legislação comparada

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Legislação Comparada Fábio Perin Shecaira fabioshecaira.wordpress.com [email protected]

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Page 1: Legislação Comparada

Legislação Comparada

Fábio Perin Shecaira

fabioshecaira.wordpress.com [email protected]

Page 2: Legislação Comparada

Razões para cobrar presença em disciplina eletiva:

1. Impacto positivo no desempenho da turma

2. Valorização das eletivas

Page 3: Legislação Comparada

Ponto 1: Introdução – o que é o direito comparado

(Não há texto de leitura obrigatória.)

Page 4: Legislação Comparada
Page 5: Legislação Comparada

Introdução

1. O que é o direito comparado (DC)?

2. Qual é a sua relação com outras disciplinas?

3. Qual é o seu método?

4. Qual é a sua utilidade?

Page 6: Legislação Comparada

Introdução

1. O que é DC?

Disciplina que compara os sistemas e culturas jurídicas da atualidade.

Obs: comparar = identificar semelhanças e diferenças

Page 7: Legislação Comparada

Introdução

2. Qual é a sua relação com outras disciplinas?

- Direito Internacional Público (DIP)

- Direito Internacional Privado (DIPri)

- História do direito

- Filosofia do direito

Page 8: Legislação Comparada

Introdução

DC e DIP

DC compara sobretudo sistemas jurídicos nacionais e regionais (v.g. UE).

Page 9: Legislação Comparada

Introdução

DC e DIPri

DIPri estuda as normas nacionais que regulam casos com conexões internacionais.

Page 10: Legislação Comparada

Introdução

Exemplo:

LINDB, Art. 10. A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens.

Page 11: Legislação Comparada

Introdução

DC e história do direito

A comparação entre sistemas jurídicos é enriquecida através da pesquisa histórica.

Page 12: Legislação Comparada
Page 13: Legislação Comparada

Introdução

DC e filosofia do direito

DC exige que o teórico ascenda a uma nível relativamente alto de abstração.

Page 14: Legislação Comparada

Introdução

3. Qual é o seu método?

Como decifrar os segredos de uma cultura jurídica estrangeira?

Page 15: Legislação Comparada
Page 16: Legislação Comparada

Introdução

Uma “lição metodológica”

Normas jurídicas podem ser mal compreendidas se não houver investigação sobre como são aplicadas na prática.

Page 17: Legislação Comparada

Constituição do Japão, Artigo 9

(1) Aspirando sinceramente a uma paz internacional baseada na justiça e na ordem, o povo japonês para sempre renuncia à uuerra como direito soberano da nação ou ao uso da força como meio de resolução de disputas internacionais.

(2) Para estabelecer o objetivo do parágrafo precedente, forças aéreas, marítimas e terrestes, assim como outros potenciais de guerra, nunca serão mantidos. O direito de beligerância do estado não será reconhecido.

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Page 19: Legislação Comparada

Introdução

4. Qual é a utilidade do DC?

> Compreensão mais profunda do direito pátrio

> DC como “laboratório” de experiências jurídicas

> Projetos de harmonização entre sistemas

> Aplicação de regras de DIPri

Page 20: Legislação Comparada

Resumo

Direito comparado –

O que é

Como se relaciona com outras disciplinas

Qual é a sua utilidade

Uma “lição metodológica”

Page 21: Legislação Comparada

Ponto 2 - Classificação dos sistemas jurídicos (2 aulas)

Texto: Merryman, Caps. 1, 5, 7 e 13

Perguntas:

1. Civil law e common law são as únicas tradições jurídicas que há?

2. Só os sistemas de civil law são “codificados”?

3. O que explica a falta de unidade do sistema jurisdicional na civil law?

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Page 23: Legislação Comparada

Classificação dos sistemas

Microcomparação vs. Macrocomparação

Categorizar sistemas em “famílias” ou “tradições” é fazer macrocomparação.

