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. CINQUENTA ANOS DE MEMÓRIA E HISTÓRIA DA E.E. “QUINTINO VARGAS”- JOÃO PINHEIRO MG - REPRESENTAÇOES DE EX- PROFISSIONAIS E PROFISSIONAIS ATUANTES 1980- 2017 Maria Rita Ferreira Dias de Souza 1 RESUMO: Este artigo tem como objetivo apresentar a contribuição da Escola Estadual “Quintino Vargas” no decorrer dos 50 anos de ensino na cidade de João Pinheiro, MG na percepção de ex-profissionais e profissionais atuantes. Apresenta o aporte da história oral de momentos de uma trajetória que ainda está na memória da população pinheirense, cidade do sertão de Minas Gerais. É uma pesquisa de cunho qualitativo por ter sido amparada na revisão bibliográfica de Costa (2014), Rüsen (2006), Thompson (1997), Freire (2005) entre outros e em relatos orais. Para tal, utilizou-seum questionário para entrevistar um ex-diretor e adiretoraatual. Aosex-alunos que são atualmente professoresda instituição, foi feita a entrevista oral. Acredita-se que estes além de contribuírem com o processo educativo da escola, são fontes vivas da história do educandário pesquisado. Foram entrevistados 10 profissionais, dos quais um é aposentado,do período de 1980 a 2017. As respostas orais foram gravadas, analisadas e posteriormente transcritas fidedignamente para a conclusão desta pesquisa. Palavras-chave:Memória. Educação. Cinquentenário. História. Escola A história humana não se desenrola apenas nos campos de batalhas e nos gabinetes presidenciais. Ela se desenrola também nos quintais, entre plantas e galinhas, nas ruas de subúrbios, nas casas de jogos, nos prostíbulos, nos colégios, nas usinas, nos namoros de esquinas. Disso eu quis fazer a minha poesia. Dessa matéria humilde e humilhada, dessa vida obscura e injustiçada, porque o canto não pode ser uma traição à vida, e só é justo cantar se o nosso canto arrasta consigo as pessoas e as coisas que não têm voz. (Ferreira Gullar -corpo a corpo com a linguagem) Refletindo as palavras do poeta, nos debruçamos nas reminiscências do passado para conhecer por meio das lembranças de pessoas que experenciaram vivências diversas relacionadas à história da escola estadual Quintino Vargas. Cada vivência compartilhada nas dependências dessa escola contribui para a formação pessoal e profissional de muitos munícipes. Essa contribuição é notável nos diversos profissionais de destaque na sociedade pinheirense, os quais não se propagariam se não houvesse sido criada essa instituição de ensino. 1 Especialista em Letras, especialista em Docência do Ensino Superior, especialista em Metodologia do Ensino e Tecnologia para Educação à Distância, graduada em Letras, graduada em Pedagogia, professora de Língua Portuguesa na rede estadual de ensino de Minas Gerais, professora do Ensino Superior, coordenadora de Relações Institucional e Coordenadora Adjunta de Pedagogia da Faculdade Cidade de João Pinheiro.

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CINQUENTA ANOS DE MEMÓRIA E HISTÓRIA DA E.E. “QUINTINO

VARGAS”- JOÃO PINHEIRO –MG - REPRESENTAÇOES DE EX-

PROFISSIONAIS E PROFISSIONAIS ATUANTES – 1980- 2017

Maria Rita Ferreira Dias de Souza1

RESUMO: Este artigo tem como objetivo apresentar a contribuição da Escola Estadual

“Quintino Vargas” no decorrer dos 50 anos de ensino na cidade de João Pinheiro, MG na

percepção de ex-profissionais e profissionais atuantes. Apresenta o aporte da história oral de

momentos de uma trajetória que ainda está na memória da população pinheirense, cidade do

sertão de Minas Gerais. É uma pesquisa de cunho qualitativo por ter sido amparada na revisão

bibliográfica de Costa (2014), Rüsen (2006), Thompson (1997), Freire (2005) entre outros e

em relatos orais. Para tal, utilizou-seum questionário para entrevistar um ex-diretor e

adiretoraatual. Aosex-alunos que são atualmente professoresda instituição, foi feita a

entrevista oral. Acredita-se que estes além de contribuírem com o processo educativo da

escola, são fontes vivas da história do educandário pesquisado. Foram entrevistados 10

profissionais, dos quais um é aposentado,do período de 1980 a 2017. As respostas orais foram

gravadas, analisadas e posteriormente transcritas fidedignamente para a conclusão desta

pesquisa.

Palavras-chave:Memória. Educação. Cinquentenário. História. Escola

A história humana não se desenrola apenas nos campos de batalhas e nos

gabinetes presidenciais. Ela se desenrola também nos quintais, entre plantas

e galinhas, nas ruas de subúrbios, nas casas de jogos, nos prostíbulos, nos

colégios, nas usinas, nos namoros de esquinas. Disso eu quis fazer a minha

poesia. Dessa matéria humilde e humilhada, dessa vida obscura e injustiçada,

porque o canto não pode ser uma traição à vida, e só é justo cantar se o nosso

canto arrasta consigo as pessoas e as coisas que não têm voz. (Ferreira

Gullar -corpo a corpo com a linguagem)

Refletindo as palavras do poeta, nos debruçamos nas reminiscências do passado para

conhecer por meio das lembranças de pessoas que experenciaram vivências diversas

relacionadas à história da escola estadual Quintino Vargas. Cada vivência compartilhada nas

dependências dessa escola contribui para a formação pessoal e profissional de muitos

munícipes. Essa contribuição é notável nos diversos profissionais de destaque na sociedade

pinheirense, os quais não se propagariam se não houvesse sido criada essa instituição de

ensino.

1Especialista em Letras, especialista em Docência do Ensino Superior, especialista em Metodologia do Ensino e

Tecnologia para Educação à Distância, graduada em Letras, graduada em Pedagogia, professora de Língua

Portuguesa na rede estadual de ensino de Minas Gerais, professora do Ensino Superior, coordenadora de

Relações Institucional e Coordenadora Adjunta de Pedagogia da Faculdade Cidade de João Pinheiro.

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Partindo do princípio de que todas as pessoas em todos os tempos e lugares fazem

história, buscamos neste estudo dar oportunidade a diversos atores sociais de contar suas

lembranças sobre a instituição em sua comemoração de aniversário.

Entendemos que a História é escrita e reescrita a cada novo olhar do pesquisador que

se pautando no método, iluminado pela teoria e motivado pela arte criacional, vai alinhavando

fatos, histórias e experiências diversas, motivado pela vontade de “contar”. José Carlos Reis

(2005) disse que o historiador é como o pássaro de minerva que passa a noite examinando o

dia. Nesse sentido, o historiador vive o presente examinando o passado. Este conhecimento

do passado é sumamente importante por se constituir em ponto de reflexão para conhecer e

entender o presente. O saber histórico contribui para fortalecimento de laços de pertencimento

e identidade. Este pertencimento se fortalece à medida que, quando contamos nossa história

narramos também as experiências diversas vividas ao longo de nossa formação.

