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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRITO SENSU
MESTRADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA
SAMANDA NOBRE DO CARMO SABOIA
O ENSINO DA DANÇA NAS ESCOLAS ESTADUAIS DE ENSINO
FUNDAMENTAL I DA CIDADE DE MACAPÁ – AP.
SÃO PAULO
2017
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SAMANDA NOBRE DO CARMO SABOIA
O ENSINO DA DANÇA NAS ESCOLAS ESTADUAIS DE ENSINO
FUNDAMENTAL I DA CIDADE DE MACAPÁ – AP.
Dissertação de Mestrado apresentado para
o curso de Mestrado em Educação Física
da Universidade São Judas Tadeu – USJT,
como requisito obrigatório e parcial para
obtenção do título de Mestre em Educação
Física.
Orientadora: Dra. Graciele. Massoli
Rodrigues
SÃO PAULO
2017
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Saboia, Samanda Nobre do Carmo
S187e O ensino da dança nas escolas estaduais do ensino fundamental I da
cidade de Macapá - AP / Samanda Nobre do Carmo Saboia. - São Paulo,
2017.
110 f. : il. ; 30 cm.
Orientadora: Graciele Massoli Rodrigues.
Dissertação (mestrado) – Universidade São Judas Tadeu, São
Paulo, 2017.
1. Dança. 2. Estratégia. 3. Educação física escolar. I. Rodrigues, Graciele
Massoli. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de Pós-Graduação
Stricto Sensu em Educação Física. III. Título
CDD 22 – 796.01922
Ficha catalográfica elaborada pela
Biblioteca da Universidade São Judas Tadeu
Bibliotecária: Cláudia Silva Salviano Moreira - CRB 8/9237
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Risada
Perdido seja para nós aquele dia em que não se dançou nem uma vez! E falsa seja para nós toda a verdade que não tenha sido acompanhada por uma risada!
(Autor Desconhecido)
1 Imagem captura do site: https://www.google.com.br/, acessado em 13.02.2017, às 14h45min.
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Dedico este estudo a todos, e foram poucos, os
que acreditaram que um dia eu conseguisse
transformar um sonho em realidade.
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AGRADECIMENTOS
Quero primeiramente agradecer a Deus pela oportunidade de fazer
parte desta família tão especial, que sofreu pela distância, mas em nenhum
momento me abandonou, que auxiliaram em minha estada em uma cidade
desconhecida, choramos e sorrimos juntos, dedico todos os meus dias de luta
a vocês, em especial ao meu marido Siney Saboia, pelo apoio incondicional
nesta primeira etapa de minha jornada acadêmica, a minha guerreira mãe
Valdenira Nobre, que sempre esteve comigo nas horas mais exaustivas desse
processo, ao meu filho Arthur Saboia, esse que todos os dias é minha fonte
de energia para prosseguir em minha estrada.
Não posso esquecer-me da instituição a qual trabalho - Centro de
Ensino Superior do Amapá- CEAP, que me concedeu uma bolsa estudo, me
oportunizando ir realizar o mestrado na Universidade São Judas Tadeu, na
cidade de São Paulo.
Quero também agradecer aos meus colegas e professores da
Universidade são Judas Tadeu - USJT pelo apoio, pela amizade, pelo carinho,
pelos estresses que não foram poucos, choros e alegrias construídos no
decorrer desses dois anos de mestrado, em especial a minha companheira de
luta, em muitos trabalhos, que mesmo a distância sempre existiu consenso e
respeito, ela Graziela Nespoli Feltran, te amo amiga!
Não posso esquecer minha orientadora Graciele Massoli - linda,
charmosa e meiga, que me direcionou e orientou com toda maestria para
construção desta dissertação, deixo aqui o meu muito obrigada.
Destaco também o meu carinho e respeito a coordenação de pós
graduação em nome da professora doutora Maria Luiza de Jesus Miranda, e
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a professora doutora Sheila Aparecida Pereira, pelas aulas maravilhosas, que
abriu caminhos em busca de um ensino de qualidade, o meu muito obrigada.
Agradeço também ao meu eterno mestre – o professor Mesaque
Silva Correia – carinhosamente chamado de ‘medonho’ do qual tenho um
carinho e admiração pelo profissional que é, e principalmente pelo amigo que
hoje faz parte de minha vida, deixo aqui meu carinho e meu respeito por você.
Agradeço também ao Studio de dança Celebrare em nome da
chefa Leila Sacramento, pelo carinho e por acreditar no meu trabalho e por
guardar o meu lugar em nosso eterno templo sagrado das deusas, por um ano
para a realização de meu mestrado, o meu muito obrigada.
Agradeço também ao Programa de Pós-Graduação da
Universidade São Judas Tadeu, pelo incentivo, por me acolher com tanto
carinho em todos os momentos.
Aos funcionários em nome de Ibraim, generoso, atencioso,
prestativo e amigo.
Ao Projeto Sênior, coordenado pela querida professora Bruna
Grabriela Marques,
Não posso esquecer de agradecer imensamente a CAPES pela
bolsa concedida.
E a todos aqueles que com olhares silenciosos e cumplices me
apoiaram.
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SUMÁRIO
RESUMO
ABSTRACT
O QUE FUI, O QUE SOU E O QUE QUERO SER
1 INTRODUÇÃO............................................................................................................... 16
2 REVISÃO DE LITERATURA......................................................................................... 28
2.1 A escola...................................................................................................................... 28
2.1 O corpo como linguagem............................................................................................ 30
2.3 Dança na escola e na Educação Física...................................................................... 38
2.4 Estratégia de ensino e o ensino de dança.................................................................. 52
3 DESENHO METODOLÓGICO...................................................................................... 61
3.1 Método........................................................................................................................ 61
4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS........................................................... 65
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊCIAIS BIBLIOGRÁFICAS
ANEXO
APÊNDICE
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RESUMO
Este estudo tem como objetivo discutir o ensino da dança nas escolas públicas
da cidade de Macapá – AP. Para tanto, realizou-se uma pesquisa de cunho
qualitativo descritivo. Fizeram parte do estudo 20 professores de Educação
Física do Ensino Fundamental I que atuam nas Escolas da rede Estadual de
Ensino. Como instrumento de coleta de dados utilizou-se a entrevista
semiestruturada com roteiro temático. Os dados coletados foram submetidos à
análise de conteúdo preconizada por Bardin (2011). Nas escolas estaduais da
cidade de Macapá, o conteúdo dança vem sendo trabalhado de distintas
formas – Em algumas instituições como conteúdo da Educação Física, e em
outras, como atividades extracurriculares. Algumas vezes fomenta debates
educativos sobre valores socialmente construídos, e em algumas vezes apenas
aparece para reproduzir uma manifestação cultural, o que nem sempre é
garantia de aquisição de conhecimento por parte da comunidade escolar. As
dicas verbais e as demonstrações se constituem nas principais estratégias
utilizadas pelos professores de Educação Física para dinamização do conteúdo
dança em suas aulas. Sugere-se que a dança como conteúdo das aulas de
Educação Física na nas escolas estaduais da cidade de Macapá precisa ser
constantemente ressignificada, para que as estratégias de ensino utilizadas
pelos professores atuem com possibilidade libertadora para os alunos.
PALAVRAS-CHAVE: Dança; Conteúdo; Estratégia; Educação Física Escolar.
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ABSTRACT
This study aims to discuss the teaching of dance in public schools in the city of
Macapá - AP. For that, a qualitative descriptive research was carried out. The
study included 20 teachers of Physical Education of Elementary School I who
work in the Schools of the State Education Network. As a data collection
instrument, the semi-structured interview with thematic itinerary was used. The
data collected were submitted to the content analysis recommended by Bardin
(2011). In the state schools of the city of Macapá, dance content has been
worked in different ways - in some institutions as Physical Education content,
and in others as extracurricular activities. Sometimes it fosters educational
debates about socially constructed values, and sometimes only appears to
reproduce a cultural manifestation, which is not always a guarantee of
knowledge acquisition by the school community. Verbal cues and
demonstrations are the main strategies used by Physical Education teachers to
dynamize dance content in their classes. It is suggested that dance as content
of physical education classes in the state schools of the city of Macapá needs to
be constantly re-signified, so that the teaching strategies used by teachers act
with a liberating possibility for students.
KEY WORDS: Dance; Content; Strategy; Physical School Education.
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O QUE FUI, O QUE SOU E O QUE QUERO SER..
As imagens acima, no contexto deste texto se constituem em imagens
– epígrafes de meu encontro com a dança, de minha atuação com a dança e
de onde pretendo chegar com ela.
Eu sou a Samanda Nobre do Carmo Saboia e tenho 33 anos de idade.
Sou nascida na cidade de Macapá, capital do Estado do Amapá, filha de
Valdenira Nobre do Carmo e de Antônio Dias do Carmo - pais maravilhosos.
Filha caçula , com dois irmãos Jean Alex e Alexsandro da Silva.
Fui uma menina sapeca que aproveitou cada segundo de sua vida
infantil; vivi, senti e compartilhei diferentes momentos da infância. Estudei em
escola pública do Ensino Infantil ao Ensino Médio, e foi na escola que as
manifestações artísticas se revelaram - em concursos, dos quais eu me envolvi
em todos. Destaco o Miss Verde, o Miss Caipira, o de danças folclóricas com
atividades direcionadas pela minha professora Núbia que era apenas uma
colaboradora da escola que eu estudava, chamada Gonçalves Dias. “Nossa
que saudade!!!”
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Saindo da escola Gonçalves e indo para a escola Castelo Branco,
conheci então o professor Ricardo Marinho - meu professor de Educação
Física - que organizou um grupo de dança da escola. Tínhamos ensaio de
todos os estilos de dança; dançávamos em diferentes lugares, tal como
eventos, competições e a Caminhada Alexandrina – uma tradicional caminhada
realizada a mais de 30 anos pela escola Alexandre Vaz Tavares, uma escola
tradicional do Estado. Desde então, a dança veio se tornando importante em
minha vida.
Terminando o Ensino Médio participei de uma competição de dança
intitulado “Garota Tcham” - em um programa de televisão local chamado
Janete Silva Show, do qual fiquei em primeiro lugar, que obtinha como
premiação, a participação no quadro das dançarinas do referido programa.
Foram dois anos no programa e então, percebi que a dança era uma fonte de
prazer, além de me ajudar financeiramente.
Comecei a trabalhar muito cedo. Após a saída de meu pai de casa,
minha mãe lavava roupa para fora; meu irmão Alexsandro estava no exército e
foi então que tive o meu primeiro trabalho como instrutora de dança de salão e
ginástica em uma academia - “Vem Dançar”. Sem formação acadêmica,
somente com vivências na área, assumi um emprego de instrutora de dança de
salão e jazz na “Instituição Sesc Araxá”, na qual fiz parte do grupo de dança do
professor Ricardo Marinho, e com isso, tive a oportunidade de dançar e
participar de mais competições e conhecer diversos lugares.
As práticas dançantes com o grupo de dança do Sesc, e a referência
de meu eterno mestre professor Ricardo Marinho, me influenciaram a cursar
Educação física. E tenho certeza que foi a escolha mais acertada de minha
vida.. Esse curso que tem como objeto de estudo as práticas corporais, me fez
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compreender as vivencias corporais e os caminhos trilhados para atender as
necessidades existentes como dançarina e professora de dança
No início era aluna curiosa, que estava em busca de novas vivências
dançantes, aos poucos vai descobrindo que em sua essência havia diferentes
manifestações artísticas, entre elas a dança de salão. Acredito que através do
envolvimento com a dança de salão, pude perceber que já havia em mim um
amadurecimento maior sobre o meu corpo e, sobretudo as potencialidades que
eu poderia desenvolver por meio de outras manifestações artísticas.
Minha intuição se confirma no momento em que cursei a disciplina
Ensino da Dança. Os conhecimentos teóricos, adquiridos nesta disciplina me
fizeram entender que a prática é importante, porém, não dominante. A
disciplina Ensino da Dança me abriu os olhos “teóricos”; fez-me entender que a
prática é importante, porém, não dominante. Ou seja, requer conhecimento
conceitual para lidar com as dificuldades advindas de técnicas e procedimentos
práticos, como bem pontua Santos (1999, p.12) “a prática sem a teoria é cega”.
Por isso, que ao refletir hoje sobre minha prática docente no curso de
graduação em Educação Física, priorizo debates sobre os diferentes
conhecimentos dos conteúdos da Educação Física Escolar, em especial o
Ensino da Dança, no sentido de propor aos acadêmicos uma melhor
compreensão sobre habilidades e competências no que concerne a
determinada estrutura dançante.
Após três anos e meio, e faltando seis meses para terminar o curso de
graduação, eu já estava cursando a especialização em “Metodologia do Ensino
da Educação Física e do Esporte” – No Centro de Ensino Superior do Amapá -
CEAP, que durou dois anos, fui contratada mais uma vez pelo Sesc Araxá
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como instrutora de dança de salão e a partir desta temporada, fui então
contratada pelo Centro de Ensino Superior do Amapá – CEAP – Instituição que
cursei minha Graduação e Pós-Graduação, para atuar como professora do
curso de Educação Física, assumindo as disciplinas Teoria e Ensino do Jogo,
Metodologia do Ensino da Educação Física, Educação Física e Lazer e
Educação Física Infantil e Fundamental.
Além de professora do curso superior, sou professora de dança do
ventre: minha atual paixão! O meu corpo abraçou forte e sem medo, a dança
do ventre, e a sua maneira vem respondendo todos os questionamentos.
O que eu quero daqui para frente é me superar cada vez mais, superar
os obstáculos e ter a sabedoria de atuar frente as adversidades com mais
serenidade ; o que busco é uma quadra repleta de alunos esperançosos, um
palco iluminado e amor à minha profissão, pois ensinar não é apenas fazer o
nosso aluno reproduzir o que é pedido, mas é fazê-lo refletir diante de suas
necessidades e dificuldades adquiridas durante seu processo de entrega ao
praticar a atividade; é conduzir o aluno à descoberta.
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INTRODUÇÃO
Sabe-se que o diálogo entre Dança e Educação Física não é recente,
também é sabido que as discussões relativas às delimitações epistemológicas
acerca de um e de outro campo do conhecimento extrapolam à lógica das
simples relações. Entretanto, ao se tratar da dança como conteúdo das aulas
de Educação Física, tais discussões apresentam-se recheadas por uma
problemática que de certa forma parece estar vinculada ao referencial teórico
entre as informações já estruturadas por estas distintas áreas de estudo e
atuação profissional: A dança e a Educação Física, ao passo que, por outro
lado, a dança educativa abarca um vasto campo conceitual amplamente
investigado.
Também se revela notável como as implicações do escopo teórico
acerca do ensino da dança nas aulas de Educação Física produzido no Brasil
reverberam para além do âmbito acadêmico. Elas incidem não apenas nos
modos relacionais entre dança e Educação Física nos campos da
compreensão corporal, da expressão corporal e da prática artística, mas
também nos processos de construção do conhecimento e do gosto estético
daqueles que vivenciam as diversas manifestações da dança, seja como
espectador de uma obra ou por meio do estudo teórico e/ou prático no contexto
do ensino da dança.
Embora sejam muitos os indícios de que o conteúdo dança é, sem
dúvida, um dos maiores catalisadores da manifestação e expressão do
movimento humano nas aulas de Educação Física, e que ele é tão importante
quanto os esportes, jogos e brincadeiras, ainda persiste no solo da quadra de
aula, a massificação das práticas esportivas em detrimento de outras
manifestações da cultura corporal, muito embora Betti (1999) aponte, que
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mesmo diante deste cenário de violência simbólica do currículo executado pela
grande maioria das escolas, os alunos gostariam de vivenciar outras
manifestações da cultura corporal, como por exemplo o conteúdo dança.
O que torna-se extremamente relevante, uma vez que, por meio do
conteúdo dança, o professor pode (e deve) estimular os alunos a questionarem
os valores preestabelecidos, padrões repetitivos e modismos, como, por
exemplo, as coreografias com fortes apelos sexuais, que aparecem
incessantemente em programas de TV, possibilitando uma análise crítica da
realidade.
Entretanto, a segregação ou a espetacularização da dança na escola,
faz com o professor de Educação Física ao abordar o conteúdo dança encontre
o cenário abaixo descrito:
Boa tarde turma, o conteúdo de nossa aula hoje é DANÇAAAAAA!!!!!
Anuncia o professor. Desordem generalizada entre os alunos.
Passado a euforia da turma e a força do conteúdo anunciado, que faz uma
parcela da turma gritar, aplaudir, manifestar alegria e satisfação, e outra calar-
se, revelar desinteresse, murchar.
Diante do conteúdo anunciado, é possível identificar desespero,
descontentamento, total falência corporal. Ao encontro dos colegas, do
professor, correm os alunos satisfeitos com o conteúdo proposto, felizes,
saltitantes, aplaudindo, dançando e expondo possibilidades diversificadas de
sugestões de vivencias corporais e rítmicas, além de propostas de ritmos a
serem trabalhados para esta aula.
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A partir deste fato supracitado e somando-se os acontecimentos
cotidianos manifestados em sala de aula, é importante destacar, que muitas
coisas foram “ditas” e compreendidas sem que as palavras se fizessem
necessárias. Observou-se, a presença da linguagem corporal compondo a
estrutura existente dentro da escola, mais precisamente a Educação Física.
Com isso, essa pesquisa emergiu da inquietação com o trato da
linguagem do corpo no solo da escola. Pode-se questionar então: quais as
relações da Educação Física e a linguagem do corpo através da dança? Ou
como atender estrategicamente as necessidades educativas do aluno através
do conteúdo dança?
Muitos escritos destacam a importância da dança como linguagem
corporal e o elo com Educação Física escolar, mas o que é visto é a presença
superficial no solo da escola, sujeita apenas às festinhas comemorativas ou
prática simplista de repetição de gestos motores, que nos levam a questionar:
Como a dança está na escola? Quais são os caminhos, possibilidades,
estratégias metodológicas que são usadas pelos professores?
Desde muito tempo até os tempos atuais o esporte é considerado um
dos conteúdos hegemônico nas escolas (EHRENBERG,2014). Porém Gallardo
(2003) diz que outros conteúdos estão sendo incluídos como conhecimentos a
serem tratados também na Educação Física, como a dança , os jogos e
brincadeiras, as lutas, a ginástica, as artes cênicas, musicais e plásticas.
Sugestão também vindo das Diretrizes Curriculares (2008) que
norteada pelos conteúdos estruturantes, a ginástica, a dança, o esporte, as
lutas e jogos, entre outros, a cultura corporal dos educandos poderá ser
desenvolvida nas aulas de Educação Física, pois produzem e reproduzem
valores que reafirmam ou questionam as representações corporais.
