o efeito da submissão ao chronic mild stress (cms) sobre o

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Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Programa de Estudos Pós-Graduados em Psicologia Experimental: Análise do Comportamento O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o Valor Reforçador do Estímulo Cássia Roberta da Cunha Thomaz PUC - SP 2001

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Page 1: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Programa de Estudos Pós-Graduados em Psicologia Experimental:

Análise do Comportamento

O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress

(CMS) sobre o Valor Reforçador do Estímulo

Cássia Roberta da Cunha Thomaz

PUC - SP

2001

Page 2: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

2

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Programa de Estudos Pós-Graduados em Psicologia Experimental:

Análise do Comportamento

Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS)

sobre o Valor Reforçador do Estímulo

Cássia Roberta da Cunha Thomaz

Dissertação apresentada à Banca

Examinadora da Pontifícia Universidade

Católica de São Paulo, como exigência

parcial para obtenção do título de MESTRE

em Psicologia Experimental: Análise do

Comportamento, sob orientação da Profa.

Dra. Maria Amália Pie Abib Andery.

Trabalho financiado pela FAPESP – Processo 00/04890-0

PUC - SP

2001

Page 3: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

3

Autorizo, Exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial

desta dissertação por processos fotocopiadores ou eletrônicos.

Assinatura:____________________________ Local e Data:______________________

Page 4: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

4

Banca Examinadora

______________________________

______________________________

______________________________

Page 5: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

5

Agradecimentos

A Maria Amália, pelo apoio e incentivo, por fazer com que o processo fosse

novamente divertido sob a sua orientação.

Ao Roberto, pela ajuda e sugestões, por me apresentar ao fascinante campo dos modelos

experimentais.

A Maly, pelo apoio de sempre, pelo modelo.

Aos colegas do laboratório, pela agradável convivência nos anos de mestrado.

Ao Marcos e Paula, pela paciente ajuda com a informática.

Ao Fábio e Miriam, colegas da USP, pelas importantes sugestões nas fases iniciais deste trabalho.

A Neusa, Conceição e Maurício, por toda a ajuda no cuidado com os sujeitos deste trabalho.

Aos meus pais, pelo apoio incondicional e fundamental.

Ao Bruno, pela paciência e pelo sorriso de todas as manhãs.

Ao Marco Antonio, minha fonte incansável de reforçamento, que me ajudou a seguir.

Agradeço também a FAPESP pelo financiamento concedido.

Page 6: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

6

Índice

Introdução.................................................................................................................................01

Método....................................................................................................................................... 31

Resultados.................................................................................................................................. 40

Discussão................................................................................................................................... 61

Referências Bibliográficas....................................................................................................... 71

Page 7: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

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Thomaz, Cássia R. C. (2001) O efeito da submissão ao 'chronic mild stress' sobre o valor reforçador doestímulo.

Chronic Mild Stress (CMS) é um modelo animal experimental proposto como um modelo de depressão, aoqual ratos são submetidos. Após passarem por um conjunto de "situações de estresse suave", o consumo deágua e de água com sacarose desses animais decresce. Considera-se que a submissão ao conjunto deestressores modifica o organismo e, consequentemente, a propriedade recompensadora da água e da águacom sacarose. Supõe-se, então, que o sujeito toma-se "Insensível" à recompensa. O presente estudopretendeu replicar os resultados de Willner, Towell, Sampson, Sopholeus e Muscat (1987) e tambémverificar se o que é denominado "Insensibilidade à recompensa" poderia ser descrito como diminuição dovalor reforçador do estímulo, uma vez que este estímulo, nos estudos de CMS, não é produzidosistematicamente por uma ação/resposta dos sujeitos sistematicamente medida. Ou seja, a submissão ao"regime de estresse" afetaria o valor reforçador do estímulo? Ratos machos foram sujeitos. Dois sujeitosforam submetidos a um conjunto de condições de estresse suave, por 6 semanas, conforme descritos porWillner e cols. (1987), como por exemplo, privação de água e comida, barulho intermitente, iluminaçãocontínua, agrupamento de dois sujeitos na mesma gaiola, luz estroboscópica, cheiro, apresentação de umagarrafa vazia após privação de água, acesso restrito a comida, inclinação da gaiola, presença de um objetoestranho na gaiola e chão da gaiola sujo. Verificou-se uma diminuição no consumo total de líquido e napreferência por água com sacarose destes sujeitos durante e após este procedimento. Outros dois sujeitosforam submetidos a sessões operantes sob um esquema concorrente FR15-FRI5 com água e água comsacarose como estímulos reforçadores antes e após a submissão ao mesmo conjunto de estressores. Tambémcom estes sujeitos observou-se diminuição no consumo de líquido e na preferência por água com sacarose emtestes semanais de consumo de líquido, durante as semanas de exposição ao estresse, o que indicaria umaparente efeito do regime de estresse sobre o valor reforçador dos estímulos. Observou-se também, comestes sujeitos, que a submissão à condição operante após o período de estresse parece ter alterado o efeitoproduzido pelo CMS, aumentando o consumo de líquido e a preferência pela água com sacarose nos testesrealizados nas semanas seguintes à exposição ao regime de estresse.

Orientador: Maria Amalia Andery

Linha de Pesquisa: Processos básicos na análise do comportamento

Palavras-chave: modelos animais, modelos experimentais, estresse, depressão, valor reforçador doestímulo, esquemas concorrentes

Page 8: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

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ABSTRACT

Chronic Mild Stress (CMS) is an experimental model for depression: Rats are

submitted to a set of stressing conditions and as a result their consumption of water

and water with sucrose, as well as the animals previous preference for water and

water and sucrose also drops. It is argued that the stress changes the organism and,

consequently, changes the reinforcing properties of water and water with sucrose.

Therefore the stress would make the subjects insensible to reward. The present study

investigated if what has been called sensitivity to reward could be described as a drop

in the reinforcing value of a reinforcer. In other words, one of this study's goals was

to evaluate if a protocol of mild stress diminished the reinforcing value of a known

reinforcer, here, water with sucrose. Four male rats were submitted to a stress

protocol of six weeks (as described by Willner, Towell, Sampson, Sophokleus e

Muscat (1987). Two of them were also submitted to operant sessions of a FR-FR

concurrent schedule of reinforcement, with responses followed either by water or

water with sucrose prior and after the stress protocol. Results showed that all four

subjects diminished their overall liquid consumption while the stress protocol was in

effect. Results also showed the two subjects preferred water with sucrose on the FR-

FR condition (with higher rates of responses on the lever associated with water with

sucrose), and that these subjects recovered their overall consumption and their

preference for water with sucrose faster than the two subjects not submitted to the

operant condition.

Key words: Animal model, Experimental Model, Chronic Mild Stress, Depression, Reinforcing value,

concurrent schedules of reinforcement

Page 9: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

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Modelos animais de psicopatologias

O estudo de fenômenos psicológicos em situação controlada de laboratório permite

a investigação sistemática de variáveis relevantes para a compreensão do comportamento

humano.

As psicopatologias humanas, como Esquizofrenia, Transtornos de Ansiedade,

Transtorno Obsessivo-Compulsivo, Transtornos Alimentares e Depressão, entre outros,

constituem uma área de investigação da Psicologia e, dentre as diferentes maneiras de se

investigar, teorizar e discutir as psicopatologias na Psicologia, encontram-se propostas de

procedimentos de investigação no laboratório, com animais infra-humanos. Estas propostas

são denominadas, na literatura de modelos animais de psicopatologias ou modelos

experimentais de psicopatologiasAbramson e Seligman (1977) afirmam que os modelos

animais de psicopatologias são aqueles que tentam reproduzir, em situações controladas de

laboratório, fenômenos análogos às “desordens mentais” 1 que ocorrem com humanos, e

que o importante não é somente levar a psicopatologia para o laboratório, mas reproduzi-la

ali, para que as variáveis que a determinam possam ser especificadas e isoladas. Nesse

sentido, os autores salientam que o que se produz no laboratório não são as psicopatologias

conforme ocorrem com humanos, mas fenômenos que são análogos a essas.

Os autores afirmam também que há duas características que os modelos

experimentais deveriam possuir: a) especificidade, devendo-se verificar se o fenômeno que

está sendo produzido no laboratório é similar a características que correspondem a diversas

psicopatologias; e b) semelhança entre o modelo experimental e a patologia humana a que

o modelo supostamente se refere, em termos de “causas”, “sintomas”, “prevenção” e

1 Tradução literal dos autores

Page 10: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

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“cura” 2. Abramson e Seligman (1977) defendem que ambas as características –

especificidade e semelhança - devam ser medidas para se avaliar uma modificação

comportamental quando essa é feita sobre um padrão estabelecido em laboratório.

Abramson e Seligman (1977) consideram que o controle da história de vida e da

hereditariedade, a possibilidade de isolamento de variáveis por introdução sistemática de

eventos na vida do sujeito, a monitoração contínua de seus comportamentos e a verificação

de possíveis mudanças fisiológicas conseqüentes à manipulação de eventos caracterizam-

se como vantagens do uso de animais em situações controladas de laboratório, no estudo

de psicopatologias.

Por outro lado, os autores afirmam que duas desvantagens têm sido apontadas como

relevantes no uso de animais no estudo de psicopatologias: a) a dificuldade de demonstrar

que um fenômeno produzido no laboratório, em uma espécie, é similar àquele que ocorre

sem manipulação direta em outra; e b) o fato de que alguns comportamentos humanos não

têm "correspondentes" em animais.

Os autores apresentam estas vantagens e desvantagens para o uso de animais no

estudo de psicopatologias e concluem que o modelo animal3 de laboratório de

psicopatologias caracteriza-se como uma maneira de se verificar se variáveis produzidas

no laboratório podem reproduzir um fenômeno que ocorre com humanos fora desse

ambiente controlado. Quanto às possíveis desvantagens, Abramsom e Seligman (1977)

afirmam que os fenômenos reproduzidos em animais, no laboratório, são, de fato,

semelhantes a fenômenos que acabam por ser considerados psicopatologias em humanos e,

portanto, que não cabe criticar os modelos com base neste critério.

Keehn (1979) parece concordar com Abramsom e Seligman (1977), ao afirmar que

a suposição de que há semelhança entre os fenômenos produzidos em animais no

2 Termos utilizados pelos autores, que parecem estar adotando os usos que têm sido feitos na literaturamédica tradicional.

Page 11: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

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laboratório e as psicopatologias humanas é essencial para que se possa afirmar que o que

se demonstra no laboratório pode ser proposto como um modelo animal de psicopatologia.

O autor aponta ainda que os estudos de psicopatologias com animais no laboratório e com

humanos são complementares, uma vez que os estudos em laboratório com animais podem

investigar a etiologia, enquanto que os estudos de psicopatologias em humanos acabam por

lidar com os fenômenos possivelmente resultantes das variáveis que costumam ser

manipuladas no laboratório.

Willner, Muscat e Papp (1992) também defendem o estudo de psicopatologias por

modelos animais e apontam alguns critérios utilizados para se discutir a validade de

modelos de psicopatologias: a) a acuracidade das previsões que podem ser feitas a partir do

modelo e b) a semelhança entre o fenômeno produzido na situação controlada e a

psicopatologia conforme encontrada em humanos.

Além de discussões acerca das características necessárias e da importância de

modelos animais de psicopatologias, são encontrados na literatura relatos de investigações

com animais a respeito de variáveis que, quando manipuladas, produzem como efeito

padrões que simulam psicopatologias específicas e que, resumidamente, investigam se e

como determinadas variáveis ambientais interferem no comportamento do sujeito.

Modelos Animais de Depressão

Como o presente trabalho refere-se a um modelo experimental de depressão, serão

brevemente apresentados a seguir alguns modelos animais já propostos como descritores

desta psicopatologia, ainda que, de maneira nenhuma, pretenda-se esgotar a apresentação

dos modelos existentes.

Um modelo encontrado na literatura é o do Isolamento Social (também chamado de

3 Utiliza-se, no presente estudo, os termos "modelo animal" e "modelo experimental" como sinônimos.

Page 12: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

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Modelo de Separação por Mckinney e Bunney, 1969 e Willner, 1984), no qual se isola o

sujeito (usualmente macaco, cachorro ou rato) da mãe nas primeiras semanas de vida,

colocando-o em uma gaiola individual onde ele fica privado de contato visual e físico com

outros membros da espécie. Quando o sujeito é removido do isolamento verifica-se um

déficit em vários comportamentos como, por exemplo, comportamentos de interação

social, consumo de alimento e atividade destes sujeitos, que ocorrem em baixa freqüência

em comparação com o padrão comportamental de sujeitos de um grupo controle.

Este modelo tem sido utilizado para estudar os “primeiros” efeitos ambientais sobre

diversos comportamentos (como interação social) e tem sido considerado relevante como

um modelo de depressão (Einon, Morgan e Sahakian, 1975 – que utilizaram ratos como

sujeitos) e de esquizofrenia (Kornetsky e Markowitz, 1978 – que utilizaram macacos como

sujeitos).

Um outro modelo animal de depressão é o do “Desespero Comportamental”

(Porsolt, 1981). Nesse, ratos são forçados a nadar em um espaço confinado e após

emitirem várias tentativas de fuga do espaço com água (através da resposta de abaixar uma

escada para sair do espaço com água) sem sucesso, isto é, sem possibilidade de escapar da

situação a que estavam submetidos, passam a não mais emitir a resposta de fuga, adotando

uma “postura imóvel”4. Se submetidos novamente à mesma situação, então com a

possibilidade de emitirem a resposta de abaixar a escada e essa produzir a saída do espaço,

não o fazem. Ou seja, na situação em que a resposta de abaixar uma escada para sair do

espaço em que há água teria como conseqüência sair da água, os sujeitos não emitem a

resposta. Em resumo, quando os sujeitos são posteriormente submetidos a uma situação na

qual não houve possibilidade de fuga não o fazem, permanecem nadando e acabam por

adotar a "postura imóvel".

4 O termo “postura imóvel” é utilizado pelo autor e parece referir-se ao fato de o sujeito não mais apresentarresposta de fuga, e a não parar de nadar. Na verdade, isto não fica claro na descrição do autor.

Page 13: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

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Percebe-se que no modelo do Desespero Comportamental encontra-se uma história

de contingências nas quais o responder do sujeito não alterava a possibilidade de certos

eventos subsequentes, ou de impossibilidade de controle (segundo a linguagem de

Seligman, 1975), característica também presente no procedimento utilizado no modelo do

Desamparo Aprendido (Seligman, 1975). Seligman afirma que a exposição de sujeitos a

estímulos aversivos incontroláveis produz déficits na aprendizagem da correlação resposta

– conseqüência; déficits motivacionais, que dizem respeito à dificuldade em iniciar

respostas voluntárias; déficits emocionais, como redução da agressividade; além de

alterações fisiológicas. O autor afirma, ainda, que estes déficits não são observados em

sujeitos expostos aos mesmos estímulos aversivos com controle5 sobre esses.

Em um planejamento experimental padrão de (Overmier e Seligman, 1967), foram

usados três grupos de sujeitos (cachorros). Na primeira parte do experimento, o primeiro

grupo (grupo de fuga) foi treinado, no arreio, a desligar o choque (estímulo aversivo)

pressionando um painel com o focinho. O segundo grupo (grupo emparelhado) recebeu

choques idênticos (em número, duração e padrão) aos administrados ao primeiro grupo. A

diferença entre os dois grupos estava no fato de que a resposta de pressionar o painel não

afetava a programação dos choques para o grupo emparelhado. O terceiro grupo (grupo

controle) não recebeu choques no arreio.

Na segunda parte do experimento, vinte e quatro horas após a exposição à condição

no arreio, os três grupos foram submetidos a treinamento de fuga-esquiva em uma gaiola

de alternação, que era uma câmara dividida em dois compartimentos na qual o sujeito, ao

pular uma barreira de um compartimento para o outro, desligava o choque (resposta de

fuga) ou evitava o choque (resposta de esquiva).

5 Seligman (1975) considera que um evento é incontrolável quando a probabilidade de uma consequência é amesma quer uma determinada resposta ocorra ou não, isto é, a consequência é independente desta resposta.

Page 14: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

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Segundo os autores (Overmier e Seligman, 1967), tanto os sujeitos do grupo de

fuga como os do grupo controle aprenderam rapidamente a saltar a barreira enquanto que

os sujeitos do grupo emparelhado praticamente não emitiram esta resposta ou a emitiram

com latências muito elevadas. Esta falha na aprendizagem6 de respostas de fuga ou

esquiva, em consequência da exposição prévia aos choques incontroláveis, foi chamada,

pelos autores, de Efeito de Interferência e, posteriormente, de Desamparo Aprendido

(Seligman, 1975, Maier e Seligman, 1976).

Aparentemente, os efeitos da submissão aos choques “incontroláveis” são

diferentes em cachorros (sujeitos de Seligman) e ratos. Seligman (1975) salienta os efeitos

observados em cachorros. Após a submissão aos choques incontroláveis, estes sujeitos não

adquiriram prontamente uma resposta de fuga. Ademais, após poucos choques, na fase de

teste, não apresentam as reações inicialmente eliciadas pelo choque (como gritar, pular

etc.), ficando passivamente sentados enquanto recebiam os choques, além do que a

ocorrência de uma resposta de fuga/esquiva reforçada não aumentou a probabilidade de

ocorrência de outras, como tipicamente ocorre com animais ingênuos.

Com ratos, as reações inicialmente eliciadas pelo choque em cachorros (como gritar

e pular) não foram encontradas, assim como não ocorreu a ausência de aprendizagem da

resposta de fuga. Observou-se apenas uma aprendizagem mais lenta que a verificada nos

sujeitos ingênuos, que foi igualmente denominada de efeito de interferência (Meier e

Seligman, 1976). Este efeito passou a ser descrito como falha ou demora em aprender uma

resposta instrumental de fuga. Entretanto, o sentido de aprendizagem mais lenta de uma

resposta parece predominar na literatura (Maier, Albin e Testa, 1973; Backer, 1976;

Jackson, Alexander e Maier, 1980; Crowell e Anderson, 1981).

Além das diferenças entre espécies, Hunziker (1981) afirma que alguns parâmetros

6 Aparentemente, Overmier e Seligman (1967) referem-se à aprendizagem da relação de dependência entreresposta e consequência.

Page 15: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

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das variáveis utilizadas nos estudos sobre efeito de interferência ou desamparo aprendido

foram identificados como relevantes para a verificação do efeito de aprendizagem lenta,

como a natureza dos estímulos apresentados e a natureza da resposta.

Quanto à natureza dos estímulos, diferentes parâmetros dos choques, como

intensidade, frequência, duração, densidade e localização no corpo podem alterar o efeito

de interferência observado posteriormente. Em relação à natureza da resposta, a autora

afirma que foi verificado que nem todas as respostas são igualmente sensíveis à

"incontrolabilidade". Nos primeiros trabalhos realizados com ratos não se observou o

efeito de interferência utilizando a resposta de correr de um lado para o outro em uma

caixa de dois compartimentos. Diferentemente dos cães, os ratos apresentavam esta

resposta com uma frequência baixa desde as primeiras tentativas (Maier, Albin e Testa,

1973). Os autores supuseram que a resposta de correr poderia ser, pelo menos em um

primeiro momento, uma resposta reflexa ao choque, o que dificultava a avaliação do

processo de aprendizagem desta resposta e, consequentemente, o efeito de interferência.