Pensar e escrever sobre a história desta Instituição de ensino que foi responsável pela

formação de grande parte da população pinheirense, significa também trilhar pelos caminhos

da história local e regional, levando em consideração ser João Pinheiro o maior município em

extensão territorial de Minas Gerais e ser a educação um aspecto de fundamental importância

na formação de um povo.

A educação pública em João Pinheiro na década de 1960 era oferecida apenas de

primeira a quarta série. Não existia uma escolacom oferta do ginasial, o que impedia os jovens

decondição financeiramenos privilegiadade continuarem seus estudos. Foi pesquisado alguns

registros os quais foram feito com base nas histórias orais de pessoas que acompanharam o

período de discussões para a criação da escola. Segundo esses relatos houve um grande

empenho político doprefeitoSperidião Simões da Cunha e do governador de Minas senhor

Magalhães Pinto.

Foi nesse desenrolar de histórias de gabinete e de quintais que a união para a

construção da sede da Escola Estadual “Quintino Vargas”aconteceu. Delgado (2006, p.18) diz

que a história oral “Não objetiva a história em si mesma, mas um dos possíveis registros do

que passou e sobre o que ficou como herança ou como memória” e uma história que

contribuiu para o crescimento pessoal e cultural de uma população não podem seresquecidas,

principalmente quando esta mudou e ainda muda a vida de milhares de pessoas no que diz

respeito à educação, segmento que transforma a sociedade. Sendo assim, escolheram-secinco

profissionais que atuaram e cinco que atuam na escola, dos atuantesdeterminou-se um

parâmetro, serem ex-alunos. Consideramos que esses tenham percepção sobre o papel da

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referida escola e valorizamo substancial trabalho desenvolvido, contribuição das quatro

décadas da escola, que está guardado na memória e deve ser registrado para que não fique

perdido.

Ao pesquisarmos e escrevermos sobre a trajetória histórica da escola percebemos que

entrecruzou em diversos momentos com a e história local e geral, pois, não somos ilhas e

diversos fatos ocorridos em nossa caminhada se entrecruzam com a história mais geral.

Esse tema foi escolhido em função de euter estudado na referida escola na década de

70, época em que a educação formal era para uma minoria. Esse educandário atendia a

demanda de uma classe mais privilegiada, alunos de classe menos privilegiada para

ingressarem na mesma tinham que passar por um curso de admissão e serem aprovados com

nota no mínimo sete e meio. Também tinham que provar serem capazes de arcar com

despesas paraaquisição de uniforme e livros.

Ingressar era uma barreira e quando o sonho almejado acontecia por mérito, era

extremamente complicado conviver e ser aceito. Era a época do regime militar e a ideologia

de igualdade não era o foco. Os alunos da classe dominada ouviam todo tipo de discurso

favorável ao dominante. A crença de que era possível vencer com dedicação e esforço não era

propagada, até porque os filhos da classe dominante já tinham como certo onde estariam, pois

sempre teriam a mão do papai para garantir emprego.

Foram experiências bem controversas, de um lado professores que não acreditavamna

competência dos alunos pobres, de outros professores que vez ou outra tentavam propagar a

ideologia de uma sociedade com direitos iguais. Os estudantes tentavam muito se adaptar,

mas na maioria das vezes evadiam. Uma frase marcante desse período“vai embora dormir.

Para que tentar? Você não vai passar de uma doméstica”. Esse foi o discurso de uma

professora direcionado a mim, que tinhaa ilusão de ascensão cultural, social ou profissional.

A princípio revolta, mas também a percepção de que escolhas poderiam ser feitas. Já

naquela época persistência me comandava, o que pode ser traduzido poeticamente por Cora

Coralina “Desistireu já pensei seriamente nisso, mas nunca me levei realmente a sério; é que

tem mais chão nos meus olhos do que o cansaço nas minhas pernas, mais esperança nos meus

passos, do que tristeza nos meus ombros, mais estrada no meu coração do que medo na minha

cabeça.”.

O sonho de transformação havia sido plantado pela família e pelas várias leituras que

pregavam a ideologia capitalista. Um dos textos ideológicos e marcantes foi presente de

minha a mãe, queganhou em uma Farmácia, por ter adquirido um vidro de Biotônico

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Fontoura,foi Jeca Tatuzinho de Monteiro Lobato lançado em 1924 e consideradoa peça

publicitária de maior sucesso na história da propaganda brasileira.Esse tipo de leitura

influenciou-me a acreditar que dedicação, esforço e compromisso promoviam o sucesso, e

isso só seria possível viaeducação formal. Eu percebia que a ascensão de vida, só

aconteceriaatravés de uma boa formação e que esta seria aúnica forma de libertar-medesse

determinismo social excludente. Isto posto a expectativa estabelecida, favoreceua superaçãoe

aceitação de que se com a educação o ser não tem tantas oportunidades, sem ela ele não tem

nenhuma.“Se a educação sozinha, não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade

muda.” (FREIRE, 2000, p.31).

Um dos aspectos mais fascinantes de A reprodução é a caracterização do

modo pelo qual os professores se convertem de modo consciente ou não, em

agentes da marginalização cultural das classes baixas. Cabe aos docentes a

tarefa de converter, no espaço da sala de aula, os recursos culturais de

natureza pré-escolar e extraescolar, acumulados pelos alunos da classe

dominante, em recursos propriamente escolares; essa conversão favorece

regularmente os alunos da classe dominante na competição escolar com os

alunos das classes inferiores. (MARQUES, 2007.p. 108)

Não foram apenasexperiências negativas, e mesmos as negativas, evidenciam que a

escola teve e tem um papel muito importante na formação de todos que por ali passaram. Por

issoé importante relembrar ecompartilhar essas vivências experimentadas na instituição. Suas

práticas pedagógicas corretas ou não, abriram caminhos para quem abuscou, pois elaera a

única instituição de ensino fundamental II na cidade, tanto que se tornou referência e o sonho

da maioria dosestudantespinheirenses. Por três décadas a E. E. “Quintino Vargas” foi à única

escola pública a promovero ingresso de estudantes no mercado de trabalho, tanto com

formação profissional de nível médio, quanto com a inserção dos seus egressos no ensino

superior. Essa compreensão do importante papel da escola na vida dos estudantestem extrema

relevância social, uma vez que ao compartilhar esse tipo de memória fica explícito que

embora os discursos utilizados não tenham sido positivos, o efeito que causaram foram

cruciais para oefetivo desenvolvimento de grande parte da juventude pinheirense.

