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O CRESCIMENTO DA ÁREA URBANA DE ASSIS CHATEAUBRIAND – PR1

Maria Lenita Tamparowsky de Oliveira2

Reinaldo Aparecido de Lima3

Resumo

Ao longo do contexto histórico e geográfico, o ser humano se desloca em busca de melhores condições de vida. Um dos deslocamentos populacionais que mais chama atenção é denominado como êxodo rural. E essa compreensão deve ser propiciada aos educandos, de acordo com as novas funções e dependência do meio rural e urbano. Este trabalho propõe o entendimento do crescimento do meio urbano, especificamente dos bairros Europa e Paraná, em Assis Chateaubriand – PR, por pessoas oriundas do meio rural. Esses bairros são praticamente residenciais que foram loteados na década de 1980, mas que, anteriormente, por muito tempo, foram área para o cultivo de produtos agrícolas. No início nesses bairros havia um número reduzido de construções e, portanto, para não deixar “criar mato”, essa área urbana servia para o cultivo de diversos produtos agrícolas. Durante o Programa de Desenvolvimento Educacional do Estado do Paraná no ano 2010, buscou-se desenvolver atividades geográficas com educandos do Ensino Fundamental para se apropriarem de conhecimento do meio local, de acordo com o fenômeno do êxodo rural, consequentemente a expansão de bairros na área urbana do município.

Palavras-chave: Ensino da Geografia, educando, crescimento da área urbana,

bairros Europa e Paraná.

1 Artigo produzido como requisito de conclusão do Programa de Desenvolvimento Educacional –

PDE, 2010, da Secretaria de Estado de Educação. 2 Professora do Estado do Paraná da disciplina de Geografia.

3 Professor da Universidade do Oeste do Paraná – UNIOESTE, orientador.

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Introdução

Refletir sobre as questões que levaram ao crescimento das áreas urbanas,

nos estudos de Geografia, remete-nos a enfatizar procedimentos metodológicos que

possibilitem ao docente e ao educando vivenciarem as questões abordadas no

campo teórico e prático. Isso implica estudar a relação entre ser humano e meio

ambiente.

Na atualidade, o ensino da Geografia está passando por uma reformulação de

acordo com a proposta das Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Partindo de

um pressuposto mais amplo e não apenas por aqueles ostentados na descrição de

espaços, diz-se que a Geografia estuda o ser humano, o meio e suas relações,

sendo que a relação ser humano/meio é a essência do estudo da Geografia. Essa “é

uma relação de trabalho” (ALMEIDA, 1991, p. 85).

Segundo Almeida (1991), é através da prática que cada docente deverá

buscar caminhos que atendam às peculiaridades de sua realidade escolar,

procurando soluções mais eficazes para lidar com os problemas próprios da

situação, tornando-se verdadeiro profissional na arte de educar. Desde as séries

iniciais, é importante que os assuntos estudados tenham embasamento científico, e

que a didática apresentada pelo docente seja pertinente para cada turma conforme

sua faixa etária. Dessa forma, sugerem-se algumas atividades para tornar as aulas

mais agradáveis e atrativas ao docente e aos educandos. Partindo da realidade do

educando, o ensino da Geografia pode extrair sua percepção do espaço vivido, para

isso utilizando relatos orais e escritos, desenhos, mapas, entre outros.

No Brasil, e particularmente no ensino de Geografia, é relevante a

preocupação com a reflexão e investigação em torno da prática pedagógica dos

docentes em todos os níveis de ensino. Diversos autores dedicam-se à tarefa de

produzir conhecimentos e novas metodologias. A ciência geográfica procurou

fortalecer a concepção de seu objeto de estudo apoiando-se na investigação e na

compreensão do desenvolvimento/dinâmica histórico-cultural da sociedade e na

organização do espaço geográfico.

A Geografia deve propiciar a leitura da paisagem e dos mapas como

metodologia de ensino para que o educando, numa prática pedagógica inovadora,

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possa observar, descrever, comparar e analisar os fenômenos observados na

realidade, desenvolvendo habilidades intelectuais mais complexas.

Neste início de século XXI nos deparamos com a intervenção e a dinâmica

informal na reorganização do espaço geográfico e das formas de produção,

consumo e circulação de mercadorias, pessoas e ideias.

Por meio da educação escolar promove-se aprofundamento de

conhecimentos, proporcionando ao docente instrumentos para que o educando

compreenda o mundo em que vive, sendo capaz de atuar sobre o mesmo, de modo

a transformá-lo. De acordo com Cavalcante (1998, p.124), a instituição escolar tem a

possibilidade de contribuir para emancipar o ser humano, torná-lo cidadão

autônomo, consciente, participativo e capaz de conduzir sua própria vida no

cotidiano, isso porque, na escola convivem com uma grande diversidade de valores,

modo de pensar e conhecimentos. Além de atender aos interesses da classe

dominante, da reprodução, da obediência e das práticas alienantes, ou cumprir o

papel a favor da formação consciente que revele aos indivíduos a complexidade do

mundo, é necessário que o educador/professor faça uma reflexão sobre as suas

teorias e práticas em sala de aula. É importante observar que os conteúdos e

saberes geográficos no debate educacional estão voltados ao trabalho pedagógico,

que dê novo significado à concepção de educação e construção de conhecimentos

geográficos.

