o conde de paris: obra queirosiana comparada À finitude de um braganÇa brasileiro

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  • 8/18/2019 O CONDE DE PARIS: OBRA QUEIROSIANA COMPARADA À FINITUDE DE UM BRAGANÇA BRASILEIRO

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    O CONDE DE PARIS:

    OBRA QUEIROSIANA COMPARADAÀ FINITUDE DE UM BRAGANÇA BRASILEIRO1

       Nancy Corrêa Plonczynski

      [email protected]

    RESUMO

      Este estudo propõe uma refle!o so"re a no#!o de ci$ilitude e do le%itimado de$er coma na#!o& na condi#!o de representante de Estado& no s'c.()(. * no"reza $ista pela literatura

    de E#a de +ueir,s& numa cr-nica& o"ra p,stuma em ue se utiliza como aporte a compara#!o

    de dois perfis de /ran#a e de Portu%al o Conde de Paris 1 da Casa de rle!es 1 tema da o"ra&

    e o e1monarca "rasileiro deposto& da Casa 3ucal de 4ra%an#a& 3.Pedro )).

    Palavras-chav: Ep5stola. E#a. Conde de Paris. 3. Pedro )). onaruia 4rasileira.

    1! INTRODUÇ"O

    *o ele%er a carta Conde de Paris do E#a de +ueir,s& foi por o"7eti$o de melhor 

    analisar o fim da onaruia 4rasileira por um %olpe repu"licano e aui& por meio da

    literatura& ilustrar o tempo contempor8neo do conteto e assinalar a rele$8ncia epressaneste %ênero liter9rio ue ense7ou o enfoue comparati$o.

      :al escolha 7ustifica1se pelo tratamento dado ; historicidade contida na o"ra& ao

     possi"ilitar ue se articulem

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    mundi$idência do s'culo de cientificismo e pro%resso& tempos de deslum"ramento in$enti$o e

    de rei$indica#ões sociais& identificados com os ideais de ci$iliza#!o e na#!o& p,s fen-menos

    oriundos da e$olu#!o /rancesa.

    E se assim pensa1se& a in$esti%a#!o e a narrati$a so"re o poder e o sentimento de

    na#!o& neste tra"alho& re$isita a estrat'%ia de dois mundos D /ran#a e 4rasil D por outra

     produ#!o liter9ria& pela ual $islum"ra1se a forma#!o ci$ilizat,ria da no"reza& enuanto

    meio de asse%urar seu destino no poder e assentimento por %rupos de interesses& ancorados

    no prest5%io e na %randeza &apropriando1se de uma ima%em suficientemente forte& preparada

     para %arantir a esta"ilidade do Estado e sua tra7et,ria de permanência. *ssim& pressupõe1se

    ue ; sucess!o mon9ruica de$eriam estar suficientemente preparados e conhecimentos

    necess9rios. *o conduzir esta linha de racioc5nio uestionam1se& uais semelhan#as teriam

    essas duas persona%ens para inspirar tal correla#!o

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    #! O CONTE$TO

    Parafraseando Feyne G200H?IH 1 ?J0K& encontra1se a interlocu#!o para compreender 

    ue o Lacontecimento em uest!o reaparece num outro tempo e num outro lu%arM e o passado' campo pleno de causas e efeitos em ue "usca1se ; hist,ria comparada os aspectos comuns

    nas aproima#ões dos fatos recolhidos.

      N!o ' poss5$el analisar persona%ens com $idas e interesses distintos& sem delinear um

     pouco o seu tempo e $i$ência. E#a de +ueir,s&

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    Qua inf8ncia e adolescência s!o marcadas por pouca con$i$ência familiar& depois por 

     pouca permanência no pa5s de$ido ; profiss!o diplom9tica. as suas lem"ran#as o tocaram

    na inspira#!o e na escrita& refor#ados pelos momentos de tensões pol5tica& econ-mica e social

    da 'poca. *ssim& o estilo liter9rio de E#a reflete as profundas transforma#ões da se%unda

    metade do s'culo ()(& assinalando inclusi$e o seu olhar a re$er seus conceitos so"re

    Portu%al.