Ao aumentarem a exigência da resposta (o sujeito deveria ir e voltar na caixa para desligar

o choque), verificaram altas latências iniciais e o efeito de interferência.

Seligman e Beagley, (1975) também observaram problema semelhante com a

resposta de pressão à barra e propuseram, da mesma maneira, um aumento no número de

respostas. Para se desligar o choque foram, então, exigidas três respostas de pressão à

barra, tendo-se observado, nesta situação, o efeito de interferência.

Por outro lado, Hunziker (1981) afirma que não se observou o efeito de

interferência quando se utilizou a resposta de focinhar, apesar dela ocorrer com alta

latência em um primeiro momento e sofrer decréscimo gradual após exposição à

contingência posterior (na qual se testa o efeito de interferência) (Hunziker, 1977 e

Samuels, DeCola e Rosellini 1981).

Page 16: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

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Hunziker (1981) afirma que não se pode afirmar que a resposta de focinhar ocorre

inicialmente de forma reflexa, como foi feito em relação à resposta de correr (Maier e

cols., 1973), analisando-se as baixas latências observadas desde as primeiras tentativas

(após a submissão aos choques ‘incontroláveis’). Hunziker (1981) sugere que a diferença

de desempenho tem outra fonte: no grau de atividade exigida pela resposta. A resposta de

focinhar difere das de correr ou de pressionar a barra em relação ao grau de atividade

motora envolvida na sua emissão (esta resposta requereria menos atividade do organismo).

Nesse sentido, sugere que o grau de atividade requerido pela resposta de teste poderia ser

uma variável relevante para ocorrência do efeito de interferência (Hunziker, 1981, p. 12)

Ainda segundo Hunziker (1981), é importante considerar que: (a) o efeito de

interferência (ou Desamparo Aprendido) – aprendizagem, por parte dos sujeitos

submetidos a uma situação na qual as conseqüências ambientais independiam de suas

respostas, de que os eventos ambientais independem da resposta - é inferido das mudanças

comportamentais observadas nos sujeitos nos testes arranjados experimentalmente, e (b) o

que tem definido um arranjo experimental de incontrolabilidade é a programação de

consequências ambientais independentes às respostas dos sujeitos.

Parece, na teoria do Desamparo Aprendido, que a interpretação dos resultados

observados nos testes realizados após a submissão dos sujeitos a contingências nas quais os

eventos ambientais independem das suas respostas repousa na suposição de que os sujeitos

submetidos a um arranjo experimental de incontrolabilidade não aprendem, em

contingências posteriores, a dependência entre uma resposta e a consequência, mesmo

quando ela existe.

Modelos Animais de Anedonia

Page 17: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

17

Há, por fim, um conjunto de modelos experimentais de depressão que enfatizam a

anedonia, como Retirada de Estímulos Psicomotores Crônicos, Choque Incontrolável e

Chronic Mild Stress. O termo "anedonia" refere-se à insensibilidade à recompensa,

conforme afirmam Willner, Towell, Sampson, Sophokleous e Muscat (1987) e é um

aspecto relevante a ser reproduzido em um modelo de depressão, segundo estes autores,

por dois motivos: (a) a perda de interesse e de prazer (anedonia) e o humor deprimido

seriam os dois sintomas centrais na definição de depressão, e a anedonia, diferentemente

do humor deprimido, pode ser produzida em animais; e (b) a anedonia seria o sintoma que

define melancolia, um subtipo de depressão maior, ainda segundo Willner e cols. (1987).7

Como o presente estudo trata de um modelo de anedonia, a seguir haverá uma

tentativa de detalhar mais os modelos de depressão que enfatizam este aspecto.

Willner, Sampson, Papp, Phillips e Muscat (1990) afirmam que há três propostas de

procedimentos que avaliam o declínio na sensibilidade à recompensa (anedonia). Todos

utilizam a exposição a estressores8 de vários tipos e uma medida da sensibilidade à

recompensa antes e após esta exposição. São estas propostas: I) Retirada de Estimulantes

Psicomotores Crônicos; II) Choque Incontrolável; e III) Chronic Mild Stress.

O modelo de Retirada de Estimulantes Psicomotores Crônicos (Olds e Milner,

1954) foi o modelo proposto para se estudar o paradigma da auto-estimulação intracraniana

(Intra Cranial Self Stimulation – ICSS). O paradigma da ICSS baseia-se na implantação de

eletrodos no cérebro do animal que provêm uma estimulação elétrica no cérebro que é

usada como recompensa a um comportamento. Segundo Hoebel (1976):

7 A literatura médica (DSM-IV) define o episódio depressivo a partir de dois sintomas centrais: humordeprimido e diminuição ou perda de interesse/ prazer; e de “outros sintomas”: perda de peso, insônia,agitação ou retardo psicomotor, fadiga ou falta de energia, sentimentos de inutilidade, culpa excessiva ouinapropriada, diminuição da concentração ou indecisão, pensamentos recorrentes de morte ou suicídio.A melancolia é considerada um subtipo de depressão, cujo sintoma central seria a perda do prazer ou a faltade reatividade a estímulos prazerosos, e os outros sintomas seriam: humor deprimido, depressão mais fortepela manhã, fraqueza matutina, agitação ou retardo psicomotor, anorexia ou perda de peso, culpa excessivaou inapropriada.8 O termo “estressor” parece referir-se a qualquer evento ambiental que se supõe aversivo para o sujeito.

Page 18: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

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“... tais eletrodos estimulam diretamente os substratos neurológicos que são ativados

indiretamente por recompensas naturais. Este paradigma é um dos mais usados para a

investigação de “processos de recompensa”. (p. 68).

Em um estudo típico do modelo de Retirada de Estimulantes Psicomotores

Crônicos (Leith e Barret, 1976), encontra-se um decréscimo na resposta que produziria a

estimulação no cérebro após os sujeitos terem sido submetidos à retirada de tratamento

crônico com anfetamina. Neste estudo, a anfetamina (que é considerada um estimulante

psicomotor) foi administrada a ratos por 4 a 10 dias, muitas vezes ao dia e em doses

crescentes. Concomitantemente, os sujeitos foram expostos a uma contingência na qual

respostas de pressão à barra produziam estimulação intracraniana. Quando houve uma

pausa na administração de anfetamina, notou-se um decréscimo na taxa das respostas de

pressão à barra que produziam o estímulo reforçador (estimulação intracraniana). Os

autores afirmam que: (a) esta redução na taxa de respostas refletiria um decréscimo na

sensibilidade do sujeito à recompensa por estimulação cerebral e não um decréscimo na

atividade motora; e (b) a sensibilidade à estimulação intracraniana teria sofrido um

decréscimo devido à interrupção na administração da droga (e que a intervenção seria um

evento aversivo).

No modelo do Choque Incontrolável, proposto por Zacharko, Bowers, Kokkinidis e

Anisman (1983), também se utiliza estimulação intracraniana como estímulo reforçador.

Ratos são submetidos a uma contingência na qual repostas de pressão à barra produzem

este estímulo reforçador. No grupo de sujeitos também submetidos a choques (eventos

aversivos) incontroláveis (independentes de suas respostas), observou-se um decréscimo na

taxa de pressão à barra. O mesmo não se observou nos sujeitos submetidos a choques

controláveis.

Page 19: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

19

Os resultados apresentados por Zacharko e cols. (1983) parecem semelhantes aos

encontrados nos experimentos sobre Desamparo Aprendido, descritos anteriormente, mas,

no caso do modelo do Choque Incontrolável, os autores (1983) afirmam que o decréscimo

na taxa de respostas deve-se à diminuição da sensibilidade à estimulação intracraniana

decorrente da exposição aos choques incontroláveis.

Uma vez que estes modelos manipulam a apresentação de eventos aversivos

inescapáveis como variável que produziria decréscimo em atividades que produziriam uma

consequência recompensadora, nota-se uma semelhança entre os modelos Retirada de

Estimulantes Psicomotores Crônicos, Choque Incontrolável e Desamparo Aprendido. Uma

das diferenças entre os dois primeiros e o modelo do Desamparo Aprendido parece residir

nas explicações dadas pelos autores a respeito do porquê haveria uma mudança no

comportamento dos sujeitos após a exposição a eventos aversivos incontroláveis. Além

disso, parece haver uma diferença nos efeitos comportamentais que cada um dos grupos de

autores enfatiza.

Enquanto no modelo do Desamparo Aprendido sugere-se que há, por parte do

sujeito, um déficit de aprendizagem da correlação resposta – conseqüência, os autores que

propõem os modelos que explicam as mudanças devido a anedonia parecem sugerir que os

eventos ambientais afetam o organismo no sentido de que um estímulo que anteriormente

era recompensador deixaria de sê-lo. A mudança observada no padrão de respostas

operantes é similar: um decréscimo na taxa de respostas que produziria um estímulo

recompensador, no caso da anedonia, ou fuga do reforçador negativo, no caso do

desamparo aprendido.

Já no terceiro modelo que toma a anedonia como modelo de explicação do efeito de

diminuição na taxa de respostas que produziria um estímulo recompensador, o modelo do

Page 20: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

20

Chronic Mild Stress (CMS) (Willner, Towell, Sampson, Sophokleous e Muscat,1987), os

sujeitos (ratos), após passarem por um conjunto de estressores suaves9, apresentam

diminuição no consumo de líquido e na preferência pela água com sacarose. Os autores

consideram que este é um modelo de anedonia, afirmando que a submissão ao conjunto de

estressores modifica o organismo e, consequentemente, a propriedade recompensadora da

água com sacarose. Isto é, o sujeito passaria a não mais se comportar da mesma maneira,

depois de passar pelos estressores, para obter água com sacarose, a qual parecia ser

recompensadora, porque a água não mais seria recompensadora.

Parece importante acrescentar, entretanto, que neste modelo emprega-se um

procedimento em que há também uma contingência de independência entre respostas do

sujeito e consequência, pois os estressores são apresentados independentemente das

respostas dos sujeitos, apesar dos autores não enfatizarem esta variável.

Com relação ao modelo do Desamparo Aprendido, Willner (1984), em artigo que

discute a validade de modelos de depressão, faz uma avaliação do modelo do desamparo

aprendido, desenvolvido por Seligman (1975), talvez por ser esse um modelo altamente

difundido e considerado como um modelo animal da depressão significativo. Neste

modelo, como já assinalado, propõe-se que a exposição a eventos aversivos incontroláveis

provê a base, em animais e em pessoas, para o déficit na aprendizagem de que há uma

correspondência entre o comportamento e suas conseqüências e que é o déficit nesta

aprendizagem que diminui (suprime) o responder (característica da depressão). Além disso,

supõe-se que esta aprendizagem vem acompanhada de outros efeitos como redução da

agressividade, perda de apetite, além de várias alterações fisiológicas. Afirma-se, então,

9 Os autores parecem chamar de "estressores" os eventos aversivos apresentados aos sujeitos. Os autoresparecem chamar estes estressores de "suaves" porque a apresentação deles, isoladamente, parece não ter oefeito de diminuir o consumo de líquido e a preferência por água com sacarose, diferentemente do que ocorrequando são apresentados conjuntamente.

Page 21: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

21

que todos estes efeitos são também encontrados em pessoas deprimidas, o que faz com que

se considere o modelo do desamparo aprendido um bom modelo animal de depressão.

A especificidade do modelo do Desamparo Aprendido como sendo um modelo de

depressão é questionada por Willner (1984), no sentido de que a exposição a choques

independentes da resposta produziria muitos outros efeitos, tais como comportamento

supersticioso, dificuldade de aprendizagem e anedonia, que não apareceriam

necessariamente em todos os sujeitos o que prejudicaria a "generalidade" do modelo do

Desamparo Aprendido. Ademais, segundo o autor, alguns dos efeitos produzidos (como

redução da agressividade e várias alterações fisiológicas) podem ser encontrados em

diversas psicopatologias, incluindo esquizofrenia, paranóia e psicopatia, de modo que,

mais uma vez, a "especificidade" do modelo também estaria prejudicada.

“ A validade do modelo de depressão do desamparo aprendido repousa em

três suposições: que animais expostos a eventos aversivos incontroláveis ficam

desamparados; que um estado semelhante é induzido em pessoas pela

incontrolabilidade; e que desamparo em pessoas é o sintoma central da

depressão. Cada uma destas suposições têm sido fonte de controvérsias, que

podem ser sumarizadas da seguinte maneira: as interpretações de “desamparo”

dos experimentos com animais não foram conclusivamente estabelecidas, a

interpretação de “desamparo” dos experimentos com humanos é ainda menos

certa, e a relação entre desamparo e depressão permanece evasiva.” (Wilnner,

1984, p. 6).

Willner, Sampson, Papp, Phillips e Muscat (1990) afirmam que a grande maioria

dos estudos no campo do Desamparo Aprendido investigou o efeito de eventos aversivos

incontroláveis no “comportamento de aprender”10, isto é, na possibilidade do sujeito passar

10 Termo utilizado pelo autor, discutido anteriormente.

Page 22: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

22

a se comportar para que o choque fosse evitado ou para que uma recompensa11 (comida ou

água) passasse a ser produzida por sua resposta. Exemplos deste último "efeito" são

relatados nos estudos de Rosellini (1978) e Rosellini e De Cola (1981) que verificaram que

o choque elétrico incontrolável diminui a aquisição de respostas que produziriam comida

em animais privados de alimento. Estas descobertas foram interpretadas, segundo Willner

e cols.(1990), pelos autores que realizaram os experimentos, a partir do paradigma do

desamparo aprendido, como evidências da dificuldade em aprender que respostas

produzem conseqüências, depois de uma experiência de "incontrolabilidade".

Willner, Sampson, Papp, Phillips e Muscat (1990) consideram, assim, que o modelo

do Desamparo Aprendido trataria da "questão da aprendizagem” e afirmam que este não é

um modelo que aborda a questão da “sensibilidade à recompensa”. Seria esta ênfase na

aprendizagem que seria o problema central do modelo do Desamparo Aprendido, uma vez

que a anedonia, uma característica relevante a ser considerada na investigação da

depressão, é desconsiderada. Para estes autores, esta é uma questão relevante porque o

sujeito que passou por uma situação na qual havia apresentação de estímulos aversivos

incontroláveis pode "vir a aprender que uma conseqüência pode depender da sua resposta"

e, ainda assim, não emitir respostas que a produzem. Os autores hipotetizam que o que vem

sendo chamado de “dificuldade de aprendizagem” no modelo do Desamparo Aprendido

poderia ser explicado com base na suposição de que a conseqüência pode não ser mais

suficientemente “recompensadora”, a ponto de o sujeito comportar-se para produzi-la.

Willner e cols. (1990), então, supõem que os modelos de depressão existentes não

dão conta de lidar com a “sensibilidade à recompensa”, que para eles é ponto fundamental

em uma simulação de depressão com animais em laboratório, e propõem o modelo do

11 Vale notar que os autores usam o termo recompensa e não reforço. Uma vez que esses não são sinônimos,esta diferença será discutida mais pormenorizadamente posteriormente.

Page 23: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

23

Chronic Mild Stress (CMS) como o melhor modelo experimental da depressão.

Modelo do Chronic Mild Stress (CMS)

O presente trabalho refere-se ao modelo de Chronic Mild Stress e por isto o modelo

será descrito em maiores detalhes aqui.

O modelo do Chronic Mild Stress (CMS) baseou-se originalmente em um

experimento de Katz, Roth e Carroll (1981), no qual ratos eram submetidos a uma

variedade de "estressores" não sinalizados, que incluíam um conjunto de eventos aversivos

como: choques elétricos, imersão em água gelada e pinçamento do animal pelo rabo. Após

uma semana de submissão a tais estímulos aversivos, notou-se que foram produzidas

mudanças no comportamento dos sujeitos, medidas a partir de atividades de campo aberto.

Além disso, em um outro experimento realizado também por Katz (1982),

percebeu-se uma mudança no consumo de água com sacarose destes animais, ou seja,

notou-se um decréscimo no consumo desta solução após a submissão aos estressores.

Assim, este último experimento parecia permitir uma maneira de se medir anedonia, a

partir da observação de mudanças no consumo de líquido pelos sujeitos. Esta foi uma

descoberta importante, segundo Wilnner, Towell, Sampson, Sophokleous e Muscat (1987),

por apresentar uma nova medida de sensibilidade à recompensa: a quantidade de água e

água com açúcar ingeridas.

Os autores (1987) afirmam que, teoricamente, a sacarina ou sacarose adicionadas à

água aumentariam a probabilidade de se consumi-la, ou seja, aumentariam o seu valor de

recompensa. O experimento de Katz (1982) reproduzia, aparentemente, anedonia, pois os

sujeitos que antes consumiam dada quantidade de água com sacarose, não mais o faziam

na mesma quantidade após a submissão a eventos aversivos. Tal resultado fez com que os

Page 24: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

24

autores hipotetizassem que os sujeitos tornaram-se “insensíveis” a esta “recompensa”, a

água doce.

A partir das descobertas de Katz (1982), Willner, Towell, Sampson, Sophokleous e

Muscat (1987) relataram em uma mesma publicação quatro experimentos, com o objetivo

de reproduzir a anedonia e de avaliar as suas condições produtoras. Os autores tinham

como objetivo, ainda, estender os resultados de Katz (1982). Para isso, propuseram cinco

alterações no experimento de Katz (1982): (1) na severidade dos estressores, que foi

reduzida para que uma analogia mais real com a vida diária pudesse ser obtida; (2) na

medida, com o uso de duas garrafas de testes para aumentar a sensibilidade da medida de

preferência; (3) na freqüência das medidas, que passariam a ocorrer semanalmente durante

a exposição ao regime de estresse, para estabelecer o curso temporal do efeito; (4) na

inclusão de um teste com antidepressivos, para se verificar a possibilidade de reversão do

déficit de preferência produzido; (5) na introdução de uma avaliação da interferência de

outros fenômenos que não os “estressores”, como os níveis de glicose no sangue.

O primeiro experimento examinou os efeitos da exposição aos estressores no

consumo e preferência por sacarina. O segundo, usando um número maior de estressores,

examinou a preferência por água com sacarose e água salina e os efeitos do antidepressivo

tricíclico desmetilemipramina (DMI). Neste segundo experimento, ainda, a sacarina foi

substituída pela sacarose para se verificar se os efeitos produzidos pela submissão aos

estressores se mantinham, uma vez que a sacarina é uma substância não calórica e a

sacarose é calórica. O terceiro experimento replicou a exposição aos estressores e verificou

os efeitos do DMI na preferência por sacarose, além de examinar as possíveis influências

dos níveis de corticosterona e de glicose no sangue. O quarto e último experimento

examinou o efeito do DMI sobre a exposição a uma solução de água com sacarose menos

Page 25: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

25

concentrada. Estes experimentos são descritos mais pormenorizadamente posteriormente e

o protocolo12 que apresenta como se deu a exposição aos estressores encontra-se no

Quadro 1.

Os sujeitos utilizados em todos os experimentos foram ratos machos (Lister),

pesando entre 310 e 350g. Todos ficavam em gaiolas que mediam 26 x 19 x 38 cm,

sozinhos, mantidos em um ciclo claro-escuro de 12h e com comida e água livres.