O autor Cavalcante (1998, p.135) afirma que o ensino de Geografia tem a

função de lidar com a espacialidade e com o conhecimento geográfico de cada um

para provocar alterações no sentido de uma ampliação de visão consciente. Para o

desenvolvimento da prática de ensino no processo de produção e reprodução do

conhecimento geográfico, faz-se necessária a utilização de recursos que auxiliem

essa prática. E enfatizar que essas alterações são possíveis pela reflexão e pelo

exercício de abstração, propiciado com o tratamento de conhecimentos científicos.

Lembramos, ainda, que o papel básico do ensino de Geografia é propiciar

vários recursos para alfabetizar o educando especialmente em diversas escalas,

para compreender noções de espaço, paisagem, Estado, sociedade, no contexto

local, estadual, nacional e global.

É importante ressaltar que, ao trabalhar a disciplina de Geografia, é

necessário explorar diversas linguagens, como: textos, mapas, fotos, gráficos,

ilustrações, vídeos, para melhor compreensão e evolução do espaço geográfico,

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pois, conforme Katuta (2005, p. 2). Apesar da riqueza da linguagem escrita, existem

aspectos da geograficidade dos entes que somente podem ser capturados e

apresentados por imagens. Assim, é importante a utilização de várias linguagens na

produção de material didático, já que a linguagem é um pressuposto que norteia

todo o processo de construção do conhecimento que construímos ao longo de

nossas vidas.

Nas Diretrizes Curriculares, o objeto de estudo da Geografia é o espaço

geográfico, entendido como o espaço produzido e apropriado pela sociedade,

composto pela inter-relação entre sistemas de objetos-naturais, culturais e técnicos

e sistemas de ações/relações sociais, culturais, políticas e econômicas (SANTOS,

1996).

Dessa forma, foi proposto o aprofundamento e a compreensão perante a

importância do ensino da Geografia a partir do crescimento da área urbana e o

esvaziamento populacional no espaço rural, essencialmente possuindo como

referência o município de Assis Chateaubriand, partindo desde as teorias da criação

do universo; fatores de concentração populacional na área urbana, em escala

mundial, nacional e local; aspectos geográficos e históricos do município de Assis

Chateaubriand, entre outros. Partindo da metodologia empírica teórica, com

educandos do Ensino Fundamental, primordialmente ao 5º série A/6º ano A, do

Colégio Estadual "Padre Anchieta" – Ensino Fundamental e Médio, na compreensão

do eventual motivo de muitos agricultores (famílias) saírem do campo e fixarem

residência na cidade, preferencialmente nos bairros Europa e Paraná, do município,

dessa forma apresentando um crescimento da área urbana a partir do êxodo rural.

Desenvolvimento

Um dos objetivos do ensino da Geografia é a organização de conteúdos que

permitam ao educando realizar aprendizagens significativas. Essa é uma concepção

contida em teorias de aprendizagem que enfatizam a necessidade de considerar os

conhecimentos prévios dos educandos e o meio geográfico do qual ele participa.

Compreender a geografia no local em que se vive significa conhecer e aprender

intelectualmente os conceitos e categorias tais como: lugar, paisagem, fluxos de

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pessoas e mercadorias, áreas de lazer, fenômenos e objetos existentes no espaço

urbano e rural. Para ter essa compreensão, é necessário saber manejar os

conceitos, saber ao que eles se referem e que condição teórica expressam. Nessa

perspectiva, torna-se relevante compreender o espaço local, sendo um lugar que

abriga, produz e reproduz culturas, como o modo de vida materializado

cotidianamente.

Segundo Santos (1985), há uma relação entre a sociedade e um conjunto de

formas materiais e culturais. O espaço pode ser entendido como um produto social

em permanente transformação, ou seja, sempre que a sociedade sofre mudança, as

formas (objetos geográficos) assumem novas funções. Novos elementos, novas

técnicas são incorporadas à paisagem e ao espaço, demonstrando a dinâmica

social. Os objetos construídos sobre o espaço são datados e vão incorporando

novas tecnologias e novas formas de produzir.

A opção por trabalhar aspectos geográficos do município de Assis

Chateaubriand é pelo fato de a maioria dos livros didáticos apresentarem conteúdos

de lugares alheios à realidade onde o educando está inserido, sendo que a

elaboração da Unidade Didática não visa substituir o livro didático, mas, sim,

enriquecer o aprendizado do educando.

Sendo assim, a organização de conteúdos permite aos educandos realizar

aprendizagens mais significativas, pois o que ele vai estudar é o local em que ele e

toda sociedade estão inseridos.