Para conhecermos o passado é necessário debruçar sobre ele e fazer-lhe indagações.

Todavia, temos que ter ciência de que as perguntas feitas ao nosso objeto de estudo não serão

respondidas pelos documentos e fontes diversas as quais analisaremos ao longo do percurso

da pesquisa, mas pelos pesquisadores que, pautando-se no método e vai respondendo aos

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questionamentos por eles mesmos elaborados. Essas indagações são de importância ímpar por

se constituírem em eixos norteadores do estudo.

Tendo conhecimento da importância da problematização para alcançar os resultados

da pesquisa, colocamo-las aqui sob a forma interrogativa. Como se deu a criação da Escola?

Onde a escola funcionou até a construção da sede situada à Rua Paulo Afonso? Como foi a

aquisição do terreno e a construção do prédio? Quando o campo de futebol e quadras antigas

foram construídas? Quantas reformas aconteceram pós-construção? Quando a nova quadra foi

construída?

No âmbito socioeducativo, buscamos responder: Qual o primeiro nível de ensino

funcionou na escola? Quais os cursos profissionalizantes foram oferecidos pela escola e

quando foram implantados? Quando o ensino médio passou a científico? Quando houve a

primeira extensão de séries? Quando iniciou a oferta da EJA? Qual foi o tempo de duração do

reinventando o ensino médio? Por que e quando retornou o curso profissionalizante? Quais as

principais transformações ocorridas ao longo de sua história no aspecto educacional?De que

forma a escola contribuiu com a formação dos alunos nela inseridos. Quando houve a

primeira extensão de séries?

Esse trabalho teve como objetivodescobrir através da pesquisa de campo, utilizando as

memórias de ex-profissionais e profissionaisda Escola Estadual “Quintino Vargas”entre a

década de 80 ao ano de 2017,a contribuição da escola para a formação dos seus alunos e as

principais transformações ocorridas ao longo da sua trajetória histórica. Objetivou-se também

utilizar a oralidade através de memórias de ex-profissionais e profissionais atuantes para

conhecer a história daEscola Estadual Quintino Vargas;investigar a contribuição dessa

instituição de ensino na vida da comunidade, bem como compreender a importância desse

estabelecimento de Ensino na vida dos profissionais que nela atuaram; descobrir os diversos

profissionais oriundos desse estabelecimento que se projetaram e teve ascensão social,

política e econômica.

O estudo foi realizado em um cunho qualitativo com aplicação de entrevistas a cinco

ex-funcionários e cinco funcionários, com ênfase em funcionários que foram alunos da escola

pesquisada. Além das entrevistas foi feita uma pesquisa bibliográfica aos registros presentes

na documentação da referida escola, bem como ao museu de vozes.

Neste presente pretendemos entender o passado através das contribuições de vozes de

sujeitos que vivenciaram na referida escola algumas experiências e no decorrer desse

vivenciar colaboraram com aconstituição de muitas identidades. Por issoa importância de se

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analisar o passado sob a ótica deles. O passado sofre influência do tempo, que será

rememorado para cada entrevistado, o qual contribuirá com a nossa perspectiva de traçar as

representações construídas por aqueles que foram influenciados pela sua experiência de

estudo neste estabelecimento.

Segundo Delgado (2007, p. 36) tempo, espaço e História caminham juntos. No

decorrer desta pesquisa buscamos conhecer a história da instituição pesquisada, a qual de uma

forma bem ímpar contribui para que houvesse uma transformação social na comunidade na

qual ela está inserida. Entendemos que o tempo influencia as informações coletadas via

entrevista, uma vez que a memória humana não é uma máquina precisa. Algumas informações

podem perpassar pelo crivo de ideologias do entrevistado, que filtrará e informará o que

considerar mais importante, ou não deixará lacunas em função do tempo transcorrido. A

influência do tempo pode ser confirmada em Delgado.

Na dinâmica da temporalidade, o que e especifico e tambémmúltiplo. Em

outras palavras, se o tempo confere singularidade a cada experiência

concreta da vida humana, também a define como vivência da pluralidade, já

que, em cada movimento da história, entrecruzam-se tempos múltiplos, que,

acoplados a experiência singular/ espacial, lhe conferem originalidade e

substância. (DELGADO, 2007, p.36)

ConformeDelgado aHistória como manifestação coletiva incorporao que foi vivido

tanto individual quanto coletivamente, e as experiências ajudam a reconstruir o passado ao

trazer sua reminiscência para o presente através de narrativas dessas vivências coletivas. Para

isso é ativado a memória que segundo definição de Lent (2008) “Memória” éa capacidade

geral do sistema nervoso central de adquirir, guardar e evocar informações; e utilizar a palavra

“memórias” para designar cada uma ou cada tipo delas.

O estudo da memória passa da Psicologia à Neurofisiologia. São utilizados na

Filosofia, Sociologia, antropologia e na psicanálise. Wilson define memória como “a

habilidade de adquirir, armazenar e evocar informações”. Para Jacques Le Goff, a memória é a

propriedade de conservar certas informações, propriedade que se refere a um conjunto de

funções psíquicas que permite ao indivíduo atualizar impressões ou informações passadas, ou

reinterpretadas como passadas. De qualquer área do conhecimento que utilizar sabe- se que a

memória juntamente com a oralidade são alicerces que ajudam a desvendar o passado.

Valermo-nos de memórias individuais voluntárias ou involuntárias, para descobrirmos

os valores ecultura, relatados por cada sujeito convergindo para aquisição da memória

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coletiva, que nos possibilitará viajar no tempo e trazer ao presente fatos que estavam

enterrados na memória por falta de serem ativados. Para Marilena Chaui, “a memória e uma

evocação do passado. E a capacidade humana de reter e guardar o tempo que se foi salvando-

o da perda total” (CHAUIapud DELGADO, 1995, p. 125).

A memória é um componente fundamental para compreendera identidade, individual e

coletiva. A memória coletiva além de ser uma conquista é também manifestação de poder,

pois as sociedades cuja memória oral insurge transformando-a em registros da coletividade,

predomina arecordação manifestada pela memória e mantém-sea tradição através do registro.

Utilizamostanto a entrevista oral quanto vídeos com entrevistas disponibilizadas pelo

Museu de Vozes da Casa da Cultura de João Pinheiro. Esses vídeos sãorico patrimônio

cultural da cidade, o qual foi idealizado e consolidado por historiadores que não aceitaram

deixar esquecida a história da cidade. Alguns dos personagens desse museude alguma forma

colaboraram com a criação daescola pesquisada. Todos os recursos utilizados para suscitar

lembranças colaboram para o enriquecimento dos registros, neste caso estaremos nos valendo

de memória social e histórica, definição apresentada no livro História oral - Memória, tempo,

identidades.