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Figueira (2008, p. 01) identifica a dança como “(...) forma de
conhecimento que possibilita uma intervenção direcionada para a ampliação da
expressividade dos sujeitos dado que ela permite ler a gestualidade humana
como uma linguagem”. É importante que as pessoas percebam o corpo em
movimento, em diferentes contextos de ensino-aprendizagem, pois o corpo é
capaz de projetar imagens, possibilitando e interiorizando leituras de
movimentos e interpretação, configurando uma linguagem – linguagem
corporal.
A dança pode intensificar a linguagem do corpo pois sempre esteve
ligada à comunicação, utilizando os movimentos para mostrar necessidades e
expressões. Assim, “A dança é capaz de comunicar por si mesma sem
submeter-se diretamente a outra forma de linguagem para ser traduzido e
variar de acordo com o estilo pessoal de cada indivíduo, a qual se manifesta
através da sequência de ações motoras que se significam” (NANNI, 2003, p.7).
Segundo Laban (1978, p. 22.) “O corpo é sentimento que o homem
expressa se, este possui a capacidade de expressar significados mesmo
quando aparentemente não há possibilidades de verbalizar uma imagem em
palavras”. É manifestação, e acima de tudo, reflete seu significado quando as
palavras perdem seu verdadeiro sentido.
A dança contempla características, valores e finalidades
eminentemente educativas, por isso ela deveria integrar os currículos escolares
desde a pré-escola até a universidade. De acordo com Rocha et al (2008), a
dança no âmbito escolar propicia ao ser humano o poder de re-significar o
mundo, por meio de uma autêntica práxis transformadora, pois cada vez mais
vem sendo incluída nos currículos escolares e extraescolares, visto que sua
19
utilização como prática pedagógica pode trazer contribuições ao processo de
ensino aprendizagem.
No ambiente escolar a dança é um conteúdo ainda pouco difundido,
mas os trabalhos de Freire (2001), Strazzacappa (2001), Marques (2007) e
Barreto (2008), entre outros, indicam que ela vem ganhando espaço e
demonstram como se efetiva sua prática na educação formal. Ferrari (2003) diz
que a educação está voltada para o desenvolvimento integral do indivíduo,
proporcionando todo o conhecimento e aprendizagem de que necessitam. Com
isso, podemos acreditar que a dança no âmbito escolar tem grande valor
pedagógico. Neste sentido, Barreto (2008) destaca que a dança na escola seria
então, uma possibilidade de análise de questões que envolvem o movimentar,
destinada a ser uma forma de conhecimento a ser compartilhado e vivido de
acordo com o contexto social, ou seja, sendo articulado com as necessidades
dos alunos, contribuindo com a construção da identidade, para assim obter a
chance de modificar, reestruturar e recriar sua realidade.
A dança ainda é um grande desafio para professores e alunos que
desejam lançar mão deste conteúdo, pois é pouco compreendida em suas
potencialidades educativas. Sua ligação com o ato de educar é bastante
significativa, pois facilita a aprendizagem e resulta na reconstrução de novos
conhecimentos.
Apesar de destacarmos diferentes pontos importantes para a inclusão
do conteúdo dança e apesar das pessoas reconhecerem a importância do
movimento como fonte de expressão, o mesmo ainda está restrito apenas para
horários do recreio e à pratica da Educação Física e de maneira especifica, ou
seja, a criança tem pouca chance de se movimentar, conforme Strazzacapa
20
(2002), essa temática ainda possui pouco destaque e debate, sobre as causas
do desinteresse, preconceito e desvalorização da dança no contexto escolar.
O estudo de Carvalho (2012, p. 02), mostra “que a dança ainda não é
incorporada efetivamente nas aulas de Educação Física e muitos professores
ainda não conhecem sua importância e benefícios”, e talvez por isso, não
consigam definir os objetivos para este conteúdo, dificultando direcionar
caminhos ou estratégias que atendam às necessidades do conteúdo dança em
sua práxis educativa. Diante disso, como estabelecer e direcionar caminhos
estratégicos que façam sentido e significado para o professor e para o aluno
diante do processo de ensino e aprendizagem?
É fundamental que a dança, no solo da escola, seja efetivada por meio
de um professor que não seja um mero expositor de técnicas e conceitos, mas
o fomentador das experiências e mediador de descobertas pessoais e
habilidades. Para isso, é necessário rever a práxis que está sendo aplicada
dentro das escolas diante dos diferentes conteúdos da cultura corporal de
movimento, pois muitos professores avaliam que para acontecer a
aprendizagem, é preciso que o aluno esteja sempre sentado e quieto e
esperando as respostas. “Privilegiar a mente e relegar o corpo pode levar a
uma aprendizagem empobrecida. É preciso ver o homem como ser total e
único que quer aprender de forma dinâmica, prazerosa, envolvente”
(STRAZAZACAPA, 2001, p. 32). Nesse sentido, estamos diante das
estratégias de ensino que os professores selecionam para alcançar seus
objetivos.
Na obra Dança Educação da pré escola a universidade, aponta que:
Estratégias metodológicas são procedimentos de ensino, modelos de
ensino, centrados aos objetivos visanso alterações no
comportamento dos alunos. São processos de ações planejado pelo
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professor para colocar o aluno em contato direto com as coisas, fatos
ou fenômenos que o possibilitem modificar a sua conduta e função
dos objetivos expressivos do programa (NANNI,2008, p. 104).
Contribuindo, Rodrigues (2005) diz que as estratégias são recursos
que podem agregar valores dentro do contexto de ensino e aprendizagem e
que só se tonam importantes se tiverem ligados diretamente com os objetivos
pretendidos.
Para facilitar a adesão dos alunos às práticas corporais é importante
diversificar as vivências frente as estratégias metodológicas propostas em sala
aula, que possa ir além dos esportes tradicionais (futebol, handebol, voleibol ou
basquetebol). Assim acredita-se que disponibilizando novos caminhos de
experiências com a dança na escola, torna possível o entendimento e adesão
do aluno a medida em que aumentam as chances de uma possível
identificação com o este conteúdo.
Neste contexto, ao referirmos aos conteúdos tratados na Educação
Física é necessário considerarmos conceitos, ideias, fatos, processos,
princípios, leis científicas, regras, habilidades cognoscitivas, modos de
atividade, métodos de compreensão e aplicação, hábitos de estudos, de
trabalho, de lazer e de convivência social, valores, convicções e atitudes. Em
consonância com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), ao destacar
os critérios de seleção e organização dos conteúdos, a relevância social;
características dos alunos e as características da própria área, se sobressaem
podendo nortear a coerência diante dos olhares expostos e propostos, além da
efetivação dos objetivos pretendidos.
Dessa forma a discussão sobre a atuação do professor de Educação
Física perpassa pelo fomento de novas possibilidades de como direcionar a
aplicação dos conteúdos nas aulas de Educação Física, trazendo a reflexão
22
sobre seu papel no espaço escolar. Com essa perspectiva, o papel da
Educação Física futuramente poderá ultrapassar o ensinar apenas o esporte,
incorporando seus fundamentos e técnicas, mas incluindo com tão importância
outros conteúdos não menos significativo, e que se destacam por seus valores
subjacentes.
Os conteúdos estão organizados em três blocos, que devem ser
desenvolvidos ao longo de todo o ensino fundamental. Essa
organização tem a função de evidenciar quais são os objetos de
ensino e aprendizagem que estão sendo priorizados, servindo como
subsidio ao trabalho do professor, que devera distribuir os conteúdos
a serem trabalhados de maneira equilibrada e adequada. Assim, não
se trata de uma estrutura estática ou inflexível, mas sim de uma
forma de organizar o conjunto de conhecimentos abordado, segundo
os diferentes enfoques que podem ser dados (PCNs, 1997, p.35).
No processo ensino e aprendizagem é importante que o aluno tenha
consciência de seu papel como agente ativo do conhecimento, e não seja
simplesmente um reprodutor do que o professor propõe em sala de aula. É
possível, com a participação de ambos na construção do conhecimento e na
ampliação das experiências que direcionem práticas diferenciadas à linguagem
corporal, mas para isso, busca-se estratégias significativas, que atendam
diferentes dimensões do aluno.
A maneira como o ser humano consegue reconhecer e utilizar o seu
corpo para se relacionar com o meio pode ser chamada de corporeidade. A
corporeidade na Educação Física está intimamente relacionada com o fazer
dos alunos que pode instigar a atenção e reflexões sobre questões que
envolvam o corpo, numa perspectiva de respeito, de valorização do ser
humano, como cidadão, não como máquinas de produção e de consumo.
Da mesma forma ao se tratar da dança no contexto escolar,
desenvolve-se o ser como um todo, assim criando e recriando movimentos,
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afim de que o indivíduo interaja, controle seu corpo, sua mente e aprimore suas
habilidades. Barreto (2004, p. 27) destaca que:
A Dança na escola deve oportunizar o autoconhecimento, estimular
vivências da corporeidade, oportunizar relações estéticas com os
demais e com o mundo, estimular a expressão dos alunos, possibilitar
a comunicação não verbal e os diálogos corporais, sensibilizar os
alunos a contribuírem na construção de uma educação estética, de
modo a favorecer relações mais equilibradas e harmoniosas diante do
mundo.
A Dança oferece aos professores um universo de possibilidades a
serem ensinadas no ambiente escolar e a aula de Educação Física ocupa um
espaço privilegiado para a construção de representações da corporeidade do
indivíduo e de seus valores. Este projeto busca discutir o ensino da dança e
identificar as estratégias de ensino de dança na escola com intuito de
compreender como vem sendo trabalhado nas aulas de Educação Física, quais
questões afetam e influenciam esse fazer nos corpos, tanto do professor como
de seus alunos seja ele objeto ou sujeito, priorizando sempre o sentido de
corpo sujeito.
Como professora do curso de licenciatura em Educação Física no ensino
superior ministrando as disciplinas que discutem a linguagem do corpo e,
sendo uma profissional da dança atuante fora do ambiente formal de
aprendizagem, inquietações emergem cotidianamente diante dos meus olhos.
No contexto das escolas amapaenses durante os estágios
supervisionados foi possível observar que o conteúdo dança é pouco
desenvolvido pelos professores de Educação Física, talvez pela falta do
conhecimento específico do conteúdo, afinidade, estratégias ou vivência do
mesmo.. Essas considerações instigam refletir não somente sobre a dança
enquanto conteúdo a ser trabalhado nas aulas de Educação Física, mas
24
também entender o porquê e como utilizá-la no processo de ensino
aprendizagem do aluno. Então é necessário compreender que dança
queremos, pois, a dança nas escolas, ainda está sendo construída por nós.
Marques (2010, p. 25) afirma que a dança na escola precisa ser diferenciada
de bailes de carnaval, pois “o corpo que dança e o corpo na dança, tornam-se
fonte de conhecimento sistematizado e transformador”.
Conhecer e compreender a dança que está hoje na escola poderá
ajudar o professor a direcionar melhor as estratégias, fortificando o processo
ensino e aprendizagem, através de conhecimentos, habilidades, hábitos,
modos valorativos e atitudinais de atuação social, organizados pedagógica e
didaticamente, às vistas de assimilação ativa e aplicação pelos alunos na sua
prática de vida. Em outras palavras, tanto a dança como os demais conteúdos,
contribuem para que a Educação Física se transforme e não fique presa
apenas em um ou dois conteúdos, mas valorize a criatividade advinda do
professor (ZABALA,2000, p. 23).
No contexto acadêmico, em um primeiro contato com a disciplina dança,
os futuros professores de Educação Física (acadêmico) muitas vezes não se
sentem aptos para realizar ou aplicar o conteúdo, e alguns justificam não terem
vivido experiências dançantes, e outros, por preconceito. Esses fatos nos
levam a refletir sobre esse conteúdo e nos instiga encontrar novas
possibilidades de como e porquê aplicá-lo na escola.
Acredita-se que os professores de Educação Física das escolas
municipais da cidade de Macapá –AP apresentem um repertório limitado de
estratégias de dança utilizando com predominância a demonstração. Também
acreditamos que a aplicabilidade do conteúdo dança é desenvolvido por meio
25
de uma proposta de automatização de movimentos aprendidos por meio da
demonstração sem processo de criação dos alunos.
Destaco a importância de estar disponível para entender, construir e
transformar o conhecimento recebido, pois a partir da compreensão do
conhecimento é possível adaptá-lo a diferentes contextos e esse seria o papel
do profissional. Mas, para isso, o ensino vivenciado deve ir além do ensino de
técnicas especificas, contemplando vivências corporais intencionais,
espontâneas e criativas. Neste sentido, o estímulo na formação dos futuros
professores possibilitará desenvolver uma organização sistematizada dos
conteúdos a serem desenvolvidos em sala, que inclui conhecer a realidade da
escola, as características do alunado e as características do ambiente, além
dos caminhos metodológicos para melhor atender os objetivos pretendidos.
Desta forma entendemos que a dança e a Educação Física estão de fato
conectados; é sim uma companhia possível, apesar de interdependentes, que
pode ser visualizada em Ehrenberg (2014, p. 44) que diz que “a dança é um
dos conteúdos possíveis e totalmente plausível de ser inserida no currículo da
Educação Física”.
Sob estas considerações, esse estudo foi organizado da seguinte
maneira: o primeiro tópico versa sobre a escola, enquanto ambiente
transformador, cujo objetivo é compartilhar conhecimento. Posteriormente,
discorremos sobre perspectivas sobre o corpo como linguagem e o corpo no
processo de ensino e aprendizagem. Buscamos refletir sobre a linguagem
corporal que sustenta o armazenamento de vivências individualizadas e únicas.
O terceiro tópico trata da dança na escola. Apoiamos abordar a dança como
conteúdo escolar, mais precisamente na Educação Física. Procuramos olhar
para a dança como uma linguagem que vai além de uma restrita
26
movimentação, pois é manifestação cultural, social e corporal, com
possibilidades de formação do indivíduo. O quarto tópico foi momento em que
se visamos percorrer algumas possibilidades de se trabalhar o conteúdo dança
na escola.
Compreender como o conteúdo dança está sendo proposto e quais
seriam as estratégias de ensino utilizadas por professores de Educação Física
em suas aulas foi o norte da pesquisa. O estudo buscou clarear como o
conteúdo dança na escola se estrutura pois é a partir de ações pedagógicas
conscientes, atrativas e envolventes que o sentido e significado para o ensino e
aprendizagem poderá promover transformação e mudança na práxis educativa,
tornando estas ações fortalecidas com o apoio da comunidade escolar. Para
isso, voltamos os nossos objetivos para o ensino da dança nas escolas da
Cidade de Macapá para identificarmos estratégias de ensino utilizadas para o
ensino de dança nesse espaço, além de compreender a sua localização em
relação a abrangência de sua importância como conteúdo, buscando uma
interligação com outras disciplinas, em especial a Educação Física.
27
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 – A escola
De que escola estamos falamos? O que se tem visto na atualidade
ainda é uma escola preocupada apenas na reprodução do conhecimento, sem
expectativas de transformação, diante do seu processo de ensino e
aprendizagem. De acordo com Barreto (1998) o olhar para a escola, nos
moldes que apreciamos e vivenciamos durante o processo educacional, é
possível observar que ela está constituída em uma concepção de "Educação
Tradicional e Bancária'', assumindo a função de transmitir aos alunos os
conhecimentos acumulados de séculos, sem preocupar-se de reconstruí-los,
desrespeitando a dinâmica cultural do mundo em que vivemos e as
necessidades e os desejos pessoais. De acordo com esta autora, a escola tem
exercido uma função produtivista, contribuindo para que as coisas
permaneçam como estão, neste mundo.
Qual é a escola queremos? Aquela que cotidianamente compreende a
importância dos aspectos técnicos, comportamental e gerencial,
contextualizada no meio que está inserida? Qual o papel da escola neste
mundo que a cada momento se transforma? Seria essa a garantia do equilíbrio
entre as funções de preparar cidadãos para desenvolver suas habilidades e
competências, como para a vida conviver em sociedade?
Para Sborquia (2006) a escola como ambiente responsável em
compartilhar conhecimentos e formar cidadãos, necessita garantir a interação
do patrimônio cultural advindos de seus alunos, desta forma a formação que é
promovida, necessita acontecer mediante as interações humanas. Neste
sentido um dos princípios da escola é educar, procurando sempre encontrar
28
meios estratégicos que venham ao encontro da realidade social de seus
alunos, pois sabe-se que todo planejamento didáticos precisa levar em
consideração a realidade da escola, pois o ensinar e aprender não se
materializa isoladamente, pois existem outros aspectos que determinam o bom
desenvolvimento de uma escola (MINELLO,2006).
Desta forma, reestruturar e concretizar esta ideia é mostrar para os
gestores, docentes, discentes e a comunidade, que existem caminhos para
melhor atender aos anseios de quem administra, ensina, apreende e contribui
com o processo de ensino aprendizagem, sendo um destes caminhos, aquele
que direciona o olhar do componente curricular Educação Física, para seu
papel enquanto disciplina, que possui expectativas de conteúdos e estratégias
metodológicas, estas que também estão em transformação no cotidiano que se
instala no solo das escolas. De acordo com Sborquia (2008, p. 4) “a escola é o
campo de ação profissional do professor de Educação Física, portanto, este
local deve ser descoberto e compreendido para tornar-se um terreno fértil de
produções e mediações significativas”.
No ambiente escolar, a Educação Física necessita disponibilizar a
todos independente de classe social, o conhecimento referente as
manifestações do corpo, tal como sugere Brasileiro (2008, p. 01) que propõe
Colocar à disposição de todos os grupos e classes sociais os
saberes, as experiências, as produções simbólicas e materiais que
cercam o conjunto das práticas e das manifestações corporais, de
modo a democratizá-las como riquezas culturais, como bens
socialmente produzidos.
Um exemplo que está mesma autora destaca é que por meio do lazer,
a disciplina Educação Física pode oferecer a comunidade escolar novas
estratégias que direcionem o conhecimento teórico e prático que contribua de
29
maneira significativa, as diferentes maneiras de ver, vivenciar, sentir, e de
relacionar-se com a ação do corpo, tendo assim a chance de criar, recriar
diferentes formas de experiência e aprendizagem. Sabemos que a Educação
Física durante muito tempo assumiu uma visão mecanicista para “educar” o
corpo, resultando em imposições e opressões dos corpos e isso também pôde
ser vivido na escola. Porém, tem se tentado promover uma Educação Física
que tende a mudar este olhar tradicional de ver o corpo, processo este
chamado descorporalização, que de acordo com Gonçalves (1994, p.01):
Significa que o ser humano se tornou independente da
comunicação empática de seu corpo com o mundo, reduzindo
sua capacidade de percepção sensorial, aprendendo a
controlar seus afetos, transformando a livre manifestação de
seus sentimentos em expressões e gestos formais, permitindo
um crescente processo de manipulação do corpo.
