água potável; esgotamento sanitário; coleta se-letiva de resíduos sólidos e drenagem ur-bana. Participaram da coletiva represen-tantes da Secretaria de Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma) e da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece).

O investimento necessário para execu-tar as ações, que foram elaboradas após prognóstico baseado em estudos técnicos e consultas públicas, é na ordem de R$ 3 bilhões, sendo R$ 2 bi para a universa-lização do serviço de esgoto e R$ 1,3 bi para o tratamento e distribuição de água potável. “Nosso objetivo maior é o abas-tecimento de água para toda a população de Fortaleza. O plano é dinâmico e muda de acordo com as necessidades e com o crescimento da cidade”, disse a supervi-sora do Plano de Saneamento Básico da Cagece, Michelyne Fernandes.

O diretor de operações da Cagece, Jo-sineto Araújo, afi rma que problemas an-tigos que são enfrentados pela população de vários bairros, como a falta de pressão para abastecer as caixas d’água também devem ser resolvidos. “A intenção é real-mente universalizar o serviço, resolven-do todos os problemas relacionados a abastecimento”, disse. Segundo a Prefei-tura, atualmente 98,57% dos fortalezen-ses tem acesso à água encanada.

ESGOTOPara o esgoto, o grande foco do pla-

no é a ampliação da rede para as bacias que não são atendidas, para que assim seja dado o devido tratamento e a co-bertura total seja alcançada. Há duas alternativas em estudo para atingir a meta. A primeira delas é direcionar todo o esgoto de Fortaleza para uma estação de pré-condicionamento e em seguida lançá-lo no mar. “Nesse caso, será necessário duplicar ou construir uma nova estação de pré-condiciona-mento”, explica Michelyne. A segun-da envolve a construção de três novas estações de tratamento, terciário de esgoto, as do Cocó, Siqueira e Miriú. A

viabilidade técnica e ambiental das al-ternativas ainda está em estudo.

O PMSB está em fase de elaboração pela Prefeitura de Fortaleza, por meio da Secretaria Municipal de Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma), em parceria com a Autarquia de Regulação, Fiscali-zação e Controle dos Serviços Públicos de Saneamento Ambiental (ACFOR), Secretaria Municipal de Infraestrutura de Fortaleza (Seinf) e Cagece.

A elaboração do Plano contempla o Marco Regulatório do Saneamento (Lei 11.445/2007), promulgado em 2007, que estabelece como responsabilidade do poder municipal elaborar o PMSB, sob pena de não estar mais apto a rece-

ber fi nanciamento, por parte do Gover-no Federal, na área de saneamento. De acordo com essa legislação, o PMSB deve englobar o conjunto de infraestruturas de: abastecimento de água potável; es-gotamento sanitário; limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos e drenagem e manejo das águas pluviais urbanas.

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VERDE

· Universalização do acesso;· Equidade;· Integralidade das ações;· Intersetorialidade;· Consideração das peculiaridades lo-cais e regionais e uso de tecnologias apropriadas;· Efi ciência, sustentabilidade econômica e modicidade tarifária;· Transparência das ações, baseada em sistemas de informação;· Controle social;· Segurança, qualidade e regularidade.

Em parceria entre Prefeitura e Cagece, a elaboração do Plano Municipal de Saneamento Básico atende ao que é exigido na Lei Federal 11.445/07

Plano pretende universalizar rede de água e esgoto nos próximos 20 anos

FORTALEZA

As informações foram apresentadas durante coletiva de imprensa na sede da Secretaria Regional III

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O QUE É SANEAMENTO?

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA LEI 11.445/07 - LEI DE SANEAMENTO BÁSICO

• Saneamento é o conjunto de medi-das que visa preservar ou modificar as condições do meio ambiente com a fi-nalidade de prevenir doenças e promo-ver a saúde, melhorar a qualidade de vida da população e à produtividade do indivíduo e facilitar a atividade eco-nômica. No Brasil, o saneamento bási-co é um direito assegurado pela Cons-

tituição e definido pela Lei 11.445/2007 como o conjunto dos serviços, infraes-trutura e Instalações operacionais de abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana, drenagem urbana, manejos de resíduos sólidos e de águas pluviais.