Segundo Antonio Carlos Castrogiovanni (2003, p. 78), estudar o município

faz-se importante no processo de construção da sociedade, isto é, como os seres

humanos se relacionam entre si e de que forma estão organizados para prover a sua

subsistência, seja em nível de trabalho, saúde, cultura e lazer. Estudar o município

consiste em levar em consideração como constroem sua história e o espaço que

produzem, como constroem a sua história e qual é o espaço que produzem neste

processo. O município é, como qualquer outro, um conteúdo que poderá ser

relacionado para estudar, pois os conteúdos das diversas séries/anos não estão

prontos e adequados, a priori, às séries em que são trabalhados. Ao trabalhar o

município, no ensino de Geografia, se faz uma opção política, fazendo que o

educando se situe no espaço em que vive e que o compreenda como um processo

em que a sociedade (isto é, nós) o constrói.

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Com o estudo do município, o educando tem condições de reconhecer-se

como cidadão em uma realidade que é a de sua vida concreta, apropriando-se das

informações e compreendendo como se dão as relações sociais e a construção do

espaço. Como explicar ao educando os diferentes bairros residenciais da cidade se

não compreendemos que o sistema capitalista impera no global? Ou, ainda, por que

a agricultura dominante do município é a soja e milho, quando o consumo desses

grãos pela população local é ínfimo? Sendo que grande parte da colheita é

transportada por caminhões para ser comercializada no mercado interno e no

externo.

Entendemos que estudar os níveis de escala significa estudar o globo, os

continentes, os países, a região, o estado, o município, até chegar ao bairro. Assim,

no Ensino Fundamental e Médio, estudar o bairro ou o município é tão necessário e

importante quanto o país ou o continente.

Segundo Straforini (2004, p. 93) o mundo de hoje é globalizado em todas as

dimensões espaciais. Sejam elas as dimensões do bairro ou do país, do local ou do

global, todas se encontram numa íntima relação de proximidade. Na verdade, o

ponto de partida não é o bairro nem o mundo, o que é significativo, mas, sim, o

estabelecimento das relações entre eles. Além disso, é fundamental que o local seja

estudado, uma vez que dá ferramentas aos nossos educandos para que possam

entender com maior facilidade os fenômenos geográficos que o cercam.

Segundo as DCNs (2008), um dos eixos dos conteúdos estruturantes diz

respeito à oportunidade de compreensão do espaço em que os discentes vivem, por

meio do desvendamento das relações oriundas da multiplicidade de escala com que

compõe o território, sem desconsiderar o campo de forças sociais e políticas.

A formação, o crescimento das cidades, a dinâmica dos espaços urbanos e a

urbanização recente constituem um dos conteúdos básicos do Ensino Fundamental,

conteúdos que se articulam com os conteúdos estruturantes, dando maior

enriquecimento para a disciplina de Geografia (DCE, 2008).

Dessa forma, é de suma importância estudar esse tema para se fazer uma

reflexão sobre o crescimento e a preferência da população rural chateaubriandense

por escolher para residir nos bairros Europa e Paraná. O município de Assis

Chateaubriand se localiza na Mesorregião Oeste Paranaense e Microrregião de

Toledo, possuindo uma área de 970 km² e uma população de 33.025 habitantes,

sendo que 29.013 habitantes são urbanos e 4.012 habitantes são rurais (IBGE,

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2010), possuindo como slogan de Cidade Morada Amiga. Segue abaixo uma

ilustração da área urbana de Assis Chateaubriand, essencialmente os bairros

Europa e Paraná, e a sua localização geográfica.

Figura 1: Mapa do Jardim Europa em Assis Chateaubriand - PR Fonte: Arquivo da Prefeitura Municipal de Assis Chateaubriand

Figura 2: Mapa do Jardim Paraná em Assis Chateaubriand - PR Fonte: Arquivo da Prefeitura Municipal de Assis Chateaubriand

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Figura 3: Mapa de localização da cidade de Assis Chateaubriand - PR

Fonte: Base digital Sanepar 1996.

Dessa forma, no processo de organização do espaço, o ser humano age

seletivamente, decidindo sobre um determinado lugar, de acordo com atributos

julgados de seu interesse. A fertilidade do solo, um sítio defensivo, a proximidade da

matéria-prima, o acesso ao mercado consumidor ou a presença de um porto, de

uma força de trabalho não qualificada e sindicalmente pouco ativa, são alguns

atributos que podem levar à localização seletiva (CÔRREA, 2003).

Diante disso, estudar os níveis de escala significa estudar o globo, os

continentes, os países, a região, o estado, até chegar ao bairro. Assim, no ensino

fundamental e no ensino médio, estudar o bairro ou o município é tão necessário e

importante quanto o país ou o continente. Não podemos deixar passar despercebido

nenhum nível, porque eles são indissociáveis (STROFORINI, 2004).

Nessa perspectiva, foi imprescindível que os educandos da 5º série A (6º ano

A) do período matutino, do Colégio Estadual "Padre Anchieta" – Ensino Fundamental

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e Médio, localizado na Rua do Bosque, nº 473, compreendam o seu meio de

vivência, essencialmente o processo de evolução dos bairros Europa e Paraná.