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Page 25: Legislação Comparada

Classificação dos sistemas

Critérios possíveis para a classificação de sistemas:

> história

> ideologia

> nível de codificação

> importância dos diferentes atores

> método de ensino jurídico

etc.

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Page 27: Legislação Comparada

Classificação dos sistemas

Civil law x Common law (algumas diferenças tradicionais)

1. Organização judicial

2. Processo legal

3. Influência dos diferentes atores

4. Fontes do direito

5. Divisão do direito

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Classificação dos sistemas

1. Organização judicial

Hierarquia unificada (common law)

x

Hierarquia dividida (civil law)

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Page 30: Legislação Comparada

Classificação dos sistemas

2. Processo legal

Maior oralidade e concentração dos atos processuais

Maior passividade do juiz na instrução

(common law)

x

Menor oralidade e concentração

Juiz mais ativo na instrução

(civil law)

Page 31: Legislação Comparada

Classificação dos sistemas

4. Influência dos diferentes atores

Juiz como protagonista

(common law)

x

Legislador e doutrinador como protagonistas

(civil law)

Page 32: Legislação Comparada

Classificação dos sistemas

4. Fontes do direito

stare decisis

Ausência de codificação (?!) (common law)

X

Negação do stare decisis

Codificação (civil law)

Page 33: Legislação Comparada

Classificação dos sistemas

R. C. van Caenegem:

“Código é um texto novo, redigido especialmente para a ocasião, contendo uma exposição abrangente e sistemática das normas de algum campo do direito e substituindo todas as leis, costumes e fontes anteriores.”

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Classificação dos sistemas

5. Divisão do direito

Menor ênfase na distinção público/privado (common law)

x

Maior ênfase na distinção público/privado

(civil law)

Page 35: Legislação Comparada

Resumo

> Microcomparação ≠ macrocomparação

> Algumas diferenças tradicionais entre civil law e common law

1. Organização judiciária

2. Processo legal

3. Influência dos diferentes atores

4. Fontes do direito

5. Divisão do direito

Page 36: Legislação Comparada

Organização judiciária

Unificada ( ) Fragmentada ( )

Processo legal Mais oral, concentrado e “adversarial” ( )

Menos oral, concentrado e “adversarial” ( )

Influência dos atores

Protagonismo judicial ( )

Protagonismo legislativo ( )

Fontes do direito Afirmação do stare decisis ( )

Negação do stare decisis ( )

Divisão do direito Pouca ênfase da distinção público-privado ( )

Muita ênfase da distinção público-privado ( )

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Page 38: Legislação Comparada

Classificação dos sistemas

Problematizando a distinção “civil law x common law”...

1. Tendência atual para aproximação

2. Diferenças importantes dentro de cada grupo

3. Existência de sistemas mistos

Page 39: Legislação Comparada

Classificação dos sistemas

1. Tendência para aproximação

Fatores:

> Globalização econômica e cultural

> Fortalecimento de instituições transnacionais

Page 40: Legislação Comparada

Classificação dos sistemas

2. Diferenças dentro de cada grupo

> Família romanista (FRA) x Família germânica (ALE)

> EUA x Inglaterra

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Page 42: Legislação Comparada

Classificação dos sistemas

França x Alemanha

> Sistema recursal: cassação x revisão

> Controle de constitucionalidade de leis:

político a priori x judicial a posteriori

> Código civil:

claro e acessível x denso e acadêmico

Page 43: Legislação Comparada

Classificação dos sistemas

EUA x Inglaterra

> Tipo de constituição:

codificada x não-codificada

> Educação jurídica:

pós-graduação x graduação

> Carreira do advogado:

unificada x dividida

Page 44: Legislação Comparada

Classificação dos sistemas

3. Sistemas mistos

Termo normalmente usado para classificar sistemas que combinam elementos de civil law e common law.

Page 45: Legislação Comparada

Classificação dos sistemas

Exs: Louisiana, Quebec, Porto Rico, África do Sul, Filipinas, Tailândia, Israel, Escócia.

Obs: Quase todas colônias de metrópoles europeias transferidas para Inglaterra ou EUA.