Em todos os experimentos, o teste de consumo de líquido era feito na gaiola viveiro

do animal, entre 14 e 15 hs, uma vez por semana. O teste de consumo de líquido consistia

no quanto de líquido o animal havia consumido. Isto era medido pelo peso das garrafas de

teste que eram pesadas antes e depois do período de teste. Setenta e duas horas antes do

início da medida da linha de base, expunha-se os animais por quarenta e oito horas às duas

garrafas com as soluções de teste (água com sacarose, água com sacarina ou água com

cloreto de sódio, a depender do experimento) e com água pura. As garrafas eram

contrabalançadas entre os lados direito e esquerdo do compartimento de comida. Esse

procedimento foi adotado para os testes tanto durante a fase de linha de base quanto

durante a submissão ao “regime de estresse” e após tal submissão. 13

A partir da quantidade de líquido consumida nos testes, os autores (1987) mediam

quantidade de água e de água com sacarose (total) nos testes. Para indicar a preferência por

água com sacarose, Willner e cols. (1987) tomaram por base a porcentagem de água com

sacarose consumida em relação ao total de líquido consumido, por teste.

No Experimento 1, após quatro horas de privação de água e comida, uma solução

de 0,1% de solução de sacarina era colocada à disposição de 24 ratos, por uma hora, uma

vez por semana. A linha de base foi tomada, conforme descrito anteriormente, no teste de

12 Todo o conjunto de estressores a que os sujeitos foram submetidos é chamado de “protocolo ou regime deestresse”.

13 Todos os resultados, dos quatro experimentos, são apresentados de maneira genérica. Não há uma

Page 26: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

26

consumo de líquido, que foi feito antes, durante e depois da submissão ao “regime de

estresse”. Após a linha de base do consumo da solução, os animais foram alocados em dois

grupos de doze sujeitos. Um grupo foi submetido ao seguinte conjunto de estressores,

durante cinco semanas: privação de comida; privação de água; iluminação contínua;

inclinação de 30°(da gaiola; permanência na gaiola com outro sujeito; gaiola suja (100 ml

de água derramada na gaiola); exposição à temperatura rebaixada (10o C). O outro grupo

não foi submetido ao “regime de estresse” e foi considerado grupo controle. Willner e cols.

(1992) salientam o fato de que mesmo os ratos considerados não estressados foram

submetidos a dois estressores: eles ficavam isolados em suas gaiolas e foram submetidos à

privação de água antes dos testes de consumo de água e água com sacarose.

Nas duas primeiras semanas de exposição aos estressores, mediu-se o consumo de

água com sacarina, com a apresentação ao sujeito de somente uma garrafa, uma vez com

água, outra com água com sacarina. Nas semanas 3, 4 e 5 foram realizados testes com duas

garrafas, uma contendo 0,1% de sacarina e outra água pura, colocadas à disposição dos

sujeitos simultaneamente. Conforme descrito anteriormente, estes testes foram realizados

uma vez por semana.

Nos testes realizados nas duas primeiras semanas de exposição ao conjunto de

estressores, com uma garrafa, constatou-se que o consumo de sacarina decresceu

consideravelmente no grupo submetido aos estressores quando comparado ao grupo

controle. Nos testes com duas garrafas, que ocorreram a partir da terceira semana de

exposição aos estressores, verificou-se que aumentou o consumo de água com sacarina no

decorrer do tempo no grupo controle, embora não houvesse mudança significativa no

grupo submetido ao estresse. Durante todos os testes (com uma e duas garrafas), os sujeitos

do grupo controle consumiram mais água com sacarina que água. No entanto, para os

apresentação de resultados por sujeito.

Page 27: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

27

sujeitos do grupo submetido ao regime de estresse não houve diferença significativa entre

o consumo de água e água com sacarina.

Os autores afirmam, como conclusão, que a preferência por água com sacarina

decresceu no grupo de animais estressados, no decorrer do tempo, mas permaneceu

inalterada no grupo controle. Segundo os autores, a preferência por sacarina diminuiu

significativamente em comparação ao grupo controle nas semanas 4 e 5.

No Experimento 2, realizado pelo mesmo grupo de pesquisadores do Experimento

1, dois grupos de 20 ratos foram privados de água e comida por vinte e três horas antes do

teste com duas garrafas, uma contendo água e a outra contendo ou 1% de solução de

sacarose ou 0,5% de solução de cloreto de sódio. O cálculo de consumo durante as linhas

de base foi realizado da mesma maneira que no experimento 1. Um dos grupos foi

subdividido em dois subgrupos de 10 sujeitos cada e um subgrupo recebeu água com 1%

de sacarose e outro recebeu água salina (antes, durante e após a submissão ao “regime de

estresse”). O outro grupo de 20 sujeitos foi tomado como grupo controle.

O subgrupo de sacarose e o subgrupo de cloreto de sódio foram submetidos a um

“regime de estresse” durante seis semanas e o teste de preferência de líquido, com duas

garrafas, foi realizado em intervalos semanais. O regime de estresse a que estes sujeitos

foram submetidos foi similar ao do experimento 1, com a adição dos seguintes estressores:

barulho intermitente (85 dB); luz estroboscópica (300 flashes por minuto); exposição a

uma garrafa de água vazia após um período de privação; acesso restrito a comida (poucas

pelotas de 45 mg de comida espalhadas pela gaiola); odores diferentes (por exemplo,

desodorantes purificadores de ar); presença de um objeto estranho na gaiola (por exemplo,

um pedaço de madeira ou plástico). Além disso, a intensidade de alguns estressores foi

gradualmente aumentada no decorrer das seis semanas de teste (por exemplo, a inclinação

Page 28: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

28

da gaiola aumentou de 30 (para 50 e a permanência com outro sujeito na gaiola aumentou

de dois para quatro sujeitos). Detalhes do programa de apresentação de tais estressores

neste experimento também são dados no Quadro 1.

Os resultados indicaram que, nos animais submetidos ao “regime de estresse”, o

consumo de água e de água com sacarose diminuiu no decorrer das três semanas de

exposição aos estressores. No grupo controle o consumo de água com sacarose aumentou e

o de água se manteve. Estas mudanças não se refletiram na análise de preferência até a

terceira semana, quando a preferência por sacarose nos ratos submetidos ao estresse foi

significativamente reduzida se comparada com o grupo controle. O efeito do DMI após

tratamento crônico de duas semanas foi o de aumentar o consumo de água com sacarose e

reinstalar a preferência por essa nos animais estressados. Ou seja, o antidepressivo pareceu

anular os efeitos do protocolo de estresse. O total de líquido ingerido pelos animais não

estressados não diferiu entre os grupos que consumiram água com sacarose e água salina.

Além disso, nem o grupo controle nem o de animais estressados mostrou mudança

significativa quanto ao consumo de solução salina nas três primeiras semanas de exposição

aos estressores. No entanto, os grupos de animais que consumiram solução salina

reduziram o consumo de água durante o mesmo período de três semanas. Como resultado,

houve uma tendência ao aumento pela preferência tanto no grupo controle quanto no grupo

de sujeitos estressados, mas não houveram diferenças significativas em relação à

preferência por solução salina entre os grupos controle e de animais estressados.

Assim, a solução de água com sacarose pareceu possibilitar uma medida de

consumo e preferência mais próxima àquela que se pretendia (de “sensibilidade à

recompensa”), o que não ocorreu com a solução salina.

No Experimento 3 (Willner, Towell, Sampson, Sophokleous e Muscat, 1987), 22

Page 29: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

29

ratos foram distribuídos em dois grupos. Um destes grupos foi submetido ao mesmo

regime de estresse usado no experimento 2 durante nove semanas. O outro grupo não

passou pelos estressores. Após três semanas, DMI foi administrado para 11 animais de

cada grupo (grupo experimental e grupo controle). Durante este período e por mais quatro

semanas após a retirada do regime de estresse e do DMI, a preferência por água com

sacarose foi medida em intervalos semanais, com exceção das semanas 8 e 10, quando

amostras de sangue foram retiradas, para que um teste do nível de glicose no sangue fosse

feito. Os resultados obtidos neste experimento são similares aos do experimento 2. Um

teste do nível de corticosterona no sangue também foi realizado na semana 8. Isto foi feito

porque uma possível explicação para a diminuição do consumo de sacarose pelos animais

estressados, segundo Willner e cols. (1987), poderia advir do argumento de que o estresse

aumentaria os níveis de glicose e de corticosterona no sangue. Entretanto, os autores

afirmam ter medido tais variáveis e que elas permaneceram inalteradas com este “regime

de estresse”. Duas semanas após a última submissão ao “regime de estresse”, a preferência

e o consumo de água com sacarose ainda se mantinham baixos. Mesmo após quatro

semanas, a preferência não voltou ao nível da linha de base, embora o consumo de água

com sacarose tivesse voltado. Além disso, notou-se que o DMI não interferiu no

comportamento dos animais não estressados, mas aumentou a preferência por água com

sacarose nos animais estressados, após quatro semanas.

No Experimento 4, dois grupos de doze ratos foram submetidos a testes de

consumo e preferência com uma solução mais fraca de água com sacarose (0,6%) após

passarem pelo “regime de estresse”. Neste mesmo experimento, administrou-se DMI a um

grupo por seis semanas e, durante este período, os testes com duas garrafas foram

realizados em intervalos de três dias.

Page 30: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

30

As alterações nas quantidades de consumo obtidas a partir dos testes com uma

solução mais fraca de água com sacarose foram substancialmente menos significativas que

aquelas obtidas com 1%, pois a diferença entre as quantidades de água e água com

sacarose ingeridas foi menor. Isto verificado, concluiu-se que esta solução mais fraca

produziu uma preferência menor que a produzida pela solução de 1% de sacarose usada

nos experimentos 2 e 3, nos testes com duas garrafas.

Os resultados destes estudos, segundo Willner e cols. (1987), parecem ampliar as

descobertas de Katz e cols. (1981), pois indicariam que a exposição a um “regime de

estresse suave” desenvolveu gradualmente anedonia nos animais no decorrer de algumas

semanas: uma redução na preferência por sacarose se manteve por um período de 2 a 4

semanas após a retirada de tal regime (experimento 3), o que indicaria que a mudança

comportamental não seria causada pela proximidade entre o teste e algum estressor.

Outra variável isolada pelos autores foi o uso de sacarina (não calórica) ou sacarose

(calórica), pois uma outra possibilidade de “explicação” do efeito comportamental seria a

de uma regulação calórica como efeito da ingestão de sacarose. Uma vez que ambas as

soluções produziram o mesmo efeito, parece que a redução no consumo de água com estas

soluções, após a submissão ao protocolo de estresse, não seria um efeito de uma regulação

calórica e sim um efeito anedônico específico da submissão ao regime de estresse. Nesse

sentido, para os autores, a não preferência por água com sacarose e/ou sacarina parece

poder ser explicada por uma redução em suas “propriedades recompensadoras”, redução

essa que parece se relacionar com a submissão a um regime de estresse crônico e suave e

não por mudanças sensoriais ou motoras. Portanto, os efeitos comportamentais observados

– anedonia, como foi chamado – seriam produto da exposição dos sujeitos ao chamado

“regime de estresse”.

Page 31: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

31

Para avaliar os efeitos isolados de cada um dos componentes – os estressores –

envolvidos no “regime de estresse”, Muscat e Willner (1992) realizaram um experimento

no qual media-se o consumo de água e água com sacarose antes, durante e depois da

submissão a cada estressor a fim de se verificar se eles sozinhos eram necessários ou

suficientes para causar anedonia. Constatou-se que o único estressor que reduziu o

consumo de água com sacarose isoladamente foi a colocação de outro sujeito na gaiola.

Entretanto, os efeitos duraram apenas uma semana e o sujeito voltou a consumir água e

água com sacarose nas mesmas quantidades que antes da exposição à nova situação

(parece ter havido uma habituação a esta nova situação de outro sujeito na gaiola).

Segundo os autores, nenhum dos estressores isoladamente pareceu ser necessário e

suficiente para manter um decréscimo no consumo de água com sacarose, sendo a

combinação de um conjunto de estressores (em termos de variedade) que pareceu ser o

elemento essencial para que o “regime de estresse” produzisse anedonia.

Partindo do suposto que o modelo do Chronic Mild Stress produz um decréscimo

no consumo de sacarose e na preferência por essa, e que este decréscimo é explicado por

uma mudança na "sensibilidade à recompensa, o presente trabalho pretendeu verificar se o

que é denominado “insensibilidade à recompensa” (ou anedonia), neste caso, poderia ser

descrito como diminuição do valor reforçador do reforço. Os experimentos citados

(Wilnner, e cols., 1987) não permitem afirmar que uma solução de água com sacarose seja

um reforçador ou que o consumo menor seja produto de uma redução no valor do reforço,

uma vez que este estímulo não é produzido como conseqüência de uma classe de respostas

(não é produzido sistematicamente por uma ação/ resposta do sujeito) que tenha sido

medida.

Page 32: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

32

Estímulo Reforçador e Recompensa

Skinner (1953/1989)14 define reforçamento de uma resposta como o processo pelo

qual uma conseqüência contingente a uma resposta do organismo aumenta a probabilidade

futura de ocorrência dessa última enquanto uma classe de respostas.

Skinner chama a atenção para o fato de que uma resposta que já ocorreu não pode

ser prevista ou controlada e que, portanto, as respostas que têm sua probabilidade

aumentada com o reforçamento são aquelas que são controladas pela mesma conseqüência.

Assim, na ciência do comportamento, muda-se não uma resposta, mas uma classe de

respostas, e Skinner (1953/1989) dá o nome de operante para o conjunto de respostas que

produzem uma mesma conseqüência, enfatizando o fato de que o comportamento opera

sobre o ambiente para gerar conseqüências e que, portanto, pode ser definido por um efeito

que pode ser especificado. (Skinner, 1953/ 1989, p. 73).

Estas conseqüências que aumentam a probabilidade de ocorrência do

comportamento são denominadas pelo autor (1953/1989) de estímulos reforçadores.

Catania (1998), conforme Skinner (1953/1989), define reforçador, como um

estímulo que segue uma resposta e aumenta a probabilidade da resposta que o produziu

ocorrer novamente. Em suma, o “reforçador” é um estímulo, enquanto que o

“reforçamento” é um processo ou uma operação. "Reforça-se respostas e não organismos, e

o que se produz com o reforçamento são duas mudanças no sujeito, que se referem à

probabilidade de ocorrência futura da resposta e a sensações". (Catania, 1998, p. 405).

Skinner (1953/1989) salienta que há outras palavras, como recompensa, que se

refeririam ao efeito da conseqüência do responder sobre o sujeito, mas que só através da

14 A Edição utilizada no presente trabalho foi a 7ª edição brasileira, traduzida do original, Science and HumanBehavior de 1953. Apesar de a referência no texto aparecer como 1953, as páginas referem-se à edição de

Page 33: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

33

análise experimental (ou seja, da manipulação das conseqüências e da medida de seus

efeitos sobre o responder) poder-se-ia dizer que uma conseqüência é reforçadora.

Catania (1998) também levanta tal questão e afirma que apesar de ser tentador

igualar recompensa e reforço, isso pode induzir a erro. Um reforçador não se define pela

sensação que causa no organismo e, portanto, não é sinônimo de recompensa. O reforçador

só será assim denominado após a observação do efeito de aumento de probabilidade no

comportamento do indivíduo. O termo recompensa não leva em consideração este efeito

fortalecedor.

Catania (1998), novamente ecoando Skinner (1953/1989), resume o processo do

reforçamento operante, afirmando que é somente depois de se observar uma mudança na

freqüência de determinada resposta que se pode dizer que tal processo ocorreu.

Frente à definição de reforçador, como estímulo que ao consequenciar uma resposta

aumenta a probabilidade futura de ocorrência de respostas da mesma classe, fica a questão:

o procedimento do Chronic Mild Stress altera o valor reforçador da água com sacarose?

Valor Reforçador do Estímulo

Estabelecida a função de estímulo reforçador, uma questão importante, dentre

outras, para que o analista do comportamento explique a variabilidade do responder é

enfocada em termos de motivação e de valor reforçador do estímulo.

Millenson (1967) afirma que um comportamento fortemente motivado é aquele que

é mantido por um reforçador poderoso. O autor (1967), ao discutir o valor reforçador de

estímulos, afirma que diferentes operações podem alterar o valor reforçador de um

estímulo e estas operações referem-se, por exemplo, a mudanças nas condições anteriores à

1989.

Page 34: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

34

apresentação do estímulo reforçador. No caso do estímulo reforçador água, por exemplo,

operações como privação, exercício forçado, mudança na temperatura e administração de

certas drogas podem modificar o valor do estímulo reforçador água.

Catania (1998), também discutindo o valor reforçador dos estímulos, afirma que as

consequências do comportamento têm sua efetividade modificada por operações que

mudam a probabilidade de ocorrência do comportamento. Estas operações são chamadas

operações estabelecedoras.

Usando a privação como exemplo de uma operação que modifica o valor reforçador

do estímulo água, Skinner (1953/1989) afirma que, sob circunstâncias normais, um

organismo bebe intermitentemente e mantém-se em um estado estável. Quando o

organismo é privado da oportunidade de beber água, o estímulo água terá seu valor

reforçador modificado e o beber terá maior probabilidade de ocorrência.

Por exemplo, se um organismo está mais propenso a beber água muito tempo

depois de tê-la bebido do que logo após bebê-la é a probabilidade do comportamento e não

a água que muda. Neste caso, diz-se que beber água é evocado pela operação

estabelecedora, privação de água. Mas é também ocasionado pela presença de água, porque

o beber só pode ocorrer na presença de água e pela história de condicionamento do sujeito.

Millenson (1967) afirma que não há uma só maneira de medir o valor reforçador

dos estímulos e que qualquer medida de força da resposta necessariamente é também uma

medida da força do estímulo reforçador ou, mais precisamente, do valor reforçador do

reforço, isto é, só é possível medir o valor reforçador de um estímulo a partir da medida

dos efeitos comportamentais dos estímulos quando eles são contingentes a respostas

operantes.

Segundo Millenson (1967), parece haver um conjunto de medidas comportamentais

que covariam com a privação do reforço (e consequentemente com a mudança no valor

Page 35: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

35

reforçador do estímulo). Quando se aumenta o valor reforçador do estímulo, por exemplo,

o sujeito trabalha mais depressa em um esquema de reforçamento em intervalo, chega a

responder em uma razão mais alta em um esquema de razão progressiva, supera mais

obstáculos, ou adquire mais rapidamente uma nova habilidade. (Millenson. 1967, p. 358).

“A covariação sistemática em um número de medidas comportamentais

independentes em relação a uma única operação (por exemplo, privação)

fornece uma base para a introdução de um conceito que irá resumir e

denominar essa covariação. O termo valor reforçador é justamente este

conceito.” (Millenson, 1967, p. 359).

O estudo das maneiras pelas quais se pode medir valor reforçador do estímulo

consiste em uma área de investigação na análise do comportamento.