Figura 4: Fachada do Colégio Estadual Padre Anchieta – Ensino Fundamental e Médio. Fonte: Arquivo do Colégio Estadual Padre Anchieta – Ensino Fundamental e Médio.

A instituição escolar (Colégio Estadual "Padre Anchieta" – Ensino

Fundamental e Médio) foi criada pelo Decreto Estadual de nº 24.761, de 12/6/1980,

resultado de um convênio formado pelo PREMEM (Programa de Expansão e

Melhoria do Ensino) e do MEC (Ministério de Educação e Cultura), reconhecido pela

Resolução de nº 28.361, de 30/11/1981.

Esse colégio é jurisdicionado ao Núcleo Regional de Educação de Assis

Chateaubriand, atendendo à modalidade de ensino regular, com turmas distribuídas

nos períodos matutino, vespertino e noturno.

O Projeto Político do Colégio Padre Anchieta – Ensino Fundamental e Médio

constitui um instrumento que expressa o processo de ensino-aprendizagem tendo

como referencial a sua realidade, a de seus alunos e as expectativas e

possibilidades concretas, acreditando na escola como elo da educação e sua

integração na comunidade em que vive, onde a realização do ser humano está

baseada nos princípios e valores morais, espirituais e sociais.

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É importante salientar que o Projeto não tem a preocupação de apresentar

soluções definitivas, mas expressa o desejo e o compromisso com a Comunidade

Escolar, que, a partir de um processo de trocas e buscas comuns, participa da

construção do futuro da comunidade na qual está inserido.

Por sua natureza aberta, configura com uma proposta flexível a ser

concretizada nas decisões dos projetos educacionais empreendidos, as práticas

pedagógicas, bem como o sistema de avaliação e a prática disciplinar desenvolvida

pelos docentes.

A organização por séries/anos é a forma adotada no colégio.

Compreendendo como uma organização flexível, ampliando o tempo de

aprendizagem do educando, possibilitando distribuir os conteúdos curriculares de

forma adequada aos educandos e ao processo de aprendizagem, permitindo

incorporar conhecimento sem que ele tenha que repetir o que já aprendeu,

caminhando sempre em frente, desafiando novas experiências.

Dezenas de educandos que frequentam o colégio embarcam diariamente em

ônibus escolares com destino ao meio rural, onde vivem, segundo eles (estudantes)

com total liberdade. De acordo com relatos de educandos, “morar no sítio é muito

bom, pois toda comodidade que existe na cidade, também há no meio rural”. As

brincadeiras de subir em árvores, tomar banho em rios, comer frutos colhidos direto

do “pé”, ajudar no trabalho da “roça” no plantio e na colheita, dirigindo trator e outras

máquinas agrícolas para quem tem 10 ou 11 anos, não é para qualquer um. Isso os

meninos (discentes) dizem com todo orgulho.

Outros educandos já deixaram o campo e hoje residem na área urbana, onde,

por sua vez, pelo fato de a cidade ser pequena, não têm quase nenhuma dificuldade

na adaptação, principalmente quanto às amizades.

Uma característica que marca grande parte da população chateaubriandense

que reside na área urbana é o envolvimento com as atividades agrícolas, mesmo

morando na cidade. Muitas pessoas questionam o motivo da transferência de

residência para a cidade, sendo ainda que permanecem com o trabalho do campo.

Essa característica da cidade e do município chamou atenção de alguns

participantes do Grupo de Trabalho em Rede (GTR). Alguns cursistas ficaram

maravilhados com alguns detalhes da área urbana de Assis Chateaubriand, e

fizeram alguns questionamentos como: A cidade ainda conserva forte laço com o

rural? As pessoas mantém muitos laços de amizade? Ainda há carroças ou

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carroçinhas puxadas por animais circulando pela cidade? As pessoas que vivem no

meio rural têm pomares? Há produção de produtos de subsistência?

O que chamou a atenção foi que alguns participantes do GTR atualmente

residem na capital (Curitiba) ou em outras cidades, mas são naturais do município

Assis Chateaubriand ou dos municípios vizinhos.

Os cursistas foram grandes colaboradores em todas as etapas do GTR.

Experiências magníficas foram trocadas e as opiniões e as sugestões contribuíram

ainda mais para que o trabalho fosse realizado.

Diante disso, o material didático-pedagógico (Unidade Didática) foi elaborado

com conteúdos geográficos de caráter dinâmico, criativo e interessante, para fazer o

educando pensar, questionar, raciocinar, levantar hipóteses para chegar a construir

seus próprios conhecimentos. Sendo assim, o material produzido incluiu textos,

tabelas, gráficos, mapas, imagens, fotos, músicas e outros recursos, para garantir

um melhor aprendizado. Sua implementação foi pensada para os educandos da 5ª

série A/6ª ano A em três etapas, descritas a seguir: a primeira etapa foi desenvolvida

nas dependências da instituição de ensino, com textos abrangendo o assunto na

esfera global, nacional, estadual e local, em seguida atividades de compreensão,

sendo escritas e ilustradas; já a segunda etapa foi realizada através de pesquisa em

campo com famílias oriundas do meio rural e que residem em bairros Europa e

Paraná, de Assis Chateaubriand; e a última (terceira) etapa, na confecção de mural

com frases e fotos.

