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INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM SANEAMENTO AMBIENTAL RENATO MARINHO SARTÓRIO FABRÍCIO SERAFIM QUARESMA O BIODIESEL COMO ALTERNATIVA ENERGÉTICA - PROCESSOS PRODUTIVOS E IMPACTOS VITÓRIA 2010

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INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM SANEAMENTO AMBIENTAL

RENATO MARINHO SARTÓRIO

FABRÍCIO SERAFIM QUARESMA

O BIODIESEL COMO ALTERNATIVA ENERGÉTICA - PROCESSOS PRODUTIVOS E IMPACTOS

VITÓRIA 2010

RENATO MARINHO SARTÓRIO FABRÍCIO SERAFIM QUARESMA

O BIODIESEL COMO ALTERNATIVA ENERGÉTICA - PROCESSOS PRODUTIVOS E IMPACTOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto Federal do Espírito Santo - IFES, junto à Coordenadoria de Saneamento Ambiental, como requisito parcial para obtenção do título de Tecnólogo em Saneamento Ambiental. Orientadora: M.Sc. Adriana Marcia Nicolau Korres Co-orientadora: M.Sc. Sheila Souza da Silva Ribeiro

VITÓRIA 2010

S251b Sartório, Renato Marinho

O biodiesel como alternativa energética: processos produtivos e impactos / Renato Marinho Sartório, Fabrício Serafim Quaresma. – 2010.

82 f. il: 30 cm Orientadora: M.sc. Adriana Marcia Nicolau Korres Co-orientadora: M.sc. Sheila Souza da Silva Ribeiro Monografia (graduação) - Instituto Federal do Espírito Santo, Coordenadoria de Saneamento Ambiental, Curso Superior de Tecnologia em Saneamento Ambiental, 2010.

1. Biodiesel 2. Biocombustíveis 3. Transesterificação 4. Emissões Atmosféricas 5 Enzimas I. Quaresma, Fabrício Serafim II. Korres, Adriana Marcia Nicolau III. Ribeiro, Sheila Souza da Silva IV. Instituto Federal do Espírito Santo V. Título

CDD 662.8

RENATO MARINHO SARTÓRIO FABRÍCIO SERAFIM QUARESMA

O BIODIESEL COMO ALTERNATIVA ENERGÉTICA - PROCESSOS PRODUTIVOS E IMPACTOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Coordenadoria de Saneamento Ambiental do Instituto Federal do Espírito Santo, como requisito parcial para obtenção do grau de Tecnólogo em Saneamento Ambiental.

COMISSÃO EXAMINADORA

M.Sc. Adriana Marcia Nicolau Korres

Orientadora - IFES

M.Sc. Sheila Souza da Silva Ribeiro

Co-orientadora - IFES

M.Sc. Glória Maria de Farias Viégas Aquije

Examinador Interno - IFES

M.Sc. Helber Barcellos da Costa

Examinador Externo - Salesianos

DECLARAÇÃO DOS AUTORES

Declaro, para os devidos fins de pesquisa acadêmica, didática e técnico-cientifica, que o presente Trabalho de Conclusão de Curso pode ser parcial ou totalmente utilizado desde que se faça referência à fonte e à autoria.

Vitória-ES, 2 de Outubro de 2010.

_______________________________________

RENATO MARINHO SARTÓRIO

_______________________________________

FABRÍCIO SERAFIM QUARESMA

Aos pais, familiares e amigos.

AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos que me ajudaram direta ou indiretamente em todo o decorrer da

minha formação, do 1º dia de aula ao dia da apresentação deste trabalho de

conclusão. Em especial agradeço a minha família (Pai, Mãe e Irmãos), ao amigo

Renato Marinho Sartório (sem ele, a realização desse trabalho não seria possível), a

orientadora M.Sc. Adriana Marcia Nicolau Korres (obrigado pela paciência e pela

injeção de ânimo para que nós pudéssemos concluir o presente trabalho), a M.Sc.

Sheila Souza da Silva Ribeiro (obrigado pela disponibilidade) e aos demais

professores e colegas de sala que estiveram sempre comigo durante essa

caminhada.

Fabrício Serafim Quaresma

Agradeço a esta força maior e invisível que rege nossas vidas, à minha mãe Lúcia,

meu pai Dalvan e minha irmã Jéssica que estão sempre ao meu lado. Às outras

pessoas igualmente importantes durante todo meu percurso, Micheli (com seu amor

e apoio), Bicudo, Yuri, Helmer e Lila (festas monumentais na UFES), Bibi e Jôze

pelas companhias nos banquinhos, sejam do CEFETES ou dos bares e à todos

meus companheiros de copo. Um agradecimento especial à Adriana e Sheila,

eternas professoras, chefes e orientadoras, que com muita paciência e dedicação

nos iluminaram até o fim deste tortuoso, mas gratificante caminho que foi este

trabalho.

Renato Marinho Sartório

"Uma rosa vermelha absorve todas as cores, menos a

vermelha; Vermelha, portanto, é a única cor que ela não

é. Essa Lei, Razão, Tempo, Espaço, toda Limitação,

cega-nos à Verdade Tudo o que sabemos sobre o

Homem, Natureza, Deus, é apenas aquilo que eles não

são; é aquilo que rejeitam como repugnante."

Aleister Crowley

RESUMO

Esse trabalho apresenta uma revisão da literatura sobre o tema biodiesel,

destacando a importância dessa forma de combustível, que pretende se transformar

no substituto do diesel de petróleo. Os estudos sobre o biodiesel são extremamente

importantes, uma vez que buscam obter formas de produção com custos menores e

mais eficientes, tornando este biocombustível cada vez mais competitivo com os

derivados de petróleo. Por ser originado de fontes renováveis, tais como óleos

vegetais e animais, o biodiesel cria possibilidades econômicas, de redução da

dependência do petróleo e exportação do produto, e ambientais, de forma a reduzir

as emissões de gases poluentes. O Brasil, devido às suas proporções continentais,

tem a possibilidade de ser tornar um dos maiores produtores de biodiesel do mundo,

onde cada região brasileira apresenta grandes potencialidades aos mais

diversificados tipos de culturas vegetais e animais, principalmente a soja, o sebo

bovino e o algodão, além das pesquisas realizadas em torno da extração de óleo de

algumas espécies de microalgas. São 14 estados brasileiros produzindo biodiesel,

com 65 usinas já instaladas e produzindo, porém ainda são necessários mais

esforços para que o biodiesel supere o diesel do petróleo. A produção atual

ultrapassa 1,6 milhões de metros cúbicos de biodiesel, com uma capacidade de

produção estimada em mais de 5 milhões de metros cúbicos. Atualmente o biodiesel

é produzido principalmente através da reação de transesterificação, onde um álcool

(metanol ou etanol), reage com um triglicerídeo na presença de um catalisador,

químico ou enzimático, gerando um combustível (éster) e glicerol (produto

secundário). A transesterificação enzimática apresenta algumas vantagens dentro do

processo produtivo superiores ao processo químico, porém o custo elevado das

enzimas ainda se torna um obstáculo a esta técnica de produção. O biodiesel tem

total capacidade de atender as necessidades energéticas mundiais e se estabelecer

como alternativa aos combustíveis fósseis.

Palavras chave: Biodiesel, Biocombustíveis, Transesterificação, Emissões

Atmosféricas, Enzimas.

ABSTRACT

This work presents a review of the literature on the subject biodiesel, reinforcing the

importance of this form of fuel, which aims to be a substitute for petroleum diesel.

Studies about biodiesel are extremely important, since, seeking ways to get cheaper

and more efficient production, making this biofuel more competitive with oil products.

Because it comes from renewable sources such as animal and vegetable oils,

biodiesel creates economic opportunities, reducing reliance on petroleum and export

the product, and environmental, to reduce emissions of pollutant gases. Brazil, due to

its continental proportions, has the possibility to become one of the largest biodiesel

producers in the world, where each region has great potential for more diverse types

of crops and animals, especially soybean, beef tallow and cotton in addition to the

studies carried out around the extraction of oil from some species of microalgae.

Fourteen Brazilian states are producing biodiesel, with 65 producing plants, but still

more efforts are needed to overcome biodiesel petroleum diesel. Current production

exceeds 1.6 million m³ of biodiesel, with an estimated production capacity by more

than 5 million m³. Currently biodiesel is produced mainly through the

transesterification reaction, where an alcohol, methanol or ethanol, reacts with a

triglyceride in the presence of a catalyst, chemical or enzymatic, generating an ester

(fuel) and glycerol (secondary product). The enzymatic transesterification has some

advantages in the production process in excess of the chemical process, but the high

cost of enzymes has become an obstacle to this production technique. Biodiesel has

full capacity to meet global energy needs and establish itself as an alternative to

fossil fuels.

Keywords: Biodiesel, Biofuels, Transesterification, Air Emissions, Enzymes.

INDÍCE DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Evolução dos biocombustíveis no Brasil. .................................................. 20

Figura 2 - Esquema do processo geral de produção do biodiesel por

transesterificação ...................................................................................... 22

Figura 3 - Dados estatísticos mensais da produção de biodiesel e de óleo diesel. ... 26

Figura 4 - Oferta interna energética brasileira no ano de 2007. ................................ 31

Figura 5 - Matérias primas utilizadas na produção de biodiesel no Brasil. ................ 34

Figura 6 - Potencialidade agrícola por região. ........................................................... 35

Figura 7 - Distribuição espacial da soja no Brasil 2006/2007 .................................... 36

Figura 8 - Rebanho bovino por regiões do país. ....................................................... 37

Figura 9 - Distribuição espacial do algodão no brasil abr/2007. ................................ 41

Figura 10 - Reação de pirólise. ................................................................................. 43

Figura 11 - Características das microemulsões ........................................................ 44

Figura 12 - Reação de transesterificação através do etanol. .................................... 45

Figura 13 - Reação de transesterificação através do metanol. ................................. 45

Figura 14 - Comparação da produção de biodiesel pela via química e enzimática. .. 49

Figura 15 - Técnicas de imobilização de enzimas. .................................................... 55

Figura 16 - Impactos de emissões médias no uso de biodiesel. ............................... 61

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 - Produção nacional de biodiesel puro - B100 ............................................ 25

Tabela 2 - Consumo final energético no Brasil .......................................................... 27

Tabela 3 - Autorizações para produção de biodiesel ................................................ 28

Tabela 4 - Principais legislações que regem o biodiesel ........................................... 29

Tabela 5 - Especificação do biodiesel ....................................................................... 32

Tabela 6 - Informações técnicas da soja ................................................................... 36

Tabela 7 - Teor de óleo em algas .............................................................................. 39

Tabela 8 - Comparação da quantidade de óleo por hectare ..................................... 39

Tabela 9 - Aplicação de lipases no setor alimentício ................................................. 48

Tabela 10 - Aplicação de lipases no setor químico ................................................... 48

Tabela 11 - Características das reações químicas e enzimáticas ............................. 50

Tabela 12 - Microrganismos fontes de lipases .......................................................... 52