• Embora atualmente se use no Brasil o conceito de Saneamento Ambiental

como sendo os 4 serviços citados aci-ma, o mais comum é que o saneamento seja visto como sendo os serviços de acesso à água potável, à coleta e ao tratamento dos esgotos.

Fonte: Instituto Trata Brasil (http://www.tratabrasil.org.br)

POR SHERYDA [email protected]

Cerca de 300 integrantes de movimentos sociais dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e de outros pa-

íses se reuniram no Hotel Wirapuru, localizado na Avenida Alberto Craveiro nos dias 14 a 16 de julho durante o even-to “Diálogos sobre Desenvolvimento: os Brics na perspectiva dos povos”. Os ativistas refl etiram sobre as conse-quências das ações do bloco econômi-co, além de se articular, identifi cando pautas comuns entre as cinco nações. Várias questões ligadas ao meio am-biente, como injustiças ambientais, e altas taxas de emissão de carbono des-pertaram a atenção, e a própria natu-reza do bloco econômico foi contesta-da. O encontro ocorreu em paralelo a VI Reunião da Cúpula do Brics, evento que ocorreu em Fortaleza e Brasília na semana passada.

“O Brics se diz um defensor da sus-tentabilidade, mas veja só, não há um documento defi nindo o que seja essa sustentabilidade”, denuncia a inte-grante da Rebrip Brasil (Rede Brasilei-ra pela Integração dos Povos) Fátima Mello. Assim como vários outros ativis-tas presentes no evento, ela considera que o bloco tem interesses puramente capitalistas, colocando o desenvolvi-mento econômico acima do desenvolvi-mento humano e sem preocupações re-ais com o meio ambiente. “É preciso ter atenção, pois embora as decisões entre os empresários e chefes de Estado des-ses países possam resultar em grandes empreendimentos e aumento de capi-tal, eles podem trazer mais desigualda-de e injustiças ambientais, que já fazem parte de nossa realidade. Os frutos des-se desenvolvimento serão pra quem e colhidos a que custo?” contesta.

ÁFRICA DO SULSegundo os ativistas, fatores positi-

vos para os empresários desses países podem trazer consequências negativas para os povos. No caso de ocorrer livre comércio entre os Brics, por exemplo, a situação dos trabalhadores da África do Sul pode piorar, especialmente os da mi-neração, que acabaram de voltar de uma greve contra uma das maiores empresas do setor no país. É o que defende Brian Ashley, da Alternative Information and Development Centre (AIDC/África do Sul), comemorando o fortalecimento do movimento social em seu país. “Foram cinco meses de greve e o interessante é que durante esse período as comunida-des que se desenvolveram no entorno das minas sustentaram os grevistas. Eles só sobreviveram com essa ajuda”, afi rma.

A África do Sul sofre atualmente com a taxa de desemprego de 40% e péssimos salários, concentração de renda e injusti-ças ambientais em diversos setores.

Outro problema que atinge o país sede da Copa do Mundo da Fifa de 2010 é a produção de energia elétrica do país, que utiliza termoelétricas movidas a carvão mineral, resultando em altas ta-xas de emissão de carbono, poluição de recursos hídricos e problemas de saúde na população. Para Brian, independente da atuação do bloco econômico, os mo-vimentos devem pensar em modos de se articular e apoiar-se mutuamente, bus-cando formas de combater as injustiças sociais e maneiras de mitigar impactos. “Ainda precisamos sentar e discutir de que forma isso deve acontecer, mas sem dúvida é necessário”, defende.

