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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA INSTITUTO DE QUÍMICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA Obtenção de antioxidantes naturais e aplicação em misturas de diesel e biodiesel sintetizado a partir das oleaginosas de soja e algodão Keverson Gomes de Oliveira Dissertação de Mestrado Natal/RN, abril de 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTECENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA

INSTITUTO DE QUÍMICAPROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA

Obtenção de antioxidantes naturais e aplicação em misturas de diesel ebiodiesel sintetizado a partir das oleaginosas de soja e algodão

Keverson Gomes de OliveiraDissertação de MestradoNatal/RN, abril de 2017

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Keverson Gomes de Oliveira

OBTENÇÃO DE ANTIOXIDANTES NATURAIS E APLICAÇÃO EM

MISTURAS DE DIESEL E BIODIESEL SINTETIZADO A PARTIR DAS

OLEAGINOSAS DE SOJA E ALGODÃO

Defesa de mestrado apresentada

ao programa de pós-graduação em

Química da Universidade Federal

do Rio Grande do Norte, em

cumprimento as exigências para

obtenção do título de Mestre em

Química.

Orientadora: Profª.Drª. Luciene da Silva Santos

Co-Orientador: Prof.Dr. Julio Cezar de Oliveira Freitas

Natal/RN

2017

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRNSistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Francisco Gurgel De Azevedo Instituto Química - IQ

Oliveira, Keverson Gomes de.Obtenção de antioxidantes naturais e aplicação em misturas de

diesel e biodiesel sintetizado a partir das oleaginosas de sojae algodão / Keverson Gomes de Oliveira. - 2017.

86 f.: il.

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande doNorte, Centro de Ciências Exatas e da Terra, Instituto deQuímica, Programa de Pós-Graduação em Química, Natal, 2017.

Orientador: Profª. Drª. Luciene da Silva Santos.Coorientador: Prof. Dr. Julio Cezar de Oliveira Freitas.

1. Biodiesel - Dissertação. 2. Antioxidantes - Dissertação. 3.Oxidação lipídica - Dissertação. 4. Plantas oleaginosas - Algodão- Dissertação. 5. Plantas oleaginosas - Soja - Dissertação. 6.Catálise heterogênea - Dissertação. 7. Química - Dissertação. I.Santos, Luciene da Silva. II. Freitas, Julio Cezar de Oliveira.III. Título.

RN/UF/BS-IQ CDU 665.75(043.3)

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Dedico este trabalho a Deus por me

capacitar e permitir isto, a meus pais

Lucinaldo e Gisêlda, por todo

esforço e carinho durante toda vida

que me fizeram chegar até aqui e ao

meu irmão e vó Judith por todo afeto

e confiança.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por me ajudar a superar as limitações das minhas fraquezas e me capacitar

a estar aqui hoje.

Aos meus pais pelo esforço para garantir entre tantas coisas a minha educação.

Ao meu irmão Kleber e vó Judith, pelo carinho e orações e confiança. E a todos os

familiares.

A minha Orientadora Profª Luciene da Silva Santos pela determinação de tirar o

melhor de mim para minha formação.

Ao meu Co-Orientador Prof. Julio Cezar de O. Freitas por ter me aceitado no início

do trabalho, o que permitiu trabalhar na minha área de interesse.

A Joadir pela disponibilidade nas análises realizadas na central analítica.

Aos meus amigos do LABPETROL - Laboratório de Caracterização de Petróleo da

UFRN, Etermistócles, Carlos, José Alberto, Valdic, Rafael, Clenildo, Gabriel,

Tatyane, Ramoni, Wellison, Lorena, Anne, Fernanda, Thiago e Heloise por todo

apoio.

Ao Laboratório LABPEMOL (Laboratório de Peneiras Moleculares) pelas análises de

Difração de Raios X.

A Breno da Silva Rocha, Rodrigo Lhul e a Petrobras (RPCC) pelas amostras de diesel e

biodiesel fornecidas para realização da pesquisa neste trabalho.

Ao laboratório da UNIFACS pelas análises de CG-FID, TG/DTG.

Ao Laboratório de Caracterização Estrutural de Materiais/UFRN pelas análises de

FRX.

Aos meus amigos Victor, Gilmar e Jackson.

Aos meus amigos/irmãos da Comunidade Católica Shalom pelo apoio através das

orações, brincadeiras, convivências e tudo mais.

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“Os que confiam no Senhor

são como o monte Sião,

eternamente firme. Como

Jerusalém está toda cercada de

montanhas, assim o Senhor

envolve seu povo, agora e

sempre.” Salmos 124, 1.

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Resumo

O aumento gradativo do uso de biodiesel na matriz energética brasileira, como combustível em misturas biodiesel/diesel, tem incentivado a pesquisa por métodos mais eficazes de obtenção e controle dos processos oxidativos deste biocombustível, buscando maior qualidade do produto. Neste trabalho, foram sintetizados biodiesel de oleaginosas do algodão e da soja, e antioxidantes naturais (Passiflora edullis, Punica granatum, Syzygium aromaticum, respectivamente, maracujá, romã e cravo). O biodiesel proveniente da Refinaria Potiguar Clara Clamarão, RPCC, foi utilizado para comparação. A síntese dos biodiesel deste trabalho, ocorreu por catálise homogênea, com KOH e, catálise heterogênea, com catalisadores baseados em sílicas impregnadas por metais sódio e potássio, denominados CAT1 e CAT2. Os biodiesel produzidos foram utilizados em misturas combustíveis biodiesel/diesel, na proporção volumétrica de 10% e 15%. As propriedades físico-químicas dos combustíveis produzidos, tais como, viscosidade e densidade (ASTM D7042), ponto de fulgor (ASTM D93), ponto de névoa (ASTM D2500), ponto de fluidez (ASTM D97) e ponto de entupimento (ASTM D6371) foram determinadas segundo as normas da American Society for Testing and Materials – ASTM, de acordo com as especificações definidas pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustível – ANP. Os antioxidantes obtidos, através de extração alcoólica com octanol, foram caracterizados por espectroscopia na região do infravermelho com transformada de Fourier (FTIR). Os espectros de FTIR apresentaram bandas em torno de 3000 cm-1 referentes à deformação axial C-H de aromáticos, 1601 cm-1 e 1460 cm-1 atribuídas à deformação axial de C=C do anel aromático, que são típicas de compostos fenólicos que compõe os principais antioxidantes. O método Rancimat foi utilizado para determinar o Período de Indução (PI), do biodiesel de soja e o de algodão com os antioxidantes naturais. O antioxidante obtido da espécie Passiflora edullis (maracujá) apresentou PI de 5,23 h e 3,68 h, respectivamente, para o biodiesel de soja e algodão. Os catalisadores produzidos neste trabalho foram caracterizados por difração de raios X (DRX), espectrometria de fluorescência de raios X (FRX) e FTIR. O CAT 1, apresentou tempo reacional de 30 min e rendimento de 85% para o biodiesel de soja produzido. O catalisador CAT2, produziu o biodiesel de soja em maior tempo reacional e rendimento de 75%, porém apresentou elevada capacidade de reutilização. Os antioxidantes naturais apresentaram atividade no biodiesel similar aos sintéticos, contribuindo com metodologia de fácil execução e menor custo. As misturas antioxidante/biodiesel/diesel permaneceram dentro dos limites de especificação exigidos pela ANP para comercialização do combustível. Palavras-chave: Biodiesel de soja e algodão; Antioxidantes naturais; Propriedades físico-químicas; Catálise heterogênea.

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Abstract

The gradual increase in the use of biodiesel in the Brazilian energy matrix, as a fuel in biodiesel/diesel blends, has encouraged the search for more effective methods to obtaining and controlling the oxidative processo of this biofuel, looking for higher product quality. In this work we were synthesized biodiesel from cotton and soybean oil, and natural antioxidants (Passiflora edulis, Punica granatum, Syzygium aromaticum, respectively, passion fruit, pomegranate and clove). The biodiesel from the Potiguar Clara Clamarão Refinery, RPCC, was used for comparison. The biodiesel synthesis occurred by homogeneous catalysis, with KOH, and heterogeneous catalysis, with catalysts based on silica impregnated with sodium and potassium metals, called CAT1 and CAT2. The produced biodiesel was used in biodiesel/diesel blends, in the volumetric proportion of 10% and 15%. The physicochemical properties of the produced fuels, such as kinematic viscosity and specific mass (ASTM D7042), flash point (ASTM D93), cloud point (ASTM D2500), pour point (ASTM D97) and cold filter plugging point (ASTM D6371) were determined following the American Society for Testing and Materials (ASTM) standards, according to the specifications defined by the Nacional Agency of Petroleum, Natural Gas and Biofuels (ANP). The antioxidants obtained through alcoholic extraction with octanol were characterized by Fourier transform infrared spectroscopy (FTIR). The FTIR spectra presented bands around 3000 cm-1 relative to C-H deformation of aromatic, 1601 cm-1 and 1460 cm-1 attributed to the axial deformation of C=C in the aromatic ring, which are typical from phenolic compounds that composes the antioxidants. The Rancimat method was used to determine the Induction Period (IP), of the biodiesel with the antioxidants. The antioxidant obtained from Passiflora edulis (passion fruit) showed IP of 5.23 h and 3.68 h for soybean and cotton biodiesel, respectively. The produced catalysts in this work were characterized by X-ray diffraction (XRD), X-ray fluorescence spectrometry (XRF) and FTIR. CAT 1 presented a reaction time of 30 min and yield of 85% for the produced soybean biodiesel. The catalytic converter CAT2, produced the soybean biodiesel in a longer reaction time and yield of 75% but presented a higher reused capacity. The natural antioxidants presented activity in the biodiesel similar to the synthetic ones, contributing with an easy execution and low cost methodology. The antioxidant/biodiesel/diesel blends remained within the specification limits required by the ANP for fuel commercialization.

Keywords: Soybean and cotton biodiesel; Natural antioxidants; Physicochemical properties; Heterogeneous catalysis.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Matriz energética mundial 17

Figura 2 Distribuição energética no setor de transportes 18 Figura 3 Representação de uma destilação de petróleo 19 Figura 4 Fluxograma de preparação do Biodiesel 20 Figura 5 Mecanismo de transesterificação catalise básica 24 Figura 6 Mecanismo de transesterificação catalise ácida 25 Figura 7 Representação da reação de autoxidação 29 Figura 8 Estrutura fenólica de antioxidantes sintéticos 30 Figura 9 Mecanismo da ação antioxidante BHT com um

éster com radical livre 32

Figura 10

Fluxograma contendo as etapas principais da pesquisa aplicada neste trabalho

35

Figura 11 Fluxograma da metodologia de obtenção do biodiesel

42

Figura 12 Fluxograma da metodologia de preparação do CAT2

43

Figura 13 Fluxograma de produção do biodiesel a partir da utilização de catalisadores heterogêneos

45

Figura 14 Fluxograma da metodologia de obtenção dos antioxidantes

46

Figura 15 Difratogramas de raios X da sílica pura 53 Figura 16 Difratogramas de raios X do CAT1 54 Figura 17 Difratogramas de raios X do CAT2 54 Figura 18 Espectro de FTIR do CAT1 56 Figura 19 Espectro de FTIR do CAT2 58 Figura 20 Difratogramas de raios X do CAT2 após a

Transesterificação 58

Figura 21 Espectro na região do IV do Biodiesel de soja produzido com o (a) o CAT1 e (b) o CAT2

61

Figura 22 Espectro na região do IV dos antioxidantes de cravo, maracujá e romã

62

Figura 23 Curvas de destilação das amostras S10B10, S10B10AC e S10B10AN.

65

Figura 24 Curvas de destilação das amostras S10B15, S10B15AC e S10B15AN

66

Figura 25 Gráfico de Viscosidade Cinemática das amostras S10B10 isentas de antioxidante e S10B10 com antioxidantes

68

Figura 26 Massa específica das amostras a 20°C 69 Figura 27 Índice de Cetano das amostras de Diesel/Biodiesel

com antioxidantes e sem antioxidantes. 70

Figura 28 a Estabilidade oxidativa das misturas Diesel/Biodiesel (10%) e antioxidantes

71

Figura 28 b Estabilidade oxidativa das misturas Diesel/Biodiesel (15%) e antioxidantes

72

Figura 29 Espectro na região do IV para as amostras de S10B10 isentas e com antioxidante comercial

73

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Propriedades físico-químicas das amostras

de diesel e biodiesel utilizadas no trabalho. 49

Tabela 2 Propriedades físico-químicas das misturas

diesel/biodiesel. 51

Tabela 3 Resultados da análise cromatográfica (CG-FID) dos biodiesel RPCC, de soja e de algodão

52

Tabela 4 Composição dos catalisadores CAT1 e CAT2 por FRX

55

Tabela 5 Resultados de FRX para o CAT2 recuperado e antes da reação

59

Tabela 6 Propriedades físico-químicas para o Biodiesel de soja obtido com CAT1 e CAT2

60

Tabela 7 Número de onda e Vibração dos grupos funcionais presentes no extrato de antioxidantes fenólicos naturais.

63

Tabela 8 Resultados dos testes com antioxidantes 64

Tabela 9 Dados de temperaturas de destilação das amostras de diesel S10 e das formulações de diesel com biodiesel e antioxidante.