Metodologias Aplicadas

Para o desenvolvimento das atividades foram utilizados os seguintes

procedimentos:

• Recursos audiovisuais

O uso de imagens não animadas (fotografias, slides, pôsters, entre outras)

como recurso didático auxilia na formação de conceitos geográficos, diferenciando

paisagem de espaço, desenvolvendo conceitos de região, território e lugar. Para

isso, a imagem será ponto de partida para atividades de observação e descrição.

Feita essa identificação, o docente e os educandos devem partir para pesquisas que

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investiguem: Onde? Por que esse lugar é assim? Enfim, propõem-se pesquisas que

levantem os aspectos históricos, econômicos, sociais, culturais, naturais da

paisagem em estudo.

Enfim, o uso de recursos audiovisuais como mobilização para pesquisa deve

levar o educando duvidar das verdades anunciadas e das paisagens exibidas. Essas

suspeitas instigarão a busca de pesquisa para investigar as raízes da configuração

socioespacial apresentada, sendo necessária para sua análise crítica

(VASCONCELLOS, 1993).

• A cartografia

A linguagem cartográfica resulta de uma construção teórico-prática que deve

iniciar desde as séries/anos iniciais e seguindo até o final da Educação Básica. Para

Rua (1993, p.13), ter o domínio da leitura de mapas é um processo de diversas

etapas, porque primeiro é acolhida a compreensão que o educando tem da realidade

em exercícios de observar e representar o espaço vivido, com o uso de escala

intuitiva, a criação de símbolos que identifiquem os objetos. Depois, aos poucos, são

desenvolvidas as noções de escala e legenda, de acordo com a convenção

cartográfica oficial. Ao apropriar-se da linguagem cartográfica, o educando estará

apto a reconhecer representações de realidade mais complexas, que exigem maior

nível de abstração.

A cartografia, sendo bem trabalhada, o educando terá mais facilidade de fazer

todas as atividades propostas e deixará de ter “medo” de mapa ou, quando se referir

ao norte ou ao sul, não mais perguntará ser o norte está em cima e o sul embaixo.

E, na medida do possível, para melhor entendimento, faz-se o uso do mapa

colocando-o no chão.

• A literatura

A prática docente no ensino de Geografia também pode ser viabilizada por

instrumentos menos convencionais no cotidiano escolar que podem enriquecer o

processo de ensino-aprendizagem, como, por exemplo, obra de literatura.

As obras literárias, por sua vez, podem ser entendidas como uma

representação social condicionada a certos períodos históricos e utilizadas, no

ensino de Geografia, como instrumento de análise e confronto com outros contextos

históricos. Além disso, facilitam abordagens pedagógicas interdisciplinares.

• Aula de campo

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A aula de campo é um rico encaminhamento metodológico para analisar a

área em estudo (urbana ou rural), de modo que o discente poderá diferenciar, por

exemplo, paisagem de espaço geográfico. Parte-se da realidade local, bem

delimitada, para investigar sua constituição histórica e as comparações com outros

lugares, próximos ou distantes. Assim, a aula de campo jamais será apenas passeio,

porque terá importante papel pedagógico no ensino de Geografia.

A aula de campo abre, ainda, possibilidades de desenvolver múltiplas

atividades práticas, tais como: consultas bibliográficas, análise de fotos antigas,

interpretação de mapas, elaboração de maquetes, murais, entrevistas com

moradores.

• A entrevista

A entrevista é uma opção interessante para o estudo do município. Podem-se

entrevistar moradores pioneiros para que descrevam as transformações que

ocorreram e estão ocorrendo no município, seja no meio urbano ou no meio rural. Se

a entrevista for com um agricultor ou com um ex-agricultor que atualmente reside

num bairro da cidade, pode-se questionar o motivo que o levou a sair do rural para o

urbano, o trabalho no campo permanece, o que fizeram das benfeitorias, isto é, a

casa, a tulha, as cercas das pastagens foram demolidas ou alguém ainda mora no

local? Muitas vezes, como é difícil conseguir um meio de transporte para deslocar os

alunos até o entrevistado, o entrevistado vem até a escola.

Aplicação da Unidade Didática

Antes de dar início com as atividades específicas para a 5ª série A/6ª ano A

do período matutino, foi explicado para as demais turmas da 5ª série/6ª ano: B e C,

que o projeto do PDE em Geografia seria apenas para uma das três turmas do

período matutino. No ano de 2010 foi decidido que o Projeto e a Unidade Didática

seriam para a 5ª série A. Para iniciar as atividades da Implementação Pedagógica,foi

adquirido um caderno para cada educando, sendo que os meninos receberam

caderno com a capa azul e as meninas com a capa vermelha. A alegria foi uma

só.Felicidade geral da turma.