Tabela 13 - Suportes de imobilização enzimática ..................................................... 56

Tabela 14 - Padrões de qualidade do ar ................................................................... 58

Tabela 15 - Índice geral da qualidade do ar .............................................................. 59

Tabela 16 - Fatores médios de emissão dos veículos............................................... 60

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas

ANP - Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis

Apud - citado por, conforme, segundo

ASTM - American Society for Testing and Materials

BNDS - Banco Nacional do Desenvolvimento

CEN - Comité Européen de Normalisation

CETESB - Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental

CMA - Centro de Monitoramento de Agrocombustíveis

CNPE – Conselho Nacional de Política Energética

CO - Monóxido de Carbono

CONAB - Companhia Nacional de Abastecimento

CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente

EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

EPE - Empresa de Pesquisa Energética

et al. - e outros

HC - Hidrocarbonetos

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ISO - International Organization for Standardization

IUPAC - International Union of Pure and Applied Chemistry

KOH – Hidróxido de Potássio

MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

MME - Ministério de Minas e Energia

MP - Material particulado

MP10 - Material particulado menor do que 10 microgramas

Mtep - Milhões de toneladas equivalentes de petróleo

Mt - Milhões de toneladas

NaOH – Hidróxido de Sódio

NO - Monóxido de Nitrogênio

NOx - Óxidos de Nitrogênio

NO2 – Dióxido de Nitrogênio

PNPB - Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel

PROCONVE - Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores

PRONAR - Programa Nacional de Controle da Qualidade do Ar

PTS - Partículas Totais em Suspensão

SOx - Óxidos de Enxofre

USEPA - United States Environmental Protection Agency

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 15

2 OBJETIVOS ........................................................................................................... 18

2.1 GERAL ............................................................................................................... 18

2.2 ESPECÍFICOS .................................................................................................... 18

3 METODOLOGIA .................................................................................................... 19

4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 20

4.1 DEFINIÇÃO DE BIODIESEL ............................................................................... 20

4.2 PRINCIPAIS IMPACTOS DO BIODIESEL .......................................................... 23

4.2.1 Impactos Econômicos ................................................................................... 23

4.2.2 Impactos Sociais ............................................................................................ 24

4.2.3 Impactos Ambientais ..................................................................................... 24

4.3 SITUAÇÃO DO BIODIESEL NO BRASIL ............................................................ 25

4.4 ESTRUTURAS LEGAIS ...................................................................................... 28

4.4.1 Lei nº 11.097, de 13 de janeiro de 2005 ......................................................... 30

4.4.2 Resolução ANP nº 07, de 19 de março de 2008 ........................................... 31

4.5 MATÉRIAS PRIMAS ........................................................................................... 34

4.5.1 Soja (Glycine max, Glycine javanica) ........................................................... 35

4.5.2 Sebo Bovino (Bos taurus) ............................................................................. 37

4.5.3 Microalgas ....................................................................................................... 38

4.5.4 Outras Matérias Primas ................................................................................. 40

4.6 PROCESSOS DE PRODUÇÃO .......................................................................... 42

4.6.1 Transesterificação alcalina ............................................................................ 46

4.6.2 Transesterificação enzimática....................................................................... 47

4.6.2.1 Origem e Produção das Lipases ................................................................... 51

4.6.2.2 Produção e Purificação de Lipases ............................................................... 53

4.6.2.3 Técnicas de Imobilização de Lipases ............................................................ 54

4.7 EMISSÕES ATMOSFÉRICAS ............................................................................ 56

5 CONCLUSÕES ...................................................................................................... 62

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 64

15

1 INTRODUÇÃO

O ser humano pertence à espécie Homo sapiens que, em latim significa homem que

pensa. Uma vez que é a única espécie racional do planeta seria racional também ser

a única espécie capaz de se salvar da auto-extinção pelo uso de sua sapiência.

Desde o início da sua existência, a humanidade busca por fontes de energia para

auxiliá-lo em sua luta pela sobrevivência. No início o fogo era a fonte de energia

principal, e primeiramente obtida naturalmente pelos fenômenos energéticos

provenientes do meio, vulcões e raios. Até então havia um equilíbrio entre ser

humano e a natureza.

O desequilíbrio começou quando o homem aprendeu a produzir sua fonte de

energia, o fogo, tornando-se orgulhoso diante do meio que sempre lhe acolheu e,

deste modo, passando a compreender os processos e comandar, de certa forma, a

natureza. Posteriormente, com a descoberta de novas fontes de energia, a

humanidade experimentou um grande desenvolvimento social, econômico e

tecnológico. Contudo, durante esse período de glória, o meio ambiente continuou de

lado, observando indefesamente o avanço da civilização.

A Revolução Industrial, liderada pela Inglaterra a partir de 1760, iniciou um período

de grandes mudanças no modo de vida das pessoas, no campo e nas cidades, foi

também o auge, daquela época, do uso em larga escala dos combustíveis fósseis.

Em decorrência das transformações sociais e tecnológicas, impulsionadas pelo uso

dos combustíveis fósseis, as emissões de gases estufa aumentaram

consideravelmente, alterando as condições climáticas de todo o planeta

(INDERMÜHLE et al., 1999 apud MACHADO, 2005).

O meio ambiente, ao longo de todo este tempo, vem sofrendo com a retirada e

consumo indiscriminado de combustíveis fósseis pelo homem. Conforme descrito

por SALATINO (2008, p. 81):

16

Após a II Grande Guerra houve enorme incremento das populações urbanas, devido principalmente a expansão dos parques industriais. Com isso, cresceu sobremaneira o uso dos automóveis. Em 1900, queimava-se diariamente o equivalente a energia liberada pela queima de oito milhões de barris de petróleo. Em 1945, o consumo foi de cerca de 35 milhões de barris e em 1985, mais de 150 milhões.

O planeta já começa a apresentar sinais de que já está chegando ao limite sua

capacidade de suportar as agressões provocadas pelas ações antrópicas. As

mudanças climáticas já são visíveis em todas as partes do globo, trazendo

preocupação e a necessidade de ações imediatas por parte da humanidade. Na

tentativa de conter os problemas causados por anos de degradação, as atuais

pesquisas estão sendo voltadas para a busca de formas de energias renováveis,

envolvendo principalmente os combustíveis utilizados por veículos automotores e

pelas indústrias.

O Brasil já possui grandes avanços tecnológicos na área de combustíveis

alternativos para automóveis. O Proálcool, implantado em 1975, foi um programa

bem-sucedido de substituição em larga escala dos derivados de petróleo. Foi

desenvolvido para evitar o aumento da dependência externa de divisas quando dos

choques de preço de petróleo (PROÁLCOOL, acesso em 5 de março 2007).

O biodiesel é outro tipo de biocombustível que está sendo visto com bons olhos pela

comunidade científica internacional como uma alternativa interessante à substituição

do diesel derivado do petróleo. Neste, também, o Brasil possui certa experiência

obtida. O País detém a primeira patente de biodiesel do mundo, feita em 1980, pelo

professor Expedito Parente, da Universidade Federal do Ceará (CRESTANA, 2005).

Em 2 de julho de 2003 foi criado um Grupo de Trabalho Interministerial, através de

um decreto estabelecido pelo Presidente da República, com a finalidade de

apresentar a viabilidade do biodiesel como combustível alternativo ao derivado do

petróleo. Em 23 de dezembro de 2003, por meio de decreto, foi implantado o

Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB). Em 13 de janeiro de

2005 foi publicada a Lei 11.097, que dispõe sobre a introdução do biodiesel na

matriz energética brasileira, altera Leis afins e dá outras providências. De acordo

com o PNPB (acesso em 4 de março 2010):

17

Biodiesel é um combustível biodegradável derivado de fontes renováveis, que pode ser obtido por diferentes processos tais como o craqueamento, a esterificação ou pela transesterificação. Pode ser produzido a partir de gorduras animais ou de óleos vegetais, existindo dezenas de espécies vegetais no Brasil que podem ser utilizadas, tais como mamona, dendê (palma), girassol, babaçu, amendoim, pinhão manso e soja, dentre outras.

Aliado ao movimento mundial que vem ocorrendo em relação à preservação do meio

ambiente, os primeiros passos rumo à substituição de derivados do petróleo

começam a ocorrer em escala global, visando remediar os danos causados pelo

consumo de combustíveis fósseis e de certa forma diminuir gradativamente a

dependência do petróleo.

Neste sentido, o estudo e o levantamento da literatura sobre a implantação, a

produção e o uso do biodiesel, no Brasil e no mundo, são pertinentes, visto a

necessidade de se conhecer as diversas potencialidades de ordem econômica e

ambiental deste produto. Além da análise do potencial do biodiesel a apresentação

das etapas de produção de forma mais ampla traz a importância de se tornar uma

ferramenta de guia para indicar onde, dentro da cadeia produtiva, estudos mais

minuciosos podem ser realizados.

18

2 OBJETIVOS

2.1 GERAL

Elaborar um trabalho de revisão sobre o assunto biodiesel, para que possa ser um

ponto de partida aos estudiosos e interessados neste tão relevante tema da

atualidade.

2.2 ESPECÍFICOS

Para se alcançar o objetivo geral foram definidos os seguintes objetivos específicos:

Definir biodiesel;

Expor os impactos, tanto positivos, quanto negativos, do biodiesel em relação

ao meio sócio-ambiental;

Apresentar a legislação pertinente ao assunto;

Definir as principais matérias para produção de biodiesel; e

Definir os meios de obtenção do biodiesel, com ênfase no processo

enzimático;

19

3 METODOLOGIA E ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO

As etapas metodológicas que sucederam para a realização deste trabalho foram

elaboradas a partir de dados bibliográficos contidos em livros, revistas e artigos,

pesquisados tanto em meio físico quanto em meio virtual, através do uso da internet.

Dentro do espaço virtual foram encontrados e trabalhados dados estatísticos obtidos

através de sites na internet, pertencentes à organizações governamentais e não

governamentais, sendo que, todos os dados foram analisados e os resultados

obtidos foram validados utilizando-se das diversas fontes de informações oficiais

estudadas.

O trabalho seguiu a estruturação apresentada, anteriormente, no sub-item 2.2 que

trata dos objetivos específicos, seguindo dessa forma uma sequência lógica e

evolutiva das principais características presentes do biodiesel e desta forma buscar

favorecer a compreensão geral do biodiesel e das necessidades e potencialidades

de uso.

20

4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

4.1 DEFINIÇÃO DE BIODIESEL

Os biocombustíveis começaram a ser pesquisados e desenvolvidos no Brasil a partir

de 1974 (Figura 1). De acordo com a AGÊNCIA NACIONAL DE PETRÓLEO, GÁS

NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS - ANP (Acesso em 13 de junho 2010)

“Biocombustíveis são derivados de biomassa renovável que podem substituir, parcial

ou totalmente, combustíveis derivados de petróleo e gás natural em motores a

combustão ou em outro tipo de geração de energia.”

Figura 1 – Evolução dos biocombustíveis no Brasil.

