o centro - n.º11 – 04.10.2006

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DIRECTOR JORGE CASTILHO DESPORTO Basquetebol Futebol Futsal Natação Pólo Aquático PÁG. 14 a 17 CO-INCINERAÇÃO Governo trava providência cautelar PÁG. 3 ASSINE O “CENTRO” E GANHE OBRA DE ARTE | Taxa Paga | Devesas – 4400 V. N. Gaia | Autorizado a circular em invólucro de plástico fechado (DE53742006MPC) Carlos Carranca Francisco Amaral Mário Martins Renato Ávila Varela Pècurto PÁG. 19, 20, 21 e 24 OPINIÃO ANO I N.º 11 (II série) De 4 a 17 de Outubro de 2006 € 1 euro (iva incluído) Assinantes do “Centro” com 10% de desconto na compra de livros PÁG. 2 e 3 EMBORA POR RAZÕES DIFERENTES Republicanos e monárquicos celebram o 5 de Outubro PÁG. 4 E 5 HOJE É O DIA MUNDIAL DO ANIMAL Eles também têm direitos! PÁGINAS 6 E 7 Pág. 8 EM COIMBRA, DE 16 A 21 DE OUTUBRO Festa do Cinema Francês PÁG. 12 Exposição de Zé Penicheiro na Figueira da Foz

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Versão integral da edição n.º 11 do quinzenário “O Centro”, que se publica em Coimbra. Director: Jorge Castilho. 04.10.2006. Não se esqueça de que pode ver o documento em ecrã inteiro, bastando para tal clicar na opção “full” que se encontra no canto inferior direito do ecrã onde visualiza os slides. Também pode descarregar o documento original. Deve clicar em “Download file”. É necessário que se registe primeiro no slideshare. O registo é gratuito. Para além de poderem ser úteis para o público em geral, estes documentos destinam-se a apoio dos alunos que frequentam as unidades curriculares de “Arte e Técnicas de Titular”, “Laboratório de Imprensa I” e “Laboratório de Imprensa II”, leccionadas por Dinis Manuel Alves no Instituto Superior Miguel Torga (www.ismt.pt). Para saber mais sobre a arte e as técnicas de titular na imprensa, assim como sobre a “Intertextualidade”, visite http://www.mediatico.com.pt/manchete/index.htm (necessita de ter instalado o Java Runtime Environment), e www.youtube.com/discover747 Visite outros sítios de Dinis Manuel Alves em www.mediatico.com.pt , www.slideshare.net/dmpa, www.youtube.com/mediapolisxxi, www.youtube.com/fotographarte, www.youtube.com/tiremmedestefilme, www.youtube.com/discover747 , http://www.youtube.com/camarafixa, , http://videos.sapo.pt/lapisazul/playview/2 e em www.mogulus.com/otalcanal Ainda: http://www.mediatico.com.pt/diasdecoimbra/ , http://www.mediatico.com.pt/redor/ , http://www.mediatico.com.pt/fe/ , http://www.mediatico.com.pt/fitas/ , http://www.mediatico.com.pt/redor2/, http://www.mediatico.com.pt/foto/yr2.htm , http://www.mediatico.com.pt/manchete/index.htm , http://www.mediatico.com.pt/foto/index.htm , http://www.mediatico.com.pt/luanda/ , http://www.biblioteca2.fcpages.com/nimas/intro.html

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Page 1: O Centro - n.º11 – 04.10.2006

DIRECTOR JJOORRGGEE CCAASSTTIILLHHOO

DESPORTO

ll Basquetebolll Futebolll Futsalll Nataçãoll Pólo Aquático

PÁG. 14 a 17

CO-INCINERAÇÃO

Governotravaprovidênciacautelar

PÁG. 3

ASSINE O “CENTRO”E GANHE OBRA DE ARTE

| Taxa Paga | Devesas – 4400 V. N. Gaia |Autorizado a circular em invólucrode plástico fechado (DE53742006MPC)

nnCarlos CarrancannFrancisco AmaralnnMário MartinsnnRenato ÁvilannVarela Pècurto

PÁG. 19, 20, 21 e 24

OPINIÃO

ANO I N.º 11 (II série) De 4 a 17 de Outubro de 2006 € 1 euro (iva incluído)

Assinantesdo “Centro”com 10%de descontona comprade livros

PÁG. 2 e 3

EMBORA POR RAZÕES DIFERENTES

Republicanose monárquicoscelebramo 5 de Outubro

PÁG. 4 E 5

HOJE É O DIA MUNDIAL DO ANIMAL

Eles tambémtêm direitos!

PÁGINAS 6 E 7

Pág. 8

EM COIMBRA, DE 16 A 21 DE OUTUBRO

Festa do CinemaFrancês PÁG. 12

Exposiçãode Zé Penicheirona Figueira da Foz

Page 2: O Centro - n.º11 – 04.10.2006

Celebra-se hoje, 4 de Outubro, o Dia Mun-dial do Animal.

O “Centro” tem vindo a assumir, desde aprimeira edição, a defesa dos direitos dos ani-mais (relativamente à qual a UNESCO apro-vou, há quase 30 anos, uma Declaração quereproduzimos na página 7).

Infelizmente, como é fácil de concluir pelaleitura do articulado dessa Declaração, todosos dias se assiste à violação dos princípios aliplasmados, de forma muitas vezes cruel, nãoraro descarada e quase sempre impune.

Aliás, uma impunidade que é normalmen-te extensiva às constantes infracções à legisla-ção portuguesa e comunitária (atente-se, porexemplo, no caso das touradas com a mortedos animais na arena, na maneira cruel comomuitas vezes são transportados e abatidos osanimais para consumo humano, na desumani-dade com que muitos maltratam e abando-nam animais domésticos, sobretudo na épocade férias).

Por tudo isto, à medida que os anos vãopassando, com maior convicção vou adoptan-do a sábia afirmação: quanto mais conheçodos homens e das mulheres, mais apreçotenho pelos animais…

Amanhã, 5 de Outubro, assinalam-se os 96anos do regime republicano, implantado emPortugal em 1910. Mas se o facto não é,obviamente, razão para festejo por parte dosmonárquicos, a verdade é que, para estes, o 5de Outubro é também motivo de celebração,por outras razões, a que aludimos nesta edição(página 5).

Felizmente, neste país de (alguns ainda)brandos costumes que é o nosso, adeptos dosdois regimes convivem de maneira pacífica,civilizada, havendo mesmo muitos monárqui-cos que participam activamente nas institui-ções políticas republicanas (por exemplo, oantigo Presidente do Partido Popular Mo-nárquico, Pignatelli Queiroz, é deputado naAssembleia da República).

Pena que este exemplo de sã convivência,de tolerantes divergências, se não estenda a

outros sectores bem menos relevantes, comosejam os futebóis e negócios afins…

E por falar em Monarquia e República,devo confessar que, independentemente deconvicções políticas, me parece ter sido desne-cessária a mudança da Bandeira Nacionalquando foi implantada a República.

Por um lado, a bandeira que representavaPortugal a 5 de Outubro de 1910 (e ao contrá-rio do que sucede com as bandeiras de algunsoutros países), não ostentava símbolos incom-patíveis com o novo regime republicano –com excepção da coroa, que poderia ter sidoretirada, mantendo-se os restantes elementos.

Por outro lado, há que reconhecê-lo, erabem mais bonita (azul e branca) do que aadoptada pela República. Mas gostos não sediscutem…

Agora o que já pode, e deve, discutir-se, é otratamento que actualmente está a ser dado àBandeira Nacional. Por oportuna sugestão doum brasileiro que sabe do seu ofício, ela foiutilizada para exacerbar o apoio dos portu-gueses à selecção de futebol por ele dirigida. Oapelo resultou, e o negócio das bandeirasprosperou. O País inundou-se de “bandeirasnacionais”, que da China chegavam aos milha-res, quase sempre deturpando os seus símbo-los de forma mais ou menos grosseira. Mas otempo foi passando, e hoje o que se vê, emmuitas varandas, paredes de cafés e antenas deautomóveis, são trapos desbotados, num des-mazelo que configura desrespeito por umsímbolo que – importa disso esclarecer osmenos avisados –, não é objecto decorativo,relegado para o mesmo nível que os galos deBarcelos ou as bonecas sevilhanas...

Há mesmo legislação relativa à BandeiraNacional, que expressamente refere:

“A Bandeira Nacional, no seu uso, deveráser apresentada de acordo com o padrão ofi-cial e em bom estado, de modo a ser preserva-da a dignidade que lhe é devida”. (Ver, a estepropósito, a página 5)

E, já agora, era bom que os portuguesesconhecessem também a letra do HinoNacional (mesmo que se possa pôr em causaa sua actualidade, pois longínquos vão os tem-pos do Ultimatum inglês, e apesar do mapa doPaís ser neste momento maioritariamente cor-

de-rosa, tal não afecta a independência nacio-nal…). Se quase todos sabem de cor os hinosou do Benfica, ou do Sporting ou do FCP(consoante as preferências clubísticas), mais sejustifica que conheçam também o de Portugal,que deveria ser o clube de todos nós. O“Centro” dá o seu contributo para a causa,publicando, na página 4, a letra de “APortuguesa”.

Uma outra celebração que importa aquiregistar é a do Dia Mundial da Água, assinala-do no passado domingo, dia 1 de Outubro.

Para a maior parte de nós, portugueses, hádois tipos de água: a do mar, salgada, boa paraa pesca e para refrescar no Verão; e a outra,dita doce, que é tratada como sendo apenasum líquido acessível, de baixo custo (exceptoa engarrafada, especialmente quando se con-some em restaurantes e hotéis…), que correcom abundância por rios e ribeiros, e tambémdas torneiras que abrimos nas casas-de-banho,nas cozinhas, nos jardins…

Mas nem sempre foi assim, no passado, enão poderá continuar a ser assim, no futuro.

Lembro-me de, nas férias estivais de infân-cia passadas no Minho, assistir a graves confli-tos entre agricultores por causa das servidõesde águas de rega, que serpenteava pelos sulcosrasgados na terra à força da enxada, e que ahoras certas era desviada para fazer medrar asculturas sequiosas na manta de retalhos queeram aqueles campos agrícolas, cada pedaci-nho com seu intransigente proprietário.

E não tenho dúvidas de que demorarámuito menos tempo do que alguns imaginamaté que a água venha a tornar-se muito maisvaliosa do que o petróleo e a ser a principalcausa de guerras entre nações, caso se nãotomem medidas adequadas para a sua preser-vação e utilização racional.

Daí a importância de acções de sensibiliza-ção como aquela a que nos referimos nestaedição (página 8).

Outra data que merece notícia neste“Centro” (página 8) é a de 30 de Setembro, diaem que os Hospitais da Universidade deCoimbra (HUC) comemoraram 20 anos nasactuais instalações. São impressionantes osnúmeros relativos à grandeza desta prestigiadainstituição, que tanto tem contribuído, a par

com outras entidades, públicas e privadas,para que Coimbra seja reconhecida como“Cidade da Saúde”.

Por último, que me seja permitido aludir aoutra efeméride: foi a 30 de Setembro de 1987que saiu a primeira edição do “Jornal deCoimbra”, um semanário que fundei e dirigiao longo de quase 17 anos, e de que o“Centro” tenta ser digno sucessor.

Como reconheceram publicamente deze-nas de personalidades dos mais diversos qua-drantes, o “Jornal de Coimbra” foi um exem-plo de independência e isenção, para além deuma escola onde se iniciaram alguns dos quesão hoje dos mais destacados jornalistas por-tugueses.

Conscientes da responsabilidade de tãohonrosa herança, cá continuamos a respeitaros mesmos princípios, enfrentando as dificul-dades daí decorrentes, mas orgulhosos porlevarmos até aos leitores um jornal impoluto.

22 DE 4 A 17 DE OUTUBRO DE 2006

Director: Jorge Castilho(Carteira Profissional n.º 99)

Propriedade: AudimprensaNif: 501 863 109

Sócios: Jorge Castilho e Irene Castilho

Inscrito na DGCS sob o n.º 120 930

Composição e montagem: Audimprensa -Rua da Sofia, 95, 3.º3000-390 Coimbra - Telefone: 239 854 150Fax: 239 854 154e-mail: [email protected]

Impressão: CIC - CORAZEOliveira de Azeméis

Tiragem: 10.000 exemplares

No sentido de proporcionar maisalguns benefícios aos assinantes deste jor-nal, o “Centro” acaba de estabelecer umacordo com a livraria on line “livros-net.com” (ver rodapé na última páginadesta edição).

Para além do desconto de 10%, o assi-nante do “Centro” pode ainda fazer aencomenda dos livros de forma muitocómoda, sem sair de casa, e nada terá apagar de custos de envio dos livros enco-mendados.

Numa altura em que se aproxima oinício de um novo ano lectivo, e em queas famílias gastam, em média, 200 euros

em material escolar por cada filho, estedesconto que proporcionamos aos assi-nantes do “Centro” assume especialsignificado (isto é, só com o que poupapor um filho fica pago o valor anual daassinatura).

Mas este desconto não se cinge aosmanuais escolares. Antes abrange todos oslivros e produtos congéneres que estão àdisposição na livraria on line “livrosnet”.

Aproveite esta oportunidade, se já é as-sinante do “Centro”.

Caso ainda não seja, preencha o boletimque publicamos na página seguinte eenvie-o para a morada que se indica.

Se não quiser ter esse trabalho, bastaráligar para o 239 854 150 para fazer a suaassinatura, ou solicitá-la através do [email protected].

São apenas 20 euros por uma assinatu-ra anual – uma importância que certamen-te recuperará logo na primeira encomendade livros.

E, para além disso, como ao lado seindica, receberá ainda, de forma automáti-ca e completamente gratuita, uma valiosaobra de arte de Zé Penicheiro – trabalhooriginal simbolizando os seis distritos daRegião Centro, especialmente concebidopara este jornal pelo consagrado artista.

Assinantes do “Centro” com 10% de descontona compra de livros

EE DD II TT OO RR II AA LL

Jorge [email protected]

Os Leitoresa participarem

Gostaríamos que os leitores ti-vessem uma efectiva participaçãonos conteúdos de cada edição do“Centro”, enviando-nos textos eimagens que entendam terem inte-resse para publicação (e que editare-mos se, efectivamente, preencheremos indispensáveis requisitos paraesse efeito).

Os textos deverão ser curtos efocar questões de interesse geral, ouentão casos insólitos ou relevantes.

Quanto às imagens, podem sermesmo as captadas por telemóvel(embora, naturalmente, seja preferí-vel obtê--las com máquinas digitaisou enviá-las em papel, para melhorara qualidade da reprodução), e deve-rão identificar o respectivo autor, adata e o local onde foram recolhidase o que documentam.

O desafio aqui fica, esperandoque rapidamente comece a merecerresposta de muitos leitores.

Efemérides

Page 3: O Centro - n.º11 – 04.10.2006

CCOOIIMMBBRRAA 33DE 4 A 17 DE OUTUBRO DE 2006

Nesta campanha de lançamento do jor-nal “Centro” temos uma aliciante propos-ta para os nossos leitores.

De facto, basta subscreverem uma assi-natura anual, por apenas 20 euros, paraautomaticamente ganharem uma valiosaobra de arte.

Trata-se de um belíssimo trabalho daautoria de Zé Penicheiro, expressamenteconcebido para o jornal “Centro”, com ocunho bem característico deste artistaplástico – um dos mais prestigiados pinto-res portugueses, com reconhecimentomesmo a nível internacional, estandorepresentado em colecções espalhadas porvários pontos do Mundo.

Neste trabalho, Zé Penicheiro, com oseu traço peculiar e a inconfundível utiliza-ção de uma invulgar paleta de cores, criouuma obra que alia grande qualidade artísti-ca a um profundo simbolismo.

De facto, o artista, para representar aRegião Centro, concebeu uma flor, com-posta pelos seis distritos que integram estazona do País: Aveiro, Castelo Branco,Coimbra, Guarda, Leiria e Viseu.

Cada um destes distritos é representadopor um elemento (remetendo para respec-tivo património histórico, arquitectónicoou natural).

A flor, assim composta desta forma tãooriginal, está a desabrochar, simbolizandoo crescente desenvolvimento desta RegiãoCentro de Portugal, tão rica de potenciali-dades, de História, de Cultura, de patrimó-

nio arquitectónico, de deslumbrantes pai-sagens (desde as praias magníficas até àsserras verdejantes) e, ainda, de gente hos-pitaleira e trabalhadora.

Não perca, pois, a oportunidade de re-ceber já, GRATUITAMENTE, esta mag-nífica obra de arte, que está reproduzida naprimeira página, mas que tem dimensõesbem maiores do que aquelas que ali apre-senta (mais exactamente 50 cm x 34 cm).

Para além desta oferta, passará a rece-ber directamente em sua casa (ou no localque nos indicar), o jornal “Centro”, que o

manterá sempre bem informado sobre oque de mais importante vai acontecendonesta Região, no País e no Mundo.

Tudo isto, voltamos a sublinhá-lo, porAPENAS 20 EUROS!

Não perca esta campanha promocional,e ASSINE JÁ o “Centro”.

Para tanto, basta cortar e preencher ocupão que abaixo publicamos, e enviá-lo,acompanhado do valor de 20 euros (depreferência em cheque passado em nomede AUDIMPRENSA), para a seguintemorada:

Jornal “CENTRO”Rua da Sofia. 95 - 3.º3000–390 COIMBRA

Poderá também dirigir-nos o seu pedi-do de assinatura através de:

n telefone 239 854 156n fax 239 854 154n ou para o seguinte endereçode e-mail:[email protected]

Para além da obra de arte que desde já lheoferecemos, estamos a preparar muitas out-ras regalias para os nossos assinantes, peloque os 20 euros da assinatura serão umexcelente investimento.

O seu apoio é imprescindível para queo “Centro” cresça e se desenvolva, dandovoz a esta Região.

CONTAMOS CONSIGO!

APENAS 20 EUROS POR UMA ASSINATURA ANUAL!

Assine o jornal “Centro”e ganhe valiosa obra de arte

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CO-INCINERAÇÃO EM SOUSELAS

“Braço de ferro” entre Câmara e GovernoO Ministério do Ambiente travou os efei-

tos suspensivos da providência cautelarrequerida pela Câmara Municipal de Coimbracontra a decisão de avançar com a co-incine-ração em Souselas sem avaliação de impactoambiental, alegando ser lesiva do interessepúblico.

Numa resolução a que a Agência Lusa teveacesso, o secretário de Estado do Ambiente,Humberto Rosa, argumenta que a suspensãodos efeitos do despacho governamental pre-tendida pela autarquia, "mais do que inconve-niente, é gravemente lesiva para os interessespúblicos subjacentes à sua emissão (...), osquais contribuem para a concretização deuma política global de gestão de resíduosperigosos".

A suspensão da eficácia da decisão gover-namental foi requerida a 13 de Setembro.

Na altura, o presidente da Câmara Mu-nicipal, Carlos Encarnação, adiantou que aprovidência cautelar seria acompanhada deuma acção principal a contestar o despachocom que o ministro do Ambiente, NunesCorreia, dispensou em Agosto a Cimpor deSouselas da realização do Estudo de ImpactoAmbiental (EIA).

Carlos Encarnação disse que a decisão dedispensar a Cimpor de efectuar o EIA repre-sentava "um erro e um perigo" e sublinhouque a aposta da cimenteira no uso dos

Resíduos Industriais Perigosos (RIP) comocombustível "não é um projecto público, massim privado".

O secretário de Estado do Ambiente refereque o Instituto dos Resíduos (entidade compe-tente para o licenciamento das operações deco-incineração) e o Instituto do Ambiente(Autoridade de AIA) emitiram parecer favorá-vel à dispensa d este procedimento e propuse-ram um conjunto de medidas de minimizaçãodos impacte s ambientais.

Humberto Rosa considera que o diferimen-to do processo de co-incineração de RIPdurante o tempo necessário à tomada de deci-são judicial na providência cautelar é "total-mente inadmissível e altamente prejudicial paraos interesses públicos".

Entre estes interesses contam-se nomea-damente: a necessidade de uma política degestão de RIP que complemente o uso dosCentros Integrados de Recuperação, Valo-rização e Eliminação de Resíduos (CIRV-ER), o tratamento dos lixos contaminadosexistentes e acumulados em diversos locaise a resolução do processo de pré-conten-cioso comunitário por incumprimento dadirectiva relativa aos RIP por n ão teremsido adoptadas as medidas necessárias a umtratamento adequado.

O secretário de Estado invocou ainda ocumprimento do princípio da auto-suficiência

que norteia a política europeia de resíduos(redução da exportação).

Além disso argumentou ainda que a adop-ção da valorização energética de RIP por co-incineração nas cimenteiras é uma soluçãoadequada e que contribui pa ra a redução dosriscos para a saúde das populações que resul-tam da contaminação de solos ou de queimanão controlada.

A providência cautelar não foi o primeirorecurso da Câmara de Coimbra para impedir aco-incineração.

No dia 21 de Agosto, o executivo municipalaprovou uma postura de trânsito que proíbe acirculação de Resíduos Industriais Perigosos(RIP) para co-incineração na fábrica de cimen-to de Souselas, uma freguesia a norte da cidade.

No dia seguinte, o Governo, através dosecretário de Estado do Ambiente, Hum-berto Rosa, anunciava que mantinha a pre-visão de iniciar em Setembro ou Outubroos testes para a queima dos RIP em Sou-selas. No dia 24 de Agosto, a Câmara deCoimbra começou a instalar sinais de trân-sito nos acessos a Souselas, proibindo a cir-culação de RIP e outras matérias perigosas.

Quatro dias depois, o ministro Nunes Cor-reia questionou a competência d a autarquiapara aplicar essa proibição e acusou a Câmarade Coimbra de "usar o terror das pessoas parafins políticos".

ENCARNAÇÃO NÃO FICOUSURPREENDIDO

Carlos Encarnação, afirmou ontem (terça-feira, dia3) não estar surpreendido com o "tra-vão" do Ministério do Ambiente aos efeitossuspensivos da providência cautelar interpostapela autarquia contra a co-incineração emSouselas.

"A secretaria de Estado usou um expedien-te possível do ponto de vista da lei, para nãosuspender a eficácia do acto. Já esperava, aCâmara de Coimbra j á o fez noutras ocasiões"disse à Agência Lusa Carlos Encarnação.

Carlos Encarnação disse ainda que o direi-to "não é dramático", sendo "normal" a con-testação nos termos da lei.

"As pessoas não têm de ficar ofendidas",sustentou.

Lembrou, no entanto, que além da provi-dência cautelar, interposta a 13 de Setembro,requerendo suspensão da eficácia da decisãogovernamental, deu entrada uma acção princi-pal a contestar o despacho com que o ministrodo Ambiente, N unes Correia, dispensou emAgosto a Cimpor de Souselas da realização doEstudo de Impacto Ambiental (EIA).

"A acção principal deu entrada, com natu-ralidade vamos defender a nossa causa. O juizainda não decidiu sobre a providência caute-lar", argumentou.

Page 4: O Centro - n.º11 – 04.10.2006

44 55 DDEE OOUUTTUUBBRROO DE 4 A 17 DE OUTUBRO DE 2006

Evocando o 5 de Outubro, a I Repúblicae a resistência à ditadura, a Delegação doCentro da Associação 25 de Abril vai pro-mover em Coimbra, no próximo dia 10 deOutubro (terça-feira da próxima semana), aapresentação e debate da obra intitulada“General Sousa Dias: Militar, Republicano,Patriota”.