65

Tabela 10 Viscosidades Cinemáticas das amostras 67

Tabela 11 Resultados da estabilidade oxidativa das amostras isentas de antioxidante e das amostras com antioxidante

71

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LISTA DE ABREVIATURAS

ANP - Agência Nacional de Petróleo, gás natural e biocombustíveis;

BHA - Butil-hidroxi-anisol

BHT- Butil-hidroxi-tolueno

CAT1 - Sílica MP1 impregnada com sódio e potássio;

CAT2 - Sílica MP1 impregnada com sódio;

Diesel A - Sem biodiesel;

Diesel B - Com biodiesel;

DRX - Difração de raios X;

FRX - Espectrometria de fluorescência de raios X;

FTIR - Fourier transformed infrared (do inglês, Infravermelho com transformada de

Fourier);

MME - Ministério das minas e energias;

PG - Propil galato

RPCC – Refinaria Potiguar Clara Camarão

TBQH - Terc-Butil-hidroquinona

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 14 2 OBJETIVO 16 2.1 OBJETIVO GERAL 16 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 16 3 ESTADO DA ARTE 17 3.1 DIESEL 17 3.2 OBTENÇÃO, COMPOSIÇÃO E UTILIZAÇÃO DO DIESEL 18 3.3 BIODIESEL 20

3.4 REGULAMENTAÇÃO PARA USO DE DIESEL E BIODIESEL NO PAÍS

21

3.5 PROCESSOS DE OBTENÇÃO DO BIODIESEL 23 3.5.1 Transesterificação 23 3.5.2 Esterificação 25 3.5.3 Craqueamento térmico 25 3.5.4 Transesterificação enzimática 25 3.5.5 Obtenção por processo de hidrogenação (H-Bio) 26 3.6 CATALISADORES PARA PRODUÇÃO DE BIODIESEL 26 3.6.1 Sílica como suporte de catalisadores heterogêneos 27 3.7 PROCESSOS OXIDATIVOS NO BIODIESEL 27 3.7.1 Reações de autoxidação 28 3.7.2 Reações de fotoxidação 29 3.7.3 Oxidação enzimática 29 3.8 SUBSTÂNCIAS ANTIOXIDANTES 30 3.8.1 Antioxidantes sintéticos 30 3.8.2 Antioxidantes naturais 31 3.8.3 Ação dos antioxidantes 31 4. METODOLOGIA EXPERIMENTAL 34 4.1 MATERIAIS E REAGENTES 34 4.2 TESTES PRELIMINARES PARA AVALIAÇÃO DE

PROPRIEDADES FISICOQUÍMICAS DE MISTURAS DE DIESEL E BIODIESEL

36

4.2.1 Análise por cromatografia gasosa chama (CG-FID) para

os Biodiesel

36

4.2.2 Determinação de pH das amostras de biodiesel 37

4.2.3 Espectroscopia no Infravermelho por Transformada de

Fourier – FTIR

37

4.2.4 Determinação da Densidade; Viscosidade cinemática e

dinâmica a 40°C para diesel e amostras de

Diesel/Biodiesel

37

4.2.5 Determinação do Ponto de fulgor das amostras de diesel

e misturas Diesel/Biodiesel

38

4.2.6 Determinação do Ponto de névoa para as amostras de biodiesel

38

4.2.7 Determinação do Ponto de fluidez para as amostras de 38

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biodiesel e misturas Diesel/Biodiesel

4.2.8 Determinação do Ponto de Entupimento de Filtro a Frio

(PEFF). 39

4.2.9 Obtenção da Curva de Destilação ASTM D-86 39

4.2.10

Determinação de estabilidade oxidativa pelo método

PetrOxy

40

4.2.11 Determinação de estabilidade oxidativa pelo método

Rancimat

40

4.3 METODOLOGIAS DE PREPARAÇÃO DOS BIODIESEL DE

SOJA E DE ALGODÃO POR CATÁLISES HOMOGÊNEAS E

HETEROGÊNEAS

40

4.3.1 Catálise Homogênea – Obtenção do biodiesel 40

4.3.2 Catálise Heterogênea – Preparação, Caracterização dos Catalisadores Heterogêneos

42

4.3.3 Ténicas para Caracterização dos catalisadores

44

4.3.3.1 Difratometria de raios X (DRX) 44

4.3.3.2 Espectrometria de fluorescência de raios X (FRX) 44

4.3.4 Obtenção do biodiesel por catálise heterogênea 44 4.4 PREPARAÇÃO DOS ANTIOXIDANTES 45

4.4.1 Preparação das misturas Diesel/Biodiesel/antioxidantes 46

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO 48 5.1 CARACTERIZAÇÃO DO DIESEL A, E DOS BIODIESEL

UTILIZADOS NESTE TRABALHO 48

5.1.1 Propriedades físico-químicas das amostras de biodiesel e diesel

48

5.1.2 Caracterização das misturas diesel/biodiesel 10% (v/v) e

15% (v/v) da RPCC – testes preliminares

50

5.1.3 Análises cromatográficas dos biodiesel 52 5.2 CARACTERIZAÇÃO DOS CATALISADORES CAT 1 E CAT2 53 5.2.1 Difração de raios X (DRX) 53 5.2.2 Fluorescência de raios X - (FRX) 56 5.2.3 Espectroscopia de infravermelho dos catalisadores

CAT1 e CAT2. 57

5.3 CARACTERIZAÇÃO DO CATALISADOR CAT2 (RECUPERADO) APÓS REAÇÃO DE TRANSESTERIFICAÇÃO

58

5.3.1 Difração de raios X e fluorescência de raios X. 58 5.4 PRODUÇÃO DE BIODIESEL DE SOJA COM O CAT1 E

CAT2 59

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5.4.1 FTIR dos biodiesel de soja produzidos com CAT1 e CAT2 60 5.5 RESULTADOS OBTIDOS PARA OS ANTIOXIDANTES

UTILIZADOS NESTE TRABALHO. 62

5.5.1 Caracterização dos antioxidantes 62 5.5.2 Avaliação da eficácia dos antioxidantes naturais no

biodiesel 63

5.6 RESULTADOS DE ENSAIOS FISICOQUÍMICOS PARA AS MISTURAS DE DIESEL/BIODIESEL/ANTIOXIDANTE NATURAL E COMERCIAL

64

5.6.1 Destilação atmosférica 64 5.6.2 Viscosidade cinemática a 40°C 66 5.6.3 Massa específica a 20°C 69 5.6.4 Índice de cetano 70 5.7 ESTABILIDADE OXIDATIVA 71 5.8 ESPECTROSCOPIA DE INFRAVERMELHO COM

TRANSFORMADA DE FOURIER (FTIR) 73

6 CONCLUSÃO 75 REFERÊNCIAS 76

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1. INTRODUÇÃO

A matriz energética brasileira utiliza abundantemente o óleo diesel, como

combustível em carros, caminhões e máquinas agrícolas. Este é obtido do petróleo

presente em campos de produção, que posteriormente passa por processamentos

primários e refino para a obtenção de derivados de maior valor agregado (ECKERT,

et al., 2012; THOMAS, 2004). No mundo atual, o uso de derivados do petróleo tem

aumentado a cada ano, principalmente em relação à energia primária utilizada, onde

cerca de 80% são provenientes de origem fóssil e destes, 57,7% são consumidos na

área de transportes (LORA, VENTURINI, 2012; IEA, 2006). A perspectiva, é que até

2050 o diesel seja responsável por 51% da matriz energética, no setor de

transportes (MME, 2014).

O aumento do consumo de petróleo, sem o devido planejamento, levou a uma

diminuição considerável das reservas mundiais e, até mesmo, o esgotamento de

alguns campos por se tratar de matéria-prima não renovável (LORA, VENTURINI,

2012). Além disso, o mundo passa por um grave problema de mudança climática,

principalmente o aquecimento global, onde especialistas relacionam esses

problemas diretamente à emissão desordenada de gases gerados, principalmente

na combustão dos combustíveis fósseis, dentre estes, o dióxido de carbono (CO2) e

óxidos de enxofre (SOx).

No Brasil, a tentativa de reduzir a proporção do petróleo para produção de

combustível, e minimizar os problemas ambientais, fez a Agência Nacional do

Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), reguladora da qualidade de

combustíveis, através da resolução ANP n° 30 de 23.06.2016, instituir o aumento

gradativo de biodiesel nas misturas com diesel, ou seja, 8% (v/v), em 2017,

perspectiva de 9% (v/v), até 2018; e 10% (v/v), até 2019, com estudos buscando a

viabilidade de 15% (v/v), o que diminuirá a importação de óleo diesel, trazendo

economia para o País.

Apesar de todos os benefícios descritos, a utilização do biodiesel no diesel

ainda apresenta dois tipos de gargalos industriais. O primeiro está associado à etapa

catalítica do processo de obtenção do biodiesel, que tem sido pesquisada de forma

a obter catalisadores mais eficientes, e que substituam os hidróxidos alcalinos

atualmente utilizados, e/ou que gerem menor quantidade de resíduos (DABDOUB e

BRONZEL 2009).

14

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Outro problema decorrente da utilização de biodiesel no diesel está no

processo de oxidação que gera produtos indesejáveis por degradação do

combustível. Esta reação diminui a vida útil do biodiesel, e nas misturas com o diesel

causa a formação de goma, aumento da viscosidade, entre outros. Para minimizar

este problema, e permitir a comercialização da mistura Diesel/Biodiesel, são

utilizados antioxidantes comerciais, tais como: BHA (2,3-terc-butil-4-hidroxianisol),

BHT (2,6-diterc-butil-p-creso) e TBHQ (terc-butil-hidroquinona); que são produtos

sintéticos, de elevado custo, e podem acarretar em problemas ambientais e de

saúde humana (RAMALHO; JORGE, 2006; SILVA, 2015).

Nos últimos anos, tem-se pesquisado a obtenção de antioxidantes naturais,

que são comumente extraídos de frutas, legumes, sementes (RABABAH et. al.,

2005), que possuem compostos fenólicos, capazes de sequestrar radicais livres,

indicando as suas atividades antioxidantes (WATERMAN e MOLE 1994). Estes

compostos estão presentes em flavonoides, taninos e ácidos fenólicos, entre outros.

(RABABAH et. al., 2005; BURNS, et. al., 2001; KOES et al., 1994; MALACRIDA et

al., 2007).

Este trabalho buscou contribuir com a obtenção e aplicação de antioxidantes

naturais, obtidos de resíduos agroindustriais, a partir de casca da romã, maracujá e

do cravo, em biodiesel de oleaginosas do algodão e da soja, além do biodiesel

proveniente da RPCC que foi utilizado para comparação, com a avaliação da

influência destes nas propriedades fisico-químicas de misturas biodiesel/diesel, em

teores volumétricos de 10% e 15%, em biodiesel.

As principais propriedades avaliadas foram viscosidade e densidade (ASTM

D7042), ponto de fulgor (ASTM D93), ponto de névoa (ASTM D2500), ponto de

fluidez (ASTM D97) e ponto de entupimento (ASTM D6371). Além disso, foram

sintetizados e avaliados catalisadores alternativos para a produção de biodiesel

baseados em uma sílica produzida a partir da areia da praia, sílica MP1, impregnada

com hidróxido de sódio e potássio, gerando catalisadores denominados neste

trabalho por CAT1 e CAT2.

15

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2. OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Avaliar a ação de antioxidantes naturais obtidos a partir de casca da romã,

maracujá e do cravo, em biodiesel da RPCC, de algodão e soja, sintetizados neste

trabalho, e aplicar em misturas biodiesel/diesel com teores volumétricos de 10% e

15%, além de verificar a qualidade destes combustíveis através de propriedades

fisicoquímicas tais como viscosidade cinemática, densidade, ponto de fulgor e ponto

de entupimento.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Sintetizar biodiesel das diferentes oleaginosas, soja e algodão, utilizando

catálise heterogênea, e comparar as propriedades fisico/químicas com o biodiesel

fornecido pela Refinaria Potiguar Clara Camarão (RPCC);

Avaliar a estabilidade oxidativa do biodiesel com a adição de antioxidantes

naturais através do método RANCIMAT.

Utilizar misturas biodiesel/diesel, utilizando biodiesel de soja, de algodão e da

RPCC, sem antioxidante, nas concentrações volumétricas de 10% (B10) e 15%

(B15) e avaliar as suas propriedades fisicoquímicas, viscosidade cinemática,

densidade, ponto de fulgor e ponto de entupimento.

Obter antioxidantes naturais baseados em resíduos agroindutriais de frutas e

plantas do RN e avaliar as suas atividades em misturas diesel/biodiesel.

Sintetizar, caracterizar e aplicar catalisadores alternativos, CAT1 e CAT 2,

para a produção de biodiesel de uma sílica produzida a partir da areia da praia,

impregnada com hidróxido de sódio e potássio.

Avaliar o biodiesel produzido a partir dos catalisadores alternativos e a

reutilização dos catalisadores.

16

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3. ESTADO DA ARTE

Neste capítulo, serão abordados tópicos relacionados com as perspectivas da

matriz energética mundial, baseada principalmente, em derivados de petróleo e

fontes renováveis de energia, assim como, as principais características do diesel e

biodiesel, relacionadas à sua constituição, além da legislação aplicada no país para

a especificação e comercialização destes combustíveis. Aqui serão apresentados

alguns dos problemas que são gargalos tecnológicos na produção de biodiesel, tais

como, os tipos de catalisadores a base de hidróxidos, os processos oxidativos, além

das possíveis soluções, tais como o uso de catalisadores heterogêneos e

antioxidantes.

3.1 DIESEL

Na matriz energética mundial, grande parte da energia consumida vem dos

combustíveis fósseis. A previsão, a partir de 2013, é que 81% da demanda

energética seriam provenientes do petróleo, gás natural e do carvão, conforme está

apresentado na Figura 1, onde é possível visualizar a distribuição do uso de fontes

de energia no mundo, revelando que o petróleo ainda será a fonte de energia mais

utilizada por muitos anos. Estudos projetam para 2040 uma perspectiva de que 75%

da matriz energética mundial correspondam a combustíveis fósseis (petróleo, gás

natural e carvão) (REPSOL, 2015), e os outros 25% corresponderão a energia

nuclear, energia hidroelétrica e biomassa, entre outros.

Figura 1. Matriz energética mundial.

Fonte. Site REPSOL, 2015.

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Dentro do setor de transportes, que é o principal consumidor mundial de

energia, o diesel continuará a ser o combustível mais utilizado, como pode ser

observado na Figura 2, onde está apresentada uma estimativa do uso de diesel no

ano de 2013 e 2050, devido ao seu grande uso em máquinas pesadas, como

caminhões, carretas e máquinas agrícolas, bem como em setores de aviação e

náuticos, indicando um aumento de 2% no uso do diesel, para o setor de

transportes.

Figura 2: Distribuição energética no setor de transportes.

Fonte: Site MME, 2014.

3.2 OBTENÇÃO, CARACTERÍSTICAS E UTILIZAÇÃO DO DIESEL

O diesel é um derivado energético do petróleo, obtido a partir da destilação do

óleo cru em refinarias de petróleo, em torres de fracionamento, como apresentada

na Figura 3, onde é destilado numa faixa de 100°C - 400°C e com cadeia de 10 a 25

átomos de carbono (BRASIL et al., 2014), em pressão atmosférica, e de 400-570 ºC

em pressão reduzida. Pode-se verificar que na destilação atmosférica, a baixas

temperaturas, são obtidas as frações mais leves, tais como, gasolina e querosene. O

diesel é uma fração intermediária e por último tem-se o óleo lubrificante. O resíduo

da destilação atmosférica pode ser reaproveitado em uma torre de destilação a

vácuo, onde frações do diesel e outros derivados podem ser retirados da mistura

numa pressão menor, reaproveitando o óleo com maior eficiência econômica.

(DUTRIEZ et al., 2013).

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Figura 3: Representação de uma destilação de petróleo.

Fonte: Fazendo Ciência, 2011.

No óleo diesel, além de hidrocarbonetos, são encontrados compostos

sulfurados na sua composição, que causam corrosão e contribuem para a emissão

de gases SOx, nocivos ao meio ambiente, compostos nitrogenados, que provoca

instabilidade no combustível, devido a reações de degradação e também tem-se

moléculas oxigenadas na sua estrutura que contribui para a acidez e corrosividade

do combustível, contribuindo para a instabilidade termo-oxidativa (FAHAM, 2013;

ALEME, 2011).