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África do Sul Israel Escócia Louisiana Quebec Porto Rico Filipinas

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Classificação dos sistemas

Outros tipos de “sistemas misto”

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Classificação dos sistemas

> Civil law + direito islâmico: Argélia, Egito, Iraque, Líbano...

> Common law + direito islâmico: Paquistão, Sudão, Cingapura, Emirados Árabes...

> Common law + civil law + direito islâmico: Irã, Jordânia, Somália, Arábia Saudita...

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Resumo

Limites da distinção “civil law x common law”:

1. Tendência para que sistemas se aproximem

2. Diferenças importantes dentro de cada grupo

(Fra x Ale; Ing x EUA)

3. Existência de sistemas mistos

(civil law + common law; outros)

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Ponto 3.1: Estilo judicial comparado

Textos: Merryman, Caps. 6 e 9

Kötz, pdf no site (leitura opcional)

Perguntas:

1. O modo de seleção dos juízes afeta seu estilo? Como?

2. “Na civil law doutrinadores têm mais prestígio e, portanto, são citados com mais frequência pelos juízes.” A afirmação é verdadeira?

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Page 53: Legislação Comparada

Estilo Judicial Comparado

1. Há produção de votos separados nos tribunais?

2. Onde são publicadas as decisões?

3. São longas ou curtas?

4. São intelectualizadas, citam a doutrina?

5. São legalistas?

6. Quem são os juízes, como são selecionados?

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Estilo Judicial Comparado

1. Há produção de votos separados?

Modelos tradicionais:

Voto per curiam x Votos seriatim

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Estilo Judicial Comparado

Qual é o melhor modelo?

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Estilo Judicial Comparado

Argumentos contra votos separados:

> Expõem os juízes a pressão política

> Dificultam a pacificação da jurisprudência

> Prejudicam a colaboração entre os juízes

Page 59: Legislação Comparada

Estilo Judicial Comparado

Argumentos a favor de votos separados:

> Preservam a liberdade de expressão dos juízes

> Promovem transparência

> Aumentam a qualidade dos votos

(desde que circulados antes do julgamento)

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Estilo Judicial Comparado

2. Onde são publicadas as decisões?

> Na internet, pelos próprios tribunais

> Por editores oficiais

> Por editores comerciais

Page 61: Legislação Comparada

Estilo Judicial Comparado

3. São longas ou curtas?

Goutal, 1976: Decisões francesas < decisões americanas < decisões inglesas.

Por quê, se apenas o direito francês exigia a fundamentação de decisões?

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Novo CPC, Art. 489: São elementos essenciais da sentença: [...] II - os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito; [...] § 1o Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que: I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida; II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso; III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão;

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IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador;

[...]

§ 2o No caso de colisão entre normas, o juiz deve justificar o objeto e os critérios gerais da ponderação efetuada, enunciando as razões que autorizam a interferência na norma afastada e as premissas fáticas que fundamentam a conclusão.

Page 64: Legislação Comparada

Estilo Judicial Comparado

4. São intelectualizadas, citam a doutrina?

Obs: Doutrina – dogmática vs. zetética

Page 65: Legislação Comparada

Estilo Judicial Comparado

Kötz, 1990

França: raras citações

Inglaterra: até o início do século XX, convenção contra a citação de autores vivos

Estados Unidos: citações frequentes

Alemanha: citações muito numerosas

Page 66: Legislação Comparada

Estilo Judicial Comparado

Fatores relevantes:

> prestígio da comunidade acadêmica

> qualidade dos escritos doutrinários

> oralidade do processo legal

> disponibilidade de tempo e outros recursos (assistentes, livros)

> cultura mais ou menos legalista

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Estilo Judicial Comparado

Obs: Hoje há muita discussão sobre o uso judicial de estudos empíricos (economia, sociologia, psicologia).