Petry e Heyman (1995) afirmam que a economia comportamental é um método que

tem sido aplicado para análise da relação entre reforçadores. Adota-se neste procedimento

a “lei da demanda” que estipula que o consumo total diminui quanto o custo de resposta

aumenta, se todas as outras variáveis estiverem iguais. Poder-se-ia, então, aplicar a “lei da

demanda” em situação controlada de laboratório, uma vez que a exigência da resposta pode

ser análoga ao custo e o consumo pode ser objetivamente medido.

Em um dos experimentos descritos pelos autores (Petry e Heyman, 1995),

submeteu-se os sujeitos a uma situação em que o mesmo reforçador (solução de água com

10% de sacarose) ficava disponível próximo de duas barras, uma de cada lado da caixa

operante. Com valores idênticos de VR, os sujeitos responderam exclusivamente em uma

barra. Aumentando-se o valor do VR do lado em que havia preferência, o responder

mudava para a outra barra.

Notou-se que as taxas de respostas nas duas barras mudaram com as mudanças na

exigência da resposta. No entanto, em configurações com valores próximos (por exemplo,

Page 36: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

36

VR8 – VR10), os sujeitos alternavam entre as duas barras. Os autores sugerem que

mudanças nos requerimentos das respostas podem ter sido difíceis de serem detectadas

pelos sujeitos devido ao fato de estes estarem acostumados a responder em só lado.

Ademais, Petry e Heyman (1995) afirmam que este resultado sugere que a

preferência pelo lado deve ser uma variável a ser considerada quando da análise do valor

reforçador de um estímulo em um esquema concorrente, pois os sujeitos podem estar

respondendo em uma das barras devido ao controle exercido pelo lado e não pelo estímulo

reforçador.

Segundo Macenski e Meisch (1998), a taxa de respostas tem sido tradicionalmente

utilizada para avaliar a força e probabilidade de uma resposta e a efetividade de um

estímulo reforçador. No entanto, critica-se o uso da taxa absoluta de respostas como um

índice de efetividade do estímulo reforçador a partir da afirmação de que o estímulo

reforçador é apenas uma das variáveis que afetam a taxa de respostas. Por consequência, os

métodos de razão progressiva e as medidas de taxa relativa de respostas também são

utilizados para se obter dados relativos à efetividade de reforçadores, como possíveis

alternativas para o problema.

Os métodos de razão progressiva, segundo Macenski e Meisch (1998), referem-se

aos procedimentos nos quais o número de respostas exigidas para reforçamento aumenta

gradualmente na sessão ou no decorrer da sessão. Nesta situação, as medidas de taxa

relativa de respostas expressam o responder em relação a uma segunda medida para o

responder. De maneira geral, as variações no requerimento da resposta ou a magnitude de

reforçadores são, então, estudadas.

Macenski e Meisch (1998) afirmam que, em experimentos com drogas, nota-se que

nos estudos em que houve uma variação sistemática, no decorrer das sessões, da exigência

da resposta ou da magnitude do estímulo reforçador, as diminuições das taxas de respostas

Page 37: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

37

foram relativamente menores nos comportamentos mantidos por doses maiores de

droga.No experimento descrito pelos autores (1998), examinou-se um responder mantido

por cocaína com diferentes concentrações da droga em diferentes valores de VR e FR.

Investigou-se também as relações entre concentração de cocaína, taxa de respostas,

exigência da resposta, medidas de persistência e efeitos reforçadores. Foram comparados,

ainda, os dados obtidos com outras medidas de efeito reforçador. Macenski e Meisch

(1998) observaram que a cocaína parece ter tido uma função de estímulo reforçador para o

responder e que maiores concentrações da droga tiveram maior efeito reforçador.

Os autores (1998) afirmaram que apesar das diferenças nas condições

experimentais os resultados observados com base em uma linha de base estável são os

mesmos nos vários métodos de análise e provêm a mesma possibilidade de análise, de uma

maneira geral. Macenski e Meisch (1998) sugerem que: (a) apesar das diferenças

qualitativas entre drogas e outros estímulos reforçadores, como comida, os estímulos

reforçadores encontram-se na mesma relação funcional entre a magnitude do reforço e a

resposta sob esquema FR de reforçamento; (b) dentro de uma gama de valores, os efeitos

reforçadores são diretamente proporcionais à magnitude do reforço e (c) isso minimiza a

utilidade do uso de medidas de taxa relativa de respostas quando se pretende verificar os

efeitos de um estímulo reforçador. Parece, assim, que Macenski e Meisch (1998) propõem

que a taxa absoluta de respostas seria sim uma medida sensível do efeito de um estímulo

como reforçador.

Com base nesta afirmação, a taxa absoluta de respostas foi utilizada como medida

do valor reforçador de um estímulo no presente estudo.

Page 38: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

38

TRABALHO DESENVOLVIDO NO LABORATÓRIO DE PSICOLOGIA

EXPERIMENTAL DA PUC-SP

Willner e cols. (1987) afirmam que o Chronic Mild Stress (CMS) produziria uma

insensibilidade à recompensa e o fazem a partir dos seguintes dados: (a) a quantidade de

água e água com sacarose ingeridas pelos sujeitos decresce após seis semanas de

submissão ao conjunto de estressores, e (b) a tendência de ingerir mais água com sacarose

que água verificada antes da submissão aos estressores não é mais observada após

submissão a esses.

O objetivo do presente trabalho foi o de investigar o efeito da experiência da

submissão ao “regime de estresse”, proposto por Willner e cols. (1987), chamado de

Chronic Mild Stress (CMS), no desempenho dos sujeitos em um esquema concorrente de

FR. Isto permitiria avaliar se o que os autores chamam de “insensibilidade à recompensa”

poderia ser tomado como sinônimo de “diminuição do valor reforçador do estímulo”: a

submissão ao “regime de estresse” afetaria o valor reforçador do estímulo? Para responder

esta questão, mediu-se o desempenho dos sujeitos em uma contingência em que seu

responder produziu água ou água com sacarose, antes e depois da submissão ao conjunto

de estressores do CMS.

Supõe-se que o desempenho em um esquema concorrente FR – FR, de mesmo

valor, produz taxas de respostas diferentes nas duas barras a depender da qualidade do

estímulo reforçador, dado que a exigência da resposta é a mesma. Assim, a medida

utilizada para análise, no presente estudo, consistiu das taxas de respostas mantidas por

água e por uma solução de água com 8% de sacarose, em um esquema concorrente FR15 –

FR15.

Atentando-se para o fato de que poderia haver uma preferência por lado / posição

dos estímulos, como afirmaram Petry e Heyman (1995), a localização dos estímulos

Page 39: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

39

reforçadores foi contrabalançada nos dois lados da caixa, no decorrer das sessões.

Optou-se por avaliar o desempenho dos sujeitos em um esquema de reforçamento

concorrente FR – FR, com dois estímulos reforçadores, por se considerar que essa

contingência tinha uma similaridade em relação àquela utilizada por Willner e cols.(1987),

- água e água com açúcar estavam disponíveis ao mesmo tempo – e, também, porque uma

medida de valor reforçador de um estímulo em que água e água com sacarose não

estivessem disponíveis ao mesmo tempo, poderia influenciar o desempenho dos sujeitos

nos testes de consumo de líquido semanais, que são realizados com dois estímulos

reforçadores.

É ainda importante considerar que, diferentemente do experimento conduzido por

Willner e cols. (1987), no qual os sujeitos não saíam das gaiolas durante toda o período de

coleta, no presente estudo alguns dos sujeitos saíram das gaiolas viveiro para serem

submetidos às sessões experimentais na caixa de condicionamento operante, o que fez com

que eles fossem submetidos a algumas condições distintas daquelas dos sujeitos de

Willner e cols. (1987).

No entanto, isto não parece se caracterizar como um problema porque o objetivo

deste experimento não foi expor o sujeito ao menor número de estressores possível e sim

verificar o efeito do estresse no desempenho dos sujeitos em um outro ambiente que não a

gaiola e, principalmente, quando submetidos a uma outra contingência. Assim, além da

medida semanal de consumo e preferência na gaiola acrescentou-se, para alguns sujeitos,

uma medida de taxa de respostas obtida em outro setting.

Em suma, para avaliar o efeito do estresse sobre o comportamento dos sujeitos,

replicou-se, no presente trabalho, o “regime de estresse” proposto por Willner e cols.

(1987), com algumas mudanças, e se submeteu alguns dos sujeitos a um esquema

concorrente FR – FR, com dois estímulos reforçadores diferentes, para avaliar preferência

Page 40: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

40

por estímulos e verificar possíveis alterações no valor reforçador do estímulo antes e

depois da submissão ao “regime de estresse”.

Page 41: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

41

MÉTODO

Sujeitos

Foram utilizados neste trabalho 12 ratos machos, experimentalmente ingênuos,

provenientes do Laboratório de Psicologia Experimental da Pontifícia Universidade

Católica de São Paulo (PUC-SP), que tiveram suas condições de peso, alimentação e local

de permanência controlados desde o desmame.

Os sujeitos foram pesados diariamente, em uma balança digital marca FILIZOLA,

de capacidade máxima de 2kg e sensibilidade de 0,5g, sempre no mesmo horário. Iniciou-

se o presente estudo quando os sujeitos atingiram três meses de vida.

Durante todo o estudo, os sujeitos foram privados de água a fim de manter o peso a

85% do peso ad lib.

Dos doze sujeitos, quatro serviram como sujeitos experimentais, quatro foram

utilizados somente para agrupamento15, dois serviram como sujeitos reserva, um como

controle de peso na sala isolada e um como controle de peso no biotério do Laboratório de

Psicologia Experimental da PUC – SP. Além dos quatro sujeitos experimentais, somente os

sujeitos reserva foram privados de água a fim de manter o peso a 85% do peso ad lib. Os

outros seis sujeitos permaneceram com água e comida livres.

Equipamento

GAIOLAS VIVEIRO

Com três meses de vida, os sujeitos foram alojados em gaiolas individuais de

alumínio, medindo 20 cm por 30 cm, especialmente construídas para facilitar o cuidado –

15 O agrupamento será explicado pormenorizadamente na descrição dos “estressores” utilizados.

Page 42: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

42

limpeza e alimentação – e alojamento dos mesmos neste experimento. Estas gaiolas foram

também construídas de modo a facilitar a manipulação das variáveis que fazem parte do

“regime de estresse”, como “inclinação da gaiola”, “agrupamento na gaiola”, “gaiola suja”

e “presença de um objeto estranho na gaiola”.

Estas gaiolas permaneceram em uma sala isolada do biotério do Laboratório de

Psicologia Experimental da PUC – SP, de 0,90m por 4,25m, para que pudesse haver o

maior controle possível das condições às quais os sujeitos foram submetidos,

principalmente aquelas referentes ao “regime de estresse”, como “iluminação contínua”,

“barulho intermitente”, “luz estroboscópica” e “cheiro”. A permanência em gaiolas

construídas especificamente para este experimento e o isolamento do biotério também

diminuiu a possibilidade de os sujeitos serem expostos a outras situações aversivas que não

as programadas e/ou controladas.

A iluminação da sala seguiu um ciclo de 12 horas, ou seja, a luz permaneceu acesa

por doze horas e apagada por doze horas. Havia um exaustor na parede lateral da sala e um

climatizador de ar no chão, 3m à frente da estante em que ficavam as gaiolas. A porta da

sala permaneceu fechada a fim de diminuir os ruídos externos.

Neste setting, os sujeitos (01 a 11) permaneceram alojados e foram submetidos ao

“regime de estresse” baseado em Willner e cols. (1987), com algumas modificações. O

“regime de estresse” a que os sujeitos foram submetidos está descrito no Quadro 2.

CAIXAS EXPERIMENTAIS

Foram utilizadas caixas de condicionamento operante Med Associates, modelo

Env-008, colocadas dentro de uma caixa de isolamento acústico, de dimensões 67 cm

(largura) X 47 cm (altura) X 47 cm (profundidade), com um exaustor de 100W para a

circulação de ar. Em cada uma das paredes da caixa (esquerda e direita) havia uma barra

Page 43: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

43

colocada a 8 cm do chão da caixa e no centro da parede e um bebedouro no chão, embaixo

de cada barra.

A apresentação dos estímulos e o registro do desempenho dos ratos foram

controlados por interface eletromecânica e pelo software Schedule Manager para

Windows, produzido pela Med Associates, versão 2.0 em um computador IBM 486.

Procedimento

“REGIME DE ESTRESSE”

“Estressores”

Foi feita uma replicação do “regime de estresse” proposto por Willner e cols.

(1987), no modelo do Chronic Mild Stress (CMS).

Os estressores foram apresentados aos sujeitos por um período de seis semanas. Os

sujeitos foram expostos, como mostram os Quadros 2 e 3, aos seguintes estressores,

semanalmente, durante os seguintes intervalos de tempo:

privação de comida – os sujeitos sofreram privação de comida de 5ª feira às 15hs a

6ª feira às 15hs; de Sábado às 17hs a 2ª feira às 12hs, e de 3ª feira às 10hs a 4ª feira às

12hs.

Iluminação contínua – a luz da sala permaneceu acesa de 6a feira às 17hs a Sábado

às 10hs, e de 3ª feira às 17hs a 4ª feira às 12hs;

inclinação da gaiola – a caixa viveiro foi inclinada a 30º, para trás, de Domingo das

10hs às 17hs, e de 4ª feira às 17hs a 5a feira às 10hs;

permanência na gaiola com outro sujeito – os sujeitos foram agrupados com outros

quatro sujeitos especialmente separados para este fim, em pares, nas próprias caixas

viveiro e nas caixas viveiro destes outros sujeitos, alternadamente, de Domingo às 17hs a

2a feira às 10hs;

Page 44: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

44

gaiola suja – 50 ml de água limpa misturada com serragem foram espalhados no

chão da caixa viveiro, de 5a feira às 17hs a 6a feira às 10hs;

barulho intermitente – um ruído branco, intermitente, de 85Db, permaneceu ligado

de 6a feira das 15hs às 18hs, e de 2a feira das 12hs às 17hs;

luz estroboscópica – uma luz estroboscópica localizada no chão da sala, na parede

oposta à localização das caixas viveiro, permaneceu ligada, disparando 300 flashes por

minuto, de 5a feira das 10hs às 12hs, e de Sábado das 10hs às 17hs;

exposição a uma garrafa de água vazia após um período de privação – após o

período de privação de água, foi apresentada ao sujeito uma garrafa de água vazia, das

10hs às 11hs aos sábados;

acesso restrito a comida – três pelotas de 1g de comida foram espalhadas pela caixa

viveiro, de 2a feira das 10hs às 12hs;

cheiro – um desodorante purificador de ar foi colocado em frente à estante com as

caixas viveiro, de 2a feira às 17hs a 3ª feira às 10hs;

presença de um objeto estranho na gaiola – uma argola de plástico redondo de 12

cm de diâmetro foi colocada dentro da caixa viveiro, de Sábado às 17hs a Domingo às

10hs.

Diferentemente do procedimento utilizado por Willner e cols. (1987), o “estressor”

diminuição da temperatura da sala não foi apresentado aos sujeitos.

Outra mudança no “protocolo de estresse”, se comparado com aquele utilizado por

Willner e cols. (1987) é que o “estressor” privação de água não foi apresentado aos sujeitos

da mesma maneira, mas esteve presente durante todo o experimento, a fim de manter o

peso dos sujeitos a 85% do peso ad lib16.

16 O peso dos sujeitos a 85% do peso ad lib foi mantido a partir da pesagem diária desses e consequenteacesso por tempo limitado à água, a depender do peso de cada um.

Page 45: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

45

Teste de Consumo de Líquido0

Após os sujeitos estarem com o peso estabilizado a 85% do peso ad lib., foram

iniciados os testes semanais de consumo de líquido, com duas garrafas, uma contendo

água e outra contendo uma solução de água com 2%17 de sacarose. Nestes testes, duas

garrafas com 250 ml de volume, do tipo mamadeira, foram colocadas na parede frontal da

caixa viveiro, a 5 cm da base da gaiola, eqüidistantes da parede lateral. As garrafas foram

contrabalançadas entre os lados direito e esquerdo da caixa viveiro, isto é, trocou-se o lado

de apresentação das garrafas correspondentes à água e à água com sacarose a cada teste.

Nos testes de consumo de líquido, mediu-se, ao final do período de 01 hora de

exposição às garrafas, a quantidade de cada um dos líquidos consumidos. Esta medida foi

feita pelo volume (em mililitros) de líquido ingerido no período. Estas medidas foram

realizadas durante todo o estudo.

Antes de se iniciar o teste de consumo de líquido (aos sábados), por duas semanas

consecutivas os sujeitos foram expostos a uma garrafa contendo uma solução de água com

2% de sacarose, por uma hora, após uma privação de 23 horas de água e comida.

Posteriormente, por três sábados consecutivos, anteriores ao início da submissão ao regime

de estresse, realizou-se o teste de consumo de líquido com duas garrafas. Durante a

submissão ao “regime de estresse”, o teste de consumo de líquido ocorreu nos 2o, 9o, 16o,

23o, 30o, 37o e 44o dias e ao final dessa, ocorreu por mais três vezes, uma vez por semana.

Durante a fase de “medida de preferência pelo estímulo reforçador”, o teste de

consumo de líquido ocorreu sempre aos sábados e durante a fase de submissão ao

“protocolo de estresse” o teste de consumo de líquido ocorreu sempre às sextas-feiras, após

23hs de privação de água e comida.

17 Foi utilizada a concentração de 2% de sacarose porque Willner (1997) afirmou ser essa a que produz umpadrão mais estável de consumo.

Page 46: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

46

“MEDIDA OPERANTE DE PREFERÊNCIA PELO ESTÍMULO REFORÇADOR”

Cada sessão teve duração de 60 minutos.

Estas sessões ocorreram cinco vezes por semana. No sexto dia da semana submetia-

se os sujeitos ao teste de consumo de líquido. Na realização do teste de consumo e

preferência - exposição por 60 minutos à água e à solução de água com sacarose - o peso

dos sujeitos alterava-se, razão porque não se realizava sessões experimentais no sétimo dia

da semana.

Modelagem

Respostas de pressão à barra esquerda foram primeiramente modeladas e

fortalecidas em esquema de reforçamento contínuo. Posteriormente, exigiu-se que o sujeito

pressionasse também a barra da direita, por aproximação sucessiva e essas respostas

também foram primeiramente modeladas e fortalecidas em esquema de reforçamento

contínuo. O reforço utilizado foi água pura.

Considerou-se finalizada esta fase quando o sujeito pressionou ambas as barras,

mesmo que com preferência por um dos lados. Isso ocorreu após duas sessões de 60

minutos.

Exposição a Dois Estímulos Reforçadores

Após a instalação e fortalecimento das respostas de pressão às duas barras, os

sujeitos foram expostos a duas sessões de esquema concorrente FR4–FR4, quatro de

FR10–FR10 e quatro de FR12–FR12, com água em um dos bebedouros e uma solução de

água com 8%18 de sacarose em outro. O lado (esquerdo ou direito) de apresentação da água

18 A quantidade de sacarose foi diferente da quantidade utilizada nos testes de consumo, pois se notou, emtestes prévios, que esta quantidade fornecia valores mais claros de preferência.