O diesel é utilizado em motores de combustão que transformam energia

química e física em energia térmica, a qual é convertida em energia mecânica para

produzir o movimento da máquina. O motor de ciclo Diesel foi inventado pelo

engenheiro Alemão Rudolf Christian Karl Diesel (BOSH, 1993). Geralmente é

utilizado em veículos e/ou máquinas de grande porte, e o funcionamento do motor

se baseia na compressão do diesel junto com o ar, assim não sendo necessário o

uso de velas que são utilizadas em motores ciclo Otto para provocar a centelha, isto

é devido à característica físico/química do diesel, que se inflama apenas pela

compressão, e necessitam de menor manutenção, pois são mais duráveis devido a

sua resistência e robustez (BOULANGER, 1990).

Outro atrativo para esse combustível é a economia em relação a outros

combustíveis (BRAUN, et al., 2003), além de ser considerado pouco inflamável e

volátil, com odor característico forte e medianamente tóxico (ALEME, 2011). O

grande uso desse combustível é proveniente do elevado volume de transporte de

carga, realizado por veículos de motores diesel, seja rodoviário, fluvial ou cabotagem

(ALLGAYER, 2010).

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Os óleos diesel de uso rodoviário no Brasil são classificados de acordo com a

resolução ANP Nº 65 de 9 de Dezembro de 2011 (ANP 2011), em óleo diesel tipo A,

obtido no refino do petróleo, sem adição de biodiesel e, óleo diesel tipo B, que é o

óleo diesel tipo A com a adição de biodiesel, apresentando diferentes nomenclaturas

em relação ao teor de enxofre, como por exemplo, diesel S500 e diesel S10, que

indica teor máximo de enxofre contido no diesel em mg/kg.

3.3 BIODIESEL

O biodiesel é um biocombustível obtido a partir de fontes renováveis sendo

biodegradável e não tóxico, por isso apresenta benefícios para o meio ambiente

(KRAWCZYK, 1996; SALLET, 2011). A reação de produção de biodiesel ocorre

entre um triglicerídeo e álcool de cadeia curta, geralmente etanol ou metanol, na

presença de um catalisador ácido ou básico, formando ésteres monoalquílicos e

glicerol (GERIS et al., 2007; SALLET, 2011). Rudolf Diesel, o inventor do motor de

ciclo diesel, antecipadamente, propôs o uso do biodiesel do óleo de amendoim

(DAVID & PAULO, 2017). Na Figura 4, está apresentado o fluxograma geral de

produção de biodiesel por transesterificação, seguindo as principais etapas

reacionais, separação de fase da mistura biodiesel, glicerina e álcool em excesso,

purificação e caracterização do produto obtido.

Figura 4: Fluxograma de preparação do Biodiesel.

Fonte: Autor, 2017.

Na produção do biodiesel, as matérias-primas utilizadas são de origem

vegetal ou animal, que possuem na sua constituição triglicerídeos e também são

Triglicerídeo

Reação de

Transesterificação Glicerina +

álcool + Catalisador.

Álcool +

NaOH

Caracterização físico-química

Biodiesel

Separação de fases

Purificação

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usados ácidos graxos. O Brasil possui uma variada fonte de oleaginosas usadas

para a produção de biodiesel, como por exemplo, soja, algodão, girassol, e outras

fontes, favorecido pelo clima e grandes áreas que podem ser utilizadas para

plantação (CASTELLANELLI, 2008, SALLET, 2011). Outra fonte abundante no país

é a matéria-prima de gordura animal, devido em grande parte, ao fato do Brasil ser

um dos maiores produtores agropecuários do mundo, o que aumenta a

disponibilidade de gordura animal como, por exemplo, sebo bovino, óleo de peixe,

banha de porco, entre outras matérias primas (PARENTE, 2003).

No Brasil, no ano de 2004, foi criado o Programa Nacional de Produção e Uso

do Biodiesel (PNPB), com o objetivo de reduzir a emissão de gases, a importação do

óleo diesel mineral e, gerar emprego com o plantio de oleaginosas (NEGRELLO e

ZENTI, 2007). A produção de biodiesel beneficia o diesel de origem fóssil, pois

vincula o diesel a um produto sustentável, e os investimentos para a obtenção da

matéria-prima são bem menores (KETOLA e SALMI , 2010).

O biodiesel tecnicamente apresenta diversas vantagens, tais como, tem

número de cetano superior ao diesel, o que causa um ganho energético na

combustão (GOMES, 2009), pode reduzir em até 90% o dióxido de enxofre (SO2)

resultante dos gases de escapamentos (SOCCOL, et al., 2005). Além disso,

apresenta baixa volatilidade e ponto de fulgor bem acima do diesel, apresenta baixa

inflamabilidade, não é explosivo, é biodegradável, livre de metais pesados e

radioatividade (GUERRA et al., 2010). Entretanto, algumas propriedades precisam

ser adequadas como a viscosidade, densidade e estabilidade oxidativa (CHRIMPFF

et al., 2010).

3.4 REGULAMENTAÇÃO PARA USO DE DIESEL E BIODIESEL NO PAÍS

No Brasil, a agência reguladora de combustíveis é a ANP. A legislação em

exercício no país para o diesel rodoviário é a Resolução ANP Nº 50 DE 23/12/2013 –

(DOU, 2013), alterada pelas resoluções ANP nº 13, de 6.3.2015 – DOU 9.3.2015 –

(DOU, 2015) e pela resolução Nº 69, de 23 de dezembro de 2014 – (DOU, 2014).

No ano de 2017, uma nova resolução deverá será usada para o uso de diesel

B10 a B30, conforme a lei sancionada pelo governo federal (DOU, 2016) que entrou

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em vigor em março de 2017, aumentando assim o teor de biodiesel no diesel,

seguindo o caminho para diminuição do uso de combustíveis fósseis, devido a

problemas econômicos e principalmente ambientais. No Quadro 1, está apresentada

a especificação que entrará em vigor no país, com as especificações do B10 até

B30, que seguirá a resolução ANP N°30, 23 de junho de 2016.

Quadro 1 – Principais propriedades utilizadas para especificações do óleo diesel B8 a B30.

CARACTERÍSTICA UNIDADE LIMITE MÉTODO

S10 S500

S1800 não rodoviário

Massa Específica (20°C) kg/m3

817,8 a 865,0

817,8 a 875,5

822,4 a 886,0

NBR 7148 NBR 14065

ASTM D4052

Viscosidade a 40ºC mm²/s 1,9 a 4,1 2,0 a 5,0 NBR 10441 ASTM D445

Teor de Biodiesel % volume 8,0 a 30,0 NBR 15568 EN 14078

ASTM D7371

Destilação / 10% vol., máx.

°C 180 anotar

NBR 9619 ASTM D86

Destilação / 50% vol. °C 245,0 a 295,0

245,0 a 310,0

Ponto de fulgor, ºC, mín. °C 38 NBR 7974 NBR 14598 ASTM D93

Ponto de entupimento de filtro a frio, máx.

°C - NBR 14747

ASTM D6371

Estabilidade à oxidação, mín.

h 20 EN15751

Número de cetano ou número de cetano

derivado (NCD), mín. - 48 46 42

ASTM D613 ASTM D6890 ASTM D7170

Fonte: ANP, 2016.

No Brasil, os parâmetros de especificação do biodiesel são padronizados pela

resolução ANP nº 45, como os apresentados no Quadro 2, que sofreu algumas

alterações ao longo dos anos, para melhor adequação de uso do biodiesel nas

misturas combustíveis com o diesel.

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Quadro 2: Parâmetros de especificação do biodiesel para comercialização.

PROPRIEDADE FÍSICO-QUÍMICA UNIDADE LIMITE MÉTODO

Massa específica a 20º C kg/m³ 850 a 900

ASTM D 1298 ASTM D 4052

ABNT NBR 7148 ABNT NBR 14065

Viscosidade Cinemática a 40ºC mm²/s 3,0 a 6,0 445

ABNT NBR 10441

Teor de água, máx. mg/kg 200,0 (3) ASTM D 6304

Contaminação Total, máx. mg/kg 24 ABNT NBR 15995

Estabilidade à oxidação a 110ºC, mín. h 8h EN 14112 EN 15751

Ponto de fulgor, mín. ºC 100,0 ASTM D 93

ABNT NBR 14598

Teor de éster, mín % massa 96,5 ABNT NBR 15764

Cinzas sulfatadas, máx % massa 0,020 ASTM D 874

ABNT NBR 6294

Enxofre total, máx. mg/kg 10 ASTM D 5453

ABNT NBR 15867

Sódio + Potássio, máx. mg/kg 5

ABNT NBR 15554 ABNT NBR 15555 ABNT NBR 15553 ABNT NBR 15556

Cálcio + Magnésio, máx. mg/kg 5 ABNT NBR 15553 ABNT NBR 15556

Fósforo, máx. mg/kg 10 ASTM D 4951

ABNT NBR 15553

Corrosividade ao cobre, 3h a 50 ºC, máx. - 1 ASTM D 130

ABNT NBR 14359

Fonte: ANP, 2016.

3.5 PROCESSOS DE OBTENÇÃO DO BIODIESEL

Na obtenção do biodiesel, frequentemente, são utilizadas as reações de

transesterificação com catálise básica ou ácida. Entretanto, outros métodos menos

comuns também podem ser utilizados, como craqueamento térmico e procedimentos

enzimáticos.

3.5.1 Transesterificação

A transesterificação, também conhecida por alcoólise, é uma reação que

ocorre entre três moléculas de álcool com uma molécula de triglicerídeo, obtendo-se

como produto ésteres alquílicos, biodiesel, e glicerol (KNOTHE, 2006; GOMES,

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2009). Posteriormente, são realizadas as etapas de separação das fases e

purificação do biodiesel, onde é retirada a glicerina, álcool e catalisador da fase óleo

(DABDOUB, BRONZEL, RAMPIN, 2007; PARENTE, 2013).

Esse processo reacional é termodinamicamente reversível, contudo, a

separação de fases que ocorre entre o biodiesel e a glicerina, diminui os choques

intermoleculares entre estes, o que poderia possibilitar a reação inversa, levando a

formação do triglicerídeo inicial (RINALDI et al., 2007). A reação ocorre com um

ataque nucleófilo do álcool à carbonila do éster inicial (GERIS et al., 2007).

As alcoólises de ésteres são reações lentas, pois o álcool é um nucleófilo

fraco e os ésteres possuem grupos de saída muito básicos, devido a isso as reações

são catalisadas por compostos ácidos ou básicos, homogêneos ou heterogêneos

(BRUICE, 2006). Nas Figuras 5 e 6 estão representados os mecanismos de reação

para a transesterificação em catalise básica e ácida, respectivamente. Na catalise

básica, o nucleófilo ataca o centro eletrofílico formando o intermediário tetraédrico,

com a posterior renovação da carbonila e liberação da molécula de monoalquiléster,

esse processo ocorre por três vezes, formando 3 móleculas de monoalquiléster e 1

de glicerol que é um subproduto da reação. No caso da catálise ácida, será formado

um carbocátion no centro eletrofílico, e posterior ataque do nucleófilo. No final da

reação, também serão formadas três moléculas de monoalquiléster e uma de

glicerol, contudo a reação ácida é mais lenta do que a básica, pois a catálise ácida

necessita, inicialmente, da formação do carbocátion (VALLE, 2009).

Figura 5: Mecanismo de transesterificação catálise básica.

Fonte: Adaptada de Valle, 2009.

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Figura 6: Mecanismo de transestericação catálise ácida,

Fonte: Adaptada de Valle, 2009.

3.5.2 Esterificação

A esterificação é uma reação entre um ácido graxo e um álcool, onde é a

água é formada como subproduto. Diferentemente da transesterificação, este

método utiliza ácidos graxos como matéria-prima, apresentando as vantagens de

utilizar uma matriz mais barata, não ter a formação de glicerina como produto e

suprimir a etapa de hidrólise, uma vez que o reagente é o ácido graxo. A principal

desvantagem é a ausência de grande quantidade de matéria-prima para a sua

produção em escala industrial (SANTOS et al., 2007).

3.5.3 Craqueamento térmico

Este processo ocorre com a quebra de moléculas maiores do material

utilizado, por meio de aquecimento a altas temperaturas. A decomposição térmica é

acompanhada da quebra das ligações, originando moléculas menores. Este

processo apresenta desvantagem em relação ao custo que é elevado, e formação

de moléculas oxigenadas com alta acidez (SONNTAG, 1979; GOMES, 2009).

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3.5.4 Transesterificação enzimática

Processo no qual há menor formação de contaminantes, maior seletividade e

menor rejeito alcalino, o que causa um menor impacto ao meio ambiente. Por outro

lado, o processo enzimático possui alto custo, quando comparado a catalisadores

químicos e degradação térmica a altas temperaturas. Por isto ocorre com condições

baixas de temperatura entre 20°C-60°C (SZCZESNA ANTCZAK et al., 2009).

3.5.5 Obtenção por processo de hidrogenação (H-Bio)

O H-Bio é um processo para a obtenção de diesel através da hidrogenação

de uma mistura de óleo vegetal e correntes de petróleo. A vantagem deste processo

está no menor teor de enxofre no produto formado, partindo do fato que o óleo

vegetal é isento de enxofre na sua composição, e na eliminação completa de

produtos oxigenados no final da reação, o que diminui a característica oxidante da

mistura (WEISZ et al., 1979; PIOCH et al., 1993; MA & HANNA 1999; ETERIGHO

et al., 2011).

3.6 CATALISADORES PARA PRODUÇÃO DE BIODIESEL

Os catalisadores são compostos responsáveis por diminuir a energia de

ativação de uma reação, possibilitando a realização de reações, normalmente,

demoradas, em menor intervalo de tempo. Na produção de biodiesel, podem ser

utilizados catalisadores homogêneos como NaOH, KOH ou compostos

heterogêneos como óxidos metálicos, metais suportado em estruturas porosas entre

outros.

Os catalisadores homogêneos apresentam altos rendimentos para a produção

de biodiesel, mas a sua utilização apresenta inconvenientes, entre eles, etapa de

neutralização extra, processo de purificação mais complexo e mais demorado, além

de geração de efluentes (HELWANI et al., 2009), o que eleva o custo da produção

de biodiesel, já que o os processos de purificação do biodiesel e dos resíduos

formados serão mais demorados ou necessitarão de mais etapas do processo.

Então, devido às dificuldades apresentadas na catálise homogênea para a

produção de biodiesel, estão sendo estudados os catalisadores heterogêneos, para

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a conversão de óleos em biodiesel, pois estes possuem algumas vantagens, como

fácil separação da mistura reacional e possibilidade de reutilização (SHARMA et al.,

2011).