    3ecerto& as lem"ran#as em suas produ#ões so"re Portu%al est!o ancoradas na sua

    mem,ria& em ue se%undo =al"Rachs G*pud 4osi ?JK& LG...K na maior parte das $ezes&

    lem"rar n!o ' re$i$er& mas refazer& reconstruir& repensar& com ima%ens e id'ias de ho7e& as

    eperiências do passado. SEm ueT a mem,ria n!o ' sonho& ' tra"alho.M No plano liter9rio&

    ent!o& ' influenciado pelo realismo de ori%em francesa& principalmente por dois influentes

    literatos /lau"ert G?H2?1?HH0K& autor de  Madame Bovary& em ue ressalta a hipocrisia

     "ur%uesa. E Uola G?HJ01?02K& com ênfase ao Naturalismo e$olu5do da Vest'tica realistaW.

      *s o"ras de E#a at' ho7e s!o moti$os de interpreta#ões e estudo& tais como As farpas,

    O mistério da estrada de Sintra, O primo Basílio, O crime do padre Amaro, A

    Correspondencia de Fradi!e Mendes, Os Maias, A relí!ia, A il!stre casa de "amires e A

    cidade e as serras& o"ras re$isitadas e o"7eto de releituras como produto inspirador de outras

     produ#ões culturais. s romances assinalam o ide9rio da %era#!o O0& ue ois's G200H26K entende

    em seu estilo como Lnaturalidade& fluência& $i%or narrati$o& precis!o& oralidade& rep>dio as solu#õesret,ricas ea%eradasM.

      Para mais& com seus contempor8neos Xo!o Penha& *ntero de +uental& Bermano eireles&

    *l"erto Qampaio& :e,filo 4ra%a& *nt-nio /eliciano de Castilho& Buerra Xunueiro& amalho rti%!o&

    li$eira artins& 4atalha eis e outros militantes intelectuais& participou de e$entos culturais

    rele$antes como as Confer#ncias do Cassino $is%onense  em ?HO?& o"7eti$ando uma reforma da

    mentalidade do po$o portu%uês. *ssim& desta e"uli#!o intelectual passa do omantismo ao ealismo e

    em ?HHH& E#a ' nomeado c-nsul em Paris e sua produ#!o para al'm de romancista& transfere1se para

    memorialista e ha%i,%rafo.

    Em ?00 faz sua >ltima $isita a Portu%al& um pouco antes de falecer em ?6 de a%osto. Em

    termos sin%ulares& deia um con7unto de o"ras rele$antes ao olhar da

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    3este con7unto& a ep5stola& Conde de Paris  apresenta em fic#!o& um cen9rio ue

    suscita possi"ilidades de êitos na fi%ura do monarca para a na#!o e seu po$o.

    /! O CEN0RIO DO SCULO $I$

    s conflitos de interesses do  Ancien "é0ime  e as Vascendentes for#as sociaisW

     promo$eram as re$olu#ões do s'culo (F)))&em ue n!o se defla%raram s, na /ran#a&mas

    como assinala =o"s"aRnG20?0K em A "evol!ç1o Francesa& fora a mais LecumênicaM

     G...K * /ran#a forneceu o $oca"ul9rio e os temas da pol5tica li"eral e radical1democr9tico para a maior parte do mundo. * /ran#a deu o primeiro %rande eemplo& o conceito e

    $oca"ul9rio do nacionalismo. Ela forneceu os c,di%os le%ais& o modelo de or%aniza#!ot'cnica e cient5fica e o sistema m'trico de medidas para a maioria dos pa5ses. * ideolo%iado mundo moderno atin%iu& pela influência francesa& as anti%as ci$iliza#ões ue at' ent!oresistiam ;s id'ias europ'ias. Esta foi a o"ra da e$olu#!o /rancesa.

      * /ran#a $i$ia no s'culo ()(& as transforma#ões pro$ocadas pelos resultados da ciência e

    do pro%resso. * primeira re$olu#!o industrial este$e li%ada ao car$!o como com"ust5$el e

     permitiu uma das %randes mudan#as na economia e na $ida social francesa com o

    desen$ol$imento da comunica#!o por meio das estradas de ferro. * se%unda re$olu#!o

    industrial este$e li%ada& so"retudo ; eletricidade& mudando de forma radical a economia na/ran#a.