MODELO DE DESENVOLVIMENTO CHINÊS É SUICIDA, AFIRMA ATIVISTA

O país responsável por 10% do Produto Interno Bruto (PIB) mun-dial e lar da maior população do planeta, a China, pode estar num caminho sem volta. Com um modelo de desenvolvimento baseado na in-dustrialização, os recursos hídricos e a qualidade do ar estão compro-metidos. Segundo o ativista, pro-fessor e pesquisador em economia Guo Jinnian, a corrupção é um dos grandes problemas. “O Governo cria legislações para evitar a poluição, porém quem tem amigos dentro dos órgãos ambientais chineses acaba se beneficiando de forma corrupta, de-sobedecendo às leis sem sofrer qual-quer tipo de punição”, relata.

FOTO: TIAGO STILLE

9VERDE

Ativistas discutem pautas em comum durante encontro em Fortaleza

BRICS

Enquanto empresários e chefes de estado debatiam aspectos econômicos do bloco, ativistas levantavam questões socioambientais e fortalecimento mútuo

FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 22 de julho de 2014

Injustiças ambientais que ocorrem nos países que compõem o Bloco foram discutidas em debate

IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃOChina e Brasil mantêm uma relação

estreita, sendo o país asiático o nosso maior fornecedor de produtos manufa-turados. Em contrapartida, somos gran-des fornecedores de produtos agrícolas para a China. Guon teme que, caso o modelo seja fortalecido na articulação do bloco econômico, a tendência é que a monocultura no Brasil cresça, enfra-quecendo a agricultura familiar e outras formas de manejo do solo, além de tra-zer graves consequências para o solo e meio ambiente brasileiros. “Da mesma maneira, os chineses estarão cada vez mais adeptos do desenvolvimento que polui o ar e destrói o meio ambiente, ao invés de buscar outras alternativas”, analisa, ressaltando que, caso a indus-trialização continue sendo o principal motor econômico do país, as taxas de crescimento precisarão cair, tanto por questões ambientais quanto pela sobre-carga de produtos no mercado.

REMOÇÃO DE COMUNIDADES PARAGRANDES PROJETOS ATINGEM A ÍNDIA

Embora Brasil e Índia não compac-tuem transações comerciais que preju-dicam os países mutuamente, ambos conhecem bem injustiças ambientais para a realização de grandes projetos. Sunita Dubey, ativista da Vasudia Foun-dation, organização indiana que atua na área de mudanças climáticas e geração de energia, conta que é comum que co-munidades em seu país sejam removi-das, principalmente para a inundação de grandes áreas para a construção de hidrelétricas. “Isso prejudica muito as comunidades indígenas, interfere dire-tamente em sua cultura e deixa muitos desabrigados”, conta. Para ela, além de discutir as pautas em comum, a socie-dade civil dos Brics pode ajudar a forta-lecer as comunidades em nível regional, como no caso de países africanos que não conseguem se defender e poderiam ter suporte da África do Sul.

ÁGUA: TESOURO RUSSO E BRASILEIRORússia e Brasil têm em comum um

recurso importante para a população mundial. “O Brasil detém o maior volu-me de água doce no mundo, e a Rússia, o segundo. Acredito que uma forma de juntos contribuirmos para o meio am-biente é por meio da troca de experi-ências sobre o uso e reaproveitamento desse recurso, além de buscar a segu-rança hídrica de regiões atingidas pela seca e desertifi cação”, afi rma Larisa Ze-lentsova, presidente da União Interre-

gional Russa em Socorro à Vida (Sail of Hope). Por meio de projetos, a ativista afi rma que trará ao Brasil conhecimen-tos sobre a dessalinização da água, pro-cesso em que o sal é retirado do líquido e também pretende mostrar maneiras de utilizar o elemento para o tratamento de pessoas com defi ciência. “Pesquisas científi cas mostram que a água é capaz de transportar informações. A música clássica, por exemplo, provoca um com-portamento diferenciado de suas molé-culas. Isso pode ser utilizado a favor da saúde”, afi rma, com otimismo.