Trata-se de um trabalho do major-gene-ral Augusto José Monteiro Valente, editadopela Câmara Municipal da Guarda – N.A.C.

A sessão decorre na Casa Municipal daCultura, com início às 21 horas, e incluiráuma palestra intitulada “Palavras Livres”,por Amadeu Carvalho Homem, Professorda Faculdade de Letras da Universidade deCoimbra.

Segue-se a intervenção do autor do livro,Augusto Valente, subordinada ao tema “Osmilitares e a I República: O exemplo doGeneral Sousa Dias”.

“GENERAL SOUSA DIAS– MILITAR, REPUBLICANO,PATRIOTA”

Entre a plêiade de corajosos democratasque tenazmente lutaram pela defesa daRepública e contra a Ditadura Militar quelhe pôs termo a 28 de Maio de 1926, ocupalugar de destaque o General AdalbertoGastão de Sousa Dias, republicano notávele intrépido resistente, silenciado pelo Es-tado Novo e ainda hoje um desconhecidopara a maioria dos Portugueses.

Daí a oportunidade deste livro da auto-ria de Augusto Valente.

Natural de Chaves, o Adalberto SousaDias nasceu em 31 de Dezembro de 1865,e faleceu a 27 de Abril de 1934, no Min-delo, Cabo Verde, onde se encontrava de-portado.

Fez os preparatórios à Escola do Exér-cito na Universidade de Coimbra, entre1881 e 1883. Serviu como major em Coim-bra, no então Regimento de Infantaria n.º35, entre 1912 e 1915.

Convicto republicano, Sousa Dias nãofoi, contudo, um militar revolucionárionem um político activo até ao 28 de Maio

de 1926, como outros da sua geração. Nãosão conhecidas referências à sua participa-ção nos movimentos de 31 de Janeiro de1891, de 14 de Maio de 1915 ou 12 deOutubro de 1918. Por outro lado, semprerecusou desempenhar cargos políticos, ape-sar de várias vezes ter sido convidado peloalto prestígio de que gozava entre os secto-res republicanos e no seio do Exército. Masdesde a juventude até à sua morte, SousaDias foi sempre um militar profissional deextrema integridade de carácter e de abso-luta intransigência na fidelidade aos ideaisconstitucionais, republicanos e civilistas,sem olhar a sacrifícios ou perigos. Apoiouo 5 de Outubro, combateu Paiva Couceiro,recusou colaborar com os movimentos mi-litares de Pimenta de Castro e Sidónio Pais,opôs-se à «Monarquia do Norte» e resistiuao 28 de Maio.

Após este último pronunciamento, foium dos poucos generais, e porventura omais destacado, que mais se empenhou nocombate ao novo regime ditatorial, chefian-do as revoltas de 3 de Fevereiro de 1927, noPorto, e de 4 de Abril de 1931, na Madeira.No desterro, em S. Tomé, nos Açores, naMadeira e em Cabo Verde, continuou amanter um papel político activo, quer comorepresentante dos deportados nas colónias,quer como elemento de ligação com osdirigentes da resistência republicana nocontinente e os exilados políticos emFrança e em Espanha.

Maltratado e humilhado pela DitaduraMilitar e pelo Estado Novo, Sousa Diaspassaria os últimos anos da sua vida depor-tado em Cabo Verde, onde viria a falecer.Transladado em segredo de Cabo Verde,em 1936, e transportado até à cidade daGuarda, também em sigilo, o seu corpo foisepultado às escondidas, ao cair da noite,no cemitério da Guarda.

Três anos após o 25 de Abril, Sousa Diasfoi reintegrado no Exército e no seu postode general. E, em 1980 foi condecorado, atítulo póstumo, com a Ordem da Liberdade,com vários outros políticos e militares quemais se evidenciaram no combate à ditadura.

Sousa Dias foi um exemplo raro de inde-

fectível lealdade à República, de firmeza,coragem, coerência e sacrifício na defesados seus ideais. No dizer de Raul Rego, asua figura podia “servir de modelo a quan-tos se bateram contra a ditadura e aos pro-cessos de repressão do regime que ainda sedizia República”.

O LIVRO SEGUNDO O AUTOR

Sobre o livro, disse ao “Centro” o res-pectivo autor, Augusto Valente:

“General Sousa Dias – Militar, Repu-blicano, Patriota, é uma obra muito modes-ta para o muito mais alto merecimentodaquele general, mas que pretende contri-buir para o objectivo de democratização deuma memória a que importa continuar fiel,contra o esquecimento daqueles que, entre1926 e 1974, cometeram o «crime» de lutarpela Liberdade. Deixar esquecer essa me-mória será cortar a raiz ao Portugal livre edemocrático que Abril fez renascer, seráesquecer o seu percurso histórico e os valo-res e ideais que lhe deram força. Infeliz-mente, o facto de ainda não haver sidolocalizado pelo Arquivo Histórico-Militardo Exército o processo individual do gene-ral Sousa Dias, porventura destruído pelasanha da ditadura após o fracasso dasrevoltas que contra ela sustentou e a sua

consequente demissão de oficial do Exérci-to e deportação para Cabo Verde, impedi-ram que fosse levada mais longe a investi-gação biográfica que suportou a obra emcausa, em homenagem aquele corajosorepublicano e democrata ”.

PREFÁCIO DESTACAIMPORTÂNCIA DA OBRA

No Prefácio do livro, escreve AmadeuCarvalho Homem:

“Um dos méritos facilmente assinalá-veis na abordagem feita por MonteiroValente ao tema em apreço reside no factode ter sabido compaginar e articular os aci-dentes e incidentes biográficos da figuraestudada com a evolução geral da socieda-de portuguesa, na tripla vertente política,social e militar. Daí que seja não apenasexplanado o exemplar percurso de vida deum distinto Oficial do Exército, como sejaigualmente apresentada aos leitores, comobjectiva serenidade, a diacronia históricaque se alonga desde a crise finissecularoitocentista da Monarquia Constitucional àradicação da Ditadura Militar e do EstadoNovo, passando pela experiência crítica,convulsa e dramática da nossa PrimeiraRepública. Por outro lado, este livro consti-tui um acto de justiça para com a memóriade um protagonista da história contempo-rânea do nosso país que foi perseguido, vili-pendiado e deprimido pela bem organizadamáquina de propaganda do salazarismo.Pouco se sabia sobre a trajectória existenci-al e militar do General Sousa Dias. À seme-lhança do que aconteceu com muitos out-ros adversários da autocracia deposta em25 de Abril de 1974, o Estado Novo teceuem torno da sua figura uma verdadeira“conspiração de silêncio”. A reconstituiçãofeliz e escrupulosa da vida e obra do cida-dão que por duas vezes, em 1927 e em1931, se insubordinou contra a venalidadee arbítrio de poderes não sufragados edemocraticamente ilegítimos, rompe essabarreira conspirativa e oferece aos leitoreso esboço criterioso de um vulto marcanteda história democrática portuguesa”.

COM PALESTRA E LANÇAMENTO DE LIVRO

Sessão em Coimbra no dia 10 de Outubroevoca o general Sousa Dias

O Hino Nacional: letra e História

ANTECEDENTES HISTÓRICOSDO HINO NACIONAL

Só a partir do século XIX os povos daEuropa criaram o uso de cantar os hinos, quan-do um movimento de opinião levou a que cadaestado estabelecesse uma composição, comletra e música que fosse representativa e oficial.Até então os povos e os exércitos conheciamapenas os cantos e os toques guerreiros pró-

prios de cada corpo e as canções relativas aosacontecimentos dignos de memória.

Durante a monarquia, o ideário da NaçãoPortuguesa estava consubstanciado no poderdo Rei. Não havia a noção de um hino nacional,e por isso as peças musicais com carácter públi-co ou oficial identificavam-se com o monarcareinante.

Neste contexto, ainda em 1826, em Portugal

era considerado como hino oficial o “HymnoPatriótico”, da autoria de Marcos Portugal. Estehino inspirava-se na parte final da Cantata “LaSperanza o sia l̀ Augurio Felice”, composta eoferecida pelo autor ao Príncipe Regente D.João quando este estava retirado com a Corteno Brasil, e que foi representada no Teatro de S.Carlos em Lisboa, a 13 de Maio de 1809 paracelebrar o seu aniversário natalício.

Muitos portugueses, especialmente os das gerações mais recentes, não conhecem bem a letra do HinoNacional e menos ainda sabem a sua História. Por isso, e como forma de assinalar o 5 de Outubro,aqui deixamos um contributo para o necessário esclarecimento sobre “A Portuguesa”, nome dadoao Hino cuja música é da autoria de Alfredo Keil e a letra de Henrique Lopes de Mendonça – e que,como abaixo se relata, e ao contrário do que poderia pensar-se, não tem a ver com a Implantaçãoda República, antes surgiu nos finais do séc. XIX.

A PortuguesaHeróis do mar, nobre povo, Nação valente, imortal, Levantai hoje de novo O esplendor de Portugal! Entre as brumas da memória, Ó Pátria, sente-se a voz Dos teus egrégios avós, Que há-de guiar-te à vitória!Às armas, às armas! Sobre a terra, sobre o mar, Às armas, às armas! Pela Pátria lutar Contra os canhões marchar, marchar!

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DE 4 A 17 DE OUTUBRO DE 2006

Nem só os republicanos assinalam odia 5 de Outubro. Também os monárqui-cos o fazem. Só que enquanto os primei-ros assinalam a Implantação da República,em 1910, os outros celebram o nascimen-to de Portugal enquanto Nação indepen-dente, em 1143.

A esse propósito, a seguir transcreve-mos um texto da autoria do Presidente daReal Associação de Coimbra, JoaquimLeandro Costa e Nora:

“É em 5 de Outubro de 1143, com oTratado de Zamora e na presença do Le-gado Pontifício, Cardeal Guido de Vico,que D. Afonso VII de Leão reconhece a

existência de um novo Estado, PORTU-GAL.

Esta declaração de Portugal comoReino Independente infelizmente não écomemorada oficialmente no próprioPaís.

PORTUGAL deve ser o único País doMundo que não celebra oficialmente adata da sua independência, a data do seunascimento!

As Autoridades Oficiais Portuguesastêm preferido comemorar as datas de aci-dentais alterações do regime, que simboli-zam sobretudo revoluções fratricidasentre Portugueses.

É o caso do “5 de Outubro”:

Oficialmente é comemorada apenas arevolução de 1910, que opôs Portugueses aPortugueses, e que teve como acto prepa-ratório e decisivo o assassinato do (então)Chefe de Estado (que era o Rei D. Carlos I) – nas eleições gerais que tinham antecedi-do o regicídio, o Partido Republicano tinhatido apenas 7% dos votos!

Continuam as actuais Autoridades Ofi-ciais Portuguesas a ignorar a celebração doaniversário do nascimento de Portugalcomo Estado-Nação.

Discordando frontal e veementementedesta valoração das datas históricas porparte das Autoridades Oficiais Portu-guesas, a Real Associação de Coimbra tem

comemorado em cada “5 de Outubro” oaniversário da Fundação da Nacionali-dade, mandando celebrar na Igreja deSanta Cruz, em Coimbra, Missa sufragan-do a alma do Rei Fundador e dos seusDescendentes.

Neste ano de 2006, a Missa de Sufrágioserá celebrada na Igreja de Santa Cruz, emCoimbra, às 11,30 horas do dia 5 deOutubro, após o que será prestada home-nagem junto aos túmulos de D. AfonsoHenriques e de D. Sancho I.

Convidam-se todos os Portugueses aparticipar nas Comemorações do 863.ºaniversário da independência de Por-tugal”.

MONÁRQUICOS COMEMORAM 5 DE OUTUBRO DE 1143

Os 863 anos de Portugal

A poesia do “Hynmno Patriótico” teve dife-rentes versões face às circunstâncias e aos acon-tecimentos da época, tornando-se naturalmentegeneralizada e nacional pelo agrado da suaexpressão marcial, que estimulava os ânimosaos portugueses, convidando-os à continuaçãode acções heróicas.

Com o regresso do Rei ao País, em 1821, omesmo autor dedicou-lhe um poema que,sendo cantado com a musica do hino, rapida-mente se divulgou e passou a ser entoado sole-nemente. Entretanto, na sequência da revoluçãode 1820, foi aprovada em 22 de Setembro de1822 a primeira Constituição LiberalPortuguesa, que foi jurada por D. João VI. D.Pedro, então Príncipe Regente no Brasil, com-pôs o “Hymno Imperial e Constitucional”,dedicado à Constituição.

Após a morte do Rei, e com a subida de D.Pedro IV ao trono, este outorgou aos portu-gueses uma carta Constitucional. O hino de sua

autoria generalizou-se com a denominação ofi-cial como “Hymno nacional”, e por isso obriga-tório em todas as solenidades públicas, a partirde Maio de 1834.

Com a música do “Hymno da Carta” com-puseram-se variadas obras de natureza popular(modas) ou dedicadas a acontecimentos e per-sonalidades de relevo, identificando-se empleno com a vida política e social dos últimossetenta anos da monarquia em Portugal.

Nos finais do século XIX, “A Portuguesa”,marcha vibrante e arrebatadora, de forte expres-são patriótica, pela afirmação de independênciaque representa e pelo entusiasmo que desperta,torna-se, naturalmente e por mérito próprio, umconsagrado símbolo nacional, na sua versãocompleta:

Porém, o Hino, que fora concebido para uniros portugueses em redor de um sentimentocomum, pelo facto de ter sido cantado pelosrevolucionários de 31 de Janeiro de 1891, foi

desconsiderado pelos monárquicos e proibida asua execução em actos oficiais e solenes.

Quando da implantação da República em1910 “A Portuguesa” aflora espontaneamentede novo à voz popular, tendo sido tocada e can-tada nas ruas de Lisboa.

A mesma Assembleia Constituinte de 19 deJunho de 1911, que aprovou a BandeiraNacional, proclamou “A Portuguesa” comoHino Nacional.

Era assim oficializada a composição deAlfredo Keil e Henrique Lopes de Mendonçaque, numa feliz e extraordinária aliança de músi-ca e poesia, respectivamente, conseguira inter-pretar em 1890, com elevado sucesso, o senti-mento patriótico de revolta contra o ultimatoque a Inglaterra, em termos arrogantes e humi-lhantes, impusera a Portugal.

Em 1956, constatando-se a existência dealgumas variantes do Hino, não só na linhamelódica, como até nas instrumentações, espe-cialmente para banda, o Governo nomeou umacomissão encarregada de estudar a versão ofici-al de “A Portuguesa”, a qual elaborou uma pro-posta que, aprovada em Conselho de Ministrosem 16 de Julho de 1957, é a que actualmenteestá em vigor.

Bandeira NacionalApós a instauração do regime republicano,

um decreto da Assembleia Nacional constituin-te datado de 19 de Junho de 1911, publicado noDiário do Governo nº 141 do mesmo ano,aprovou a Bandeira Nacional que substituiu aBandeira da Monarquia Constitucional. Estedecreto teve a sua regulamentação adequada,publicada no diário do Governo n.º 150 (decre-to de 30 de Junho).

A Bandeira Nacional é bipartida vertical-mente em duas cores fundamentais, verde escu-ro e escarlate, ficando o verde do lado da tralha.Ao centro, e sobreposto à união das cores, temo escudo das armas nacionais, orlado de brancoe assentado sobre a esfera armilar manuelina,em amarelo e avivada de negro.

O comprimento da bandeira é de vez e meiaa altura da tralha. A divisória entre as duas coresfundamentais deve ser feita de modo quefiquem dois quintos do comprimento total ocu-pados pelo verde e os três quintos restantes pelovermelho. O emblema central ocupa metade daaltura da tralha, ficando equidistante das orlassuperior e inferior.

A escolha das cores e da composição daBandeira não foi pacífica, tendo dado origem aacesas polémicas e à apresentação de várias pro-postas. Prevaleceu a explicação constante doRelatório apresentado pela Comissão entãonomeada pelo governo a qual, num parecernem sempre heraldicamente correcto, tentouexpressar de uma forma eminentemente patrió-

tica este Símbolo Nacional.Assim, no entender da Comissão, o branco

representa “uma bela cor fraternal, em quetodas as outras se fundem, cor de singeleza, deharmonia e de paz “ e sob ela, “salpicada pelasquinas (...) se ferem as primeiras rijas batalhaspela lusa nacionalidade (...). Depois é a mesmacor branca que, avivada de entusiasmo e de fépela cruz vermelha de Cristo, assinala o cicloépico das nossas descobertas marítimas”.

O vermelho, defendeu a Comissão, “neladeve figurar como uma das cores fundamentaispor ser a cor combativa, quente, viril, por exce-lência. É a cor da conquista e do riso. Uma corcantante, ardente, alegre (...). Lembra o sangue eincita à vitória”. Em relação ao verde, cor daesperança, dificilmente a Comissão conseguiujustificar a sua inclusão na Bandeira. Na verda-de, trata-se de uma cor que não tinha tradiçãohistórica, tendo sido rebuscada uma explicaçãopara ela na preparação e consagração da Revoltade 31 de Janeiro de 1891, a partir da qual o verdeterá surgido no “momento decisivo em que, soba inflamada reverberação da bandeira revolucio-nária, o povo português fez chispar o relâmpa-go redentor da alvorada”.

Uma vez definidas as cores, a Comissão pre-ocupou-se em determinar quais os emblemasmais representativos da Nação para figuraremna Bandeira.

Relativamente à esfera armilar, que já foraadoptada como emblema pessoal de D. Manuel

I, estando desde então sempre presente naemblemática nacional, ela consagra “a epopeiamarítima portuguesa (...) feito culminante,essencial da nossa vida colectiva”.

Por sua vez, sobre a esfera armilar entendeua Comissão fazer assentar o escudo branco comas quinas, perpetuando e consagrando assim “omilagre humano da positiva bravura, tenacida-de, diplomacia e audácia que conseguiu atar osprimeiros elos da afirmação social e política dalusa nacionalidade”.

Finalmente, achou a Comissão “dever rode-ar o escudo branco das quinas por uma largafaixa carmesim, com sete castelos”, consideran-do estes um dos símbolos “mais enérgicos daintegridade e independência nacional”.

LEI ESTABELECE REGRAS

A importância da Bandeira Nacional levou aque tivesse sido publicada, em 1987, legislaçãofixando as regras que regem o uso deste símbo-lo da Pátria.

Trata-se do Decreto-Lei 150/87, de 30 deMarço, que considera, no respectivo preâmbu-lo, “a necessidade de dignificar a BandeiraNacional como símbolo da Pátria e de avivar oseu culto entre todos os portugueses”.

E estabelece logo no Artº 1.º:“A Bandeira Nacional, como símbolo da

Pátria, representa a soberania da Nação e a inde-pendência, a unidade e a integridade de

Portugal, devendo ser respeitada por todos oscidadãos, sob pena de sujeição à cominação pre-vista na lei penal. “

Logo a seguir, no n.º 2) do artº 2.º, alerta:“A Bandeira Nacional, no seu uso, deverá ser

apresentada de acordo com o padrão oficial eem bom estado, de modo a ser preservada a dig-nidade que lhe é devida”.

No n.º 3 do Art.º 8.º, sublinha:“A Bandeira Nacional, quando desfraldada

com outras bandeiras, não poderá ter dimen-sões inferiores às destas. “

Por último, estipula o Art.º 10.º:“Em actos públicos a Bandeira Nacional,

quando não se apresente hasteada, poderá sersuspensa em lugar honroso e bem destacado,mas nunca usada como decoração, revestimen-to ou com qualquer finalidade que possa afectaro respeito que lhe é devido.”

Como se pode concluir, olhando à nossavolta, muitas infracções a esta legislação sãocometidas todos os dias, certamente não pordeliberado desrespeito, mas antes por desco-nhecimento.

Quem quiser pôr-se a par da legislaçãocompleta, bem como de outras curiosida-des relacionadas com a Bandeira Nacional(nomeadamente a sua evolução), pode con-sultar o site do Governo (http://www.go-verno.gov.pt/Portal/PT), de onde foramretirados muitos dos elementos que aqui seinserem.

55 DDEE OOUUTTUUBBRROO 55

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66 MMUUNNDDOO AANNIIMMAALL DE 4 A 17 DE OUTUBRO DE 2006

Dia Mundial do AnimalO “Dia Mundial do Animal” celebra-se a 4 de Outubro,

desde 1930, pelo menos em meia centena de países.Mas os animais que se distinguem neste dia não são ape-

nas os classificados como “domésticos”, mas sim todos osque fazem parte do chamado Mundo Animal.

De facto, para além dos cães, gatos, e também outrosmamíferos e aves (e até alguns répteis) que as pessoasadoptam como companhia em suas casas, há umainfinidade de outros animais que devem ser respeitados eprotegidos – o que, infelizmente, não acontece numa mul-tiplicidade de situações.

Daí que muitas associações, grupos ou movimentos de

cidadãos que apoiam os animais aproveitem este dia paraalertar a sociedade, quase sempre distraída, para a explo-ração e maus tratos de que tantos animais são vítimas, nasmais diversas circunstâncias.

ORIGEM DO DIA DO ANIMAL

É bem conhecido o amor que S. Francisco de Assisnutria por todos os animais.

Nascido em Assis, velha cidade italiana, em 26 deSetembro de 1182, viria a falecer a 4 de Outubro de 1226,e dois anos depois foi santificado.

Em 1929 no Congresso de Protecção Animal que decor-reu em Viena, Áustria, foi declarado o dia da morte de SãoFrancisco de Assis como o Dia Mundial do Animal, emhomenagem ao amor que este santo dedicou aos animais.

Em Outubro de 1930, foi comemorado pela primeiravez o Dia Mundial do Animal.

A 15 de Outubro de 1978 foram registados os direitos dosanimais através da aprovação da Declaração Universal dosDireitos do Animal pela UNESCO. O Dr. Georges Heuse,secretário-geral do Centro Internacional de Experimentaçãode Biologia Humana e cientista ilustre, foi quem propôs estadeclaração (que se publica na página ao lado).

Uma das figuras públicas que mais setem empenhado, ao longo dos anos, naluta pela causa da defesa dos direitos dosanimais, é Brigitte Bardot.

Para muitos dos mais novos, este nomepouco ou nada dirá.

Mas para quem era jovem nos anos 50 e60, Brigitte Bardot, mais do que uma actrizdo cinema francês, tornou-se num mito.

BB, assim era conhecida, e essas duasletras passaram a ser sinónimo de beleza.Aliás, há quem defenda que BB foi a maisbela mulher de tantas deslumbrantes que,ao longo dos tempos, têm passado pelosecrãs de todo o Mundo.

Nascida em Paris em 28 de Setembrode 1934, BB estreou-se no cinema em1952, com apenas 18 anos. Nesse mesmoano casou com o realizador Roger Vadim(o primeiro dos seus quatro casamentos),que fez dela protagonista, em 1956, de umfilme com grande simbolismo, intitulado“E Deus criou a mulher”.

Em 1985 o Governo francês distin-guiu-a com uma das mais destacadas con-

decorações daquele país: Cavaleiro daLegião de Honra.

E em 1986 BB, que desde sempre sebatera pela defesa dos animais, cria a“Fundação Brigitte Bardot”, reconhecidade utilidade pública, dedicada a essa luta(o endereço do sítio da Fundação naInternet é ww.fondationbrigittebardot.fr).

Ao longo de todas estas décadas BBtem tomado posições públicas muitasvezes polémicas, mas sempre coerentecom a causa que abraçou desde a juven-tude.