Os catalisadores heterogêneos podem ser classificados como sólidos ácidos,

básicos ou enzimáticas. Esses catalisadores podem ser usados para inúmeras

reações, alguns desses são metais, óxidos metálicos que podem ou não ser

suportados em algum tipo de estrutura (DABDOUB & BRONZEL, 2009).

3.6.1 Sílica como suporte de catalisadores heterogêneos

O silício tem propriedades que se assemelham ao carbono, formando

estruturas coordenadas tetraedricamente. No entanto, enquanto os óxidos de

carbono são gases em condições normais, os óxidos de silício por sua vez são

sólidos, geralmente cristalinos, possuindo algumas exceções, como a sílica gel

(GREENWOOD & EARNSHAW, 1997).

A sílica possui fórmula geral: SiO2 ou SiO2.nH2O, com estrutura tridimensional

muito estável. Neste arranjo, o silício é coordenado tetraedricamente por quatro

oxigênios, ordenadamente e independe das fases que podem se formar, de acordo

com as condições do meio: temperatura, pressão e grau de hidratação

(GREENWOOD & EARNSHAW, 1997).

Têm-se vários métodos de síntese da sílica amorfa e parâmetros que são

controlados como área específica, volume do poro, tamanho do poro e tamanho das

partículas, que controlam os parâmetros físico-químicos da sílica (SILVA, 2014).

Neste trabalho, para a sua utilização como suporte de catalisador na produção de

biodiesel, são levados em conta parâmetros como, área de específica, estabilidade

mecânica, térmica e química, que são requisitos importantes para um suporte

catalítico. Além disso, tem-se a possibilidade de grupos funcionais orgânicos serem

ligados de forma covalente na sua superfície, quer por co-condensação ou métodos

de enxertia pós-síntese, permitindo interações mais efetivas (JOSÉ & PRADO,

2005).

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3.7 PROCESSOS OXIDATIVOS NO BIODIESEL

A oxidação dos monoalquilésteres é um processo natural que, no caso do

biodiesel, diminui a qualidade das suas propriedades para comercialização. Este

processo possui variáveis como quantidade de insaturações, temperatura,

concentração de oxigênio no meio, umidade, antioxidantes, entre outros (SILVA et

al., 1999; CHOE & MIN, 2006; SILVA; BORGES; FERREIRA, 1999). Neste

processo, o oxigênio é adicionado, o hidrogênio ou elétrons são removidos do

componente oxidado por um oxidante (ARAÚJO, 2004).

As duplas ligações presentes no biodiesel, de várias origens, tem baixa

energia, o que possibilita a ruptura homolítica das ligações C-H nas posições alílicas

e bis-alílica, viabilizando sua oxidação (BOBBIO e BOBBIO, 2001).

Consequentemente, fatores como quantidade, posição e geometria das duplas

ligações afetam a taxa de oxidação (NAWAR 1996; CHOE & MIN 2006). A oxidação

dos monoalquilésteres ocorre por mecanismos químicos, como a fotoxidação e a

autoxidação, ou por mecanismo enzimático (SILVA; BORGES; FERREIRA, 1999).

3.7.1 Reações de autoxidação

A autoxidação é uma reação que ocorre com baixa energia de ativação, e

envolve a formação de radicais livres, podendo ocorrer na ausência de luz

(ARAÚJO, 2004). O principal mecanismo propõe que esta ocorre em três etapas

distintas: iniciação, propagação e término (GORDON, 2001).

Na iniciação ocorre a formação dos radicais (R•), como apresentado na Figura

7, que é uma representação da autoxidação. A reação inicial ocorre pela remoção do

átomo de hidrogênio, a partir de iniciadores (X•), por meio de radiação, processo

fotoquímico, peróxidos, entre outros (KOLAKOWSKA 2003; ARAÚJO 2004). Na

etapa de propagação ocorre a formação de algumas espécies radicalares entre elas

o hidroperóxido (ROO•), sendo comumente catalisada por íons metálicos (M+)

(GORDON, 2001). Os radicais alquil reagem com o oxigênio para formar peróxidos (-

CH=COO•-). Esses radicais removem os átomos de hidrogênio de outros ácidos

graxos insaturados, formando hidroperóxido e outro radical lipídico, que reagem com

o oxigênio propagando a reação de oxidação (NAWAR 1996; KOLAKOWSKA,

2003). O término da reação ocorre, quando os radicais reagem entre si formando

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um produto não radicalar, ou quando um dos radicais reage com um antioxidante,

removendo um hidrogênio e formando um radical inerte do antioxidante (GORDON,

2001).

Figura 7: Representação da reação de autoxidação.

Iniciação: RH + X* R* + HX

Propagação: R* + O2 + M+(cat.) ROO*

ROO* + RH ROOH + R*

Término: ROO* + R* ROOR

ROO* + ROO* ROOR + O2

R* + R* RR

Fonte: TIVERON, 2010.

3.7.2. Reações de fotoxidação

A fotoxidação é um mecanismo alternativo à formação de radicais livres. Este

processo ocorre devido a presença de fotossensores nos tecidos animal e vegetal,

na presença de luz e oxigênio, formando peróxido (NAWAR, 1998; GORDON, 2001).

Os fotossensores absorvem luz na região visível e/ou próximo do ultravioleta (UV),

passando do estado singleto para tripleto, quando ocorre transferência de energia

para o oxigênio tripleto, excitando a molécula do oxigênio para o estado singleto. O

oxigênio singleto reage com duplas ligações, por adição, formando o hidroperóxido,

representado na reação de fotoxidação (ARAÚJO, 2004).

3.7.3 Oxidação enzimática

Esta oxidação é realizada por enzimas lipogênicas, que atuam como

catalisadores, promovendo a oxidação de ácidos graxos insaturados, nos

hidroperóxidos conjugados insaturados ou formando radicais livres, que atacam

outros componentes do óleo (NAWAR, 1998). A reação é iniciada com a ativação da

enzima, posteriormente o próton do grupo metileno ativado é removido, e então

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ocorre a incorporação do oxigênio ao substrato, formando o peróxido (ARAÚJO,

2004). Nesta reação apenas os ácidos graxos cis-cis-1,4-pentadieno são oxidados

pela enzima e os hidroperóxidos formados são semelhantes aos de autoxidação,

contudo existe uma especificidade conforme o substrato e forma-se hidroperóxidos

estereoisômeros específicos também conforme a enzima utilizada, as enzimas são

diferentes no seu substrato e parâmetros de uso (NAWAR, 1998).

3.8 SUBSTÂNCIAS ANTIOXIDANTES

Antioxidantes são substâncias responsáveis por retardar as reações de

oxidação (SHAHIDI, 2004), reduzindo a formação de radicais livres, promovendo

inibição da lipoperoxidação e quelação de íons metálicos (HALLIWELL et al., 1995;

MOREIRA; MANCINI FILHO, 2003). São divididos em dois tipos, os que possuem

atividade enzimática e atuam inibindo a oxidação através da remoção de espécies

reativas de oxigênio. Aqueles que não possuem atividade enzimática reagem com o

radical e são consumidos durante a reação (MAIA, 2015). Os compostos naturais

sintéticos e naturais fenólicos estão no segundo caso (PIETTA, 2000).

3.8.1 Antioxidantes sintéticos

Os antioxidantes sintéticos são, geralmente, compostos que apresentam

estrutura fenólica, são voláteis, e se decompõe em altas temperaturas (ANDREO &

JORGE, 2006). Dentre os antioxidantes mais usados estão o butilhidroxianisol

(BHA), o butil-hidroxitolueno (BHT), o terc-butilhidroquinona (TBHQ) e o propil Galato

(PG), cujas estruturas estão apresentadas na Figura 8, onde são identificados

grupos aromáticos capazes de estabilizar um radical livre na sua estrutura.

30

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Figura 8: Estrutura fenólica de antioxidantes sintéticos

OH

OH

O

OH

CH3

C(CH2)3

C(CH2)3

(CH2)3C

CH3

OH

C(CH2)3

O

OH

OH

OH

OH

C3H7

BHA BHT

PG TBQH

Fonte: DECKER, 1998.

3.8.2 Antioxidantes naturais

A comprovação dos efeitos negativos causados pelos antioxidantes sintéticos,

quando em altas concentrações, fez com que estudos de compostos naturais

fossem realizados com maior ênfase (DURÁN & PADILLA, 1993). Compostos

nitrogenados (alcalóides, aminoácidos, peptídeos) e compostos fenólicos presentes

em frutas e verduras, podem atuar como antioxidantes. Dentre estes, os tocoferóis,

os carotenóides, alguns ácidos orgânicos como, ácido cítrico, ácido ascórbico, e os

flavonóides (AMAROWICZ et al., 2004 ; LUZIA & JORGE, 2010). Os antioxidantes

fenólicos interagem com o radical peroxil por ser mais prevalente na etapa da

autoxidação e possuir menor energia do que outros radicais, assim favorecendo a

abstração do seu hidrogênio (DECKER, 1998).

3.8.3 Ação dos antioxidantes

Os antioxidantes são classificados em primários ou secundários, onde os

primários atuam doando elétrons ou hidrogênio aos radicais livres da molécula na

iniciação, produzindo produtos termodinamicamente estáveis. Também podem atuar

reagindo com radicais livres, formando o complexo lipídio-antioxidante (SHAHIDI,

2004), como mostrado na Figura 9. O hidrogênio do antioxidante é mais facilmente

removido pelos radicais livres, que os hidrogênios do óleo nas moléculas

insaturadas, formando espécies inativas e radical estável, que procede do

antioxidante (RAMALHO & JORGE, 2006).

31

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Figura 9: Mecanismo da ação antioxidante BHT com um éster com radical livre.

Autor: FILHO, 2010.

Os antioxidantes secundários atuam por mecanismos de complexação com

metais, sequestro de oxigênio, decomposição de hidroperóxidos, absorção da

radiação ultravioleta ou desativação do oxigênio singleto (LAGUERRE et al., 2007).

Os decompositores convertem hidroperóxidos em alcoóis, já os decompositores vão

para um estado oxidado inútil, ou seja, um estado de oxidação no qual a reação não

é propagada.

Os antioxidantes quelantes, não interagem com radicais e inibem a

decomposição do peróxido (ARAÚJO, 2004). Já compostos sinergistas, Equação 3,

possuem baixa atividade ou nenhuma atividade antioxidante. Estes compostos

podem fazer com que a atividade dos antioxidantes primários aumente quando

combinados (LUNDBERG ,1962; LAGUERRE et al., 2007).

Ao final deste capítulo, é possível verificar a necessidade de busca por novas

fontes alternativas de energia, associadas ao uso de diesel. O biodiesel surgiu há

mais de duas décadas como alternativa promissora, mas o seu processo de

obtenção ainda apresenta gargalos tecnológicos, associados aos catalisadores

utilizados na sua produção e aos seus processos oxidativos. Na tentativa de superar

estes desafios, neste trabalho buscou-se a obtenção de novos catalisadores

32

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heterogêneos, além de antioxidantes naturais eficazes economicamente, com

possibilidades de uso industrialmente.

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4. METODOLOGIA EXPERIMENTAL

Neste capítulo, serão descritas as metodologias realizadas durante este

trabalho para a obtenção e caracterização dos antioxidantes naturais, catalisadores

e biodiesel, além dos ensaios para a avaliação das propriedades físico-químicas do

diesel e biodiesel puros (não misturados), bem como das misturas de

Diesel/Biodiesel com 10% (v/v) e 15% (v/v), na presença ou ausência de

antioxidante. Na Figura 10, está apresentado o fluxograma contendo as etapas

principais da pesquisa aplicada neste trabalho.

4.1 MATERIAIS E REAGENTES

No Quadro 3, estão apresentados os reagentes utilizados neste trabalho e

suas características, de pureza e origem.

Quadro 3: Características dos reagentes utilizados

Reagentes Fórmula Marca Pureza

Metanol CH3OH Vetec 99,89%

Hidróxido de Potássio KOH Vetec 85%

Sulfato de sódio Na2SO4 Vetec 99%

Óleo refinado de soja C18H32O2 Soya Refinado

Óleo refinado de algodão C18H32O2 Soya Refinado

Ácido Clorídrico HCl Vetec 37 %(m/m)

Hidróxido de sódio NaOH Vetec 99%

Citrato de Sódio Na3C6H5O7 Vetec 99%

Etanol C2H5OH Vetec 99,5%

Sílica MP1 SiO2 BR1020140252835 96%

Cloreto de sódio NaCl Dinâmica 99%

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Figura 10: Fluxograma contendo as etapas principais da pesquisa aplicada neste trabalho

Pesquisa bibliográfica

Caracterização das amostras de diesel e biodiesel

Extração de antioxidantes e caracterização dos antioxidantes

naturais

Aplicação dos antioxidantes em biodiesel e misturas Diesel/Biodiesel

e avaliação da sua atuação deles

Obtenção dos catalisadores heterogêneos e caracterização

Utilização e avaliação dos catalisadores na obtenção de

biodiesel de soja

Caracterização do biodiesel formado

35

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4.2 TESTES PRELIMINARES PARA AVALIAÇÃO DE PROPRIEDADES

FISICOQUÍMICAS DE MISTURAS DE DIESEL E BIODIESEL

Amostras contendo diesel e biodiesel foram preparadas utilizando misturas de

Diesel S10 (máximo 10 mg/kg de S) e Diesel S500 (máximo 500 mg/kg de S), ambas

com biodiesel 10% (v/v) e 15% (v/v), gerando as amostras denominadas,

respectivamente, Diesel S10B10, Diesel S500B10, Diesel S10B15 e Diesel

S500B15. Todas as amostras de diesel foram originárias da Refinaria Potiguar Clara

Camarão – RPCC, situada na cidade de Guamaré, RN, além do biodiesel que foi

utilizado para comparação neste trabalho. As misturas foram realizadas no

Laboratório de Caracterização de Petróleo e Derivados da UFRN, LabPetrol, onde

ocorreram os testes de caracterização físico-química de todas as amostras. Os

ensaios seguiram as normas “American Society for Testing and Materials” – ASTM,

com testes definidos pela ANP para a especificação dos combustíveis diesel,

biodiesel e suas misturas.

O monitoramento das propriedades físico-químicas dos combustíveis e das

misturas produzidas neste trabalho, utilizando técnicas que atendem a normas

ASTM, definidas pela ANP, tornou-se uma importante ferramenta de avaliação da

qualidade e atendimento à especificação destes materiais. Dentre as propriedades

físico-químicas, foram determinadas a densidade específica, ASTM D7042,

viscosidade cinemática e dinâmica, ASTM D7042, pontos de fulgor, ASTM D93, de

névoa, ASTM D2500, de entupimento, ASTM D6371, de fluidez, ASTM D97 e curvas

de destilação, ASTM D86 e análises cromatográficas CG-FID, seguindo a norma EN

14103:2003, utilizando as metodologias descritas neste capítulo.