21

Fonte: ANP, acesso em 13 de junho 2010.

O biodiesel pode ser facilmente definido como um combustível substituto do

derivado de petróleo, obtido a partir de vegetais, animais, ou óleos usados (RAMOS

et al., 2007). Porém dentro deste processo existe uma definição muito mais

complexa que foge aos limites do processo produtivo, seja ele, simplesmente

químico ou também biológico.

Parente (2003) caracterizou o biodiesel como sendo:

[...] um combustível renovável, biodegradável e ambientalmente correto, sucedâneo ao óleo diesel mineral, constituído de uma mistura de ésteres metílicos ou etílicos de ácidos graxos obtidos da reação de transesterificação de qualquer triglicerídio com um álcool de cadeia curta, metanol ou etanol, respectivamente.

A Lei nº 11.097, de 13 de janeiro de 2005, em seu artigo art. 4o, acrescenta os

incisos XXIV e XXV à Lei nº 9.478, de 6 de agosto de 1997. O inciso XXV define o

biodiesel como:

[...] biocombustível derivado de biomassa renovável para uso em motores a combustão interna com ignição por compressão ou, conforme o regulamento, para a geração de outro tipo de energia, que possa substituir parcial ou totalmente combustíveis de origem fóssil.

O país produtor de biodiesel deve possuir uma fonte de matéria-prima (vegetal ou

animal) economicamente viável para competir com os preços dos derivados do

petróleo, tendo, desta forma, uma cultura específica para cada tipo de clima e solo,

assim como na União Européia, com a colza (Brassica napus) e o girassol

(Helianthus annuus), e o Brasil e os Estados Unidos, com a soja (Glicine max) e as

gorduras animais (HASS e FOGLIA, 2006).

Os óleos vegetais e gorduras animais têm como principal componente os

triglicerídeos. Em um processo denominado transesterificação (Figura 2), estes

triglicerídeos reagem, na presença de um catalisador, com um álcool (metanol ou

etanol), produzindo o biodiesel, que quimicamente é denominado, de forma geral,

alquil éster, e glicerina (KNOTHE, 2006).

22

Figura 2 - Esquema do processo geral de produção do biodiesel por transesterificação. Fonte: Parente, 2003.

Dentro do aspecto produtivo, há ainda que se considerar a questão política e social.

O biodiesel além de ser um biocombustível, pode vir a ser trabalhado como uma

forma de inclusão social, com plantações de oleaginosas em pequenas propriedades

rurais familiares, uma vez que a competição com as grandes propriedades agrícolas

mecanizadas torna praticamente inviável o cultivo de culturas tipo exportação. Além

da geração de novos postos de trabalho no campo, ainda são previsíveis a utilização

de mão de obra especializada nas usinas de produção de biodiesel.

GLICERINA DESTILADA

MATÉRIA PRIMA

Óleo ou Gordura

PREPARAÇÃO DA MATÉRIA PRIMA

REAÇÃO DE TRANSESTERIFICAÇÃO CATALIZADOR

METANOL ou ETANOL

SEPARAÇÃO DE FASES

DESIDRATAÇÃO DO ÁLCCOL

RECUPERAÇÃO DO ÁLCOOL DA GLICERINA

RECUPERAÇÃO DO ÁLCOOL DOS ÉSTERES

DESTILAÇÃO DA GLICERINA

PURIFICAÇÃO DOS ÉSTERES

Álccol Etílico ou Metílico

Fase Leve

Fase Pesada

Glicerina Bruta

BIODIESEL RESÍDUO GLICÉRICO

Excessos de Álcool

Recuperado

23

4.2 PRINCIPAIS IMPACTOS DO BIODIESEL

Os impactos decorrentes da entrada do biodiesel na matriz energética brasileira

podem ser considerados tanto positivos como negativos. Estes impactos estão

relacionados às características ambientais, econômicas e sociais enquadrados em

cada parte do ciclo de produção do biodiesel, que vai desde o cultivo da matéria

prima, passando pela produção, até a queima em veículos automotores.

4.2.1 Impactos Econômicos

A principal função da busca por fontes de energia renováveis é a possibilidade de o

país reduzir a dependência dos derivados de petróleo, cujas maiores reservas estão

concentradas em alguns poucos países. Dentre os aspectos econômicos positivos

temos:

Redução da dependência do óleo diesel proveniente do petróleo,

economizando com gastos de importação;

Possibilidade de venda de créditos de carbono provenientes da retirada de

CO2 da atmosfera pelas culturas agrícolas;

Desenvolvimento econômico de regiões próximas a pólos produtores de

biodiesel.

Nos aspectos negativos cogita-se que sem subsídios necessários e dependendo do

local e da matéria prima utilizada o preço do biodiesel no mercado pode superar o

do diesel de petróleo (NETO, 2007). Outra preocupação constante é a possibilidade

do aumento de preços dos alimentos de primeira necessidade devido ao aumento da

demanda de matérias primas para produção de biodiesel.

24

4.2.2 Impactos Sociais

No âmbito social, o biodiesel vem com a promessa de geração de empregos nos

setores primário e secundários. O PNPB possui grande reconhecimento social por

ter como uma das metas a inclusão social da agricultura familiar de baixa renda no

programa (VEDANA, 2008).

Apesar da idéia inicial de inclusão social, segundo o Relatório do Centro de

Monitoramento de Agrocombustíveis - CMA (2008), “O PNPB tinha como meta a

inclusão de 200 mil famílias, mas até agora apenas 36.746 delas foram

beneficiadas”.

4.2.3 Impactos Ambientais

Dentre todos os impactos ocasionados pelo biodiesel os ambientais são os que

estão constantemente em foco na mídia e na literatura, porém como visto

anteriormente nem todos os aspectos são positivos e o mesmo ocorre no contexto

ambiental. As principais vantagens ambientais são listadas a seguir:

Redução da emissão de gases de efeito estufa, sendo constituído de carbono

neutro, capturado na forma de CO2 e separado pelas plantas em carbono e

oxigênio, neutralizando a emissão (CARTILHA BIODIESEL BR, acesso em 4

de março 2007).

Redução na emissão de alguns gases tóxicos à saúde humana e vegetal, e

de material particulado, com destaque para ausência de óxidos de enxofre, o

enxofre não está presente na composição dos óleos vegetais, principal

causador da chuva ácida e um dos grandes responsáveis por problemas

respiratórios (USEPA, 2002);

O biodiesel, por ser produzido a partir de óleos vegetais, é um composto

facilmente biodegradável.

25

Apesar destes benefícios, a produção de biodiesel pode também apresentar fatores

negativos, como o aumento nas emissões de óxidos de nitrogênio (NOX). Também a

glicerina, um resíduo do processo de produção, ainda não possui destinação final

bem definida e o mais preocupante, o avanço da monocultura de soja dos grandes

complexos agroindustriais frente à Amazônia.

4.3 SITUAÇÃO DO BIODIESEL NO BRASIL

A produção de biodiesel no Brasil vem se desenvolvendo a passos largos, com

crescimento médio anual da produção, entre os anos de 2008 e 2009, acima de

35%. A Tabela 1 apresenta a produção total de biodiesel de 2005 a 2009.

Tabela 1: Produção nacional de biodiesel puro - B100

Dados 2005 [m³] 2006 [m³] 2007 [m³] 2008 [m³] 2009 [m³] Crescimento

2008-2009 [%]

Janeiro - 1.075 17.109 76.784 90.352 18%

Fevereiro - 1.043 16.933 77.085 80.224 4%

Março 8 1.725 22.637 63.680 131.991 107%

Abril 13 1.786 18.773 64.350 105.458 64%

Maio 26 2.578 26.005 75.999 103.663 36%

Junho 23 6.490 27.158 102.767 141.139 37%

Julho 7 3.331 26.718 107.786 154.557 43%

Agosto 57 5.102 43.959 109.534 167.086 53%

Setembro 2 6.735 46.013 132.258 160.538 21%

Outubro 34 8.581 53.609 126.817 156.811 24%

Novembro 281 16.025 56.401 118.014 166.192 41%

Dezembro 285 14.531 49.016 112.053 150.042 34%

Total do Ano

736 69.002 404.329 1.167.128 1.608.053

Fonte: Adaptado de ANP, acesso em 8 de maio 2010

Esta produção ainda está muito aquém do necessário para competir com a produção

de óleo diesel. A produção total de biodiesel é cerca de 40 vezes menor que a de

óleo diesel (Figura 3).

26

Figura 3 – Dados estatísticos mensais da produção de biodiesel e de óleo diesel. Fonte: Adaptado de ANP, acesso em 28 de maio 2010.

O consumo final de biodiesel em milhões de toneladas equivalentes de petróleo

(Mtep) no Brasil deu um salto de quase 500% entre os anos de 2006 e 2007, tendo a

maior variação entre as fontes energéticas consumidas no Brasil, com exceção do

consumo do setor energético. A Tabela 2 traz o consumo final energético por fonte

em 2006 e 2007.

27

Tabela 2: Consumo final energético no Brasil

Fontes Consumo 2006 [Mtep] Consumo 2007 [Mtep] Variação (%)

Gás natural 10.124,00 10.909,00 7,80

Lenha 16.401,00 16.310,00 -0,60

Bagaço de cana 15.259,00 16.152,00 5,90

Eletricidade 32.283,00 33.958,00 5,20

Álcool etílico 6.395,00 8.612,00 34,70

Biodiesel 58,00 339,00 484,50

Outros 21.382,00 22.432,00 4,90

Subtotal derivados de petróleo 67.849,00 71.650,00 5,60

Óleo diesel 32.665,00 34.704,00 6,20

Óleo combustível 5.003,00 5.440,00 8,70

Gasolina 14.494,00 14.342,00 -1,00

Gás liquefeito de petróleo 7.142,00 7.379,00 3,30

Querosene de Aviação 2.401,00 2.632,00 9,60

Outros derivados de petróleo 6.144,00 7.152,00 16,40

Consumo final energético 169.751,00 180.361,00 6,30

Fonte: Adaptado de EPE, 2009.

Cada tonelada equivalente de petróleo (tep) equivale a 10 milhões de quilocalorias,

cuja origem provém da energia gerada pelo calor liberado na combustão de uma

tonelada de petróleo cru.

Segundo dados da ANP, atualizado em 17/05/2010, a capacidade autorizada das

plantas de biodiesel no Brasil consta 65 usinas, sendo a maioria delas concentrada

no estado de Mato Grosso, que é o maior produtor de soja do Brasil (Tabela 3).

28

Tabela 3: Autorizações para produção de biodiesel

Estados Quantidade de Usinas Capacidade Anual Estimada [m³/ano]

BA 3 358.816

CE 2 109.480

GO 5 808.092

MA 1 129.600

MG 6 147.640

MS 2 14.760

MT 23 1.252.303

PA 2 23.400

PR 4 195.480

RJ 1 21.600

RO 2 22.320

RS 5 1.079.039

SP 7 700.354

TO 2 158.760

TOTAL 65 5.021.643

Fonte: Adaptado de ANP, 2010.