Em sua homenagem, aqui publicamosduas fotografias: numa delas, BB, enquan-to jovem, considerada a mais bela doMundo. Na outra, obtida na passadasemana, BB no dia em que completou 72anos, numa conferência de imprensa alu-siva ao 20.º aniversário da fundação quecriou para protecção dos animais.

O tempo pode ofuscar a beleza. Masem muitos casos, como no de BB, nãoconsegue afectar a coerência na luta porbelos ideais.

Brigitte Bardot: lutadora incansável em prol dos animais

Brigitte Bardot nos anos 60... ...e na passada semana

A inteligênciados grandes símios

Os grandes símios, como os orangotan-gos, os gorilas e os chimpanzés, são os pri-matas não humanos mais inteligentes, àfrente dos macacos e dos lémures, segundoum estudo do Centro Médico daUniversidade de Duke.

“É claro que algumas espécies podemdesenvolver uma maior capacidade pararesolver problemas específicos”, afirmouRobert Deaner, principal autor do estudo,recentemente publicado na revista“Evolutionary Psychology”.

No entanto, acrescentou, “os resultadosda investigação implicam a possibilidade dea selecção natural favorecer um tipo geralde inteligência nalgumas circunstâncias, eisso poderá ter sido crucial na evolução doser humano”.

Os psicólogos definem a inteligênciacomo a capacidade de resolver problemasem situações imprevisíveis, o que é diferen-te da capacidade de certos animais derecordarem, por exemplo, onde esconde-ram um alimento.

Os testes de inteligência mostraram quealgumas espécies obtêm melhores desem-penhos do que outras, mas os cientistas têmtido dificuldade em concluir que esses resul-tados demonstram uma maior inteligência.

“A questão é que uma espécie poderesolver melhor um problema do queoutra, não porque seja mais inteligente maspor estar melhor adaptada à situação emque o problema se apresenta”, afirmou.

Foi a partir destas considerações que oscientistas submeteram os primatas a umasérie de testes de medição do nível de inte-ligência, tendo algumas espécies obtidoresultados claramente melhores do queoutras.

“A investigação confirma a ideia de quehá espécies mais inteligentes do que outras.Os animais mais inteligentes são os grandessímios, isto é, os orangotangos, os chim-panzés e os gorilas superam os macacos eoutros prossímios (primatas inferiores)”,disse o cientista.

Para Carel Van Schaik, co-autor do estu-do e director do Instituto Antropológicode Zurique (Suíça), é “reconfortante” queos grandes símios tenham mostrado maiorinteligência.

“Ao fim e ao cabo, em termos absolutos,os seus cérebros são maiores e revelam umcomportamento sofisticado em condiçõesnaturais (…) astúcia, comportamento cul-turalmente transmitido e uso de instrumen-tos”, assinalou.

EM ALCAIDARIA (LEIRIA)

Escolas e hotéispara cães

Na Região Centro existem já algumasestruturas privadas de adestramento decães, nomeadamente em Mortágua, quetreinam cães para cegos, e nos arredores deCoimbra, onde ministram treinamento ealojam cães quando os donos têm deausentar-se.

Recentemente (no início de Setembro),foi inaugurado em Alcaidaria, Leiria, umcampo de treinos cujo principal objectivo épreparar cães para acções de busca e salva-mento.

“No campo de treinos, teremos umaparte para iniciação de cães na busca e sal-vamento, bem como pista de obstáculospara treino de modalidades desportivas”,disse à LUSA Frederico António, presiden-te e director-técnico da Unidade Canina deSalvamento (Ucas) de Leiria.

O novo espaço está também apto para“treinos de obediência básica e de váriasmodalidades desportivas, como ‘agility’,‘mondioring’ e ‘obedience’, que serãofacultados por três adestradores caninos”,adiantou.

Instalado no Centro Hípico DomCavalo, o campo de treinos “funciona aos

sábados, entre 15h00 e as 19h00, e pode serfrequentado por quem quiser, mesmo quenão seja sócio da Ucas”, disse o mesmoresponsável.

“Os adestradores podem informar eprestar esclarecimentos sobre os treinos eas várias modalidades existentes”, disseFrederico António, adiantando que“podem também ajudar pessoas que ten-ham cães agressivos ou com fobias”.

Será neste espaço que irá funcionar asede da Ucas, constituída em Fevereiro de2004, e que conta actualmente com cercade 60 associados, criada com o objectivoinicial de “participar em acções de protec-ção civil de carácter humanitário e na buscae salvamento de pessoas desaparecidas”.

Neste tipo de missões, de busca e salva-mento, “a Ucas participou em três inter-venções no último ano, após solicitação daprotecção civil municipal e também doCentro Distrital de Operações deSocorros”, disse Frederico António.

Este espírito, aliás, levou a Ucas a adqui-rir “cinco cães para buscas e salvamento,das raças pastor belga, pastor alemão e gol-den retriver”, adiantou.

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MMUUNNDDOO AANNIIMMAALL 77DE 4 A 17 DE OUTUBRO DE 2006

PREÂMBULOConsiderando que todo o animal pos-

sui direitos,Considerando que o desconhecimento

e o desprezo destes direitos têm le-vado e continuam a levar o homem acometer crimes contra os animais econtra a natureza,

Considerando que o reconhecimentopela espécie humana do direito à exis-tência das outras espécies animaisconstitui o fundamento da coexistên-cia das outras espécies no mundo,

Considerando que os genocídios sãoperpetrados pelo homem e há o peri-go de continuar a perpetrar outros.

Considerando que o respeito dos homenspelos animais está ligado ao respeitodos homens pelo seu semelhante,

Considerando que a educação deveensinar desde a infância a observar,a compreender, a respeitar e a amaros animais,

PROCLAMA-SE O SEGUINTE:ARTIGO 1ºTodos os animais nascem iguais pe-

rante a vida e têm os mesmos direi-tos à existência.

ARTIGO 2º1. Todo o animal tem o direito a ser

respeitado.2. O homem, como espécie animal, não

pode exterminar os outros animais ouexplorá-los violando esse direito; temo dever de pôr os seus conhecimen-tos ao serviço dos animais.

3. Todo o animal tem o direito à aten-ção, aos cuidados e à protecção dohomem.

ARTIGO 3º1. Nenhum animal será submetido nem

a maus tratos nem a actos cruéis. 2. Se for necessário matar um animal,

ele deve de ser morto instantanea-mente, sem dor e de modo a nãoprovocar-lhe angústia.

ARTIGO 4º 1. Todo o animal pertencente a uma

espécie selvagem tem o direito deviver livre no seu próprio ambientenatural, terrestre, aéreo ou aquáticoe tem o direito de se reproduzir.

2. Toda a privação de liberdade, mes-mo que tenha fins educativos, é con-trária a este direito.

ARTIGO 5º 1. Todo o animal pertencente a uma

espécie que viva tradicionalmente nomeio ambiente do homem tem odireito de viver e de crescer ao ritmoe nas condições de vida e de liberda-de que são próprias da sua espécie.

2. Toda a modificação deste ritmo oudestas condições que forem impos-tas pelo homem com fins mercantisé contrária a este direito.

ARTIGO 6º 1. Todo o animal que o homem esco-

lheu para seu companheiro temdireito a uma duração de vida con-forme a sua longevidade natural.

2. O abandono de um animal é umacto cruel e degradante.

ARTIGO 7º Todo o animal de trabalho tem direito a

uma limitação razoável de duração ede intensidade de trabalho, a uma ali-mentação reparadora e ao repouso.

ARTIGO 8º 1. A experimentação animal que impli-

que sofrimento físico ou psicológicoé incompatível com os direitos doanimal, quer se trate de uma experi-ência médica, científica, comercialou qualquer que seja a forma deexperimentação.

2. As técnicas de substituição devemde ser utilizadas e desenvolvidas.

ARTIGO 9ºQuando o animal é criado para ali-

mentação, ele deve de ser alimenta-do, alojado, transportado e mortosem que disso resulte para ele nemansiedade nem dor.

ARTIGO 10º 1. Nenhum animal deve de ser explo-

rado para divertimento do homem. 2. As exibições de animais e os espec-

táculos que utilizem animais sãoincompatíveis com a dignidade doanimal.

ARTIGO 11º Todo o acto que implique a morte de

um animal sem necessidade é umbiocídio, isto é um crime contra avida.

ARTIGO 12º 1. Todo o acto que implique a morte de

grande um número de animais sel-vagens é um genocídio, isto é, umcrime contra a espécie.

2. A poluição e a destruição do ambi-ente natural conduzem ao genocídio.

ARTIGO 13º 1. O animal morto deve de ser tratado

com respeito. 2. As cenas de violência de que os

animais são vítimas devem de serinterditas no cinema e na televisão,salvo se elas tiverem por fim de-monstrar um atentado aos direitosdo animal.

ARTIGO 14º 1. Os organismos de protecção e de

salvaguarda dos animais devemestar representados a nível gover-namental.

2. Os direitos do animal devem serdefendidos pela lei como os direitosdo homem.

Declaração Universaldos Direitos dos AnimaisMuitas pessoas ignoram que, à semelhança do que se passarelativamente aos seres humanos, também existeuma “Declaração Universal dos Direitos dos Animais”.A referida Declaração, que abaixo se transcreve, foi aprovadae proclamada pela UNESCO, em 15 de Outubro de 1978.(“UNESCO” é a sigla da “United Nations Educational,Scientific and Cultural Organization” – em português“Organização das Nações Unidas para a Educação,Ciência e Cultura” – fundada em 16 de Novembro de 1945).O texto integral da referida Declaração é o seguinte:

CÂMARA DE VILA DO CONDE DÁ EXEMPLO

É preciso combater abandonoNão existem estatísticas sobre cães e

gatos abandonados em Portugal, mas a ver-dade é que o número é impressionante,sobretudo na época estival.

Em vários pontos do País há algumasassociações ou simplesmente cidadãos combons sentimentos, que lutam para combateresta injusta situação, e também já algumasautarquias se mostram sensibilizadas paraeste problema.

A verdade é que, infelizmente, na maiorparte dos casos as estruturas existentes nãodão resposta às muitas necessidades do quo-tidiano. Por exemplo, se um cão ou um gatoé atropelado, não existe nenhum serviço aque se possa recorrer para que lhe sejaprestada assistência, restando a boa vontadede alguns veterinários que respondem aoapelo de pessoas amigas dos animais (justo ésalientar, na zona de Coimbra, o exemplo daVetCondeixa, que tem ajudado em muitasdezenas destes casos).

Realce merece também o trabalho desen-volvido pela “AGIR pelo Animais”, queprocura arranjar donos para os abandonadose mantém um canil na zona de Poiares ondealberga dezenas deles, mesmo lutando comgrande falta de meios.

É certo que Coimbra existe uma estrutu-ra municipal, o chamado Centro deProtecção de Animais (mais conhecido porcanil e gatil), mas que não tem capacidadepara responder ao elevado número de solici-tações, pelo que a maior parte dos animais aliacolhidos (a maioria abandonados, que sãocapturados na rua) acabam por ter o triste einjusto destino do abate.

De Vila do Conde vem um exemplo aseguir. Ali a autarquia decidiu incentivar aadopção dos cães, recorrendo aos meios decomunicação social, aos párocos e a acçõesde rua destinadas a sensibilizar para os dire-itos dos animais e a angariar fundos paraassociações que trabalham nesta área.

Esta estratégia obrigou ao aluguer deespaços num hotel canino do concelho esegundo o Presidente da Câmara de Vila doConde, o socialista Mário de Almeida, temtido “um enorme sucesso”.

“Há três semanas tínhamos mais de 40animais para adopção, actualmente temos21”, afirmava há semanas à Agência LUSAMário de Almeida, explicando que o recursoao hotel é temporário, uma vez que está pre-vista a ampliação do canil municipal.

Só numa semana, segundo o autarca,foram adoptados oito cães de diferentesraças que se encontravam no canil e no hotel.

Parte do sucesso da estratégia da Câmarade Vila do Conde deve-se ao trabalho deduas voluntárias, que não medem esforçospara salvar os cães abandonados ou maltrata-dos.

Dizem não conseguir ignorar um animalque precise de ajuda, organizando formas deos recolher, de os tratar e encaminhar paraadopção.

O tratamento passa por cuidados desaúde, pela vacinação e desparasitação, mastambém por um “tratamento psicológico”.

Os cães chegam-lhes às mãos “muito car-entes e desconfiados”, sendo necessáriotratá-los com “muita paciência”, contam. “Anossa prioridade é sempre ajudar os que temhora de morte marcada”, diz Teresa Santos,que à custa desta dedicação acolhe em casa12 cães.

Ambas recordam histórias de cachorrosatropelados, maltratados ou intoxicados. Uns

acabaram por morrer, outros salvaram-segraças à boa-vontade destas duas voluntárias,que têm também à sua responsabilidadevárias jaulas alugadas em dois hotéis caninosdo concelho de Vila do Conde.

O trabalho de encontrar novos donospara muitos dos cães abandonados nomunicípio de Vila do Conde está nas mãosdestas duas mulheres, que mantêm uma redede contactos pessoais e via Internet.

“É um trabalho gratificante. Quando con-seguimos entregar bem um animal é c omose nos tivesse saído o totoloto”, contaPiedade Almeida, sublinhando tratar-se de“um trabalho contínuo e sem hora marca-da”.

Antes de entregar qualquer cão, as volun-tárias procuram saber se o interessado temcondições para o acolher em casa.

“Se suspeitarmos que o animal poderánão ser bem tratado, não o entregamos”,explica Teresa Santos.

Defendem, por isso, que a adopção de umanimal deverá resultar de “um acto reflecti-do, ponderado e decidido em família” paraevitar o posterior abandono do animal.

Atropelam-se as histórias contadas porestas duas voluntárias, que colaboram hácerca de três anos com a Câmara de Vila doConde.

A maior parte tem um final feliz, como ado pastor alemão, baptizado de “Tripé”,encontrado com uma perna ferida queacabou por perder.

“Era ainda bebé quando o encontrámos,hoje vive com uma dona de uma dedicaçãoabsoluta”, sublinhou Piedade Almeida.

Mais triste é a história de “Tibi”, um galgoque participou em muitas corridas, ganhoumuitos prémios mas, já sem serventia para oseu dono, acabou no canil, com ordem paraabater.

Em Portugal, o abandono de animais éconsiderado crime, mas “lamentavelmente alei não tem sido posta em prática”, queixa-seTeresa Santos, que diz esperar que a obriga-toriedade do uso do microship (sistema deidentificação) previsto para 2008 possa alter-ar a situação.

Assumindo-se contra o abate dos cães,admitindo-o só em situações excepcionais,Mário de Almeida pretende que a autarquiade Vila do Conde funcione como um exem-plo nacional do que pode ser feito em defe-sa dos animais.

Alguns gatos e ratos convivem melhorque muitos homens com animais...

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88 RREEGGIIÃÃOO CCEENNTTRROO DE 4 A 17 DE OUTUBRO DE 2006

Para assinalar o “Dia Nacional da Água”, a empresa municipal Águas de Coimbra(AC) promoveu no passado domingo (dia 1 de Outubro) no Parque Verde do Mondego,uma série de iniciativas para animação e sensibilização ambiental.

Os mais novos são o público privilegiado da estratégia de educação ambiental, peloque tiveram oportunidade de interagir com o “Plim”, a simpática mascote da AC. Alémde levarem para casa alguns brindes pedagógicos, as crianças e os pais puderam partici-par no “Jogo do Peso da Água”. Neste jogo, a AC desafiou todos os que chegaram aoParque Verde a passarem por uma balança, para ficarem a saber qual o seu peso em água.Cada participante teve direito a um diploma que exibe o valor do seu peso em água e auma t-shirt do “Plim”.

COM ACÇÕES DE SENSIBILIZAÇÃO AMBIENTAL

Dia Nacional da Águacomemorado em Coimbra

MINISTRO NO ANIVERSÁRIO DOS HUC

Ao serviço da SaúdeOs HUC (Hospitais da Universidade de

Coimbra) assinalaram no passado sábado(dia 30), o dia do seu padroeiro, S.Jerónimo, e também os 20 anos de ocupa-ção do actual edifício (uma das maioresunidades do País).

Na cerimónia (em que foram distingui-dos alguns funcionários) participaramdiversas entidades, entre as quais o Ministroda Saúde e o Bispo de Coimbra.

Na intervenção que proferiu, oPresidente dos HUC, Agostinho deAlmeida Santos, salientou:

“Vive-se agora um ciclo que há vinteanos sofreu mudança. E hoje se comemora.Ao ter-se descido a escadaria do antigo colé-gio jesuíta para deixar o velho e saudoso edi-fício onde antes se sedearam também osColégios das Artes e das Ordens Militares.

Mudança sonhada. Mudança sofrida.Que recordo na pessoa do meu bom amigoProfessor Norberto Canha, a quem se ficaa dever a heróica decisão que partilhei e quenão deixava alternativas. Mudança amanhã!Operação de risco!

Revolução tempestuosa! Afinal tranqui-la! Como são todas as que pugnam por ide-ais puros e lutam por causas nobres.

Vinte anos volvidos recupera-se a ima-gem. Mas a solidez da estrutura preserva-seintegra. Porque os pilares são sólidos, aconstrução é de mérito e os obreiros sãotenazes.

Os edifícios aí estão. Estáticos e majestá-ticos. Porém, são as pessoas que os ador-nam que lhes dão força e transmitem senti-do e vida”.

NÚMEROS DÃO IDEIADA GRANDEZA DOS HUC

O catedrático de Medicina sublinhoudepois que “nos HUC existem, sobretudo,pessoas”, passando a citar números quereflectem bem a grandeza daquela institui-ção: cerca de 5 mil funcionários; 1.200 doen-tes internados por dia; mais de 450 mil con-sultas médicas por ano; uma média de 420atendimentos urgentes em cada 24 horas;cerca de 35.000 intervenções cirúrgicasanuais; próximo de 10 milhões de examescomplementares de diagnóstico e terapêuti-ca em 2005.

E Agostinho Almeida Santos acrescentou:“Além das 3.500 crianças que vêm ao

mundo, todos os anos, na velhinhaMaternidade Doutor Daniel de Matos. Paranão falar das 15 mil pessoas que deambulampelos 14 pisos do edifício todos os dias. Ouainda nos 30 mil veículos que transitam nocampus hospitalar diariamente. Ou até nascerca de 5 mil refeições confeccionadas eservidas em cada dia”.

O Presidente dos HUC prestou homena-gem aos funcionários e destacou “o actosolene de posse de um importante órgão deconsulta das instituições hospitalares públi-cas – o Conselho Consultivo – o qual, estoucerto e seguro, graças à sua constituição qua-lificada e abrangente, virá a desenvolverfecundo labor na apreciação das políticas eestratégias que garantam o melhor funciona-mento dos serviços a prestar às populações,tendo, naturalmente, em conta os recursosdisponíveis”.

Realçou depois “o cinquentenário, queeste ano se celebra, da institucionalização doServiço Domiciliário dos HUC”, acrescen-tando: “Em 28 de Abril de 1956 fez-se his-tória. Depois de alguns anos de intervenção,em Coimbra, e por iniciativa dos HUC, daEscola de Enfermagem Dr. Ângelo daFonseca e do Instituto de Assistência àFamília, das denominadas Brigadas deEducação Sanitária da Família, surge a deci-são inédita e ainda hoje, ao que julgo, únicano País. A formalização de um ServiçoDomiciliário”.

A concluir, disse Agostinho de AlmeidaSantos:

“Todas estas invocações nos levam apartilhar convosco o sentimento pessoal deuma maior e sempre crescente responsabi-lização. Que é o dever de todos. Porqueenvolve questões de cidadania. Por isso, ocódigo de conduta que perfilhamos noexercício das funções em que estamosinvestido assenta em pilares que são outrostantos actos de fé. A excelência tem de sepromover pela qualidade. A responsabilida-de não deve alhear-se da exigência. A eficá-cia só faz sentido se aliada à humanização.A ambição só é legitimada quando não ferirética.

Na imagem de grandeza que é protagoni-zada pelos HUC queremos sempre imprimiros tons da dignidade. Tendo presente, emtodo o tempo, o respeito pelo outro e a soli-dariedade que é devida à pessoa que sofre eque se nos confia. Para sermos verdadeira-mente grandes pensemos o dia dos HUCem cada dia dos nossos dias”.Agostinho Almeida Santos

EXPOSIÇÃO NA FIGUEIRA DA FOZ

Zé Penicheiro voltaao “Mar Pátrio”

“Mar Pátrio” é o título genérico da ex-posição de pintura de Zé Penicheiro, quevai abrir, na sala que tem o seu nome, noCentro de Artes e Espectáculos da Figueirada Foz.

A inauguração será no próximo dia 14de Outubro, pelas 18 horas.

Exactamente na véspera dos 85 anos

pujantes anos de Zé Penicheiro, que certa-mente, também por isso, irá ter à sua voltamuitos dos amigos e admiradores que tempor todo o País, e que quererão abraçá-loneste regresso à Figueira da Foz.

A exposição, composta por trabalhosinéditos alusivos ao mar, poderá ser visita-da até 5 de Novembro.

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RREEPPOORRTTAAGGEEMM 99DE 4 A 17 DE OUTUBRO DE 2006

Numa palavra apenas, que lhe dáo nome, esta associação resumeo seu objectivo, ou a causa socialpela qual luta diariamente:Integrar. Integrar para reinserirsocialmente, integrar paracombater a pobreza ou aindaintegrar para um melhor exercícioda cidadania e coexistência emsociedade. Questões complexasque exigem uma acção elaborada.Neste sentido, a AssociaçãoIntegrar promove um conjuntode projectos e actividades,nos quais a acção directacom as pessoas assume um papelde indiscutível relevo.O “Centro” acompanhou,por um dia, a acção da equipaIntegrar em Coimbra, de modoa melhor compreendero âmbito do seu trabalho.

Flávia Diniz

Há 12 anos que a Associação Integrar,sedeada na Rua do Teodoro, em Coimbra,tem vindo a desenvolver uma acção significa-tiva de solidariedade social junto das popula-ções desfavorecidas. São essencialmente cri-anças e jovens em situação de risco, ex-reclu-sos, famílias disfuncionais, sem-abrigo, toxi-codependentes ou delinquentes o público-alvo da sua intervenção. Como finalidade,tem a construção de projectos de vida alter-nativos, adequados a cada caso.

António, 36 anos, e António, 31, sãodois homens diferentes, provenientes demeios distintos, que partilham, no entanto,alguns pontos em comum: para além donome, ambos beneficiam do apoio contí-nuo da Associação Integrar e afirmam tra-tar-se de um bom auxílio. O primeiro é umex-pintor da construção civil, diabético ealgo solitário, que frequenta actualmente aQuinta dos Olivais, um espaço cedido peloInstituto de Reinserção Social (DirecçãoRegional do Centro) à Associação Integrar.O segundo é de etnia cigana e vive com afamília numa caravana, sendo habitualmen-te visitado por membros do projecto“Origens”, um dos muitos projectos que a

Integrar promove, e que visa particular-mente as famílias imigrantes e as perten-centes a minorias étnicas. Como nos afir-ma, os elementos do projecto que geral-mente vêm ao seu encontro “preocupam-se com as crianças, com a sua educação eperguntam sempre se precisamos de algu-ma coisa”. “Semana sim, semana não, já

sabemos que eles aparecem”, continuaAntónio. Caso não apareçam, por qualquermotivo, os utentes sabem – porque SusanaMarçal, assistente social e coordenadora doprojecto, não se esquece nunca de o frisar –

que podem dirigir-se à Casa Aninhas (juntoà Praça 8 de Maio), local onde está sedeadoo projecto e um Centro de Inclusão Digital,que se centra nas novas tecnologias.