      Portanto& a e$olu#!o /rancesa representou um processo de deslocamento da

    he%emonia do poder& em ue os "ur%ueses lutaram politicamente por esta estrutura#!o e

    ocupa#!o de espa#o respaldado numa constitui#!o de direitos. E foi como um  "ei B!r0!#s

    ue "lica& a chamada :erceira ep>"lica /rancesa& ue se%uia um sistema parlamentar& comuma *ssem"l'ia e um Presidente da ep>"lica. *ssim& a :erceira ep>"lica /rancesa G?HO?1

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    ?J0K distin%uia1se por radicaliza#!o das posi#ões pol5ticas& freuentes esc8ndalos e crises

     pol5ticas& caracterizando1se pela insta"ilidade pol5tica& deposi#!o de %o$ernos e instala#!o de

    uma crise pol5tica no pa5s por correntes diferenciadas.

      Portanto& a /ran#a do s'culo ()( mante$e ainda conflitos din9sticos lutando pelo

     poder& no entanto& a o"stina#!o por no$os $alores pela "ur%uesia le$aram ao poder 

    4onapartistas e rleanistas& ramo menor dos 4our"on ue reconciliados& o"ti$eram o t5tulo

    Conde de Paris.

    /!1! O SC!$I$ NO BRASIL

    L s'culo ()( foi chamado Lo s'culo da luzM tal

    impress!o ue a desco"erta da eletricidade pro$ocou so"re

    os contempor8neos G...K.M Gello 200O?2OK

    * associa#!o entre l!*  e  pro0resso troue tam"'m ao 4rasil o deslum"ramento do

    conforto e da ci$iliza#!o. * Corte te$e ent!o seus espa#os p>"licos real#ados pela iluminancia

     pro$eniente da ener%ia el'trica. 4rasil passa por mudan#as radicais tanto no campo

    econ-mico como no pol5tico1social& principalmente no per5odo compreendido entre ?H0 e?00& em"ora com profundas diferen#as materiais& se comparadas ;s da Europa. Partido

    epu"licano foi fundado uando a %uerra com o Para%uai G?H61O0K aca"ou DY a onaruia

    $i$e uma $erti%inosa decadência.

    * "licos.

     Nesse per5odo& as id'ias de Comte& Qpencer& 3arRin e =aeckel conuistaram os

    intelectuais "rasileiros ue se entre%aram ao esp5rito cient5fico& so"repu7ando a concep#!o

    espiritualista do omantismo. :odos se $oltam para eplicar o uni$erso atra$'s da Ciência&

    tendo como %uias o positi$ismo& o darRinismo& o naturalismo e o cientificismo.

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    Findo da Europa com tendências ao uni$ersal& o ealismo aca"a aui modificado por 

    nossas tradi#ões e& so"retudo& pela intensifica#!o das contradi#ões da sociedade& refor#adas

     pelos mo$imentos repu"licano e a"olicionista& intensificadores do descompasso do sistema

    social. ois's G200H2I012I?K assinala ue

    * o"ra liter9ria passou a ser considerada utens5lio& arma de com"ate& de reforma e a#!osocial. G...K os realistas pre%a$am a arte compromissada& G...K.Endeusando a Ciência como ocaminho perfeito para a solu#!o dos pro"lemas humanos& acredita$am ue a poesia de$esseestar a ser$i#o das causas redentoras do homem G...K Por sua $ez& os romancistas faziamo"ra de tese como o cientistas& em seu la"orat,rio& empreende se%uidas eperimenta#ões&o"7eti$ando pro$ar um teoria.

    ealismo e o Naturalismo se esta"elecem no 4rasil com o aparecimento& em ?HH?&

    da o"ra realista Memrias Pst!mas de Br2s C!%as& de achado de *ssis& e da naturalista O

     M!lato& de *lu5sio de *ze$edo& influenciados pelo escritor portu%uês E#a de +ueir,s& com as

    o"ras O Crime do Padre Amaro G?HOK e Primo Basílio G?HOHK. mo$imento se estende at' o

    in5cio do s'culo ((.