No mundo contemporâneo, muito se tem escrito e discutido acerca da

faculdade humana de relembrar e recordar. Entre os diferentes tipos de

memória identificados por filósofos e historiadores, cabe destacar a memória

social ou histórica, que, de acordo com Marilena Chaui (1995), e fixada por

uma sociedade através de seus mitos fundadores, de relatos, registros,

depoimentos, testemunhos. São as vozes da memória expressas por diferentes

tipos de registro como: narrativas, filmes, fotografias, telas, esculturas,

imagens, livros, musicas, monumentos, peças publicitárias, documentários,

relíquias, no sentido apresentado por Meneses: “Relíquia, semioforo, objetos

históricos: seus compromissos são essencialmente com o presente, pois e no

presente, que eles são produzidos como categoria de objeto e às necessidades

do presente que eles respondem.” (MENESES, Apud, Delgado, 2006, p 26).

Para trazer à tona informações sobre o objeto que se propôs pesquisar, bem como sua

evolução durante as cinco décadasutilizamosas narrativas orais definidas por Delgado como:

Narrativas sob a forma de registros orais ou escritos são caracterizadas pelo

movimento peculiar a arte de contar, de traduzir em palavras os registros da

memória e da consciência da memória no tempo. São importantes como estilo

de transmissão, de geração para geração, das experiências mais simples da

vida cotidiana e dos grandes eventos que marcaram a História da humanidade.

Sao suportes das identidades coletivas e do reconhecimento do homem como

ser no mundo. (DELGADO, 2007, p.37)

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Nosso objeto de pesquisa é uma escola de João Pinheiro, cidade situada nos Noroeste

de Minas Gerais. A escola Estadual “Quintino Vargas”situada à Rua Paulo Afonso, 600, João

Pinheiro Minas Gerais. De acordo comarquivos da referida escola ela foi criada pela Lei

3.984 de 27 de dezembro de 1965. Conforme ata de 30 de janeiro de 1966, foi oficialmente

autorizado instalar o curso de admissão no referido estabelecimento. Estiveram presentes

várias autoridades, dentre elas o deputado Jorge Vargas presidente da Assembleia Legislativa,

João Bosco Murta, Speridião Simões da Cunha prefeito de João Pinheiro,Dr. Olavo Valadares

de Oliveira, promotor de justiça da comarca, o vice-prefeito Manoel Luis de Paula Filho, Frei

Miguele outras autoridades. A reunião foi presidida pelo diretor da escola, professor Hércules

Teixeira Gomes. Ele informou aos presentes que de acordo com o oficio assinando por dona

Maria Antonieta, chefe do Departamento do Ensino Médio da Secretaria de Educação estava

autorizado à abertura do ginásio estadual Quintino Vargas, assimpublicado no Jornal “Minas

Gerais”:

De ordem do SenhorSecretário está autorizado a instalar o curso de

Admissão nesse estabelecimento. Observais para tanto o “Aviso” publicado

no Jornal "Minas Gerais" de 28 de setembro de 1965 referentes às matérias a

serem lecionadas. Deveis comunicar-me também os nomes dos professores,

bem como o início do exercício para efeito de pagamento. (Caderno de Ata

E. E. Quintino Vargas, 1966)

A escola estadual “Quintino Vargas”foi de extrema importância para o

desenvolvimento da cidade de João Pinheiro, por issorelataremos como ela começou e o que

foi feito através de sua criação em prol do desse desenvolvimento. Conforme vídeo

disponibilizado pelo museu de vozes, e entrevista feita com professor Hércules Teixeira

Gomes, ele era professor de Matemática em Morada Nova, estava fazendo um curso em Belo

horizonte e foi procurado em sala de aula pelo prefeito da cidade Speridião Simões da

Cunha,juntamente com o deputado Jorge Vargas. Eles queriam que ele viesse para João

Pinheiro para abrir a escola que ofertasse as séries posteriores ao primário. Segundo professor

Hércules ele iria trabalhar num colégio em Unaí, mas foi convencido a aceitar amissão de

abrir a escola em João Pinheiro.

Foi organizado tudo para a abertura do ginásio particular Quintino Vargas, nome

escolhido em homenagem ao pai do deputado acima citado. A escola não tinha prédio próprio

e funcionou por um bom tempo na Escola Estadual Presidente Olegário. O ginásio era

mantido pela fundação EducacionalPinheirense, da qual professor Hércules era presidente.

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Segundo professor Hércules foi necessário angariar recursos para o funcionamento da escola,

e oprimeiro evento organizado foi um contrato com avedete Virginia Lane,para fazer um

show na cidade. O eventoaconteceria no clube recém-inaugurado chamado “Sinhá Maria”.

Mas as mulheres da cidade não concordaram. Autoridades e professor Hérculesidealizarama

primeira festa do algodão com candidatas a rainha nos mesmos moldes da festa do milho de

Patos de Minas.

Conforme narrativa de Hércules,a festa foi um sucesso, filmadae narrada por um

grande repórter da época o repórter Esso, Heron Domingos, mas o show da vedete também

aconteceu. A partir dessa primeira festa foram realizadas mais duas festas do algodão e

posteriormente a festa do carvão. Esses eventostrouxeram desenvolvimento para a cidade e

tudo começou com ação do diretor para a manutenção do ginásioparticular Quintino Vargas.

A escola tornou-se estadual e ogovernador da época, Magalhães Pinto incumbiu ao

professor Hérculesde coordenar os trabalhos de construção da referida escola. A oposição

ficou contra e criticou o lugar escolhido para a construção, diziam que erano meio do mato e

afastado do centro da cidade. O professor Hércules ressalta que uma dos grandes apoiadores

nessa fase, foi o padre Frei Norberto, pessoa competente e dedicada, principalmente se o

assuntofosse referente ao setor educacional.

De acordo com o professor Hércules a política era violenta e quando mudava o

governador os diretores das escolas eram demitidos e substituídospor alguém do partido que

assumia o poder. Quando Israel Pinheiro assumiu o governo de Minas Gerais, o primeiro

diretor do ginásio “Quintino Vargas”foi exonerado. A construção queele coordenava ainda

nãotinha sido concluída. Alunos e professores que apoiavam o diretorinstigaram-no a criar o

curso Técnico em Contabilidade, desafio aceito e realizado. Mas as moças precisavam de um

curso adequado a elas e solicitaram o curso Normal. E foi assim que a cidade que tinha apenas

uma escola de primeira a quarta série conseguiu mais três escolas: Ginásio Estadual Quintino

Vargas, Colégio Comercial de João Pinheiro e Colégio Normal Frei Dionísio. Professor

Hércules relata com humor como foi sua saída do ginásio;

Quando o prefeito me exonerou, eu fiquei contrariado, mas resolvi seguir

em frente e abrir outro colégio. Falei com o diretor que assumiu que não

era inimigo dele, mas que eu seria seu concorrente... (riso). Os alunos que

estavam comigo fizeram até o enterro do prefeito por ele ter me exonerado,

eu não participei, mas teve até caixão “(riso)”. (vídeo Museu de Vozes,

2011).