Educação, saúde, emprego, habitação eacção social são temas recorrentes nas visi-tas da Integrar. A Associação procura for-mar e informar as populações carenciadas,bem como esboçar planos de educação ououtros, incentivando-as a transformar osseus hábitos e incutindo-lhes novos concei-tos de responsabilidade social. É, pois, noterreno que contactam com a realidade daspopulações desfavorecidas e conhecem assuas necessidades, procurando colmatá-lascom formas de intervenção concretas,adaptadas a cada situação.

Carla Lopes, agora secretária geral daAssociação Integrar, já fez trabalho de ruae considera o saber prático crucial na orien-tação dos projectos. Não obstante, é tam-bém ela que sublinha a importância dasoutras vertentes da acção da Integrar, quese complementam e contribuem para o seusucesso. De referir o atendimento e acom-panhamento em gabinete, com a colabora-ção de psicólogos, assistentes sociais, entreoutros profissionais da área, e a interven-ção em articulação com outras entidades,como é o caso do Centro de Saúde Fernãode Magalhães. A propósito, a visita daIntegrar às diversas comunidades ciganasconta com a cooperação de uma enfermei-ra deste centro, que acompanha os utentese lhes dá o devido apoio.

Mas a diversidade e o trabalho multidis-ciplinar da Associação Integrar não ficampor aqui. Os seus projectos são muitos eenglobam também o desporto e activida-des lúdico-pedagógicas. A título de exem-plo, a Associação Integrar conta com umasecção de Futsal e uma quinta, onde maisuma vez se treinam competências pessoaise sociais, e se fomenta o espírito de com-panheirismo e camaradagem necessários àvida em sociedade.

UMA QUINTAEM PLENA CIDADE

Na Quinta dos Olivais, uma quinta de 4hectares de área florestal e agrícola, desen-volvem-se ateliers ocupacionais de horti-cultura, jardinagem e fruticultura. Aquipode também tratar-se dos animais, prati-

car desportos de aventura como o slide, orappel e a escalada, ou ainda fazer trabalhosmanuais de expressão plástica, entre outrascoisas.

António frequenta este espaço há 2meses, passando ali 8 horas diárias. Otempo restante passa-o no Centro deAcolhimento e Inserção Social, onde lhederam alojamento. Na quinta gosta de aju-dar na agricultura, cuida dos animais, pinta– agora não só paredes mas também telas –,e faz um pouco de bricolage. Interrogadoacerca das suas perspectivas de futuro, afir-mou serem boas: “Quero arranjar umemprego e ser independente”. É um “talen-to descoberto”, remata Catarina Gralheiro,animadora sócio-cultural e responsável pelagestão da quinta. E, como ele, parece exis-tirem outros casos de sucesso. Pelo menosisso nos afirmou a animadora, apontando,como exemplo, casos de utentes que sãoactualmente jardineiros. Catarina Gralheirotrabalha há 2 anos na quinta e, apesar deadmitir que nem sempre é fácil lidar comadultos problemáticos e de este ser um tra-balho moroso, reconhece ser compensadorreceber, ao fim de algum tempo, o seuretorno. Para ela, o convívio é fundamental,pelo que tenta “incutir-lhes o espírito degrupo e de entreajuda”.

Neste espaço funciona também o pro-jecto “Quinta Pedagógica Joaninha SabeTudo”, em que as crianças são convidadasa contactar com a Natureza, de maneira aaprenderem a dar mais valor aos recursosnaturais.

Os projectos têm normalmente umprazo, mas a Integrar propõe-se sempre dar-lhes continuidade com iniciativas congéne-res, para que “não se comece sempre dozero”, como explica Susana Marçal, e paraque o apoio aos utentes seja permanente epossa vir a dar frutos, aliás já visíveis.

Importa ainda realçar, que a AssociaçãoIntegrar intervém por vezes sem qualquerapoio financeiro, como no caso da Quintasdos Olivais, atitude que demonstra a suadedicação e forte convicção na possibilida-de de criar uma sociedade melhor.

ASSOCIAÇÃO COMBATE EXCLUSÃO SOCIAL

“Integrar” para melhor reinserir

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EROSÃO DA AUTORIDADEAMERICANA

“Segundo o respeitável The New YorkTimes, um relatório confidencial dos 16serviços secretos dos Estados Unidos, pro-duzido ao longo dos últimos dois anos,conclui que a invasão do Iraque provocouum alastramento do fundamentalismo islâ-mico, do terrorismo internacional e dasameaças à segurança interna da América.Há duas ou três coisas verdadeiramenteextraordinárias nessa conclusão.

A primeira é que uma rede tão extensade entidades secretas levou dois anos adiagnosticar o que um qualquer observadorsensato e não padecendo de cegueira ideo-lógica aguda já se apercebera há, pelomenos, dois anos atrás.

A segunda é o contraste demasiado fla-grante entre a conclusão dos 16 serviçossecretos e a doutrina oficial vigente na CasaBranca, o que suscita infinitas perplexidadessobre como é possível que o eixo principalda política externa dos Estados Unidosassente num equívoco de tal magnitude semprecedentes. Daí decorre uma terceira coisaextraordinária: se a comunidade dos serviçossecretos conclui exactamente o contrário doque é defendido pela Administração da únicasuperpotência planetária, esse divórcio ame-aça conduzir a uma situação catastrófica dedescrédito e erosão global da autoridadeamericana. Face a tudo isto, é possível colo-car hipóteses mais ou menos loucas: admitir,por exemplo, que os serviços secretos – 16,ainda por cima – não servem rigorosamentepara nada, ou que a política de segurança ehegemonia imperial americana pode prescin-dir, contra toda a evidência, das actividades,informações ou diagnósticos desses serviços- e fazer o oposto do que eles concluem.

A partir daqui, a Casa Branca domestica-ria radicalmente a CIA e demais agências,transformando-as em meros apêndices pro-pagandísticos da sua política e mergulhando-as no mesmo autismo suicidário que levou aKGB a não pressentir a implosão do impériosoviético. Resta um cenário alternativo, àmedida das célebres teorias da conspiração:os serviços secretos aparecem como umaespécie de quinta coluna ou inimigo interno,apostados em derrubar o poder político legí-timo (como já se viu, aliás, em tantas ficçõescinematográficas e televisivas)”.

u VViicceennttee JJoorrggee SSiillvvaaDN 27/09/06

VIDA TRAMADA“A vida de jornalistas, de profissionais

diplomáticos conscientes e de activistassociais ante os buracos negros da nossamodernidade, é tramada. Procuram ser

úteis e raramente vêem resultados. Per-sistem, insistem e são vistos como chatosde serviço, quando não como arrivistas. Avida de parlamentar europeu também deixaamargos de boca”.

u MMiigguueell PPoorrttaassSol 30/09/06

AS PALAVRASNÃO SÃO INOCENTES

”Palavras do cardeal Ratzinger, comofilósofo e teólogo, que não deixa de serPapa, e vice-versa. Palavras de Bush e Al-madinedjad, marcando o território, e envi-ando sinais de fumo. Palavras de HugoChavéz, na habitual aproximação de bandadesenhada às relações internacionais (parausar o comentário do embaixador JohnBolton). Palavras “preventivas” do respon-sável de direitos humanos da ONU, face àsdeclarações da Casa Branca sobre o trata-mento de prisioneiros. O estudo da lingua-gem na política, e em especial na políticaexterna, é um campo menos conhecido dasciências humanas, mas uma área fascinantede investigação. Há palavras que dissimu-lam o pensamento verdadeiro (ou funda-mental), e palavras que o acentuam, ourevelam.

Há palavras que, segundo Hariman, ser-vem como “símbolo”, marca de água ou“estilo” político, ou que se limitam a servirde software de comunicação. Há palavrasque possuem uma lógica própria, e outrasque a pedem emprestada. Na análise deconteúdos, há palavras involuntárias, ouambíguas, que precisam de ser separadasdas expressões pensadas e voluntárias.Murray Edelman disse um dia que há pala-vras que triunfam, ao mesmo tempo quefalham as políticas que servem.”

u NNuunnoo RRooggeeiirrooJN 22/09/96

A REPÚBLICADO PROCURADOR-GERAL

”Quando o antigo procurador-geral daRepública, Cunha Rodrigues, em Outubrode 2000, deixou o seu cargo, dizia-se“entredentes” que, no dia em que o ilustremagistrado publicasse as suas memórias, oEstado português estremeceria. Em certosmeios aventava-se a hipótese de CunhaRodrigues poder ser um eventual candidatoa presidente da República. E comentava-se,entre bastidores, ser um candidato muitoforte.

Forte pelo poder acumulado no conhe-cimento dos “segredos do país”, no exercí-cio do cargo de procurador-geral. Dossegredos do Poder. Dos poderes. Pense-seo que quiser do exercício do cessante pro-curador-geral, José Souto Moura, julgo queo mesmo, e de modo mais agravante, sepoderá dizer. Ou seja no dia em que SoutoMoura resolver, e puder, publicar as suasmemórias, o país pode ser sacudido por umforte abalo, não sísmico, mas social e polí-tico. E isto porquê? Se o mandato deCunha Rodrigues, consensualmente elogia-do, também teve problemas e controvérsi-as, o mandato de Souto Moura, foi ummandato cheio de turbulências, repleto decasos que estilhaçaram a harmonia doEstado de Direito e do estado do Direito, epuseram a nu a organização do Estado,muito especialmente no que concerne àprópria organização da Justiça. Na suaorgânica, na sua formatação, na sua aplica-

ção. Durante o mandato de Souto Moura ocontexto sócio-jurídico português esboro-ou-se. Eu quase diria, em linguagem escato-lógica, não ficou pedra sobre pedra. E, porisso, está por fazer uma grande reconstru-ção.”

u PPaaqquueettee ddee OOlliivveeiirraaJN 21/09/06

MAGREZA NÃO É BELEZA”Se gordura não é formosura, magreza

não é beleza. E isto é uma verdade funda-mental para perceber a mini polémica queestalou a propósito de uma directiva daPasarela Cibeles de Madrid que decretouuma massa corporal mínima para os mane-quins que contrata. Às vezes as boas inten-ções não chegam e julgo que esta iniciativados desfiles de Madrid, que parece irá serseguida também pelos organizadores dapasserelle de Milão, corre o risco de entrarpara a história das boas ideias que perdempor serem mal executadas. O espírito quepresidiu à atitude da Pasarela Cibeles é atentativa de criação de um paradigma debeleza que não se aproxime de modelos defalta de saúde. Todos percebemos que oexagero num conceito de elegância que raiaos limites da pele e osso, não dá saúde aninguém. A crescente influência e capaci-dade de sedução dos agentes do mundo damoda, “máxime” os manequins, na forma-ção da personalidade dos mais jovens, trazuma responsabilidade acrescida, que osorganizadores dos desfiles de Madridentenderam assumir, à sua maneira. É sóaqui que a porca torce o rabo. A maneiraescolhida pelos espanhóis não me parece amais feliz. Sendo sabido que têm a capaci-dade de escolher, não se percebe porque éque optaram pela proibição, tornandoeventualmente ainda mais apetecido o frutoproibido. Nesta linha, qualquer dia lem-bram-se de proibir a contratação de mane-quins muito bronzeados, porque apanharsol em excesso também pode ter conse-quências funestas”.

u MMaannuueell,, SSeerrrrããooJN 21/09/06

O TERRORISMODO ALVOROÇO HIPÓCRITA

No contexto actual, de fundamentalis-mos, fanatismos e terrorismos todos elesde sinal muito próximo da Al-Qaeda, oPapa fez muito bem em abordar a questãoda violência nos termos em que a pôs. Efoi, até, um eufemismo da sua parte recor-rer a um remoto imperador de Bizâncio.Quanto à violência islâmica podia ter cita-do o Corão (transcrevo de um artigo deAntoine Sfeir, no Figaro de 19-9-2006): “Ócrentes, não tomeis por amigos os judeus eos cristãos. São amigos uns dos outros.Aquele que os tomar como amigos acabarápor se lhes assemelhar e Deus não será oguia dos perversos” (V-56). Ou ainda:“Combatei-os até não terdes de recear atentação e que todo o culto seja o do Deusúnico. Se eles puserem termos às suasacções, não haja mais hostilidades. As hos-tilidades somente serão dirigidas contra osímpios” (II, 19).

O Papa podia também ter invocado aHistória. Decorreram apenas 79 anos entrea morte de Maomé e a chegada dos Árabesà Península Ibérica (711), após terem toma-do conta de praticamente todo o MédioOriente e toda a bacia do Mediterrâneo,

mas decorreu mais de um milénio entre amorte de Cristo e a Primeira Cruzada(1096-1099), o que indicia imediatamente aresposta à questão de saber qual das duasreligiões, na origem, tinha vocação maisexpansionista e guerreira. E o Papa podiaainda sem dúvida ter referido expressamen-te todas as barbaridades que, nos últimosanos, andam a ser ditas e praticadas peloterrorismo de sinal islâmico, em nome deAlá, por esse mundo fora. Não fez nadadisso. Abordou a questão em termos extre-mamente sérios e sóbrios, perante um audi-tório universitário. Imagine-se agora que,por uma razão de simetria, um mufti qual-quer, numa universidade muçulmana qual-quer, se punha a censurar violentamente asCruzadas, ou a falar dos crimes da In-quisição imputando-os à Igreja Católica,dizendo as últimas do sinistro tribunal e dareligião que o suportava, e que os católicos,por causa disso, desatavam a apedrejar asmesquitas, a ameaçar de morte os muçul-manos e a exigir a apresentação imediata dedesculpas... O terrorismo islâmico engen-dra cada dia novas formas de manipulaçãodas massas. Primeiro, foram as caricaturas.Agora, é este novo alvoroço hipócrita.

u VVaassccoo GGrraaççaa MMoouurraaDN 20/09/06

SÓ PARA LEMBRAR“As cinzas de Savorgnan de Brazza vão

voltar ao Congo, onde serão recebidaspelas autoridades congolesas. Quem foiBrazza?

Explorador francês, de passagem pelaregião que seria mais tarde o Congo fran-cês, em 1880 fundou a cidade de Braz-zaville. Brazzaville, ontem; hoje, Brazza-ville. O que não aconteceu com a cidade deSilva Porto, em Angola, que é hoje Kuito.

Silva Porto não esteve de passagem emAngola, foi um explorador do centro deÁfrica muito antes de Livingstone e foiconselheiro do rei bieno Ndunduma.Casou com uma biena e teve filhos angola-nos.

Silva Porto fez-se explodir com um bar-ril de pólvora. As suas cinzas espalharam-se: ele falava uma língua que é, hoje, a únicalíngua nacional angolana. A única que sefala de Cabinda ao Namibe, o português”.

u FFeerrrreeiirraa FFeerrnnaannddeessCM 30/09/06

FILOSOFIA, TEOLOGIAE HIPOCRISIA

Pode lamentar-se que o mundo em geralou as autoridades e as massas muçulmanasem particular não saibam filosofia bastantepara distrinçar a complexidade e as subtile-zas do discurso papal. E que essa ignorân-cia tenha sido aproveitada e manipulada pa-ra um remake das cenas de fanatismo vin-gativo desencadeadas pela chamada crisedos cartoons. Acontece, porém, que BentoXVI não é um caricaturista dinamarquês,um cidadão comum exercendo o direito delivre opinião reconhecido nas sociedadesdemocráticas, ou apenas um professor deteologia investido transitoriamente nas fun-ções de Papa: é uma das mais influentesautoridades espirituais contemporâneas, odirigente supremo da Igreja Católica e, poracréscimo simbólico, um chefe de Estado.

As suas palavras ganham assim um sig-nificado e uma gravidade que não deveriamprestar-se a interpretações dúbias ou erró-

1100 OOPPIINNIIÃÃOO DE 4 A 17 DE OUTUBRO DE 2006

itações

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neas, como se verificou neste caso. É obri-gação do Papa saber isso, mesmo quandofala para uma audiência universitária. Etambém que, na sua boca, não há citaçõesinocentes. Ora a citação de Paleólogo étudo menos inocente - e corresponde, nofundo, ao conceito de superioridade matri-cial do catolicismo que Bento XVI já pordiversas vezes reivindicou, pelo menosimplicitamente ou com fórmulas ambíguase oblíquas, ao abordar o tema do diálogocom outras religiões. Não foi, aliás, poracaso que algumas eminentes personalida-des católicas, incluindo padres e teólogos,se atreveram desta vez a criticar o Papa.”

u VViicceennttee JJoorrggee SSiillvvaaDN 20/09/06

COMPROMETIDOS“O Compromisso Portugal apresenta-se

como um grupo de gestores e empresáriosque detém a chave de ouro para o País. Quevão salvar Portugal, definindo o Estadocomo o problema e o Compromisso comoa solução. Supostamente, as propostas nãosão políticas e os elementos do grupo nãosão partidarizados.

Lendo as minúsculas do cartão-de-visita,conclui-se que se trata de um grupo de ges-tores que debitam ideias estafadas, comparangonas mediáticas, sem nunca explica-rem como pretendem concretizar, realmen-te, aquilo que propõem. Muitos têm prota-gonismo político e/ou partidário, comoAlexandre Relvas - director da campanhapresidencial de Cavaco Silva -, AntónioBorges e António Mexia, do PSD, e váriossão ex-governantes de Guterres. As pro-postas que defendem são, evidentemente,ideológicas. Centram-se no Estado, ao qualfazem um largo conjunto de exigências,sem se implicarem. Sem dizerem qual ocontributo que as suas próprias empresaspodem oferecer. O que nem deveria ser di-fícil, crendo-se no empreendedorismo, com-petitividade e dinamismo que apregoam.

Contudo, se o País mudasse à imagem esemelhança de várias empresas que elemen-tos deste grupo gerem, ficaríamos pior.Teríamos menos criação de emprego, maisfalências fraudulentas e mais fuga aosimpostos. O Compromisso Portugal pres-siona, prescreve e pede muito. Mas nem oexemplo dá”.

u JJooaannaa AAmmaarraall DDiiaassDN 25/09/06

FÉ, RAZÃOE UNIVERSIDADE

“Tudo aconteceu no contexto de umaVorlesung (lição universitária) e, mesmoadmitindo que Bento XVI tenha sido talvezimprudente ao apresentar, no desenvolvi-mento da sua tese, a já famosa citação e quepoderia fazer também uma referência à vio-lência dos cristãos ao longo da História,deve-se reconhecer que não há razõesobjectivas para a indignação e os protestosdo mundo islâmico.

Como se sabe, nas universidades públi-cas alemãs, há duas faculdades de Teologia:uma católica e outra protestante. Ora, se afé nada tivesse a ver com a razão, com quedireito se justificaria a presença da Teologiana universidade? Daí o tema da lição doprofessor Joseph Ratzinger na Universidadede Regensburg: “Fé, razão e universidade.”

O conceito moderno de razão baseia-sena síntese entre platonismo (cartesianismo)

e empirismo. Só as ciências naturais pode-rão reivindicar certeza, pois detêm o mono-pólio da cientificidade, que deriva da siner-gia de matemática e experiência. Assim,não admira que as ciências humanas ten-ham procurado aproximar-se deste critério.Por outro lado, este método exclui o pro-blema de Deus, “fazendo-o aparecer comoproblema a-científico ou pré-científico”.

Torna-se, porém, claro que, nesta con-cepção, o próprio homem sofre uma redu-ção, já que as perguntas radicais sobre ofundamento e fim últimos e as questões dareligião e da ética não encontrariam lugarno espaço da razão universal, devendo serdeslocadas para o âmbito da mera subjecti-vidade.

Não se pode voltar atrás em relação ao

iluminismo. Mas impõe-se superar a limita-ção da ciência ao que é verificável na expe-rimentação e abrir a razão à amplidão detodas as suas dimensões, isto é, não se podeficar encerrado na razão positivista”.

u AAnnsseellmmoo BBoorrggeessDN 24/09/06

DO COMUNISMOÀ AMEAÇA ISLÂMICA

“Desaparecida a alternativa comunista, aesperança de desforra para alguns humilha-dos pelo Ocidente é agora uma teocraciareaccionária. É o que resta disponível paraquem, por motivos vários, detesta as socie-dades capitalistas ocidentais.

Para os islâmicos pesa ainda a frustraçãode verem a sua civilização ultrapassada peloOcidente, quando há sete séculos estava navanguarda. A frustração persiste até (ousobretudo?) naqueles que já nasceram empaíses europeus, como a Grã-Bretanha, eestão aí relativamente integrados.

Mas repare-se que há jovens ingleses aconverterem-se ao islamismo radical, nãorecusando o terrorismo. Talvez porque,como notou Timothy Garton Ash (Públi-co, 19-8-06), a Grã-Bretanha é uma dassociedades mais libertinas da Europa, ondeproliferam o álcool, as drogas, o sexo semfreio, a instabilidade familiar, a irreligião...

O fracasso comunista acentuou nas soci-edades ocidentais um hedonismo egoísta eum desencanto com a ideia de tentar mudaras coisas. Pois se o comunismo deu no quedeu... Mais vale, então, cada um tratar davidinha, desinteressando-se de quem estána miséria.

A raiva de muitos islâmicos às socieda-des ocidentais exprime também uma con-denação moral, tal como acontecia nocomunismo. Por isso é curto explicar o“fascismo islâmico” e o terrorismo que elepromove apenas com razões económicas(exploração dos povos muçulmanos pelosocidentais) ou políticas (indignação pelasguerras do Iraque, do Líbano, etc.).

Assim, é um erro - e faz o jogo dos radi-cais - desvalorizar à partida toda e qualquer

crítica islâmica à nossa maneira de viver. Háquem tema ser visto como “amigo de ter-roristas” se não diabolizar o islão. Ora, talcomo a ameaça comunista levou a atenuarinjustiças no capitalismo, importa dar aten-ção a algumas críticas islâmicas às nossassociedades. Estas não são o paraíso nemchegámos ao fim da História.”

u FFrraanncciissccoo SSaarrssffiieelldd CCaabbrraallDN 23/09/06

VER TELEVISÃO“Já muito se disse e escreveu sobre a con-

ferência do Papa Bento XVI em Ratisbona.É claro para todos que o objecto da confe-rência do Papa não era o Islão: era sim osempre recorrente tema do cardeal Ratzingersobre a identidade europeia, que ele funda naconvergência entre o legado do racionalismoda filosofia clássica grega e a fé cristã. Essasimbiose indissolúvel, no entender do Papa,explica porque é que não é possível viver a fésem a mediação da razão. Esta impede que avivência mística resvale para o excesso, ofundamentalismo e a violência.

Do mesmo modo, é claro que o exemplodo diálogo escolhido pelo Papa (um textomedieval onde se refere expressamente olegado religioso de Maomé) representouuma escolha que não corresponde ao pen-samento do próprio Papa sobre o Islão.

Embora, para efeitos demonstrativos dosexcessos da vivência religiosa, todos saiba-mos que o Papa não precisava de ter recua-do tanto no tempo nem ter ido procurarfora do próprio legado da Igreja Católicapara encontrar exemplos que fundamentas-sem a sua tese.

O alvo do Papa era o ateísmo europeu,se quisermos era exactamente o extremooposto: o racionalismo obsessivo que negaa vivência religiosa.