Silva (2010, p.06) diz que a disciplina Educação Física nos dias atuais
tem focado nas manifestações que compõem a cultura corporal de movimento,
ou seja, trabalha com as formas de representação e compreensão do mundo
expressas por meio do corpo, podendo contribuir para além das performances
corporais mas englobando a formação de homens capazes de atuar
socialmente.
2.2 O corpo como linguagem
O corpo sempre foi um conceito bastante discutido e teorizado no que
concerne à pesquisa em Dança. Não somente a área das artes, mas também,
outros universos como o filosófico, o antropológico e o religioso, sempre
demonstraram interesses em desvelar e refletir sobre as questões inerentes à
formação e constituição corporais. De acordo com os mais diversos conceitos
30
de corpo compreende-se que este não é algo acabado e, portanto, está em
constante processo de modificação. Estas modificações são provenientes do
estado de corpo no mundo que o cerca, pois o meio está no corpo assim como
o inverso também acontece.
O corpo é um dos instrumentos capaz de disponibilizar muitos
conceitos e vivências, das quais só dependerá da interpretação do professor
para melhor organizar sua práxis educativa. Neste contexto, Minello (2006, p.
48) aponta que “o corpo por assim dizer, pode ser construído por liberdades e
apreensões, pode revelar uma sociedade inteira”. O corpo então seria a
primeira oportunidade de contato com o meio, ou seja, tudo requer sentido,
entendimento para que sua presença adentre nos lugares, pois assim
despertará interesses de diversas áreas do conhecimento. Para tanto os
desejos e anseios de nossos alunos muitas vezes passam despercebidos por
nossos olhos de educadores, “vozes” que gritam e expõe pedidos dos quais
não conseguimos decifra-las, traduzi-las, e acabam sendo sucumbidas do
processo educacional.
Estas “vozes” que clamam por reconhecimento; são as diferentes
maneiras de se fazer entender diante do processo de aprendizagem. Para
tanto, fazer valer diferentes formas de comunicação, seja a verbal ou a não
verbal, é deixar claro para nós educadores e para o nosso aluno que o mesmo
está sendo escutado e compreendido, durante o processo de ensino. Neste
contexto, Lima (2004) contribui dizendo que atender aos desejos do corpo
muitas vezes nos trazem conflitos, entretanto, inibir, conter pode caracterizar
dominação e permanecer com a velha ideia de ver os corpos de acordo com
padrões pré-estabelecidos pela sociedade, ou ainda garantir com essa atitude
31
as frustrações por não ter “escutado” os pedidos e as necessidades não
identificadas, pois os desejos e anseios foram calados e oprimidos.
Diante da possibilidade de considerar o corpo como expressão,
entende-se que ele se comunica e que dele emerge uma forma de linguagem.
Para Brasileiro (2008, p. 203):
(...) a linguagem do corpo é preciso mostrar e reconstruir as
histórias corporais, a dar início pelo questionamento sobre os
padrões de comportamento e os significados das práticas
corporais impregnadas em nossa cultura corporal, até a
recuperação, na memória corporal viva, individual e coletiva,
das experiências definidas e dos saberes corporais prévios.
Trata-se de uma possibilidade de revisão da história do corpo
em movimento, tanto do ponto de vista do indivíduo que a
carrega, como da relação dessa mesma memória com a cultura
e a sociedade mais ampla. Essa conversa realizada na e pela
linguagem do corpo garanti, por sua vez, não somente
conhecer mais de si e do mundo que nos cerca, mas criar
novas possibilidades de expressão, inserção e intervenção em
nosso meio.
De fato, a comunicação não-verbal, também denominada por outros
autores de comportamento não-verbal ou ainda de interação comunicativa
cara-a-cara, tem o gesto como elemento primordial em suas principais
características. Segundo Minello (2006) o corpo em si tem a capacidade de
“falar” por meio da execução dos mais simples gestos expressivos que passam
informações mediante o uso da linguagem corporal está que é fonte única de
comunicação de indivíduo para indivíduo.
O corpo é organizado, comunica e transmite mensagens de
todo tipo e desde a pré-história o homem já se expressava
através de gestos e movimentos que constituíam uma
linguagem, compreendida por seus semelhantes. O movimento
faz parte do homem desde a sua concepção por meio da
32
motilidade celular e se estende por todo processo auto
construtivo do organismo (MOURA, 2006, p. 10)
Desta maneira Ladeira (2003) nos mostra que o corpo por ser
considerado a forma de interação do indivíduo com o meio, é o que determina
de fato nossa existência, da qual é possível compreendermos nossas ações no
tempo e espaço.
O corpo é composto por significados, encharcados por respostas,
sentidos e marcas, que respondem a todas as perguntas do tempo e ocupa
significativamente todos os lugares. Este fato nos direciona a questão de
entendermos o corpo na sua corporalidade, que segundo Oliveira (2006) é:
Um conjunto de práticas corporais realizadas pelo homem, que
envolve sua expressão criativa, seu reconhecimento consciente
e sua possibilidade de comunicação e interação na busca da
humanização das relações dos homens entre si e com a
natureza (OLIVEIRA, 2006, p.01).
Gonçalves (1994), também enfatiza que o corpo é capaz de se
comunicar através do movimento e assim poder relacionar-se com o mundo, e
portanto, está diretamente ligado ao indivíduo como participante ativo dos
sistemas sociais, dentre eles, as experiências advindas de sua cultura que os
próprios sujeitos constroem.
A interação dada pela comunicação é de grande importância para o
entendimento do ser que faz parte do mundo. Strazzacappa (2001) afirma que
através do corpo em movimento o ser humano atua no mundo, o que possibilita
ao mesmo interagir, apreender o que o cerca. Neste sentido, o movimentar do
corpo, permite ao indivíduo que ele sinta o mundo, e com isso ele também seja
sentido. Pereira (2007) contribui dizendo que o corpo permite ao ser humano
diferentes possibilidades de interagir com o mundo, comunicando-se,
33
expressando-se, criando etc. Ladeira (2007) também concorda que por meio
do corpo que somos capazes de ver, ouvir, falar, perceber e sentir, pois existe
uma relação com o meio e com as pessoas, que também fazem parte do
mundo, experiência que se dá pela comunicação e pela linguagem que o corpo
representa e possui. Enfim, o corpo nos permite estar presente.
Contudo, existe a preocupação de entender esse “corpo que expõe
necessidades e anseios, mas isso requer obtermos uma visão que vá além do
físico, ou seja, compreende-lo não somente no seu aspecto biológico”
(BRASILEIRO, 2013, p.314).
Quando pensamos então nesse corpo na escola, lembramos de Freire
(1991, p. 15) que expõe uma questão que trata sobre o olhar sobre corpo que
atualmente é predominante no solo da escola: “Um corpo fragmentado como os
homens sempre viram o universo fragmentado”, ou um corpo que atendi e
respeitas suas necessidades. Girard e Chalvin, (2001) corroboram falando que
no contexto escolar ainda é predominante esta visão fragmentada de corpo,
apesar de existir uma pedagogia que acredite em um corpo que é constituído e
influenciado por diversos domínios que podem uma reflexão sobre o significado
do corpo, considerando todas as possibilidades, tornando-o ativo e consciente
em todo o processo que faz parte.
Neste sentido Brasileiro (2008) ressalta que a Educação Física poderia
contribuir para esta reflexão, discutindo os modelos de corpo e práticas
corporais que são hegemônicas na sociedade, e elucidando possibilidades de
garantir novas experiências e olhares sobre o corpo. A mesma autora enfatiza
que requer planejamento diante destas possibilidades de conhecimento sobre o
corpo, para então ajudar no trabalho com as manifestações da cultura corporal,
34
visando ampliar as competências humanas e as formas de comunicação entre
os indivíduos e com o mundo.
Um direcionamento, uma proposta ou projeto que valorize e amplie a
formação humana, e que direcione os interesses a valorização da dimensão
corporal e as linguagens que dela resultam, requer que as atitudes e as
representações relacionadas ao corpo não sejam apontadas pelos interesses
mercadológicos, nem pelo desrespeito aos seus limites, violados pela
comercialização e pela banalização da imagem do corpo, cujos valores e
promessas tornam ainda mais frustrados os sujeitos. Porém recorremos a
Rodrigues (2004), que destaca um caminho possível para compreender o
corpo que são as práticas corporais que propicia o diálogo entre as partes do
corpo, da posturas, dos gestos, do contatos, da interação corporal, que muitas
vezes são conteúdos implícitos deixados para segundo plano muitas vezes
pelos professores.
De acordo com Brasileiro (2008) a escola possibilita o indivíduo expor e
apreender seus hábitos corporais. Porém, também é perceptível que através
dela se camufle e mantenha os padrões estabelecidos pela sociedade fazendo
o aluno abrir mão de sua autonomia corporal para incorporar marcas próprias
de sua sociedade e de seu tempo. Neste sentido Rodrigues (2004) quando
afirma que a educação impede o desenvolvimento da maior parte dos aspectos
motivacionais que estão intimamente conectados com a forma que lidamos
com nossas experiências no mundo por meio de nosso corpo.
Esta ausência de compreensão diante das experiências corporais,
talvez se dê pela falta de compreensão do profissional que atua e propõe
vivências corporais para seu aluno. Para Rodrigues (2004) o corpo atualmente
é visto como um turbilhão de incertezas e precisões, que depende da ciência
35
que o discuti, seja pela biologia, pela física ou psicologia, mas que ainda é um
mistério, um desconhecido do próprio homem.
Com base nisso como disponibilizar experiências se as capacidades do
instrumento corpo não é reconhecida? As experiências, no contexto da
Educação Física, mais precisamente o conteúdo dança, que precisa do corpo
para sentir e compreender o porquê de seu executar.
Nos escritos, Sousa (2011, p.01) destaca que “[...] a dança é uma das
mais poderosas formas de comunicação e expressão, uma forma de linguagem
universal e faz parte da cultura corporal da humanidade”. Sousa (2011) por
sua vez menciona que um dos objetivos ao aprender a dança é a aquisição de
diferentes maneiras de se comunicar através do corpo, pois sabe-se que a
dança contribui para a expressividade e manifestação do corpo, mais
precisamente o manifestar do ser.
De acordo com Silva et al (2005) linguagem é a maneira que o
indivíduo possui para informar algo, ações e conhecimentos por intermédio de
signos, que se fazem compreender, ou seja, a linguagem é como a capacidade
humana de expor estes signos como por exemplo os sonoros, visuais, táteis,
gestuais etc. Deste modo, a linguagem não representa um produto acabado,
mas um constante processo que a cada momento se criar novos signos;
entendendo, aqui, que signo, é qualquer coisa um sentimento, uma emoção,
uma sensação sonora, táctil, um gesto, um traço, uma palavra, um ritmo, que
identifique outra coisa, para o outro, de alguma maneira.
Já Weil (2003), citado por Jesus (2011), diz que a linguagem é o
instrumento capaz de proporcionar relação entre os indivíduos, permitindo
assim a comunicação entre eles, sendo então relevante ser trabalhada na
escola. Jesus (2008) fala que a linguagem se transforma em fator fundamental
36
para o processo de comunicação entre os indivíduos, oportunizando a
integração, transformação e criação de expectativas reais.
Sborquia (2008, p. 96) ressalta que:
A linguagem corporal inserida em diferentes manifestações corporais
como o jogos, esportes, danças, ginásticas e lutas constitui-se como
manifestação lúdica, dada sua intenção comunicativa das emoções,
sentimentos e ideias que são extravasadas através dos movimentos
carregados de sentido.
O sujeito interage com o mundo e com as pessoas e assim expõe o
que sente, ou seja, a expressão corporal passa a ser então uma poderosa via
de se conectar. Conforme abordado anteriormente, o indivíduo apreende o
mundo ao seu redor, está diretamente ligado a forma como ele visualiza o
mundo que o cerca. Esse olhar só é possível por meio da linguagem, podendo
esta ser verbal e não verbal.
De acordo com Ladeira e Darido (2003) e Ladeira (2007) por meio s da
linguagem corporal é possível identificar muitas possibilidades de ensino e a
escola precisa buscar compreender e acessar maneiras para provocar e
aprofundar esse conhecimento para fazer com que o aluno se sinta integrado,
atuante em seu processo. Cada pessoa tem uma forma diferenciada de se
comunicar corporalmente, que se modifica de cultura para cultura. Neste
sentido, o professor precisar se fazer entender, mas para isso o mesmo
necessita encontrar caminhos significativos para propor experiências
diversificadas com base na consciência da importância desse corpo
disponibilizado para que ele se constitua como participante ativo do processo.
Segundo Andrade (2013), o conhecimento sobre o corpo é importante
não só para o aluno como também para o professor, proporcionando a esse
37
melhor entendimento ao se trabalhar com o conteúdo dança, uma vez que é
nele que a dança se expressa.
Desta forma o professor possui as ferramentas necessárias para
oportunizar uma diversidade de experiências que torne seu aluno o
protagonista de seu aprendizado, tornando-o capaz de compreender este
processo através do seu corpo. Uma das possibilidades está relacionada à
Educação Física por meio dos seus conteúdos que são ricos e
potencializadores na ação da expressão corporal. Dentre estes conteúdos,
destacamos o ensino da dança.
No caso da dança, o fazer-sentir nunca está dissociado do
corpo, que é a própria dança. Para que se possa compreender
e desfrutar estética e artisticamente a dança, portanto, é
necessário que nossos corpos estejam engajados de forma
integrada com o seu fazer-pensar. Essa é uma das grandes
contribuições da dança para a educação do ser humano –
educar corpos que sejam capazes de criar pensando e re-
significar o mundo em forma de arte (MARQUES, 2007, p.24).
2.3 Dança na escola e na Educação Física
Segundo Verderi (2009, p. 1) “O homem primitivo dançava por
inúmeros significados: caça, colheita, alegria, tristeza ... O homem dançava
para tudo que tinha significado, sempre em forma de ritual”. Para Naig (2008)
pode-se dizer que a dança é considerada a arte mais antiga em que o homem
teve a chance de vivenciar; desde o seu nascimento, que veio evoluindo
juntamente com o mesmo e quando se trata de movimentos, de emoções,
expressão e arte a dança é a capacidade de transformação destes indivíduos.
Para Minello (2006) por ser considerada como uma das artes mais
antigas, a dança proporciona ao indivíduo a capacidade de expressar distintos
38
sentimentos e emoções sem a utilização da linguagem verbal. Le Boulch
(1987) apresenta e reforça essa ideia ao expor a necessidade do homem
expressar-se, dizendo: "O homem dançou de fato antes de ter falado. Em todas
as sociedades de todos os hemisférios, o homem manifestou-se, expressou-se
com seu corpo desde suas origens". Neste contexto Minello (2006, p.95)
também afirma que “a dança é a expressão através do movimentar do corpo,
constituída em sequências significativas de experiências que ultrapassam o
poder das palavras e da mímica”.
A partir desta significativa evolução da dança diante das expectativas
do homem ao lidar com seu corpo como instrumento de comunicação e
manifestação, acredita-se na possibilidade de incluir a dança como conteúdo
capaz de atender diferentes aspectos, como por exemplo, artístico, lúdico ou
educacional diante do ensino e da aprendizagem dentro da escola. Zotovici
(2001) relata que a dança tem seu papel perante a sociedade, seja ela vista
como expressão artística, lúdica ou educacional, cujo um dos princípios é
mediar a continuidade dos valores que são passados de geração para geração,
mantendo viva a cultura de uma civilização.
Neste ponto de vista, a sala de aula é um cenário que propicia
discussões de diferentes assuntos, e pode mostrar aos alunos e professores
sua importância como experiência e vivencia, diante do processo educacional
compartilhado pela dança. Minello (2006) corrobora ao afirmar que, as práticas
com dança, assim como outra área qualquer de conhecimento, necessitam de
dedicação e disciplina para se alcançar o que se busca, priorizando aspectos
referentes ao que ensinar, viabilizando estratégias que chamem a atenção do
sujeito, diante do desconhecido para que o mesmo comprometa-se e se
entregue totalmente.
39
Buogo (2011) diz que a dificuldade em regularizar a dança como
conteúdo dentro do currículo da escola está relacionada, em muitos casos, com
os currículos soltos, divididos e desconectados, nos quais a
interdisciplinaridade não se faz presente, fator essencial ao processo
educacional. Para Brasileiro (2009), a dança na escola pode ser vista em
diferentes espaços: se encontra nas salas de aula, nos corredores, pátios,
quadras, mas o objetivo da escola é promover um ensino estruturado que
obtenha seus objetivos estabelecidos e coerentes com as necessidades dos
alunos, seja aquela que a mídia divulga, ou as que se manifestam no dia a dia,
o importante é que esteja presente nas salas de aula, como conhecimento
integrante da cultura escolar.
De acordo com Sousa (2011), a dança enquanto linguagem a ser
trabalhada na escola, está relacionada com a comunicação não-verbal, essa
que expressa e transmiti muitas informações com diferentes significados.
A aprendizagem por meio da dança se mostra como fator importante
para o aprimoramento e o desenvolvimento de diferentes capacidades e
competências do aluno, porém como nos diz Verderi (2000) citado por Souza
(2013) a dança no ambiente escolar ainda é vista com pouca credibilidade por
ser usada apenas em festivais e apresentações para os pais, ou seja, não se
tem claro que esta pratica consegue ampliar o autoconhecimento pela vivência
corporal, além de propiciar uma visão e compreensão crítica e sensível o
mundo que vive. Silva et al (2012) também corrobora que apesar de ter sua
importância na escolar, muitas vezes a dança ainda é utilizada apenas em
datas comemorativas ou tão somente como atividade extracurricular Com base
nisto Bonetti (2008) só confirma, nos dizendo que apesar de obter significativo
potencial educacional, a dança apresenta problemas que requerem ser
40
destacados em relação a sua estada no ensino na escola, que perpassa pela
ideia de instrumentalização no trato com seus conhecimentos, principalmente
quando muitos dos professores ao trabalhar com este conteúdo, visam apenas
algum tipo de evento.