    2! A IMPRENSA BRASILEIRA E AS EP3STOLAS

    Em ?H0H& a imprensa te$e in5cio no 4rasil com a pu"lica#!o do  &ornal 3a*eta do

     "io de &aneiro& funcionando como porta1$oz oficial do )mp'rio Portu%uês. Em termosoficiais& s, em ?H2 o 7ornal apresentara diferencial no  &ornal do Comércio  do io de

    Xaneiro& su"linha Coutinho G?O??2K& VG...K uando achado de *ssis imprimiu ao %ênero&

    caracter5sticas peculiares como a possi"ilidade de tra"alhar com $9rias lin%ua%ens& temas e

    si%nificados.W

      folhetim representou um importante espa#o para a $eicula#!o de aspectos liter9rios&

    econ-micos e pol5ticos. *ssim como a cr-nica& importantes fonte de pesuisa so"re a

    hist,ria da sociedade do s'culo ()(& pois& re%istraram cr5ticas da sociedade de sua 'pocaatra$'s de todos os %êneros& usos e costumes.

     Na 'poca do Qe%undo einado&a li$re imprensa era o instrumento de informa#ões

    insidiosas& a %arantia do poderio econ-mico e pol5tico de determinados %rupos .Para al'm& o

    espa#o do 7ornal n!o conse%uia uma independência lin%[5stica& pois nele predomina$a um

    discurso de teor pol5tico& liter9rio e "acharelesco& resultante da atua#!o na imprensa de

    in>meros ad$o%ados e literatos.

    O

    http://www.coladaweb.com/resumos/o-crime-do-padre-amaro-eca-de-queirozhttp://www.coladaweb.com/resumos/o-primo-basilio-eca-de-queirozhttp://www.coladaweb.com/resumos/o-crime-do-padre-amaro-eca-de-queirozhttp://www.coladaweb.com/resumos/o-primo-basilio-eca-de-queiroz

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    E o estilo carta& representa$a al'm de informa#ões p>"licas ou pri$adas& o

    conhecimento mais detalhado de al%um tema& como modalidade de comunica#!o da 'poca

     para tomar ciência das not5cias em tempo h9"il.

    Cada pessoa ' testemunha de sua pr,pria eistência& cu7a ima%em ela constr,i omitidocertos acontecimentos& retendo outros& deformando ou acomodando outros ainda. Essetra"alho pode alimentar D se de documentos G$est5%ios materiaisK& mas& por defini#!o& 'solit9rio n!o temos contas a prestar a nin%u'm so"re a ima%em ue fazemos de n,smesmo. G...K Nin%u'm tem o direito de nos impor a ima%em ue temos de nosso pr,prio

     passado& em"ora se7am muitos os ue ousam tent9Dlo certo sentido nossas lem"ran#as s!oirrefut9$eis& pois $alem por sua pr,pria eistência& e n!o pela realidade ; ual remetem.G:odoro$ 2000??K

    * carta do s'culo ()( e inserida no 7ornal tem uma conota#!o para al'm da

    informa#!o& diferenciada& pois se tornando p>"lica& para al'm de re$elar a opini!o do escritor&funciona como instrumento fundamental para destinar informa#ões ue lhe aprou$er.

    essalta1se ue esta modalidade de escrita depende da che%ada das informa#ões locais de

    Vdi$ersas partes do pa5sW. *ssinala Peiinho G200K no 45 Con0resso da Associaç1o

     Port!0!esa de Ci#ncias da Com!nicaç1o6

    * epistolaridade ser9& portanto& a estrat'%ia discursi$a para a afirma#!o de umestilo indi$idual& no seio de um espa#o discursi$o plural e coleti$o. N!o ' por acaso uedi$ersos escritores 7ornalistas recorreram a este modo discursi$o& dos uais E#a de +ueir,s' o eemplo paradi%m9tico& conferindo forma epistolar ; maior parte da sua etensacola"ora#!o com a imprensa. 

    folhetim e a cr-nica foram %'neros liter9rios ue E#a desen$ol$eu em di$ersos

     peri,dicos no 4rasil e em Portu%al. E de um con7unto de cr-nicas& pu"licadas em ?0O&

    denominadas Cartas familiares& E#a de +ueir,s dedicou uma delas ao Conde de Paris .