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As questões problematizadoras foram apresentadas nas entrevistas as duas gestoras,

em função dos registros a que elas têm acesso. Serão denominadas de gestora A e B.Segundo

gestora A e B, a escola não tinha prédio próprio, por isso funcionou no prédio da escola

estadual Presidente Olegário à noite, sob os cuidados de Geraldo Vinicius de Oliveira,

professor de Educação Física. Em 1969 as turmas passaram para o prédio próprio. O ginásio

“Quintino Vargas”foi construído com verba estadual por Zurico Osório Torres,maso terreno

foi doado pelo Sr. Francisco Couto. Segundo registro de relatos orais,muitas crianças

ajudaram a quebrar pedras para a construção. Não há especificidade sobrea construção das

quadras, mesmo porque na década de 70 havia apenas uma grande área que era um campo de

futebol, o qual era utilizado por crianças e adolescentes, pois era ponto de encontro dos atletas

da cidade. Após a construção as quadras passaram por várias reformas, em 2005/2006 foram

inauguradas duas quadras modernas, sendo que uma delas é coberta. Outra aquisição

importante para a estrutura física da escola foi à construção do teatro. A gestora A, considerou

importante registrar que, “em 2004, foi inaugurado o Teatro Prof.ª Maria do Carmo Menezes

da Silveira”.

As questões relacionadas ao pedagógico da escola foram respondidas pelas gestoras já

citadas. Perguntamos quais os cursos profissionalizantes foram oferecidos pela escola e

quando foram implantados. Segundo a Gestora B de acordo com consulta a arquivos da

escola, para criação do Ensino Médio houve empenho do prefeito João Batista Franco, do

Deputado Dalton Canabrava e apoio do governador de Minas Gerais, Tancredo de Almeida

Neves. Houve a publicação dodecreto 23.420 de 06/02/1984, para os cursos Normal, Técnico

Agrícola e Técnico em Contabilidade. A escola não tinha salas disponíveis, por isso as turmas

do 2º grau funcionaram por alguns meses na E. E. Capitão Speridião, sob os cuidados da vice-

diretora Cleusa Antônia de Souza. Posteriormente foram adaptadas salas de aula no teatro que

estava em construção.

O primeiro nível de ensino ofertado pela escola foi o ginasial, atual ensino

fundamental II, da década de 60 até quase metade da década de 80, pois somente em 84 houve

a criação do ensino médio.A escola cumpria com o Art. 1º da LDB 5692/71 O ensino de 1º e

2º graus tem por objetivo geral proporcionar ao educando a formação necessária ao

desenvolvimento de suas potencialidades como elemento de auto realização, qualificação para

o trabalho e preparo para o exercício consciente da cidadania. Segundo um dos entrevistados a

maior preocupação era com a qualificação para o trabalho, e que com a criação do ensino

médio acentuou-se o interesse em preparar os alunos para o vestibular. A escola desde seu

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inicio já manifestava preocupação com o perfil de aluno que iria devolver para o mercado de

trabalho, por isso era bem criteriosa em sua seleção.

Os critérios de ingresso no ginásio “Quintino Vargas”eram muito

rigorosos. O aluno tinha que passar pelo exame de admissão,

respondendo a uma prova escrita e oral. A média mínima a ser

atingida era sete e meio. As aulas aconteciam à tarde para meninas e a

noite para os meninos. (Entrevistada 1)

Na década de 90 foi extinto o ensino profissionalizante e o ensino médio passou a ser

apenas científico. Em 2001 foi aberta a primeira extensão de turma, na comunidade e

Assentamento Fruta D’Antas, como segundo endereço. Isso foi feito através de uma parceria

entre o estado e o município. O objetivo era evitar o longo percurso de mais ou menos 160

quilômetros,que os alunos do ensino médio tinham que fazer todos os dias.

Em 2013 a E. E. “Quintino Vargas”passou a ofertar também a Educação de jovens

eAdultos do 6º ao 9º do ensino fundamental e ensino médio. Ainda nesse mesmo ano houve a

implantação do Reinventando o Ensino Médio - REM. Era um novo modelo que

oportunizariaformação para várias áreasde empregabilidade, mas foi extinto em 2015. Em

2015 a escola volta a ofertar ocurso Normal em Nível Médio (CNNM), para alunos que

haviam concluído o ensino médio. Sabemos que as transformações educacionais influenciam

a sociedade e que elas são cruciais para o desenvolvimento de um país. Ao questionarmos

sobre as principais transformações ocorridas na escola, bem como a importância do

desenvolvimento de projetos culturais e de lazer que oportunizem a formação integral do

aluno. Obtivemos a seguinte informação:

Desde o princípio, as equipes gestoras e todos os segmentos procuravam

inovar, aperfeiçoar na busca de projetos que incentivassem e contribuíssem

para a formação integral do educando, dentre eles podemos citar: Olimpíadas

esportivas e de conhecimento, Gincana Cultural e esportiva, Sarau Musical e

literário, Semana Literária, Projetos de Solidariedade, Festa Junina, Show de

Talentos, Por tudo isso, essa Escola é destaque na qualidade de ensino

prestado à sua clientela, comprovado pelos resultados das avaliações

externas (Ideb), Olimpíadas de Matemática (OBMEP), dentre outras, como

também pelos bons resultados dos alunos para ingresso no ensino superior.

Todos os servidores desta instituição sentem-se orgulhosos por contribuir,

com sua dedicação para a educação pinheirense e atender ao propósito de

fazer uma educação pública de qualidade. (Gestora A)

A escola Estadual Quintino Vargas, quando foi criada em 1965, tinha como

perspectiva básica preparar seus alunos para prosseguirem seus estudos na

Universidade. Assim o vestibular era o alvo mais importante, sendo que os

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índices de aprovação que tem conseguido dede então se constituem num de

seus orgulhos. No entanto desde sua criação, a escola através de um processo

contínuo de reflexão dos seus professores, especialistas da educação,

gestores e com a participação dos pais vem acompanhado e analisando as

mudanças que acontecem na sociedade. (Gestora B)

No decorrer da pesquisa, à medida que as entrevistas foram sendo realizadas, detectou-

se a necessidade de acrescentarsobre a gestão escolar, tendo em vista evidências deque o

desenvolvimento desta foi de acordo com o perfil de cadagestor que nela atuou. Nesse

contexto é importante definir gestão. Sua origem etimológica é do Latim GESTIO, “ato de

administrar, de gerenciar”, de GERERE, “levar, realizar”. Segundo Oliveira (2002)gestão

significa gerenciamento, administração.