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A aplicação dos conteúdos com metodologias diversificadas para a 5ª série A

no 2º semestre de 2011 foi no início um tanto cansativa, pois na turma havia mais de

30 educandos e conhecer todos os educandos por nome em meados do ano letivo

fica um pouco mais difícil. No decorrer da aplicação das ações, todos os alunos

foram entendendo a proposta e as dificuldades (falta do aluno, chuva, tempo

passando muito rápido, semana de prova, etc.) à medida que surgiam (mesmo sem

querer) e foram solucionadas.

A implementação ocorreu em três etapas, sendo que a primeira foi dividida

em 6 partes, para serem trabalhadas em sala de aula. Da I a VI partes, os alunos

trabalharam com: histórias, desenhos, textos, mapas, figuras, fotos, pesquisas,

gráficos e outras atividades de compreensão.

Iniciamos no primeiro dia da aplicação da Unidade Didática falando sobre a

criação do mundo, segundo a teoria evolucionista e a teoria divina. A participação de

todos foi unânime, pois é um assunto que sempre dá muito questionamento e

sempre todos querem saber mais, mesmo por parte daqueles que frequentam aulas

de catequese, cultos, missas, entre outros. Algo que me chamou a atenção é que

tudo aquilo que se relaciona às coisas divinas foi um tanto complicado para os

educandos. E, como eles dizem, já perguntei para minha mãe, meu pai, catequista e

até para o padre, as respostas são as mesmas, sendo que, para me convencer, é

difícil, surgindo muitos questionamentos entre os educandos. Alguns diziam: será

que tenho que viver mil anos para eu encontrar as respostas de que necessito?

Após ter trabalhado as duas teorias da criação do Universo, foi entregue a

todos educandos uma folha de papel sulfite para que desenhassem a criação do

mundo com a teoria divina e com a teoria evolucionista. Todos os desenhos ficaram

lindos e, após, todos os educandos colaram em seus cadernos. Essa atividade foi

um sucesso, pois todos são cristãos e acreditam na palavra de Deus.

Em seguida foi contada uma história de um ser extraterrestre. Surpreendi-me

quando os educandos fizeram as atividades propostas, quando todos entenderam

que cada ser humano tem um endereço começando do geral para o particular: do

Universo, planeta Terra, continente, parte do continente, país, região, estado,

município e até o local da residência de cada um, seja no espaço urbano/bairro ou

no meio rural.

Uma história de ficção também foi realizada através de uma viagem

imaginária semelhante a que foi contada a partir dos mapas, Planisfério Mundial ao

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mapa do município. Em seguida, todos desenharam o ser extraterrestre segundo a

sua criatividade.

A partir dessas atividades, os educandos da 5ª série/6ª ano trabalharam com

textos impressos sobre a urbanização global, industrialização brasileira, êxodo rural,

o MST no Paraná.

Além dos textos, as atividades eram variadas, com exercícios de fixação e

pesquisas em mapas, embalagens, internet, letra de música sertaneja ("Cabocla na

Cidade") que retrata o espaço rural e o urbano. Cada educando recebeu uma cópia

da música para ser cantada e colada em seus cadernos. Detalhe interessante é que

disseram que algumas partes da letra da música cantada tinha algo a ver com seus

familiares. Devido ao fato de hoje estar na moda o estilo musical chamado "sertanejo

universitário", alguns alunos deram outras sugestões de músicas e que contam a

história de milhares de camponeses que, por diversas situações, também

abandonaram o campo e foram aventurar-se nos grandes centros do país. A

empolgação foi tremenda, pois, por vários dias, muitas músicas foram cantadas.

Diante disso, alguns gráficos da população urbana e rural do Brasil foram

construídos e analisados. Com o término das atividades da 1ª etapa (parte I a VI), os

educandos trabalharam com o histórico do município de Assis Chateaubriand. Onde

foi detectado que todos da turma são chateaubriandenses, mas apresentando pouco

conhecimento do contexto histórico do local de nascimento.

A partir do histórico do município, muitas atividades foram realizadas. Fotos

antigas e atuais foram utilizadas, mapas do Estado do Paraná e mapa do município.

Quanto ao histórico do município, foi preparado um breve texto, com alguns

dados interessantes, como: a colonização, extensão territorial, distritos, patrimônios,

número de habitantes, cultivo, foto antiga e atual. Diante disso, foram trabalhados

alguns mapas com atividades diversificadas para que os discentes coletassem

informações sobre os mesmos, como localização dos 399 municípios no mapa

político do Estado do Paraná, mapa do município com os demais municípios

vizinhos (Maripá, Palotina, Toledo, Jesuítas, Nova Aurora e entre outros), mapa com

todos os distritos, patrimônios, rios e as principais BR que ligam outras localidades,

mapa da área urbana de Assis Chateaubriand com todos os bairros.

As atividades citadas com mapas foram um sucesso, mas o que mais chamou

a atenção dos educandos foi o mapa urbano da cidade, onde cada educando pôde

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localizar o endereço de sua residência, o caminho que percorre todos os dias até

chegar ao Colégio Estadual "Padre Anchieta", conhecido como Polivalente ou Poli.