    2!1! A OBRA: O CONDE DE PARIS

    * persona%em principal da o"ra&

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    =enriue& conde de Cham"ord& "lica& cu7a pr9tica se da$a por meio de uma produ#!o de si%nos

    em"lem9ticos ue mantinha a mem,ria oficial do poder instalado& tais como t5tulos&

    medalhas& pinturas& retratos e pri$il'%ios ue assim consa%ra$a o poder e contri"u5a para

    cultuar e ampliar a pr,pria in$estidura de forma hier9ruica& acima de seus s>ditos.

    *o decorrer do s'culo ()(& a /ran#a re$olucionou tam"'m a moda& tendo em $ista a

    ascens!o da "ur%uesia e dos %rupos sociais ue se esta"eleciam. Enuadrando ent!o a

    representa#!o masculina ainda pelo $estu9rio 1 como su"linha o

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    n!o era para muitos& 79 ue era promo$ido por no$os si%nos da ecelência social& tais como o

    tecido& o corte da Alta Cost!ra& a postura& a discri#!o& a posi#!o social& entre outros. *ssim& o

    Conde de Paris& como homem do seu tempo e de tendência li"eral& aparece na o"ra de E#a

    com so"riedade& tal ual 3.Pedro ))& o monarca "rasileiro em seu fato escuro. Neste

    fra%mento a"aio ressalta o fidal0o intelect!al e moral 

    Conde de Paris te$e& como chefe da Casa de /ran#a e portanto pretendente ; coroade /ran#a& o defeito de n!o possuir sen!o $irtudes. Nascido simplesmente numa $elha fam5lia

     patr5cia& como os

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    rei numa monaruia esta"elecida por uma maioria parlamentar a sua id'ia era de um %rande ple"iscito& em ue a /ran#a toda $otasse li$remente a monaruia.

    Conde de Paris n!o aceitaria assumir o poder se o po$o n!o o ueria& o monarca

     "rasileiro tam"'m respeita$a seus opositores& mesmo com a Vpro%ressi$a desafei#!oW ;

    monaruia& Spois&T o po$o tinha carinho pelo imperador. Era um s9"io& poeta& astr-nomo&

    fil,sofo& artista& um Vhomem "ondoso e simplesW. *ntes de tudo um estudioso e ello

    G200O?HK& assinalam ue LEm"ora criticado pelo pouco apre#o ao eerc5cio do %o$erno D 

    critica mais li%ada ; sua contumaz sonolência em atos p>"licos ou interesse por assuntos

    cient5ficos e filos,ficos& nin%u'm discutia o amor de 3. Pedro pelo pa5sM. 3estaca a opini1o

     p+%lica e!ivocada da avare*a6

    as todas as suas $irtudes de homem concorriam para o anular& como pretendente. Nada o pre7udicou mais ue a sua mod'stia& recato em esconder o ue nele ha$ia demoralmente superior. G...K

    Em $ez de animar as lendas fa$or9$eis& deia$a mesmo correr so"re o seu car9cter  peueninas lendas desa%rad9$eis e falsas& sem ue er%uesse um dedo para as deter edesmanchar& como se fosse simplesmente um fil,sofo na sua ca"ana& para uem n!o eiste omundo eterior. *ssim toda a /ran#a o considera$a um a$arento. Era o $elho r,tulo daa$areza& ue fora colado a

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    consider9$el era %asta em esmolas& funda#ões& dons& escolas& o"ras de "eneficência. E depoisda sua morte& os seus ami%os puderam enfim desafo%adamente contar ue& le$ado pelosencar%os crescentes da sua %enerosidade& auele pr5ncipe a$arento& nos >ltimos anos& %asta$amais ue o seu rendimento& como um mero e ale%re estroina. as prodi%alidade por am"i#!o&decerto& a n!o tinha nem seuer a compreendia D e era esse outro dos seus defeitos como

     pretendente.