Outros fatores também influenciam nesta falta de credibilidade do
conteúdo dança como por exemplo, preconceito por parte ou dos professores
ou mesmo pelos alunos dos alunos do sexo masculino, já nos disse
Strazzacappa (2001) existem muitos benefícios que a dança proporciona para
a formação do ser humano, mas são negados por muitos professores que
trabalham nas escolas. Outro ponto está relacionado ao preconceito com
relação ao gênero, mas que aos poucos os professores que acreditam neste
conteúdo, buscam encontrar diferentes possiblidades para não afastar os
meninos das aulas. Para tanto, Brasileiro (2008) mostra que a dança, possui
um universo mais amplo de referenciais que tratam o mesmo como importante
meio a ser tratado na escola, estes que nos levam a desmistificar essa ideia de
que a dança é apenas um elemento ou um espetáculo folclórico, de caráter
contemplativo, passando então a entendê-la como conhecimento significativo
para as ações corporais.
Identificar as potencialidades que o conteúdo dança possui para assim
garanti sua presença e permanência na escola é missão que tanto o
docente, quanto o discente precisam compreender. De acordo com Barreto
(1998) a dança na escola proporciona mais que a aquisição dos elementos,
mas quais os fatores relevantes que ainda não foram revelados? Barreto
(1998) questiona se estes outros aspectos referentes ao ensinar dança da
escola estão se mostrando? Desta maneira, esta mesma autora acredita que
as experiências vividas com a dança no espaço escolar, ainda continuam
41
sendo mantidas à margem, e torna a levantar perguntas sobre este conteúdo: o
que a dançar é? De que maneira desenvolver a dança escola?
De acordo com Rangel (2002, p. 01), “a discussão sobre o conteúdo
dança dentro da escola não é recente, muito menos desconhecido. Na antiga
Grécia, como exemplo, a dança já tinha seu papel: influenciava e era
influenciada pela cultura e educação da época”. Pode-se compreender que “A
dança se insere diretamente num contexto pedagógico, no interior de uma
disciplina curricular, fazendo-se necessário refletir sobre sua atuação dentro
desse contexto” (EHRENBERG, 2003, p. 80).
A dança pode sim ser um conteúdo relevante das aulas de educação
Física no solo da escola, como aponta Nanni (2003) que diz em seus escritos
que a dança é um conteúdo que pode ser inserido nos currículos escolares,
pois contribui para o desenvolvimento e o aprimoramento do ser humano,
através da manifestação do expressar do corpo de seu praticante.
Marques (1997); Pereira (2007) e Scarpato (2001) referem-se à dança
como área do conhecimento, importante para a formação e educação do
indivíduo e como parte do currículo da escolar. A dança deve ser inclusa na
escola com todos os seus sentidos e significados “pois sabe-se que a
educação deve ser global, não visando apenas um aspecto do ser humano, o
que acredita-se é que a dança na educação por ser um aprendizado que
integra o conhecimento intelectual e a livre expressão do aluno” (SCARPATO,
2001, p. 58). Assis (2009) colabora dizendo que a dança pode se auto-
organizar de acordo com as necessidades do ambiente escolar no qual ela é
trabalhada, considerando as características e necessidades educacionais.
Destacamos a partir de então as possibilidades de se trabalhar o
conteúdo dança na escola. Como conteúdo, a dança pode ser trabalhada no
42
ambiente escolar, pois é “uma das maneiras que na prática é mais adequada e
divertidas para ensinar todo o potencial de expressão do corpo” (SILVA 2012,
p. 39). Inserir a dança no sistema educacional pode ser positivo, para alunos e
professores, mas devem ser levadas em consideração as experiências que
cada um carrega consigo.
Para Morandi (2005), ao ensinar o conteúdo dança na escola, o
professor necessita pensar além do foco para a formação de bailarinos. Requer
pensar em diferentes contextos em que os alunos estão inseridos, pois isso
ajuda na educação dos indivíduos. Corroborando com o autor, buscamos
Barreto (1998) que coloca que a dança é um conteúdo que precisa existir com
coerência e sentido entre a teoria e a prática pois assim é possível propor
subsídios que estimulem o desenvolvimento corporal e as possibilidades ao se
movimentar.
Referentes a estas possibilidades Silva (2008) mostra que o ensino da
dança na escola contribui para o desenvolvimento global da criança e do
adolescente, além de favorecer outros tipos de aprendizados que eles
necessitam. Destacam também que se uma criança obteve a chance de
vivenciar as aulas de dança na educação infantil, com certeza, será melhor
alfabetizada. Pereira (2007) quando trata do conteúdo dança na escola,
destaca que suas características direcionam o desenvolvimento do aluno, pois
instiga os alunos a se tornarem mais criativos e consigam se movimentar mais
adequadamente pela ampliação da coordenação motora e consciência
corporal.
Minello (2006) coloca que o ensinar dança sempre esteve interligado
com o processo de ensino aprendizagem, porque busca relacionar questões
como: percepções, estrutura, e avaliação, e mais as iniciativas de decisão,
43
improvisação e criatividade do aluno que são fatores significativos que a dança
engloba e com isso, colabora com o processo de transformação integral do
indivíduo.
O valor educacional que o conteúdo dança possui, está muito além da
simples relação de domínio de uma técnica. Sabe-se que as aulas de dança na
escola perdem seu objetivo e importância, quando executadas apenas como
uma aula técnica de exercitação de habilidades. Nesse contexto Scarpato
(2001, p. 2) também destaca que:
O uso da dança na sala de aula, de maneira geral não visa
apenas proporcionar a vivência do corporal com intuito de
reprodução por parte dos alunos, mas para diminuir tensões
decorrentes de esforços intelectuais excessivos. Na medida em
que favorece a criatividade, com isso pode apresentar muitas
contribuições ao processo de aprendizagem, se integrada com
outras disciplinas.
Com base no que foi dito anteriormente, Schwartz (2000) cita outras
maneiras de para se trabalhar com o conteúdo dança, como por exemplo, a
possibilidade de intervir com a contribuição de outras disciplinas, o que
estimularia a participação de uma forma geral de todos os professores e suas
respectivas disciplinas, mostrando para os alunos os seus benefícios.
Segundo Barreto (1995), a dança na escola tende a buscar o equilíbrio
entre o conhecimento racional e intuitivo, o que contribui para a ampliação da
construção de ações corporais, com intuito de fazer o aluno compreender de
maneira critica esse fazer corporal. Defendeu Freire (2001) que um aspecto
muito importante a ser considerado: a dança dentro da escola está voltada para
o reconhecimento de que nenhum padrão de movimento é bom ou ruim.
44
Para Ladeira (2007) não é aceitável confiar em dicionários de gestos,
pois toda forma de movimentação corporal possui suas características
específicas de acordo com o contexto disponível, ou seja, um mesmo gesto em
um lugar poderá ter significados diferentes em outro. Cada um de nós possui
leitura e entendimento diante de seu repertório corporal, e através dela,
interage e se comunica através de respostas que atribui sentido e significado
para nossa existência. Dessa forma, é possível então aprimorarmos as
dimensões do indivíduo de maneira macro, pois para Ramos (2010, p.03) “a
dança propõe a abrangência de várias áreas do indivíduo propiciando então o
desenvolvimento global, quando ele participa frequentemente de atividades
com ela relacionada”.
Para Cravo (2011) a dança, muito além de seu potencial frente a
aquisição e aprimoramento do fazer corporal, proporciona a diferentes grupos
sociais de ambos os sexos sua formação de maneira global. Assis (2009)
contribui dizendo que através do ensino da dança, o indivíduo garante uma
formação ampla, tornando apto a interagir de acordo com seu contexto.
Diante das possibilidades para garantir o ensino de dança na escola
Minello (2006, p.93) contribui dizendo que “a dança funciona como um meio,
um estímulo orgânico e senso-perceptivo para que o ser possa encontrar-se
com ideias próprias e a partir daí, encontrar-se com o outro”. Já para Morandi
(2005) a dança como prática corporal possibilita uma percepção que contribuirá
para a aprendizagem do aluno, isso quando a experiência é realizada através
do fazer sentir, que tem conexão direta com o corpo, que seria a própria dança.
Outro ponto que possibilita focar o ensino da dança na escola
encontramos nos escritos de Lindner (2013) que mostra que a dança viabiliza
a vivência corporal como uma das fontes para aquisição da expressividade
45
através de práticas motoras, e partir do movimento corporal atendem as
necessidades de revelar sentimentos. Marques (2003) citado por Morandi
(2005) neste sentido destaca que o ensino da dança contribui para a educação
do indivíduo, tornando-os sujeitos criativos, críticos e capazes de compreender
o mundo de forma diferenciada.
De acordo com Sgarbi (2009) a dança, como conteúdo, possibilita o
debate sobre o movimento expressivo como uma manifestação cultural que
contribui para o autoconhecimento do corpo, assim como os seus limites e
possibilidades. Nesse contexto, a dança caracteriza-se como um elemento
transformador, quando vista como capaz de atender e aceitar as ações
concebidas através das inter-relação com os outros. Deste modo, e importante
que esta linguagem seja vista, no solo da escola, com um olhar mais
investigativo para o indivíduo.
Miranda (1991) citado por Ehrenberg (2008) acredita que uma das
formas do conteúdo dança ser trabalhado é considera-lo como instrumento que
viabiliza desenvolver a força de expressão, possibilitando ao aluno a
consciência e conhecimento sobre o seu corpo ao se movimentar, mas para
isso requer disponibilizar ao aluno a vivência de diferentes estilos e estratégias
de dança, para que o mesmo obtenha o pensamento crítico acerca do dançar,
enfim, permitir a transformação dos alunos de espectadores passivos em
participantes ativos de seu processo de aprendizagem.
Desta maneira apesar de observarmos que ainda existe distância,
entre o que é posto sobre a dança e o que de fato é desenvolvido na prática,
muitas destas propostas para trabalhar com o ensino da dança na escola não
podem ser vistas como algo inviável ou utopia, e sim, como passos importantes
em direção a uma nova mentalidade. Contudo, Brasileiro (2009), mostra que a
46
dança sempre existiu no solo da escola, porém de maneira discreta, quando se
trata do processo de escolarização. Em se falando da participação deste
conteúdo na Educação Física em especial, alguns autores conseguem
identificar a presença da dança nesta área.
Ehrenberg, (2003) nos mostra que no ambiente acadêmico vem sendo
levantados vários questionamentos sobre o ensino da dança dentro da escola,
sendo um destes questionamentos relacionado as possibilidades do professor
de Educação Física assumir esta responsabilidade de trabalha-la na escola. A
dança foi evoluindo de acordo com o ser humano e levando à necessidade de
ser desenvolvida como prática da cultura corporal. Para Gaspari (2004) citado
por Diniz (2012) a dança representa um patrimônio cultural que atualmente se
constitui como uma linguagem entendida como um dos conteúdos da
Educação Física escolar. Como nos diz Gallina (2008) a dança na escola, mais
precisamente nas aulas de Educação Física tem muitas maneiras de ser
promovida, seja como dança expressiva, criativa, mas que propicie ao aluno o
conhecimento de seu corpo, através do movimentar, uma vez que o objetivo da
escola é fazer o aluno refletir sobre sua ação.
Desta forma, é de suma importância compreender como a dança é
abordada na Educação Física, pois sabe-se que a mesma é uma das
disciplinas que dá oportunidade de se trabalhar com este conteúdo. “A
Educação Física é um campo do conhecimento e uma prática pedagógica
responsável pelo fazer científico e pela sistematização desses conhecimentos,
assim como pelo acesso, pela técnica, pelo ensino e pelo aprendizado do
conjunto das manifestações da cultura corporal esporte, dança, ginástica, jogo,
lutas, etc.” (BRASILEIRO 2008, p.195).
47
Esta responsabilidade que a Educação Física possui diante do ensino
e da aprendizagem necessita levar em consideração os diferentes aspectos
das dimensões humanas. Uma destas dimensões está relacionada a
valorização de si própria enquanto área capaz de transformar diferentes
realidades. Gadotti (1988) citado por Schwartz (1997) deve-se compreender a
essência da educação, em especial a Educação Física, que aos poucos vem
conquistando seu espaço.
Ao construir relações entre o universo da Educação Física
Escolar e a área de Linguagens, destaca a necessidade da
ampliação do sentido do termo texto, passando a ser entendido
como uma totalidade significativa e articulada que é verbal e
não-verbal (MATTHIESEN 2008, p. 133).
Quando se trata de linguagem não verbal a Educação Física assume
identidade de uma pratica pedagógica que visa desenvolver diferentes
maneiras de atividades que tematizam a expressividade, por exemplo: o jogo, o
esporte, a dança, a ginástica e as lutas, que se caracterizam como campo de
conhecimento que pode ser chamado de cultura corporal (COLETIVO DE
AUTORES, 1992). Diante destas expectativas frente as possibilidades de
conteúdo, o principal responsável é o professor de Educação Física, pois ele
tem o papel fundamental no processo de ensino, já que cabe ao mesmo dar
assistência e mediar a aprendizagem do seu aluno. Dessa forma, o professor
necessita reconhecer quais os aspectos relevantes que a Educação Física
propõe, que servirão de auxílio para beneficiar a estrutura do seu ensinar, pois
sabe-se que ela tem conhecimentos específicos que precisam “conversar” com
o contexto escolar (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 41).
A Educação Física pode trabalhar com a dança como expressão
corporal de cada indivíduo. No entanto, como nos afirma Miranda (1994) citada
48
por Souza (2013), os próprios professores de Educação Física têm preconceito
com este conteúdo e por isso muitas vezes, não trabalham em suas aulas.
Diante dos motivos, a questão de não possuírem uma formação significativa
para ensinar o conteúdo dança se destaca. Citavam Rocha; Rodrigues (2005);
Vaz; Brito; Vianna (2010); Strazzacappa (2003) e Manfio et al. (2008) citados
por Silva (2012) que o conteúdo dança nas aulas de Educação Física é pouco
utilizada, seja por não estar dentro dos conteúdos formativos da disciplina ou
por despreparo dos profissionais. Diniz et al (2012) reforça que a ausência
deste conteúdo, não se dá apenas pelas dificuldades encontradas ao espaço
físico que a escola disponibiliza ou não, existe também as dificuldades que os
professores de Educação Física possuem ao tratar do mesmo.
Atualmente muitos professores não se sentem aptos para desenvolver
e estruturar um planejamento teórico e prático para ensinar dança na escola,
mas este não seria o principal problema, diante de que muitos desconhecem o
valor pedagógico que este conteúdo pode proporcionar para o acesso de
diferentes dimensões do ser humano. Para Souza (2013), a dança como um
dos conteúdos desenvolvidos pela Educação Física, não busca formar os
alunos em profissionais da dança, mas sim disponibilizar um ambiente com que
o indivíduo possa expressar-se pelo seu corpo em movimento.
Tani, (1988) mostra que muitos são os benefícios e valores que a
Dança possui, mas os professores ainda encontram muitas dificuldades em
desenvolver aulas de dança no ambiente escolar. Estas dificuldades partem de
diferentes situações: uma delas é a questão do preconceito por parte dos
meninos, que veem a dança como sendo atividade predominantemente para o
sexo feminino, mesmo as aulas sendo ministradas em turmas compostas por
49
homens e mulheres. Isso pode ser reflexo de uma sociedade machista em que
vivemos.
Para Souza (2013) a dança é patrimônio cultural e faz parte da
construção da humanidade, e por assim ser, hoje é vista como prática corporal,
que pode ser trabalhada como os conteúdos da Educação Física escolar,
dando sentido, e continuidade dos elementos que pertencem à cultura corporal,
que infelizmente ainda hoje tem pouco espaço no solo da escola.
De acordo com Barreto (1998) os novos profissionais que estão saindo
da graduação em Educação Física, têm que acreditar que o ensino de dança
na escola é importante, porque a dança vista como linguagem não verbal
consegue dependendo dos objetivos, estimular entre os educandos a
comunicação; mas é necessário ter a compreensão do seu papel para a
formação do sujeito. Pereira (2007) diz que a dança é um conteúdo a ser
desenvolvido pela Educação Física escolar, apesar de representarem áreas
distintas, que possuem seu próprio campo de conhecimento e objeto de
estudo. Para tanto, Ehrenberg (2008) diz que independente de qual disciplina
deva ser acoplada, a dança é um conhecimento a ser contemplado na escola.
Segundo Miranda (1991), foi por intermédio da Educação Física que a
dança foi inserida no âmbito do ensino formal e ganhou espaço para reflexões,
discussões e estudos nas instituições de Ensino Superior. Esta mesma autora,
ainda coloca que sua inserção no ensino formal aconteceu após o início do
século XX, com apoio de professoras de Educação Física de escolas primárias,
que utilizavam a dança em jogos com música, em algumas atividades rítmicas
e, ainda, na forma de danças folclóricas.
Para Pereira (2001) a dança é apontada por vários teóricos da área da
Educação Física como um conteúdo rico e de presença imprescindível nas
50
aulas desse componente curricular. Dentre esses autores podemos destacar:
Brasil (1998); Scarpato (2001); Coletivo De Autores (1992) e Gallardo et al
(2003). Para a área da Educação Física o conteúdo dança pode contribuir para
aquisição de muitas capacidades e habilidades ao indivíduo praticante, pois a
vivência ajuda na formação humana, fortalecendo ainda mais o processo de
ensino aprendizagem. O Coletivo de Autores (1992) concorda quando diz que a
dança é um conteúdo da Educação Física escolar, assim como o jogo, o
esporte, a ginástica etc. Defendem o ensino deste conteúdo na Educação
Física escolar desde a educação infantil até o ensino médio. Consideram que a
prática deste conteúdo tem que estar voltada não só e apenas para a
recreação, mas que busque promover oportunidades de despertar o interesse
do aluno para criar, imaginar e comunicar-se, possibilitando assim sua
formação integral. Pensa-se então, que a dança como conteúdo da Educação
Física deve oferecer práticas diferenciadas de movimentação corporal,
propiciando ao aluno o controle corporal de acordo com suas vontades.
O conteúdo dança nas aulas de Educação Física muitas vezes é
deixado a margem, sem sua devida importância e acredita-se que assim como
português, matemática, ciências, história etc., a dança é um conteúdo que
precisa fixar-se nos currículos escolares, assim como as demais.
Corroborando com as ideias acima, Ehrenberg (2008) chega a afirmar que a
dança no ambiente escolar, muitas vezes, é vista como uma assombração, que
surge e desaparece repentinamente sem sentido para aqueles que a praticam.
Bonetti (2008) nos diz que uma das dificuldades em legitimar a dança como
conteúdo na escola dá-se, devido aos currículos soltos, fragmentados e
desconexos, sendo que a interdisciplinaridade não se faz presente, algo
essencial para processo educativo.