4.4 ESTRUTURAS LEGAIS

O biodiesel, desde a matéria prima até a sua comercialização, necessita estar dentro

dos padrões legais nacionais e internacionais. Estes padrões são constituídos de

uma série de leis, decretos, portarias e resoluções regidas pelos diversos órgãos

ambientais, agrários e energéticos do Brasil e de outros países. A regulamentação

do biodiesel é de suma importância para se atingir um produto final com a qualidade

desejada para os padrões internacionais, de modo a tornar o biodiesel brasileiro um

biocombustível não só de uso nacional, mas também um produto de exportação.

No portal do Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (2008) são listadas

as principais leis que regem os mais diversos aspectos da produção e uso do

biodiesel, em vigência no Brasil (Tabela 4).

29

Tabela 4: Principais legislações que regem o biodiesel

Legislação Definição

Lei nº 11.116, de 18 de maio de 2005.

Dispõe sobre o Registro Especial, na Secretaria da Receita Federal do Ministério da Fazenda, de produtor ou importador de biodiesel e sobre a incidência da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins sobre as receitas decorrentes da venda desse produto; altera as Leis n os 10.451, de 10 de maio de 2002, e 11.097, de 13 de janeiro de 2005; e dá outras providências.

Lei nº 11.097, de 13 de janeiro de 2005.

Dispõe sobre a introdução do biodiesel na matriz energética brasileira; altera as Leis 9.478, de 6 de agosto de 1997, 9.847, de 26 de outubro de 1999 e 10.636, de 30 de dezembro de 2002; e dá outras providências.

Decreto Nº 6.458, de 14 de maio de 2008. Ampliou as opções de matérias-primas da agricultura familiar para a região Norte e Nordeste e Semi-árido e alterou o PIS/CONFINS para essas regiões.

Decreto Nº 5.457, de 06 de junho de 2005.

Reduz as alíquotas da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS incidentes sobre a importação e a comercialização de biodiesel.

Decreto Nº 5.448, de 20 de maio de 2005. Regulamenta o § 1 o do art. 2 o da Lei n o 11.097, de 13 de janeiro de 2005, que dispõe sobre a introdução do biodiesel na matriz energética brasileira, e dá outras providências.

Decreto Nº 5.298, de 6 de dezembro de 2004.

Altera a líquota do Imposto sobre Produtos Industrializados incidente sobre o produto que menciona.

Decreto Nº 5.297, de 6 de dezembro de 2004.

Dispõe sobre os coeficientes de redução das alíquotas de contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, incidentes na produção e na comercialização de biodiesel, sobre os termos e as condições para a utilização das alíquotas diferenciadas, e dá outras providências.

Decreto de 23 de dezembro de 2003. Institui a Comissão Executiva Interministerial encarregada da implantação das ações direcionadas à produção e ao uso de óleo vegetal - biodiesel como fonte alternativa de energia.

Decreto de 02 de julho de 2003.

Institui Grupo de Trabalho Interministerial encarregado de apresentar estudos sobre a viabilidade de utilização de óleo vegetal - biodiesel como fonte alternativa de energia, propondo, caso necessário, as ações necessárias para o uso do biodiesel.

Portaria MME 483, de 3 de outubro de 2005.

Estabelece as diretrizes para a realização pela ANP de leilões públicos de aquisição de biodiesel.

Portaria ANP 240, de 25 de agosto de 2003.

Estabelece a regulamentação para a utilização de combustíveis sólidos, líquidos ou gasosos não especificados no País.

Instrução Normativa nº 02, de 30 de setembro de 2005.

Dispõe sobre os critérios e procedimentos relativos ao enquadramento de projetos de produção de biodiesel ao selo combustível social

Instrução Normativa nº 01, de 05 de julho de 2005.

Dispõe sobre os critérios e procedimentos relativos à concessão de uso do selo combustível social.

Instrução Normativa SRF nº 628, de 2 de março de 2006.

Aprova o aplicativo de opção pelo Regime Especial de Apuração e Pagamento da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins incidentes sobre Combustíveis e Bebidas (Recob)

Instrução Normativa SRF nº 516, de 22 de fevereiro de 2005.

Dispõe sobre o Registro Especial a que estão sujeitos os produtores e os importadores de biodiesel, e dá outras providências.

30

Continuação da Tabela 4: Principais legislações que regem o biodiesel

Legislação Definição

Resolução ANP nº 07, de 19 de março de 2008.

Alterou a especificação para comercialização do biodiesel.

Resolução CNPE n º 3, de 23 de setembro de 2005.

Reduz os prazos para atendimento do percentual mínimo obrigatório de adição de biodiesel ao óleo diesel, determina a aquisição do biodiesel produzido por produtores detentores do selo "Combustível Social", por intermédio de leilões públicos.

Resolução ANP nº 42, de 24 de novembro de 2004.

Estabelece a especificação para a comercialização de biodiesel que poderá ser adicionado ao óleo diesel na proporção 2% em volume.

Resolução ANP nº 41, de 24 de novembro de 2004.

Fica instituída a regulamentação e obrigatoriedade de autorização da ANP para o exercício da atividade de produção de biodiesel.

Resolução BNDES Nº 1.135 / 2004 Programa de Apoio Financeiro a Investimentos em Biodiesel no âmbito do Programa de Produção e Uso do Biodiesel como Fonte Alternativa de Energia.

Fonte: BiodieselBr, Acesso em 1 de junho 2010.

Dentre as legislações citadas, pode-se destacar a Lei nº 11.097, de 13 de janeiro de

2005 e a Resolução ANP nº 07, de 19 de março de 2008. Estas são as principais

reguladoras do biodiesel dentro da matriz energética brasileira.

4.4.1 Lei nº 11.097, de 13 de janeiro de 2005

Esta lei altera as Leis 9.478, de 6 de agosto de 1997, Lei 9.847, de 26 de outubro de

1999 e Lei 10.636, de 30 de dezembro de 2002. Ela trata da inserção do biodiesel

na matriz energética brasileira, apresentada na Figura 4, que traz a oferta interna de

energia no Brasil em 2007, e traça objetivos em relação ao uso do biocombustível.

No art 2o esta lei fixa o percentual mínimo obrigatório de biodiesel a ser adicionado

ao óleo diesel de 5%. Traz ainda um prazo de oito anos a partir de 2005 para a

aplicação da lei, sendo que três anos após 2005 torna-se obrigatório a adição de

pelo menos 2% de biodiesel ao óleo diesel.

Conforme consta no art. 5o a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e

Biocombustíveis (ANP) é o órgão regulador do biodiesel, vinculado ao Ministério de

Minas e Energia (MME).

31

PETRÓLEO E DERIVADOS 37,4%

GÁS NATURAL 9,3%

CARVÃO MINERAL E DERIVADOS

6,0%

URÂNIO (U3O8) E DERIVADOS 1,4%

BIOMASSA 30,9%

HIDRÁULICA E ELETRICIDADE

14,9%

Biomassa:Lenha 12%

Produtos de cana a 15,7%, Outras 3,2%

238,3 Mtep

Figura 4 - Oferta interna energética brasileira no ano de 2007. Fonte: Adaptado de MME, 2008.

Observa-se na Figura 4 a predominância do uso do petróleo e seus derivados,

seguido pelo uso de energia oriundo de biomassa, porém dos 30,9% de biomassa o

uso de lenha corresponde a 12%, produtos de cana a 15,7%, sendo, somente 3,2%

correspondente a outros tipos de fontes renováveis. A oferta total de energia é da

ordem de 238,3 Mtep.

4.4.2 Resolução ANP nº 07, de 19 de março de 2008

Esta resolução estabelece as normas e especificações do biodiesel produzido e

comercializado no Brasil. O art. 2º define que o biodiesel somente poderá ser

comercializado pelos produtores, importadores e exportadores de biodiesel,

distribuidores e refinarias autorizadas pela ANP, e ainda que, somente distribuidores

e as refinarias autorizados pela ANP poderão proceder mistura óleo diesel/biodiesel

para efetivar sua comercialização.

O produtor e importador ainda terão, segundo art. 4º, que manter por no mínimo de 2

meses após a data de comercialização uma amostra testemunha de 1 litro, referente

a batelada do produto comercializado. A determinação das características do

32

biodiesel será feita mediante o emprego das normas da Associação Brasileira de

Normas Técnicas (ABNT), das normas internacionais "American Society for Testing

and Materials" (ASTM), da "International Organization for Standardization" (ISO) e do

"Comité Européen de Normalisation" (CEN) (Tabela 5).

Tabela 5: Especificação do biodiesel

Característica Método

Aspecto Unidade Limite LII

(1)

ABNT NBR ASTM D EN/ISO

Massa específica a 20º C kg/m3 850-900

7148 1298 EN ISO 3675

14065 4052 -

EN ISO 12185

Viscosidade Cinemática a 40ºC mm2/s 3,0-6,0 10441 445 EN ISO 3104

Teor de Água, máx. (2)

mg/kg 500 - 6304 EN ISO 12937

Contaminação Total, máx. mg/kg 24 - - EN ISO 12662

Ponto de fulgor, mín. (3)

ºC 100 14598 93

EN ISO 3679

-

Teor de éster, mín % massa 96,5 15342 (4) (5)

- EN 14103

Resíduo de carbono (6)

% massa 0,05 - 4530 -

Cinzas sulfatadas, máx. % massa 0,02 6294 874 EN ISO 3987

Enxofre total, máx. mg/kg 50

-

5453

-

- EN ISO 20846

EN ISO 20884

Sódio + Potássio, máx. mg/kg 5

15554

-

EN 14108

15555 EN 14109

15553 EN 14538

15556

Cálcio + Magnésio, máx. mg/kg 5 15553

- EN 14538

15556

Fósforo, máx. mg/kg 10 15553 4951 EN 14107

Corrosividade ao cobre, 3h a 50 ºC, máx. - 1 14359 130 EN ISO 2160

Número de Cetano (7)

- Anotar - 613

EN ISO 5165

6890 (8)

Ponto de entupimento de filtro a frio, máx. ºC 19 (9)

14747 6371 EN 116

Índice de acidez, máx. mg KOH/g 0,5 14448 664 -

- - EN 14104 (10)

Glicerol livre, máx. % massa 0,02

15341 (5)

6584 (10)

-

- - EN 14105 (10)

- EN 14106 (10)

Glicerol total, máx. % massa 0,25 15344

(5) 6584

(10) -

- - EN 14105 (10)

33

Continuação da Tabela 5: Especificação do biodiesel

Característica Método

Aspecto Unidade Limite LII (1) ABNT NBR ASTM D EN/ISO

Mono, di, triacilglicerol (7)

% massa Anotar

15342 (5)

6584 (10)

-

15344 (5)

-

EN 14105 (10)

Metanol ou Etanol, máx. % massa 0,2 15343 - EN 14110

Índice de Iodo (7)

g/100g Anotar - - EN 14111

Estabilidade à oxidação a 110ºC, mín.(2)

h 6 - - EN 14112 (10)

Sódio + Potássio, máx. mg/kg 5

15554

-

EN 14108

15555 EN 14109

15553 EN 14538

15556

Cálcio + Magnésio, máx. mg/kg 5 15553

- EN 14538

15556

Fósforo, máx. mg/kg 10 15553 4951 EN 14107

Corrosividade ao cobre, 3h a 50 ºC, máx. - 1 14359 130 EN ISO 2160

Número de Cetano (7)

- Anotar - 613

EN ISO 5165

6890 (8)

Fonte: Resolução ANP nº 07, de 19 março de 2008.

