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Pintura "Ia of a Man. [ Sorgues, summer] 1912, de Pablo Picasso Charcoal and pastel, 64 x 47 cm, Índice O Brasil depois de 1945 Os autores representativos O Brasil depois de 1945 The Museum of Modern Art

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Pintura "Ia of a Man. [ Sorgues, summer] 1912, de Pablo Picasso Charcoal and pastel, 64 x 47 cm,

Índice

O Brasil depois de 1945

Os autores representativos

O Brasil depois de 1945

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Modern

Art

Page 2: O Brasil depois de 1945 · 2020. 6. 18. · O Brasil depois de 1945 Pós-Modernismo brasileiro Embora o que se costuma chamar de “poesiamoderna”seja uma coisa multiforme demais,

O Brasil depois de 1945

Pós-Modernismo brasileiro

Embora o que se costuma chamar de “poesia moderna” seja umacoisa multiforme demais, não é excessivo querer descobrir nela umdenominador comum: seu espírito de pesquisa formal.

MELO NETO, João Cabral de. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.

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O Brasil depois de 1945

A valorização dos espaços : ângulos, retas e curvas

Os anos de 1950 ficaram marcados pelas primeiras bienais de arte de São Paulo, promovidas pelo Museu de Arte Moderna.

Da primeira Bienal participaram artistas consagrados como:

Picasso Portinari Di Cavalcanti Bruno Giorgi

Nas artes, ganha corpo o movimento da arte concreta. O concretismo, que sedesenvolve nas artes plásticas, logo se estende para a literatura.

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A valorização dos espaços : ângulos, retas e curvas

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O Brasil depois de 1945

www.sacilotto.com.br

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O Brasil depois de 1945

1945: uma nova ordem no mundo e no Brasil

Contexto histórico

Mundo

• Fim da Segunda Guerra Mundial.

• Derrota do nazi-fascismo.

• Criação da Organização das Nações Unidas (ONU).

• A Guerra Fria.

Brasil

• Queda de Getúlio Vargas após 15 anos de governo.

• Nova Constituição promulgada em 1946, liberdade para ospartidos.

• Em 1947, o governo brasileiro alia-se aos Estados Unidosna Guerra Fria e coloca o Partido Comunista Brasileiro e osmovimentos populares na ilegalidade.

Painel "Guerra e Paz" (criado entre 1952 e 1956), de Candido Portinari, na sede da ONU, N. York, EUA

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Os rumos da poesia da prosa

A principal marca da poesia pós-1945 foi a pesquisa formal, a pesquisa estética: buscarumos tanto para o verso discursivo, mais tradicional, quanto para uma poesia quepromovesse uma ruptura radical, incorporando conceitos do poema-objeto, poemaconcreto.

Os concretistas pregavam que:

“abolição da tirania do verso e proposta de uma nova sintaxe estrutural, na qual o

branco da página, os caracteres tipográficos e sua disposição no papel assumam

relevo, embora mantenha ainda o discurso e mesmo o verso, apenas dispersado”.

O Brasil depois de 1945

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Os rumos da poesia da prosa

Assim, podemos reconhecer alguns caminhos:

A “Geração de 45”:

• Oposição às conquistas e inovações dos modernistas de 1922.

• Negação da liberdade formal, ironias, sátiras e outras “brincadeiras” modernistas.

• Proposta de uma poesia mais “equilibrada e séria”.

• Preocupação com o “restabelecimento da forma artística e bela”, os modelos voltando aser parnasianos e simbolistas.

• Grupo formado, entre outros poetas, por: Lêdo Ivo, Péricles Eugênio da SilvaRamos, Geir Campos e Darcy Damasceno.

O Brasil depois de 1945

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Os rumos da poesia da prosa

O Concretismo:

• Movimento lançado em meados dos anos 1950.

• Pregava o aproveitamento do espaço tipográfico, a dissolução e o reagrupamento

dos vocábulos, o jogo semântico, visual, acústico.

• O grupo liderado por Augusto e Haroldo de Campos e Décio Pignatari.

O Brasil depois de 1945

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Os rumos da poesia da prosa

Tradição e ruptura:

• Autores que não romperam com as conquistas dos primeiros modernistas, mas não

abriram mão da pesquisa estética:

• Poesia: Carlos Drummond de Andrade e Manuel Bandeira, e novos nomes como

João Cabral de Melo Neto, Ferreira Gullar e José Paulo Paes, produzindo uma

literatura da mais alta qualidade.

• Prosa: Clarice Lispector, produzindo literatura de caráter introspectivo, e

Guimarães Rosa, que abriu novos horizontes para a literatura regionalista e

revolucionou a linguagem da prosa.

O Brasil depois de 1945

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Os autores representativos

João Cabral de Melo Neto: a engenharia da palavra

João Cabral de Melo Neto (1920-1999).

Nasceu em Recife, Pernambuco.