51
Vê-se que a dança como conteúdo da Educação Física é uma
possibilidade de garantir de maneira significativa os saberes escolares em
construção, pois ela proporciona, além de muitos outros benefícios, aprender
como cuidar da saúde e do seu corpo (COLETIVO DE AUTORES, 1992).
A dança pode possibilitar ao professor conhecer o seu aluno, suas
preferências, discutir suas experiências, seu comportamento diante dos erros,
suas atitudes, enfim pode ser uma estrutura facilitadora de descobertas para o
aluno diante da realidade e para o professor. Neste sentido Schwartz (2000)
discuti que o professor que possui conhecimento do conteúdo a ser trabalhado,
vai além do ensino de técnicas e consegue promover um ensino coerente e
significativo, relacionando todos aspectos que tratam o conteúdo da dança.
A dança como conteúdo escolar contribui para a formação integral do
aluno, e sabendo que a escola também tem este propósito, prepara o indivíduo
para atuar na sociedade. Destaca assim Barreto (1998) que a escola deve
buscar desenvolver questões éticas, estéticas e morais como pano de fundo
dos conteúdos a serem ensinados. Isso pode ser mobilizado pelos professores
e alunos e a comunidade, por via da co-participação em todo o processo de
seleção dos conteúdos a serem propostos até a maneira como eles serão
ensinados.
Com isso, reforça-se a importância deste conteúdo na Educação Física
escolar, mas não daquela dança que se apresenta através de coreografias
ensaiadas ou espetáculos, mas sim, a dança como instrumento pedagógico,
que tem uma concepção clara com objetivos pré-determinados, que facilitam a
condução do ensino e da aprendizagem de um modo geral.
2.4 Estratégia de ensino e o ensino de dança
52
Para melhor direcionar a proposta de ensino e, consequentemente.
atender as expectativas do aluno, o professor requer levar em consideração
diferentes aspectos que estão diretamente relacionados com a qualidade do
ensino proposto. Um destes aspectos está relacionado com as estratégias
metodológicas ao propor determinado conteúdo.
As estratégias de ensino, também conhecidas como métodos ou
técnicas, tem o intuito de alavancar o ensino e a aprendizagem.
Para Petrucci e Batiston (2006, p. 263)
A palavra ‘estratégia’ possui estreita ligação com o ensino.
Ensinar requer arte por parte do docente, que precisa envolver
o aluno e fazer com ele se encante com o saber. O professor
precisa promover a curiosidade, a segurança e a criatividade
para que o principal objetivo educacional, a aprendizagem do
aluno, seja alcançada.
De acordo com Ladeira (2007) quando se trata do planejamento
docente, o professor necessita selecionar e organizar os conteúdos e os
métodos estratégicos e precisa entender as características de cada conteúdo,
pois esses conteúdos podem apresentar métodos distintos, o que dependerá
de todo o contexto que se pretende trabalhar. Já para Ladeira (2007, p.02),
“deve-se existir relação entre o objetivo, o conteúdo e o método, pois ambos
possuem dependência direta. O método em si é concebido a partir da relação
do objetivo e do conteúdo”.
O uso do termo estratégias de ensino, se refere aos meios utilizados
pelos professores em prol do processo de ensino, que são selecionadas de
acordo com cada atividade e os resultados pretendidos. Anastasiou e Alves
(2004, p. 71) advertem que “As estratégias visam à consecução de objetivos,
portanto, há que ter clareza sobre aonde se pretende chegar naquele momento
53
com o processo de ensinagem.” Nesse contexto, os objetivos que orientam o
processo de ensino aprendizagem devem estar claros para os sujeitos
envolvidos (professores e alunos), além de estarem presentes no acordo
didático e registrado no plano de ensino correspondente à disciplina a ser
ministrada.
O caminho é árduo para o professor ao decidir quais estratégias
metodológicas serão as melhores para atender seus objetivos frente a
aprendizagem significativa do seu aluno. Contudo, para Minello (2006) no
contexto de ensino formal, os professores precisam buscar diferentes
alternativas de se trabalhar com o conteúdo dança, proporcionando um
ambiente por exemplo em que a interdisciplinaridade colabore para aquisição
de diferentes saberes, entre eles o estímulo para compreender os aspectos
subjetivos desse dançar, além da capacidade de criação. Desta maneira, é
possível que novas possibilidades educativas surjam no decorrer do processo,
conhecimento este, necessário para a formação de seres humanos mais
críticos, autônomos e transformadores
Souza (2011) em seus inscritos diz que as estratégias metodológicas
para se trabalhar o ensino e a aprendizagem da dança é um tema bastante
discutido por muitos profissionais que estão envolvidos com a docência em
seus diferentes campos de atuação enquanto prática corporal, seja dentro ou
fora do contexto da escola. Moura (2006) comenta que o processo de ensino
do aluno praticante de dança é um caminho a ser percorrido durante as
experiências e vivências, ou seja, o conhecimento proporcionado ao aluno, a
partir de uma nova proposta de pratica corporal precisa seguir uma ordem
sistemática dando seguimento ao processo vivido anteriormente. Silva (2000,
p. 45) diz que “a formulação e o planejamento das aulas de dança visam um
54
desenvolvimento gradual, e progressivo, à medida em que vão se
desenvolvendo as potencialidades”.
Desenvolver então um trabalho estruturado com o conteúdo dança,
requer que pensemos em distintas estratégias que atendam às necessidades
do aluno. Para Giustina (2009, p.10):
O fenômeno do ensino da dança é marcado por um momento
em que as ciências que estudam a humanidade buscam novos
processos de estruturação de seu pensamento, isto é, as
formas de entender e apreender o conhecimento produzido
pelo corpo humano e suas relações com o meio estão
mudando. Para ensinar dança existem vários caminhos
metodológicos que dependem do estilo, do objetivo, da turma,
da modalidade, da faixa etária, da instituição, do ambiente
educacional, vários são os fatores envolvidos na escolha
metodológica. Em geral alguns procedimentos são comuns
para o desenvolvimento de técnicas corporais, sabe-se que
com o treinamento contínuo algumas habilidades desenvolvem-
se por meio da repetição de exercícios físicos (GIUSTINA
2009, p.10).
Verderi, (1998) aponta que direcionar um trabalho com dança para
crianças e jovens, o professor tem que está disponível para identificar as
necessidades, os anseios, as vontades e os medos de seus alunos, e a partir
deste diagnóstico deve organizar uma proposta de dança educacional que
tenha sentido com o contexto. Assim, o professor constrói algo que de certa
forma parte dos conhecimentos prévios dos alunos.
Se as escolhas das estratégias não atendem a estes requisitos, a ideia
simplista de ensinar dança na escola estará sempre presente menciona Assis
(2009, p.304):
55
A dança, assim como a Educação, possui seus
“descaminhos”. Isso acontece quando o sujeito que dança se
vê obrigado a utilizar técnicas precisas e limitadas no seu
processo de ensino, ao invés de procurar suas infinitas
possibilidades de se movimentar. Não excluindo as
possibilidades de ensino técnico que também é importante,
mas existem professores que tão envolvidos com as
apresentações comemorativas na escola, montam coreografias
que na maioria das vezes o aluno ainda não incorporou no seu
repertorio motor.
Moura (2006) aponta que o professor que trabalha com dança deve
buscar estratégias que permitam contribuir com o executar natural do
movimento. Ao decidir o melhor método para a turma, deve basear-se na
escolha de diferentes práticas de movimento, nada padronizado ou
determinado pelo professor. Primeiramente, deve-se dar a chance ao aluno de
descobrir sozinho as possibilidades de movimentar o seu corpo, assim o
mesmo toma consciência deste movimentar e passa a compreender suas
próprias necessidades, assim como as dos outros criando uma primeira
resposta em feedback.
Ferracioli et al (2013) comentam que o feedback é um tipo de instrução
que dá suporte para o entendimento do aluno diante de diferentes informações
sobre sua ação. Instrução que contribui para a comparação as ações em seu
estado real com aquele a ser alcançado de maneira sistematizada. A utilização
do videoteipe auxilia na orientação da ação motora a ser executada. De acordo
com estes autores o feedback verbal é também um caminho muito importante,
com foco na orientação do aluno, contudo o visual também auxilia a
compreensão da mensagem a ser conduzida pois resume a quantidade e
qualidade da informação comparada ao feedback verbal. Deste modo, tanto o
56
feedback verbal quanto o visual são estratégias que motivam o aluno para o
aprendizado.
Spessato (2013) mostra que os professores estão numa constante
busca de estratégias para atender as necessidades da aprendizagem em
dança. Para ensinar e aprender dança é preciso obter caminhos metodológicos
que nos levem às muitas possibilidades de construção dos saberes, sejam eles
artístico, intelectual, corporal e espiritual. Esta mesma autora destaca três
possibilidades de estratégias que são mais trabalhadas para se ensinar dança
e que facilitam o processo de aprendizagem que são: a demonstração, que
atende a necessidade através da aquisição do conhecimento por meio das
informações visuais; a aprendizagem observacional; estímulos verbais, que
norteiam a performance por meio de estímulos sonoros curtos; e imagem
mental, que admite o ensaio mental do movimento. Essas estratégias
metodológicas, a demonstração, as dicas verbais e a imagem mental são
caminhos que facilitam e geram a aprendizagem, principalmente em situações
em que se procura a autonomia de uma determinada habilidade motora e ou no
processo de aprendizagem, que ao serem adotadas de forma sistemática,
contribuem de maneira positiva para o ensino aprendizagem.
Para Spessato (2013) a demonstração auxilia na aprendizagem de um
novo movimento, executar um movimento já conhecido de maneira
diferenciada ou de uma sequência de movimentos novos. Já as “Dicas verbais
são palavras, frases objetivas e concisas que apresentam os componentes
essenciais para a aprendizagem de um movimento ou de uma
coreografia”.(SPESSATO 2013, p.02). Para Moura, (2006) as dicas verbais
ajudam no aprendizado do conteúdo dança, especificamente, nos aspectos
qualitativos do movimento. Segundo Spessato (2013, p.02), “a imagem mental
57
é uma experiência que imita a experiência real, na qual podemos “ver” e
“sentir” o movimento sem executá-lo. A imagem mental pode ser usada no
processo ensino-aprendizagem e na otimização do desempenho do aluno”.
Schmidt e Wrisberg (2001) quando se trata da praticidade do ensinar
dança os autores sugerem algumas técnicas que podem auxiliar a
aprendizagem que são: a prática parcial, câmera lenta e a detecção de erros. A
primeira por sabermos que na dança podem existir diferentes habilidades a
serem desenvolvidas e não devem ser transmitidas de forma completa, pois
podem sobrecarregar o aluno. Então, o professor poderá dividir em partes a
tarefa fazendo com que o aluno compreenda as fases, tornando-o proficiente ,
para assim dar início a prática da tarefa como um todo, evitando que o
movimento se torne pouco fluente. A segunda favorece ao praticante iniciante o
controle de seus movimentos, reduzindo os erros, e o ultimo tem como
proposito dará a capacidade ao aluno de identificar seus erros, seja através do
visual , do auditivo ou do cinestésico.
Outras técnicas são vistas em literaturas que pode nos auxiliar na
redução da complexidade do saber fazer, destacamos: a fracionalização,
segmentação e simplificação (SCHMIDT; WRISBERG, 2001).Outra
possibilidade metodológica não menos interessante encontramos nos estudos
de Andrade (2013) e Faria (2011) utilizam o jogo como estratégia metodológica
interessante e prazerosa, que possibilita a aprendizagem dos signos da dança
que se apresenta de forma sistematizada. Eles afirmam que por meio do jogo é
possível identificar o que está sendo ensinado, contribuindo para a apreensão
de exercícios técnicos, focados na consciência do corpo e na integração entre
essas linguagens.
58
Outro olhar de estratégia metodológica está voltada para a perspectiva
que considera a seletividade da atenção, como um benefício, pois de acordo
com Laban (1990) citado por Scarpato (2001) compreender a relação com o
espaço onde se encontra pode facilitar, e isso pode ser propiciado pelo uso das
estratégias cognitivas, como por exemplo o uso de desenhos simétricos,
referências espaciais, ou ações que indicam a sua utilização, embasadas na
ideia central, que seria o objetivo do movimento.
Contribuindo com estratégias didáticas, Nanni (2003) destaca que a
dança na escola ao viabilizar estratégias referentes a identificação da
percepção corporal, quando direcionados ao reconhecimento de espaços e
objetos. Assim, estará colaborando para o processo de ensino aprendizagem
do aluno através do seu comportamento cinestésico e, consequentemente
contribuindo para uma melhor consciência corporal.
Na visão de Scarpato (2001,2004), a iniciação com o trabalho com o
conteúdo dança na escola requer ser desenvolvido com base na dança-
educação ou, de acordo com Kunz ( 2003) , por meio da dança improvisação
dois olhares que se em muitos aspectos se assemelham, pois não visam
padrões de movimentos , técnicas especificas ou estilos de dança, pois
segundo eles criam situações de exclusão, hierarquização, repetição , o que
contribui para a extinção da expressividade e exposição dos sentimentos
daqueles que praticam a dança.
Para Ferreira (2005) o trabalho com a dança na escola inicialmente
deve focar no desenvolvimento motor e não exclusivamente a técnica
propriamente dita, é primordial que o praticante domine alguns componentes
como : a organizar, estender, fletir, cincundar, contrair, entender as direções,
59
relaxar e rotacionar as diferentes partes do corpo, para que as aulas possam
fluir de forma agradável e dinâmica.
Sborquia (2008, p.105) diz que o “termo ensino” é usado tanto para
indicar a ação como a prática de ensinar os diferentes níveis e modalidades do
sistema educacional. O significado etimológico do verbo “ensinar” (do latim
insignare) é indicar, fazer sinal (signum facere) ou apontar numa direção”.
Maciel e Lopes (2014) discorrem sobre os saberes indispensáveis para a
docência, dentre eles, destacam que ensinar não é apenas passar o
conhecimento, mas criar possibilidades de descobertas.
Diante do exposto, consideramos que compreender como se desenha
o ensino dança no ambiente escolar pode colaborar para que possamos
configurar uma nova realidade para esse conteúdo e para isso, buscamos
discutir o ensino da dança na escola e identificar estratégias de ensino
utilizadas para o ensino de dança nesse espaço.
60
3 DESENHO METODOLÓGICO
3.1 - Método
Para estruturação deste estudo, nos apropriamos dos pressupostos
teóricos e metodológicos da pesquisa qualitativa do tipo descritiva, . Flick
(2009) pontua que a pesquisa qualitativa não é uma simples técnica, nem um
método de investigação de campo, porque ela tem se apresentado como uma
opção política de se fazer pesquisa que possui finalidades próprias, seus
próprios fundamentos teóricos e suas próprias características. Já a pesquisa
descritiva objetiva analisar, registrar e interpretar os fatos sem interferência do
pesquisador.
Diante desta perspectiva de fazer pesquisa e consequentemente
produzir conhecimento, ao nos propormos discutir o conteúdo dança na escola
e identificar como a dança vem sendo trabalhada na escola, pretende-se
possibilitar aos atores envolvidos na pesquisa, voz ativa diante do olhar do
pesquisador, buscando compreender os entraves em que suas ações
encontram-se inseridos, mediante um processo cíclico de aprimoramento da
prática pela oscilação sistemática entre agir no campo da prática e investigação
a respeito dela (CORREIA, 2013).
A pesquisa foi realizada na cidade de Macapá-AP, com professores de
Educação Física que atuam na rede Estadual de ensino atendendo alunos do
Ensino Fundamental I. Contou com a participação de 20 professores de
Educação Física do ensino fundamental I que atuam na rede estadual de
ensino das escolas públicas da cidade de Macapá - AP. que foram
selecionados de forma não probabilística. Para serem incluídos nesse estudo
deveriam ser professores que ministram o conteúdo dança anualmente e que
61
tivessem a experiência de no mínimo 3 anos de docência escolar no ensino
fundamental I.
Foram excluídos os professores em situação de contrato temporário ou
substitutos. A inclusão e exclusão foram realizadas a partir do contato inicial
com as escolas que possuem ensino fundamental em Macapá-AP.
Foram realizados os contatos individuais com os professores de
Educação Física do ensino estadual e ao aceitarem participar do estudo e após
assinarem o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (ANEXO I), a
pesquisa foi iniciada. Com agendamento prévio em comum acordo entre
participante e pesquisadora, foi marcado o local e a data para que a entrevista
(APÊNDICE 1) acontecesse. Foram 7 sete questões semi-estruturadas,
realizada em aproximadamente 30 minutos. Houve então a gravação na íntegra
da entrevista e posteriormente foi transcrita e analisada.
Destacamos que foi acordado com os professores a garantia do
anonimato e a privacidade das informações obtidas em decorrência das
entrevistas cedidas, atendendo aos princípios éticos que regem o estudo
cientifico com seres humanos, instituídos pela resolução 466/2012 do Conselho
Nacional de Saúde. Esclarecemos que, esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê
de Ética em Pesquisa da-USJT (Parecer nº 1.444.048) ANEXO II.
A pesquisa utilizou entrevista semiestruturada. Bardin (2011) considera a
entrevista semiestruturada aquela que o entrevistador pode acrescentar
questões de esclarecimento sobre determinado assunto e que pode ser
instigada por intervenção do pesquisador para que o participante tenha a fala
espontânea ampliada.
Após a entrevista os dados produzidos no decorrer da pesquisa de
campo, foram mediante entrevistas com gravações, após o processo de
62
transcrição dos relatos foram submetidos à técnica de Análise de Conteúdo
preconizada por Bardin (2011), com finalidade de sistematização de categorias
e subcategorias de análise, como pode ser observado na tabela que compõe
os anexos desta investigação.
Salientamos ainda que após a transcrição na íntegra das entrevistas os
depoimentos dos entrevistados passarama por uma leitura analítica num
primeiro momento flutuante, num segundo momento de reconhecimento dos
principais traços linguísticos apresentados e num terceiro momento por uma
leitura exaustiva das falas o que deu origem às seguintes categorias e
subcategorias, a saber:
Após este processo as questões do roteiro de entrevista que encontra-se
em anexo foram trianguladas as quais deram origem as categorias e
subcategorias que apresentaremos e analisaremos a seguir.