Nota: (1) LII – Límpido e isento de impurezas com anotação da temperatura de ensaio. (2) O limite indicado deve ser atendido na certificação do biodiesel pelo produtor ou importador. (3) Quando a análise de ponto de fulgor resultar em valor superior a 130ºC, fica dispensada a análise de teor de metanol ou etanol. (4) O método ABNT NBR 15342 poderá ser utilizado para amostra oriunda de gordura animal. (5) Para biodiesel oriundo de duas ou mais matérias-primas distintas das quais uma consiste de óleo de mamona: a) teor de ésteres, mono-, diacilgliceróis: método ABNT NBR 15342; b) glicerol livre: método ABNT NBR 15341; c) glicerol total, triacilgliceróis: método ABNT NBR 15344; d) metanol e/ou etanol: método ABNT NBR 15343. (6) O resíduo deve ser avaliado em 100% da amostra. (7) Estas características devem ser analisadas em conjunto com as demais constantes da tabela de especificação a cada trimestre civil. Os resultados devem ser enviados pelo produtor de biodiesel à ANP, tomando uma amostra do biodiesel comercializado no trimestre e, em caso de neste período haver mudança de tipo de matéria-prima, o produtor deverá analisar número de amostras correspondente ao número de tipos de matérias-primas utilizadas. (8) Poderá ser utilizado como método alternativo o método ASTM D6890 para número de cetano. (9) O limite máximo de 19ºC é válido para as regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Bahia, devendo ser anotado para as demais regiões. O biodiesel poderá ser entregue com temperaturas superiores ao limite supramencionado, caso haja acordo entre as partes envolvidas. Os métodos de análise indicados não podem ser empregados para biodiesel oriundo apenas de mamona. (10) Os métodos referenciados demandam validação para as matérias-primas não previstas no método e rota de produção etílica.

34

4.5 MATÉRIAS PRIMAS

A maior vantagem na produção de biodiesel sem dúvida é a de ele ser um

combustível proveniente de fontes renováveis, constituídas de matérias primas de

origem, principalmente, animal e vegetal. Em geral, todo biodiesel pode ser

produzido utilizando-se de óleos e gorduras, porém a recíproca não é verdadeira,

uma vez que, alguns triglicerídeos não apresentam propriedades ideais para a

produção de biodiesel, tais como alta viscosidade e baixo ponto de fusão (RAMOS et

al., 2007).

A Figura 5 detalha as principais matérias primas de biodiesel no Brasil, segundo

dados do Boletim Mensal de Biodiesel da ANP (2010). A Figura 6 destaca as

potencialidades agrícolas de cada região brasileira.

85,6%

11,2%

1,5% 1,7%

Óleo de Soja

Sebo

Óleo de Algodâo

Outros Materiais Graxos

Figura 5 - Matérias primas utilizadas na produção de biodiesel no Brasil. Fonte: ANP, 2010 (Mês de Referência: abr/2010).

35

Figura 6 - Potencialidade agrícola por região. Fonte: NEGRELLO E ZENTI, 2007.

4.5.1 Soja (Glycine max, Glycine javanica)

Segundo Dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA,

acesso em 10 de novembro 2009) o Brasil é o segundo maior produtor mundial de

soja. Na safra 2006/07, a cultura ocupou uma área de 20,7 milhões de hectares, o

que totalizou uma produção de 58,4 milhões de toneladas.

A soja é atualmente a principal matéria prima da produção de biodiesel no Brasil,

respondendo por quase 80% dos insumos de graxos. A Tabela 6 apresenta as

características da produção da soja na safra 2008/09 e a Figura 7, a espacialização

da produção da soja no Brasil disponibilizado pela Companhia Nacional de

Abastecimento (CONAB) para a Safra 2006/2007.

36

Tabela 6: Informações técnicas da soja

Característica Dados

Teor de óleo no grão 20% [18-21]

Produtividade média (grão) 2800 kg/ha

Rendimento em óleo 560 kg/ha

Produção 2008/09 57,63 Mt

Área Plantada 2008/10 21,56 Mha

Fonte: MAPA, 2009.

Figura 7 – Distribuição espacial da soja no Brasil 2006/2007 Fonte: Adaptado de CONAB, acesso em 10 de novembro 2009.

Apesar do Brasil ser um grande produtor de soja, grande parte da produção é

exportada para outros países. Segundo dados do CENTRO DE MONITORAMENTO

DE AGROCOMBUSTÍVEIS - CMA (2009), para a adição dos 3% obrigatórios de

biodiesel ao diesel comum seriam necessários uma produção de 4,3 Mt de soja para

37

produzir 1,3 bilhões de litros de biodiesel. Observa-se que é pouco perto dos quase

60 Mt produzidos no Brasil, porém um aumento do consumo de biodiesel poderia

levar à uma expansão, ainda não estudada, da soja para dentro da Amazônia Legal.

Outra característica negativa da soja é a alta mecanização das produções, processo

que inviabiliza a concorrência de pequenas propriedades.

4.5.2 Sebo Bovino (Bos taurus)

A produção de biodiesel utilizando, na quase totalidade, o sebo bovino como matéria

prima fica em segunda colocação no Brasil. Segundo dados do Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística - IBGE (2008) para o ano de 2007 o País contava com 199,7

milhões de cabeças de gado, sendo a região Centro-Oeste detentora da maior parte,

conforme visualizado na Figura 8.

Figura 8 – Rebanho bovino por regiões do país. Fonte: IBGE, 2008.

Apesar de bem distribuído pelo território nacional o biodiesel oriundo de sebo bovino

apresenta um problema de caráter técnico, conforme reportagem de RODRIGUES

38

(jun-jul/2008), “Dependendo do tipo de gordura, a temperatura de congelamento

varia entre 10 °C e 18°C,...” uma vez que possui altas concentrações de gorduras

saturadas com baixa solubilidade levando à cristalização em baixas temperaturas,

podendo causar prejuízos à tubulações das usinas de produção de biodiesel,

acarretando em um custo adicional ao produto final.

4.5.3 Microalgas

As microalgas são seres microscópicos e eucariontes, encontrados em água e em

solos úmidos, com grande diversidade metabólica, capazes de realizar diversas

reações bioquímicas, inclusive a fotossíntese, além de armazenar energia na forma

de gorduras, óleos e carboidratos (PELCZAR et al., 1997).

Talvez seja difícil imaginar que seres tão pequenos possam ter tamanho potencial

para a produção de biodiesel, porém um dos conceitos principais de uma matéria-

prima de excelência é a quantidade de óleo em massa que esta possui. Segundo

pesquisadores do Instituto de Biologia da Universidade Federal Fluminense, as

microalgas da região litorânea brasileira “... têm potencial energético suficiente para

produzir 90 mil quilos de óleo por hectare. Para se ter uma idéia, a soja principal

base do biodiesel no país produz entre 400 a 600 quilos de óleo por hectare”

(NATIONAL GEOGRAPHIC BRASIL, 2008). A Tabela 7 apresenta o percentual de

óleo presente em algumas espécies de microalgas.

39

Tabela 7: Teor de óleo em algas

Microalga Teor de óleo (% de massa seca)

Botryococcus braunii 25–75

Chlorella sp. 28–32

Crypthecodinium cohnii 20

Cylindrotheca sp. 16–37

Dunaliella primolecta 23

Isochrysis sp. 25–33

Monallanthus salina >20

Nannochloris sp. 20–35

Nannochloropsis sp. 31–68

Neochloris oleoabundans 35–54

Nitzschia sp. 45–47

Phaeodactylum tricornutum 20–30

Schizochytrium sp. 50–77

Tetraselmis sueica 15–23 Fonte: CHISTI, 2007.

Uma das maiores críticas, feitas por diversos setores econômicos e ambientais, é a

concorrência entre as áreas destinadas ao plantio de alimentos com áreas para o

plantio de matérias primas para produção de biodiesel. As microalgas podem ser

cultivadas em áreas menores e em condições ambientais impróprias para utilização

do homem, tais como, fontes de água salobras, salgadas ou poluídas com esgoto

(RODRIGUES, ago-set/2008). Dessa forma as algas acabam por deixar de competir

com os alimentos por terras férteis e por fontes de água doce. Na Tabela 8 é

comparada a quantidade de óleo por hectare, obtida de algumas matérias-primas

com as microalgas.

Tabela 8: Comparação da quantidade de óleo por hectare

Matéria Prima Quantidade de óleo (l/ha)

Milho 172

Soja 446

Canola 1.190

Pinhão 1.892

Coco 2.689

Palma 5.950

Microalgaa 136.900

Microalgab 58.700 a 70% de óleo em massa

b 30% de óleo em massa

Fonte: Adaptado de CHISTI, 2007.

40

4.5.4 Outras Matérias Primas

Além da soja, do sebo e das microalgas existem outras matérias primas que

possuem grande potencial na produção de biodiesel e que podem servir como

alternativas ao óleo de soja, e, algumas, mais apropriadas à agricultura familiar.

Algumas matérias primas alternativas de maior interesse são listadas abaixo:

Algodão (Gossypium spp) - é a terceira matéria prima mais utilizada no

Brasil, porém responde somente por aproximadamente 3% do óleo utilizado.

Sua produção a nível familiar é prejudicado, assim como a soja, pelo alto grau

de mecanização da agricultura. A distribuição espacial do algodão no território

nacional é apresentada na Figura 9.

41

Figura 9 – Distribuição espacial do algodão no brasil abr/2007. Fonte: Adaptado de CONAB, acesso em 10 de novembro 2009.

Mamona (Ricinus communis) - A cultura da mamona se tornou a principal

marca do PNPB, com grande potencial para a produção de biodiesel. Porém a

produção anual dessa oleaginosa tem se mantido em torno de 100 mil

toneladas (CONAB, 2010), bem abaixo do algodão, cuja produção anual

ultrapassa 2 milhões de toneladas. O setor de agroenergia ainda tem de

concorrer com a indústria ricinoquímica, já estabelecida no mercado de óleo

42

de mamona, e esta concorrência eleva o preço da matéria-prima de tal forma,

que muitas vezes supera o preço da soja (CMA, 2009).

Pinhão-Manso (Jatropha curcas) - Essa cultura se adapta em praticamente

todas as regiões brasileiras, o que a torna propicia ao cultivo nas regiões

semi-áridas em agriculturas familiares. As informações agrícolas sobre esta

planta ainda estão sendo estudadas, pois ainda não existem culturas

cadastradas em órgãos governamentais ou privados (DUARTE, jun-jul/2008).