Page 47: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

47

e da solução de água com sacarose mudou, no decorrer das sessões, a depender do

desempenho dos sujeitos: solução de água com sacarose foi colocada do lado em que o

sujeito não apresentava preferência durante a modelagem, na primeira sessão com a

presença dos dois estímulos reforçadores. Nas sessões seguintes, mudou-se o lado de

apresentação dos estímulos após haver um desempenho que indicasse aparente

preferência.19

Estabilidade da Medida de Preferência pelo Estímulo Reforçador

Após dez sessões de submissão a dois estímulos reforçadores, com valores

crescentes de FR, os sujeitos foram submetidos a oito sessões em esquema concorrente

FR15 – FR15. Para que se obtivesse um padrão estável de respostas diante de cada

reforçador, independentemente do lado em que esse se encontrava cada um dos estímulos

reforçadores, esses foram apresentados nos bebedouros dos lados esquerdo e direito da

caixa. Após uma sessão em que a taxa de respostas indicava uma preferência pela água

com sacarose (maior taxa de respostas na barra referente a este estímulo), alternava-se o

lado de apresentação dos estímulos. Se nesta sessão seguinte, a taxa de respostas do sujeito

indicava um controle pelo lado (o sujeito emitia uma taxa de respostas na barra

correspondente à água e, portanto, do lado em que havia respondido mais na sessão

anterior), mantinha-se a apresentação dos estímulos do mesmo lado. Se nesta sessão

seguinte, o sujeito emitisse uma taxa de respostas maior na barra correspondente à água

com sacarose (portanto na barra do lado contrário à que apresentou maior taxa de respostas

na sessão anterior), mudava-se novamente o lado de apresentação dos estímulos na sessão

seguinte.

Tomou-se como critério de medida de preferência pelo estímulo reforçador a taxa

19 Os lados de apresentação dos estímulos e o critério para mudança de lado serão descritos maispormenorizadamente nos Resultados.

Page 48: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

48

de respostas de pressão às barras.

DELINEAMENTO EXPERIMENTAL

O Quadro 04 indica as condições às quais os diferentes sujeitos foram submetidos

após o início da medida operante de preferência pelo estímulo reforçador.

QUADRO 04: Condições às quais os sujeitos foram submetidos a partir do início da

medida operante pelo estímulo reforçador.

SUJEITO Teste de consumo e preferência emedida operante de preferência

(04 semanas)

Teste de consumo e preferência +Regime de estresse (06 semanas)

Teste de consumo e preferência(03 semanas)

01 Agrupamento02 Agrupamento03 Reserva Reserva Reserva04 Controle de peso Controle de peso Controle de peso05 Teste de consumo de líquido Regime de estresse e Teste de

consumo de líquidoTeste de consumo de líquido

06 Medida operante e Teste deconsumo de líquido

Regime de estresse e Teste deconsumo de líquido

Fase operante e Teste de consumode líquido

07 Medida operante e Teste deconsumo de líquido

Regime de estresse e Teste deconsumo de líquido

Fase operante e Teste de consumode líquido

08 Teste de consumo de líquido Regime de estresse e Teste deconsumo de líquido

Teste de consumo de líquido

09 Reserva Reserva Reserva10 Agrupamento11 Agrupamento78 Controle de peso Controle de peso Controle de peso

Os sujeitos 01, 02, 10 e 11 foram utilizados somente para o agrupamento (estressor)

na fase de submissão ao protocolo de estresse. Estes sujeitos permaneceram na sala isolada

do biotério do Laboratório de Psicologia Experimental da PUC-SP. Os sujeitos 03 e 09

permaneceram na sala isolada do biotério do Laboratório de Psicologia Experimental da

PUC-SP durante todo o experimento, como sujeitos reserva. O sujeito 78 foi utilizado

como controle de peso durante todo o estudo. Este sujeito permaneceu no biotério do

Laboratório de Psicologia da PUC-SP. O sujeito 04 foi utilizado para controle de peso.

Este sujeito permaneceu na sala isolada do biotério do Laboratório de Psicologia

Page 49: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

49

Experimental da PUC-SP. Esse não foi submetido a privação de água e comida nem aos

estressores apresentados individualmente na gaiola viveiro (como presença de um objeto

estranho, acesso restrito a comida e apresentação de uma garrafa vazia de água).

Os sujeitos 05 e 08 foram submetidos aos testes de consumo de líquido semanais

por 03 semanas, anteriores ao início do protocolo de estresse. Foram, então, submetidos ao

protocolo de estresse por 06 semanas e testes de consumo de líquido semanais

correspondentes. Posteriormente, foram submetidos ao teste de consumo de líquido

semanal por mais três semanas.

Os sujeitos 06 e 07 foram submetidos à medida operante de preferência pelo

estímulo reforçador. Nas três semanas anteriores ao protocolo de estresse, foram também

submetidos ao teste de consumo de líquido semanal para que fosse verificado o consumo

de água e de água com sacarose, destes sujeitos, antes da submissão ao protocolo de

estresse.

Após 04 semanas de exposição à medida operante de preferência e 03 semanas após

o início dos testes de consumo de líquido (que ocorreram aos sábados, conforme descrito

anteriormente), foram submetidos ao protocolo de estresse e testes de consumo de líquido

semanais correspondentes a esta semana. Esta fase durou 06 semanas. Posteriormente

(após as 06 semanas de submissão aos estressores), foram novamente submetidos à medida

operante de preferência pelo estímulo reforçador, por mais 03 semanas. Os testes de

consumo de líquido semanais continuaram a ser realizados nestas 03 semanas.

Page 50: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

50

RESULTADOS

“Peso dos sujeitos”

A Figura 01 mostra o peso dos sujeitos 04, 05, 06, 07, 08 e 78 desde o início do

estudo.

Os sujeitos 04, 05, 06, 07 e 08 foram os sujeitos que permaneceram na sala isolada

do biotério. O sujeito 04 não foi submetido a privação ou a qualquer manipulação

individual. Foi submetido apenas aos estressores que eram apresentados na sala como, por

exemplo, barulho, iluminação contínua luz estroboscópica e cheiro. Foi utilizado para

controle de peso. O sujeito 78 permaneceu no biotério do Laboratório de Psicologia

Experimental da PUC-SP, para controle de peso.

A curva de peso dos sujeitos indica que a submissão ao protocolo de estresse por

seis semanas te um efeito de diminuição no peso dos sujeitos submetidos a todos os

estressores se comparados com o sujeito. No entanto, a diminuição no peso destes sujeitos

não chegou a colocá-los em um peso inferior a 80% do peso ad lib desses.

Observa-se, ainda, que os sujeitos submetidos aos estressores, durante a fase do

estresse, tiveram alteração de peso semelhante, isto é, o peso aumentou e diminuiu,

aparentemente na mesma proporção e nos mesmos intervalos, para todos os sujeitos.

“Teste de Consumo de Líquido e Submissão ao Chronic Mild Stress”

A Figura 02 mostra os resultados dos Testes de Consumo de Líquido para os

sujeitos 05, 06, 07 e 08 antes, durante e após a submissão ao protocolo de estresse, quanto

ao total de líquido (água mais água com sacarose) ingerido.

Page 51: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

FIGURA 01: Curva de peso dos sujeitos 04, 05, 06, 07, 08 e 78 durante todo o estudo. A primeira linha tracejada indica o início da privação. A sunda linh tracejada indica o início do protocolo de estresse. A terceira linha tracejada indica o final do protocolo de estresse.

0

30

60

90

120

150

180

210

240

270

300

330

360

390

420

450

480

1 7 13 19 25 31 37 43 49 55 61 67 73 79 85 91 97 103 109 115 121

Sujeito 05

Sujeito 06

Sujeito 07

Sujeito 08

Sujeito 04

Sujeito 78

Page 52: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

FIGURA 02: Consumo em ml de água e de água com sacarose nos testes de consumo de líquido, dos sujeitos 05, 06, 07 e 08. As linhas pretas indicam o início e o final da exposição aos estressores.

05

101520

253035404550

1 3 5 7 9 11 13

água

sacarose

SUJEITO 05

0

510

15

2025

30

35

4045

50

1 3 5 7 9 11 13

água

sacarose

SUJEITO 06

05

101520

253035404550

1 3 5 7 9 11 13

água

sacarose

SUJEITO 07

05

101520253035404550

1 3 5 7 9 11 13

água

sacarose

SUJEITO 08

Page 53: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

51

Nota-se que antes da submissão ao protocolo de estresse (testes 01, 02 e 03), o

consumo total de líquido dos sujeitos foi maior que durante a exposição ao protocolo de

estresse, sendo que a diminuição no consumo total de líquido parece se acentuar no

decorrer das semanas, claramente para os sujeitos 05, 06 e 08 e diminuindo bruscamente

após o 5o teste (semana 8) para o sujeito 07. (

O consumo total de líquido dos sujeitos 05 e 08 não aumentou significativamente

após o término da submissão ao regime de estresse (testes 11, 12 13), em comparação com

o consumo total de líquido destes sujeitos nos testes 08, 09 e 10, que ocorreram durante a

submissão aos estressores.

Em relação aos sujeitos 06 e 07, nota-se que o aumento no consumo de líquido nos

testes 11, 12 e 13, realizados após o término da exposição aos estressores e o início da

submissão à medida operante de preferência, tendeu a aumentar, em comparação ao

consumo de líquido nos testes 08, 09 e 10, que ocorreram durante a submissão ao

protocolo de estresse. (Para o sujeito 06 este aumento é tal que chega, no 3o teste, a um

consumo comparável com as primeiras medidas).

Parece, primeiro, que como com os sujeitos de Willner e cols. (1987), os consumo

de líquido destes sujeitos (05, 08, 06 e 07) sofreu efeitos importantes do/ com o regime de

estresse: decresceu para todos os sujeitos.

Parece, em segundo lugar, que a submissão à situação operante de esquema

concorrente FR15 – FR15, com os estímulos reforçadores água e água com 8% de

sacarose, exerceu influência sobre o consumo total de líquido nos sujeitos 06 e 07, nos

testes semanais de consumo de líquido - posteriores ao regime de estresse - realizados

concomitantemente à fase operante de medida de preferência.

Page 54: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

52

A Figura 03 mostra as quantidades de água e água com 2% de sacarose consumidas

nos Testes de Consumo de Líquido pelos sujeitos 05, 06, 07 e 08 antes, durante e após a

submissão ao protocolo de estresse.

A Figura 04 mostra as porcentagens de água com 2% de sacarose consumidas pelos

sujeitos 05, 06, 07 e 08 antes, durante e após a submissão ao protocolo de estresse,

tomando-se como base (100%) o consumo total dos líquidos em cada um dos testes.

Observa-se, nas semanas precedentes ao protocolo de estresse, que o consumo de

água com sacarose foi maior que o consumo de água para todos os sujeitos. Estes valores

expressariam uma preferência pelo estímulo água com 2% de sacarose para todos os

sujeitos, o que também ocorre quando da análise da porcentagem de água com 2% de

sacarose consumida por esses nos três primeiros testes (exceto o sujeito 05 no teste 01).

Nota-se, ainda, que na primeira semana de teste, os sujeitos 05 e 08, que não

passaram pela fase operante, consumiram água e água com sacarose em quantidades

próximas. Nos dois testes subseqüentes diferenciou-se o consumo de água com sacarose

para ambos os sujeitos, especialmente o sujeito 8.

Por outro lado, o consumo de água com 2% de sacarose dos sujeitos 06 e 07, já no

primeiro teste, foi maior que o de água, mantendo-se diferenciado nos testes subsequentes.

Parece importante considerar que estes sujeitos, diferentemente dos sujeitos 05 e 08,

estavam sendo submetidos à medida operante de preferência pelo estímulo reforçador a

duas semanas, antes do primeiro teste de consumo de líquido, isto é, estes sujeitos já

estavam sendo expostos aos estímulos água e água com sacarose antes do teste 01, o que

poderia ter sensibilizado-os à diferença entre os estímulos.Nas semanas subsequentes ao

início da submissão aos estressores, nota-se uma diminuição acentuada no consumo e de e

na preferência por água com sacarose, para os quatro sujeitos, e uma diminuição no

Page 55: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

FIGURA 03: Consumo em ml de água e de água com sacarose nos testes de consumo de líquido, dos sujeitos 05, 06, 07 e 08. As linhas pretas indicam o início e o fim as exposição ao protocolo de estresse.

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

1 3 5 7 9 11 13

sacarose

água

SUJEITO 05

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

1 3 5 7 9 11 13

sacarose

água

SUJEITO 06

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

1 3 5 7 9 11 13sacarose

água

SUJEITO 07

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

1 3 5 7 9 11 13

sacarose

água

SUJEITO 08

Page 56: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

FIGURA 04: Porcentagem de consumo de água com sacarose dos sujeitos 06, 06, 07 e 08 nos testes semanais de consumo de líquido, tomando-se por base (100%) o consumo total dos líquidosem cada um dos testes.

0102030405060708090

100

1 3 5 7 9 11 13

% sacarose

SUJEITO 05 SUJEITO 08

0102030405060708090

100

1 3 5 7 9 11 13

% sacarose

SUJEITO 06

0102030405060708090

100

1 3 5 7 9 11 13

% sacarose

SUJEITO 07

0102030405060708090

100

1 3 5 7 9 11 13

% sacarose

Page 57: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

53

consumo de água, ainda que menos acentuada, de modo que a quantidade de água com

sacarose ingerida aproxima-se da quantidade de água ingerida.

Esta diminuição fica mais clara após a quarta semana de submissão ao protocolo de

estresse, mas não se observa, em nenhum dos testes, com nenhum dos sujeitos, um

consumo de água maior que o de água com sacarose.

Após as seis semanas de submissão ao protocolo de estresse, nos testes 11, 12 e 13,

realizados nas três semanas seguintes, os sujeitos 05 e 08 parecem manter um consumo e

preferência baixos por água com sacarose e um consumo baixo de água, semelhantes aos

observados nos testes 08, 09 e 10, precedentes.

Os sujeitos 06 e 07, por outro lado, após o período de apresentação dos estressores

e, portanto, o reinicio da fase operante, aumentaram o consumo de água e de água com

sacarose nos testes referentes a este período e a preferência por água com sacarose.

Especialmente o sujeito 06 aumentou o consumo de ambos, embora o aumento do

consumo (e da preferência) de sacarose tenha chegado no 3o teste a nível semelhante ao de

linha de base e o de água não. O sujeito 07 aumentou especialmente e sistematicamente o

consumo de água com sacarose, mas não atingiu os níveis de linha de base. Em relação à

preferência, a porcentagem de consumo de água com sacarose aumentou e ultrapassou os

valores observados na linha de base.

A Figura 05 mostra a porcentagem de água e água com 2% de sacarose consumida

nos Testes de Consumo de Líquido antes, durante e após a submissão ao protocolo de

estresse, tomando-se como base (100%) o consumo médio de cada um dos líquidos nos

três testes que antecederam o regime de estresse.

No sujeito 05, nota-se um consumo percentualmente maior de água com sacarose

nos testes 02, 05, e 06. Durante a submissão aos estressores, observa-se que a diferença na

Page 58: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

FIGURA 05: Porcentagem de consumo de água e de água com 2% de sacarose dos sujeitos 05, 06, 07 e 08nos testes de consumo semanais, tomando-se por base (100%) a média de consumo de cada um dos líquidosnos três testes que antecederam ao estresse. O valor 1 corresponde a 100%, o valor 2 ao teste 4, o 3 ao teste5, o 4 ao teste 6, o 5 ao teste 7, o 6 ao teste 8, o 7 ao teste 9, o 8 ao teste 10, o 9 ao teste 11, o 10 ao teste 12e o 11 ao teste 13. As linhas pretas indicam o início e o fim da submissão ao estresse.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

120

130

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

sacarose

água

SUJEITO 05

Por

cent

agem

0102030405060708090

100110120130140150160170180190

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

sacarose

água

SUJEITO 06

Por

cent

agem

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

sacarose

água

SUJEITO 07

Por

cent

agem

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

sacarose

água

SUJEITO 08

Por

cent

agem

Page 59: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

54

porcentagem do consumo de água para água com sacarose, progressivamente diminui,

chegando a ser levemente maior a porcentagem do consumo de água na 10a medida.

Depois do fim do estresse, aumenta mais a porcentagem de consumo de água.

Sujeito 08: do mesmo modo que com o sujeito 05, durante a submissão ao estresse,

parece que vai diminuindo a diferença entre a porcentagem de consumo de água e água

com sacarose (com exceção do 10o teste), chegando a se estabelecer maior porcentagem de

consumo de água (9o teste). Nos testes realizados após o fim dos estressores, nota-se

também um aumento na porcentagem de consumo de água (12o e 13º testes) o que poderia

significar uma diminuição na preferência pela água com sacarose.

Sujeito 06: observa-se uma maior porcentagem de consumo de água com sacarose

até o teste 09 (com exceção do teste 05) e também se observa uma diminuição na diferença

da porcentagem de consumo de água e de água com sacarose. Parece estabelecer-se,

proporcionalmente, uma maior porcentagem de consumo de água do que água com

sacarose nos testes 5, 6, 8, 9 e 10. Como fim da submissão dos estressores e reinício da

medida operante, parece haver um restabelecimento de proporção semelhante de consumo

dos dois líquidos. E muito próximas da linha de base - dos 100%, sugerindo que o sujeito

voltou ao seu padrão. Estes resultados demonstram que parece haver um efeito de

diminuição na preferência por água com sacarose em decorrência da submissão aos

estressores e um restabelecimento da preferência pela água com sacarose após o término

do protocolo de estresse e o início da fase operante.

Sujeito 07: no início da fase de submissão aos estressores, parece haver uma clara

preferência por água com sacarose, que se inverte no 8o teste. No 10o teste, o consumo de

água já é maior que o de água com sacarose (proporcionalmente à linha de base). Estes

resultados poderiam indicar uma diminuição na preferência pela água com sacarose. A

partir do teste 11 (fim da submissão ao protocolo de estresse e início da fase operante),

Page 60: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

55

claramente se observa um aumento na porcentagem de consumo de água com sacarose e

um decréscimo na de água o que indicaria o estabelecimento de preferência por água com

sacarose.

Os resultados apontados aqui sofrem os efeitos do consumo real dos sujeitos. Isto

porque com a introdução do regime de estresse e a redução no consumo total de líquidos, o

consumo de água, que já era menor, podia decrescer (proporcionalmente) o mesmo que o

consumo de água com sacarose.

Os resultados mostram que a submissão ao protocolo de estresse produziu como

efeito a diminuição no consumo total de líquido. Nesse sentido, não se pode tirar

conclusões dos resultados em termos de consumo bruto ou em termos de porcentagem

isoladamente. A Figura 03 que mostra as quantidades de água e água com sacarose

consumidas nos testes indica uma clara diminuição do consumo de água com sacarose. A

Figura 04, que demonstra a porcentagem de água com sacarose com base no consumo total

de líquido total consumido por testes, indica uma diminuição na preferência por água com

sacarose bem como a Figura 05 - que mostra esse consumo em termos de porcentagem de

consumo de água e de água com sacarose, tendo como base (100%) o consumo médio de

cada um dos líquidos nos três testes que antecederam o regime de estresse - que indica a

que a preferência por água com sacarose diminuiu inclusive em relação à porcentagem de

consumo de água.