1 ENTENDIMENTOS DA DANÇA NA ESCOLA.
1.1 Dança como instrumento didático pedagógico
1.2 Dança como conteúdo
2 EXPERIÊNCIA COM A DANÇA
2.1 A vivência como sinônimo de experiência
2.1 A experiência que se materializa em vivências diárias
3 OS CAMINHOS DO ENSINO APRENDIZAGEM DE DANÇA NA
ESCOLA
3.1 O planejamento como direcionador das estratégias de ensino
4 AS INTERFACES DO CONTEÚDO DANÇA NA ESCOLA
4.1 O tabu dos gêneros/sexualidade/religião
4.2 A ausência dos recursos estruturais e materiais para
desenvolvimento do conteúdo dança na escola
4.3 A Dança educativa e sua apropriação dos distintos estilos e gêneros
músicas.
4.4 As datas comemorativas como lugar da dança na escola
63
As quais a partir de agora apresentaremos e analisaremos a luz da
literatura cientifica.
64
4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Iniciamos este capítulo o qual tem como objetivo apresentar e analisar
os dados produzidos no decorrer deste estudo, enfatizando que incialmente
seus sujeitos principais eram professores de Educação Física atuantes na rede
Municipal de Ensino da Cidade de Macapá-AP (Ensino fundamental), porém os
mesmos foram reintegrados na Secretaria Estadual de Educação - SEED, seus
locais de origem, fato este esclarecido pelo Secretário Municipal de Educação
ao darmos início a pesquisa. Por este desnorte, houve a necessidade de
migrarmos da rede Municipal de Ensino para a rede Estadual de Ensino.
Entretanto, a referida mudança em nada alterou os objetivos do estudo.
Esclarecemos também que participaram da pesquisa 20 professores de
Educação Física, sendo 9 (nove) mulheres e 11 (onze) homens, os quais serão
aqui nomeados numericamente − do P1 (participante 1) ao P20 (participante
20) seguindo a estrutura de ordenamento agendado para entrevista.
É mister salientar que mediante aos depoimentos dos participantes do
estudo foi possível produzir quatro categorias de análise e nove subcategorias.
No decorrer da descrição e análise, as quatro categorias principais receberão
destaques, entretanto, as nove subcategorias serão analisadas em forma
espiralada sendo apenas negritadas.
ENTENDIMENTOS DA DANÇA EDUCATIVA NA ESCOLA
A primeira categoria de análise surgiu do questionamento referente ao
entendimento do grupo de professores participantes do estudo quanto à dança
educativa. No decorrer do processo de análise, ficou latente no depoimento dos
65
entrevistados que a dança educativa tem como objetivo primeiro educar pelo
movimento. Entendem a dança educativa como uma modalidade de dança que
no solo da escola contribui para o processo expressivo e criativo dos alunos,
como podemos observar no depoimento do P6:
É dança que contribui no processo criativo, expressivo e de integração do aluno através de
diferentes e variadas formas de movimentar o corpo.
A mesma compreensão foi apresentada pelos sujeitos P20, P12 e P7,
como podemos observar nos depoimentos que se seguem:
Busca educar através do movimento, de forma livre, sem a reprodução de passos pré-
estabelecidos (P20).
Aquela em que eu posso usar não só para desenvolver técnica ou descobrir talentos (P12).
É a dança da escola! Aquele em que nos abre as possibilidades para manifestações de
distintas expressões da manifestação corporal, é uma dança em que não existe o certo e o
errado, mas uma gama de variação de passos e ritmos. Acho que é isso. Aliás é tudo isso (P7).
Ao recorreremos à literatura científica passamos a observar que o
termo “dança educativa” foi utilizado pelo dançarino, coreógrafo, musicólogo
Inglês Rudolf Laban para contrapor à técnica rígida e mecânica de que se
apropriava o ensino de balé clássico na sua época. Na concepção de Laban
(1978), a criança e o adolescente devem ter a possibilidade de explorar,
conhecer, sentir e expressar sua subjetividade enquanto dançam, pois, um
ensino que oportunize a exploração de descobertas, conhecimento, vem a ser
educacional.
Autores utores como Marques (1999) e Milani (2015) concebem a dança
educativa como um meio de estimulação dos movimentos naturais do ser
humano. O que vai ao encontro da concepção apresentada pelos participantes
do estudo, uma vez que, a dança educativa “é uma via de acesso em que os
66
diversos grupos sociais encontram possibilidades para criarem danças
pessoais e expressivas, e ao mesmo tempo, encontrarem prazer ao dançarem
consigo, com o outro e com os outros” (RANGEL, 2002, p. 33).
Do questionamento referente ao entendimento da dança educativa
pelos professores, foi possível identificar a “Dança como instrumento
didático pedagógico” e a “Dança como conteúdo”.
No que concerne à “Dança como instrumento didático pedagógico”,
os participantes do estudo foram enfáticos na afirmação de que paulatinamente
no contexto das aulas de Educação Física a dança tem se consolidado como
um instrumento didático por trazer em seu bojo elementos peculiares da cultura
corporal de movimento, o que o transforma em um instrumento didático
importantíssimo para o desenvolvimento da linguagem corporal e artística dos
alunos. Os depoimentos abaixo materializam a referida descrição do dito por
professores e aqui descrito:
É um instrumento didático por ser um dos conteúdos da cultura corporal de movimento, possui
potencial educativo, devido as características integradoras e as infinitas possibilidades de
desenvolvimento da linguagem corporal (P2).
É um instrumento didático de primordial importância, para o desenvolvimento do educando e
suas diversas vias artísticas (P 14).
Entender a dança como um instrumento didático a favor do
desenvolvimento da linguagem artística do educando é de fundamental
importância para pensar em estratégias de ensino para desdobramento do
conteúdo dança nas aulas de Educação Física, uma vez que, as manifestações
da cultura corporal com características comuns à intenção de expressão e
comunicação mediante os gestos e a presença de estímulos são condições
sine qua non para o desenvolvimento do movimento corporal.
67
Ao realizarmos uma leitura dos Parâmetros Curriculares Nacionais -
PCNs (1997) da Educação Física, é possível observar que o referido
documento caracteriza as danças e brincadeiras cantadas, como atividades
rítmicas e expressivas. Entretanto, no bloco de conteúdo “Dança”, que compõe
os Parâmetros Curriculares de Artes - PCNs podemos encontrar subsídios para
desenvolver um trabalho de dança no que tange aos aspectos criativos e a
concepção da dança como linguagem artística nas aulas de Educação Física.
Nos PCN`s Artes (1997, p. 49) encontra-se posto que:
A dança é uma forma de integração e expressão tanto individual
quanto coletiva, em que o aluno exercita a atenção, a percepção dos
objetivos educacionais da dança é a compreensão da estrutura e do
funcionamento corporal e a investigação do movimento humano.
Esses conhecimentos devem ser articulados com percepção do
espaço, peso, e tempo [...].
O que respalda as ponderações dos professores quando concebem a
dança como instrumento pedagógico, no sentido de ferramenta para o
desenvolvimento de potencialidades de seus alunos.
A “Dança como conteúdo”, alicerçou-se pelo encontro de
depoimentos tais como: “é uma forma de autoconhecimento”, “possibilidades
de diálogos corporais”, “contribui para manifestação e expressão corporal do
aluno”. Um depoimento que confirma tais afirmações é do P1, em que denota
que:
A dança é um conteúdo da Educação Física que ao meu entender serve de guarda-chuva para
o desenvolvimento de muitas competências e habilidades que cabe ao professor de Educação
Física desenvolver na sala de aula, como compreensão corporal e expressão corporal por
meios dos diversos movimentos (P1).
68
No referido depoimento, fica claro a concepção da dança como
conteúdo das aulas de Educação Física. Na interpretação de Coletivo de
Autores (1992), a Educação Física enquanto Componente Curricular Escolar,
possui conhecimentos específicos a serem tratados pedagogicamente. Dentre
esses conteúdos, materializados na expressão corporal como linguagem,
encontra-se a dança. Podemos observar ainda nos depoimentos dos
professores – P4 e P 5, traços das percepções apresentadas pela resposta do
P1:
É um conteúdo que contribui para o autoconhecimento da dimensão física e corporal do ser
humano (P 4).
É um dos conteúdos que proporcionar a dança educativa, significa o professor perceber e
considerar elementos, formas, jeitos, características e variáveis de gênero, etnia, classe social
e outros assuntos pós modernos que o aluno necessita dialogar consigo mesmo e com o outro
mediante a expressão corporal (P 5)
Considerando os depoimentos supracitados, podemos observar que os
participantes do estudo concebem a dança como um conteúdo multifacetado.
Nas proposições de Ferreira (2009), a dança na escola apresenta-se como
facilitadora de movimentos de prazer, espontaneidade, criatividade, respeito,
individualidade e limitação de cada um, e um estímulo ao desenvolvimento dos
alunos de forma consciente e integral.
Os PCNs (1997) de Educação Física afirmam que, por meio das
danças e brincadeiras os alunos poderão conhecer as qualidades do
movimento expressivo, conhecer algumas técnicas de execução de
movimentos e utilizar – se delas; serem capazes de improvisar, de construir
coreografias, e por fim, de adotarem atitudes de valorização e apreciação
dessas manifestações expressivas.
69
EXPERIÊNCIA COM A DANÇA
Quando perguntamos aos participantes do estudo – “Qual a sua
experiência com a dança?”, as respostas dos entrevistados seguiram duas
linhas distintas: aqueles que compreendem experiência como algo vivenciado e
aqueles que compreendem experiência como algo vivido e experienciado
durante um longo período. Os depoimentos dos sujeitos P1 e P5, estão
relacionados à experiência com a dança como algo vivenciado em um dado
tempo e espaço. A seguir, apresentamos trechos desses relatos que ilustram
esse aspecto:
Tenho pouca experiência com dança; aprendo mais do que ensino
com os alunos (P1).
Minha experiência vem da faculdade, a amplitude da dança obtive
nas aulas de dança e são os aprendizados dessas aulas que busco
reproduzir na escola (P5).
Esses relatos mostram como os entrevistados caracterizam vivência
como experiência, uma vez que, nas entrelinhas de suas respostas, encontra-
se posto que o contato que tiveram com a dança foram poucos e pontuais.
Além disso, o relato do P5 é emblemático da atribuição de suas vivencias como
experiência, uma vez que, afirma reproduz as atividades realizadas no decorrer
das aulas de dança do tempo de sua graduação em sua atuação profissional, o
que se distância da perspectiva etimológica do conceito de experiência
presente na literatura científica. Nos estudos desenvolvidos por Scarpato
(2009); Demo (2010) e Correia (2013), a vivência é abordada como uma
manifestação pautada na informação, nas sensações superficiais e
passageiras.
70
A palavra “experiência” deriva da palavra latina experientia que
significa etimologicamente uma tentativa, expedição ou uma viagem que arisca
e coloca em perigo. Mas, é, igualmente, uma prova a que se escapa e se
resiste, um viver que retiramos desse encontro entre o indivíduo e o mundo
(LACOURE-LABARTHE, 1986). No fundo, trata-se de uma jornada em que
(re)colhemos algo, um risco do qual recuperamos a própria vida e ao
recuperamos a vida, nos permitimos adquirir conhecimentos novos por
diversas vias e com o uso de inúmeros mecanismos. Assim sendo, a
experiência adentra ao patamar da territorialidade, de passagem, mas não da
transitoriedade, da sensibilidade que permite com que os acontecimentos
sociais os afetem de algum modo, e ao ser afetado, inscreve alguma história,
deixa vestígios, abriga e pelos acontecimentos é abrigado. A experiência é um
lugar onde os acontecimentos têm lugar. Desta forma, o sujeito da experiência
pode ser definido como um ser passivo, receptivo, disponível por sua abertura.
No texto de Jorge Larrosa Bondia, denominado de “Notas sobre experiência”,
observamos que o termo experiência encontra-se extremamente ligado aos
eventos vistos, vividos, tocados e sentidos pelos seres humanos, de tal modo,
que, a massificação de informações presente no nosso dia a dia não contribui
para aquisição de experiência. Nas ponderações de Bondia (2001), informação
é o contrário de experiência, o que vai de encontro às percepções
apresentadas pelos depoimentos acima.
Já os sujeitos P2, P3 e P4, compreendem a experiência com a dança
em virtude de seus eventos vividos e experienciados no decorrer de um longo
período e ultrapassa o processo de ensinar, se alicerçando prioritariamente na
possibilidade de aquisição de novas aprendizagens no decorrer de suas
vivencias:
71
Há 11 anos a dança faz parte da minha vida e foi determinante para minha formação
profissional, a dança é para mim uma via de novas aprendizagens (P 2).
Minha experiência com a dança inicia-se desde o período escolar na qual a oferta para as
aulas de ballet eram eletivas. Fui crescendo com a dança, dançando diariamente e diariamente
me mudando, hoje além de me transformar com a dança, busco transformar meus alunos. É
por esse motivo que entendo que tenho experiência no campo da dança (P 3).
Minha experiência vem da sala de aula, do meu planejamento diário, do enfrentamento das
adversidades em todos os sentidos – do preconceito que encontramos no interior da área da
Educação Física para com o conteúdo dança, da superação do preconceito que alguns colegas
de trabalho possuem para com o conteúdo, do preconceito dos alunos, das famílias, da
sociedade, é vivendo a dança e buscando mostrar os benefícios delas para as pessoas que
cruzam meu caminho que minha experiência se materializa (P4).
Nas esteiras do pensamento de Sá (2010, p. 56), experiência é o
“Aprendizado adquirido sistematicamente, sendo aprimorado com o passar do
tempo”. Para Bondia (2001), a experiência encontra-se intricadamente ligado
ao que nos passa, o que nos toca. Entretanto, reconhece o autor que apesar
de a cada dia se passarem muitas coisas, mas quase nada nos acontece. O
que faz com que a experiência seja cada vez mais rara. Assim como Bondía
(2001), o filósofo Polonês Zigmunt Bauman, observou a pobreza de
experiências que caracteriza o mundo moderno, em sua obra “Modernidade
Líquida” publicada no ano de 2000 na qual afirma que na contemporaneidade
vivenciamos uma modernidade liquida, em que, somos levados a vivenciar a
radicalidade da sociedade do consumo, do transitório e do temporário. Por este
motivo, na maioria das vezes somos impossibilitados de adquirirmos
experiência, uma vez que, os eventos sociais nos acontecem de forma rápida e
superficial, com pouca solidez e muita fluidez.
Das duas linhas de respostas atribuídas pelos participantes do estudo às
experiências com a dança, “A vivência como sinônimo de experiência” e “A
72
experiência que se materializa em vivenciais diárias” podem ser
identificadas nos falas que seguem:
Tenho pouca experiência com dança; aprendo mais do que ensino com os alunos (P1).
Tem pouca. No ambiente escolar há grande resistência dos alunos (P4).
Muito pouca, porém eu procuro repassar para meus alunos o que eu aprendi na faculdade
(P6).
Na compreensão dos professores as vivências realizadas pontualmente
com a dança são caracterizadas como “pouca experiência”. Nessas falas
evidenciam abertamente como os entrevistados nos termos usuais utilizam
vivência e experiência como a mesma coisa. Em suas respostas fica nítida a
associação que realizam com o tempo destinado para tal atividade. No entanto,
Scarpato (2009), ao distinguir experiência de vivência elucida que a experiência
deve ser definida como o tempo em que determinada pessoa tem de contato
com a técnica, a tecnologia e aspecto operacional da atividade em questão.
Enquanto, que, a vivência não está relacionada aos aspectos técnicos, e sim, a
tudo aquilo que a pessoa viveu durante o exercício da função, podendo ser a
sua posição de liderança, comportamento, modo de reação em conjunto.
Para Mateus (2013) a vivência mantém relação com o fugaz e o
efêmero. Já a experiência com algo que não pode esperar; algo que é sentido
e necessita imediatamente ser compartilhado com os outros. Entretanto,
denota o autor que “experiência e vivência são co-participantes, são
modulações do processo experimental contínuo” (MATEUS, 2013, p. 11).
“A experiência que se materializa em vivências diárias” é o que nos
mostra as falas dos pesquisados P7, P12, P15 e P18.
73
Vivencio a dança nos últimos 23 anos, desde o trabalho folclórico, popular até o mais
especifico na área da dança de salão, entre aulas e cursos (P7).
Minha experiência com a dança vem muito antes da graduação, comecei na quadra junina, e
busco utilizar em minhas aulas as experiências anteriores, somando a teoria aprendida na
graduação (P12).
Minha experiência vem desde minha infância, da dança escolar a dança profissional, trabalho
na escola com a dança educativa e busco em todas as aulas contextualizar os movimentos a
partir de estudos literários (P15).
Acho que sou experiente na área da dança, vivo intensamente este conteúdo na escola, meus
alunos inicialmente até se opõem a dança, mas é só a aula se desenvolver que eles se
envolvem de certa forma que sempre querem uma nova aula, o bacana é que começam
dançando só, depois dançam com o colega e quando vejo tem uma multidão dançando junto
(P18).
Esses relatos mostram como na percepção dos depoentes eles foram
adquirindo experiência com a dança. Nas entrelinhas de suas falas,
encontramos que o encontro com a dança se deu ainda na infância e adentrou
a vida profissional. Nesses mesmos depoimentos, é possível observar que
dança ensinada na escola é uma dança que se retroalimenta ao longo do
tempo, pois os pesquisados buscam, por diversas vias, adquirir novos
conhecimentos e, usam o aprendizado na sala de aula, como fica posto no
depoimento dos P12 e P15, em que além da técnica, procuram associar a
teoria a suas aulas. Fica registrado no depoimento do P18 o desafio diário de
banhar seus alunos com a magia presente no ato de dançar consigo, com o
outro e com os outros.
Considerando essa perspectiva de análise, é interessante referendar
os estudos de Franco (2012) em que aponta que o ato de educar e educar-se
se encontra em constante movimento, e por não ser estático deve acompanhar
os movimentos sociais. Conclui a autora que a ação docente é a materialização
74
daquilo que somos e pensamos. Neste sentido, a experiência com a dança
verbalizada pelos participantes do estudo mantém relação com esse processo
cíclico postulado por Franco (2012), uma vez que, inicia-se na infância e é
retroalimentado no decorrer da vida.
Por outro lado, “Dançar é tão importante para uma criança quanto falar,
cantar, ou aprender geografia. É essencial para a criança, que nasce
dançando, não desaprender essa linguagem pela infância de uma educação
repressiva e frustrante” (TAYLOR, 1994, p. 10). O que de certa forma justifica a
luta diária travada pelo P18 para encantar seus alunos com a magia do ato de
dançar, e no decorrer desse processo de encantamento, busca se permitir ser
encantado pelo encantamento de seus alunos.