4.2.1 Análise por cromatografia gasosa com detector de ionização de chama

(CG-FID) para biodiesel

Para a análise cromatográfica do biodiesel seguiu-se a norma ASTM D6584,

foi utilizado um cromatógrafo a gás com detector de ionização de chama (FID),

modelo Varian 3800 com injetor automático, CPU com software de aquisição e

tratamento de dados (star), coluna cromatográfica capilar de (30 m x 0,25 mm x 0,25

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µm) de polietileno glicol (DB WAX). As condições analíticas seguiram a norma EN

14103:2003 para teor de éster em % (m/m) em B100: temperatura do forno a 200 ºC,

injetor split/splitless, T = 250 ºC, split = 100:1, detector a 250 ºC com gás de arraste

hélio, vazão de 1 mL/min, volume de amostra usado foi de 1 µL e o padrão interno

usado foi o composto 1,2,4 butanotriol.

4.2.2 Determinação de pH das amostras de biodiesel

A determinação do pH dos biodiesel ocorreu em pHmetro Model PHS 3B,

previamente calibrado, com soluções padrão de pH 4 e 7. Utilizou-se o eletrodo de

pH combinado em corpo de vidro com cabo de 1 m.

4.2.3 Espectroscopia no infravermelho por transformada de Fourier – FTIR

A obtenção dos espectros das amostras utilizadas neste trabalho, ocorreu em

espectrômetro de infravermelho por transformada de Fourier, FTIR, modelo IRAffinity

- 1, marca Shimadzu, acoplado a um módulo HATR MIRacle com prisma de ZnSe,

produzido pela PIKE technologies. Os espectros foram obtidos sob as seguintes

condições, número de scans: 32; faixa: 700 – 4000 cm-1 e resolução: 4cm-1.

4.2.4 Determinação da densidade, viscosidade cinemática e dinâmica a 40°C,

para diesel e amostras de Diesel/Biodiesel

Os ensaios para determinação da densidade e viscosidade das amostras

produzidas, biodiesel e suas misturas com diesel, ocorreram seguindo a norma

ASTM D7042, em viscodensímetro da Anton-Paar, modelo SVM 3000. Para a

realização dos ensaios, as amostras foram injetadas no equipamento, previamente

calibrado, utilizando uma seringa de 5 mL. Foi utilizado o método M0, que realiza o

teste padrão, para a obtenção da densidade a 15°C, 20°C e 40°C, além das

viscosidades cinemática e dinâmica a 40°C. Ao final dos ensaios, a limpeza do

equipamento foi efetuada utilizando n-heptano.

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4.2.5 Determinação do ponto de fulgor das amostras de diesel e misturas

Diesel/Biodiesel

A determinação do ponto de fulgor ocorreu em equipamento SETA

MULTIFLASH (Automático), utilizando o método de análise Pensky-Martens,

seguindo a norma ASTM D93. Os ensaios foram realizados pelo método A, que é

aplicável a combustíveis destilados (diesel, querosene, óleo de aquecimento,

combustíveis de turbina), óleos lubrificantes recém-adquiridos, e outros líquidos

translúcidos. Para o ensaio, foram adicionados 45 mL de amostra ao recipiente

específico do equipamento, e inferido um ponto esperado para o ponto de fulgor da

amostra. O teste inicia a 20°C abaixo do ponto esperado e, o limite de análise é até

8°C acima deste. A avaliação da temperatura ocorre no equipamento a cada 2°C,

através de um filamento aquecido eletricamente, possuindo sensor de temperatura e

outro que detecta o ponto de fulgor, sob agitação de 105 rpm a uma taxa de

aquecimento de 5,5°C por minuto.

4.2.6 Determinação do ponto de névoa para as amostras de biodiesel

O teste seguiu a norma ASTM D-2500, onde foram utilizados 75 mL de

amostra que foi colocada em copo específico de vidro até o menisco e numa câmara

de resfriamento. O equipamento utilizado foi o Ponto de Fluidez e Névoa da ISL

Pensalab, modelo CPP 5Gs. A amostra foi então resfriada com um compressor

interno, até o equipamento identificar a formação dos primeiros cristais através de

um sensor que detecta o espelhamento do sinal.

4.2.7 Determinação do ponto de fluidez para as amostras de biodiesel e

misturas Diesel/Biodiesel

Na determinação do ponto de fluidez, o procedimento seguiu a norma ASTM

D97, onde o volume de 75 mL da amostra foi colocada em copo específico do

equipamento Ponto de Fluidez e Névoa da ISL Pensalab, modelo CPP 5Gs até o

menisco do recipiente. Para dar inicio ao teste, foi necessário indicar no

equipamento o ponto esperado, e a amostra foi aquecida até 45ºC, quando começou

a resfriar. A identificação da fluidez inicia 9ºC acima do ponto esperado, a cada 3ºC

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é avaliado o escoamento, com a movimentação do frasco. O ponto de fluidez foi

indicado quando, após 5 segundos, quando não houve detecção de movimento da

amostra pelo sensor do equipamento, em um ângulo de 90°. Na temperatura

indicada, foi atingido o ponto de fluidez, e então reportado 3°C acima do valor obtido,

por medida de segurança. A limpeza do equipamento foi feita com tolueno e

detergente.

4.2.8 Determinação do ponto de entupimento de filtro a frio (PEFF).

A determinação do ponto de entupimento das amostras seguiu a norma

ASTM D 6371, em equipamento modelo AFP - 102 da marca Tanaka. Neste teste,

45 mL de amostra foi colocada em um recipiente do equipamento, e então foi fixada

uma temperatura para iniciar o teste correspondente a um resultado próximo ao

ponto pré-determinado. A análise iniciou 5°C acima do ponto esperado, onde a

amostra é succionada para uma pipeta, sob vácuo controlado, através de um

sistema de filtro padrão. O teste continua, até que uma quantidade de cristais que se

forme seja suficiente para interromper ou diminuir a vazão, de modo que o tempo

levado para encher a pipeta exceda 60 s, ou a amostra não retorne completamente

para o recipiente antes de esfriar mais 1°C.

4.2.9 Obtenção de curvas de destilação ASTM D-86

As curvas de destilação para as amostras de diesel puro e misturas de diesel/

biodiesel nas diferentes proporções, com e sem antioxidantes, foram obtidas em

Destilador Automático ADU 4+ da Petrotest, utilizando a norma ASTM D86.

Inicialmente, foi definido método-teste do equipamento, de acordo com o

combustível, neste caso o diesel. A preparação do ensaio consistiu em medir 100

mL de amostra numa proveta, transferir para balão volumétrico de 125 mL,

específico do equipamento, contendo pedras de porcelana para uma ebulição

controlada, em seguida posicioná-lo no equipamento. Com o método selecionado,

foi iniciada a destilação, onde a curva de destilação, %(v/v) de destilado versus

temperatura é construída através de sensores que captam a temperatura de saída

do destilado a cada 1% (v/v). Ao final, o resíduo de diesel do balão volumétrico, é

transferido de modo quantitativo para a proveta de 5 mL e, determinou-se o

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percentual encontrado de resíduo e informa ao software do equipamento, para que

seja finalizada a destilação.

4.2.10 Determinação de estabilidade oxidativa pelo método PetroOxy

Este ensaio seguiu o método descrito na ASTM D 7545, com o uso de um

equipamento do tipo Rapid Small Scale Oxidation Test (RSSOT) PetroOXY. Neste

teste foi colocada uma alíquota de 5 mL de amostra na célula de teste, que que foi

vedada, e o método de análise para diesel foi selecionado. Em seguida, o teste foi

iniciado, e a amostra foi submetida a uma atmosfera de oxigênio a pressão de 700

kPa e temperatura de 140ºC. O fim da análise ocorreu quando a pressão de oxigênio

registrada na célula caiu em 10% do seu valor inicial, e neste momento será

registrado o Período de indução (PI).

4.2.11 Determinação de estabilidade oxidativa pelo método Rancimat

Nesta determinação utilizou-se um equipamento Rancimat, seguindoa norma

EN15751, nas condições de 3,0 g de amostra, à temperatura constante de 110°C,

em atmosfera de oxigênio puro com vazão de 10 L.h-1. Uma corrente de ar puro foi

passada na amostra, enquanto os vapores da oxidação e o ar, seguiram para um

balão contendo água tratada (desmineralizada ou destilada), que contém um

eletrodo para medida da condutividade. O Período de indução é atingido e

observado no aumento rápido da condutividade, devido a dissociação de ácidos

carboxílicos voláteis produzidos na oxidação e que são absorvidos na água.

4.3 METODOLOGIAS DE PREPARAÇÃO DO BIODIESEL DE SOJA E DE

ALGODÃO POR CATÁLISES HOMOGÊNEAS E HETEROGÊNEAS

4.3.1 Catálise homogênea – obtenção do biodiesel

O biodiesel foi sintetizado, seguindo a metodologia adaptada do trabalho

desenvolvido por Geris, 2007, através de reações de transesterificação de óleo de

soja e de algodão comerciais, realizad/as em balão de vidro tribucal de 500 mL, à

temperatura de 50°C por 30 min sob agitação, tendo como catalisador o hidróxido de

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potássio (KOH). O álcool utilizado foi o metanol (MeOH-Vetec 99,89%), numa razão

molar de óleo base e álcool de 1:6. 100 mL de óleo vegetal foi adicionado ao balão,

e este foi acoplado a um condensador para refluxo, além de um termômetro para

controle de temperatura até 50°C. Em outro recipiente, 1,5 g de KOH (catalisador) foi

dissolvido em 35 mL de MeOH, e quando foi atingida a temperatura de 50°C no

balão, a solução metanólica de KOH foi adicionada. O balão foi vedado para evitar a

evaporação do solvente durante a reação.

A reação ocorreu por 30 min e, posteriormente, iniciou-se o processo de

purificação e lavagem. Os produtos da reação foram transferidos para um funil de

separação, onde permaneceu em repouso por 30 min, para separar o biodiesel da

glicerina formada, que fica na parte inferior do funil. Após a separação, foi iniciada a

lavagem do produto para retirada de álcool, KOH e excedente de glicerina que

possa ter ficado no biodiesel. Em seguida, foi adicionado a ele 50 mL de uma

solução aquosa 0,2% (v/v) de HCl, deixando-se em repouso por 30 min, e posterior

retirada da parte aquosa, que continha o HCl e os produtos mais polares.

Para favorecer a separação das fases, foi adicionado 50 mL de uma solução

saturada de NaCl, mantendo em repouso por 30 min e, em seguida, fez-se a retirada

da solução aquosa de NaCl, com o arraste dos produtos mais polares nesta fase. O

procedimento de lavagem com água foi repetido, com descarte da água, juntamente

com os produtos solúveis em sua fase. Para a retirada da água adsorvida no

biodiesel e mantê-lo na especificação exigida pela ANP, este foi transferido para um

béquer contendo 10 g do dessecante, Na2SO4 alternando agitação e repouso em

intervalos de 15 min. O sistema foi filtrado, e o biodiesel foi recolhido em mais 10 g

de Na2SO4, e novamente filtrado, em duas etapas. O pH do biodiesel foi

determinado, e estefoi guardado em frasco escuro, e em local frio, para evitar

degradação pela luz, pela presença de oxigênio e umidade. Na Figura 11, está

apresentado o fluxograma da metodologia aplicada para a obtenção do biodiesel.

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Figura 11. Fluxograma da metodologia de obtenção do biodiesel.

Fonte: Autor, 2017.

4.3.2 Catálise heterogênea – preparação e caracterização dos catalisadores

heterogêneos

Nesta etapa, foram preparados catalisadores baseados em hidróxidos de

sódio e potássio suportados em sílica. Na preparação do catalisador denominado

CAT1 foi utilizada a sílica MP1, obtida de areia, que apresenta as seguintes

características: 96% SiO2, tamanho médio de partícula de 160 μm, área específica

de 33 m2/g, diâmetro de poro médio de 13,02 nm e volume de poro de 0,24 cm3/g.

Para a obtenção do catalisador bimetálico, foi efetuada uma mistura física da sílica

MP1, após ativação por 2 h a 150°C, em estufa Quimis, com hidróxidos dos metais

alcalinos, sódio e potássio, numa razão molar, sílica:NaOH:KOH, respectivamente,

100 mL de Óleo vegetal, 35 mL de MeOH

+ 1,5 g de KOH a 50°C, por 30 min.

Separação das fases

Decantação

por 30 min

Biodiesel

CG-FID e FTIR

Purificação

Caracterização Físico-química

Metanol +

Glicerina

Ponto de fluidez, névoa e

entupimento.

Viscosidade e densidade

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0,33:0,35:0,34. Posteriormente, o material foi colocado em forno mufla, a 500°C por

4 h. O produto obtido foi caracterizado pelas técnicas de espectroscopia de

infravermelho com transformada de Fourier (FTIR), espectrometria de fluorescência

de raios X (FRX) e difração de raios X (DRX) e aplicado na síntese do biodiesel.

Para efeito de comparação foi utilizado um catalisador a base de KOH.

O catalisador denominado CAT2, foi preparado utilizando a sílica MP1, após

ativação. Foi efetuada a mistura de 5 g da sílica com 1,5 g do reagente citrato de

sódio e 70 mL de metanol, MeOH, que foram colocados em refluxo por 12 h em

balão de vidro de 500 mL a 50°C, utilizando metodologia apresentada na Figura 12.

Após esse tempo, o sistema final foi levado a um rotaevaporador para a retirada do

solvente, e, posteriormente, o sólido foi aquecido em uma estufa por 3 h a 80°C. O

catalisador foi novamente calcinado a 450°C por 4 h, e o produto obtido foi

caracterizado pelas técnicas DRX, FRX e FTIR.

Figura 12. Fluxograma da metodologia de preparação do CAT2.

Fonte: Autor, 2017.

Sílica ativada, 2h 150°C na estufa

5g de SiO2 + 1,5g do citrato de sódio + 70 mL MeOH,

Impregnação sob refluxo de 12 h

Secagem em rotaevaporador, retirar o álcool

Calcinação por 4h a 450°C, 5°C por minuto

Caracterização por DRX, FRX e FTIR

Produto levado para estufa por 80°C durante

3h

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4.3.3 Técnicas para caracterização dos catalisadores

Os catalisadores obtidos foram caracterizados por técnicas de DRX e FRX

com metodologias aqui descritas.