Na percepção de Libâneo (2013)organização, administração e gestão têm significados

muito parecidos, assim como gestão e direção. Compreende-seque o clima organizacional de

uma instituição de ensino depende em demasiada liderança do gestor. Cada escola constrói

sua cultura organizacionala partir do perfil de gestão. O gestor que é autoridade, masque

valoriza o trabalho em equipe, que estimula a comunicação, que aceita opiniões, certamente

torna essa cultura mais agradável e pacífica, bem como estimula a eficiência com eficácia. A

Escola Estadual “Quintino Vargas”passou por vários tipos de gestores e cada um deles

implementou um pouco de sua ideologia para que a instituição se tornasse o que ela é hoje.

Podemos entender essa cultura organizacional:

Como o conjunto de pressupostos básicos – inventados, descobertos ou

desenvolvidos por um determinado grupo ao aprender sobre como lidar com

problemas de adaptação externa e integração interna – que funcionaram bem

o suficiente para serem considerados válidos e ensinados para novos

membros como a forma correta de perceber, pensar e sentir em relação a

esses problemas (SCHEIN apudPAGLIUSO, 2004, p. 17).

Em cada década houve um perfil de gestor, sendo que os primeiros eram sempre

indicações políticas e cada vez que mudava o comando político da cidade automaticamente

havia mudança do gestor da escola. A priori parece difícil distinguir se a escola tinha um

gestor ou um diretor. Libâneo aponta diferenças entre gestão e direção:

Os processos intencionais e sistemáticos de se chegar a uma decisão e de

fazer a decisão funcionar caracterizam ações que denominamos gestão.

Direção são umprincípio e atributo da gestão mediante a qual é canalizado o

trabalho conjunto das pessoas, orientando-as no rumo dos objetivos.

(LIBÂNEO, 2013, p. 88)

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Analisando os relatos das memórias de uma entrevistada, emergiu a necessidade de

definir os vários tipos de gestão. Segundo Libâneo há a concepção cientifico - racional com

visão mais burocrática e tecnicista da escola. Há também a concepção sócio critica, em que se

considera o caráter intencional das ações, bem como as interações sociais do grupo e da

escola no contexto sociocultural e político. Neste último há ênfase no coletivo que possibilita

discussões para execução de projetos e práticas educativas.

Libâneo citandoautores como Escudero e Gonzáles (1994), Luck (2001),Lima (2001),

apresenta mais quatro concepções de gestão: a primeira, a técnico-científica que se baseia na

hierarquia, cargos,funções e regras para que o trabalho seja eficiente, esta gestão é mais

conhecida como burocrática. A segunda éa gestão auto-gestionária baseada na

responsabilidade coletiva sem centralização de direção havendo participação direta de todos

os atores envolvidos. A terceira é a gestão interpretativa, esta é contrária à concepção

cientifica - racional e sua rigidez. O foco dessa concepção é a análise dos processos de

organização da gestão, bem como da subjetividade presente nas intenções e interações entre

as pessoas. A quarta concepção é a democrático-participativa que preconiza a tomada de

decisões coletiva, mas sem desmerecer a participação individual. Essa gestão enfatiza tanto as

tarefas quanto as relações interpessoais.

Com base nas entrevistas pode-se afirmar que osgestores citados a seguir usaram uma

dessas formas de gestão para que a escola chegasse à atualidade com sua cultura

organizacional bem peculiar. O primeiro gestor foi Hércules Teixeira Gomes (30/01/1966 -

31/12/1967. Retornando posteriormente em (23/09/1987 -05/03/1989). O segundo foi Dr.

Nuno Campos (1968-1970). O terceiro, Dulce Amorim Silveira (02/01/1971-02/02/1974).

Quarto e quinto gestores fase bem pequena duas Pessoas as quais só consta primeiro nome,

Vasco e Maria Aracy (1974-1975). O sexto gestor foi Nabih Murad (29/05/1975-

29/07/1983). O sétimo gestor, Inêz Neiva de Oliveira (30/07/1’984-24/08/1987). Oitavo

gestor, Maria Bercholina de Jesus (06/03/1989-14/01/1997). Nono gestor, Maria do Carmo

Menezes Silveira (15/11/1989-29/01/1997). Décimo gestor, Maria Selma dos Reis

(31/01/1997-11/01/2000). Décimo primeiro gestor, Carmem Lúcia de Melo Lima

(12/01/2000-31/03/2004). Décimo segundo gestor, Maria Zilma Teixeira de Oliveira

(01/04/2014 -21/01/2012). Décimo terceiro gestor, Orlinda Maria Alves Simões Bomtempo

(2012-2015 - 2016-2018).

É relevante explicitar que os gestores eram indicados por prefeitos e o governador

validava a indicação. Somente a partir de 1997 foi feita a primeira eleição para gestor da

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referida escola, a partir de então se pressupõe a presença de uma gestão democrática. O fato

de a comunidade poder escolher o diretor da escola não garante uma gestão realmente

democrática. Conforme Drucker (2002) o principal desafio das organizações no século XXI e

a gestão. Evidentemente cada gestão dependia também das políticas públicas do estado para

conseguir mais desenvolvimento para a escola. A entrevistada 1 foi funcionária na escola de

1984 até os anos 2000, ausentando-se apenas por cinco anos para outra função fora da E. E.

“Quintino Vargas”e nos relata sobre todos gestores com os quais ela trabalhou:

A Inez foi à diretora que lutou pro... Para criar o ensino médio, ela era aquela

diretora idealista, apaixonada pela escola. Ela que criou o curso técnico, o

normal, o ensino médio. Ela criou o técnico agrícola, ela tinha uma ideologia

para esse curso, setivesse continuado esse curso, João Pinheiro estava top.