Girassol (Helianthus annuus) - Essa cultura surgiu nos anos 90 como

matéria prima alternativa na produção de óleo durante a entressafra da soja e

do milho (MARÇAL, 2007).

4.6 PROCESSOS DE PRODUÇÃO

O uso de óleos vegetais diretamente nos motores a diesel, sem nenhum

processamento anterior, vem sendo alvo de estudos já há alguns anos. No Brasil

alguns estudos e pesquisas já ocorreram nesta área e em alguns destes testes,

realizados em caminhões e veículos agrícolas, já foi ultrapassada a marca de um

milhão de quilômetros rodados (MINISTÉRIO DA INDÚSTRIA E DO COMÉRCIO,

1985 apud RAMOS et al., 2007).

Vários são os estudos que objetivam produzir óleo combustível a partir de óleos

vegetais, animais ou até mesmo óleos de cozinha usados, com características e

eficiência próximas do hidrocarboneto do óleo diesel. Os principais problemas

encontrados nos óleos vegetais são: a alta viscosidade, baixa volatilidade e o seu

caráter poliinsaturado (GROSSLEY et al., 1962 apud MACEDO e MACEDO, 2004).

Existem três processos mais estudados, que visam romper os empecilhos da

utilização do biodiesel em substituição ao diesel do petróleo. São eles a pirólise,

microemulsificação e a transesterificação, também chamada de alcoólise.

43

A pirólise ou craqueamento é a transformação química do óleo vegetal em biodiesel

aplicando-se energia térmica na presença do nitrogênio. A reação ocorre em

temperaturas acima de 350°C, onde os triglicerídeos são decompostos em uma

mistura de hidrocarbonetos e compostos oxigenados (SUAREZ et al., 2007).

Na reação de pirólise originam-se os ácidos carboxílicos, cetanos e acroleína, na

sequência os ácidos carboxílicos se decompõe termicamente por decarbonilação (i)

ou por decarboxilação (ii), dando origem a hidrocarbonetos com insaturações

terminais ou hidrocarbonetos sem insaturações terminais, respectivamente (Figura

10).

Figura 10 - Reação de pirólise. Fonte: Adaptado de SUAREZ et al., 2007.

As microemulsificações podem ser definidas, segundo Scarpa et al. (2004), como o

processo pelo qual são formadas emulsões transparentes, nas quais existem dois

líquidos imiscíveis, reagindo com um tensoativo, associado ou não a um co-

tensoativo, levando à uma característica termodinamicamente estável, agindo assim

na quebra da tensão superficial facilitando a mistura. O uso desta técnica associada

à um álcool foi utilizada em alguns experimentos objetivando reduzir a viscosidade

44

dos óleos vegetais (SCHWAB et al., 1987apud MACEDO e MACEDO 2004). A

estrutura das microemulsões pode ser observada na Figura 11.

Figura 11 - Características das microemulsões Fonte: OLIVEIRA et al., 2004.

Estes dois processos, apesar de apresentarem resultados satisfatórios quanto à

similaridade química do produto final com o óleo diesel, são métodos inviáveis

devido a alguns problemas encontrados no final do processo.

O óleo proveniente da pirólise tem o oxigênio removido do processo devido à

utilização de energia térmica, aumentando os níveis de cinza, resíduos de carbono e

baixo ponto de ignição, o que elimina qualquer benefício ambiental (MA e HANNA,

1999 apud MACEDO e MACEDO, 2004). No processo de microemulsificação,

verificou-se em escala laboratorial, resíduos de carbono e aumento da viscosidade

(SCHWAB et al., 1987 apud MACEDO e MACEDO 2004).

A transesterificação é o processo mais comum de produção de biodiesel e vem

sendo utilizado na obtenção de óleos combustíveis de propriedades e desempenho,

similares ao diesel. Devido a sua importância, o processo de transesterificação,

principalmente pela via enzimática, será o foco principal deste estudo.

A reação de transesterificação ocorre da mistura entre óleos e alcoóis, na qual são

gerados ésteres (biodiesel) e glicerol. O álcool mais utilizado mundialmente no

45

processo normalmente é o metanol, pelo baixo preço no mercado, porém no Brasil o

álcool utilizado é o etanol pelo seu preço mais acessível, devido aos investimentos

realizados no período do Proálcool. A transesterificação ocorrendo naturalmente é

um processo lento, o que não o torna viável economicamente e ambientalmente.

Logo, há a necessidade da utilização de catalisadores na reação para acelerar a

mesma. Existem dois tipos de catalisadores possíveis de serem utilizados

viabilizando a produção de biodiesel, catalisadores químicos e biológicos. As Figuras

12 e 13 apresentam as equações de transesterificação de óleos vegetais com etanol

e metanol, respectivamente.

Figura 12 - Reação de transesterificação através do etanol. Fonte: Adaptado de SANTOS, 2007.

Figura 13 - Reação de transesterificação através do metanol. Fonte: Adaptado de SANTOS, 2007.

46

Observa-se que a reação geral traz uma relação de 3 moles de álcool e 1 mol de

triglicerídeos (3:1), porém por vezes faz-se necessário um aumento na concentração

de álcool em uma relação de 6:1 com o objetivo de se reduzir o tempo de reação e

aumentar a liberação da glicerol (MACEDO e MACEDO, 2004).

A transesterificação química utiliza compostos alcalinos ou ácidos, porém no

processo mundial a mais utilizada é a chamada transesterificação alcalina em virtude

de uma maior taxa de conversão em um menor tempo de reação, emprego de

temperaturas e pressões baixas, custo mais efetivo e formação direta de biodiesel

sem compostos intermediários. A produção pela via biológica ainda está sendo alvo

de estudos para se eliminar algumas barreiras na utilização desta tecnologia.

4.6.1 Transesterificação alcalina

Catalisadores são substâncias empregadas com a finalidade de reduzir a quantidade

de energia consumida por um determinado processo. Durante a transesterificação

alcalina os catalisadores mais utilizados são o NaOH e o KOH em função de

possuírem um custo reduzido e uma elevada reatividade (BAIL et al., 2007). A

utilização de catalisadores básicos homogêneos apresenta o inconveniente da

produção de sabões, devido à ação emulsificante natural destes compostos. Tal

processo dificulta a recuperação do biodiesel, além de ser uma reação paralela ao

da transesterificação, consumindo o catalisador parcialmente, diminuindo a

velocidade da reação e gerando certa quantidade de resíduo indesejável.

A utilização de catalisadores heterogêneos tem sido proposta para a

transesterificação uma vez que são mais fáceis de serem recuperados ao final da

reação e não geram sabões, porém seu rendimento é menor do que o uso de

catalisadores homogêneos (BAIL et al., 2007).

O maior problema da utilização de produtos químicos é a sua alta reatividade com

substâncias estranhas ao meio, tal como uma base ou ácido que em contato com

47

água sofre ionização afetando o rendimento da reação. Outro empecilho é que,

muitas vezes o catalisador não pode ser reutilizado o que acaba gerando

quantidades extras de resíduos químicos.

4.6.2 Transesterificação enzimática

As enzimas são em sua maior parte biomoléculas de proteínas que atuam como

catalisadores durante reações bioquímicas, onde, sem interferir no equilíbrio das

reações catalisadas aumentam a velocidade destas (NELSON e COX, 2006). O uso

destes compostos orgânicos vem despertando grande interesse dos diversos

setores industriais, principalmente das indústrias químicas e alimentícias que

utilizam lipases em seus processos (Tabelas 9 e 10).

A principal característica das enzimas é a sua alta especificidade, que faz com que

exista uma vasta gama de biocatalizadores para atuar em substratos específicos. Na

produção de biodiesel são utilizadas enzimas lipases, pois atuam na hidrólise de

óleos e gorduras, tornando-se catalisadores excelentes na produção de biodiesel por

transesterificação (FERNANDES, 2007).

48

Tabela 9: Aplicação de lipases no setor alimentício

Setor Alimentício Efeito Utilizado Produto

Laticínio Hidrólise da gordura do leite Agente aromatizante para manufatura de produtos lácteos

Panificação Melhoramento do sabor/qualidade, prolongamento do tempo de prateleira

Confeitos e bolos

Bebidas Melhoramento do aroma e aceleração da fermentação, por remoção de lipídeos

Bebidas alcoólicas, ex: saque, vinho e outras

Processamento de Derivados de Ovos

Melhoramento da qualidade do ovo por hidrólise dos lipídeos

Maionese, molhos e cremes

Processamento de Carne e Peixe Desenvolvimento de aroma e remoção de excesso de gorduras

Produtos embutidos

Processamento de Óleos

Transesterificação de óleos naturais. Hidrólise de óleos (ácidos graxos), diglicerídeos e monoglicerídeos.

Óleos e gorduras modificadas (substitutos da manteiga de cacau)

Fonte: CASTRO e ANDERSON, 1995.

Tabela 10: Aplicação de lipases no setor químico

Setor Químico Efeito Utilizado Produto

Química Fina Síntese de ésteres Ésteres

Detergentes Remoção de manchas de óleo e gorduras

Detergentes

Farmacêutico Digestão de óleos e gorduras de alimentos

Digestivos

Analítico Análise de triglicerídeos no sangue Diagnóstico

Cosmético Remoção de lipídos Cosméticos em geral

Curtume Remoção de gorduras das peles dos animais

Produtos de couro

Diversos Decomposição e remoção de substâncias oleosas

Limpeza de tubulação, tratamento de efluentes e outros, em combinação com outras enzimas

Fonte: CASTRO e ANDERSON, 1995.

Fica claro que as lipases são utilizadas há anos em diversas aplicações, contudo na

produção de combustíveis a tecnologia ainda não estão sendo utilizadas em larga

escala. Apesar da grande quantidade de estudos realizados nesta área, indicando a

superioridade do processo enzimático em relação ao processo químico, tanto no

quesito ambiental, quanto no quesito energético, o alto custo das enzimas em

relação ao valor do produto final ainda inviabiliza este processo.

49

A Figura 14 apresenta as diferenças gerais entre o processo enzimático e o

processo químico, enquanto a Tabela 11 apresenta algumas diferenças mais

específicas dentro das reações químicas.

Figura 14 - Comparação da produção de biodiesel pela via química e enzimática. Fonte: MOREIRA, 2007.

50

Tabela 11: Características das reações químicas e enzimáticas Características do

Processo Catálise

Enzimática Catálise Alcalina Referências

Temperatura de reação 30-40 ºC 40/60-70ºC

MACEDO e MACEDO, 2004;

MARCHETTI et al, 2007

MOREIRA, 2007

Recuperação do catalisador 95% Não

MARCHETTI et al, 2007

MEHER et al, 2006

MOREIRA, 2007

Sub Produtos Glicerina Glicerina, Sais e

Sabões

MARCHETTI et al, 2007

MEHER et al, 2006

MOREIRA, 2007

Recuperação do glicerol Fácil Difícil MACEDO e MACEDO, 2004;

Tempo de reação (conversão 99%)

3,5-144 horas 0,05-4 horas URIOSTE, 2004.