4.3.3.1 Difratometria de raios X (DRX)

Os difratogramas de raios X dos catalisadores foram obtidos em equipamento

Bruker D2 Phaser utilizando radiação CuKα (λ = 1,54 Å) com um filtro de Ni, passo

de 0,02°, corrente de 10 mA, voltagem de 30 KV, utilizando um detector Lynxey,

sendo os dados obtidos na faixa de 2 de 5 a 70°.

4.3.3.2 Espectrometria de fluorescência de raios X (FRX)

A determinação da composição dos materiais foi efetuada utilizando-se um

espectrômetro de fluorescência de raios X, FRX, da marca Shimadzu modelo EDX–

720, nas condições de análise: atmosfera de ar, colimador de 10 mm e detector de

silício.

4.3.4 Obtenção do biodiesel por catálise heterogênea

Na preparação do biodiesel de soja, foram utilizados 1,5 g do catalisador

CAT1 e 5 g do CAT2, , ambospara 100 mL de óleo e 35 mL de MeOH, a 50°C. As

proporções utilizadas foram baseadas no trabalho de Souza, 2009. Os tempos

reacionais obtidos foram de 30 min e 4:30 h, respectivamente, para CAT1 e CAT2. A

purificação do biodiesel foi mais rápida do que ocorre na catálise homogênea, pois

não necessitou de diversas lavagens com água para retirada dos produtos

secundários e catalisador. Na Figura 13 está apresentado o fluxograma da produção

de biodiesel a partir da utilização de catalisadores heterogêneos.

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Figura 13: Fluxograma da produção de biodiesel a partir da utilização de

catalisadores heterogêneos.

Fonte: Autor, 2017.

4.4 PREPARAÇÃO DOS ANTIOXIDANTES

Na obtenção dos antioxidantes naturais, foram utilizadas cascas das frutas

romã, maracujá verde e cravo, que apresentam em sua constituição, polifenóis com

atividades antioxidantes. Estas foram previamente secas e trituradas, para posterior

extração alcoólica com octanol Vetec 99,5%. O material obtido foi colocado em um

béquer, utilizando 1 g de sólido para 10 mL de octanol, na proporção de 1:10 m/v. A

mistura foi submetida à agitação por 24 h e rotação de 400 rpm com o auxílio de um

Mix e a separação das fases ocorreu por filtração à vácuo. A fase líquida foi

acondicionada em frasco de vidro escuro, na geladeira, para evitar a degração

térmica e em frasco escuro, para proteger da luz. Para a determinação da

100 mL de Óleo vegetal, 35 mL de MeOH

+ catalisador a 50 °C

Separação das fases

Decantação

por 30 min

Biodiesel

Metanol +

Glicerina

CG-FID e FTIR

Purificação

Caracterização Físico-química

Viscosidade e

densidade

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concentração, em g/L, do extrato octanólico contendo o antioxidante da romã, foi

medido o volume de 50 mL do extrato e colocado na estufa a 80ºC, em um becker

previamente pesado para o cálculo da concentração comum, que relaciona a massa

do soluto e o volume da solução.

Os antioxidantes obtidos foram caracterizados por FTIR. Na Figura 14, está

apresentado o fluxograma da metodologia utilizada.

Figura 14: Fluxograma da metodologia de obtenção dos antioxidantes.

Fonte: Autor, 2017.

4.4.1 Preparo das misturas diesel/biodiesel/antioxidantes

Nesta etapa do trabalho, foram obtidas duas misturas de diesel S10 com

biodiesel da RPCC, nos teores de 10% v/v e 15% v/v de biodiesel. A partir destas

amostras, foi feita a preparação de novas misturas incluindo quantidades dos

antioxidantes. No Quadro 4, estão apresentadas as nomenclaturas das amostras

obtidas.

Trituração matéria-prima vegetal

Reator (Becker de vidro)

Agitação a 400 rpm

Octanol 99,5%

Tempo 24 h

Filtração

FTIR

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Quadro 4: Nomenclatura das amostras e suas composições.

Código Amostra

S10B10 Diesel S10 com adição de 10% de biodiesel

S10B15 Diesel S10 com adição de 15% de biodiesel

S10B10AC Diesel S10 com adição de 10% de biodiesel e antioxidante comercial BHT

S10B15AC Diesel S10 com adição de 15% de biodiesel e antioxidante comercial BHT

S10B10AN Diesel S10 com adição de 10% de biodiesel e antioxidante natural

S10B15AN Diesel S10 com adição de 15% de biodiesel e antioxidante natural

O antioxidante comercial, butil hidroxitolueno – BHT da Vetec 98% e o extrato

octanólico da romã (antioxidante natural), obtido da casca da romã, foram usados

nas misturas de diesel com 10% (v/v) e 15% (v/v) de biodiesel, preparando-se dois

grupos de 10 amostras, para cada teor de biodiesel. No grupo (I), foi adicionado o

antioxidante comercial BHT, em concentrações (100 a 2000 mg/kg) e no grupo (II) foi

adicionado o antioxidante natural, extrato octanólico da romã (Púnica granatum), nas

mesmas concentrações. No Quadro 5, estão apresentadas as amostras e as

respectivas concentrações dos antioxidantes. Os outros antioxidantes não foram

utilizados nessa etapa, mas estão avaliados.posteriormente.

Quadro 5: Variação da concentração (mg/L) dos antioxidantes presentes nas respectivas amostras

Amostras S10B10AC S10B15AC S10B10AN S10B15AN

Concentração dos

antioxidantes, em mg/L

100 100 100 100

250 250 250 250

500 500 500 500

750 750 750 750

1000 1000 1000 1000

1250 1250 1250 1250

1500 1500 1500 1500

1750 1750 1750 1750

2000 2000 2000 2000

47

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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Neste capítulo estão descritos os resultados obtidos durante este trabalho de

pesquisa, para a obtenção dos catalisadores e antioxidantes naturais, assim como

para os testes realizados na avaliação das propriedades físico-químicas do diesel e

biodiesel puro, além das misturas com 10% (v/v) e 15% (v/v) de biodiesel, na

presença não antioxidante. Ao mesmo tempo, estão discutidos os resultados dos

testes para a obtenção das propriedades do biodiesel, preparado com o CAT1 e

CAT2 e o resultado das propriedades físico-químicas do biodiesel de soja com

antioxidantes naturais através do método Rancimat.

5.1 CARACTERIZAÇÃO DO DIESEL E DOS BIODIESEL UTILIZADOS NESTE

TRABALHO

5.1.1 Propriedades físico-químicas das amostras de biodiesel e diesel

A avaliação da qualidade do diesel e biodiesel no País, para a

comercialização, é realizada pela ANP, que instituiu a realização de uma série de

testes para a obtenção das propriedades físico-químicas dos combustíveis,

fiscalizando e monitorando a qualidade dos mesmos, evitando prejuízos ao meio

ambiente e aos motores, nos quais serão utilizados, garantindo assim a qualidade

do produto comercializado. Os combustíveis produzidos neste trabalho foram

testados segundo as normas ASTM, definidas pela ANP. Na Tabela 1, estão

dispostos os resultados para os parâmetros físico-químicos das amostras de diesel

S10 (teor máximo de enxofre de 10 mg/kg), S500 (teor máximo de enxofre de 500

mg/kg) e biodiesel puro, da RPCC, além das amostras de biodiesel sintetizados com

os óleos de soja e algodão. O biodiesel RPCC é composto por biodiesel bovino e de

soja.

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Tabela 1: Propriedades físico-químicas das amostras de diesel e biodiesel utilizadas no trabalho.

Ensaios Diesel

S10 Diesel S500

Biodiesel RPCC

Biodiesel Algodão

Biodiesel Soja

Ponto de névoa (°C) -8 1,1 7,4 5,0 1,5

Ponto de entupimento (°C)

-10 -1 2 2,0 -3,0

Ponto de fluidez (°C) -17 -11 4 6 0,0 Densidade a 20°C

(kg/m3)

0,840 0,839 0,879 0,882 0,882

Viscosidade cinemática a 40°C (mm

2/s)

3,020 2,985 4,329 4,323 4,137

Índice de cetano (método A)

52,6 49,7

Ponto de fulgor (°C) 67 60 162 >200 >200

Teor de água (mg/kg) 401 445 335 290 295

Estabilidade oxidativa (110°C)

- - 7,20 0,78 1,56

Volume destilado Temperaturas de destilação (°C)

Especificação Diesel S10*

Especificação Diesel S500*

Diesel S10

Diesel S500

10% 236,1 218,1 -

50% 289,1 275,8 272,8

85% - 334,1

95% 343,4 345,8 -

*De acordo com a Resolução ANP nº 30.

Com os dados das propriedades físico-químicas obtidas para o biodiesel de

soja e algodão (Tabela 1), é possível observar que todas as propriedades

determinadas estão dentro do padrão previsto na resolução da ANP n° 30 para o

diesel e resolução da ANP n° 45 para o biodiesel, exceto o teor de água, cujo valor

está acima do permitido pela norma para o biodiesel e para o diesel S10, onde o

valor máximo permitido para ambos é de 200 mg/kg. Este resultado permite avaliar a

possibilidade de diminuição na eficiência da estabilidade oxidativa, já que a água

presente no meio, pode fornecer oxigênio para que ocorra a reação de oxidação,

diminuindo também a eficácia do antioxidante, seja natural ou sintético.

Na Tabela 1, é possível observar, que para o biodiesel os valores dos pontos

de névoa, entupimento e fluidez (pontos frios), não possuem, nessa sequência uma

característica de decaimento dos valores para as propriedades citadas, como é

comumente apresentado em outros combustíveis e, são sempre maiores que os de

diesel. Estes resultados, provavelmente, são devido à ausência de hidrocarbonetos

parafínicos, e a fatores relacionados ao tipo de cadeia e polaridade dos ésteres que

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compõe o biodiesel, uma vez que estes pontos frios estão associados às interações

que podem ocorrer com maior intensidade.

Os pontos frios obtidos para o diesel S500 são superiores aos do S10, isto

possivelmente, se deve à presença de frações mais pesadas, associadas a

compostos aromáticos e parafínicos, que contém maior teor de enxofre, que pode

causar uma maior polaridade, fazendo com que haja maior força de interação entre

as cadeias, e maior empacotamento.

Verifica-se ainda na Tabela 1, que o índice de cetano do S10 é superior ao do

S500, sendo esse índice um indicativo da qualidade de ignição do combustível.

Logo, a diminuição da concentração de compostos que proporcionam um maior teor

de enxofre ao diesel, melhora a sua qualidade de ignição. Observa-se ainda, o

aumento do ponto de fulgor no diesel S10, o que é bastante interessante, pois

diminui a possibilidade de ignição espontânea da amostra.

5.1.2 Caracterização das misturas diesel/biodiesel 10% (v/v) e 15% (v/v) da

RPCC – testes preliminares

Na Tabela 2, estão reportados os dados de propriedades físico-químicas para

a mistura obtida com diesel S10 (máximo10 mg/kg de S) e diesel S500 (máximo 500

mg/kg de S), ambas com 10% (v/v) e 15% (v/v) de biodiesel, gerando as amostras

denominadas, respectivamente, Diesel S10B10, Diesel S500B10, Diesel S10B15 e

Diesel S500B15. Todas as amostras puras foram originárias da RPCC e os dados

obtidos seguiram normas ASTM e testes padronizados pela ANP, que foram

comparados aos utilizados para o diesel atualmente comercializado no país, Diesel

S10B7 e Diesel S500B7.

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Tabela 2: Propriedades físico-químicas das misturas diesel/biodiesel.

Propriedades físico-

químicas

Especificação Diesel S10*

S10B10 S10B15 Especificação Diesel S500*

S500B10 S500B15

Ponto de névoa (°C)

- -2,7 -2,2 - 7,7 7,7

Ponto de entupimento.

(°C)

A depender do estado

-5 -4 A depender do

estado 4 4

Ponto de fluidez (°C)

- -6 -6 - 0 0

Densidade a 20°C Kg/m

3

- 829 832 - 836 838

Viscosidade cinemática a 40°C mm

2/s

1,9 a 4,1 3,235 3,276 2 a 5 3,133 3,166

Índice de cetano

48 50,67 52,03 46 49,62 49,92

Ponto de fulgor °C

38 55 68 38 58 55

Volume destilado

Temperaturas de destilação (°C)

Especificação Diesel S10*

S10B10 S10B15 Especificação Diesel S500*

S500B10 S500B15

10% 180 236,1 180 Anotar 285,7 anotar

50% 245 a 295 289,1 245 a

295 245 a 310 341,0

245 a

310

95% Anotar 343,4 anotar Anotar** anotar anotar

*De acordo com a Resolução ANP nº 30.

**Anotar: não possui valor especificado, apenas anota-se o resultado da análise.

A utilização de misturas de diesel com teores volumétricos de biodiesel de

10% e 15% permitiu observar que as propriedades físico-químicas exigidas para o

controle de qualidade de comercialização do diesel não sofreram alterações,

conforme está apresentado na Tabela 2, ficando dentro dos valores estabelecidos

pela resolução ANP n° 30 de 23 de junho de 2016, que regula a comercialização de

diesel atualmente no país. Este é considerado um resultado promissor, pois garante

que a proporção de biodiesel no diesel poderá continuar sendo elevada, diminuindo

assim a quantidade de combustível fóssil utilizado para queima, já que por

proporcionalidade, aumentando-se o teor de biodiesel diminuirá o de diesel no

combustível, que poderá ser empregado para fins mais nobres, reduzindo a emissão

de gases nocivos no meio ambiente, uma vez que a queima do biodiesel gera

menos poluentes nocivos, e este é biodegradável e renovável.

Os pontos frios das misturas, Diesel S10B10, Diesel S500B10, Diesel S10B15

e Diesel S500B15 apresentaram aumento com o incremento do biodiesel, o que era

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esperado, devido ás interações que ocorrem nas cadeias do biodiesel, mesmo estes

não possuindo aromáticos e parafinas na sua constituição. O valor do índice de

cetano pouco variou para as misturas obtidas, enquanto o ponto de fulgor teve um

decréscimo em relação ao diesel puro, para as amostras S10B10, S500B10 e

S500B15, exceto para o S10B15, porém se mantiveram acima do valor especificado

pela ANP. No geral, os valores obtidos na destilação, se mantiveram dentro da

especificação da ANP, exceto para os pontos de 50% (v/v) das misturas S500B10 e

S500B15 que apresentaram um valor superior ao especificado. Esse resultado é

justificado pela presença do biodiesel que eleva a temperatura nessa faixa de

destilação do diesel, devido a sua mais elevada massa molar e maior polaridade,

associada a própria carga presente no diesel S500.