Perante a onda de choque que, nomundo muçulmano, as palavras do Papaprovocaram, o Vaticano e o próprio BentoXVI produziram, nos dias seguintes, trêsclarificações e um pedido de desculpas,embora subtil. Podemos interrogar-nos seuma reacção tão extensa não será, ela pró-pria, também excessiva...”

u AAnnttóónnoo VViittoorriinnooDN 22/09/06

A IMPORTÂNCIADA PALAVRA

“O que nos levou então a endeusar oprovérbio oriental de que “uma imagemvale mil palavras”?

Nós, que ao longo dos tempos sentimos,crescemos, aprendemos, ensinamos, parti-lhamos, descobrimos e fomos nas palavrase com as palavras? Todo o animal vê, sónós falamos. Esse foi o dom, o Big Bang!

O mais extraordinário é que a palavravive hoje subordinada à imagem. Tornou-se breve, seca, descarnada, subliminar. Jánão se fala para se ser entendido, fala-separa se ver visto.

Criámos uma cultura bárbara, incipiente,onde só ressalta a espuma das coisas. Umaregressão que a grande escritora de ficçãocientífica Ursula Le Guinn imaginou hámuito no “nome das coisas”, um estádiohumano onde para se conhecer a verdadeera preciso dizer a palavra certa e exacta.

E a verdade tornou-se um privilégio demuito poucos.

O trabalho jornalístico passou à condi-ção de “diz que disse” e o cidadão sabemais sobre o efémero e o irrelevante doque sobre o que, sendo essencial, o defen-de e ameaça.

Bed Bradlee, professor de Jornalismoque foi director do Washington Post, dizia:“Por detrás de uma informação deficienteexiste sempre uma formação deficiente.”

A morte da palavra transporta consigo amorte de muitas coisas essenciais: o pensa-mento, a inteligência, a verdade. O fim dasideologias - também estupidamente erigidocomo um desiderato - conduzirá a um pen-samento único e bacoco. A impunidade inte-lectual será não só tolerada como justificável.

Nas democracias, onde a palavra foidada a uns por se supor que poderiam falarem nome de todos e, paralelamente, secriou um quarto poder em nome de direi-tos, liberdades e garantias fundamentais,assiste-se a um distanciamento cada vezmaior entre os que julgam saber e os quenão querem ouvir. Os primeiros já só falamentre si. Os segundo afastam-se cada vezmais. A abstenção, em todas as suas for-mas, aumentará. O poder de decidir desa-parecerá. O direito à informação será, cadavez mais, uma figura de retórica. Sobre unscairá o descrédito. Sobre outros a anestesiamanipuladora da confusão.”

u MMaarriiaa JJoosséé NNoogguueeiirraa PPiinnttooDN 22/09/06

OOPPIINNIIÃÃOO 1111DE 4 A 17 DE OUTUBRO DE 2006

Intervenção do Papa gerou acesa polémica

Page 12: O Centro - n.º11 – 04.10.2006

A Festa do Cinema Francês, este ano nasua sétima edição, estende-se em Outubro eNovembro a sete cidades portuguesas, reve-lando a mais recente produção cinematográ-fica francesa.

Em Coimbra decorrerá entre os próxi-mos dias 16 e 21, com sessões no TAGV(Teatro Académico de Gil Vicente), com oprograma que se divulga em caixa (sendo desalientar que os filmes são legendados emportuguês).

Da programação faz parte, por exemplo,

o filme “Dunia”, de Jocelyne Saab, sobre acondição feminina no mundo islâmico.

A realizadora estará presente em Portugalpara um debate sobre a temática da película.

No total, entre 4 de Outubro e 21 deNovembro, a sétima Festa do CinemaFrancês propõe 32 filmes em antestreia emPortugal, a maioria de jovens realizadores.

Além de Lisboa, Porto, Coimbra e Faro, ainiciativa chega pela primeira vez a Évora,Almada e Funchal, numa colaboração comas autarquias locais.

A par da exibição desta trintena de obras,a Festa do Cinema Francês irá revisitar naCinemateca a história da revista francesaCahiers du Cinema.

Para falar sobre a prestigiada publicaçãocinéfila, fundada em 1951, estará em Lisboao editor da revista, Emmanuel Burdeau.

O lançamento de um portal móvel, comtoda a informação do certame disponível emtelemóvel, e uma programação especial paraa RTP e 2: fazem também parte da ediçãodeste ano da Festa do Cinema Francês.

1122 CCOOIIMMBBRRAA DE 4 A 17 DE OUTUBRO DE 2006

EM COIMBRA, DE 16 A 21 DE OUTUBRO

Festa do Cinema Francês

PROGRAMA DA FESTA EM COIMBRA

SEGUNDA-FEIRA, 1621H15 – Abertura, com a presença de uma

delegação artística francesaQui m’aime me suive (100 minutos)

Comédia, de Benoît Cohen23H15 - La raison du plus faible (1h30),

de Lucas Belvaux

TERÇA-FEIRA, 1719H00 - Sauf le respect que je vous dois

(90 minutos) drama, de Fabienne Godet21H30 - Carmen (1h40), de Jean-Pierre

Limosin00H10 - Frankie (90 minutos) drama, de

Fabienne Berthaud

QUARTA-FEIRA, 1810H30 - Kirikou et les bêtes sauvages

(75 minutos) animação, de MichelOcelot et Bénédicte Galup (preço espe-cial 1€)

19H00 - La petite Jérusalem (96 minu-tos) Drama, de Karin Albou

21H30 - Gentille (1h42), de SophieFillières

23H15 - Dunia (1h50), comédia dramáticade Jocelyn Saab

QUINTA-FEIRA, 1923H30 - 13 Tzameti (93 minutos) thriller,

de Gela Babluani

SEXTA-FEIRA, 2019H00 - Le passager (85 minutos) drama,

d’Eric Caravaca21H30 - Fauteuils d’orchestre (106 min-

utos) comédia, de Danièle Thompson23H15 - Je ne suis pas là pour être aimé

(1h33), de Stéphane Brizé

SÁBADO, 2121H30 - Selon Charlie (2h20), de Nicole

Garci23H30 - Ils (78 minutos) thriller, M/12

anos, de David Moreau et Xavier Palud

Imagem dos filmes “Carmen” (em cima)e “Qui m’aime me suive”

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PPUUBBLLIICCIIDDAADDEE 1133DE 4 A 17 DE OUTUBRO DE 2006

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1144 DDEESSPPOORRTTOO DE 4 A 17 DE OUTUBRO DE 2006

FRANCISCO OLIVEIRA É O RESPONSÁVEL PELAS “ESCOLINHAS” DE FUTEBOL DA ACM

“Preparar as crianças para o futuro”O gosto pelo ensino do futebollevou Francisco Oliveiraa apresentar um projecto juntoda Direcção da Associação Cristãda Mocidade. Que prontamentedeu “luz verde”, alargandoassim o leque de modalidadese o excelente serviço que prestaà juventude da cidadede Coimbra. Em conversacom o “Centro”, o técnicodas novas “escolinhas” explicasucintamente o que pretendecom o trabalho a que se abalançoue que define como “umaexperiência muito enriquecedorae gratificante”

AJF

Como surgiu a ideia de a ACM seabalançar ao futebol?

A ACM é uma instituição virada para acidade, que gosta e sabe receber todosaqueles que se dirigem às suas instalações.

Como tal, foi com grande abertura que aco-lheu este meu projecto, assim como julgoque acolherá muitos outros. À falta de vari-edade em desportos colectivos, surgiu-me aideia e a oportunidade de apresentar estaproposta.

Quais os principais objectivos?Ao longo da sua história, a ACM tem

tido como apanágio preparar atletas e pes-soas e, assim sendo, o objectivo de ambasas partes é bem claro: é fundamental prepa-rar as crianças para os desafios das suas

vidas, usando o desporto, neste caso o fute-bol, como meio preferencial.

Que tipo de trabalho pretende reali-zar com as crianças que se vão iniciarna prática da modalidade?

A Escolinha de Futebol tem como prin-cipal objectivo dar a conhecer a modalida-de a todas as crianças, acentuada numa baseteórico-prática, maximizando o contactodas crianças com a bola, desenvolvendo assuas capacidades técnicas, físicas e cogniti-vas, adequando os planos de treino às suasidades, despertando o sentimento de parti-lha, espírito de grupo e socialização.

Que futuro para a modalidade naACM, relacionando com os espaços detreino/jogo existentes?

As perspectivas em relação ao futuro sãoboas. Este projecto teve em conta os espaçosfísicos existentes, pois além do pavilhão naSede, a ACM dispõe de um excelente Campode Férias em Foz de Arouce, que albergadois novos campos multidesportivos, poden-do vir a ser utilizados pela “Escolinha” narealização de futuros torneios e estágios, alar-gando assim as suas potencialidades.

Como encara este desafio em termospessoais?

Pessoalmente será uma experiência muitoenriquecedora e gratificante. É um desafioao qual eu me propus e no qual espero estarà altura. Acima de tudo espero que o meutrabalho seja reconhecido pelas crianças.

Inscrições abertasO futebol na Associação Cristã da

Mocidade deu o “pontapé de saída” napassada segunda-feira. Francisco Oli-veira é o responsável técnico pelo pro-jecto, pontualmente com a colabora-ção de Vítor Manuel, José Viterbo, Ra-miro Santiago e Braga da Cruz. Ostreinos estão marcados para as segun-das, quartas e sextas-feiras, no PavilhãoDesportivo da sede da ACM, às 17h30para as Escolinhas (5 e 6 anos) e às18h30 para os Infantis (7 a 10 anos).

As inscrições mantêm-se abertasna sede da ACM, sita na Rua Ale-xandre Herculano, em Coimbra.

ANTÓNIO PIMENTEL FOI REELEITO PRESIDENTE DO CLUBE REAL DA CONCHADA

“Queremos regressar aos Nacionais”Além do Futsal, a modalidademais representativa, o ClubeReal da Conchada dedica especialatenção às Artes Marciaise ao Teatro, procurando funcionarcomo um espaço de congregaçãodos associados e dos moradoresdas zonas envolventes.António Pimentel, presidentereeleito no passado sábado,mostra-se muito motivadocom o trabalho que tem em mãos,embora descontente com a faltade apoios a que o clubetem sido votado

António José Ferreira

“Em equipa vencedora não se mexe”.Consciente do bom trabalho que tem vindoa realizar com a sua equipa, foi desta formaque António Pimentel comentou a reelei-ção para a presidência do Clube Real daConchada. Para o novo mandato de doisanos, a Direcção eleita tem como principalobjectivo fazer regressar a equipa de Futsalaos “Nacionais”, que “foi sempre o nossolugar e onde, inclusivamente, já fomoscampeões da 2ª Divisão”. Para atingir essedesiderato, o Real volta a contar com oconcurso de diversos elementos que, nou-tros tempos, já deram o seu contributo aoclube, entre os quais o treinador CésarMinas. “Para que fosse viável lutar peloobjectivo a que nos propomos”, explica opresidente do Real, “faltava ao nosso grupoalguma maturidade e experiência e o tactode jogar à bola. Por isso, fomos buscaralguns elementos que já tinham jogado no

clube, para que possam transmitir aos maisjovens a necessária experiência para luta-rem por uma subida de divisão”. Com oregresso de alguns jogadores e o reviverdos melhores tempos do Futsal no clube, aDirecção de António Pimentel espera reto-mar a mística própria do Real e das gentesda Conchada, incentivando o”bairrismo e oclubismo, que estão a morrer. Somos oúnico clube da Conchada e queremos que

as pessoas voltem a estar unidas em tornoda colectividade e da sua equipa de Futsal”.

A dada altura veio à conversa a extinçãodas equipas de formação do Real daConchada, esta época, motivada pela escas-sez de apoios. Não foi necessária respostaquando perguntámos com que sentimentoa Direcção a que preside tomou tão difícildecisão. António Pimentel comoveu-se e,com a voz embargada, deixou transparecer

quão contrariado está por ter sido obrigadoa retirar aos jovens da Conchada a oportu-nidade de praticarem desporto. Depoisexplicou que, no passado, uma “Direcçãoda qual eu também fazia parte não entre-gou nos serviços da Câmara Municipal oexigido relatório de actividades, pelo queeste ano não recebemos qualquer subsídio.Tivemos apenas um pequeno apoio daJunta de Freguesia, manifestamente insufi-ciente para mantermos três equipas emactividade. Optámos por manter osSeniores, que dão representatividade aoclube, e agora vamos querer ‘arrumar’ acasa, conseguindo novos apoios, para quenum futuro próximo possamos voltar emforça com as nossas equipas de formaçãode Futsal”.

Órgãos Sociaisdo Real da Conchada

Direcção: António Pimentel (Presi-dente); João Minas (Vice-Presidente);Maria João (Tesoureira); Fernando Alves(1º Secretário); Miguel Manaca (2.º Se-cretário); Luís Pimentel, José João eAnabela Mesquita (Vogais); Mário Ale-xandre, Sónia Moleta e João Amílcar(Suplentes).

Assembleia Geral: José Talina (Pre-sidente); Miguel Braga (Vice-Presidente);Carlos Rodrigues (1.º Secretário); LuísSerrano (2. º Secretário); Manuel Moreirae Mário Maganito (Suplentes)

Conselho Fiscal: Aristides Braga(Presidente); Tiago Moreira (1.º Se-cretário); Maria Mesquita (2.º Secretário);Virgílio Pimentel (Suplente)

O presidente António Pimentel conversou com o “Centro” acompanhado por MárioCardoso e Virgílio Costa

Page 15: O Centro - n.º11 – 04.10.2006

DDEESSPPOORRTTOO 1155DE 4 A 17 DE OUTUBRO DE 2006

OLIVAIS APRESENTOU EQUIPAS PARA A ÉPOCA 2006/2007

Encontro de Gerações

Muito bem orientada pela jovem dupla Bru-no Santos e Gonçalo Simões, a equipa séniormasculina do Olivais apresentou-se aos adeptoscom uma clara vitória sobre a Sanjoanense. O“capitão” Carlo Ferreira reconhece que “a equi-pa não entrou bem no jogo, com bolas falha-das debaixo do cesto e alguns ‘turn-overs’pouco habituais, em parte devido à faltade entrosamento”, mas frisa que depoisdo intervalo tudo foi diferente sobretu-do “pela melhoria da atitude defensiva,que conduziu a um melhor nível dejogo e a que conseguíssemos sair maisvezes em contra-ataque”.

As boas indicações deixadas neste jogopermitem encarar a época com tranquilidade,ao longo da qual os objectivos vão passar por“tentarmos ser competitivos jogo a jogo, con-tra todos os adversários, embora saibamos quevamos encontrar equipas mais apetrechadas,especialmente as equipas ‘B’ da Liga Profis-sional. Sem o objectivo fixo de subir de divisão,ao qual não vamos ambicionar e para o qual opróprio clube, neste momento, não estará pre-parado, vamos querer ganhar jogo a jogo, ten-tando andar sempre ‘lá em cima’, nos primeiroslugares”.

Recuperando os êxitos alcançados na épocapassada, Carlo Ferreira lembra que “já tinha sidocampeão nacional e no ano seguinte tivemosuma má experiência, porque o clube não se pre-

parou devidamente e acabámos pordormir um pouco ‘à sombra

da bananeira’. Mas este anoas coisas vão ser comple-tamente diferentes. Aépoca está muito bempreparada, com grandemérito para a nossa

dupla de treinadores, jo-vem e ambiciosa, que nos

está a incutir mais entrega eagressividade e alguns hábitos de

treino e de trabalho aos quais não estávamoshabituados, o que é muito bom”.

A terminar, sobre o 8.º Encontro de Gera-ções e a atenção que o Olivais continua a dispen-sar à formação de jogadores, Carlo Ferreirasublinha que “é o único caminho a seguir. Ofacto de ser o clube com mais atletas inscritos naFederação deixa-nos a todos com muito orgu-lho. Agora é continuar o trabalho, para que oclube consiga formar bons jogadores e princi-palmente homens”.

“Estamos no início de época e é semprecomplicado jogar contra uma selecção. Masestamos cá, vamos continuar a trabalhar ecom toda a certeza vamos conseguir fazermuito melhor”. Esta garantia foideixada por Sónia Ferreira,“capitã” da equipa séni-or feminina do Oli-vais, no final do jogode apresentação fren-te à Selecção de Ca-bo Verde, no qual aequipa já contou como contributo das norte-americanas CarlyshiaHurdle e Kimberly Turner,chegadas na véspera a Coimbra. Ambas qui-seram “mostrar serviço”, naturalmente, masacabaram por actuar com alguma precipitaçãoe pouco sentido colectivo. Mais integradas noconjunto e com mais tempo de trabalho sob aorientação de Cristina Viegas e João PedroGonçalves, poderão constituir claras maisvalias para o conjunto olivanense. SóniaFerreira também “defende” as novas compa-nheiras, lembrando que “chegaram ontem eestão ‘estoiradas’. Mas pelo que vi são fortes,

apesar de terem uma baixa estatura em relaçãoao que estávamos a contar e a precisar, e creioque vão ‘dar nas vistas’ ao longo da época”.

O início de época “foi muito complicado,porque fisicamente estávamos mal preparadas.A equipa foi afectada por algumas lesões e che-

gámos a treinar apenas com seis atletas, oque torna o trabalho muito difícil. Agorajá estamos melhor, já treinámos todasjuntas e vamos continuar a evoluir, espe-remos que sem lesões ou outros contra-tempos”. Os objectivos estabelecidos

pelo grupo para a participação na LigaFeminina passam “por ganhar o máximo

de jogos, tentando chegar o mais longe possí-vel. As outras equipas vão ter que tomar cuida-do connosco, porque não queremos perdernunca. Sabemos que não vai ser fácil, poistemos uma equipa muito jovem e pouco expe-riente, mas temos muita força de vontade egostamos de jogar basquete, o que é essencial”.

“O Olivais tem a maior escola de basque-te do país”, concluiu Sónia Ferreira, “e esteEncontro de Gerações é importante paraque os atletas mais jovens vejam ondepodem chegar, tendo as equipas seniorescomo exemplo”.

António José Ferreira

O Olivais Coimbra levou a efeito, no passado fim-de-semana, o 8º Encontro deGerações. Além de se tratar de um momento de convívio entre todos aqueles que, deuma forma ou de outra, vivem o dia-a-dia da colectividade olivanense e do Pavilhão Eng.Augusto Correia (dirigentes, seccionistas, treinadores, atletas, pais, adeptos, etc.,) este even-to contou com a presença de responsáveis de entidades oficiais da cidade, entre os quaisLuís Providência e Francisco Andrade, respectivamente Vereador do Desporto daCâmara Municipal de Coimbra e Presidente da Junta de Freguesia de Santo António dosOlivais, e serviu de mote para a apresentação das diversas equipas para a época2006/2007, desde os Minis (na foto) aos Seniores. A forma como evoluíram e os resul-tados alcançados frente a congéneres de outros clubes, permitem vaticinar a realização deuma boa época, a tender para o sucesso, tanto para as equipas seniores, masculina e femi-nina, treinadas respectivamente por Bruno Santos e Cristina Viegas, como para os con-juntos do sector de formação, agora coordenado pelo Director Técnico Luís Gonçalves.

BASQUETEBOL

Resultados

Seniores Femininos

Olivais/S. Cabo Verde 55-66

Juniores Femininos

Olivais/C. Calvão 24-54

Cadetes Femininos

Olivais/Amiense 49-41

Iniciados Femininos

Olivais/Ac. Porto 39-29

Seniores Masculinos

Olivais/Sanjoanense 71-40

Juniores A

Olivais/Sangalhos 48-65

Juniores B

Olivais/Sangalhos 40-50

Cadetes Masculinos

Olivais/Sangalhos 46-16

Iniciados Masculinos «A»

Olivais/Sangalhos 73-24

Iniciados Masculinos «B»

Olivais/Sangalhos 27-35

SÓNIA FERREIRA LEMBRA O ESSENCIAL

“Gostamosde jogar basquete”

CARLO FERREIRA ESPERA UMA BOA ÉPOCA

“Discutirtodos os jogos”

Page 16: O Centro - n.º11 – 04.10.2006

Além da Piscina de Celas, actualmente asEscolas do Clube Náutico Académico fun-cionam também nas novas infra-estruturasde Coimbra (Solum, Pedrulha e São Mar-tinho). As inscrições para as aulas podemser feitas através das instituições com asquais o Clube Náutico tem protocolos esta-belecidos, ou por via particular no DolceVita ou nas piscinas que servem de “ofici-na”. Os serviços oferecidos passam pelaNatação para Bebés (em São Martinho e naUnidade de Saúde de Coimbra), Natação

para Crianças entre os 3 e os 14 anos, re-partidos pelos diferentes níveis técnicos,Natação para Adultos e Hidroginástica pa-ra Adultos.

Marques Pereira, responsável pelas Es-colas de Natação, realça que o clube “temtentado crescer, em termos de utentes, maseste ano, com a introdução de horáriosescolares mais alargados, há mais inscriçõespara o período a partir das 18h30, estandoos outros mais livres”. Mesmo assim, frisa,e apesar de a época estar a começar, “po-

demos dizer que vamos crescer em relaçãoao ano anterior”. Sobre o diverso leque deserviços que o Clube Náutico oferece,solicitámos um comentário sobre a Na-tação para Bebés e para Adultos: “ANatação para Bebés surgiu com o apareci-mento das novas estruturas, primeiramentena Piscina de São Martinho porque foi aque nos garantiu um aumento da temper-atura do tanque, o mesmo acontecendoagora na Unidade de Saúde de Coimbra.

Os benefícios de levar o bebé à piscinasão bastantes, podendo ser destacada amelhoria de relação efectiva com os famil-iares (as aulas são dadas sempre com a pre-sença de um familiar dentro de água), bemcomo as condições de imunidade da partecardiovascular, do movimento, da sociabi-lização, da interligação com outras cri-anças. Quanto aos adultos, nos últimostempos temos tido um crescendo naHidroginástica e uma diminuição, emboraligeira, no adulto que quer aprender anadar. Ainda assim, nesta área, estamossatisfeitos com a procura que os nossosserviços têm vindo a ter”.

Mais de 2 mil utentes!É este o número que “obriga”o Clube Náutico Académicoa ter uma “máquina” organizativamuito bem montada e coordenada.Tanto mais que, conformeafirmou ao “Centro” o presidenteJosé Luís Carvalhos, “é para nósfundamental seguirmos numasenda de melhoria de qualidadee de afirmação do clube pelaqualidade, pela disponibilidadee pelo empenho que colocamosnas nossas actividades”

António José Ferreira

De uma forma geral, em que se ba-seia a actividade do Clube NáuticoAcadémico?

A actividade do Náutico, que já se desen-volve há mais de 20 anos, tem-se pautadosempre por critérios de qualidade e de elevadoserviço prestado à juventude. Para além daequipa de Natação pura, que tem sido hege-mónica no panorama da modalidade a nívelregional, temos a equipa de Pólo Aquático,única na região de Coimbra e que há dois anosse sagrou campeã nacional da 2ª Divisão, pre-parando-se este ano para lutar por idênticofeito. Paralelamente a tudo isto desenvolve-mos um amplo leque de actividades, que pro-porcionamos a crianças desde os seis mesesde idade até aos 88 anos, desde as oito damanhã até às nove da noite, praticamentetodos os dias e com um número de utentesque ultrapassa seguramente as 2 mil pessoas.Portanto achamos que desenvolvemos umaactividade meritória, feita com muito sacrifíciomas também com muito gosto e muito empe-nho, e que merece ser acompanhada.