De qualquer maneira os resultados parecem mostrar que a submissão à situação

operante após o regime de estresse pode ter produzido efeitos tanto sobre a recuperação do

consumo total de líquidos como na preferência pelo estímulo água com sacarose: o sujeito

6, nos testes 12 e 13, teve resultados muito semelhantes aos de linha de base (quase 100%

de água e água com sacarose) e o sujeito 7, embora não tenha voltado aos níveis pré-

estresse, teve o consumo de água com sacarose aumentado muito mais rapidamente e para

Page 61: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

56

muito mais perto dos níveis pre-éstresse do que os níveis de consumo de água (indicando

uma recuperação óbvia da preferência, para níveis aparentemente maiores do que os

anteriores)

“Medida de Preferência pelo Estímulo Reforçador”

Sujeito 06

A Figura 06 mostra o total de respostas por sessão, do sujeito 06, nas barras

correspondentes à água e à água com sacarose, antes e depois da submissão ao protocolo

de estresse.

Observa-se que nas primeiras sessões, antes da submissão ao protocolo de estresse,

há uma taxa de respostas maior na barra da direita, tanto quando essa corresponde à água

quanto quando corresponde à água com sacarose. Somente na sessão 09, com a

apresentação da água com sacarose na barra da esquerda e uma maior taxa de respostas

nesta barra em comparação à da direita, parece que o responder ficou sob controle de água

com sacarose, pois mesmo com a alternação do lado de apresentação do estímulo, a taxa de

respostas mais alta ocorreu na barra relacionada a ele. Esta preferência parece ter se

mantido na sessão seguinte e, na sessão 11, a menor taxa de respostas na barra referente à

água com sacarose pode dever-se à mudança no lado de apresentação estímulo, pois não se

observa um decréscimo na taxa de respostas referente à água com sacarose semelhante à

das primeiras sessões.

Page 62: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

FIGURA 06: Total de respostas do sujeito 06 nas barras correspondentes à água e à água com sacarose por sessão. O espaço em branco indica o intervalo no qual o sujeito foi submetido ao protocolo de estresse. O ponto azul escuro indica a água com sacarose na direita e o ponto azul claro na esquerda. O ponto vermelho indica a água na direita e o laranja na esquerda.

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

45001 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 34

sacarose

água

SUJEITO 06

Page 63: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

57

Da sessão 13 à sessão 18, a taxa de respostas na barra correspondente à água com

sacarose foi sempre maior que na correspondente à água, o que indicaria, então, uma

preferência mais clara por este estímulo.

Após a submissão ao protocolo de estresse, nota-se que o sujeito volta a apresentar

maiores taxas de respostas na barra da direita, correspondente à água com sacarose na

sessão 01, mas correspondente à água nas sessões 02, 03 e 04. Somente na sessão 05 o

sujeito volta a apresentar maiores taxas de respostas nas barras correspondentes à água

com sacarose, mesmo quando há alternação do lado de apresentação dos estímulos. Na

sessão 13, nota-se um maior número de respostas na barra referente à água, o que,

provavelmente, se deve à alternação do lado de apresentação dos estímulos.

Além disso, verifica-se que o sujeito apresenta aproximadamente o mesmo número

de respostas que o fazia nas últimas sessões antes da exposição ao protocolo de estresse, a

partir da sessão 03 desta segunda submissão à fase operante.

A Figura 07 apresenta a taxa acumulada de respostas do sujeito 06 nas barras

correspondentes à água e água com sacarose, nas sessões 01, 02 03, 04, 07, 08, 09 e 10 da

fase operante que aconteceram antes da submissão ao estresse.

Até a sessão 08, nota-se que a localização da barra – nos lados esquerdo e direito –

parece controlar fortemente o desempenho do sujeito, de modo que o sujeito taxa de

respostas na barra do lado direito é sempre maior, independentemente do bebedouro

correspondente conter água ou água com sacarose. Ou seja, aparentemente a diferença

entre estímulos reforçadores não teve o efeito de aumentar a taxa das respostas na barra

correspondente ao estímulo água com sacarose.

Page 64: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

FIGURA 07: Taxa acumulada de respostasdo sujeito 06 nas sessões 01, 02, 03, 04, 07, 08, 09 e 10 na fase operante antes da submissão ao protocolo de estresse.

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

1

173

345

517

689

861

1033

1205

1377

1549

1721

1893

2065

2237

2409

2581

2753

2925

3097

direita-água

esquerda-sacarose

SESSÃO 02

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

1

170

339

508

677

846

1015

1184

1353

1522

1691

1860

2029

2198

2367

2536

2705

2874

3043

direita-água

esquerda-sacarose

SESSÃO 03

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

1

212

423

634

845

1056

1267

1478

1689

1900

2111

2322

2533

2744

2955

3166

3377

3588

direita-água

esquerda-sacarose

SESSÃO 01

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

1

109

217

325

433

541

649

757

865

973

1081

1189

1297

1405

1513

1621

1729

1837

1945

direita-água

esquerda-sacarose

SESSÃO 04

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

1

217

433

649

865

1081

1297

1513

1729

1945

2161

2377

2593

2809

3025

3241

3457

direita-água

esquerda-sacarose

SESSÃO 07

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

1

178

355

532

709

886

1063

1240

1417

1594

1771

1948

2125

2302

2479

2656

direita-sacarose

esquerda-água

SESSÃO 08

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

1

141

281

421

561

701

841

981

1121

1261

1401

1541

1681

1821

1961

2101

2241

2381

2521

2661

direita-água

esquerda-sacarose

SESSÃO 09

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

1

149

297

445

593

741

889

1037

1185

1333

1481

1629

1777

1925

2073

2221

2369

2517

2665

direita-água

esquerda-sacarose

SESSÃO 10

Page 65: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

58

Após nove sessões, parece ter-se instalado um controle diferencial pelo estímulo

reforçador água com sacarose, uma vez que a taxa de respostas na barra do lado

correspondente a este estímulo (independentemente do lado) foi maior que na barra do lado

correspondente à água. Este desempenho repete-se na décima sessão.

A Figura 08 mostra a taxa acumulada de respostas do sujeito 06 nas barras

correspondentes à água e à água com sacarose nas sessões 13, 14, 15 16, 17 e 18 da fase

operante, também antes da submissão ao protocolo de estresse. Nestas sessões, o lado de

apresentação dos estímulos água e água com sacarose foi mudado de sessão para sessão a

depender do desempenho do sujeito. Nas sessões 13 e 14, apresentou-se água com sacarose

na direita e água na esquerda, pois na sessão 13 a preferência do sujeito pelo estímulo água

com sacarose não estava muito claro, conforme se tornou na sessão seguinte, com a mesma

posição dos estímulos. Na sessão 15, então, mudou-se a posição de apresentação dos

estímulos, ficando a barra da direita correspondente à água e a da esquerda correspondente

à sacarose. A maior taxa de respostas do sujeito na barra esquerda, nesta sessão, sugere que

o maior valor reforçador da água com sacarose controlaria o responder, mesmo com a

mudança do lado de apresentação dos estímulos.

Na sessão 16, modificou-se novamente o lado de apresentação dos estímulos – água

com sacarose na barra da direita e água na barra da esquerda. A taxa de respostas do sujeito

mais uma vez foi maior na barra correspondente à água com sacarose, mesmo com a

mudança do lado de apresentação deste estímulo. Na sessão seguinte (17) inverteu-se

novamente o lado de apresentação dos estímulos e mais uma vez o desempenho do sujeito

pareceu ser controlado pelo maior valor reforçador da água com sacarose. do meio para o

final da sessão. Repetiu-se a mesma posição de apresentação dos estímulos na sessão

seguinte (18), quando a preferência pelo estímulo água com sacarose ficou mais claro.

Page 66: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

FIGURA 08: Taxa acumulada de respostas do sujeito 06 nas seis últimas sessões da fase operante antes da

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

1

198

395

592

789

986

1183

1380

1577

1774

1971

2168

2365

2562

2759

2956

3153

direita-sacarose

esquerda-água

SESSÃO 13

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

1

179

357

535

713

891

1069

1247

1425

1603

1781

1959

2137

2315

2493

2671

direita-sacarose

esquerda-água

SESSÃO 14

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

1

143

285

427

569

711

853

995

1137

1279

1421

1563

1705

1847

1989

2131

2273

2415

direita-água

esquerda-sacarose

SESSÃO 15

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

1

216

431

646

861

1076

1291

1506

1721

1936

2151

2366

2581

2796

3011

3226

3441

direita-sacarose

esquerda-água

SESSÃO 16

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

1

150

299

448

597

746

895

1044

1193

1342

1491

1640

1789

1938

2087

2236

2385

2534

2683

2832

2981

direita-água

esquerda-sacarose

SESSÃO 17

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

1

204

407

610

813

1016

1219

1422

1625

1828

2031

2234

2437

2640

2843

3046

3249

3452

direita-água

esquerda-sacarose

SESSÃO 18

Page 67: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

59

Nota-se que, independentemente do lado em que se apresentam os estímulos (água

na direita e água com sacarose na esquerda ou água com sacarose na direita e água na

esquerda), o sujeito tendeu a emitir taxa maior de respostas do lado correspondente ao

estímulo reforçador água com sacarose, o que mostraria seu maior valor reforçador.

Nas sessões 13 e 17, que foram sessões nas quais houve uma mudança na posição

de apresentação dos estímulos, parece que o lado exerceu ainda algum controle sobre o

desempenho do sujeito, ficando a preferência pelo estímulo água com sacarose mais clara

nas sessões seguintes (14 e 18).

Após as seis semanas de submissão ao protocolo de estresse, o sujeito 06 foi

novamente submetido à medida do valor reforçador do estímulo reforçador em um

esquema concorrente FR15 – FR15.

A Figura 09 mostra a taxa acumulada de respostas do sujeito 06 nas seis primeiras

sessões da fase operante de medida de preferência pelo estímulo reforçador após as seis

semanas de submissão ao protocolo de estresse.

Nota-se que o sujeito 06, na sessão 01, emitiu taxa de respostas maior do lado

correspondente à água com sacarose (direita) e nas três sessões seguintes taxa de respostas

maior do mesmo lado (direito), então correspondente à água. Nas sessões 05 e 06, a taxa de

respostas do sujeito 06 foi maior do lado correspondente à água com sacarose (esquerda).

Aparentemente, foi na sessão 05 que as taxas de respostas mostram uma preferência pela

água com sacarose, ou melhor controle pelo estímulo reforçador de maior valor.

Page 68: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

FIGURA 09: Taxa acumulada de respostas do sujeito 06 nas seis primeiras sessões (01, 02, 03, 04, 05, e 06) após a submissão ao protocolo de estresse.

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

1

359

717

1075

1433

1791

2149

2507

2865

3223

3581

direita-sacaroseesquerda-água

SESSÃO 01

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

1

333

665

997

1329

1661

1993

2325

2657

2989

3321

3653

direita-água

esquerda-sacarose

SESSÃO 02

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

1

338

675

1012

1349

1686

2023

2360

2697

3034

3371

direita-água

esquerda-sacarose

SESSÃO 03

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

1

257

513

769

1025

1281

1537

1793

2049

2305

2561

direita-água

esquerda-sacarose

SESSÃO 04

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

1

207

413

619

825

1031

1237

1443

1649

1855

2061

direita-água

esquerda-sacarose

SESSÃO 05

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

1

205

409

613

817

1021

1225

1429

1633

1837

2041

direita-água

esquerda-sacarose

SESSÃO 06

Page 69: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

60

A Figura 10 apresenta a taxa acumulada de respostas do sujeito 06 nas quatro

sessões finais da fase operante de medida de preferência pelo estímulo reforçador após a

submissão ao protocolo de estresse.

Na sessão 12, o sujeito emitiu uma maior taxa de respostas na barra correspondente

à água com sacarose (direita). Na sessão 13, com a mudança na posição de apresentação

dos estímulos (água na barra da direita e água com sacarose na barra da esquerda), não

houve maior taxa de respostas na barra correspondente à água com sacarose (esquerda).

Houve, sim, um aumento na taxa dessas respostas do meio para o final da sessão.

Na sessão 14, não houve uma inversão na posição de apresentação dos estímulos e

verificou-se uma taxa de respostas maior na barra correspondente à água com sacarose. Na

sessão 15, inverteu-se novamente a posição de apresentação dos estímulos novamente

houve uma taxa de respostas maior na barra correspondente à água com sacarose.

Nota-se, de maneira semelhante aos resultados observados antes da submissão ao

protocolo de estresse que, independentemente do lado em que se apresentavam os

estímulos (água e água com sacarose), o sujeito tendeu a emitir uma taxa maior de

respostas do lado correspondente ao estímulo água com sacarose.

Verifica-se, portanto, que a partir da sessão 05, o sujeito passou a ter um padrão de

respostas que indicaria preferência pela água com sacarose, preferência essa também

observada antes da submissão ao protocolo de estresse. Este padrão se explicaria pelo

controle diferencial exercido pelo maior valor reforçador do estímulo água com sacarose,

em relação ao estímulo água.

Sujeito 07

Page 70: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

FIGURA10: Taxa acumulada de respostas do sujeito 06 nas quatro últimas sessões (12, 13, 14 e 15) da fase operante após a submissão aos estressores.

0

500

10001500

2000

2500

30003500

4000

4500

1

142

283

424

565

706

847

988

1129

1270

1411

1552

1693

1834

1975

2116

2257

2398

2539

2680

2821

2962

direita-água

esquerda-sacarose

SESSÃO 13

0500

100015002000

25003000350040004500

1

106

211

316

421

526

631

736

841

946

1051

1156

1261

1366

1471

1576

1681

1786

1891

1996

2101

2206

2311

direita-sacarose

esquerda-água

SESSÃO 12

0

500

10001500

2000

2500

30003500

4000

4500

1

144

287

430

573

716

859

1002

1145

1288

1431

1574

1717

1860

2003

2146

2289

2432

2575

2718

2861

3004

direita-água

esquerda-sacarose

SESSÃO 14

0500

100015002000

25003000350040004500

1

106

211

316

421

526

631

736

841

946

1051

1156

1261

1366

1471

1576

1681

1786

1891

1996

2101

2206

2311

direita-sacarose

esquerda-água

SESSÃO 15

Page 71: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

61

A Figura 11 mostra o total de respostas do sujeito 07 na barra correspondente à

água com sacarose e o total de respostas na barra correspondente à água, por sessão, antes

e depois da submissão do sujeito ao protocolo de estresse.

Nota-se que nas sessões 01 e 02 anteriores à submissão ao protocolo de estresse, o

sujeito apresenta maior taxa de respostas na barra da esquerda, independentemente do

estímulo a ela correspondente. A partir da sessão 03, verifica-se que o sujeito tende a

apresentar uma taxa maior de respostas na barra correspondente à água com sacarose,

independentemente do lado em que este estímulo é apresentado.

Parece que o lado de apresentação dos estímulos exerce algum controle sobre o

desempenho do sujeito, uma vez que, quando há mudança nesse, em determinadas sessões

(02, 05, 07, 09, 10, 12, 13, 14, e 16), a taxa de respostas na barra correspondente à água

com sacarose tende a decrescer. De qualquer maneira, a taxa de respostas na barra

referente a este estímulo só é menor que na referente à água nas sessões 14 e 17, resultado

esse que parece dever-se à alternação no lado de apresentação dos estímulos.

Ainda, observa-se que nas últimas sessões antes da submissão aos estressores, o

sujeito apresentou aproximadamente 4000 respostas.

Após a exposição ao protocolo de estresse, observa-se que o sujeito tende a

apresentar maiores taxas de respostas nas barras correspondentes à água com sacarose por

quatro sessões, independentemente do lado em que este estímulo é apresentado. Nas

sessões 06, 08, 09, 10, 11, 13 e 15, também se verifica maior taxa de respostas nas barras

correspondentes à água com sacarose.

Nas sessões 05, 07, 10, 12 e 14, em que há uma alteração no lado de apresentação

dos estímulos, a taxa de respostas na barra correspondente à água com sacarose tende a

decrescer e, com exceção da sessão 10, ficar menor que a correspondente à água. Parece,

Page 72: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

FIGURA 11: Total de respostas do sujeito 07 nas barras correspondentes à água e à água com sacarose por sessão. O espaço em branco indica o intervalo no qual o sujeito foi submetido aoao protocolo de estresse. O ponto azul escuro indica a água com sacarose na direita e o ponto azul claro na esquerda. O ponto vermelho indica a água na direita e o laranja na esquerda.

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35

sacarose

água

SUJEITO 07

Page 73: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

62

no entanto, ser este um efeito da alternação do lado de apresentação dos estímulos, pois,

em uma sessão adicional, com os estímulos sendo apresentados do mesmo lado, a taxa de

respostas na barra correspondente à água com sacarose tende a ser maior que a taxa de

respostas na barra correspondente à água.

Também, observa-se que o sujeito, nas duas primeiras sessões após a submissão ao

estresse, apresentou, aproximadamente, 3000 respostas.

A Figura 12 mostra a taxa acumulada de respostas do sujeito 07 nas sessões 01, 02,

03 04, 05 e 06 de medida de preferência na fase operante antes da submissão ao protocolo

de estresse.

Na sessão 01, com água correspondente à barra da direita e água com sacarose

correspondente à barra da esquerda, o sujeito apresenta uma taxa de respostas maior na

barra da esquerda. Na sessão 02 houve, então uma mudança na posição de apresentação

dos estímulos e o sujeito continuou apresentando uma maior taxa de respostas na barra do

lado esquerdo. Na sessão 03, manteve-se a mesma posição de apresentação dos estímulos

que na sessão 02 e o sujeito passou a apresentar maior taxa de respostas na barra do lado

direito, correspondente à sacarose. As mesmas posições de apresentação dos estímulos

mantiveram-se na sessão 04 e a taxa de respostas na barra da direita permaneceu mais alta.

Na sessão 05, então, inverteram-se os lados de apresentação dos estímulos, a água

correspondeu à barra da direita e a sacarose à barra da esquerda. O sujeito apresentou,

então, maior taxa de respostas na barra da esquerda. Invertendo-se novamente os lados de

apresentação dos estímulos na sessão 06 – água com sacarose na direita e água na esquerda

– o sujeito apresentou, então maior taxa de respostas na barra da direita, correspondente à

água com sacarose.

Page 74: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

FIGURA 12: Taxa acumulada de respostas do sujeito 07 nas sessões 01, 02, 03, 04, 05 e 06 na fase operante antes da exposição ao protocolo de estresse.

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

1 380 759 1138 1517 1896 2275 2654 3033 3412

direita-água

esquerda-sacarose

SESSÃO 01

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

1

181

361

541

721

901

1081

1261

1441

1621

1801

1981

2161

2341

direita-sacarose

esquerda-água

SESSÃO 02

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

1 342 683 1024 1365 1706 2047 2388 2729 3070

direita-sacarose

esquerda-água

SESSÃO 03

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

1

244

487

730

973

1216

1459

1702

1945

2188

2431

2674

2917

direita-sacarose

esquerda-água

SESSÃO 04

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

1

241

481

721

961

1201

1441

1681

1921

2161

2401

2641

2881

direita-água

esquerda-sacarose

SESSÃO 05

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

1

278

555

832

1109

1386

1663

1940

2217

2494

2771

3048

3325

direita-sacarose

esquerda-água

SESSÃO 06

Page 75: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

63

Nota-se, então, no sujeito 07, desde as primeiras sessões de medida de preferência

pelo estímulo reforçador, uma taxa mais alta de respostas na barra correspondente à água

com sacarose. Na sessão 02, na qual houve uma mudança na posição de apresentação dos

estímulos água e água com sacarose, a taxa de respostas foi maior na barra da esquerda,

correspondente à água. Pode ter ocorrido, nesta sessão, uma influência do lado no

desempenho do sujeito, pois na sessão anterior, esse também apresentou maior taxa de

respostas do lado esquerdo então correspondente à água com sacarose.