5.1.3 Análises cromatográficas do biodiesel

Os dados obtidos através da cromatografia gasosa, CG-FID, norma ASTM D-

6584, para o biodiesel RPCC e os biodiesel de soja e algodão, produzidos por

catálise homogênea ao longo dessa pesquisa, estão reportados na Tabela 3, onde

são apresentados os teores de glicerina livre e total, e teores de mono, di e

triglicerídeos.

Tabela 3: Resultados da análise cromatográfica das amostras de biodiesel da RPCC, de soja e de

algodão por CG-FID.

Composição Biodiesel da RPCC

Biodiesel do algodão

Biodiesel da soja

Valor máx. estabelecido pela

especificação*

Glicerina livre (% massa) 0,012 0,002 0,001 0,02

Glicerina total (% massa) 0,273 0,111 0,098 0,25

Monoglicerídeo (% massa)

0,881 0,393 0,321 0,7

Diglicerídeos (% massa) 0,209 0,043 0,085 0,2

Triglicerídeo (% massa)

0,018 - 0,003 0,2

*De acordo com a Resolução ANP nº 45.

Com os resultados obtidos por CG-FID, é possível observar que as

concentrações de glicerina e glicerídeos presentes nas amostras de biodiesel de

soja e algodão estão abaixo do limite máximo especificado pela ANP, indicando um

baixo teor de resíduos. A ausência ou a pequena concentração de triglicerídeos

detectada indica que ocorreu a conversão do óleo vegetal em biodiesel, apesar de

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não poder inferir uma porcentagem dessa conversão apenas com esse resultado.

Isto ocorre, devido à quebra dessas moléculas para a formação do biodiesel, ao

longo do processo reacional, o que leva ao decaimento de triglicerídeos (SILVA,

2011). Além disso, o teor de glicerina é baixo para o biodiesel de soja e algodão, o

que indica a ocorrência de uma satisfatória etapa de purificação (ANP n° 45).

5.2. CARACTERIZAÇÃO DOS CATALISADORES CAT1 e CAT2

Neste tópico, serão abordados os resultados de caracterização dos

catalisadores CAT1 e CAT2 que foram sintetizados neste trabalho, com uma sílica

proveniente da areia da praia, denominada de MP1, produzida pelo grupo de

pesquisa do Labpetrol eusada para a obtenção dos catalisadores. A sílica foi

impregnada com hidróxidos de sódio e potássio, gerando o CAT1, que é catalisador

bimetálico. Para o catalisador CAT2 foi utilizado apenas o hidróxido de sódio.

5.2.1 Difração de raios X (DRX)

Na Figura 15 está apresentado o difratograma da amostra de sílica MP1 pura.

Pode-se observar o aparecimento de um pico em 2θ em torno de 22,5°,

característico de sílica amorfa (Carvalho et al, 2015).

Figura 15: Difratograma de raios X da sílica pura

Na Figura 16 está apresentado o difratograma de raios X, para o CAT1, onde

é possível verificar a modificação da estrutura da sílica amorfa utilizada como

suporte, pelo desaparecimento da banda larga em 2θ igual a 22,5°, além da

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presença de picos referentes aos óxidos de potássio (K2O) e de sódio (Na2O)

conforme as fichas cristalográficas, Joint Commitee on Powder Diffraction Standards

(JCPDS 23-0493) e (JCPDS 03-1074), respectivamente. É possível verificar, a

presença de estrutura cristalográfica correspondente à fase cúbica de face centrada,

com os planos característicos (200), (108), (510), (611), (220) e (222) para o K2O, e

planos (111), (200), (220), (622), (311) e (400) para o Na2O.

Figura 16: Difratograma de raios X do CAT1.

Na Figura 17, referente ao CAT2, pode-se verificar que a estrutura da sílica

amorfa utilizada como suporte, com banda característica de 2θ igual a 22,5°,

conforme apresentado na Figura 15, foi conservada. Este resultado permite observar

que a estrutura da sílica amorfa que compõe o CAT2, não foi modificada, como no

caso do CAT1 e, há ainda o aparecimento de picos associados ao Na2O

impregnado, na formação desse catalisador heterogêneo.

Figura 17: Difratograma de raios X do CAT2.

5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

Inte

nsid

ad

e / u

.a.

2

111-N

a

200-

Na

220-N

a

222-N

a

400-N

a

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De forma semelhante ao CAT1, pode-se constatar a presença de picos

referentes ao óxido de sódio (Na2O) na amostra CAT2, conforme a ficha

cristalográfica, Joint Commitee on Powder Diffraction Standards (JCPDS 03-1074),

apresentando estrutura cristalográfica correspondente à fase cúbica de face

centrada, com os planos característicos (111), (200), (220), (222) e (400).

5.2.2 Fluorescência de raios X (FRX)

Na Tabela 4 estão apresentados os resultados de FRX dos catalisadores

sintetizados, em %m/m de óxidos dos metais utilizados na formação dos CAT1 e

CAT2, além do teor teórico, em %m/m, calculado a partir dos hidróxidos utilizados na

formação destes catalisadores.

Tabela 4: Composição dos catalisadores CAT1 e CAT2 por FRX.

Óxidos de Metais

CAT1 CAT 2

Teor teórico de óxidos metálicos (%)

Teor real antes da reação (%)

Teor teórico de óxidos metálicos (%)

Teor real antes da reação (%)

K2O 33 49 - 0,2

Na2O 20 26 5 27

SiO2 50 22 94 71 Fe2O3 - 1 - 2

* Teor teórico de óxidos de metais: teor calculado da proporção de Na, K e Si na amostra.

Os resultados obtidos a partir da técnica de fluorescência de raios X, FRX,

indicam a composição percentual aproximada dos óxidos de metais presentes em

cada amostra, confirmando que os metais usados na preparação dos catalisadores,

foram impregnados, formando compósitos com a sílica MP1para a obtenção do

CAT1 e do CAT2, como pode-se observar através do DRX das amostras. Pode-se

verificar para o CAT1, que as variações nos teores dos óxidos dos metais estão de

acordo com as alterações observadas no difratograma da Figura 15, quando

comparado com a Figura 14, onde a estrutura da sílica apresentou mudança

considerável. Enquanto que, no difratograma do CAT 2, Figura 16, observa-se que

há a presença do óxido de sódio, porém este não afetou drasticamente a estrutura

da sílica, que manteve o pico principal com banda característica de 2θ igual a 22,5°,

e o FRX, Tabela 4, confirma a alteração, porém o teor de SiO2 permaneceu elevado,

variando apenas devido a inserção do óxido de sódio, Na2O.

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5.2.3 Espectroscopia de infravermelho dos catalisadores CAT1 e CAT2.

No espectro de infravermelho do catalisador CAT1 mostrado na Figura 18,

pode se observar as bandas próprias dos silicatos, onde a posição da vibração

principal da ligação Si-O-X (X= Si, Na, K ou H), uma banda de estiramento, dá uma

indicação do comprimento e do ângulo das ligações numa rede de silicato. Para a

silica amorfa, este pico ocorre aproximadamente em 1100 cm -1(REES CA et al.

2007). Um deslocamento da banda de estiramento de Si-O-X para números de onda

mais baixos indica um alongamento do Si-O-X. Uma redução do ângulo de ligação e,

portanto, uma diminuição da força de vibração molecular (INNOCENZI P. 2003).

Esta mudança pode ser atribuída a um aumento da proporção de sítios de silício

com oxigénios não ligantes (NBO).

Figura 18: Espectro de FTIR do CAT1.

No espectro em questão observa-se uma banda em 3330 cm-1, que pode ser

atribuída aos estiramentos das ligações Si-OH, ou a interação entre grupos

hidroxilas vizinhos, via ligações de hidrogênio, podendo ser normalmente um

indicativo de OH da água (BORBÉLY G. 1991).

A banda de absorção próxima de 1460 cm-1 pode indicar a existência de

Na2CO3/K2CO3, onde a formação destas espécies pode ser atribuída a reação dos

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metais alcalinos com o CO2 presente no ar durante o estágio de aquecimento.

(BELMOKHTAR et al. 2016). A banda em 595 cm-1 pode ser atribuída às vibrações

de flexão das ligações Si-O (δSi-0) e as vibrações de estiramento que surgem das

ligações Na-O (MO) e a banda em 842 cm-1 que está associada às vibrações de

estiramento simétricas das ligações Si-O-Si. A banda de absorção em 1014 cm-1

pode significar o estiramento simétrico do grupo CO3-2 da espécie K2CO3 (HUANG C.

K 1960), também pode ser atribuída ao estiramento assimétrico das ligações Si-

O(Na). (HALASZ I et al. 2007; GUNASEKARAN S et al. 2006). Além disso, tem as

bandas na faixa de 2700 cm-1 a 1743 cm-1, que podem ser atribuídas às vibrações

simétricas e assimétricas da formação da espécie HCO3- provenientes da reação de

KOH/NaOH com o CO2 do meio, durante estágio de aquecimento (SIMONSEN et al.,

2009).

No espectro de FTIR do catalisador CAT2, apresentado na Figura 19, podem

ser observadas bandas características de sílica amorfa, como a banda em 3412 cm-

1, que pode ser atribuída às vibrações de estiramento dos grupos Si-OH na estrutura

amorfa da sílica. Além disso, outras bandas importantes são identificadas, tais como,

em 1653 cm-1 referente às vibrações de flexão das moléculas H-O-H (AN D et al.

2010), em 1014 cm-1 pode ser atribuída às vibrações de estiramento assimétrico das

ligações Si-O-Si, em773 cm-1, que pode ser atribuída ao estiramento simétrico das

ligações Si-O-Si. (LI J et al., 2008; SHAHBAZI A et al. 2011) e em 457 cm-1

referente as vibrações de flexão das ligações O-Si-O (MUSIC S et al., 2011). A

banda de absorção em 1415 cm-1 indica a existência de Na2CO3, e a formação desta

espécie pode ser atribuída a reação do sódio, proveniente do citrato de sódio, com

o CO2 presente no ar, durante o estágio de aquecimento, e o CO2 proveniente da

combustão das espécies citrato presentes na reação (BELMOKHTAR et al., 2016).

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Figura 19: Espectro de FTIR do CAT2.

5.3 RECUPERAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DO CATALISADOR CAT2 APÓS

REAÇÃO DE TRANSESTERIFICAÇÃO

5.3.1 Caracterização por difração de raios X e fluorescência de raios X.

Na Figura 20 está apresentado o difratograma de raios X do CAT2 após

utilização na reação de transesterificação para a produção de biodiesel de soja. O

CAT2 foi escolhido devido a observação visual deste, que apresentou uma estrutura

similar a inicial, não sendo afetada pela reação.

Figura 20: DRX do CAT2 após a reação de transesterificação

10 20 30 40 50 60 70

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

Inte

nsid

ad

e / u

.a.

2

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A comparação entre os difratogramas, antes e após uso do CAT2 na reação

de transesterificação, Figuras 17 e 20 respectivamente, mostrou que a estrutura do

catalisador não sofreu mudanças significativas, o que indica a possibilidade de

recuperação, após lavagem com solvente e tratamento térmico, para a retirada do

óleo remanescente. Os picos referentes ao óxido de sódio (Na2O) ainda estão

presentes, mesmo após uso na reação de transesterificação, apresentando planos

coincidentes com o catalisador em sua forma inicial.

Na Tabela 5 estão apresentados os teores de óxidos utilizados na

impregnação dos hidróxidos dos metais, e os obtidos com a técnica FRX, antes e

após a reação de transesterificação.

Tabela 5: Resultados de FRX para o CAT2 recuperado e antes da reação.

Óxidos de

Metais

CAT2

Teor teórico de óxidos metálicos (%)

Teor real antes da reação (%)

Teor real após a reação (%)

K2O - 0,1 0,6

Na2O 5 26 20

SiO2 94 70 73 Fe2O3 - 2 5

Com os resultados do FRX, mostrados na Tabela 5, pode-se comprovar que o

CAT2 apresentou uma boa proporção do metal impregnado após a reação, o que

permitirá a sua reutilização, além da vantagem de fácil recuperação, sendo essa a

grande vantagem do catalisador heterogêneo, ficando mais atrativo que os

catalisadores homogêneos, que são mais difíceis de separar do meio reacional. A

desvantagem do CAT 2, ainda é o tempo de reação, que foi superior ao CAT1 e ao

catalisador KOH, onde a reação com CAT 1 ocorreu com 30 minutos e com o CAT2

a reação se processou por 4:30 h, mas alguns estudos de variáveis como

temperatura, e composição poderão resultar em menor tempo reacional.

5.4. PRODUÇÃO DE BIODIESEL DE SOJA COM O CAT1 E CAT2.

Na Tabela 6, estão apresentados os dados de algumas propriedades físico-

químicas do biodiesel de soja produzido com o CAT1, CAT2 e comparado com o

obtido com KOH (homogêneo).

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Tabela 6: Propriedades físico-químicas para os biodiesel de soja obtidos com CAT1, CAT2 e KOH

Propriedades CAT1 CAT2 KOH

Viscosidade dinâmica (mPa.s)

Viscosidade Cinemática

(mm2/s)

3,547 3,542 3,592

4,090 4,085 4,137

Densidade a 40°C (g/cm3)

0,867

0,863

0,868

Densidade a 20°C (g/cm3)

0,881

0,881

0,882

Os dados obtidos nas determinações de propriedades físico-químicas estão

apresentados na Tabela 6, e indicam que, provavelmente, ocorreu conversão na

transesterificação do óleo de soja, produzindo biodiesel e outros produtos com os 03

catalisadores, CAT1, CAT2 e KOH, já que o óleo vegetal possui valores muito

superiores para as propriedades observadas. Para os catalisadores CAT1 e CAT2,

as conversões volumétricas observadas do óleo vegetal em biodiesel foram de 90%

e 87%, respectivamente, sendo estas determinadas através da medição em proveta

graduada de 100 mL.

Os resultados obtidos apresentaram bastante similaridade para as amostras

de biodiesel produzidas com KOH, CAT1 e CAT2, onde a utilização destes últimos

apresenta a vantagem de minimizar a formação de H2O durante a reação de

produção do biodiesel, que ocorre quando a hidroxila da base retira o hidrogênio do

álcool para formação do alcóxido, considerando a reação básica com KOH, que é

um subproduto da reação catalisada por hidróxidos, podendo proporcionar a

formação de grande quantidade de emulsões e sabão (RINALDI et. al., 2007). Com

o CAT1, obteve-se o biodiesel com o mesmo tempo reacional e rendimento obtidos

com os catalisadores tradicionais (ROCHA et. al., 2008).

5.4.1 Espectros de FTIR dos biodiesel de soja produzidos com CAT 1 e CAT2.

A Figura 21 retrata os espectros de FTIR para os biodiesel de soja, obtidos com o

CAT1, Figura 21(a) e com o CAT2, Figura 21(b).