Tanto a Natação como o Pólo Aquá-tico são modalidades que requerem de-terminadas condições, muito específi-cas, e que normalmente estão muitodependentes dos espaços públicos exis-tentes. Como funcionam as coisas a essenível no dia-a-dia do Clube Náutico?

Esse tem sido o drama da Natação e tam-bém do Pólo Aquático, modalidades que, defacto, exigem condições muito específicas.Enquanto noutras actividades, como porexemplo o futebol, há melhores ou pioresestruturas, mas pode-se praticar num nívelvariado de exigência e de condições, naNatação, infelizmente (ou felizmente), não éassim pois tem que ter piscinas e planos deágua nas devidas condições, de modo a nãoporem em causa a saúde dos utentes.Nos últimos tempos o panorama deoferta de planos de água melhoroumuito, com a construção do Com-plexo Olímpico e das piscinas daPedrulha e de São Martinho,mas também apareceram, ebem, novos clubes a pro-moverem a prática da Na-tação, além daqueles quea ela já se dedicavam notempo das “vacas ma-gras”. Essa “explosão”de praticantes tem cria-do algumas dificulda-des à actividade federa-da de clubes como onosso. Não tem sidofácil para nós, que temos uma actividadefederada e devidamente estruturada e profis-sionalizada, conseguirmos horários parapodermos trabalhar em boas condições,consequência de alguma sofreguidão deangariação de espaços das múltiplas institui-ções que neste momento compõem o pano-rama da cidade.

Há na generalidade dosclubes o sentimento deque o estado não apoiadevidamente a meritó-ria actividade que de-senvolvem, nomeada-mente na formaçãode atletas. Também éassim no caso doClube Náutico, mes-mo tendo em con-ta os apoios

indirectos que recebe por via da manu-tenção dos espaços que utiliza?

Temos tido apoios directos da Câmaraatravés do Plano Desportivo Municipal etambém, podemos considerar que sim,alguns apoios indirectos pela utilização daspiscinas. Admitimos que são apoios masque são, quanto a nós, manifestamente

insuficientes. Criou-se a ideia, anível dos quadros técnicos au-tárquicos, que os serviços deNatação que se prestam à po-pulação geram muito dinheiro eque os clubes vivem desafoga-dos e não têm problemas nen-

huns nesse aspecto. Ora isso nãoé verdade, pelo menos para nós

que movimentamos cerca de 120atletas federados e um le-

que de profissio-nais a treinar es-

ses atletas, alémdas deslocações, em

sumaimensosencargos

que se

traduzem num enorme esforço para conse-guirmos manter a Natação competitiva e oPólo competitivo em Coimbra. Se calharpara outros clubes, que não têm actividadefederada, a Natação será um bom negócio.Para nós é pura sobrevivência.

Compreendo que os tempos não sãofáceis e que a própria Câmara passa por

1166 DDEESSPPOORRTTOO DE 4 A 17 DE OUTUBRO DE 2006

MARQUES PEREIRA DESTACA A IMPORTÂNCIA DA NATAÇÃO PARA BEBÉS

“Os benefícios são bastantes”

São reconhecidos os benefícios da natação para bebés

JOSÉ LUÍS CARVALHOS QUER QUE O CLUBE NÁUTICO SE AFIRME PELA QUALIDADE

“Não queremos andar a vender Natação ao quilo”

Page 17: O Centro - n.º11 – 04.10.2006

algumas dificuldades, mas realmente semapoios não é nada fácil. Vamos gerindotodas as situações, com muito cuidado emuita contenção, para podermos prosse-guir com a actividade competitiva, que élargamente deficitária. É claro que temos oapoio de algumas empresas, casos daMatobra e de uma grande estrutura deCoimbra, muito importantes para nós, masque não resolvem os problemas que temos.

A actividade do clube funciona emquatro piscinas, situadas em zonasopostas da cidade, situação que poderáconduzir a alguma perda de identidade.Como resolvem esse problema e queiniciativas desenvolvem para reunirtoda a família do Clube Náutico?

Há sete/oito anos estávamos só aqui emCelas mas, com o aparecimento das novas pis-cinas, são os próprios utentes que vêm terconnosco que escolhem o local onde queremter as suas aulas. E nós procuramos corres-ponder. A nossa grande preocupação passapor mantermos as nossas estruturas competi-tivas, aí sim, com uma forte interligação e comuma forte união. Fazemos dois festivais porano, um por altura do Natal e outro no Verão,para os quais convidamos todos os nossosutentes e onde, de uma forma lúdica, fazemosuma apresentação de todas as actividades quedesenvolvemos. São umas jornadas muitointeressantes e que constituem festas valentes.

Com que objectivos principais oClube Náutico se abalança à nova épo-ca desportiva?

A nível competitivo há dois ou três pontosque para nós são muito importantes. No PóloAquático está perfeitamente determinado queo objectivo é subir à 1ª Divisão, se possívelconseguindo o primeiro lugar da 2ª Divisão.Na Natação pura, este ano fizemos um esfor-ço muito grande no apetrechamento dos nos-

sos quadros, reforçando a componente huma-na e de liderança da nossa equipa, com a con-tratação de José Manuel Borges, um técnicomuito conceituado e que vem coordenar todaa nossa estrutura competitiva. Não podemospensar em ter resultados de um momento parao outro mas, a curto prazo, almejamos a subi-da de divisão, tanto em masculinos como emfemininos, e a individualmente, além de cimen-tarmos a liderança a nível regional, conseguir-mos marcar uma presença mais firme e visívelnos campeonatos nacionais. Portanto, quere-mos dar um passo em frente para trazermospara a Natação em Coimbra um lugar que jáfoi seu. Não podemos esquecer que o próprioNáutico, não há muitos anos, foi segundo clas-sificado no campeonato da 1ª Divisão. Nestemomento a nossa realidade é um pouco dife-rente, para pior, infelizmente. A nível de uten-tes e de toda a intensa actividade que desenvol-vemos é para nós fundamental seguirmosnuma senda de melhoria de qualidade e de afir-mação do clube pela qualidade, pela disponibi-lidade e pelo empenho que colocamos nasnossas actividades. Como já referi, actualmen-te há muita concorrência, muitos agentes aproporcionarem serviços idênticos aos nossos,

em alguns casos com preços que não percebe-mos. Não queremos ir por aí. Se calhar somosum pouco mais caros do que os outros, mas aspessoas que vêm ter connosco acabam porperceber porquê, uma vez que queremos mar-car a diferença pela qualidade e não queremosandar a vender Natação ao quilo nem outrasactividades ao metro.

Alguma questão que não tenhamoscolocado mas que gostasse de abordar?

Apenas dizer que o Náutico é um clube jácom alguma dimensão e que exige muitoempenho de todos e muita coordenação, peloque temos que agradecer e valorizar a formaquase desinteressada como os nossos técnicose colaboradores se dedicam à actividade quedesenvolvem. Finalmente voltar a sublinhar asdificuldades com que nos deparamos e que porvezes as pessoas não se apercebem. Por exem-plo, enquanto que um “miúdo” com 13 anosque pratique futebol treina três vezes por sema-na, na Natação um praticante da mesma idadefaz por semana sete treinos de duas horas.Portanto gostávamos que compreendessem oque custa organizar tudo isto e que olhassemmais para o trabalho que desenvolvemos.

DDEESSPPOORRTTOO 1177DE 4 A 17 DE OUTUBRO DE 2006

PEQUENOS ATLETAS

“Praticar desportoé uma boa opção”

Como e quandoentraste para o bas-quete?

Entrei para o bas-quete há 6 anos, porinfluência da minhamãe e do meu irmão,que também pratica-va a modalidade.

Que importân-cia ocupa o bas-quete no teu dia-a-dia?

Tenho três treinos de hora e meia porsemana e sempre que posso assisto a algunsjogos de escalões diferentes. Geralmente aosfins-de-semana tenho jogos da minhaequipa.

Fala um pouco sobre a tua equipa esobre o ambiente vivido em torno dobasquetebol da Telecom Coimbra.

O ambiente que se vive no basquetebolda Telecom Coimbra é de muita amizade. Naminha equipa somos todas muito unidas equando necessário ajudamo-nos umas ásoutras.

Com que principais objectivos te abal-anças à nova época desportiva?

Os objectivos para a próxima época são,como sempre, dar o nosso melhor paraalcançarmos bons resultados.

A Telecom Coimbra não tem equipasseniores. Gostavas que o clube desseesse passo num futuro próximo? Queimportância lhe atribuis, para o futuro doclube e dos atletas?

Sim. Gostava que, no futuro, a TelecomCoimbra tivesse equipas de Seniores, a fim dedar continuidade ao trabalho realizado nosescalões inferiores.

O basquete é só para os jogadoresmais altos ou também pode e deve serpara os mais baixos?

O basquete pode e deve ser praticado poraltos e baixos.

Consegues conciliar o basquete comos estudos?

Consigo.

Acompanhaste os recentes êxitos dasselecções nacionais seniores, masculinae feminina, no apuramento para osrespectivos europeus?

Não.

Mensagem que gostarias de deixarpara os leitores do jornal Centro?

Praticar desporto, seja ele qual for, é sem-pre uma boa opção.

Maria Francisca Lima12 AnosTelecom CoimbraBasquetebol 7º Ano de Escolaridade

A equipa acompanhada pelo treinadorMiguel Cunha e pela seccionistaConceição Lourenço

Com cerca de 120 atletas no sector de competição, na Natação e no Pólo Aquático(que pretende incrementar, abalançando-se agora às camadas jovens), e perto de 2 milutentes nas Escolas de Natação e na Hidroginástica, o Centro Náutico Académicopresta um serviço meritório à comunidade conimbricense, nomeadamente à popula-ção mais jovem. Tão intensa actividade, repartida por quatro piscinas da cidade deCoimbra (Celas, Pedrulha, São Martinho e Complexo Olímpico), obriga a que toda a“máquina” organizativa esteja muito bem montada, assente no trabalho de dirigentes,treinadores e outros colaboradores.

Mais informações sobre a colectividade, nomeadamente inscrições nas diversasactividades que promove, podem ser obtidas na sede, situada na Rua BernardoAlbuquerque, em Coimbra, ou na Internet em www.cnac.pt.vu.

Mais de 2 mil utentes

JOÃO RODRIGUES FRISA QUE O PÓLO AQUÁTICO PRECISA DE MELHORES CONDIÇÕES

“Evitar o sobe e desce”João Rodrigues é o “homem forte” do

Pólo Aquático no Clube Náutico Acadé-mico. Trata-se de uma modalidade poucoconhecida e divulgada, afinal “uma daspechas que existe a nível regional e contra aqual temos procurado lutar. Para que possacrescer o Pólo Aquático precisa de ser visto,nomeadamente para atrair mais público, masa falta de espaços com que nos temos depa-rado ao longo dos anos para a realização detreinos e jogos não tem ajudado muito”.

O dirigente do Clube Náutico acreditaque há condições em Coimbra “para fazervingar o Pólo Aquático”, tanto mais que“começa a haver maior compreensão paracom as exigências especificas da modalidadee, este ano, felizmente, conseguimos que aCâmara Municipal nos disponibilizasse maisespaços e podemos treinar todos os dias, desegunda a sexta feira, ainda que não noshorários ideais. E estamos a tentar quealguns jogos possam ser disputados noComplexo Olímpico, para já com grandeabertura por parte do Vereador do Des-porto da Câmara Municipal de Coimbra”.

Com base nas novas condições “reunimos ogrupo de trabalho, que é em simultâneo umgrupo de grandes amigos, e procurámos umnovo alento com o regresso do técnico LírioBranco, que já havia estado no clube edesenvolvido um bom trabalho”. O objecti-vo principal passa então “pelo regresso à 1ªDivisão e pela conquista do título da 2ªDivisão, sendo depois necessário criarmosas melhores condições para nos mantermosno escalão maior e evitarmos o ‘sobe edesce’. Mas para incrementarmos e consoli-darmos a modalidade no clube e na cidadenão podemos ficar por aí, sendo importantecomeçarmos a formar atletas a partir dos13/14 anos. A técnica de nado do Pólo éligeiramente diferente em relação à Nataçãopura, além de muitas outras questões comoo passe, a técnica e a táctica de jogo. Maspara começar só é preciso que saibamnadar”. A captação para as equipas jovensdo clube já está em marcha, com a adesão àprática da modalidade a deixar bastanteagradados os responsáveis do ClubeNáutico, mantendo-se abertas as inscrições.

Natação ao quilo”

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1188 IINNFFOORRMMAAÇÇÃÃOO CCOOMMEERRCCIIAALL DE 4 A 17 DE OUTUBRO DE 2006

Cartão de créditoinspiradoem Fernando Pessoa

O poeta Fernando Pessoa, imortalizado como umafigura austera, dá nome a um novo cartão de créditoUnibanco, disponibilizado em edição limitada, desde oinício deste mês de Outubro, e que oferece condiçõesespeciais na compra de produtos culturais.

Os portadores do novo cartão, chamado “A Palavra”,poderão usufruir até 31 de Março de 2007 de benefíci-os em locais associados à vida de Fernando Pessoa e emdiversos pontos de oferta cultural, segundo refere aUnicre (empresa emissora de cartões de pagamento).

Descontos nas obras do poeta publicadas pela LelloEditores, em compras nas livrarias Bertrand, na galeriaArtEmporio (situada num prédio onde Pessoa viveu) eem restaurantes relacionados com o seu percurso,como o Martinho da Arcada, em Lisboa, e o Ribeiro,no Porto, são alguns dos benefícios para os utilizadoresde “A Palavra”.

O novo cartão será personalizado pelos clientes, quepoderão escolher uma de entre “as seis mensagensmais enigmáticas do poeta”, segundo a Unicre: “Tenhoem mim todos os sonhos do mundo”, “Tudo vale apena se a alma não é pequena”, “Deus quer, o homemsonha, a obra nasce”, “Saúdo todos os que me lerem”,“Põe quanto és no mínimo que fazes” e “Minha pátriaé a língua portuguesa”.

O novo cartão terá uma emissão limitada de 15 milexemplares, não possui anuidade e representa, de acor-do com a Unicre, “uma aposta no nicho de mercadocomposto pelos verdadeiros admiradores de cultura”.

Ao adquirirem o cartão, os clientes receberão umareprodução do manuscrito de um poema e um relógioexclusivo com uma mensagem do escritor, concebidospara esta edição especial.

Serão ainda oferecidas aos utilizadores duas cháve-nas Spal personalizadas por cada 12 transacções reali-zadas com o cartão Fernando Pessoa.

Em menos de um mês, a CervejariaPortugália de Coimbra atendeu mais de 8.300clientes, serviu 5.500 bifes, 7.520 pães, 3950ovos estrelados e mais de 9.000 cervejas.

Estes números foram divulgados na pas-sada quinta-feira (dia 28 de Setembro), datada inauguração oficial daquele novo espaço(que abriu as portas ao público no dia 1 dopassado mês de Setembro) e são eloquentes

quanto ao êxito que está a obter a primeiraunidade de Coimbra de uma das mais tradi-cionais marcas da restauração nacional.

Com capacidade para 120 pessoas (80 nointerior e 40 na esplanada), a CervejariaPortugália de Coimbra prevê receber mais de90 mil clientes durante o primeiro ano (aindade acordo com os elementos fornecidos pelaempresa Portugália Restauração, S.A.).

Situado na zona residencial do Vale daFlores, junto ao Coimbra Shopping, adecoração da Portugália de Coimbra seguemesmo estilo arquitectónico das outras cer-vejarias da cadeia, inspirando-se no concei-to da cervejaria tradicional portuguesa, queinclui as madeiras e a azulejaria nacional.

A Cervejaria Portugália de Coimbramantém-se igualmente fiel á tradição no que

toca à ementa: a “estrela da companhia”continua a ser o famoso “Bife à Portugália”,com o seu molho exclusivo que resulta deuma receita desenvolvida por várias gera-ções de chefes de cozinha. A cerveja, com asua técnica especial de tiragem e o mariscomuito fresco eis outro dos motivos dogrande sucesso desta cervejaria que já serviuvárias gerações de portugueses.

Depois de um Verão enriquecedor para as crianças, ondese divertiram a aprender, o “Ed-Kids Club” recomeça maisum ano lectivo com algumas novidades.

O novo conceito deste clube é agora mais vasto.Devido ao êxito do “Fun Language” para ensino do inglês,

foi alargado para aprendizagem do espanhol e do alemão.Os pais têm a oportunidade de deixar os filhos com acom-

panhamento constante durante as férias e aos fins-de-semana,ou em qualquer outro tempo livre.

As crianças não ficam fechadas no espaço do “ED-KidsClub”, pois a empresa tem parcerias com algumas escolas eoutras entidades, como a PSP (Policia de Segurança Pública),a GNR (Guarda Nacional Republicana), a RUC (RádioUniversidade de Coimbra) e o Exploratório, e diversas outras,que as crianças do “ED-Kids Club” têm a oportunidade devisitar.

Teresa Torres, umas das sócias-gerentes deste clube, nãotem dúvidas de que estas parcerias são uma mais valia para ascrianças: “Não queremos prender as crianças num espaçofechado, e as parcerias com estas entidades são um forma deexpandir e alargar os horizontes dos pequenos”.

A música também faz parte do leque de opções do “Ed-Kids Club”.

Manuela do Bem, também sócia-gerente da empresa, nemvê muitas diferenças entre a música e a língua: “A música éuma língua, tem um convívio saudável com a aprendizagem.Este ano introduzimos um novo instrumento, o violino. Asaulas estão abertas para crianças a partir dos 3 anos e sãoministradas por dois professores do Conservatório de Músicade Coimbra”.

Ainda no ramo da música, o Jazz também está disponívelpara os pequenitos a partir dos 3 anos de idade.

A criação do site interactivo do “Ed-Kids Club” é outranovidade este ano, com actividades na área do Inglês, e maistarde do espanhol e do alemão.

Durante a fase experimental, o site é aberto a todos os queo quiserem visitar; mas dentro de pouco tempo terá acessolivre apenas para os inscritos no Clube.

Apesar do “Ed-Kids Club” ser vocacionado para as crian-

ças, os adultos também podem aqui aprender línguas e a tocarinstrumentos musicais.

A concepção das novas instalações do “Ed-Kids Club”ficou ao cargo do arquitecto Bruno Gil, que conseguiu criarum espaço interactivo e comunicativo.

Mais informações estão disponíveis pelo telefone 239703735 ou nas próprias instalações do “Ed-Kids Club”, naRua Augusto Marques Bom, Lote 14 - Loja 2 (Vale dasFlores).

Cervejaria Portugália abriu em Coimbra

“Ed-Kids Club”: novas instalaçõese maior variedade de escolhas culturais

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ESTAÇÃO MISERÁVELAcabo de chegar da estação ferroviária

de Coimbra-B.Não estive lá mais de 3 minutos e... foi uma

autêntica odisseia. Como sempre acontece.Um gesto simples (transportar um fami-

liar à estação) revela-se em Coimbra algo demuito difícil concretização.

De um lado e do outro, o espaço de esta-cionamento está reservado para os táxis e ocidadão comum não tem onde parar oautomóvel.

FIM-DE-SEMANADESPORTIVO

No sábado, o André Gonçalo (que jájogou na minha equipa e agora joga nosjuvenis do Sporting) convidou para ir ver oBenfica-Sporting. Não pude ir.

Acabei por ir ver a 2.ª parte do U.Coimbra-Cinfães, em juvenis, a convite do paido André Gonçalves (que jogou na minhaequipa até Junho e agora está no U. Coimbra).Venceram os unionistas por 4-3 e ainda vi o4.º golo, marcado pelo André. Um golaço!

No domingo de manhã, a minha equiparecebeu a Sanjoanense e venceu, com inteirajustiça, por 2-1, com o golo do triunfo a sur-gir mesmo no fim, marcado pelo “central”Marco (na foto, o 3.º a contar da direita).

Da parte da tarde, vi o Académica-Nacional (1-3) de um camarote do estádio.Como acabara de almoçar às 3 da tarde,bebi um sumo de laranja.

Voltando aos juvenis da Briosa, restaescrever que, na semana passada, houveuma deslocação a Matosinhos, para jogarcom o Boavista (derrota natural, por 2-1,mas com um bocado de sorte o resultadopoderia ter sido diferente...).

NOTAS SUPLEMENTARES:

1. Para que serve o parque de estaciona-mento do lado do Bolão, que está semprevazio?

2. Porque é que a Estrada de Eiras estátransformada em parque de estacionamen-to permanente, sem condições, colocandoem risco quem ali estaciona ou circula?

3. Porque é que os responsáveis da cida-de, em vez de se desculparem HÁ DE-ZENAS DE ANOS, ora com o Governoora com a CP, não criam condições de aces-so mínimas à estação?

4. Os nossos impostos servem para quê,para além de sermos tratados como cães?

5. Será que já não há (pelo menos...) ver-gonha?

(publicado no blog em 23 de Setembro)

OUTRA VEZ... SOL

Depois de um n.º 2 que não apreciei par-ticularmente, o “Sol” regressou hoje comuma edição de bom nível.

A luta promete.(Nesta altura do campeonato, o “Sol”

regista 2 vitórias e houve um empate - nasemana passada. Entretanto, continua anecessidade de levantar cedo ao sábadopara conseguir os dois semanários sem“complicações”. No posto de gasolina emque habitualmente compro os jornais aofim-de-semana até já aceitam encomendas!)

(publicado no blog em 30 de Setembro)

PUBLICIDADE

“A pedido de muitas vacas, a Portugáliavai lançar o pernil de porco” (campanhapublicitária da Cervejaria Portugália).

(publicado no blog em 30 de Setembro)

CURIOSIDADES

O melhor resultado dos clubes portu-gueses na Liga dos Campeões foi consegui-do pela equipa formada por maior númerode jogadores nascidos neste “jardim àbeira-mar plantado”. E que é orientada pe-lo treinador mais jovem.

(publicado no blog em 28 de Setembro)

PREÇO DOS COMBUSTÍVEIS

A Galp voltou a baixar o preço dos com-bustíveis - e os noticiários da rádio não secansam de anunciar o facto.

Os novos preços são os seguintes:Gasolina 95 - 1,228 euros; Gasóleo -

1,1018 euros.O que a rádio não diz é que estes preços

correspondem a 246$19 e 204$09, namoeda antiga.

O que a rádio poderia dizer é que bastadar um salto a Espanha (país com um nívelde vida bem superior) para encontrar osseguintes preços:

Gasolina 95 - 0,957 euros; Gasóleo -0,898 euros

(o que corresponde, respectivamente, a191$86 e 180$03).

No caso da gasolina, ir a Espanha abas-tecer significa, portanto, uma poupança de54$33 em cada litro!!!

E Salamanca aqui tão perto...(publicado no blog em 29 de Setembro)

CITAÇÃO

“O semanário Sol perguntou e os portu-gueses responderam: 28% querem ser espa-nhóis. É um caso de incesto agudo. Queoutra coisa chamar ao desejo de quase umterço de portugueses quererem ser nuestroshermanos deles próprios?” (FerreiraFernandes, in “Sábado”)

(publicado no blog em 29 de Setembro)

COMO É DIFERENTEEM INGLATERRA...

O defesa Ben Tatcher, do ManchesterCity, não vai ser alvo de investigação polici-al por agredir Pedro Mendes, no jogo dispu-tado a 23 de Agosto. Isto porque o jogadorportuguês do Portsmouth, bem como osdois clubes e a Federação inglesa não quise-ram envolver a polícia na resolução do caso.