Ex: Brown vs. Board of Education (1954)

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Estilo Judicial Comparado

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Resumo

Questões de estilo judicial comparado:

1. Há votos separados?

2. Onde são publicadas as decisões?

3. São longas ou curtas?

4. São intelectualizadas, citam a doutrina?

5. São legalistas?

6. Quem são os juízes, como são selecionados?

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Estilo Judicial Comparado

5. São legalistas?

Markesinis, 2000

Stovin v. Wise (1996) & BGH NJW (1980)

(Responsabilidade civil pública por acidentes provocados por obstruções em autopistas)

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Estilo Judicial Comparado

Stovin v. Wise (1996), Lord Hoffman:

“[A] criação de um dever de cuidado para a autoridade rodoviária […] inevitavelmente levaria ao controle judicial das decisões orçamentárias da autoridade. Isso levaria à distorção das prioridades das autoridades, que seriam obrigadas a incrementar seus gastos em obras viárias para evitar enormes indenizações por acidentes. Eles gastarão menos com educação ou serviços sociais.”

Page 75: Legislação Comparada

Estilo Judicial Comparado

6. Quem são os juízes, como são selecionados?

> São advogados experientes ou juízes de carreira?

> Fazem concurso, são nomeados ou eleitos?

> Especializam-se ou transitam entre as áreas?

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Resumo

Questões de estilo judicial comparado:

1. Há votos separados?

2. Onde são publicadas as decisões?

3. São longas ou curtas?

4. São intelectualizadas, citam a doutrina?

5. São legalistas?

6. Quem são os juízes, como são selecionados?

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Próximo ponto (3.2): Uso do direito estrangeiro em decisões judiciais

Texto: Posner, artigo

Perguntas:

1. A prática é antidemocrática?

2. A prática fere a soberania nacional?

3. Como podem os juízes escolher (de forma não-arbitrária) o país cujo direito vão usar?

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Direito estrangeiro em decisões judiciais

Obs: Não se trata de uso obrigatório de direito estrangeiro em virtude de DIPri

Ex: Atkins v. Virginia, 2002:

“na comunidade internacional, a imposição de pena de morte por crimes cometidos por indivíduos mentalmente retardados [sic] é amplamente reprovada”

Page 80: Legislação Comparada

Direito estrangeiro em decisões judiciais

Maneiras de usar direito estrangeiro:

1. Para preencher uma lacuna no direito nacional

(Atkins v. Virginia)

2. Em oposição ao direito nacional (contra legem)

Page 81: Legislação Comparada

Direito estrangeiro em decisões judiciais

O uso de direito estrangeiro é comum. Há países que até o admitem em lei:

Ex: CSA, Art. 39:

1. Ao interpretar a Carta de Direitos, um tribunal:

a. deve promover os valores que fundamentam uma sociedade aberta e democrática...;

b. deve considerar direito internacional; e

c. pode considerar direito estrangeiro.

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Legislação estrangeira citada: Art 1º, art. 3º, art. 4º, art. 26 itens 1, 2 e 3, art. 28, art. 36 itens 1 e 2, art. 46 itens 1 e 2 da Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas de 13 de setembro de 2007; art. 23 números 2 e 7 da Constituição de Bonn, com a redação dada pela Reforma Constitucional de 1992.

Decisões estrangeiras citadas: Caso Awas Tingni da Corte Interamericana de Direitos Humanos; Delgamuukw v. British Columbia (1997) 3 S.C.R. 1010 (Can.); Bush versus Gore, julgado pela Suprema Corte dos Estados Unidos; Caso Brown v. Board of Education; Caso Plessy v. Fergunson, Caso Brown II (349 U.S. 294)

Page 85: Legislação Comparada

Direito estrangeiro em decisões judiciais

Nos EUA, a prática é polêmica.

Por quê?

> “insularidade” política e jurídica americana

> influência do “originalismo” como teoria de interpretação constitucional

Page 86: Legislação Comparada

Direito estrangeiro em decisões judiciais

Críticas ao uso de direito estrangeiro:

> contrário à soberania nacional

> antidemocrático

> juízes têm conhecimento superficial do direito estrangeiro (lição metodológica!)