Nem sei porque esse curso não foi pra frente. Já tinham arrumado a

fazenda... Era na Ruralminas. Ela gostava de festa.Festa bonita muitas festas

bonitas, ela era pedagoga. O Nabih ele era um diretor muito técnico, mas ele

não tinha... Ele era um diretor muito severo, muito exigente com aula, com

vigiar como é que estava dando aula, se ninguém faltava. Ele punha muito

medo passava aquele desconforto e aquela falta de confiança. A Maria do

Carmo ficou muito tempo assim acho que dois mandatos. Ela foi àquela

diretora,com o lado lúdico na escola. Ai teve uma modificação não me

lembro... Começou o científico. Ela foi assim àquela diretora,companheira e

trazia muitos cursos pros professores, era amigo de todo mundo e promoveu

muito a escola em todos os sentidos assim no pedagógico. Teve a

implantação das gincanas culturais, era muito bom. Agente trabalhava

demais, mas era bom, tinha as festas juninas maravilhosas. A época da Maria

Selma e da Carmem foi à época dos computadores, foi à chamada

implantação na tecnologia na escola. Foi o período em que o governo

liberouos computadores. Eu achavauma dificuldade, quem ficou a

vidafazendo as provas para rodar no mimeógrafo e a mão. Não tinha

computador, não tinha nada, era na máquina de escrever ou a mão. Foi uma

época de muitos cursos em Belo Horizonte para ensinar os professores a usar

a tecnologia. Na época da Maria Zilma a escola estava com muito problema

de indisciplina, a escola estava num outro patamar, o alunado era mais livre

tinha mais liberdade, a gente até falava os meninos de hoje, nossa que

dificuldade, eles vinham sem aquele domíniodos pais, sem aquela

educaçãoque trás do lar. Maria Zilma sempre contornando, desenvolvendo

projetos, pulso firme, mas levando a escolapara ela continuar o seu brilho

fazendo jus ao nome que ela tinha. Desenvolveu muita coisa e o ensino

também continuava. Foi um período que foi implantado a avaliação do

ensino, começou a observar a cruzar os dados de notas dos alunos, como

estava a aprendizagem dos alunos, como estava o trabalho dos professores.

A escola teve coisa boa nesse período, implementou muita coisa boa. Foi um

período em que houve reformas, a gente ficou muito feliz, houve reforma no

aspecto físico, foi quando a gente construiu a biblioteca diferente da outra

que virou pólo de informática.(Entrevistada 1)

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Aos funcionários ex-alunos da escola foram feitos os questionamentos abaixo. O

entrevistado um estudou no final da década de 60. O entrevistado dois estudou na década de

70. O entrevistado três final da década de 80. O entrevistado quatro na década de 90. O

entrevistado cinco nos anos 2000. Que memórias você tem do seu tempo como estudante

nesta escola? Que influência aformação na E. E. “Quintino Vargas”teve para sua escolha de

profissão? Emsua percepção qual a contribuição quea E. E. “Quintino Vargas” teve para o

desenvolvimento, social, cultural e econômico de João Pinheiro?

Lembro que tive que fazer prova de admissão era prova escrita e oral a dona

Inêz que fazia as provas... Na época que eu estudei era tudo misturado

meninas e moças, às vezes quando as moças queriam aprontar elas

mandavam as meninas vigiar pra ver se o professor Hércules estava vindo.

Ela influenciou porque me deu base para fazer o segundo grau e depois eu

fiz faculdade. Olha a escola foi de suma importância, porque o Quintino era

um marco, era o desejo de todo mundo estudar naquela escola, os

adolescentes, queriam estudar lá porque tinha um ensino muito bom, muito

apertado. Os meninos quando terminava o ginasial, aqueles que não iam

continuar o ensino médio aqui, eles saiam e se davam muito bem onde iam

estudar. Esses meninos recebiam elogios, esses elogios os pais contavam.

Nesse tempo os pais se preocupavam com os filhos e traziam os elogios,

falavam, olha foi graças a vocês. Eles passavam no vestibular. Nós tivemos

uma turma de muitos médicos, engenheiros, advogados. Olha sei de dois ou

três se for contar daquela turma que não fez faculdade. Sem dúvida o

desenvolvimento cultural, profissional, técnico, econômico e social podemos

dizer que a base veio dessa escola. (Entrevistada 1)

Ah eu lembro na época de Educação Física eu era tímida, como isso me

ajudou, os projetos da educação física eram projetos assim dinâmicos e que

eles assim me ajudaram muito, muita dança, muitos jogos, como eu joguei

vôlei, como marcou vôlei na minha vida nessa escola. Eu quase nem comia,

minha vida era jogar vôlei (riso) isso m ajudou bastante. A escola me ajudou

bastante,foi com o que eu tirei dessa escola, com as informações, meu

crescimento aqui que eu tive a visão diferente de que eu faria o curso

superior.Como essa escola ajudou no desenvolvimento da cidade, eu tenho

inclusive uma lembrança, por exemplo, ali da sala dois, nós tínhamos ali um

ensino médio que hoje são profissionais excelentes na nossa cidade. Nós

tínhamos Dr. Flávio que foi meu aluno, Dr. Arilsinho, Dr. Leonardo que

foram nossos alunos, esses são médicos né, então agente lembra mais porque

estão atuando aqui na cidade. Então são muitos profissionais excelentes que

foram nossos alunosnessa escola que contribuem muito hoje na nossa

sociedade. (Entrevista 2).

Estudei na Quintino Vargas na década de 80, as quatro série finais do ensino

fundamental, era uma formação muito boa, a única escola mais central que

recebia os alunos da Presidente Olegário. Com certeza a minha base está na

formação dessa escola. Passei minha adolescência nesta escola, depois de

formada como professora, trabalhando aqui há quinze criei meus filhos tenho

uma caminhada, um laço, um amor, um carinho, é uma vida nesse

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educandário. Fui aluna, professora, vice-diretora e agora estou gestora, eu

acredito muito na formação da escola Quintino Vargas. Eu vejo minha

formação como aluna, meu trabalho como professora daqui tem saído muitos

profissionais, excelentes profissionais para o mercado de trabalho.Também

como meus alunos, vejo grandes profissionais. Como gestora vejo a escola

em outro patamar, nossos alunos passando no vestibular em grandes

faculdades. Eu acredito muito na formação da escola Quintino Vargas, temos

excelente professores e acredito que essa escola tem ajudado sim o

desenvolvimento da nossa sociedade. (Entrevistada 3)

A Quintino Vargas era muito glamour, muitas festas, o desfile e as férias de

ciências, fato marcante, época de inflação recessão, pouco dinheiro e minha

turma não queria participar da feira, mas a diretora não aceitou. Ela disse que

o terceirocientifico não podia ficar de fora. Nossa turma,combinamos de

última hora participar sem gastar dinheiro. Eu como sempre gostava muito

de falar, me mandaram estudar sobre a ditadura militar. Era uma sala com

vários ambientes: ditadura, anos dourados, movimento ripe. E eu apresentei,

o publico ficava encantado, uma menina magrinha explicando tudo sem

olhar no livro, isso foi um divisor de águas pra mim. A influência dessa

escola na minha formação é que meu sonho era fazer faculdade, a Quintino

era a única escola que ofertava o ensino médio na cidade. Eu entrei, naquela

época era a penúltima turma de técnico e normal e tinha o cientifico. Como

eu vim de outra escola e havia muita procura tínhamos que fazer prova e não

tinha a vaga garantida no curso que eu queria. Eu fui colocada no normal,

fiquei muita decepcionada, que eu não queria, meu sonho era fazer

científico, não me via como professora de primeira a quarta série, mas tinha

que persistir. A professora de psicologia pediu uma redação e relatei que

estava no curso errado porque não tinha vaga. No segundo ano fui para o

científico e por causa da feira de ciências optei por história. No anoqueme

formei, passei em primeiro lugar no concurso, fui tomar posse um dia antes

da minha colação de grau, por sortejá tinha defendido a monografia, tomei

posse só com o histórico. Eu vejo assim que eufaço parte da Quintino

Vargas. Eu ouço pelos corredores e salas, eu me lembro, recordo as melhores

fases da minha vida, os desfiles,as festas, o ensino, o despertar da leitura foi

tão forte na Quintino para mim.Eu só tenho a agradecer a Deus por ela ter

feito parte da minha vida, aqui eu tive excelentes professores,não tive

dificuldade nenhuma na faculdade, ela foi um marco na minha vida.