Isso mesmo foi anunciado esta sexta-fei-ra, em comunicado, pela polícia de Man-chester, onde se explica que depois de ouvirPedro Mendes, os clubes e a Federação, omédio português solicitou que Tatcherfosse castigado apenas pelos órgãos des-portivos e não pela polícia. Assim sendo,pode ler-se, «o caso é dado por encerrado».

Recorde-se que a agressão a Pedro Mendesmotivou uma suspensão de oito jogos a BenTatcher, que aumentará para 15 se o jogadorreincidir neste tipo de comportamento. O defe-sa foi ainda privado pelo Manchester City deseis semanas de salário. (in “A Bola”, adapt.)

(publicado no blog em 29 de Setembro)

ÚLTIMA HORA

Os prometidos campos de treino comrelva sintética, na “Academia” da Acadé-mica/OAF, no Bolão, já não devem demo-rar muito.

Os rolos com o relvado já chegaram.

ENCONTRO

Ontem, no Campo da Pedrulha, tive oprazer de encontrar um dos melhores joga-dores que vestiu a camisola da Académicanos últimos 25 anos.

Veio acompanhar a “sua” Sanjoanense eo filho, ainda juvenil do 1.º ano.

Falámos de passado, do presente e dofuturo. Ainda tem guardadas duas páginasde “O Jogo”, com uma entrevista que lhefiz, a propósito da ida dele para o Benfica.

Eu já não me lembrava; ele recordava até ospormenores. “A entrevista foi feita na redac-ção, ali perto da estação dos comboios”, disse.

Pois deve ter sido. “O Jogo” e o “Jornalde Notícias” estiveram dezenas de anos ins-talados na Avenida Fernão de Magalhães.

Um grande abraço, Flávio!(publicado no blog em 2 de Outubro)

AA PPÁÁGGIINNAA DDOO MMÁÁRRIIOO 1199DE 4 A 17 DE OUTUBRO DE 2006

Mário Martins

[email protected]

RUA NA PEDRULHAEste é um aspecto da rua que conduz ao Campo do Pedrulhense. Assinalei alguns

buracos, mas não todos. É que são mais os buracos que o alcatrão!Será que quem ali mora e quem ali transita não tem os mesmos direitos dos outros

cidadãos de Coimbra? Já imaginaram esta situação na Solum?...(publicado no blog em 1 de Outubro)

AGENDA

A minha equipa joga amanhã,quinta-feira (11h00) com o FCPorto, no campo principal docomplexo do Olival (em VilaNova de Gaia, mesmo ao ladode Avintes).

A minha (outra) equipa jogano sábado (21h00), no Estádiodo Bessa, com o Azerbaijão.Espero não faltar.

(publicado no blog em 1 de Outubro)

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2200 OOPPIINNIIÃÃOO DE 4 A 17 DE OUTUBRO DE 2006

Sérios propósitos

Alguma vez teria de ser – premiar omérito e combater a mediocridade.

Nem sempre estivemos de acordo com apolítica da actual Ministra da Educação,especialmente pelo seu estilo peregrina-mente voluntarioso e pela ausência de umprojecto consistente para a escola portu-guesa.

Subscrevemos, todavia, os traços funda-mentais da sua recente entrevista ao Diáriode Notícias,

Três bandeiras afloram e pelas quaisingloriamente nos batemos nas nossas vel-has andanças sindicais: avaliação do desem-penho, formação docente e componenteprofissionalizante no ensino básico.

Trinta anos inglórios num diálogo desurdos entre governantes e sindicatos.Desconfianças e incapacidades que enca-minharam para um mesmo saco a compe-

tência e a incompetência, o mérito e a inca-pacidade, o zelo e o desleixo...

Trinta anos de loucura numa paranóia decanudos afunilando toda a gente à porta dauniversidade, sem alternativas intermédiaspara os que não podiam ou não queriamalinhar em tão irrealista e inconsequentemegalomania.

Trinta anos de clamorosa inconsistênciana formação inicial e contínua de professo-res, de insensato e hermético minimalismona concepção dos programas. A inconcebí-vel fractura entre os programas das escolasdo magistério e as substitutas escolas supe-riores de educação é o espelho desse des-norte e, em parte, responsável pelo abaixa-mento da qualidade do ensino básico.

Avaliar e bem é fundamental. Só distin-guindo o mérito e combatendo o comodismoe a bagunça é possível motivar e galvanizar osdocentes para as ingentes tarefas que umanova escola exige. Só perseguindo a excelên-cia e lutando contra o facilitismo minimalistaé possível arrumar com a mediocridade

O insucesso educativo e o abandonoescolar combatem-se com a abertura curri-cular, sem estultos complexos e inconsis-tentes pruridos sociais. Ao minimizar asrespostas profissionalizantes no ensinobásico, a escola fechou a porta a um enor-

me universo de escolhas profissionais edefraudou milhares de jovens ao recusar-lhes instrumentos essenciais para a suainserção social e no mundo do trabalho. É,de facto, tempo de mudar.

Para além da componente científica ecultural proporcionada pelas escolas supe-riores e enriquecida pelo interesse e pelozelo na formação pessoal, está a preparaçãopedagógica e didáctica concedida pelos cur-sos profissionalizantes e pelas componen-tes curriculares de preparação para adocência. Qualquer uma delas deve visar aexigência e a excelência. Só com competen-tes e dedicados professores se pode conce-ber uma escola de excelência. Daí a tónicana formação inicial.

Num tempo de vertiginosa mudança ede permanente inovação científica e tecno-lógica, impõe-se a formação permanentenuma perspectiva de enriquecimento cultu-ral e de actualização de conhecimentos. Émister que a formação inicial e a dinâmicadas escolas criem essa ambiência e moti-vante predisposição e tomem a iniciativadas respectivas respostas.

Estamos todos de acordo: excelentesprofessores para uma escola de excelênciaonde, sobretudo, vigore a justiça, o traba-lho profícuo e o bom senso.

Renato Ávila

João PauloSimões

FILATELICAMENTE

Sir Rowland Hill

Nasceu em Kidderminster na Ingla-terra a 3 de Dezembro de 1795. Peda-gogo e mecânico de profissão, celebri-zou-se pela introdução do selo postaladesivo, na Inglaterra, tendo tambémesboçado o desenho do primeiro seloque circulou no Mundo. Roowland Hillfoi nomeado director dos correios, cargoque ocupou durante dois anos. Em 1864recebeu o título de “Sir”. Quando resig-nou à posição de Secretário Chefe dosCorreios, devido à sua saúde em 1864,recebeu pelo Parlamento, uma retribui-ção de 20 000 libras e foi-lhe mantido oordenado de 2 000 libras anuais. Nessemesmo ano, a Universidade de Oxfordconferiu-lhe o grau de “Doctor of CivilLaw”. A 6 de Junho, o município deLondres decretou-o cidadão honorárioda cidade. Faleceu em Hampstead a 27de Agosto de 1879, sendo sepultado naAbadia de Westminster. Em 1882, erigi-ram-lhe um monumento em Londres.

(In:www.filatelicamente.online.pt)

Não sendo oportuno falar de umaemissão de selos posterior ao primeiroselo português e sua história, cabe aquifazê-lo, uma vez que a emissão de que voufalar está relacionada com Rowland Hill.

Assim, em 1940, Portugal lançou umaEmissão Comemorativa do 1.º Cen-tenário do Selo Postal. A ideia desta emis-são foi dada pela firma “Garland Laidley& Cª Ldª” de Lisboa. O desenho foi deautoria de Pedro Guedes, inspirado numretrato extraído da biografia escrita pelofilho de Sir Rowland Hill. A gravura é deArnaldo Fragoso e foram impressos naImprensa Nacional Casa da Moeda sobrepapel liso, médio ou fino, em folhas de 50selos com denteado 11,5 x 12. Foramemitidos seis milhões de selos de 15 cen-tavos castanho, 2 milhões de selos de 25centavos vermelho tijolo, oitocentos milselos de 35 centavos verde, vinte milhõesde selos de quarenta centavos violetaescuro, seiscentos mil selos de cinquentacentavos verde azulado, oitocentos milselos de um escudo vermelho, e um mil-hão e quatrocentos mil selos de 1 escudoe setenta e cinco centavos azul escuro.

Circularam de 12 de Agosto de 1940 a30 de Setembro de 1945.

O selo aqui reproduzido faz partedesta emissão e tem o valor de $40.

Varas de Competência Mista e Juízos Criminais de Coimbra – 4º Juízo CriminalPalácio da Justiça – 3004-502 Telef. 239852950 Fax: 239822935 mail: [email protected]

PROCESSO: 23/04.0EACBR – PROCESSO COMUM (TRIBUNAL SINGULAR) – N/REFª 1198537

ANÚNCIOA Mmª Juiz de Direito Dr.ª Helena Lamas, do 4.º Juízo Criminal – Varas de Competência Mista e Juízos

Criminais de Coimbra:FAZ SABER que no Processo Comum (Tribunal Singular) n.º 23/04.0EACBR, em que é arguido Luís

Gonçalves Marques Temudo, filho de José Maria Temudo e de Conceição Gonçalves Marques, natural deAntuzede (Coimbra), nascido em 28-08-1966, Casado, BI – 7849557, domicílio: Rua da Liberdade, Adémia deCima, 3020-000 Coimbra, foi o mesmo condenado pela prática de 1 crime de Géneros alimentícios ou aditivos ali-mentares avariados, p.p. pelo artº 24º, nº 1, al. b) e c), do Dec. Lei nº 28/84, de 20 de Janeiro, com referência aoartº 81º, nº 1 al. a) e ao artº 82º, nº 1 als. b) e c) e nº 2 als. b) e c), praticado em 10-02-2004, por sentença profe-rida nos presentes autos em 29-06-2006 e transitada em julgado em 14-07-2006, na pena de 40 dias de multa àtaxa diária de € 5,00 e na pena de prisão de cinco meses, substituída pela pena de multa de 120, à mesma taxadiária, assim perfazendo a pena única de multa de 160 dias, à taxa diária de € 5,00, no montante total de € 800,00,a que corresponde, se a mesma não for paga voluntária ou coercivamente, 106 dias de prisão subsidiária;

– Em que é arguido Temudu´s Restaurante, Lda, c/ sede na Rua da Liberdade, Adémia de Cima, 3000-000Coimbra, foi o mesmo condenado pela prática de 1 crime de Géneros alimentícios ou aditivos alimentares ava-riados, p.p. pelo artº 24º, nº 1, al. b) e c), do Dec. Lei nº 28/84, de 20 de Janeiro, com referência ao artº 81º, nº1 al. a) e ao artº 82º, nº 1 als. b) e c) e nº 2 als. b) e c), artºs. 3.º e 7.º, praticado em 10-02-2004, na pena de 60dias de multa à taxa diária de € 20,00, ou seja, na multa de € 1.200,00.

Coimbra, 28 de Julho 2006A Juiza de Direito, Dr.ª Helena LamasA Escrivão Adjunto, Fátima Sequeira

“Centro”, edição nº 11, de 04/10/2006

De parceria com o Instituto Pedro Nunes,um dos seus membros fundadores, o Conselhoda Cidade de Coimbra promove a realização dedois cursos de formação – um sobre“Cidadania activa: experiências e políticas” eoutro sobre “Gestão urbana e qualidade devida” – que visam contribuir para o desenvolvi-mento de recursos humanos nos campos dacidadania e da vivência urbana.

As sociedades actuais estão profundamentemarcadas pelos efeitos da globalização, quer aonível político-económico, quer ao nível dascomponentes sociais. E, tal como as sociedadesse encontram traumatizadas por múltiplas esucessivas mudanças, crescentes desigualdades erecomposição dos mecanismos de exclusãosocial, também as cidades se acham incontrola-damente grandes e inseguras, dominadas pelaespeculação imobiliária, fragmentadas e cheiasde contradições.

Embora consciente das limitações da inicia-

tiva, o Conselho da Cidade acredita no efeitomultiplicador de todas as acções de formaçãoque promovam uma participação cívica esclare-cida, dinâmica e empenhada, cada vez mais con-vencida da importância da construção social dacidade pelos indivíduos e pelas suas colectivida-des e da organização da vida urbana em redes.

Impõe-se aumentar a massa crítica na cidade,seja através do cidadão comum, seja por inter-médio dos técnicos que têm a responsabilidadede informar e/ou decidir acerca do crescimen-to das cidades e seu apetrechamento, ou dosmecanismos de coesão social. Não basta viverem democracia, é necessário vivificá-la pelopleno exercício da cidadania.

No curso “Cidadania activa: experiências epolíticas”, a par do aprofundamento do tema daparticipação cívica, nas suas diversas vertentes,oferece-se a possibilidade de análise de umvasto leque de casos concretos nos domíniosdos direitos e realidades de cidadania, com forte

incidência sobre a prática do voluntariado e asdiversas forma de associação.

Em “Gestão urbana e qualidade de vida”,efectivamente centrada sobre Coimbra, promo-ve-se a leitura crítica da cidade nos seus diversosplanos, desde a apropriação do espaço físico aosaspectos estéticos e funcionais, incluindo asperspectivas de novos usos do espaço público edo património construído, seja o monumental,seja o habitacional.

Contando com a competência e experiênciade um largo painel de especialistas, procura-se –como esclarece Pedro Hespanha, coordenadordos cursos – “identificar os factores de risco ecompreender a sua actuação, condições neces-sárias para estruturar uma intervenção socialsólida que favoreça a emancipação cidadã ereforce a democracia”.

Os interessados podem obter informaçõesatravés do telefone 239700905 ou no sítiowww.ipn.pt.

“Conselho da Cidade” promove cursos de formação

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Page 21: O Centro - n.º11 – 04.10.2006

OOPPIINNIIÃÃOO 2211DE 4 A 17 DE OUTUBRO DE 2006

A minha primeiragrande dúvida

Nem todos suportarão viver num montealentejano, porque estes carecem de algumascomodidades que muitos não dispensam.

Quem nasce num deles inicia desde logo anatural integração neste meio, como peçaessencial que vai ser no jogo da vida isoladaque o espera. Salva-se com o trabalho que,além de necessidade, é forma de manter a sani-dade mental.

O silêncio que envolve os montes é terapiapara os de fora. Chegando necessitados de sos-sego, partem retemperados após alguns dias deestadia.

Contrariamente ao que muitos julgam, nosmontes há vida social. Fazem-se visitas entre osvizinhos mais próximos e raros são os que ina-daptados à convivência.

Numa delas meus pais decidiram incluir-mecomo passageiro da «charrete» que nos tran-sportou, um trote até à distância de uma meiahora.

Para mim, a visita era irrelevante. O meuentusiasmo centrava-se na própria viagem, noque ia vendo pelo caminho, tudo mundo novopara uma criança. Diria até que é assim que seaprende a gostar do Alentejo.

Adorava os balanços do carro, na reacçãodas molas à passagem das rodas sobre as covasda estrada térrea. Mas os meus seis anos nãome iriam dar direito a participar na conversados adultos.

Por isso, após os cumprimentos habituais ede estarmos instalados numa sala com estranhadecoração, olhando cada canto, os quadros nasparedes, cadeiras e muitas almofadas, quedei-me numa floreira de madeira torneada, comuma planta esquisita.

Esgotada a observação, encarei as duasirmãs, que nos recebiam sem os maridos por-que eram solteiras.

Reparei que uma delas apresentava desme-surado volume no peito, pormenor que passeia olhar fixamente.

Nunca tinha visto coisa igual!Com tantas almofadas à vista ocorreu-me

que a senhora teria ali metido uma delas.Mas a que propósito?A dúvida atormentou-me tanto que acabei

por sussurrá-la ao ouvido de minha mãe.Que mistério era aquele?A senhora alvo do meu insistente olhar logo

suspeitou ser a causadora de tanta agitação,levando minha mãe a quebrar o segredo da ino-cente dúvida.

Desmamado que fora há anos nem sequerme passou pela cabeça que tal anomalia pudes-se ser um atributo físico daquela virgem.

Fui então chamado para o seu colo e tirar deimediato todas as dúvidas.

Segurando uma das minhas mãos introdu-ziu-a naquele seu privado espaço, fazendo-amover de um lado para o outro.

Ainda hoje não sei calcular se foi maior aminha surpresa ante a verdade dos factos ouo deleite que a senhora deixou transparecerao sentir aquela movimentada apalpação aosseus seios. Mesmo assim a minha mão pare-ceu-me realmente muito pequena para aquelaabundância…

Mas fiquei esclarecido.

O escritor, a Europae a sociedade do futuro

Talvez toda a literatura nasça de um golpe,de uma ferida que se torna cicatriz de umcorpo, de uma Pátria, de uma identidade.

É sempre algo que nos dói e nos tornamais conscientes da nossa condição.

É sempre a marca da nossa personalidade,dos muitos sonhos que tentamos realizar, domuito que percorremos.

Cicatrizes como resultado de um sem-número de deslumbramentos, de ganhos ede perdas. Cicatrizes como roteiro dessa via-gem de exílio que é a do escritor. Porqueescrever é estar sempre fora, é “ser estrangei-ro no mundo” ansiando, sempre, por umapátria ideal, sem dogmas nem preconceitos,nossa, feita de velhas raízes e novos ramos,sob os quais possamos pernoitar, habitar econviver, à sombra da sua altura.

A nossa literatura, a portuguesa, é, comose sabe, desde o início, uma literatura marca-da pela errância. Errância pelo mundo, peloOriente, pela Europa, por todos os continen-tes do homem.

Talvez Fernando Pessoa seja o exemplomais universal dessa errância, sem sair dolugar. De uma errância que se fez pelo des-dobramento da personalidade, pelo muitoimaginar, pelo muito pensar, por uma certaforma de navegação espiritual que tambémsintetiza a nossa história, o nosso povo.

De duas grandes e profundas feridas, asguerras mundiais, restam hoje as cicatrizesque ajudaram a dividir o mundo e a Europa.

Dos longínquos anos da 2.ª Guerra, oshorrores que a marcaram ditaram ao Poeta epedagogo Afonso Duarte versos que dedi-cou a outra grande figura de português ehomem da Europa, Paulo Quintela, que mepermito recordar.

E cá mesmo no extremo OcidentalDuma Europa em farrapos, euQuero ser europeu: Quero ser europeuNum canto qualquer de Portugal

Como as ondas do mar sabem a sal,A ave amacia o ninho que teceu;Mas não será do mar, e nem do céu,Porque me quero assim tão natural.

E se a esperança ainda me consenteNo Sonho do futuro, ao mal presenteSe digo adeus, – é adeus até um dia...

Um presídio será, mas e meu berço!Nem noutra língua escreveria um versoQue me soubesse ao sal desta harmonia.

Poema que ainda hoje permanece comobandeira de uma Europa multicultural eidentitária.

Falamos de guerras, de cicatrizes e de to-lerância.

A tolerância tolera e tolerar é aceitarsobranceiramente, e olhar com paternalis-mo é conviver com reserva mental.

Ultrapassemos essa barreira moral, hojeque a Europa - no coro polifónico das suasvozes - busca caminhos comuns, reforçan-do a identidade em dois planos. O nacionale o europeu.

Qual o papel, hoje, do escritor europeunuma sociedade globalizada que promove eagrava os desníveis entre povos?

Será possível ou pelo menos admissívelviver sem remorsos quando há gente emÁfrica, por exemplo, que não conhece oretinir de um telefone?

Será moralmente aceitável que louvemosas maravilhas, as novas maravilhas da In-formação, enquanto assistimos, à distância,à tragédia de milhões de seres humanos aviverem abaixo do limiar da pobreza paraque alguns possam, em nome do progressoe da nova civilização, desenvolver os seusnegócios?

Será admissível continuarmos a assistir aoenriquecimento despudorado dos ricos à custada manutenção e multiplicação dos pobres?

Será aceitável continuarmos a ver a eco-nomia global a fazer o seu percurso de coli-são com os ecossistemas terrestres, geran-do catástrofes ambientais, enquanto asgrandes questões do nosso tempo (quetambém são portuguesas), a falta de água, asobrevivência das florestas, a regeneraçãodos oceanos, passam ao lado?

O papel do escritor na Europa de hojedeve conduzir-nos à reflexão e à acção,abrindo portas. É que a diluição dos valo-res ainda não destruiu definitivamentetodas as consciências morais.

Hoje, tudo interdepende de tudo.O aumento exponencial dos que procu-

ram trabalho não especializado ultrapassa,em muito, as novas tecnologias que cadavez mais dispensam o homem.

Que mundo vai ser o nosso?Poderemos nós recusar a globalização?Faz sentido novos centros mundiais de

decisão?

O FUTURO CÁ ESTARÁPARA NOS JULGAR

Não sei quem o disse, suponho queEdgar Morin, mas assusta e dá que pensaresta afirmação: “A técnica traz, do mesmopasso que a civilização, uma nova barbáriecega e manipuladora”.

Os famintos do mundo olham-nos, anós, europeus, como privilegiados, habitan-tes de um lugar feliz, ansiando também elespor essa felicidade.

É nesta perspectiva que os países de lín-gua portuguesa, força aglutinadora quehoje se reveste das mais diversas matrizes,devem gerar novos espaços identitárioscomuns, capazes de ultrapassar as feridasda guerra colonial e as barreiras imperialis-tas da globalização. Os que falam a línguaportuguesa existem por esse mundo fora.São cidadãos desses novos países quevivem fora do seu território, residindo umaparte significativa na Europa.

A língua comum facilita contactos, ajudaa garantir a preservação de uma identidade,mas não assegura, por si só, forma de coo-peração que terão que ser atingidas e desen-volvidas com outras línguas, outras culturas.

Nesta língua dos Poetas, a de Camões,Pessoa, Pascoaes, Torga, Sophia, ManuelBandeira, Craveirinha, Daniel Filipe, JorgeGomes Duarte, língua portuguesa falada,dizem, por 200 milhões de seres humanos– número resultante de um longo percursohistórico, de patrimónios comuns, produtode uma convivência multissecular -, é nestacasa que saudamos os escritores, os poetas,que acreditam na sua pátria e na Europa dofuturo, fraterna e multicultural.

Basta sabermos congraçar na indepen-dência de cada um, como afirmava Agos-tinho da Silva.

Essa é a dimensão da poesia.Concluo citando um grande poeta de

Portugal, Miguel Torga:

Por isso a vós, Poetas, eu levantoA taça fraternal deste meu canto,E bebo em vossa honra o doce vinhoDa amizade e da paz!Vinho que não é meu,Mas sim do mosto que a beleza traz!

E vos digo e conjuro que canteis!Que sejais menestreisDuma gesta de amor universal!Duma epopeia que não tenha reis,Mas homens de tamanho natural!

Homens de toda a terra sem fronteiras!De todos os feitios e maneiras,Da cor que o sol lhes deu à flor da pele!Crias de Adão e Eva verdadeiras!Homens da torre de Babel!

Homens do dia-a-diaQue levantem paredes de ilusão!Homens de pés no chão,Que se calcem de sonho e de poesiaPela graça infantil da vossa mão!

Varela Pècurto

Carlos Carranca

PRAÇA DA REPÚBLICA

POIS...

Joséd’Encarnação

– Hoje, um grupo andou à volta daD. Irene. Chamámos-lhe velha, não aqueríamos deixar passar, ela ia carrega-da com sacos, foi um gozo…

– O quê? E tu estavas nesse grupo?– A princípio, estive; depois, achei

que era de mais, coitada da senhoracontínua!...

– Ouve-me bem, Carlitos! Se eu sonho que fazes uma coisa

dessas, eu exijo ao director que te ponha

diante de todos e que peças desculpa!Outra mãe ouvira a conversa:– E a senhora era capaz de fazer

uma coisa dessas?– Eu? Claro que era? Se já se viu o

dislate destes energúmenos para com acontínua mais querida e mais antiga cáda escola!