> arbitrariedade na escolha do sistema

(“cherry-picking”)

Page 87: Legislação Comparada

Direito estrangeiro em decisões judiciais

Soluções parciais:

> proibição do uso contra legem

> restrição do uso a assuntos globais

> consulta a institutos especializados

E o problema da arbitrariedade?

Page 88: Legislação Comparada

Direito estrangeiro em decisões

Gelter & Siems, 2014 (decisões de tribunais supremos europeus entre 2000 e 2007)

Fatores:

> acessibilidade linguística e proximidade cultural

> tamanho do país

> índice de corrupção

Page 89: Legislação Comparada
Page 90: Legislação Comparada

Resumo

> Uso judicial de direito estrangeiro (x aplicação de DIPRI)

> Controvérsia norte-americana: objeções políticas e práticas

> “Cherry-picking” e pesquisa empírica sobre o assunto

Page 91: Legislação Comparada

Próximo ponto (3.3): Transplantes jurídicos

Texto: Fedtke, artigo

Perguntas:

1. Por que acontecem transplantes?

2. Quais são os principais desafios para a realização de transplantes?

Page 92: Legislação Comparada

Transplantes jurídicos

Outros termos possíveis: “empréstimos jurídicos”, “migração jurídica”, “circulação jurídica”

Diferentes vias possíveis: legislativa, jurisprudencial, doutrinária.

Page 93: Legislação Comparada

Transplantes jurídicos

Maldonado – “discurso comum” sobre transplantes:

> Ocorrem de países desenvolvidos para países subdesenvolvidos

> Ocorrem com autorização formal do estados

> Apenas regras são transplantadas

> As regras são aplicadas sem distorções

Page 94: Legislação Comparada

A lei, em geral, é a razão humana... e as leis civis de cada

nação são apenas casos particulares de aplicação da

razão humana. Devem ser tão próprias ao povo para o qual

foram feitas que seria um acaso muito grande se as leis de uma

nação pudessem servir para outra.

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Page 97: Legislação Comparada

Transplantes jurídicos

Razões para transplantes:

> Percepção do sucesso do objeto transplantado

(obs: transplant bias)

> Implementação de acordos internacionais

> Pressão política e econômica

> Imposição militar

Page 98: Legislação Comparada

Transplantes jurídicos

Obstáculos ao sucesso de transplantes:

> Risco de deturpação na prática

> Difícil acesso à jurisprudência e doutrina originais

> Harmonização do transplante com o resto do sistema

> Preferência política por soluções nacionais

Page 99: Legislação Comparada

Transplantes jurídicos

Afinal, transplantes costumam dar certo ou não?

Outra maneira de formular a questão:

O que explica a evolução de sistemas jurídicos: inovações ou empréstimos?

Ex: Código Napoleão, BGB

Page 100: Legislação Comparada

Transplantes jurídicos

Três observações importantes:

Obs1: Transplantes não precisam ser abruptos.

Caso sul-africano: duas constituições (1993 e 1994)

Page 101: Legislação Comparada

Transplantes jurídicos

Obs2: regras de direito privado são mais facilmente transplantadas? (Alan Watson)

Código Civil turco de 1926

Constitucionalismo contemporâneo

Page 102: Legislação Comparada

Transplantes jurídicos

Obs3: Overfitting transplants (M. Siems)

Ex: júri civil

Page 103: Legislação Comparada

Resumo

> A “visão comum” sobre transplantes

> O extremo oposto: ceticismo sobre transplantes

> “A verdade está no meio”:

evidências históricas de transplantes bem-sucedidos + reconhecimento dos obstáculos

Page 104: Legislação Comparada

Próximo ponto (3.4): Controle de constitucionalidade

Texto: Merryman, Cap. 18

Perguntas:

1. Qual é a diferença entre constituições formalmente e funcionalmente rígidas?

2. O que há de peculiar no (antigo) sistema francês de controle de constitucionalidade?