OPORTUNIDADE, NÃO OPOSIÇÃOSegundo a organização do evento, a

intenção não é fazer oposição aos acor-dos do bloco econômico e a própria mobilização dos grupos não é pautada por ele. “Os movimentos já atuavam antes do surgimento desse bloco e a nossa intenção é refl etir e contestar so-bre de que forma ele se coloca diante do modelo de desenvolvimento vigen-te. O momento é um impulsionador po-lítico dessa articulação”, explica Sarah Luiza Moreira, membro do Centro de Pesquisa e Assessoria Esplar e da Mar-cha Mundial das Mulheres (MMM), duas das organizações que realizaram o encontro. As demais realizadoras são a Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB), a Central Única dos Trabalha-dores (CUT), o Instituto Terramar e a Rebrip, além de outros movimentos de esquerda nacionais e locais.

10 FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 22 de julho de 2014

VERDE

Segundo o pesquisador, o modelo de

desenvolvimento chinês precisa

ser transformado, ou o meio

ambiente não suportará os

impactos

FOTO: TIAGO STILLE

O que o Brasil fará com seus 12 es-tádios construídos para a Copa do Mundo ? Os arquitetos franceses, Axel de Stampa e Sylvain Macaux,

tentaram dar uma resposta à pergunta, apre-sentando o Projeto Casa Futebol, uma pro-posta em longo prazo para a reutilização des-tas estruturas como alternativas para o défi cit habitacional do Brasil.

A ideia é transformar as estruturas existentes em unidades habitacionais, a preços acessíveis, a partir da instalação de casas modulares entre os pilares de cimento em torno do perímetro dos estádios, aproveitando o espaço que geral-mente não é utilizado. O projeto propõe uma reapropriação dos estádios usando módulos de habitação de uma superfície de 105 m2.

O projeto parece extravagante, afi nal, estas estruturas, ou melhor, equipamentos urbanos, não foram estudados para suportarem centenas de estruturas suplementares. Além do mais, como fi ca a vida das pessoas que ali poderão morar em dias de jogo?

O relevante nesta proposta de projeto é o le-vantamento da questão [importante] de mora-dia no Brasil bem como diz respeito ao modo

pelo qual são projetados equipamentos e mes-mo as cidades-sede para receber megaeventos. Muitas vezes, estas construções desproporcio-nais, que custam bilhões de dólares, são aban-donados quando poderiam tornar-se parte inte-grante de grandes projetos de habitação.

Fonte: Casa Futebol: http://www.1week1project.org/en/2014/07/06/casa-futebol/

FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 22 de julho de 2014

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Se o Projeto Casa Futebol fosse colocado em prática, a Arena das Dunas Natal ficaria assim

A ideia é adicionar estruturas habitacionais às estruturas das arenas futebolísticas

Dupla de arquiteto propõe adicionar unidades habitacionais nas arenas

CURIOSIDADE

A estranha ideia talvez possa inspirar as cidades que irão sediar as próximas Copas do Mundo ou mesmo o Brasil nos Jogos Olímpicos de 2016. Será?

INDICAÇÃO DE LEITURA

O mundo se prepara nos próximos anos para um tsunami de megaprojetos de infraestrutura. Esta tendência promovi-da pelo Grupo dos 20 (G-20) e os chamados Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), entre outros, está mobi-lizando grandes fl uxos de investimento (bancos e investido-res institucionais) para criar um portfólio “fi nanciável”.

No livro Infraestructura - Para la gente o para el lucro? ,recentemente publicado pela Fundação Böll LATINDADD e lançado no dia 14 de julho em Fortaleza, analisa-se as raízes e, ao mesmo tempo, os efeitos desse processo na ausência de um governo democrático.

As refl exões são várias: É possível promover projetos de infraestrutura de escala adequada e voltada para atender as necessidades das comunidades, e não alguns interesses fi -nanceiros e corporativos? Qual é a importância de analisar o “melhor valor para o dinheiro” no fi nanciamento de infra-estrutura? Pode-se investir em infraestrutura, sem prejudi-car as leis, regulamentos e garantias sobre mecanismos de transparência, comunidades afetadas (incluindo comunida-des indígenas) e os direitos humanos? Quais são as experiên-cias a este respeito? A obra, disponível em espanhol, pode ser baixada gratuitamente pela Internet.