Algo interessante é que o Colégio recebe um número grande de educandos

oriundos do meio rural nos três períodos. Quando os educandos entram na sala de

aula, não se percebe quem é do meio rural ou do meio urbano. Só fica sabendo se

questiona ou se observa no término das aulas, pois os discentes ficam em frente ao

colégio à espera do ônibus que levará cada um até o carreador, beira do asfalto ou

até ramal. E, para muitos, chegar em casa leva alguns “quilômetros de pernada”,

como dizem.

Diante do mapa urbano foram localizados e destacados alguns pontos de

referências (igrejas, prefeitura, avenidas, ginásio de esporte, praças, horto florestal,

estádio, ginásio de esportes, escolas, entre outros), utilizando lápis de cor com

tonalidades diferentes para dar mais destaque e melhor compreensão.

Outro item que chamou atenção dos educandos durante as aulas é que os

mapas eram colocados primeiramente no chão da sala de aula.

Após concluir as atividades do mapa urbano, foi dado início às atividades com

mapas dos bairros Europa e Paraná, sendo que muitos alunos da série do projeto

residem nesses bairros, fato esse que facilitou o trabalho proposto. Tanto no jardim

Europa quanto no Paraná, todos os que ali residem mostraram aos colegas o

quarteirão, o lote e a rua onde residem. Em seguida realizamos no mapa do Europa

a localização de alguns pontos de referência, utilizando cores variadas para dar um

toque especial em alguns pontos que podem ser usados como referência na cidade.

Esse bairro, por ser estritamente residencial, não tinha muitos pontos de referência

para serem localizados. No bairro Europa, as localizações e demarcações foram em

todas as ruas que levam nomes de países e capitais do continente europeu,

avenidas, trevos, praça e residências de oito educandos. E no bairro Paraná foram

localizadas as residências de doze educandos,ruas, a Escola Municipal “Pascoal de

Paula”, Polícia Rodoviária, Praça Farroupilha, Igreja São Francisco e trevos que dão

acesso a outros municípios.

Após desenvolver todas as atividades de sala de aula tendo como objetivo

estabelecer correlações entre a modernização da agricultura e o crescimento urbano

através da migração campo-cidade, foi proposta a realização da pesquisa/entrevista

de campo por amostragem com pessoas oriundas do meio rural, e que atualmente

moram no meio urbano, mas precisamente nos bairro Europa e Paraná, que ainda

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exercem ou exerceram atividades ligadas ao meio rural. O que tem facilitado esse

deslocamento diário é que todos têm seu meio de locomoção. Isso é bem diferente

do que ocorria nos anos de 1960 e até meados da década de 1970, quando os pais

e filhos se deslocavam para o trabalho semanal utilizando-se de carroçinhas

puxadas por cavalos. A jornada semanal de trabalho na roça sempre se iniciava na

segunda feira bem cedinho e se estendia até o sábado ao meio dia, quando, após o

trabalho cansativo da semana, retornavam para suas casas trazendo consigo toda

bagagem que tinham levado.

Para realizar a pesquisa de campo por amostragem, saímos em uma manhã

em busca de entrevistados. Após a identificação e do objetivo da pesquisa,

coletamos muitas informações importantes, como: nome do entrevistado,

escolaridade, tempo de residência no município, trabalho remunerado, entre outros.

O foco da entrevista foi para que os educandos entendessem o esvaziamento rural e

o crescimento da área urbana de Assis Chateaubriand. Das vinte pessoas

entrevistadas sobre as atividades que exercem atualmente, oito responderam que

diariamente se deslocam para o campo realizando trabalho na agropecuária. E os

demais atuam em atividades variadas no urbano. Foi levantado, no questionamento,

o motivo de trocar a residência do campo pela cidade. Responderam que foi devido

a uma maior comodidade, com exceção de uma resposta, que indicou o estudo dos

filhos. Outro questionamento foi sobre a escolha do bairro para residir. Dez

entrevistados disseram que foi pela localização, cinco por ser bairro residencial e

cinco responderam que fica próximo ao trabalho. Quando referimos aos

entrevistados se gostariam de voltar a residir no meio rural, a resposta foi quase

unânime, dezenove pessoas disseram que não, justificando que já trabalharam

muito na roça, que estão cansados dessa ocupação, se aposentaram, que já

amassaram barro que chega. Apenas uma pessoa disse que, se pudesse, voltaria a

residir no campo. Isso chamou a atenção dos educandos, pois, entre as vinte

pessoas, uma resposta foi positiva em voltar a residir no meio rural.

Diante dos resultados coletados em sala de aula, foi realizado debate

referente ao percentual de pessoas oriundas do campo que residem nos bairros

onde foi realizado o trabalho de campo. E o que impressionou os alunos é que,

mesmo sem as pessoas se conhecerem, as respostas eram muito semelhantes

umas com as outras.