MOREIRA, 2007

Água na matéria prima Sem influência Interferência na

Reação MACEDO e MACEDO, 2004;

Purificação do produto Filtração /

Centrifugação

Neutralização / Filtração /

Centrifugação

MARCHETTI et al, 2007

MEHER et al, 2006

MOREIRA, 2007

Na transesterificação enzimática devem-se ponderar alguns aspectos na reação, tais

como, a proveniência da enzima, o tipo de álcool, a razão molar entre o óleo e o

álcool, quantidade de enzima, uso de solvente orgânico, quantidade de água na

reação, temperatura do processo e a possibilidade de reutilização das enzimas

(RODRIGUES, 2009).

Nem todos os óleos apresentam boas condições de solubilidade com os alcoóis e

com as baixas temperaturas utilizadas no processo enzimático. Em alguns casos é

necessário o uso de solvente orgânico na reação. Porém, segundo Iso et al. (2001,

apud. RODRIGUES, 2009), para a aplicação prática do biodiesel o uso de solventes

prejudica a eficiência energética do processo, uma vez que, ao final da reação,

necessita ser removido.

A temperatura é outro fator que exige atenção durante o processo enzimático de

produção de biodiesel, uma vez que, em se tratando de substâncias do grupo das

51

proteínas, teremos sempre uma temperatura ótima de atuação para cada tipo de

enzima. Uma vantagem observada é a influência de água na reação uma vez que as

lipases conseguem catalisar a reação com eficiência, tanto em ambientes aquosos,

quanto não aquosos (MACEDO e MACEDO, 2004).

4.6.2.1 Origem e Produção das Lipases

As lipases são substâncias encontradas amplamente na natureza e podem ser

provenientes de animais (pâncreas, fígado e estômago), vegetais e microorganismos

(bactérias e fungos) (PAQUES e MACEDO, 2005). As lipases mais utilizadas nas

indústrias são as originadas de microorganismos, devido às facilidades dos

procedimentos de extração e purificação, em geral relativos à maior especificidade e

diversidade da enzima, além de requerer um menor espaço físico comparado ao

processo de extração de enzimas de origem animal e vegetal (MOREIRA, 2007).

Apesar das lipases serem encontradas e produzidas por microrganismos, o processo

natural de produção não consegue sustentar a demanda mundial, uma vez que, os

microrganismos produzem enzimas em pequena escala, para uso próprio. Para

viabilizar a produção de lipases são utilizados métodos e tecnologias que visam

primeiramente estimular a produção de enzimas pelos microrganismos em um curto

espaço de tempo. Posteriormente, através de uma técnica denominada imobilização,

possibilita-se a utilização das enzimas para qualquer propósito em que ela seja

necessária, inclusive como catalisador do processo de transesterificação do

biodiesel.

A Tabela 12 apresenta alguns microrganismos mais destacados na literatura e na

indústria de enzimas.

52

Tabela 12: Microrganismos fontes de lipases Fungos Produtores de

Lipases Nomes Comerciais Empresas Referências

Penicillium camembertii Lipase G Amano Enzyme

Inc. MOREIRA, 2007 Thermomyces lanuginosos

Lipolase Novozymes

Brasil Aspergillus oryzae

Mucor miehei Lipozyme IM Novozymes

Brasil OLIVEIRA et al., 2004

Candida rugosa -

Amano Enzyme Inc. SANTOS, 2003

Sigma

Rhizopus oryzae

-

Sigma DALLA-VECCHIA et al.,

2007

Mucor javanicus

Aspergilus niger

Rhizomucor miehei Novozymes Brasil Thermomices lanuginosus

Penicillium verrucosum - - MENONCIN, 2009

Bactérias Produtoras de Lipases

Nomes Comerciais Empresas Referências

Pseudomonas fluorescens Lipase AK "AMANO"

20 Amano Enzyme

Inc. MOREIRA, 2007

Burkholderia cepacia Lipase PS Amano Enzyme

Inc.

Chromobacterium sp. Lipase T-01 Toyo Jozo CASTRO e ANDERSON,

1995

A produção de enzimas se constitui, sinteticamente, de 3 fases que são a

fermentação, filtragem da enzima e imobilização para comercialização. A

fermentação ocorre pelo cultivo intensivo dos microrganismos em biorreatores dentro

de um caldo nutritivo, com condições ideais, para cada bactéria ou fungo, de

temperatura e pH, onde as enzimas serão produzidas (NOVOZYMES, acesso em 11

de julho 2010). A filtragem se trata da separação das enzimas do caldo nutritivo. A

imobilização de enzimas é uma das soluções encontradas para viabilizar o uso dos

biocatalizadores, visto que, a enzima aprisionada no substrato inerte pode ser

utilizada por mais de uma vez resultando em economia nos processos industriais

(BARON, 2008).

De acordo com CANTARELLI (1989, apud CANILHA et al., 2006), a técnica de

imobilização é a estabilização de enzimas ou células ativas em um espaço

determinado, mantendo a sua eficiência catalítica. A imobilização pode ainda ser

definida como o aprisionamento e retenção das características catalíticas de

53

enzimas ou células para utilização contínua (KATCHALSKI-KATZIR & KRAEMER,

2000 apud CARVALHO et al., 2006).

4.6.2.2 Produção e Purificação de Lipases

A produção em escala mundial de produtos oriundos de processos biológicos

abrange técnicas de cultivo de microrganismos. Estes processos geralmente

necessitam de um controle da taxa de transferência de oxigênio, principalmente nos

casos em que o objeto de estudo é um microrganismo aeróbico (AMARAL, 2007).

O cultivo de microrganismos é realizado atualmente, em maior escala, pela técnica

de fermentação submersa, podendo ocorrer “em incubadora rotatória, onde os

controladores de pH e transferência de oxigênio são mais difíceis; ou em

biorreatores, que permitem o controle de diversos parâmetros” (VOLPATO, 2009, p.

14). Os biorreatores são equipamentos que possibilitam conduzir vários tipos de

processos biológicos, como por exemplo, a fermentação ou reações enzimáticas

(IUPAC, 1992). Em alguns experimentos o cultivo pode ser realizado com

microrganismos já imobilizados, para pular etapas de preparação do extrato bruto,

(BARON, 2008).

Após o cultivo dos microrganismos deve ser realizada a separação e purificação das

lipases. Esta é uma etapa complicada tendo em vista as mais diversas diferenças

existentes entre os meios de cultivo e os produtos de interesse (VOLPATO, 2009).

Para se obter um produto separado e purificado a partir do meio de cultivo segue-se

uma série de ações (BAILEY e OLLIS, 1986 apud TABOADA, 1999):

Remoção dos insolúveis - Filtração ou centrifugação;

Separação primária - Utilização de solventes, adsorção, precipitação ou

ultra-filtração;

Purificação - Técnicas de precipitação fracionada, cromatografia ou

eletroforese;

Separação final do produto - Métodos de cristalização, centrifugação e

secagem.

54

4.6.2.3 Técnicas de Imobilização de Lipases

A maior preocupação ao se utilizar técnicas de imobilização é de se obter

biocatalizadores com características estruturais e de atividade semelhantes ao das

enzimas livres ou se for possível com níveis de atividade catalítica superiores. Entre

outros objetivos da imobilização temos a possibilidade de reuso do catalisador e

redução de custos na utilização de enzimas.

Segundo DALLA-VECCHIA et al. (2004):

A imobilização de enzimas pode ser realizada através da adsorção ou ligação da enzima em um material insolúvel, pelo uso de um reagente multifuncional através de ligações cruzadas, confinamento em matrizes formadas por géis poliméricos ou encapsulação através de uma membrana polimérica.

As técnicas de imobilização de enzimas podem ser caracterizadas através de 3

métodos distintos, segundo SANTOS (2003), que podem ser descritos da seguinte

forma:

Adesão ao suporte - Adesão da lipase em um suporte insolúvel em água,

orgânico ou não, por ligação iônica ou covalente;

Ligação covalente cruzada - Essa técnica trata da formação de

macromoléculas de lipases, insolúveis em água, através do uso de reagentes

bifuncionais, que formam ligações entre os grupos laterais de aminoácidos

nas enzimas, formando uma rede;

Aprisionamento, oclusão ou confinamento - Aprisionamento das enzimas

em polímeros evitando a fuga da enzima para o ambiente externo, permitindo

apenas a difusão de substrato-produto.

55

A Figura 15 apresenta o esquema das técnicas utilizadas na imobilização de

enzimas:

Figura 15 – Técnicas de imobilização de enzimas. Fonte: DALLA-VECCHIA et al., 2004.

Para a imobilização de enzimas devem ser utilizados suportes inertes que não

influenciem na atividade enzimática, mantendo a atividade por um longo período de

modo à enzima ficar acessível ao substrato, de facilitar a recuperação da enzima e

permitir a enzima ser reutilizada em outros processos.

De acordo com CANILHA et al. (2006), dentre os suportes utilizados na imobilização

de enzimas estão entre os mais citados na literatura:

Eupergit C - suporte que consiste em micro-esferas macro-porosas;

Alumina - material inorgânico, inerte, poroso, transparente, estável, atóxico e

durável;

Sílica Gel - produto sintetizado da reação do silicato de sódio e ácido

sulfúrico.

Na Tabela 13 são apresentados outros tipos de suportes de imobilização de enzimas

encontrados na literatura.

56

Tabela 13: Suportes de imobilização enzimática

Técnicas de Imobilização de Lipases Aplicação Referências

Imobilização em filme de caseinato de sódio/glicerol

síntese de ésteres SEBRÃO et al.,

2007

Imobilização em gel de pectina síntese de ésteres SANTOS, 2003

Imobilização em copolímero de estireno-divinilbenzeno

síntese do butirato de n-butila OLIVEIRA et al.,

2000

Imobilização por ligação covalente usando esferas de poliacrilamida e Dacron magnetizado

- KNIGHT et al.,

2000

Imobilização por ligação covalente multipontual

síntese de ésteres RODRIGUES,

2009

Imobilização por ligação covalente em partículas magnetizadas de polisiloxano-álcool polivinílico (POS-PVA)

hidrólise de azeite de oliva e síntese de butirato de butila

BRUNO et al., 2008

Imobilização utilizando resina polimérica (Accurel EP 100) e carvão ativo ANF® (Carvorite – Irati/PR)

- MENONCIN,

2009

Imobilização utilizando bauxita ativada, carvão ativo de pinus, de casca de coco e de gel de ágar

biotransformação de óleos e gorduras

NASCIMENTO et al., 2001

4.7 EMISSÕES ATMOSFÉRICAS

A qualidade do ar de uma região é composta de um sistema complexo, envolvendo

a emissão de poluentes atmosféricos por fontes fixas e móveis, locais e distantes,

juntamente com as condições físicas e meteorológicas incidentes nessa região,

determinando a concentração dos poluentes na atmosfera.