OS CAMINHOS DO ENSINO APRENDIZAGEM DE DANÇA NA ESCOLA
Ao solicitarmos que os participantes descrevem como a dança se faz
presente em seu planejamento e especificassem o porquê de trabalhá-la, onde
trabalham e como trabalham. Verificamos que para a maioria dos professores a
dança ocupa um lugar privilegiado em seu planejamento escolar e utilizam
como conteúdo ou elemento da cultura corporal, como podemos perceber nos
depoimentos abaixo:
No meu planejamento escolar, a dança está situada como conteúdo, onde dependendo da
série, eu trabalho um tipo de dança especifico (P7).
Introduzo o Conteúdo Dança, geralmente no 1º Bimestre nas Turmas 4° e 5º anos, com a
intenção dos alunos se conhecerem melhor, e para uma relação interpessoal e intrapessoal
Geralmente trabalho a dança desde a sua história até a atualidade, sempre respeitando o
gosto deles pela música e dança (P14).
A dança está situada em meu planejamento em todos os semestres (P11).
A dança, no meu planejamento de ensino é reconhecida como elemento da cultura corporal de
movimento (P5).
75
O lugar privilegiado no qual a dança ocupa no planejamento dos
professores participantes do estudo, pode ser caracterizado como um avanço
para o campo da Educação Física Escolar, uma vez que, estudos realizados
por pesquisadores da área da Educação Física Escolar como Nanni (2001);
Marques (2003); Saraiva (2005) e Santos (2015) apontam que o conteúdo
dança quando aparece no planejamento do professor de Educação Física
exerce um papel secundário frente a outros conteúdos que compõem os
programas de ensino das unidades escolares. Por outro lado, a partir do
momento em que a dança foi incorporada ao bloco das atividades rítmicas e
expressivas dos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs de Educação
Física, ela obteve certa legitimidade, o que, possivelmente, levou-a ao mesmo
valor pedagógico que os demais conteúdos como os jogos, as lutas, as
ginásticas e os esportes.
No entanto, mesmo diante do reconhecimento da incorporação do
conteúdo dança no planejamento dos depoentes do estudo, estamos cientes
que as prerrogativas concebidas ao conteúdo dança ainda são deixadas de
lado no solo da escola. Contudo, como bem pontua Brasileiro (2006), a dança
raramente é entendida como conteúdo dentro das escolas, como um
componente que pode proporcionar ao aluno o conhecimento de si e de sua
capacidade expressiva.
Encontramos aqueles que afirmaram trabalhar a dança como atividade
extracurricular.
Faço o planejamento dividido para educação infantil e fundamental - I, aulas específicas de
dança, classificada pela escola como atividade extracurricular (P2)
No planejamento como prática atividade extracurricular, o objetivo é preparar os alunos para
participarem de festivais estaduais e municipais ou até mesmo festivais promovidos pela escola
(P3).
76
A dança aqui na escola acontece como projeto extracurricular, e eu até prefiro, assim só vai
para as aulas quem realmente quer fazer (P16).
O educador brasileiro César Munõz em sua obra “Pedagogia da vida
cotidiana e participação cidadã” datada de 2004, denota que em terras
brasileiras o currículo da Educação Básica prepara todos os alunos num
padrão similar. Para Munõz (2004), o trabalho da escola tem uma formação
diferenciada, que vai além das matérias tradicionais; contribui para o
engajamento dos alunos e para a formação de bagagem cultural e os prepara
para além da vida escolar. Além disso, essa formação incentiva o
desenvolvimento das famílias na vida escolar dos alunos. Esclarece o autor
que, o desenvolvimento de atividades extracurriculares vai ao encontro da ideia
de que o papel das escolas não está restrito à construção do conhecimento
teórico do aluno, mas também ao desenvolvimento de sua postura
sociocultural. Nas perspectivas de Munõz (2004), depois da família, a
comunidade escolar é a principal referência para o aluno em termos de
construção de valores individuais e coletivos, padrões relacionais, aspectos
culturais, afetivos e sociais.
Entretanto, o que se observa nos depoimentos dos sujeitos P2, P3 e
P16, é a realização de “certa violência simbólica curricular”, uma vez que, fica
posto em seus depoimentos que não trabalham a dança como conteúdo de
suas aulas, apenas em atividades extracurriculares, impossibilitando que seus
alunos em sua maioria tenham acesso a essa manifestação da cultura corporal.
Para Correia (2010), na atualidade a violência simbólica curricular é bastante
praticada pelos agentes escolares quando de alguma forma impossibilitam os
alunos de terem acesso aos conteúdos previstos nos planos de ensino e
julgados essenciais para o desenvolvido social, cognitiva, afetivo e corporal do
aluno. Por outro lado, encontramos materializado nos Parâmetros Curriculares
77
Nacionais – PCNs de Educação Física (1997) que a dança é um conteúdo da
disciplina Educação Física e, portanto, deve ser trabalhado no decorrer do ano
letivo de forma teórica e prática.
Por outro lado, atividades extracurriculares são atividades que não
constam na grade curricular padrão mas são inseridas na escola como uma
alternativa complementar dos conteúdos básicos. O que pelo depoimento dos
entrevistados não é o que ocorre em suas instituições de ensino.
Do questionamento referente ao planejamento escolar para o ensino da
dança, foi possível entender “O planejamento como direcionador das
estratégias de ensino”. A palavra estratégia surgiu na fala dos entrevistados
como condição essencial para desenvolvimento de suas aulas. Elucidaram que
no ato do planejamento as estratégias de ensino são pensadas para
dinamização do conteúdo dança, foi possível observar que os professores
utilizam múltiplas estratégias que iniciam com as dicas verbais, passam pelas
demonstrações, pelas repetições e chegam a autocriação. Todo esse processo
não exclui as estratégias de pesquisa, reflexão e problematização sobre o
movimento aprendido, repetido ou criado. Os depoimentos a baixo sintetizam
as estratégias utilizadas por alguns professores para dinamização do conteúdo
dança em suas aulas:
“No meu planejamento focalizo muito bem nas estratégias, pois é a maneira como iremos
tratar, expor um determinado conteúdo, as dicas verbais, as demonstrações e a solicitação de
repetição dessas demonstrações pelos alunos auxiliam na dinamização e aprendizagem do
conteúdo dança em minhas aulas” (P1).
“Pensar em ensino de dança e não pensar nas estratégias de ensino é como pensar em um
espetáculo de ópera e não pensar na orquestra, já que as estratégias são os meios que
achamos para introduzir determinados conteúdos, por este motivo utilizo em minhas aulas a
autocriação, incentivo meus alunos a criarem os próprios movimentos e atribuírem significados
a esses movimentos.” (P16).
78
“As dicas verbais para mim são primordiais, acredito que esta seja a principal estratégia por
mim utilizada, até porque não sei dançar não, mas busco me apropriar dos procedimentos
técnicos ai dou dicas aos meus alunos e eles vão e dançam e dar muito certo” (P8).
Sabe-se que a atividade docente é caracterizada pelo desafio
permanente dos profissionais da educação em estabelecer relações
interpessoais com os educandos, de modo que o processo de ensino-
aprendizagem seja articulado e os métodos e as estratégias de ensino
utilizadas cumpram os objetivos que se propõem. Por este motivo, a maneira
pela qual o professor planeja suas atividades de sala de aula é determinante
para que seus alunos atribuam um significado positivo das suas aulas.
Historicamente a palavra estratégia esteve vinculada a arte militar no
planejamento das ações a serem executadas nas guerras, e, atualmente, é
largamente utilizada no ambiente empresarial. Porém, admite-se que:
[...] a palavra ‘estratégia’ possui estreita ligação com o ensino.
Ensinar requer arte por parte do docente, que precisa envolver o
aluno e fazer com que ele encante com o saber. O professor precisa
promover a curiosidade, a segurança e a criatividade para que o
principal objetivo educacional, a aprendizagem do aluno, seja
alcançado (STRAZZACAPPA; MORANDI, 2015, p. 35).
Desse modo, no momento em que os professores verbalizam que
buscam utilizar diversas estratégias para materialização do ensino da dança na
escola, estão buscando meios e caminhos pedagógicos para que o processo
de ensinagem das atividades propostas alcance os objetivos esperados. Uma
vez que, as estratégias de ensino, visam a consecução de objetivos, é de
fundamental importância que o educador tenha clareza aonde quer chegar
naquele momento com o processo de ensinagem. Por isso, os objetivos que
norteiam suas ações educativas devem estar claro aos sujeitos envolvidos, e
79
os métodos e estratégias precisam ser os mais adequados para
desdobramento dos objetivos.
Quanto ao ensino da dança, Moura (2006) aponta que as
instruções verbais têm a função de guiar, motivar e reforçar o desempenho do
aprendiz, constituindo-se em uma ferramenta facilitadora da aprendizagem.
Para ele, as dicas verbais auxiliam no aprendizado da dança, em especial, nos
aspectos qualitativos do movimento, entretanto, alerta Milani (2015) que a
utilização de dicas de forma errada, contendo informações excessivas ou
reduzidas, pode dificultar a aprendizagem, já que deixa o aprendiz sem clareza
sobre como é o movimento que deve realizar.
Para Strazzacappa e Morandi (2015), no ato processo de ensinagem
da dança a estratégia de demonstração pode auxiliar o aluno a aprender um
novo movimento, uma sequência de movimentos ou ainda a realizar um
movimento conhecido de forma diferenciada. Para as autoras, o ato de
demonstração contribui para que o aluno realize mudanças na dinâmica do
movimento. Desta forma, a demonstração colabora para o estabelecimento de
aprendizagens sociais.
Outros participantes afirmaram que para dinamização do conteúdo
dança utilizam as seguintes estratégias:
Para dinamização do conteúdo dança utilizo como estratégia a pesquisa histórica onde os
alunos são encarregados de escolher uma dança folclórica, apresentar a dança e se possível
recriar a dança, quando sentem dificuldades me aproprio do estilo de ensino por
demonstração, em que as dicas e as repetições dos movimentos indicados são fundamentais
para que eles aprendam a dança (P1).
A dança está situada em meu planejamento através de construção de coreografias simples, a
fim de estimular a criatividade e o trabalho em grupo e cooperação (P19).
Aulas expositivas dialogadas, aulas práticas na quadra de aula, resolução de exercícios e
dramatizações (P6).
80
Bordenave e Perreira (2002), apontam ser dever de todo professor
planejar, orientar e controlar a aprendizagem de seus alunos, cabendo a cada
educador fazer uso consciente das estratégias de ensino para estimular as
diversas capacidades de seus alunos.
Nessa mesma linha de pensamento, Stipek (1998), aponta ser preciso
que o professor apresente atividades desafiadoras a seus alunos. Para esse
autor, quando o aluno percebe a utilidade das tarefas crê que valerá o esforço
e a valorização.
Fernandes (2014) desenvolveu um estudo de dança de salão com
professores do ensino médio fazendo uso de variadas estratégias de ensino e
concluiu a autora, que as estratégias que ficaram obscuras e apresentam-se
pouco desafiadoras são bem menos valorizadas, o que comprova a
importância não apenas da escolha de uma boa estratégia, mas do bom
direcionamento atribuído no momento de sua dinamização.
AS INTERFACES DO CONTEÚDO DANÇA NA ESCOLA
No decorrer da análise das respostas sobre o questionamento referente
às principais dificuldades e facilidades encontradas pelos participantes do
estudo para desenvolvimento do conteúdo dança em suas aulas, observamos
uma pluralidade de respostas com significados multifacetados, os quais se
relacionavam a gênero, sexualidade, religião, aspectos de ordem estruturais e
matérias. Foi justamente essa multiplicidade de respostas que deram origem a
categoria “As interfaces do conteúdo dança na escola”, dentre as quais
selecionamos as seguintes falas:
Tenho dificuldade em ministrar o conteúdo dança por conta dos alunos evangélicos que tem
restrições familiares pela dança (P11).
81
Trabalhar o conteúdo dança é sempre um desafio, infelizmente os meninos ainda apresentam
rejeição por este conteúdo, entendo que seja reflexo dessa sociedade em que vivemos –
machista e preconceituosa (P19).
Infelizmente a escola não disponibiliza de equipamentos e local adequado para
desenvolvimento do conteúdo dança. Percebo que aulas de dança na quadra são
constrangedoras para os alunos do sexo masculino (P8).
Pensa no conteúdo dança não é complicado, complicado é fazer aula de dança para alunos
que já pensam que da dança é coisa de menino e para meninas que só gostam de danças
sensuais (P17).
Correia, Carvalho e Morais (2015), em seu livro “Tematizando e
problematizando a Educação Física na Escola: do currículo que forma o
professor ao currículo que educa o aluno”, compreendem a área da Educação
Física Escolar como um campo multifacetado em que o objeto de interferência
do professor se constitui no sujeito com suas possibilidades – o sujeito social e
por extensão produtor de culturas.
Daólio (2010) situa a quadra de aula, como qualquer outra sala de aula,
promove o encontro de culturas, e que cabe ao professor fazer com que as
manifestações mais intrínsecas aos seres humanos sejam visualizadas e
valorizadas. O que, de certa forma justifica a interface que o ensino do
conteúdo dança promove no solo da escola na perspectiva dos sujeitos aqui
entrevistados, já que, “a dança enquanto manifestação humana e cultural
promove o encontro do eu com o tu, que se materializa nós, algo vivido e
sentido por todos de forma igual e diferenciada ao mesmo tempo, mas que a
todos representa” (MILANI, 2015, p. 13).
Com a multiplicidade de respostas e suas distintas possibilidades, foi
possível estruturar quatro subcategorias, sendo duas relacionadas às
dificuldades e duas referentes às facilidades para o desenvolvimento da dança
na escola: na primeira subcategoria encontra-se a questão do tabu no que diz
82
respeito ao gênero/sexualidade/religião; a segunda, alusiva às dificuldades de
ordem estruturais e materiais para desenvolvimento do conteúdo dança nas
aulas de Educação Física; a terceira aborda a apropriação dos diferentes
estilos e gêneros músicas para desenvolvimento do conteúdo dança nas aulas,
e por fim, a quarta, subcategoria relacionada à presença do conteúdo dança
apenas nas datas comemorativas.
“O tabu relacionado ao gênero/sexualidade como barreira para o
desenvolvimento do conteúdo dança nas aulas de Educação Física”,
emergiu de depoimentos como:
Sempre há um pouco de resistência por parte dos meninos, além da falta de material
multimídia (P14).
As dificuldades encontradas normalmente se apresentam em alguns meninos que
compreendem a dança como coisa de menina ou de homossexuais (P19)
Encontro rejeição e/ou vergonha dos alunos (sexo masculino) (P20).
Na literatura da Educação Física escolar, vemos que esta área do
conhecimento sofreu uma influência muito grande da cultura sexista existente
no país. No estudo realizado por Costa; Silva e Avila (2000) os autores
mostram que há predominância de uma ação pedagógica com raízes
masculinas na área da Educação Física, o que contribui para a neutralização
das meninas. E essas, apesar de atuarem como “figurantes”, aceitam participar
das atividades “masculinas” enquanto os meninos apresentam forte resistência
em se envolver naquelas “eleitas” como femininas. Dessa forma, os autores
concluíram que a escola mista não assegura a superação do sexismo e o
avanço da subjetividade feminina, como tampouco contribui para a reflexão
sobre a subjetividade masculina.
83
Com relação à cultura sexista Daólio (1995, p. 100) considera, apoiado
em Marcel Mauss, que:
[...] há uma construção cultural do corpo, definida e colocada em
prática em virtude das especificidades culturais de cada sociedade.
[...] Assim, há uma valorização de certos comportamentos em
detrimento de outros, fazendo com que haja um conjunto de gestos
típicos de uma determinada sociedade.
Campos (2011) elucida que os ditames sociais têm se construído como
uma grande barreira para um olhar mais atento da comunidade escolar para
conteúdos essenciais para a formação integral do aluno, como: dança,
brincadeiras e até alguns jogos populares. Complementa essa discussão Neira
e Nunes (2009) afirmando que, é de extrema importância o profissional de
Educação Física estar atento às influências contemporâneas que o currículo da
Educação Física tem sofrido, já que, cabe a ele promover a ancoragem social
desses conteúdos.
Para Correia (2013), a modificação, o novo olhar para as
manifestações promovidas pelo currículo da Educação Física Escolar só será
possível quando seus profissionais forem tão operantes no discurso como são
nas atividades práticas que realizam na escola. Para ele, tal empoderamento
possibilitará com que corpos distintos sejam e estejam no mesmo espaço sem
qualquer tipo de distinção, seja por etnia, credo religioso, orientação sexual ou
distinção geográfica.
No decorrer da análise “A ausência dos recursos estruturais e
materiais para desenvolvimento do conteúdo dança na escola” ficou
latente na fala dos depoentes as dificuldades que encontram para
desenvolvimento do conteúdo dança. Observemos os seguintes depoimentos:
84
Infelizmente o espaço pra dinamizar aula é um dos fatores que mais dificultam o ensino da
dança aqui na escola (P16).
Como professora vejo que na dança ainda existe um preconceito que pode acontecer em
qualquer espaço físico, como uma quadra poliesportiva, sem necessidade de barras, linóleos,
espelhos, etc (P18).
As principais dificuldades encontradas na escola, são financeiros relacionados aos materiais
(P13).
Tenho dificuldade de trabalhar porque não tenho som, sala de aula adequada e nem apoio da
escola (P14).
O relato da carência estrutural e material para desenvolvimento das
aulas práticas de Educação Física, em especial dos conteúdos desvinculados
geralmente do esporte, tal como a dança, é antigo. Essa dificuldade
compromete o processo de ensino aprendizagem e a vivência com qualidade
desse conteúdo na escola. Entretanto, Moreira; Simões e Martins (2014),
esclarecem que, diante dessa situação, cada educador reage de uma forma
diferente: uns buscam no meio ambiente os recursos que estão disponíveis e
os utiliza para desenvolver suas atividades educacionais, e outros, “amarrados”
pelas promessas dos gestores escolares esperam por um material que nunca
chega. Para Moreira; Simões e Martins (2014), ultimamente, o governo tem
investido na aquisição de recursos didáticos para as escolas. Porém, não são
todas as escolas, de todas as regiões do país que são contempladas; muitas
escolas ainda funcionam à base do livro didático e do quadro de giz.
No que se refere à facilidade que alguns professores encontram para
desenvolvimento do conteúdo dança nas suas aulas, os depoentes P1; P4 e
P20, apontaram que ao ministrarem o conteúdo dança se apropriam de
distintos estilos e gêneros musicais, o que acaba tornando as aulas mais
85
inclusivas e atrativas. Os depoimentos abaixo são representativos do descrito
aqui:
Folclóricas e populares (funk; axé; hip-hop e outros), dançamos de tudo um pouco, e pelo
menos um pouquinho cada um dança. São bem inclusivas as aulas (P1).