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Após o término da realização das atividades ocorreram depoimentos de

educandos sobre a proposta da implementação pedagógica. A seguir são

apresentados depoimentos na íntegra de quatro educandos.

Aluno A: “Eu gostei porque eu aprendi muitas coisas legais do município de

Assis Chateaubriand, a cidade onde eu moro, sobre o Brasil, sobre o planeta, os

continentes, o meio rural e o meio urbano. E que antigamente morava mais pessoas

no meio rural do que no meio urbano. Mas quando foi em 1960, as pessoas foram

do rural para o urbano devido à chegada de maquinários nos sítios e maior vaga de

emprego nas cidades”.

Aluno B: “Eu gostei muito, porque podemos aprender melhor o que é isso e o

que é aquilo, desse jeito é melhor, porque não precisamos ficar escrevendo tanto, e

também não é só escrevendo que aprende, também é lendo, vendo e demarcando.

Assim podemos colar as coisas no caderno e ver melhor, e estudar também. Assim

é melhor, porque no livro às vezes ficamos confusos, ex.: não lembro da página que

tem tarefa porque esqueci de marcar. A intervenção pedagógica é uma coisa muito

boa, e a professora Lenita também é muito boa”.

Aluno C: “Eu gostei, porque é bem interessante, o conteúdo é muito bom. Eu

aprendi bastantes coisas sobre o município, estado, etc. Quando a professora

começou o conteúdo eu pensei: “nossa, esse conteúdo vai me ajudar de verdade,

pois agora vou conhecer melhor o meu município, estado e muito mais. Eu conheci o

jardim Europa, jardim Paraná e conheci a parte urbana e a rural”.

Aluno D: “Eu gostei das aulas de geografia. Eu aprendi o que é êxodo rural, o

mapa político que eu nunca tinha visto na minha vida e eu vi os distritos de Assis

Chateaubriand e vi pra onde foi o povo que foram para o Paraguai, Rondônia,

Bolívia, vi também os jardins Paraná, jardim Europa e fizemos uma pesquisa de

campo e somente uma pessoa quis voltar pro meio rural. Eu adoro a professora de

geografia, e eu adorei a música do 'Caboclo na Cidade' e a palavra que eu gostei foi

os meus 'barrigudinhos', é mesmo você no sítio você não paga água só energia,

mas agora não temos mais vizinhos e meu pai estava pensando morar na cidade

mas minha mãe não queria mudar do aconchego que já faz 37 anos que ela mora no

sítio e meu pai também”.

Cabe ressaltar que o material produzido foi específico para a 5ª série/6º ano,

mas nada impede que seja trabalhado também com o 1º ano do Ensino Médio.

Nesse ano de 2012, trabalhamos com algumas atividades no 1º ano D do período

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noturno. Onde constatamos que até os mais “crescidinhos” pouco sabem sobre o

município de Assis Chateaubriand, sendo que todos os educandos nasceram no

município chateaubriandense.

Considerações Finais

A disciplina de Geografia, como as demais disciplinas, deve trabalhar a

experiência vivida pelos educandos, bem como o meio de vivência. A análise da

vivência dos educandos deve ser apenas um ponto de partida para que eles venham

a ter melhor compreensão do espaço como um todo.

Diante do propósito, foi propiciado aos educandos o entendimento do

crescimento do meio urbano, especificamente dos bairros Europa e Paraná, em

Assis Chateaubriand, por pessoas oriundas do meio rural, onde muitos fazem

deslocamentos diários para exercerem a sua profissão no meio rural.

O desenvolvimento das atividades propostas da unidade didática ocorreu de

forma prazerosa para o docente e para os educandos. Os educandos interagiram

totalmente nas aulas, participando oralmente e realizando todas as atividades

propostas. Por desenvolver uma metodologia com investigação (pesquisa) sobre o

ambiente local (Assis Chateaubriand – PR), para muitos educando a Geografia

deixou de ser “chata ou matéria difícil de compreensão”.

Apesar de alguns contratempos, tudo o que foi proposto foi cumprido.

Ressalto também que essa prática deu muito trabalho, cansaço e correria, pois

deixou de ser uma prática o ato de “seguir o livro didático”. Mesmo assim, elaborar

um trabalho sobre o qual você pode dizer "Fui eu que realizei!" é muito gratificante e

lisonjeador perante a equipe pedagógica institucional e a comunidade escolar.

Precisamos sempre estar dispostos, com vontade de inovar, pois muitas

vezes somos abatidos pelo cansaço, desânimo, falta de coragem e entusiasmo. Não

podemos ter medo de errar, devemos sempre agir corretamente, não podemos ter

falhas. Fazendo essa retrospectiva e analisando todos os cadernos que cada

educando recebeu para fazer seus registros diários, a produção didática foi um

sucesso e que deve ser repetida e inovada a cada ano letivo, pois os assuntos

estudados proporcionam ao docente trabalhar os conteúdos de Geografia de forma

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contextualizada, trazendo para os educandos mais conhecimento do local onde eles

vivem, facilitando assim o trabalho em sala de aula.

Referências

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