Os poluentes atmosféricos causam efeitos adversos em habitats e na saúde humana

e animal. A deterioração da qualidade do ar, acidificação, degradação de florestas,

assim como preocupações com a saúde pública levaram a regulamentos locais e

57

internacionais visando controlar as emissões atmosféricas (GLOBAL REPORTING

INITIATIVE, acesso em 3 de novembro 2009).

Com o intuito de estabelecer estratégias para o controle, preservação e recuperação

da qualidade do ar válida para todo o território nacional, conforme previsto na Lei nº

6.938/81, foi instituído o Programa Nacional de Controle da Qualidade do Ar -

PRONAR pela resolução CONAMA Nº 05/89, dando definições e diretrizes para

prevenção e gerenciamento.

Com base nesta norma, foi editada em 28/06/90 a resolução CONAMA Nº 03, que

estabelece padrões de qualidade do ar, métodos de amostragem e análise dos

poluentes atmosféricos e níveis de qualidade, atinentes a um plano de emergência

para episódios críticos de poluição atmosférica, visando providências dos governos

estaduais e municipais, com o objetivo de prevenir grave e iminente risco à saúde

pública.

A mesma Resolução estabeleceu ainda que: “Enquanto cada Estado não definir as

áreas de Classe I, II e III mencionadas no item 2, sub-item 2.3, da Resolução

CONAMA nº 05/89, serão adotados os padrões primários de qualidade do ar

estabelecidos nesta Resolução”.

A Tabela 14 apresenta os padrões de qualidade do ar primários e secundários,

segundo a Resolução CONAMA 03/90 e a Tabela 15 o Índice Geral da Qualidade do

Ar, formulado pela Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental – CETESB,

relacionando qualidade do ar e efeitos à saúde.

58

Tabela 14: Padrões de qualidade do ar

Poluente Padrão Primário b

Padrão Secundário c

Concentração

(µg/m³) Referência Temporal

Concentração (µg/m³)

Referência Temporal

Partículas Totais em Suspensão (PTS)

80 a

1 ano 60 a

1 ano

240 24 horas 150 24 horas

Partículas Inaláveis <10 µm(PI)

50 1 ano 50 1 ano

150 24 horas 150 24 horas

Dióxido de Enxofre (SO2)

80 1 ano 40 1 ano

365 24 horas 100 24 horas

Monóxido de Carbono (CO)

10.000 (9 ppm) 8 horas 10.000 (9 ppm) 8 horas

40.000 (35 ppm) 1 hora 40.000 (35 ppm) 1 hora

Dióxido de Nitrogênio (NO2)

100 1 ano 100 1 ano

320 1 hora 190 1 hora

Fumaça 150 24 horas 100 24 horas

60 1 ano 40 1 ano

Ozônio (O3) 160 1 hora 160 1 hora

Fonte: Resolução CONAMA 03/1990 Notas:

a. Média Geométrica b. Padrão Primário – concentrações que se ultrapassadas poderão afetar a saúde da

população. c. Padrão Secundário – concentrações abaixo das quais se prevê o mínimo efeito adverso

sobre o bem estar da população bem como o mínimo dano à fauna e à flora. Em áreas poluídas, podem ser entendidos como níveis desejados de concentração de poluentes, constituindo-se em meta de longo prazo.

59

Tabela 15: Índice geral da qualidade do ar

Qualidade Boa Regular Inadequada Má Péssima

Índice 0-50 51-100 101-199 200-299 ≥300

MP10 (μg/m³) 0-50 >50-150 >150 e<250 ≥250 e<420 ≥420

O3(μg/m³) 0-80 >80-160 >160 e <200 ≥200 e 800 ≥800

CO (ppm) 0 - 4,5 >4,5 - 9 >9 e <15 ≥15 e <30 ≥30

NO2 (μg/m³) 0-100 >100 - 320 >320 e <1130 ≥1130 e <2260 ≥2260

SO2 (μg/m³) 0-80 >80- 365 >365 e <800 ≥800 e <1600 ≥1600

Significado Praticamente não há riscos à saúde.

Pessoas de grupos sensíveis (crianças, idosos

e pessoas com doenças respiratórias e

cardíacas), podem apresentar

sintomas como tosse seca e cansaço. A

população, em geral, não é afetada.

Toda a população pode

apresentar sintomas como tosse seca,

cansaço, ardor nos olhos, nariz e garganta.

Pessoas de grupos sensíveis (crianças, idosos

e pessoas com doenças respiratórias e

cardíacas), podem apresentar

efeitos mais sérios na saúde.

Toda a população pode apresentar agravamento

dos sintomas como tosse seca, cansaço, ardor nos olhos, nariz e

garganta e ainda apresentar falta de ar e respiração ofegante.

Efeitos ainda mais graves à saúde de grupos sensíveis

(crianças, idosos e pessoas com problemas cardiovasculares)

Toda a população pode apresentar sérios riscos

de manifestações de doenças respiratórias e cardiovasculares.

Aumento de mortes prematuras em pessoas de grupos sensíveis.

Fonte: CETESB, 2007

No que tange a emissão de contaminantes por veículos automotores, o órgão

ratificador de âmbito nacional neste assunto é a CETESB. Ela é responsável pela

implantação e operacionalização do Programa de Controle de Poluição do Ar por

Veículos Automotores - PROCONVE.

O PROCONVE foi implantado no Brasil em 1986 através da submissão de veículos

novos a rígidas análises e testes da quantificação de suas emissões, e através da

implementação de diversas tecnologias de controle de emissão, tais como,

catalisadores, injeção eletrônica e combustíveis mais limpos, o que ocasionou, desta

forma, uma redução de mais de 90% da emissão de poluentes de veículos novos

(CETESB, acesso em 2 de abril 2009).

A Tabela 16 traz os fatores de emissão veicular utilizados pela CETESB no relatório

de qualidade do ar no Estado de são Paulo em 2007.

60

Tabela 16: Fatores médios de emissão dos veículos

Fontes de Emissão Tipo de Veículo Fator de Emissão (g/km)

CO HC NOx SOx MP

Tubo de Escapamento

Gasolina Ca 11,09 1,14 0,74 0,07 0,08

Ácool 19,95 2,15 1,29 - -

Flex (Álcool) 0,50 0,13 0,08 - -

Dieselb 14,20 2,21 10,28 0,14 0,52

Táxic 0,80 0,44 0,90 - -

Motocicletas e Similares

12,76 1,71 0,13 0,02 0,05

Emissão do Cárter e Evaporativa

Gasolina C1 - 2,00 - - -

Álcool - 1,50 - - -

Motocicletas e Similares

- 1,40 - - -

Pneus Todos os tipos - - - - 0,07

Fonte: CETESB, 2007 Notas:

a. Gasolina C: gasolina Contendo 22% de alcool anidro e 350 ppm de enxofre (massa). b. Diesel: tipo metropolitano com 350 ppm de enxofre (massa). c. Considerou-se uma frota movida a gás natural veicular (GNV).

Diante do crescente interesse mundial no uso do biodiesel, a UNITED STATES

ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY (USEPA) comandou um rigoroso

estudo a cerca dos impactos da emissão proveniente do uso do biodiesel em

veículos pesados (USEPA, 2002).

Foram relatados resultados para os poluentes regulamentados nos Estados Unidos

e para os não regulamentados. A Figura 16 expõe as mudanças no percentual de

emissão em relação ao percentual de biodiesel misturado ao diesel de petróleo,

admitindo-se, como base, resultados médios de emissão biodiesel de soja.

61

Figura 16 - Impactos de emissões médias no uso de biodiesel. Fonte: USEPA, 2002.

O uso do biodiesel reduziu progressivamente emissão de poluentes, com exceção

dos óxidos de nitrogênio (NOx). Os óxidos de nitrogênio são formados basicamente

pelo monóxido de nitrogênio (NO) e pelo dióxido de nitrogênio (NO2), sendo estes

precursores do ozônio troposférico, que tem um alto poder de oxidação,

prejudicando assim a saúde dos seres vivos.

Observa-se a ausência de óxidos de enxofre (SOx), uma vez que, diferentemente

dos combustíveis fósseis, os biocombustíveis não contêm enxofre em sua

composição.

62

5 CONCLUSÕES

A análise geral dos dados inseridos neste trabalho permitiu definir o biodiesel como

um combustível obtido a partir de óleos vegetal ou animal, transformados através de

processos produtivos, químicos ou biológicos.

A sua função social é enquadrada dentro da inclusão de pequenas famílias de

produtores rurais na produção da matéria-prima, porém a necessidade de produção

em larga escala para suprir a demanda de matéria prima dificulta a entrada da

agricultura familiar, tendo em vista que a maior parte da produção é realizada, de

forma mecanizada, por grandes proprietários rurais.

Do ponto de vista econômico, espera-se que o processo produtivo traga uma ampla

oferta de empregos nos diversos setores da economia, além da possibilidade de

uma redução da dependência dos derivados de petróleo. Mas para que o biodiesel

se torne um combustível apropriado, consiga competir com o diesel de petróleo e se

torne um combustível ambientalmente sustentável é necessário que as normas e leis

vigentes no Brasil estejam adequadas e sejam seguidas, de modo a permitir que o

biodiesel brasileiro se torne um produto de excelência no quadro nacional e

internacional.

O Brasil se encontra em certa vantagem em relação ao potencial agrícola, sua

diversidade climática e variedade de matérias-primas, sendo possível adequar cada

região geográfica do nosso território a uma espécie vegetal ou animal mais

produtivo.

63

Os benefícios decorrentes do uso do biodiesel são vastos, entretanto ainda é

necessário que haja uma maior participação governamental na promoção de

pesquisa científica nos principais setores da cadeia produtiva para que esta nova

alternativa atinja o sucesso necessário para se tornar competitivo com óleo diesel,

destacando-se as principais vertentes que necessitam de maior atenção:

Busca de matérias primas mais adequadas, de preferência que possuam

características produtivas de alto teor de óleo por massa;

Legislações ambientais mais restritivas para que a produção de matérias

primas não se torne um pretexto para o desmatamento de áreas protegidas;

Processos produtivos mais eficazes ambiental e economicamente;

Maiores incentivos fiscais do governo para a produção do biodiesel, de modo

que este possa ser competitivo com os preços do diesel;

Maiores estudos quanto às reais reduções de emissão de poluentes

atmosféricos do biodiesel em relação ao diesel de petróleo, com maior

atenção para o dióxido de carbono (gás de efeito estufa) e os óxidos de

nitrogênio (precursores do ozônio troposférico).

Quanto aos processos produtivos apresentados, na atual situação do biodiesel a

produção por transesterificação enzimática ainda não o torna um biocombustível

viável economicamente para competir com o diesel de petróleo, por tanto ainda se

faz necessário a transesterificação pela via alcalina, que apesar de não ser uma

técnica mais limpa do que o processo enzimático, se faz necessário para obtermos

mais rapidamente uma condição de emissão de poluentes atmosféricos em níveis

baixos, reduzindo em parte as agressões antrópicas que degradam o meio ambiente

e consequentemente nossa qualidade de vida.

64

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