(Entrevistada4)

Para mim foi relevante à criação do segundo endereço, foi minha solução,

porque deslocar da fazenda até acidade para estudar era inviável. Eu tinha

quase quinze anos, as aulas eram à noite, então nós tínhamos que deslocar 60

quilômetros, chegava a casade madrugada, era muito difícil. A ideia de

estudar foi um sonho pra nós que não foi quebrado ao meio. A escola me

influenciou não no momento, porque talvez a gente não tivesse consciência

disso naquele momento enquanto estávamos como estudante no ensino

médio,mas depois quando sai que olhei pra trás que eu vi quanta garra minha

e dos meus colegas. Eu olhava pro meus professores, eles tinham muita

energia e disposição pra ir lá, a distância que era e eles se entregavam muito

pra gente. Apesar da dificuldade de contratempo, falta de energia, fatores

climáticos, eles se entregavam de coração, eram grandes mestres. Apesar das

dificuldades que tínhamos aprendemos muito, tivemos uma experiência de

vida muito grande, valeu apena. Eu pensei porque não eu também? Ou seja,

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me tornar aquilo o qual eu me espelhei. A escola foi sim o meu grande

exemplo, aminha grande base. Considero fazer parte do desenvolvimento

assumindo minha profissão. Quando efetivei, eu imaginei que seria locada

em qualquer escola, nunca imaginei que voltaria para ela, porque pensei é a

Quintino Vargas então o cargo dela com certeza já foi preenchido, mas todas

as pessoas já tinham escolhido outras escolas, e La esta ela esperando por

mim. Foi Deus que me deu o presente de retornar pra minha casa. Então

tomar posse além de ter sido a gratidão de ter conquistado esse espaço e

voltar pra Quintino Não tem descrição, ou seja, voltar de novo no seio no

qual me embasei e no qual eu quero frutificar.(Entrevistada 5)

Todos os entrevistados foram unânimes ao corroborar com a pesquisa enfatizando a

importância e a qualidade do ensino ofertado pela escola. Alguns com ternas lembranças,

outros lembram de conflitos, entretanto todos confirmam uma salutar saudade de seu tempo

como estudante. Há um orgulho explicito da identidade construída tanto como aluno quanto

como profissionais. Todos eles manifestam uma alegria ímpar em pertencer à família

Quintino Vargas. Esse grupo entrevistado acompanhou o desenvolvimento que a Quintino

ajudou a promover, mas mantêm algumas características das pequenas cidades do sertão das

Gerais, e também sabem valorizar tudo aquilo que a vida lhes oportuniza.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao iniciar esta pesquisa não tinha discernimento da importância da história oral tanto

para informação quanto para preservação do patrimônio cultural de uma comunidade.

Percebique o pesquisador contribui sobremaneira para a continuidade e manutenção da

história. Apreendi aimportância do compromisso com a veracidade dos fatos relatados, bem

como a acuidade de ser fidedigno aos relatos. Fato interessante, o pesquisador precisa ser

criterioso, ter método ao utilizar-se da história oral, mas acredito que a objetividade dos

registros dos relatos não nos proporciona a riqueza dos fatos implicitamente relatados que são:

os gestos, a expressão facial, o sorriso, a voz embargada e até mesmo lágrimas. O

encantamento com esses detalhes em cada entrevista certamente oportunizou em mim um

maior interesse pela pesquisa, bem como respeito maior pelas memórias vivas que tem em

cada comunidade. Os entrevistados manifestaremorgulho por participar da pesquisa

apresentaram sentimento de pertencimento e ao mesmo tempode dor, desaudade e melancolia.

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Contar e fazer história são uma dádiva que nos enriquece e nos permite desempenhar

uma função de grande relevância social. Conhecer a história e preservar a memória é fator

primordial na constituição identitária. Debruçar sobre os arquivos, pesquisarnas memórias

deex-funcionários constitui uma forma de conhecer, preservar e compor com mais

intensidadea identidade de um enorme percentual da população pinheirense.

As memórias reminiscentes oportunizadas pela história oralcorroboraram com o que se

propôs investigar, a E.E. “Quintino Vargas” oportunizou aos pinheirenses conhecimento e

educação formal, e isso transformou a vida dessa cidadezinha tão pequenina do sertão mineiro

em realidade concreta, poisantes da criação da escola pesquisada tudo nesta cidade se resumia

emesperança. E o futuro de grande parte da população jovem passou a ser também realidade,

porque tiverem um ensino de qualidade focado na inserção deles na vida adulta e nomercado

de trabalho. É o saber da História como possibilidade e não como determinação. O mundo

não é. O mundo está sendo. (...) Não sou apenas objeto da História, mas seu sujeito

igualmente. No mundo da História, da cultura, da política, constato não para me adaptar,mas

para mudar. (Freire 1996. 46).

REFERÊNCIAS BILIOGRÁFICAS

DELGADO, Lucília de Neves. História oral - Memória, tempo, identidades. Autêntica

Editora, 2007.

FREIRE, Paulo; Pedagogia da indignação cartas pedagógicas e outros escritos. Fundação

UNESP São Paulo 2000.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. Saberes necessários à prática educativa. São

Paulo: Paz e Terra, 1996.

REIS, José Carlos. As identidades do Brasil:de Varnhagen a FHC. Rio de Janeiro: Editora

FGV, 2006.

LE GOFF, Jacques. História e memória. Campinas, SP Editora da UNICAMP, 1990.

LIBÂNEO, José Carlos. Organização e gestão da escola: teoria e prática. 6ª Ed. Rev. e

ampl. São Paulo: Heccus editora, 2013.

MARQUES, Azeredo Décio.A ideologia docente em A reprodução, de Pierre Bourdieu e

Jean-Claude Passeron. Educação & Linguagem. Ano 10 • Nº 16 • 106-126 Jul. - Dez. 2007.

PAGLIUSO, Antonio Tadeu. Gestão organizacional. Saraiva. 2010.

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THOMPSON, Paul.A voz do Passado – História Oral: Paz e Terra 1987.

WILSON, Bárbara A. Reabilitação da memória. ArtMed, 2011.