Na sessão 03, na qual os estímulos foram apresentados do mesmo lado que na

sessão 02, o sujeito apresentou, então, maior taxa de respostas do lado direito,

correspondente à água com sacarose. Nas sessões 04, 05 e 06 o sujeito permaneceu

apresentando maior taxa de respostas do lado correspondente à água com sacarose, mesmo

nas sessões nas quais houve uma mudança na posição de apresentação dos estímulos

(sessões 05 e 06).

Nota-se, ainda, que nas duas primeiras sessões, o número total médio de respostas

apresentadas pelo sujeito foi de aproximadamente 1000 respostas por sessão, enquanto que

nas sessões 03, 04 e 05, o sujeito deu aproximadamente 2500 respostas por sessão e na

sessão 06 o número de respostas é de aproximadamente 4000.

A Figura 13 mostra a taxa acumulada de respostas do sujeito 07 nas sessões 13, 14,

15 16, 17 e 18 da fase operante de medida de preferência pelo estímulo reforçador antes da

submissão ao protocolo de estresse.

Na sessão 13, nota-se uma taxa de respostas maior na barra (esquerda)

correspondente à água com sacarose. Na sessão 14, com a mudança dos lados

correspondentes aos estímulos – água com sacarose na barra da direita e água na barra da

Page 76: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

FIGURA 13: Taxa acumulada de respostas do sujeito 07 nas sessões seis últimas sessões (13, 14, 15, 16, 17 e 18) na fase operante, antes da submissão ao protocolo de estresse.

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

1

261

521

781

1041

1301

1561

1821

2081

2341

2601

direita-água

esquerda-sacarose

SESSÃO 13

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

1

337

673

1009

1345

1681

2017

2353

2689

3025

3361

direita-sacarose

esquerda-água

SESSÃO 14

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

1

272

543

814

1085

1356

1627

1898

2169

2440

direita-sacaroseesquerda-água

SESSÃO 15

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

45001

257

513

769

1025

1281

1537

1793

2049

2305

2561

2817

direita-água

esquerda-sacarose

SESSÃO 16

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

1

372

743

1114

1485

1856

2227

2598

2969

3340

direita-sacaroseesquerda-água

SESSÃO 17

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

1

308

615

922

1229

1536

1843

2150

2457

2764

3071

3378

direita-sacarose

esquerda-água

SESSÃO 18

Page 77: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

64

esquerda, não se observa uma taxa de respostas maior na barra correspondente à água com

sacarose, mas nota-se um aumento na taxa de respostas nesta barra do meio para o final da

sessão. Na sessão seguinte (15), sem a mudança dos lados de apresentação dos estímulos,

observa-se uma taxa de respostas maior na barra correspondente à água com sacarose.

Na sessão 16, há uma inversão nos lados de apresentação dos estímulos – água com

sacarose na barra da esquerda e água na barra da direita e observa-se uma taxa de respostas

maior na barra correspondente à água com sacarose. Na sessão 17, então, muda-se o lado

de apresentação dos estímulos – água com sacarose na barra da direita e água na barra da

esquerda, e não se observa uma taxa de respostas maior na barra correspondente à água

com sacarose. Nota-se, da mesma maneira que na sessão 14, um aumento na taxa de

respostas nesta barra (direita) do meio para o final da sessão.

Na sessão 18, sem ter havido mudança no lado de apresentação dos estímulos,

observa-se uma taxa de respostas maior na barra (direita) correspondente à água com

sacarose.

Nota-se, de maneira semelhante ao sujeito 06, que independentemente do lado em

que se apresentam os estímulos (água na direita e água com sacarose na esquerda ou água

com sacarose na direita e água na esquerda), o sujeito tende a apresentar uma taxa maior de

respostas do lado correspondente ao estímulo água com sacarose.

Nas sessões 14 e 17, que foram sessões nas quais houve uma mudança na posição

de apresentação dos estímulos, parece que o lado exerceu ainda algum controle sobre o

desempenho do sujeito, ficando a preferência pelo estímulo água com sacarose mais clara

nas sessões seguintes (15 e 18).

Observa-se ainda, que nas sessões 13, 14, 15, 16, 17 e 18 o sujeito deu,

aproximadamente de 3000 a 4000 respostas por sessão.

Page 78: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

65

Os dados das seis últimas sessões desta fase indicariam, portanto, uma preferência

pela água com sacarose, de ambos os sujeitos, em uma situação operante, de esquema

concorrente FR15 – FR15.

Após as seis semanas de submissão ao protocolo de estresse, o sujeito 07 foi

novamente submetido à medida de preferência pelo estímulo reforçador em um esquema

concorrente FR15 – FR15, com água em um dos lados e água com sacarose do outro, para

que se pudessem verificar possíveis efeitos da submissão ao protocolo de estresse na

preferência pelo estímulo reforçador água com sacarose.

A Figura 14 mostra a taxa acumulada de respostas do sujeito 07 nas quatro

primeiras sessões da fase operante de medida de preferência pelo estímulo reforçador após

a submissão ao protocolo de estresse.

Na sessão 01, a barra da direita correspondeu à sacarose e a barra da esquerda à

água. O sujeito apresentou maior taxa de respostas na barra da direita. Na sessão 02,

mudou-se a posição de apresentação dos estímulos – água na direita e água com sacarose

na esquerda – e o sujeito apresentou maior taxa de respostas na barra da esquerda.

Na sessão 03, inverteu-se novamente a posição de apresentação dos estímulos –

água com sacarose na direita e água na esquerda – e a maior taxa de respostas

correspondeu à barra da esquerda. Somente no final da sessão houve um aumento na taxa

de respostas na barra da direita. Na sessão 04 mantiveram-se, então, as posições de

apresentação dos estímulos e a maior taxa de respostas correspondeu à barra da direita.

Observou-se, portanto, desde as primeiras sessões, uma aparente preferência pelo

estímulo água com sacarose, além de uma influência da posição dos estímulos quando da

Page 79: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

FIGURA 14: Taxa acumulada de respostas do sujeito 07 nas primeiras sessões (01, 02, 03 e 04) da fase operante após exposição ao protocolo de estresse.

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

45001

167

333

499

665

831

997

1163

1329

1495

1661

1827

1993

2159

2325

2491

2657

2823

2989

3155

3321

3487

3653

direita-sacarose

esquerda-água

SESSÃO 01

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

1

174

347

520

693

866

1039

1212

1385

1558

1731

1904

2077

2250

2423

2596

2769

2942

3115

3288

3461

3634

direita-água

esquerda-sacarose

SESSÃO 02

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

1

167

333

499

665

831

997

1163

1329

1495

1661

1827

1993

2159

2325

2491

2657

2823

2989

3155

3321

3487

3653

direita-sacarose

esquerda-água

SESSÃO 03

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

1

124

247

370

493

616

739

862

985

1108

1231

1354

1477

1600

1723

1846

1969

2092

2215

2338

2461

2584

2707

direita-sacarose

esquerda-água

SESSÃO 04

Page 80: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

66

mudança dessa (03). Em uma segunda sessão com os estímulos apresentados do mesmo

lado, o sujeito apresenta maior taxa de respostas na barra correspondente à água com

sacarose (sessão 04).

A Figura 15 mostra a taxa acumulada do sujeito 07 nas cinco últimas sessões (11,

12, 13, 14 e 15) da medida de preferência pelo estímulo reforçador após a submissão aos

estressores.

Na sessão 11, observa-se que o sujeito apresenta maior taxa de respostas na barra

correspondente à água com sacarose (esquerda). Na sessão seguinte (12), trocou-se a

posição e apresentação dos estímulos – água com sacarose na direita e água na esquerda e a

maior taxa de respostas deu-se na barra da esquerda. Não se observa aumento significativo

da taxa de respostas na barra correspondente à água com sacarose conforme ocorreu nas

sessões 15 e 18 da medida de preferência pelo estímulo reforçador antes da submissão ao

protocolo de estresse.

Na sessão 13, não se altera a posição de apresentação dos estímulos e verifica-se

maior taxa de respostas na barra da direita, correspondente à água com sacarose.

Na sessão 14, altera-se novamente a posição de apresentação dos estímulos – água

com sacarose na esquerda e água na direita – e se observa maior taxa de respostas na barra

da direita. Novamente, de maneira semelhante à sessão 12, não se observa aumento

significativo na taxa de respostas na barra da esquerda, apesar de verificar-se um pequeno

aumento nessa no final da sessão.

Na sessão 15, sem haver alteração na posição de apresentação dos estímulos,

observa-se maior taxa de respostas na barra correspondente à água com sacarose.

Page 81: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

FIGURA 15: Taxa acumulada de respostas do sujeito 07 nas últimas sessões (11, 12, 13, 14 e 15) da fase operante, após a exposição aos estressores.

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

1

208

415

622

829

1036

1243

1450

1657

1864

2071

direita-água

esquerda-sacarose

SESSÃO 11

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

1

369

737

1105

1473

1841

2209

2577

2945

3313

3681

direita-sacarose

esquerda-água

SESSÃO 12

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

1

245

489

733

977

1221

1465

1709

1953

2197

direita-sacarose

esquerda-água

SESSÃO 13

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

45001

250

499

748

997

1246

1495

1744

1993

2242

2491

2740

direita-água

esquerda-sacarose

SESSÃO 14

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

1

221

441

661

881

1101

1321

1541

1761

1981

2201

2421

direita-água

esquerda-sacarose

SESSÃO 15

Page 82: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

67

Nota-se que o sujeito tende a apresentar maiores taxas de respostas na barra

correspondente à água com sacarose, independentemente do lado que essa se apresenta a

ele. Exceção ocorre nas sessões nas quais há uma mudança na posição de apresentação dos

estímulos – em uma sessão apresenta-se a água na barra da direita e a água com sacarose

na barra da esquerda, observa-se maior taxa de respostas na barra correspondente à água

com sacarose e na sessão seguinte apresenta-se a água com sacarose na barra da direita e a

água na barra da esquerda e nota-se uma maior taxa de respostas na barra correspondente à

água. Observa-se, então, maior taxa de respostas na barra correspondente à água com

sacarose na segunda sessão com os estímulos apresentados na mesma posição. Exemplo

disso são as sessões 13 e 15.

O resultados observados na fase operante de medida de preferência pelo estímulo

reforçador parecem demonstrar que os sujeitos 06 e 07 apresentam preferência pelo

estímulo água com sacarose e que, portanto, este teria maior valor reforçador que a água

nestas condições.

Após a submissão ao Chronic Mild Stress, aparentemente, o desempenho do sujeito

06 tem uma alteração.

O sujeito 06 parece não preferir o estímulo água com sacarose nas primeiras 04

sessões. Talvez o sujeito estaria, nestas sessões, entrando novamente em contato com os

dois estímulos reforçadores e apresentando preferência pelo lado direito. O sujeito

apresentou preferência pela água com sacarose na quinta sessão. Assim, parece que o CMS

tem o efeito de diminuir o valor reforçador do estímulo também em uma medida operante.

No entanto, diferentemente do que ocorre nos testes de consumo de líquido, em que a

preferência dos sujeitos pela água com sacarose mantém-se baixa após o término da

apresentação dos estressores, a exposição contínua à condição operante parece produzir o

Page 83: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

68

efeito de restabelecimento da preferência pela água com sacarose, tanto na situação

operante quanto nos testes de consumo de líquido.

Quanto ao sujeito 07, não se observa uma mudança na preferência pela água com

sacarose desde as primeiras sessões de medida de preferência operante após o CMS. Nota-

se, por outro lado, um efeito do CMS nos resultados relativos aos testes de consumo de

líquido. Nesses, observa-se uma diminuição no consumo total de líquido e na preferência

pela água com sacarose com a apresentação crônica dos estressores suaves, a qual tende a

voltar a aumentar com o término da submissão ao estresse e o início da fase operante.

Nesse sentido, parece que a submissão a uma medida operante de preferência pelos

mesmos estímulos reforçadores que são utilizados nos testes de consumo de líquido

interfere nestes últimos, no sentido de aumentar a preferência pela água com sacarose.

Page 84: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

69

DISCUSSÃO

Alterações de peso

Em relação ao controle de peso dos sujeitos, não se observou uma diminuição a

menos de 80% do peso ad lib no peso dos sujeitos submetidos a estresse. Dado que esta é

uma redução usual em muitos estudos, não se deveria atribuir à diminuição de peso, em si,

os resultados decorrentes da submissão ao protocolo de estresse.

Poder-se-ia supor que o peso dos sujeitos (05, 06, 07 e 08) diminuiu por causa da

privação de água (que foi mantida) e por causa de um consumo menor de líquido que os

testes demonstraram. Assim, embora se possa dizer que os sujeitos consumiram menos

líquido e diminuíram a preferência por água com sacarose como efeito do estresse, não se

poderia dizer que o efeito do estresse é decorrente da perda de peso. Pode-se, ainda, estar-

se diante de outro efeito do estresse: diminuição de peso decorrente de uma provável

diminuição do consumo de alimento/ água cotidiano. No presente trabalho, entretanto, não

foram realizadas medidas de consumo de água e comida cotidianos que permitiriam uma

afirmação a respeito deste outro efeito, mas esta poderia ser uma questão a se investigar.

Testes semanais de consumo de líquido

Os resultados de Willner e cols. (1987) mostraram um decréscimo no consumo de

água com sacarose e de água, nos sujeitos submetidos aos estressores em comparação aos

animais do grupo controle, já nas primeiras três semanas de teste. Notou-se, no estudo

destes autores, ainda, que o consumo de água não foi maior que o consumo de água com

sacarose em nenhum dos testes, apesar do decréscimo do consumo dos dois líquidos.

Em relação à preferência, os autores (1987) afirmam ter observado uma mudança a

partir da quarta semana de submissão aos estressores. A preferência pela água com

Page 85: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

70

sacarose nos animais estressados teria sido significativamente reduzida em relação aos

sujeitos do grupo controle. Estes últimos teriam, ainda, apresentado um aumento no

consumo de e na preferência por água com sacarose no decorrer das semanas.

Willner e cols. (1987) não apresentaram resultados individuais dos sujeitos ou uma

comparação intra sujeitos: realizaram uma análise de preferência com base na porcentagem

de água com sacarose consumida pelos sujeitos no decorrer dos testes semanais, tomando

por base (100%) o consumo total de líquido dos sujeitos por teste, e apresentaram os

resultados comparando o grupo experimental com o grupo controle. Nos resultados são

apresentados apenas o consumo de água com sacarose no teste realizado antes da

submissão aos estressores e a partir da terceira semana de estresse, quando a porcentagem

de consumo de água com sacarose dos sujeitos submetidos ao estresse foi próxima de 80%

daquilo que era consumido antes desta submissão, decrescendo até aproximadamente

60/70% a partir da quarta, até a sétima semana. Nesse sentido, parece ter havido também

uma redução na porcentagem de consumo de água com sacarose nestes sujeitos, quando se

comparou seu consumo antes da submissão ao protocolo de estresse e a partir da terceira

semana de apresentação dos estressores. Segundo Willner e cols. (1987) observou-se,

ainda, que a redução na quantidade de consumo de líquido e na preferência por sacarose

manteve-se por um período de 2 a 4 semanas após o término da exposição aos estressores,

naqueles sujeitos que não foram submetidos ao tratamento crônico com

desmetilemipramina (DMI). Nos sujeitos para os quais se administrou continuamente DMI,

por duas semanas, notou-se um aumento no consumo de água com sacarose e a

reinstalação da preferência

Os resultados obtidos com os sujeitos 05 e 08, no presente estudo, indicam uma

diminuição no consumo total de líquido (de 39 ml para 08 ml para o sujeito 05 e de 46 ml –

Page 86: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

71

para 15 ml para o sujeito 08) e na preferência por água com sacarose (22% do consumo em

relação aos testes 01, 02 e 03 para o sujeito 05 e 37,5% para o sujeito 08/ de 87% de

consumo de água com sacarose para 62,5% para o sujeito 05 e de 91,3% para 71,4% para o

sujeito 08), e uma manutenção dessa diminuição após o término da exposição aos

estressores, e, portanto, assemelham-se aos de Willner e cols. (1987) em relação ao grupo

de sujeitos submetidos ao protocolo de estresse.

Os resultados dos testes de consumo de líquido semanais dos sujeitos 06 e 07, até o

término na exposição ao protocolo de estresse (teste 10) e, portanto, antes da submissão à

fase operante, assemelham-se aos dos sujeitos 05 e 08 e, portanto, aos obtidos por Willner

e cols. (1987) com os sujeitos submetidos ao estresse, pois a submissão ao protocolo de

estresse também produziu um decréscimo no consumo de líquido (de 28 ml para 10 ml

para o sujeito 06 e de 33 ml para 09 ml para o sujeito 07) e na preferência pela água com

sacarose (32,8% do consumo de água com sacarose em relação aos testes 01, 02 e 03 para

o sujeito 06 e 26,4% para o sujeito 07/ de 83,6% de consumo de sacarose para 58,8% para

o sujeito 06 e de 78,8% para 62,5% para o sujeito 07).

Vale considerar que, no presente estudo, não foi realizada uma medida por grupo.

Os resultados obtidos nos testes semanais de consumo de líquido foram analisados

individualmente, por sujeito. Supôs-se, neste estudo que outra medida de porcentagem,

tendo por base o consumo antes do estresse, poderia facilitar a análise dos dados, no que se

refere à análise de preferência por um estímulo. Willner e cols. (1987) compararam a

preferência dos sujeitos submetidos ao estresse com a do grupo controle e mostraram

grande diferença na preferência entre os dois grupos. Ao se analisar individualmente a

preferência pelos estímulos, comparando-se consumo durante o estresse com consumo

antes do estresse, no presente estudo, observou-se que a porcentagem de consumo tendo-se

Page 87: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

72

como base (100%) o consumo total de líquido por teste não mostrava claramente uma

diminuição na preferência, pois o consumo de água nos testes (principalmente a partir do

teste 06 – conforme observado na Figura 03) já foi muito baixo e, portanto, mesmo

diminuindo a quantidade que a água com sacarose, esta não poderia diferenciar-se, em

mililitros, de maneira relevante.

Verificou-se, então, no presente estudo, que o consumo total de líquido e a

preferência pela água com sacarose decresceram com a submissão ao protocolo de estresse,

principalmente após a quarta semana de exposição, para todos os sujeitos (05, 06, 07e 08),

replicando-se o fenômeno observado por Willner e cols. (1987) com o grupo de sujeitos

estressados.