Estreou em 1942 com o livro Pedra do sono.

Em 1945 publicou O engenheiro. Em que semanifestam os rumos definitivos de sua obra.

Nesse mesmo ano prestou concurso para acarreira diplomática, servindo na Espanha,Inglaterra, França e no Senegal.

A poesia de João Cabral só ganhoureconhecimento popular na década de 1960 comMorte e vida Severina.

Em 1969, foi eleito por unanimidade para aAcademia Brasileira de Letras.

O Brasil depois de 1945

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João Cabral de Melo Neto

Características:

Apresenta três grandes temas em sua obra: oNordeste, a Espanha e a Arte.

Preocupação com a estética, com a arquiteturada poesia.

É o “poeta-engenheiro”, que constrói umapoesia calculada, racional.

Utiliza uma linguagem enxuta, concisa,elíptica, que constitui o próprio falar dosertanejo.

A partir de 1950, o poeta passa a produziruma poesia mais engajada, aprofundando atemática social.

O Brasil depois de 1945

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O Brasil depois de 1945

Os autores representativos

Guimarães Rosa: alquimista de palavras

João Guimarães Rosa (1908-1967).

Formou-se médico em Belo Horizonte.

Em 1934, iniciou carreira diplomática, serviu naAlemanha durante a Segunda Guerra e, posteriormente,na Colômbia e França.

Em 1946, foi publicado Sagarana, livro de contos, dandouma nova perspectiva ao regionalismo.

Dez anos depois, publicou Corpo de baile e, em seguida,Grande sertão: veredas.

Em 1963, foi eleito membro da Academia Brasileira deLetras; no entanto, supersticioso, adiou a posse.Finalmente assumiu a cadeira na ABL em 19 de novembrode 1967. Morre três dias depois.

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O Brasil depois de 1945

Guimarães Rosa[...]Boi bem bravo, bate baixo,

bota baba, boi berrando...Dança doido, dá de duro, dá dedentro, dá direito... Vai, vem,volta, vem na vara, vai nãovolta, vai varando...

“Todo passarinho’ do matotem seu pio diferente.Cantiga de amor doídonão carece ter rompante...”Pouco a pouco, porém, os

rostos se desempanam e oshomens tomam gesto derepouso nas selas, satisfeitos.Que de trinta, trezentos ou trêsmil, só está quase pronta aboiada quando as alimárias seaglutinam em bicho inteiro –centopéia -, mesmo prestesassim para surpresas más.

GUIMARÃO ROSA, João. O burrinho pedrês. In Sagarana.

Características:

Interesse pela natureza, por bichos e plantas, pelossertanejos e pelo estudo de línguas.

Mistura fantasia e realidade.

Recriação da fala do sertanejo: por meio de neologismos, recriação, invenção de palavras, sempre tendo como ponto de partida a fala dos sertanejos, suas expressões, suas particularidades.

O “sertão místico”: A luta entre Deus e o Diabo, oBem e o Mal.

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O Brasil depois de 1945

Os autores representativos

Clarice Lispector: o mundo interior e o universo da linguagem

Clarice Lispector (1925-1977).

Nasceu na Ucrânia, com dois meses de idade, veio com afamília para o Brasil, fixando-se em Recife.

Em 1937 transferiu-se para o Rio de janeiro, onde terminou osecundário e cursou Direito.

Estudante ainda, escreveu seu primeiro romance, Perto docoração selvagem, publicado em 1944.

Consagrou-se como o nome mais importante da prosa brasileirada segunda metade do século XX, ao lado de Guimarães Rosa.

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O Brasil depois de 1945

Clarice Lispector

Os desastres de Sofia

Qualquer que tivesse sido o seu trabalho anterior, ele o abandonara, mudara de profissão, e

passara pesadamente a ensinar no curso primário: era tudo o que sabíamos dele.

O professor era gordo, grande e silencioso, de ombros contraídos. Em vez de nó na garganta,

tinha ombros contraídos. Usava paletó curto demais, óculos sem aro, com um fio de ouro

encimando o nariz grosso e romano. E eu era atraída por ele. Não amor, mas atraída pelo seu

silêncio e pela controlada impaciência que ele tinha em nos ensinar e que, ofendida, eu

adivinhara. Passei a me comportar mal na sala. Falava muito alto, mexia com os colegas,

interrompia a lição com piadinhas, até que ele dizia, vermelho:

- Cale-se ou expulso a senhora da sala.

Ferida, triunfante, eu respondia em desafio: pode me mandar! Ele não mandava, senão

estaria me obedecendo. Mas eu o exasperava tanto que se tornava doloroso para mim ser

objeto do ódio daquele homem que de certo modo eu amava. Não amava como a mulher que eu

seria um dia, amava-o como uma criança que tenta desastradamente proteger um adulto, com a

cólera de quem ainda não foi covarde e vê um homem forte de ombros tão curvos.Clarice Lispector