    Qe o Conde de Paris& por'm& fosse chamado ao trono& ou por uma re$olu#!o& ou por um ple"iscito& ou ainda pelos desastres de uma no$a %uerra& todos estes defeitos de pretendente se con$erteriam em $irtudes de rei D e ele seria incontesta$elmente Gnenhumrepu"licano o ne%aK um rei admir9$el G...K Qe de seu pai& o duue de rle!es& herdara a finainteli%ência e a %enerosidade humanit9ria D de sua m!e& princesa luterana& rece"era umesp5rito piedoso e s'rio& ue& desen$ol$ido atra$'s de uma forte educa#!o in%lesa& oassemelha$a so"retudo ao %entleman in%lês na sua epress!o perfeita.

    3. Pedro criado sem os pais& dedicado aos estudos e cedo assumindo a postura ue

    lhe ca"ia no )mp'rio& tornou 1 se uma pessoa solit9ria. Com o tempo& sua doen#a Gdia"etesK o

    consumia le$ando1o ; sonolência e VdescuidoW com os pro"lemas do pa5s& pondo a"aio ano"reza das ualidades. *dmite1se dizer ue a raz!o do descontentamento do po$o "rasileiro

    teria como principal r'u& o pr,prio )mperador& pois& sem uso de estrat'%ias contra a imprensa

     permitira ue a li"erdade criasse um espa#o de oposi#!o flame7ante e de forma#!o da

    opini!o p>"lica& fato ue contri"uiu para destituir a ima%em& por $ezes caricata& do )mperador.

    Qeu falecimento em Paris& num simples uarto de hotel e com um tra$esseiro da terra do

    4rasil da$a por fim a onaruia e a ep>"lica foi1lhe indiferente... silenciaram.

    E do Conde de Paris se pode ainda dizer ue ele ser$iu a /ran#a mostrando por todaa parte& da Europa at' ; *m'rica& atra$'s dos seus dois e5lios& o ue ' a $irtude& a cora%em&o sa"er& a polidez& a "ondade de um pr5ncipe francês. Por este lado& o seu desterro foi umaesp'cie de empre%o p>"lico cheio de responsa"ilidades e ele achou ainda a5 o meio de se dar todo a um de$er e de eercer& com amor e no"reza& uma alta fun#!o patri,tica. Eilado de/ran#a& o Conde de Paris& por toda a parte e em todas as circunst8ncias& nas cortes& nosacampamentos& nas academias& na $ida social& como pr5ncipe&como soldado& como pensador&como escritor& como homem de fam5lia&incessantemente e ma%nificamente& ocupou1se em

     popularizar e fazer amar a /ran#a.

    4! CONCLUS"O

    Por similitudes& a constru#!o intelectual das persona%ens esta$am e[idistantes no

    sentido do de$er com o po$o& por car9ter e comprometimento com a na#!o.

    b /ran#a e ao 4rasil che%ara o tempo de se%uir o olhar em dire#!o ao horizonte& ;

    ep>"lica. retorno n!o teria mais a mesma estrada& o"ser$a1se ue E#a& assim d9 um

    desfecho ao destino do homem c5$ico& com hom"ridade& e ue tem por apan9%io de homem

    comum a recorda#!o do torr!o natal.

    ?2

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    Perce"e1se ue E#a assim complementa seu ciclo de produ#!o liter9ria com ênfase na

    fic#!o& na mem,ria e na a$alia#!o a eplicar as ideias eui$ocadas& so"retudo& das

     persona%ens prota%onizadas na an9lise& a ep5stola& toda$ia anunciara a finitude de um tempo.

      5! REFER6NCIAS

    4ahia& Xuarez G?0K &ornal, )istria e técnica6 )istria da imprensa %rasileira/ Q!o Paulo Ztica. Fol. )& JA ed.

    4osi& Ecl'a G?JK Memria e Sociedade. Q!o Paulo Companhia das