Poder-se-ia supor que a passagem por uma situação na qual a consequência

depende da resposta do sujeito interferiria nos efeitos do estresse sobre os resultados nos

testes de consumo de líquido durante a submissão aos estressores, cuja apresentação

independia das respostas dos sujeitos. A passagem por uma situação de dependência entre

resposta e consequência poderia, por exemplo, evitar a diminuição do consumo de água

com sacarose no decorrer das semanas de exposição aos estressores. Esta suposição se

apóia na afirmação de Seligman (1975) de que sujeitos que foram submetidos a choques

“controláveis” não se tornavam “desamparados”, isto é, uma vez aprendida a relação

resposta-consequência, os sujeitos continuam a emitir repostas que produzem as

consequências.

Medida operante de preferência e testes de consumo de líquido

Dois sujeitos do presente estudo (06 e 07) passaram por uma contingência na qual o

responder produziu água com sacarose ou água,, na fase operante, em esquema concorrente

FR15 – FR15: por 05 semanas, o comportamento destes sujeitos produziu,

Page 88: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

73

diferencialmente, reforçadores. Esta contingência parece não ter sido condição para mudar

o desempenho dos sujeitos em relação ao consumo de água e água com sacarose durante o

estresse, nas situações de teste. Parece importante considerar, no entanto, que se observou

claramente preferência pelo estímulo reforçador água com sacarose na condição operante,

antes da exposição ao CMS. Nesta condição, a água com sacarose teve maior valor

reforçador (o sujeito trabalhou mais por este estímulo) que a água, o que foi coerente com

o desempenho de beber do sujeito nos testes de consumo de líquido semanais.

No primeiro teste de consumo de líquido, o consumo de água com sacarose dos

sujeitos 05 e 08 foi próximo ao da água, tanto em comparação com os outros dois testes

antes da submissão ao protocolo de estresse quanto em comparação aos sujeitos 06 e 07,

que já haviam tido contato com estes dois estímulos na fase operante. Aparentemente,

portanto, o contato prévio com os estímulos pode ter interferido neste teste. Nos dois testes

posteriores, no entanto, os sujeitos 05 e 08 apresentaram maior consumo de água com

sacarose, o que sugere que um contato com o estímulo no teste foi suficiente para

estabelecer a preferência pela água com sacarose.

Um outro estudo no qual houvesse uma exposição contínua de sujeitos a uma

situação operante durante a submissão aos estressores, poderia produzir resultados mais

claros sobre o efeito da submissão ao Chronic Mild Stress sobre o desempenho operante e

do desempenho operante sobre o consumo de água e de água com sacarose nos testes de

consumo de líquido.

Neste estudo observou-se que o baixo consumo de líquido e a preferência por água

com sacarose tendem a permanecer bem abaixo da linha de base (próximos ao que se

Page 89: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

74

observa nos três últimos testes – 08, 09 e 10 – realizados nas três últimas semanas de

exposição aos estressores), nos sujeitos 05 e 08, mesmo após o final do protocolo de

estresse (testes 11, 12 e 13). No presente estudo, não se submeteu os sujeitos a tratamento

com drogas (como fez Willner e cols.) , mas os sujeitos 06 e 07 foram novamente

expostos, ao final de seis semanas de protocolo de estresse, à medida operante de

preferência pelo estímulo reforçador.

Nos sujeitos 06 e 07, após o término da exposição aos estressores e, portanto, após

o início da (segunda) fase operante, observou-se um aumento no consumo total de líquido,

principalmente de água com sacarose, e um aumento na preferência por água com

sacarose. Nesse sentido, parece que o efeito da submissão à fase operante depois do

estresse foi semelhante ao efeito da droga antidepressiva (DMI), de aumentar o consumo

de água com sacarose e reinstalar a preferência por este estímulo nos testes semanais de

consumo de líquido conduzidos na gaiola viveiro. Ou seja, diferentemente do observado

quanto à interferência da contingência operante anterior ao estresse sobre o efeito do CMS,

a submissão a uma condição operante depois do estresse parece ter produzido efeitos no

sentido de reverter o decréscimo no consumo de água com sacarose produzido pela

submissão aos estressores.

Medida operante de preferência pelo estímulo reforçador

Em relação aos resultados da fase operante de medida de preferência pelo estímulo

reforçador antes da submissão ao Chronic Mild Stress, os sujeitos 06 e 07 tiveram uma

clara preferência pelo estímulo água com sacarose e, portanto, este estímulo poderia ter

maior valor reforçador que a água nesta condição, dada a grande diferença nas taxas de

Page 90: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

75

respostas nas barras correspondentes à água com sacarose em comparação à da água, uma

vez superado um controle inicial pela posição da barra sobre o responder.

Supondo-se que um esquema concorrente FR-FR fornece uma medida de

preferência por um estímulo reforçador e que se pode afirmar que o valor reforçador de um

estímulo pode ser inferido da taxa de respostas que têm como consequência este estímulo,

considera-se que o estímulo que controla a maior taxa de respostas é aquele que tem maior

valor reforçador. Assim, parece ser possível afirmar, com base nos dados acima descritos,

que a submissão ao protocolo de estresse produziu o efeito de diminuição do valor

reforçador da água com sacarose nas primeiras sessões após esta experiência, pelo menos

para o sujeito 06.

Para o sujeito 07, observou-se também uma preferência pela água com sacarose nas

sessões anteriores à submissão aos estressores. Nas sessões posteriores, o sujeito 07, desde

o início, mostrou ter preferência pela água com sacarose. Nesse sentido, parece que a

exposição ao protocolo de estresse não teria produzido efeito, em relação à medida

operante, neste sujeito. Uma pergunta que teria que ser feita é se a diminuição na

preferência por água com açúcar nos testes durante o estresse, para este sujeito, significou

ou não uma diminuição no valor reforçador da água com sacarose. Ou se a mera exposição

a uma situação em que antes o sujeito produzia o estímulo reforçador água com sacarose

teria sido suficiente como uma espécie de operação estabelecedora que aumentaria o valor

reforçador do estímulo água com sacarose. Ou ainda se, para este sujeito, a diferença na

concentração de água com sacarose, na sessão operante, seria a diferença entre um

estímulo reforçador de valor mais baixo (água com 2% de sacarose) para um estímulo

reforçador com maior valor (água com 8% de sacarose).

Page 91: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

76

Parece relevante considerar que a preferência pelo estímulo água com sacarose foi

demonstrada, no presente estudo, no esquema concorrente FR15 – FR15, com uma

concentração de 8% de sacarose, enquanto que a concentração de sacarose no estímulo

água com sacarose utilizado nos testes semanais de consumo de líquido conduzidos na

gaiola viveiro, foi de 2%. A maior concentração de sacarose na condição operante pode ter

influenciado o desempenho dos sujeitos (neste caso parece que do sujeito 07 mais do que

do 06), intervindo, portanto, sobre a preferência pela água com sacarose medida na

condição operante utilizada. Pode, também, ter interferido no desempenho posterior dos

sujeitos 06 e 07, no efeito produzido pelo CMS, nos testes de consumo de líquido, quando

aparentemente os animais do operante se diferenciam.

Em relação a esta questão, seria importante fazer outros estudos que utilizassem

medidas operantes outras de preferência por estímulo reforçador.

Independência entre apresentação dos estressores e respostas dos sujeitos

Durante a fase de submissão ao Chronic Mild Stress (CMS), os estressores foram

apresentados aos sujeitos segundo um protocolo, independentemente do comportamento

desses. Segundo Seligman (1975), a independência entre uma resposta do sujeito e as

consequências ambientais, caracteriza uma situação de “incontrolabilidade”. Nesse sentido,

pode-se afirmar que a submissão dos sujeitos do presente estudo ao protocolo de estresse

colocou-os em uma situação de incontrolabilidade.

De maneira diferente, na fase operante, a apresentação dos estímulos água e água

com sacarose dependia do responder dos sujeitos. Assim, durante a fase operante houve

uma condição de dependência entre resposta e consequência.

Considerando-se os experimentos de Desamparo Aprendido com ratos (Hunziker,

1981) que demonstram que o efeito da “incontrolabilidade” nestes animais é uma

Page 92: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

77

aprendizagem lenta, quando se lida com uma resposta aprendida anteriormente, pode-se

supor que a submissão aos estressores independentes das respostas do sujeitos poderia

deixar mais lento o controle da resposta do sujeito pelo estímulo reforçador que

anteriormente a controlava. Isto pode ter ocorrido com o sujeito 06, que demorou cinco

sessões, após a submissão aos estressores, para voltar a apresentar maior taxa de respostas

nas barras correspondentes à água com sacarose. Para o sujeito 07, apesar das taxas mais

altas de repostas ocorrerem nas barras correspondentes à água com sacarose, nota-se que a

taxa total de respostas é mais baixa nas duas primeiras sessões operantes pós-estresse

(comparada com as sessões antes do estresse), o que poderia indicar um rebaixamento

geral nos valores reforçadores de ambos os estímulos - água e água com sacarose - nestas

sessões.

Esta mudança no desempenho dos sujeitos observada nas cinco primeiras sessões

operantes após a submissão ao estresse, para o sujeito 06 e nas duas primeiras para o

sujeito 07, poderia talvez ser mais bem investigada se houvesse sujeitos submetidos

somente à condição operante, durante as treze semanas nas quais foi realizado o presente

estudo, sem serem submetidos ao protocolo de estresse; e sujeitos submetidos à condição

operante nas quatro semanas anteriores ao início do protocolo de estresse e então

submetidos novamente à condição operante, após seis semanas, por mais três semanas, sem

terem sido submetidos aos estressores. O padrão de respostas destes sujeitos no decorrer

das semanas indicaria uma possível interferência do tempo sobre a taxa de respostas dos

sujeitos que indicariam o valor reforçador dos estímulos e a preferência pela água com

sacarose.

A submissão a uma situação de independência entre resposta e consequência faz,

ainda, com que os sujeitos fiquem com uma atividade mais lenta (Hunziker, 1981). Assim,

Page 93: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

78

uma outra questão que fica é a de se a queda no consumo de água com sacarose e de água

nos testes de consumo de líquido semanais durante a exposição aos estressores (para os

sujeitos 06 e 07) e durante e após a submissão aos estressores (sujeitos 05 e 08) seria

consequência da baixa de atividade geral do sujeito, efeito da exposição a estressores

independentes da resposta dele. No presente trabalho, não há uma medida de atividade

conduzida na gaiola viveiro, que pudesse indicar a diminuição da atividade do sujeito

como produto da submissão aos estressores. Um estudo que fizesse este tipo de medida

poderia responder a esta questão e talvez indicar uma outra variável de controle sobre o

consumo de líquido e a preferência por água com sacarose, além da diminuição no valor de

recompensa do estímulo conforme sugerido por Willner e cols. (1987).

De qualquer maneira, não se pode afirmar que houve indício de desamparo

aprendido nestes sujeitos: parece não haver um efeito cognitivo (os sujeitos 05 e 08 não

param de beber, apesar de beber menos e o sujeito 06 e 07 voltam a pressionar a barra) e

não parece ter havido déficit motivacional (a diminuição na taxa de respostas dos sujeitos

06 e 07 é muito baixa e aparentemente os ratos não ficaram "emocionalmente" diferentes).

Page 94: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

79

Desamparo Aprendido e Chronic Mild Stress

Segundo Hunziker (1997), apesar da definição de depressão encontrada na

literatura médica, apresentar classificações e listagens de sintomas, como humor

deprimido, perda de prazer/ interesse, passividade, falta de entusiasmo etc, o analista do

comportamento deveria identificar as relações entre as respostas do indivíduo deprimido e

os eventos que ocorrem no ambiente. Assim, dever-se-ia analisar funcionalmente o

repertório comportamental deste indivíduo.

Ferster (1973) considera que a depressão poderia ser definida como uma falta de

estímulos reforçadores. Nesse sentido, o indivíduo deprimido emitiria uma freqüência

baixa de respostas, principalmente aquelas seguidas por conseqüências reforçadoras.

Em algumas situações (como por exemplo a morte de alguém querido, separação

conjugal e perda de emprego) os estímulos reforçadores são suprimidos do ambiente, o que

explicaria a baixa freqüência de respostas, isto é, a freqüência de respostas diminui porque

estímulos anteriormente reforçadores tornam-se indisponíveis. Mas há situações nas quais

a falta de estímulos reforçadores seria decorrente da baixa (ou ausência) emissão de

repostas, ou seja, os reforçadores estão disponíveis, mas o sujeito não emite as respostas

que os produziriam. De qualquer maneira, a falta de reforçamento parece ser o aspecto

crucial da depressão.

Pode-se, então, identificar que contingências poderiam produzir a baixa freqüência

de respostas. Ferster (1973) aponta a extinção como um exemplo. Alguns reforçadores

disponíveis no passado podem tornar-se inacessíveis (como nos exemplos citados acima) e

conseqüentemente as respostas que os produziam diminuem de freqüência. Se essas

respostas não forem substituídas pelo indivíduo por outras que poderiam ser reforçadas,

será mantido o quadro de baixo reforçamento.

Page 95: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

80

Hunziker (1995) considera que a extinção não seria o único processo que produziria

depressão e afirma que a proposta do desamparo aprendido (Seligman, 1977) aponta que

há situações, que não a extinção, que podem ensinar ao indivíduo que aspectos do

ambiente (como os reforçadores) não estão sob seu controle (não podem ser produzidos

por suas respostas). Conforme apresentado anteriormente, o modelo do desamparo

aprendido (Seligman, 1977) sugere que um indivíduo que passa por uma condição na qual

eventos aversivos (como choques) ocorrem independentemente de suas respostas,

aprenderia que não há relação entre suas respostas e o que ocorre no ambiente, o que pode

ser generalizado para contingências reforçadoras posteriores. Assim, o indivíduo passaria a

emitir menos respostas e, portanto, a ser menos reforçado.

O modelo do Chronic Mild Stress (CMS) proposto por Willner e cols. (1987) parece

sugerir uma outra explicação para a baixa nos reforçadores. O efeito do acesso a eventos

aversivos independentes das respostas dos sujeitos não produziria um déficit na

aprendizagem da relação entre resposta e conseqüência e sim uma diminuição no valor de

recompensa destas conseqüências.

O presente trabalho demonstrou que o que os autores (1987) consideram uma

diminuição no “valor de recompensa” do estímulo, aparentemente é sinônimo de

diminuição no “valor reforçador” do estímulo. Nesse sentido, a baixa na freqüência de

respostas não seria decorrente da aprendizagem de independência entre estímulos do

ambiente e respostas, e sim do fato de que os estímulos reforçadores deixariam de sê-lo e,

conseqüentemente, não aumentariam a probabilidade futura de ocorrência das respostas

que os antecederam. Assim, as respostas deixariam de ser emitidas porque os estímulos

que produzem não mais teriam valor reforçador para mantê-las.

Severidade dos estressores e analogias

Page 96: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

81

O modelo do desamparo aprendido (Seligman, 1975) parece referir-se, ou, ser

análogo, a casos nos quais a depressão humana é desencadeada por eventos que ocorrem

independentemente do que o sujeito faz (incontroláveis), como por exemplo a morte de um

ente querido, demissão no emprego, dificuldades financeiras, etc. Esses fatos, além de

gerarem extinção, parecem poder ter também o efeito de diminuir a emissão de outras

respostas, mantidas por outros reforçadores, o que caracterizaria um quadro de depressão.

Diferentemente do desamparo aprendido (Seligman, 1975), o modelo do CMS

(Willner e cols., 1987) não se refere a eventos extremamente aversivos e, portanto, parece

não ser análogo àquilo que é proposto por Seligman (1975). Uma outra diferença consiste

no fato de que os autores (1987) não propõem um modelo de depressão e sim de anedonia.

Uma contribuição do CMS (Willner e cols., 1987) parece ir além da

.“incontrolabilidade”ou da aversividade dos estímulos apresentados. Os autores utilizaram

estressores “suaves”, isto é, que isoladamente ou por um período curto de tempo, mesmo

que “incontroláveis”, não têm efeito sobre o valor reforçador20 de um estímulo. Portanto,

além da “incontrolabilidade”, a cronicidade e a variabilidade de estímulos parecem ser

variáveis importantes. Traçando-se um paralelo com a vida diária de humanos, o CMS

parece uma tentativa de investigar, em situação controlada de laboratório, os efeitos do

estresse diário ou, se a anedonia pode ser produzida pelo estresse diário. Análogos aos

estressores apresentados cronicamente aos ratos, seriam o trânsito, a poluição visual,

auditiva e química, as refeições em diferentes horários, o sono dificultado por uma obra na

rua, a inconsistência nos horários do sono, os pequenos imprevistos na vida familiar,

social, afetiva e profissional, etc, os quais ocorrem de maneira crônica, variável e

“incontrolável” aos indivíduos.

20 Os resultados do presente trabalho parecem permitir que o termo “valor de recompensa” utilizado pelosautores (1987) possa ser substituído por “valor reforçador”.

Page 97: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

82

Aparentemente, o modelo do CMS (Willner e cols., 1987) propõe que o contato

crônico, “incontrolável” e variável com esses (ou alguns desses) eventos estressores que,

de maneira aguda e isolada parecem não ter efeito sobre o homem, poderia produzir

pessoas “insensíveis” a conseqüências anteriormente reforçadoras.

Parece relevante notar que o efeito dos estressores crônicos e suaves sobre o valor

reforçador do estímulo não é observado quando o estímulo tem alto valor reforçador (como

água com 30% de sacarose). Nesse sentido, não se poderia afirmar que o CMS afetaria

aspectos da vida aparentemente de grande valor reforçador (como por exemplo, talvez, o

nascimento de um filho ou uma promoção no emprego). Parece referir-se mais claramente

àquelas pessoas que aparentemente não são “afetadas” pelas conseqüências decorrentes de

respostas como ler um livro, passear no parque, brincar com o filho, almoçar com os

amigos, sair com os amigos, um bom desempenho num dia de trabalho, ouvir música, ir ao

teatro, ir ao cinema, visitar um amigo, engajar-se num hobby, viajar, etc. Aparentemente, o

CMS propõe que o estresse crônico e suave diminui o valor reforçador destes estímulos e,

conseqüentemente, estas respostas diminuem de freqüência. A “perda de prazer” e a “falta

de reatividade a estímulos prazerosos” encontrados na definição médica da melancolia

talvez refiram-se a esta diminuição do valor reforçador do estímulo em decorrência do

CMS.

Os resultados do presente trabalho parecem apresentar, ainda, uma outra implicação

relevante. Eles indicam que a exposição à condição operante parece ter o mesmo efeito da

droga antidepressiva utilizada por Willner e cols. (1987). Isso indicaria que a submissão a

uma condição na qual respostas dos sujeitos produzem consequências reforçadoras e que,

portanto, as consequências são dependentes da resposta (diferentemente da situação de

estresse, na qual os eventos aversivos independiam da resposta do sujeito) pode reverter o

efeito da diminuição do valor reforçador do estímulo.

Page 98: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

83

Estes resultados indicariam, portanto, uma possibilidade de tratamento de pessoas

expostas ao estresse ou de pessoas deprimidas que não a terapia medicamentosa, pois,

aparentemente, os efeitos da exposição crônica aos estressores suaves poderiam ser

revertidos pela submissão (também crônica) do indivíduo a uma condição na qual as suas

respostas produzam um estímulo reforçador, talvez num ambiente diferente daquele no

qual houve a presença de estressores.

Page 99: O Efeito da Submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o

84

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