A vivencia é bem pouca e quando se é praticada está envolvida na parte de danças folclóricas
Danças circulares, brinquedos cantados, cantigas com atividades de movimentos livres de
expressão corporal. É bacana porque todos participam (P4).
Utilizamos as danças tradicionais locais e de outros estados. Meus alunos adoram (P20).
Quando analisamos os depoimentos dos participantes do estudo,
podemos observar em suas falas que a variação de estilos e gêneros musicais
os quais eles lançam mão, contribuem para o desenvolvimento das aulas e
propiciam ações mais inclusivas e atrativas.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais da Educação Física de (1998),
apontam que no Brasil existe uma riqueza muito grande de manifestações
rítmicas e expressivas, onde pulsa o samba, o bumba – meu- boi, o maracatu,
o frevo, o axé, o afoxé, entre outros, que possibilita o trabalho variado com a
dança relatado pelos professores. Martin et al (2005), mostram que a dança é
uma expressão representativa de diversos aspectos da vida do homem, e
portanto, colocar ao dispor do aluno um leque de possibilidades de
manifestação corporal por intermédio das distintas formas de dançar é uma
estratégia que faz com que ele manifeste a influência da realidade pertencente
por meio da dança, uma vez que, independente de sua modalidade, a dança,
tem como objetivo, buscar a expressão individual de pensamentos e
sentimentos (VERDERI, 1988). A afirmação de Verderi (1988) ganha respaldo
em um estudo realizado por Strazzcappa (2001), em que a dança foi utilizada
como conteúdo central das aulas de Educação Física. O resultado obtido
mostrou diferença de comportamento dos alunos que diminuíram o número de
86
faltas razoavelmente. Também, afirma a autora, que foi percebida por diretores
e professores a ampliação da participação e interesse dos alunos em outras
atividades promovidas pela escola, como se, através das atividades da dança
na escola, o aluno tivesse reencontrado o prazer de estar na instituição.
“As datas comemorativas como lugar da dança na escola”, foi o
título dado ao conjunto de depoimentos denotou que a dança é trabalhada na
escola apenas nos eventos culturais sugestivos as datas comemorativas, como
ilustram os trechos que seguem:
Está presente em três períodos, ou seja, em três eventos culturais da escola. Em junho (festa
junina), agosto (feira cultural) e outubro (jogos internos) (P17).
Infelizmente essa inserção não ocorre como deveria, pois o conteúdo artístico ainda não tem o
espaço merecido. No meu planejamento ela aparece dentro dos projetos desenvolvidos na
Escola de acordo com o calendário anual (P20).
Está na temática folclore, manifestações culturais, exploramos a cultura corporal (P5).
Eu trabalho com folclore desde 2010, instrumento extraordinário, dança e folclore se
completam eu diria (P2).
Trabalho no 3º bimestre, porque engloba o mês de folclore, atividades culturais da escola,
como mostra pedagógica (P6).
Os referidos depoimentos demonstram como o conteúdo dança
necessita ser ressignificado pela maioria dos professores, uma vez que os
relatos acima, demonstram como a comunidade escola ainda entende a dança
como uma atividade estanque e desprovida de fundamentação teórica. Autores
como Bordenave e Perreira (2002), afirmam que a cultura de utilização das
danças nas escolas apenas nas datas comemorativas, além de ferir o currículo
da Educação Física, impossibilita com que os alunos se manifestem
corporalmente por meio das danças.
Por outro lado, quando a dança é vivenciada na escola apenas como
apresentação - espetáculo, faz com que a comunidade escolar deixe de
87
perceber sua importância para além dos movimentos sincronizados das
coreografias que quase sempre são responsáveis em deixar os eventos
escolares mais atrativos, e perdem a oportunidade de utilizar a dança como
ferramenta a favor de práticas corporais verdadeiramente emancipatórias, que
podem auxiliar na caminhada contra a dominação e o autoritarismo tão
presente no ensino da Educação Física escolar.
Nas esteiras do pensamento de Correia (2015), o lugar destinado a
algumas manifestações corporais na escola ainda precisam ser explicadas na
Educação Física Para esse autor, a dança como conteúdo legitimo da
Educação Física quando reduzida as datas comemorativas faz como que se
reduza também o poder de criticidade do aluno quanto às linguagens midiáticas
presente nas danças espetáculos e abrigadas pela escola sem qualquer tipo de
trato pedagógico. Sugere o autor que a efetivação de uma proposta
problematizadora de ensino de dança que possibilitará avançarmos por
caminhos didáticos metodológicos que possam auxiliar na mudança desse tipo
de concepção reducionista que a comunidade escolar geralmente possui da
dança. Com isso, poderá ser promovida uma educação crítico-emancipatória,
capaz de auxiliar os alunos a relacionar a dança com o mundo através da ação
comunicativa que ela possui e produz.
88
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A conclusão de um trabalho de pesquisa é sempre provisória. A busca
incessante de discutir o ensino da dança nas escolas da cidade de Macapá e
identificar estratégias de ensino utilizadas para o ensino de dança nesse
espaço, além de compreender a sua localização em relação à abrangência de
sua importância como conteúdo, buscando uma interligação com outras
disciplinas, em especial a Educação Física, levou-me a percorrer diversos
caminhos, a buscar fundamentos teóricos que respaldasse as indagações e as
exigências explicativas suscitadas pelo caminhar. Entretanto, no decorrer deste
caminhar, as reflexões realizadas, fizeram-me entender a provisoriedade de
uma pretendida conclusão definitiva, dada a mutação dos próprios fatos que a
delimitam e constroem.
O processo de construção-confecção destas considerações finais, bem
como de toda a dissertação, promoveu-me um carrossel de aprendizagens.
Iniciou com olhar para o trabalho dos outros, para o que a literatura científica
da área postula quanto ao objeto de estudo desta investigação – neste caso,
“as estratégias de ensino utilizadas pelos professores para dinamização do
conteúdo dança”.
Constatei que o século XXI invade a nossa vida sem pedir licença.
Interatividade, comunicação global e instantaneidade, internet móvel,
comunidades mundiais de amigos e interesses comuns fazem parte do
cotidiano de muitas pessoas e as escolas também são inundadas diariamente
pelas novas tecnologias, com lousas inteligentes, alunos com novas
linguagens, reinventando a língua e os jeitos de conversar. A rede mundial
89
espalha novos modos de ser e viver a cada instante, e os alunos e alunas
estão mais inteirados sobre o intenso e incessante movimento global.
Enquanto tudo isso acontece, olhamos para os salões de Educação
Física, e para as quadras de esportes e vemos, na maioria das vezes, um
mundo parado na década de 70 do século passado. Alunos e alunas restritos
nas atividades corporais, supostamente porque a prática esportiva no interior
da área ainda é hegemônica apesar das diversas correntes pedagógicas
questionarem sua existência como única manifestação corporal que quase
sempre chega ao aluno e sem nenhum trato pedagógico.
Averiguei que apesar dos documentos oficiais legitimarem a Dança
como um conteúdo da Educação Física, este conteúdo quase sempre é
colocado paralelamente nas aulas de Educação Física. Entretanto, olhar para o
trabalho do outro, me fez perceber que mudar este cenário, questionar as
práticas escolares mais que ultrapassadas e propor novas pedagogias para um
novo tempo é mais do que necessário e urgente para o desenvolvimento da
Educação Física Escolar. Uma vez que, pelos dados produzidos no decorrer do
estudo foi possível observar que há muitas possibilidades de trabalho o ensino
da dança nas escolas, mas como o professor se depara com muitas
dificuldades e quase sempre possui pouca ou nenhuma vivência prática,
formação inadequada, falta de interesse dos alunos, sexismo, hegemonia dos
esportes, entre outras, sua atuação fica comprometida, não conseguindo
aplicar esses conteúdos em suas aulas.
Verifiquei ainda, que as dicas verbais e as demonstrações se
constituem nas principais estratégias utilizadas pelos professores de Educação
Física para dinamização do conteúdo dança em suas aulas. Apesar de serem
ótimas e eficazes estratégias, faz-se necessário que os professores pensem
90
em outras estratégias para dinamização do conteúdo de Dança, que privilegiem
tanto a fundamentação teórica no decorrer das aulas quanto a vivência prática
das atividades propostas, para que o aluno tenha condições de pensar, refletir,
analisar, discutir e escolher as práticas de Dança, com o intuito de auxiliar e
fornecer subsídios para que os alunos possam vivenciar a Dança na Escola de
forma integral.
É interessante destacar, que no decorrer da construção deste estudo,
por inúmeras vezes ouvi colegas de trabalho dizendo que a temática da dança
enquanto objeto de investigação científica já foi superada no interior da área.
Acredito que enquanto houver a supremacia de um conteúdo sobre o outro, em
especial sobre o conteúdo dança, esta temática não estará superada. Ao
contrário, estará exigindo de nós Ao contrário, estará exigindo de nós olhares
críticos e estabelecimento de propostas problematizadoras para mudar este
status quo. Por outro lado, enquanto professora da área da Educação Física,
parto do princípio de que devemos assumindo uma atitude consciente na busca
de uma prática pedagógica mais coerente com a realidade, buscando na
Dança uma oportunidade de levar o indivíduo a desenvolver sua capacidade
criativa, numa descoberta pessoal de suas habilidades, contribuindo de
maneira decisiva para a formação de cidadãos críticos, autônomos e
conscientes de seus atos, visando a uma transformação social.
Os dados produzidos a partir dos depoimentos dos professores
trouxeram à tona que alguns professores compreendem a dança como
instrumento didático e pedagógico da Educação Física, e outros, como
conteúdo que deve ser didaticamente trabalhado no decorrer de suas aulas. O
que se certa forma vai ao encontro das proposições dos Parâmetros
Curriculares Nacionais.
91
Parte dos professores descreveram suas vivências como experiências,
outra parte, verbalizou que sua experiência se materializa em vivências diárias.
Constatamos que o planejamento é utilizado como direcionador das estratégias
de ensino, e essas estratégias contribuem para a dinamização e quebra de
paradigmas quanto ao ensino da dança na escola. Na percepção dos
entrevistados o conteúdo dança possui múltiplas facetas, o qual promove um
diálogo nem sempre harmônico com temas como gênero, sexualidade e
religião.
Também foi possível extrair de suas falas que a ausência dos recursos
estruturais e materiais se constituem como uma barreira para o
desenvolvimento do conteúdo dança na escola. Constatamos que no momento
em que o professor de Educação Física se apropria dos distintos estilos e
gêneros musicais, possibilita maior participação e interação dos alunos em
suas aulas. Entretanto, os dados produzidos, demonstraram que a dança em
algumas instituições de ensino ainda tem seu lugar reservado apenas às datas
comemorativas.
Diante do exposto, a pesquisa revelou que nas escolas estaduais que
oferecem o Ensino Fundamental I da cidade de Macapá, o conteúdo dança
vem sendo trabalhado de distintas formas: em algumas instituições como
conteúdo da Educação Física, e em outras, como atividades extracurriculares.
Algumas vezes fomenta debates educativos sobre valores socialmente
construídos, e em outras, apenas aparece para reproduzir uma manifestação
cultural, o que nem sempre é garantia de aquisição de conhecimento por parte
da comunidade escolar.
Com isso, acredito que investir na formação continuada desses
professores, contribuirá para que suas concepções quanto ao ensino da dança
92
sejam ampliadas, uma vez que a dança na escola quando aplicada com
metodologias e estratégias de ensino adequadas e, principalmente com
consciência pedagógica, possibilita ao educando uma formação corporal
global, ampliando suas capacidades de interação social e afetiva,
desenvolvendo as capacidades motoras e cognitivas. Quando realizada de
forma lúdica e não competitiva, a dança educação passa a ser agente de
formação e transformação, propiciando oportunidades de humanização e
integração entre todos os alunos, aumentando assim a autoestima e colocando
em prática o sentido de uma educação voltada para a inclusão.
Pelos depoimentos analisados, apesar de quase sempre possuir um
lugar destaque no projeto pedagógico e dos professores fazerem uso de
estratégias de ensino que ajudam na dinamização do referido conteúdo, a
dança precisa ser ressignificada na sua potencialidade para que não
perpetue a restrita visão de espetáculo.
Esperamos com este estudo incitar discussões, novas propostas, para
que haja um aprofundamento sobre a arte da Dança, a fim de contemplar,
também a atuação direta do professor, no intuito de que haja cada vez mais
autonomia profissional e que se busque uma formação acadêmica mais coesa
com a realidade do atual processo educativo e social. Do grande esforço para
superar naturais limites – esta é nossa contribuição.
93
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101
ANEXOS
102
ANEXO I – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Você está sendo convidado a participar, como voluntário, da pesquisa
ESTRATÉGIAS DE ENSINO DE DANÇA NAS ESCOLAS DA CIDADE DE
MACAPÁ – AP. Caso você concorde em participar, por favor, assine esse
documento. Sua participação não é obrigatória, e a qualquer momento você
poderá desistir de participar e retirar seu consentimento. Sua recusa não trará
nenhum prejuízo para sua relação com os pesquisadores. Você receberá uma
cópia deste termo em que constam o telefone e endereço dos pesquisadores
bem como do Comitê de Ética em Pesquisa, para que possa esclarecer
eventuais dúvidas sobre o projeto e sobre sua participação.
NOME DA PESQUISA: Estratégias de ensino de dança nas escolas da cidade
de Macapá – AP.
PESQUISADOR (A) RESPONSÁVEL: Graciele Massoli Rodrigues
PESQUISADOR PARTICIPANTE: Samanda Nobre do Carmo Saboia.
OBJETIVO DO ESTUDO: O objetivo deste estudo é discutir o ensino de dança
na rede municipal de ensino na cidade de Macapá – AP.
PROCEDIMENTOS DO ESTUDO: Ao aceitar participar, você será entrevistado
com três questões temáticas semi-estruturadas. Tem-se a expectativa que
será realizada a entrevista em aproximadamente 30 minutos. Com
agendamento prévio em comum acordo entre participante e pesquisadora, será
marcado o local e a data para que a entrevista seja realizada.
A entrevista será gravada e transcrita na íntegra para posterior análise e a
divulgação do trabalho terá finalidade acadêmica, esperando contribuir para um
maior conhecimento do tema estudado.
RISCOS E DESCONFORTOS: Esta pesquisa oferece riscos mínimos aos seus
participantes e caso o mesmo manifeste constrangimento pelos
questionamentos poderá desistir da pesquisa em qualquer momento. Em
situação de desconforto causado pela pesquisa, o participante poderá ser
encaminhado ao sistema público de saúde do município e, se preferir e tiver
plano de saúde privado, será dirigido ao atendimento de sua escolha.
103
BENEFÍCIOS: Os benefícios da pesquisa serão as contribuições apresentadas
para o professor participante no sentido de colaborar para o aprimoramento e
reflexão do seu fazer pedagógico. Será enviada uma cópia do trabalho e uma
síntese com a organização das estratégias coletadas a todos os participantes.
CUSTO/REEMBOLSO PARA O PARTICIPANTE: Não haverá nenhuma
remuneração pela participação na pesquisa, como também não haverá
despesas extras cotidianas pela participação no estudo, pois a coleta de
informações será realizada em situação agendada e local pré-estabelecido em
acordo entre as pesquisadoras e você.
CONFIDENCIALIDADE DA PESQUISA: As informações obtidas serão
utilizadas somente para a pesquisa, não sendo divulgada nenhuma informação
pessoal sobre nenhum participante. A gravação dos procedimentos será
utilizada para fins acadêmicos e para publicação do estudo.
Eu,___________________________________________________________,
RG:_________________________, declaro que li as informações contidas
nesse documento e fui devidamente informado pelas pesquisadoras sobre os
procedimentos que serão utilizados. Declaro que concordo por livre decisão
minha participar da pesquisa. Foi-me garantido que posso retirar o
consentimento a qualquer momento, sem que isso leve a qualquer prejuízo
para mim. Declaro ainda que recebi uma cópia desse Termo de Consentimento
que será emitido em duas vias rubricadas pelos pesquisadores.
Qualquer dúvida sei que poderei entrar em contato pelos telefones abaixo
discriminados com os pesquisadores ou com o Comitê de Ética e Pesquisa da
Universidade São Judas Tadeu pelo telefone (11) 2799-1944.
LOCAL E DATA: São Paulo, ______ de______________________de 201___.
Assinatura dos responsáveis pela pesquisa:
Profa. Dra. Graciele Massoli Rodrigues
Universidade São Judas Tadeu
Tel. (11) 2799 1638
Rua Taquari, 546 – Mooca
104
Anexo II
105
106
107
APÊNDICE
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Apêndice 1 - ROTEIRO DE ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA
Professor(a) você muito contribuirá para a nossa pesquisa sobre estratégias de
dança nas aulas de Educação Física se dispensar alguns minutos para conversarmos
sobre esse tema.
Nome do participante:
E-mail:
Endereço:
Telefone:
I – Caracterização dos participantes
1 – Sexo: _______________
2 – Idade: ______________
3 – Titulação acadêmica:
( )Magistério
( )Superior incompleto
( )Bacharelado
( )Licenciatura
( )Especialização
( )Mestrado
( )Doutorado
4- Tempo de atuação profissional na área da Educação Física Escolar
( ) 1 a 3 anos
( ) 4 a 6 anos
( ) 6 a 10 anos
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( ) mais de 10 anos
4 – Disciplina que leciona ou série que atua ____________________________
5 – Tempo de experiência docente _________________
6 – Tempo de exercício nesta escola _______________
7 – Situação funcional: Contrato( ) Efetivo( )
8 – Trabalha em quantas escolas? _______________
9 – Quantos alunos tem aproximadamente?________
10 – Quantas horas semanais atua em sala de aula? __________________
11 – Quantas horas semanais dedica ao planejamento de aulas, correção de
exercícios, etc? ____________________
II – Aspectos conceituais:
1 – O que você entende por dança educativa?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
2- Qual a sua experiência com a dança?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
3 – Descreve como a dança está situada no seu planejamento, porquê, onde e como?
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_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
4 – O que você entende por estratégias de ensino?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
5 – Quais as principais estratégias que você utilizada para dinamização do conteúdo
dança em suas aulas?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
6 – Quais as principais dificuldades e facilidades encontradas para desenvolvimento
do conteúdo dança em suas aulas?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
7 – Quais as danças mais utilizadas no decorrer de suas aulas?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_______________________________________
Samanda Nobre do Carmo Saboia
Pesquisadora