Título: Infraestructura - Para la gente o para el lucro?Realização: Fundação Böll LATINDADDAno: 2014Páginas: 192Download: http://bit.ly/1lbSCcN

A importância de uma governança democrática

e responsávelLivro reúne artigos sobre desenvolvimento

econômico sustentável

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A Organização das Nações Uni-das (ONU) anunciou que mais de 50 países ratifi caram o tex-to do Protocolo de Nagoya

– pacto mundial pela distribuição de lucros e acesso a recursos da biodiver-sidade. Com isso, o tratado entrará em vigor a tempo de ter sua primeira roda-da de discussões durante a conferência mundial da biodiversidade, que acon-tecerá outubro, na Coreia do Sul.

O Brasil, porém, apesar de ser o país com a maior biodiversidade do planeta, um dos maiores responsáveis pela apro-vação do protocolo, em 2010, e também um dos primeiros a assiná-lo, fi cará de fora das negociações sobre os detalhes do documento porque não ratifi cou o texto. Com isso, o país poderá ver a aprovação de algo que contrarie seus interesses.

Somente os países que já ratifi caram o protocolo poderão opinar nos rumos das decisões. A ratifi cação do Protocolo de Nagoya, no Brasil, está parada na Câ-mara há mais de um ano, com as nego-ciações travadas pela bancada ruralista do Congresso, que diz que pode haver prejuízo à agropecuária brasileira. Nas

últimas semanas, 12 países ratifi caram o tratado, incluindo Belarus, Burundi, Gâmbia, Madagascar, Moçambique, Ní-ger, Peru, Sudão, Suíça, Vanuatu, Ugan-da e, esta semana, o Uruguai.

A entrada em vigor do Protocolo sig-nifi ca que a primeira reunião da Con-ferência das Partes na condição de reunião do Protocolo será realizada, de 13 a 17 de outubro, simultaneamente à XII Reunião da Conferência das Partes (COP) da CBD, em Pyeongchang, na Co-reia do Sul, em outubro. O objetivo do documento é garantir a divisão justa e equitativa de benefícios, especialmente do dinheiro gerado pelos uso dos recur-sos genéticos e da biodiversidade.

Na prática, seria possível a criação de royalties e outros mecanismos de compensação para o uso de recursos genéticos. O texto, no entanto, não é retroativo, e as medidas só valem para os novos usos desses recursos naturais.

Em nota, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) exaltou os benefícios do protocolo, que “vai promover mais segurança jurídica e transparência”.

FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 22 de julho de 2014

VERDE

A Assembleia Geral das Nações Uni-das declarou em março de 20111, que o período 2011-2020 seria intitulado de Década das Nações Unidas para a Bio-diversidade com o objetivo principal é integrar e promover a biodiversidade em diferentes níveis. Ao longo da década, os governos são encorajados a desen-volver, implementar e comunicar os re-

sultados das estratégias nacionais para a implementação através de um Política ou Plano Nacional de Biodiversidade.

Fonte: ONU/ http://www.cbd.int/2011-2020/

POR TARCILIA REGO

A proteção da biodiversidade repre-senta um diferencial estratégico para o Brasil e uma oportunidade de orientar nossa economia ao desenvolvimento sustentável. Classifi cado como mega-diverso, a variedade de biomas refl ete a enorme riqueza da fl ora e da fauna brasi-leiras: o Brasil abriga a maior biodiversi-

dade do planeta que se traduz em mais de 20% do número total de espécies da Terra e coloca o País no posto de princi-pal nação entre os 17 países megadiver-sos (ou de maior biodiversidade).

Tão importante quanto a conservação da diversidade biológica é assegurar a uti-lização sustentável de seus componentes e a participação equitativa nos benefícios que derivam dos recursos genéticos.

A ratifi cação do Protocolo de Nagoya no Brasil está parada na Câmara há mais de um ano, com as negociações travadas pela bancada ruralista do Congresso

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BIODIVERSIDADE

OPINIÃO

Acordo valerá em outubro, mas o Brasil está fora

Década das Nações Unidas para a Biodiversidade 2011-2020Viver em harmonia com a natureza!

Biodiversidade Brasileira