– A sério? Era capaz? E já viu oenorme trauma que poderia causar nomenino!...

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As férias são sempre um período emque se faz tudo aquilo que não se podefazer durante o resto do ano, e ouvir com

mais atenção alguns dos discos que à pri-meira não nos cativaram muito, é uma dascoisas que aproveito para fazer. E o ba-lanço da últimas férias foi extremamentepositivo. Discos como: o homónimo dosBroken Social Scene, “This is Hazelville”dos Captain, “The Berlin Sessions” deChikinki – só para enumerar alguns – sãoalguns dos nomes que fizeram parte daminha banda sonora deste Verão. Tam-bém ouvi alguns discos que me desiludi-ram bastante, mas dos “fracos não reza ahistória”.

Nesta quinzena lembrei-me de escrever,em primeiro lugar, sobre o mais recente tra-balho de uma banda que conheci há cercade dois anos, via NME (New Musical Ex-press), os Razorlight. Nessa altura tinhamacabado de editar o disco de estreia, “UpAll Night”, que (acabei por comprar), ape-sar de inconstante continha três grandescanções: “Rip It Up”, “Golden Touch” e ofenomenal “Stumble & Fall”. Depois deuma série de concertos bem sucedidos,nomeadamente nas primeiras partes dosQueen & Paul Rogers, dos Oásis, e no Live8, a banda do novo “bad boy” do pop/ro-ck, Johnny Borrell, regressa com um álbumhomónimo que, apesar de muito comercial,reúne uma série de excelentes temas. “Fallto Pieces”, “America”, “Hold On”, “WhoNeeds Love?” e o primeiro avanço deste

registo discográfico, “In The Morning” –tema que tem gozado de algum “airplay”nas rádios nacionais –, mostram uma bandamais segura de si mesmo e que sabe muitobem o rumo a seguir. É um disco de que deque gosto imenso. Curiosa é o mínimo quese pode chamar à discrepância das classifi-cações que este disco obteve nas revistas daespecialidade (a britânica “Q” deu 5 em 5,ao invés do português “Blitz” que apenasdeu nota 2 numa escala de 0 a 5).

Outro dos discos que tenho ouvido bas-tante é “Pieces Of The People We Love”dos The Rapture, que regressam com umnovo trabalho onde, mais uma vez, os

“riffs” das guitarras se cruzam com a elec-trónica. Mas, desta vez, estamos num regis-to bem mais melódico e menos cru do queo seu antecessor, “Echoes”. Quanto a mim,os melhores temas são: “Don Gon Do It”,“Pieces Of The People We Love”, “GetMyself Into It”, “The Devil” e “Down ForSo Long”.

No seguimento do que tem acontecidonas últimas edições deste espaço, deixouma sugestão final, desta feita: “Raise TheAlarm”, dos The Sunshine Underground.

PARA SABER MAIS:

- http://www.chikinki.co.uk/- http://www.captaintheband.com/- http://www.razorlight.co.uk/- http://www.therapturemusic.com/- http://www.thesunshineunderground.co.uk/- Broken Social Scene – “Broken SocialScene” (City Slang)- Chikinki – “The Berlin Sessions” (UrbanCow Records)- Captain – “This is Hazelville” (EMI)- Razorlight - “Up All Night” (Vertigo)- Razorlight – “Razorlight” (Mercury)- The Rapture – “Echoes” (Mercury)- The Rapture – “Pieces Of The People WeLove” (Mercury)- The Sunshine Underground – “Raise TheAlarm” (City Rockers)

2222 MMÚÚSSIICCAA DE 4 A 17 DE OUTUBRO DE 2006

Distorções

José Miguel [email protected]

The Rapture

Razorlight

Em Portugal há 2.000 a 2.500 músicos quetrabalham exclusivamente na profissão, cerca de600 dos quais em orquestras, onde dois terçosdos instrumentistas são estrangeiros de mais deuma dúzia de nacionalidades, uma espécie deNações Unidas.

“Os estrangeiros nas orquestras são a maio-ria. A orquestra do Porto tem 80 por cento deestrangeiros, a Metropolitana tem mais de 80por cento, a orquestra do Algarve tem apenasum português e a Orquestra Sinfónica tem cercade 65 por cento e é das que tem menos”, disseLuís Cunha, da Direcção do Sindicato dosMúsicos.

Segundo a carta de intenções do Dia Mundialda Música, criado em 1975, esta efeméride des-tina-se a aplicar os ideais de amizade e paz entreas pessoas.

No panorama musical português, onde nemtudo é harmonioso, convivem polacos, húnga-ros, russos, italianos, franceses, ingleses, búlgaros,eslovenos, australianos, norte-americanos, chi-neses e belgas, entre outros.

“Em média, deve haver 60 a 70 por cento demúsicos estrangeiros nas orquestras portugue-sas”, afirmou Luís Cunha, explicando que háalguns anos, para se fazer uma orquestra de qua-lidade era preciso recorrer a estrangeiros.

“Estou cá desde Abril de 1988. Vim por seismeses”, contou à Lusa a norte-americanaKatharine Rawdon, flautista na OrquestraSinfónica Portuguesa, sedeada no São Carlos.

“Aqui na orquestra creio que temos 15 naci-onalidades representadas. Podemos falar nosensaios em português, em inglês, em italiano.Ultimamente tem sido muito em italiano”, con-fessou, em alusão à nacionalidade do actualmaestro titular, Donato Renzeti.

Esta norte-americana natural da Califórniaveio para Portugal pela mão do maestro ÁlvaroCassuto, que conheceu em Nova Iorque, ondetrabalhava e vivia antes.

Gostou de trabalhar em Portugal, onde pas-sou por várias orquestras, foi reforço naGulbenkian, realizou concertos a solo, deu aulasno conservatório durante três ou quatro anos,apaixonou-se por um português e foi ficando.

“O fundamental é que aqui dava para pôr amão em todas as coisas que me interessavam.Isto no meu país não é possível. Se estivermosem ‘full time’ num a orquestra sobra tempo paradar aulas e pouco mais”, adiantou.

Para Katharine Rawdon, há ainda uma outradiferença no panorama musical dos EUA.

“Nos Estados Unidos, a música é feita umbocado em torno dos nomes sonantes e dosmaestros. Se não há nomes sonantes não sevende bilhetes”, o que leva à necessidade deapoios privados, “com tendência para um reper-tório muito conservador”.

“Tem de se tocar a 5ª Sinfonia de Beethovensemana sim, semana não”, ironiza.

Katharine nunca se arrependeu por isso denão voltar a Nova Iorque, embora reconheçaque lá “a nível da música é o sítio onde há “maisfermentação”.

A Los Angeles não coloca sequer a hipótesede voltar. “É uma cultura em que se vive dentrodo carro e isso para um músico não é bom”.

Bin Chao, um violinista chinês, solista daOrquestra Gulbenkian, é outro dos músicosestrangeiros que vive há vários anos emPortugal.

“Estou em Portugal há quase 15 anos”, afir-mou, explicando que foi convidado pelo maes-tro Muhai Tang para a Gulbenkian e ficou pelo“ambiente fantástico “ que encontrou e por con-siderar que é “uma orquestra de primeira classeno mundo”.

Aprender a língua portuguesa, que fala deforma mais ou menos perceptív el, foi difícil.

“Não falo muito bem, mas para nós o maisimportante é a música, falamos música”, subli-nhou o violinista, adiantando não ter encontra-

do outras dificuldades. Para o sindicato dosmúsicos, esta ausência de dificuldades na Gul-benkian não é novidade.

“Eu acho que a Gulbenkian neste momentoé das orquestras mais bem pagas da Europa. Sóencontramos melhores remunerações nasorquestras de topo da França e Alemanha”, afir-mou Luís Cunha.

Na Gulbenkian um músico com alguns anosde serviço chega a ganhar 5 mil euros por mês,indicou, enquanto os salários médios noutrasorquestras rondam os 1300, 1400 euros.

“Os solistas ganham um pouco mais”, afir-mou Luís Cunha, adiantando que neste momen-to a orquestra das Beiras é a que mais mal paga(cerca de 500 euros por mês).

Mas, a nível laboral, os músicos portuguesese estrangeiros enfrentam essencialmente omesmo problema, a contratação a recibo verde,uma situação a que escapam as orquestras naci-onais (de Lisboa e Porto) e a Gulbenkian, segun-do o m esmo sindicalista.

“A moda surgiu nos anos 80” e partiu-se “doprincípio errado” que os músicos estrangeirosnão poriam problemas a nível laboral.

“O que tem acontecido é que os músicosestrangeiros têm-se revelado mais combativos emais empenhados em preservar o seu elo de tra-balho”, explicou Luís Cunha.

Mas, o ambiente que se vive no panoramamusical português entre músicos de todas asnações é pacífico.

“É um meio de trabalho onde há uma gran-de mistura...”, diz Katharine Rawdon, “não háguerras tipo ‘os ingleses contra os portugueses’”.

“Aquela coisa do estrangeiro que vem e tira-me o lugar não acontece”, afirmou, consideran-do no entanto “provável” que aconteça no futu-ro, quando muitos jovens saírem das escolas demúsica portuguesas bem preparados e quiseremum lugar ao sol.

Elsa Oliveira (Lusa)

A PROPÓSITO DO DIA MUNDIAL DA MÚSICA

Orquestras portuguesastornaram-se “uma pequena ONU”

Sérgio Godinho editanovo álbum este mês

Sérgio Godinho edita no final de Outubroum novo álbum de originais, seis anos depois de“Lupa”, revelou a editora discográfica EMIMusic. Ainda sem título anunciado, o novo tra-balho apresenta dez canções escritas por SérgioGodinho, entre as quais “Às Vezes o Amor”, oprimeiro single do disco.

O novo álbum põe fim a seis anos de ausên-cia de edição de registos originais, mas não signi-fica que Sérgio Godinho tenha estado parado.

Um ano depois de “Lupa”, foram editados oálbum ao vivo “Afinidades”, com os Clã, e a co-lectânea “Biografias do Amor”.

Em 2003, Sérgio Godinho lançou “O Irmãodo Meio”, que, não sendo de originais, apresen-ta versões renovadas de temas seus, com a ajudade diferentes músicos, entre os quais Xutos &Pontapés, Da Weasel, Camané e Carlos do Car-mo, Caetano Veloso, Teresa Salgueiro, MiltonNascimento e Zeca Baleiro. Sérgio Godinho es-treou-se ainda na edição de DVD, com o lança-mento em 2004 de “De volta ao Coliseu”.

Este ano, lançou a biografia musical “Retro-visor”, assinada pela jornalista Nuno Galopim,onde passa em revista, por ordem quase crono-lógica, os álbuns de 35 anos de carreira. Ilustradopor dezenas de fotografias do músico, “Retrovi-sor”, inclui também uma discografia detalhada eum índice alfabético com todas as canções es-critas por Sérgio Godinho.

Neste intervalo de seis anos, Sérgio Godinhocompôs ainda para o espectáculo “Portugal -uma comédia musical”, com texto de Nuno Ar-tur Silva e Nuno Costa Santos, que estreou em2004 no Teatro Municipal São Luiz.

Em Abril de 2005, aceitou um desafio daque-le teatro e apresentou “Troca por Troca”, umespectáculo mais intimista, em que interpretoumúsicos de eleição, como Tom Jobim, ZecaAfonso ou The Kinks.

De “Os Sobreviventes” (1971) a “Lupa”(2000), Sérgio Godinho é um nome incontorná-vel da música portuguesa, com canções intem-porais de amor e crítica so cial que conseguiramchegar a várias gerações.

Page 23: O Centro - n.º11 – 04.10.2006

IINNTTEERRNNEETT 2233DE 4 A 17 DE OUTUBRO DE 2006

O site Aprender a Europa disponibiliza conteúdos vari-ados sobre a União Europeia (UE) e assume uma vertenteeducativa. O projecto foi desenvolvido com o apoio doPRODEP III e tem como objectivos «facilitar o acesso àinformação, preparada em diferentes suportes pedagógi-cos, envolver a comunidade educativa e estimular o debateatravés da disponibilização de fóruns e realização de chatstemáticos».

Este sub-site do Centro de Informação EuropeiaJacques Delors é uma ferramenta pedagógica de apoiosobre a UE com três áreas temáticas distintas: Aluno,Professor e Investigador. A página disponibiliza aindainformação sobre programas e bolsas de estudo, formação,publicações juvenis, brincadeiras e questionários, fóruns echat’s temáticos. Em cada sala temática materiais pedagógi-cos, bases de dados e directórios de hiperligações adequa-dos ao seu público-alvo. Algumas das funcionalidades dosite só estão acessíveis mediante um registo prévio.

Aprender a Europa

endereço: http://www.aprendereuropa.pt/ | categoria:educação

O Zoho Creator é um site que permite aos utilizadorescriarem as suas próprias aplicações informáticas, semterem conhecimento de linguagens de programação. Trata-se de uma espécie de “self service” que possibilita aos uti-lizadores comuns e não especializados gerar aplicaçõespara integração em suportes multimédia e interactivos.

No site é possível criar uma aplicação com a ajuda de

software que agiliza e simplifica o processo, mas tambémver características de outras aplicações e divulgá-las paraque outros utilizadores possam ter acesso a estas e copiaras especificidades que lhes convêm.

Zoho Creator

endereço: http://www.zohocreator.com/ | categoria:software

O 43 Things é um sistema construído com base nofenómeno do “tagging”, que permite aos utilizadores criaruma listagem de objectivos e, através das palavras-chaveescolhidas, interligar os utilizadores que partilham as mes-mas ideias.

Partindo do conceito de catalogação com base em pala-vras-chave, o 43 Things expandiu-se e tem agora sub-sitescom temas tão variados como sítios a visitar, pessoas aconhecer, bens a consumir… O fenómeno do “tagging”remete para a prática de categorização colaborativa e dá vidaa este site e à sua rede, que conta com mais de 617 mil utili-zadores de mais de nove mil cidades espalhadas pelo mundoe que já categorizam aproximadamente 700 mil projectos. Apergunta é simples: “what do you want to do with your life?”

Links relacionados:

http://www.allconsuming.net/ - All Consuminghttp://www.43places.com/ - 43 Placeshttp://www.43people.com/ - 43 Peoplehttp://www.listsofbests.com/ - Lists of bests

43 Things

endereço: http://www.43things.com/ | categoria:comunidades virtuais

O Labcom – laboratório de comunicação online daUniversidade da Beira Interior, disponibiliza em formatopdf todos os seus livros publicados. Até ao momento estãoonline duas colecções – “Estados da Arte” e “Estudos daComunicação”. Este projecto editorial empenha-se «emexplorar esta nova via do online como território de publi-

cação e divulgação de obras de carácter científico», maspermite que os utilizadores possam adquirir as versõesimpressas mediante encomenda.

Livros Labcom

endereço: http://www.labcom.ubi.pt/livroslabcom/| categoria: comunicação, arte

O vídeo é a moda mais recente na rede. Os inevitáveisYoutube e Google Video permitem alojar vídeos, outrosapresentam apenas rankings e os melhores vídeos de outrossites – como o Video Awards. Um site que apresenta as fun-cionalidades de todos os outros e ainda lhe acrescenta outrasmais valias é o Jumpcut.

O Jumpcut permite alojar vídeos, classificá-los e pesqui-sar por “tags”, participar em grupos e outros recursos queos restantes serviços também apresentam, mas forneceuma mais valia: possibilita a edição e criação de vídeos onli-ne. O utilizador pode acrescentar efeitos sonoros, manipu-lar o som, montar vários excertos num único vídeo, colo-car legendas, créditos… e outras funcionalidades.

Jumcut

endereço: http://www.jumpcut.com | categoria: vídeo

O blog Art for Housewifes é um espaço criado para exportemas relacionados com mulheres, arte e lares. A ideia era par-tir do conceito de dona de casa e manter o weblog com assun-tos associados. Mas rapidamente se transformou num site dinâ-mico, no contexto da vida urbana, e com interessantes dicassobre reciclagem. O site é um excelente apontador para ligaçõesexternas temáticas, tanto nos “posts” como numa extensa colu-na de links apresentada no lado direito do blog. Arte em papel,reaproveitar roupa velha, ideias para acessórios para a casa… Oponto de partida eram as donas de casa mas hoje a temáticacentra-se no conceito de casa na nova vida urbana.

Art for Housewifes

endereço: http://www.encontra-me.org/ | categoria:crafts, reciclagem, vida urbana

IDEIAS DIGITAIS

Inês AmaralDocente do InstitutoSuperior Miguel Torga

APRENDER A EUROPA43 THINGS

JUMPCUT

ART FOR HOUSEWIFES

LIVROS LABCOM

ZOHO CREATOR

Page 24: O Centro - n.º11 – 04.10.2006

... e o Porto aqui tão pertoSérgio Godi-

nho tem umacanção (ia a cha-mar-lhe “velha”,mas não faz sen-tido) que no re-frão repete: “Aieu estive quasemorto no deserto e o Porto aqui tão perto”.Ora se isto do “Porto aqui tão perto” é coisapara ter mais de 25 anos, neste tempo de abo-lição de distâncias o Porto está muito maisperto. Ou será que não?

Na passada semana iniciaram-se as emis-

sões do Porto Canal, um canal de televisão dis-tribuído por cabo e que é produzido no Porto.Não houve ainda tempo para ver com olhosmais atentos o que o Porto Canal tem paraoferecer, mas já se viu que não existe grandequantidade de produção. Para já é necessárioocupar o canal, o 13 da TV Cabo, e mais àfrente se verá.

Há uma evidente recuperação estética de al-gumas soluções seguidas pela antiga NTV e al-guns regressos. Visualmente o canal é o que sepoderia chamar de “chill-out”. Graficamentenão é exuberante, mas tem bom gosto. Hálongos momentos em que a imagem é a depercursos pela cidade, com música de fundocomo se viajássemos de carro. Noutros mo-mentos há ideias simples para captar especta-dores, como o caso do programa “Vizinhos”,no qual um jornalista Porto Canal conversacom um “vizinho” – no último domingo umantigo barbeiro. Uma longa conversa de quaseuma hora, que se vai desenrolando num bancode jardim, com realização semelhante à de umestúdio.

Há tempo para tudo. A emissão flui muito

lentamente, com espaços baratos embora porvezes esticados ao limite. O desporto, ou me-lhor, o futebol profissional, também lá temlugar e é um desses momentos levados ao ex-tremo. A táctica é ir ouvindo gente na rua,dando tempo de antena e deixando que as pes-soas falem o tempo que quiserem. Outraforma é utilizar o formato Fórum. Coloca-seum jornalista (?) sentado de frente para o écrane espera-se que os telespectadores telefonem.Este processo é deveras penoso, já que o dis-positivo utilizado é o do chroma simples, querdizer, uma espécie de cenário virtual dos po-brezinhos.

Bernardino Barros, o famoso BB domundo futebolístico, ex-TSF, ex-RTP, ex-SportTv, aparece como editor de desporto doPorto Canal e anima, pelo telefone, a conversacom os telespectadores, já que o moderadorem estúdio não sabe muito bem como aguen-tar a situação que, no mínimo, é pesada.

Mais à noite, um regresso. Aquela meninaloura que atendia telefonemas pela noite fora,em directo, na NTV, está de regresso. É apre-sentada como Rosa Bella e o programa temum sugestivo título: “Sozinha na cidade”.

Depois desta brevíssima descrição, muitoincompleta, do Porto Canal, chego à conclu-são de que é inexplicável que Coimbra, oCentro, não consigam igualmente marcar pre-sença na televisão distribuída por cabo. Estecanal produzido no Porto chega a todo o Paíse em variadas matérias, Coimbra, tem imensopara oferecer. Sabendo que manter um canalde televisão não é coisa simples, há no entantouma “nova televisão” a fazer que, numa cida-de como Coimbra e com a conjugação de es-forços com outras capitais de distrito doCentro, é possível. Os processos aligeiraram-se. O Centro do País tem uma série de escolasdo ensino superior e até tecnológicas (emCoimbra, Aveiro, Leiria, Castelo Branco,Viseu...), que na área dos audiovisuais e domultimédia dão garantias de fornecer genteconhecedora e entusiasta. Há também algumasempresas no sector. Falta uma congregação devontades que, forçosamente, terão de ir á fren-te dos interesses.

A ameaça dos estereótipos

O panorama geral da televisão portuguesadevia fazer-nos pensar duas (ou mais) vezessobre o estado da sociedade onde vivemos.Para lá de todas as considerações que se pos-sam tecer sobre a informação na televisão pro-duzida em Portugal, há um outro lado, o doentretenimento, que revela às claras o que setem vindo laboriosamente a construir. Não épois só o espanto de ver um noticiário de umcanal que pertence ao serviço público, abrircom a notícia da explosão de uma botija de gásdoméstico em Barcelona. Nem tão poucoacreditar que Carlos Daniel se demitiu de sub-director de informação para a RTP-Norte,porque a Federação Portuguesa de Futebolterá pressionado a RTP para o afastar da co-bertura dos jogos da selecção nacional. É tudoisto e muito mais.

O estereótipo na televisão portuguesa éuma ameaça. De facto, se a televisão se baseiana sedução e esta assenta o seu poder de co-municação naquilo que ela tem de promessa, oestereótipo baseia o seu poder no que tem deameaça. Há sempre uma ameaça de exclusãopara aquele que não o segue.

Quem não segue a visão estereotipada darealidade oferecida pela televisão, corre o riscodo isolamento social, da marginalização do co-lectivo, da expulsão do grupo. Isto, numa soci-edade que se tem vindo progressivamente a in-fantilizar, pese embora o cada vez menor nú-mero de crianças, é grave.

Os canais por cabo com produção própria,como o lote da SIC, têm vindo a ampliar as

ameaças de ex-clusão para todosos que não se in-tegram nas novastribos das energi-as (ver o patéticoprograma de He-

loísa Miranda na SIC-Mulher), dos signos, daconversa balofa, do opinar sobre tudo semsaber de quase nada.

Por via hertziana, a TVI continua o seu es-forço de imbecilização, mais até do que infan-tilização. Num programa sobre um falso prín-cipe, que também é milionário, o glamour cri-ado é de terceira categoria, mas ainda há meni-nas suburbanas que dizem sentir-se num contode fadas quando dançam com o “príncipe”.Programas como este resvalam constantemen-te para a chinela, como aconteceu com a espe-cialista em etiqueta que treinava o “príncipe”para beijar a mão a uma senhora. “É assim...você beija o seu dedo... não me beija a mão,por uma questão de higiene... que eu não seionde é que você andou com a boca”. Comestes exemplos de vulgaridade, confirma-seque muitas vezes o estereótipo começa comoum mecanismo que permite a economia deenergia, mas acaba por ter um efeito de pres-são social para todos os que não se queremsentir privados de uma qualquer identidadecultural, digamos antes, de um universo sim-bólico de referência. E que referência!

Há, no entanto, uma contradição que teimaem não se resolver. Por um lado há os apoian-tes de uma nova atitude como forma de resol-ver os problemas económicos do País. Dooutro, os que não querem seguir nessa direc-ção. Estes constituem a maior parte dos teles-pectadores que dão audiências. Os outros, sãoos que, com o seu capital, estão por trás damaior parte de tão bizarras criações.

2244 TTEELLEEVVIISS ÃÃOO DE 4 A 17 DE OUTUBRO DE 2006

PÚBLICA FRACÇÃO

Francisco AmaralDocente da ESEC