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Figura 21: FTIR do biodiesel de soja produzidos com (a) o CAT1 e (b) o CAT2

É possível observar que os espectros das Figuras 21(a) e 21(b) são bastante

similares para os biodiesel de soja, obtidos com ambos catalisadores CAT 1 e CAT2,

onde são encontradas as bandas em 2932,1 cm-1 e 2844,14 cm-1 que representam

os modos de estiramento simétrico e assimétrico para a ligação C-H de grupos

metílicos (νs C-H e as C-H). Em 3011,2 cm-1 há estiramento simétrico e assimétrico

das ligações C-H em grupos olefínicos (νs C-H olef e νas C-H olef), para os derivados

insaturados da matriz oleaginosa. Em 1736,96 cm-1 há uma banda intensa atribuída

ao estiramento da ligação C=O de ésteres (ν(C=O)). São observadas ainda, duas

bandas muito próximas, de média intensidade em 1455,08 cm-1 e 1428,93 cm-1, que

se relacionam aos modos de deformação angular simétrica no plano para CH2 –

δs(CH2) – e deformação assimétrica de CH3 – δas(CH3). Em 1244,40 cm-1 se observa

(a)

(b)

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uma banda atribuída às deformações angulares assimétricas e simétricas fora do

plano para as ligações CH2 – CH2 e ω(CH2), respectivamente, e ao estiramento

assimétrico associado ao grupamento funcional de ésteres (νas[CH2(C=O)OCH3])

(Ruschel et. al., 2015; SADROLHOSSEINI et. al., 2011).

5.5 RESULTADOS OBTIDOS PARA OS ANTIOXIDANTES UTILIZADOS NESTE

TRABALHO.

Neste tópico serão abordados os resultados de caracterização dos

antioxidantes naturais originários da romã, do maracujá e do cravo e da avaliação

destes em misturas com o biodiesel de soja e algodão. Além disso, será discutida a

ação antioxidante do extrato alcoólico da romã na mistura diesel S10 e biodiesel

RPCC nas proporções volumétricas de 10% e 15% de biodiesel em diesel.

5.5.1 Caracterização dos antioxidantes.

Na Figura 22, estão apresentados os espectros FTIR para os antioxidantes

naturais baseados em extratos alcoólicos da romã, do maracujá e do cravo e na

Tabela 7, estão indicadas as suas principais regiões de absorção.

Figura 22: Espectros de FTIR dos antioxidante de cravo, maracujá e romã.

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Tabela 7: Número de onda e vibração dos grupos funcionais presentes no extrato de antioxidantes fenólicos naturais.

Número de onda (cm-1

) Vibração

3329 Deformação Axial de O-H

3000 Deformação axial de C-H de aromáticos

1601 e 1460 Deformação axial de C=C do anel aromático

1375 Deformação angular no plano de O-H de fenol

1228 Deformação Axial de C-O

1050 Deformação Axial de C-O de álcoois

815 e 745 Deformação angular fora do plano de C-H de Fenol

Fonte: Silverstein, 2016.

Nos espectros de FTIR da Figura 22 estão apresentadas as principais bandas

encontradas nos compostos fenólicos, que, possivelmente, estão presentes na

estrutura química dos extratos obtidos destes produtos naturais. Estes compostos

fenólicos são os prováveis responsáveis pela diminuição da velocidade de oxidação

dos ésteres do biodiesel (HEIM, TAGLIAFERRO E BOBILYA, 2002).

5.5.2 Avaliação da eficácia dos antioxidantes naturais no biodiesel

Devido a problemática da degradação oxidativa do biodiesel, neste trabalho

foram obtidos antioxidantes naturais e realizados testes avaliando as suas eficácias

através do período de indução (h), com o uso do método de estabilidade oxidativa

Rancimat (FERREIRA E SOUZA, 2009). Na Tabela 8, estão apresentados os

resultados obtidos da estabilidade oxidativa dos biodiesel de soja e de algodão

obtidos por catálise homogênea com KOH, utilizando os diversos antioxidantes.

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Tabela 8: Resultados dos testes com antioxidantes

Testes Código Período de Indução

(h) Concentração de

antioxidante (mg/Kg)

01 (A1_Cravo) + Biodiesel de

Soja 5,38 1554

02 (A2_Romã) + Biodiesel de

Soja 5,74 1068

03 (A3_Maracujá) + Biodiesel de

Soja 5,23 192

04 (A1+A2+A3) + Biodiesel de

Soja 5,50 281,4

05 (A1_Cravo) + Biodiesel de

Algodão 4,46 1554

06 (A2_Romã) + Biodiesel de

Algodão 3,86 1068

07 (A3_Maracujá)+ Biodiesel de

Algodão 2,90 192

08 (A1+A2+A3) + Biodiesel de

Algodão 3,68 281,4

09 Óleo de Soja (Branco) 1,56 0

10 Óleo de Algodão (Branco) 0,78 0

Os resultados apresentados na Tabela 8 com diferentes concentrações,

devido o volume usado como solvente para introduzir o antioxidante natural nas

amostras de biodiesel extrair da biomassa essas concentrações de material,

indicam que eles foram eficazes na redução da oxidação das moléculas que

compõe os óleos, quando comparados ao biodiesel puro utilizado como teste

branco. É possível verificar ainda, que ação dos antioxidantes é mais eficaz no

biodiesel da soja. Além disso, os compostos presentes nesses antioxidantes

naturais, chamados de flavonoides, provavelmente estabilizam os radicais livres

na sua estrutura, através da ressonância no anel aromático. Pode-se observar

que o antioxidante obtido da casca do maracujá foi o mais eficiente, já que este

teve um resultado muito próximo aos outros com uma concentração bem menor

quando comparado a romã e cravo (SOARES, 2002; RAMALHO & JORGE, 2006;

MAIA, 2015; SILVA, 2015).

5.6 RESULTADOS DE ENSAIOS FISICO-QUÍMICOS PARA AS MISTURAS DE DIESEL/BIODIESEL/ANTIOXIDANTE NATURAL E COMERCIAL

5.6.1 Destilação atmosférica

Na Tabela 9, estão apresentados os dados das curvas de destilação das

amostras de diesel S10B10 e S10B15, ambos da RPCC, com 1000 mg/kg de

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antioxidante comercial BHT - butil hidroxitolueno (AC) e 1000 mg/kg do antioxidante

natural (AN) de romã, que foi considerado o melhor antioxidante no resultado com o

teste de Rancimat para o biodiesel. Entretanto, posteriormente ao avaliar-se as

proporções das concentrações utilizadas, observou-se que o antioxidante de

maracujá apresentou também grande eficiência.

Tabela 9: Dados de temperaturas de destilação ASTM D-86 das amostras de diesel S10

e das formulações de diesel/biodiesel de soja/antioxidante.

Volume destilado

Temperatura (°C)

Especificação* Amostra

S10B10AC (1000mg/Kg)

Amostra S10B15AC

(1000mg/Kg)

Amostra S10B10AN

(1000mg/Kg)

Amostra S10B15AN

(1000mg/Kg)

10% 180 191,1 195,4 190,7 195,6

50% 245-295 279,8 290,3 280,91 290,1

95% 370 355,4 356,1 356,32 355,1

*Concentração de antioxidante (1000mg/Kg)

Os dados das curvas de destilação das formulações de

Diesel/Biodiesel/antioxidante, apresentados na Tabela 9, foram obtidos utilizando

metodologia que segue a norma ASTM D 86 para diesel. As Figuras 23 e 24

retratam os perfis das curvas obtidas.

Figura 23: Curvas de destilação das amostras S10B10, S10B10AC e S10B10AN.

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Figura 24: Curvas de destilação das amostras S10B15, S10B15AC e S10B15AN.

Analisando os perfis das curvas de destilação, %volume recuperado, em

função da temperatura, °C, apresentados nos gráficos das Figuras 23 e 24, não se

observam mudanças significativas ao se comparar os diesel S10B10 e S10B15

isentos de antioxidantes, com as amostras que possuem antioxidantes. Indicando

que a adição de antioxidantes, nas proporções utilizadas nas amostras com até 15%

de biodiesel, não afetam significativamente as características de destilação do

combustível para comercialização.

As amostras de diesel S10 com altos teores de biodiesel, até 15%, e

antioxidantes, até 1000 mg/Kg, obtidas neste trabalho, apresentaram curvas de

destilação que se mantiveram dentro das especificações exigidas pela ANP. A curva

de destilação é uma ferramenta importante no monitoramento da composição dos

combustíveis, uma vez que, se a presença dos antioxidantes, nas concentrações

utilizadas, provocassem alterações nas temperaturas de destilação, seria facilmente

detectável (COSTA, 2016), em função dos valores de temperaturas especificados

pela ANP, para todo o perfil de destilação.

5.6.2 Viscosidade cinemática a 40°C

Na Tabela 10, estão apresentados os resultados obtidos nos ensaios para

determinação da viscosidade cinemática a 40°C, das formulações S10B10AC,

S10B10AN, S10B15AC e S10B15AN.

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Tabela 10: Dados de viscosidades cinemáticas das amostras diesel/biodiesel/antioxidante.

Concentração de

antioxidante (mg/Kg)

Viscosidade cinemática a 40°C (mm2/s)*

S10B10AC S10B10AN S10B15AC S10B15AN

0 2,966 2,966 3,015 3,015 1000 2,973 2,868 3,041 2,908 2000 2,979 2,847 3,076 2,899

*Valor especificado para o diesel = 1,9 a 4,1 mm

2/s

Os resultados obtidos para a viscosidade cinemática confirmam o

comportamento já esperado quando se faz incremento de biodiesel no diesel, com a

elevação de forma gradativa da viscosidade da mistura, com a variação de teor de

biodiesel, de 10% (v/v) para 15% (v/v). Isto pode ser justificado, com a presença de

grupos na estrutura do biodiesel com massa molar mais elevada que no diesel,

principalmente devido a cadeias carbônicas longas e de maior polaridade, como os

grupos oxigenados derivados de ésteres, aumentando assim suas interações

intermoleculares e, consequentemente, a viscosidade cinemática das amostras.

Verifica-se ainda que a presença dos antioxidantes naturais, da romã, produzidos

neste trabalho, reduzem os valores de viscosidade das amostras, o que deve estar

associado à composição dos extratos alcoólicos dos antioxidantes utilizados, porém

as mesmas permanecem dentro dos valores especificados na resolução ANP n° 50

de 23/12/2013, entre 2,0 a 4,5 mm2/s.

Com os dados da Tabela 10, foi obtido o gráfico da viscosidade cinemática

em função das concentrações dos antioxidantes comercial e natural (da romã), como

mostrado na Figura 25.

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Figura 25: Gráfico de viscosidade cinemática das amostras S10B10 e S10B15 isentas de

antioxidante e S10B10 e S10B15 com antioxidantes.

De acordo com o perfil dos dados apresentados na Figura 25, pode-se

perceber, que todos os pontos obtidos estão dentro da faixa requerida pela

resolução N° 50/2013 da ANP, que determina o limite mínimo de 2,0 mm2/s e

máximo de 4,5 mm2/s para a viscosidade cinemática nas formulações de diesel.

Desta forma, verifica-se que amostras de diesel contendo até 15% (v/v) de biodiesel

podem ser utilizadas comercialmente, sem conferir prejuízos a esta propriedade, que

é bastante importante para o transporte em dutos e no próprio motor dos

equipamentos, pois está relacionada com a facilidade ou não de escoamento de um

liquido. Em regiões com temperaturas baixas, essa especificação se torna mais

importante ainda, já que diminuindo a temperatura, teremos uma diminuição da

energia cinética das moléculas, com o menor movimento molecular, poderá

acontecer a solidificação do líquido causando entupimentos (CANACKI, 2007).

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5.6.3 Massa específica a 20°C

Na Figura 26, estão apresentados os dados referentes à massa específica em

kg/m3, à 20°C, com e sem a presença de antioxidantes. Pode-se perceber que os

valores dessa propriedade em cada uma das amostras, de A1 à A10, apresentadas

na Tabela 8, estão entre os intervalos, mínimos e máximos, especificados pela ANP.

Figura 26: Massa específica das amostras a 20 °C

Foi verificado que o aumento da concentração de biodiesel e a adição dos

compostos antioxidantes nas formulações, não apresentaram tendência a sair dos

limites mínimo (815 kg/m3) e máximo (850 kg/m3) pré-estabelecidos pela ANP.

Tendo-se a possibilidade de uso de 15% (v/v) de biodiesel sem provocar alterações

que comprometam a qualidade do combustível.

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5.6.4 Índice de cetano

Na Figura 27, estão os dados do Índice de Cetano, IC, obtidos diretamente no

equipamento de destilação ASTM D 86, com o uso de valores da densidade de cada

amostra a 15°C.

Figura 27: Índice de Cetano das amostras de Diesel/Biodiesel com antioxidantes e sem

antioxidantes.

Na Figura 27, é possível observar que os resultados estão dispostos numa

faixa entre 50 e 52, indicando que apesar da aditivação tanto com biodiesel quanto

com antioxidantes, há pequena diferença entre os valores de IC. As amostras com

10% (v/v) de biodiesel apresentaram menores diferenças de valores de IC em

relação às amostras com 15% (v/v) de biodiesel. Tal influência na elevação dos

valores de IC pode ser justificada pela presença de compostos oxigenados que

melhoram a ignição do diesel no motor. Entretanto, os resultados obtidos estão

dentro da faixa exigida pela ANP para esta propriedade, o que é muito importante, já

que esse índice indica se o combustível está explodindo na câmara de combustão

de forma eficiente (LIMA et. al., 2012), ou seja, com uma energia na quebra das

moléculas com um valor suficiente para transferir a energia química que ocorre na

ruptura das moléculas em energia mecânica para o equipamento entrar em

funcionamento.

70

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5.7 ESTABILIDADE OXIDATIVA

De acordo com os resultados de estabilidade oxidativa para as amostras de

diesel S10 com biodiesel 10% e 15 %, S10B10 e S10B15, isentas de antioxidante e

com antioxidantes comercial (S10B10 AC e S10B15 AC) e antioxidantes natural, a

base de romã, (S10B10 AN S10B15 AN) foram obtidos os valores do período de

indução, à temperatura de 150°C. Os dados obtidos podem ser visualizados na

Tabela 11.

Tabela 11: Resultados da estabilidade oxidativa das amostras isentas de antioxidante e das amostras

com antioxidante

Amostra Antioxidante (mg/Kg) P.I. (min) Antioxidante (mg/Kg) P.I. (min)

S10B10 0 82 0 82 S10B15 0 66 0 66

S10B10 AC 1000

356 2000 486

S10B10 AN 1000 267 2000 345 S10B15 AC 1000 241 2000 327 S10B15 AN 1000 176 2000 229

AN = antioxidante natural da romã; AC = Antioxidante comercial.

A partir dos dados demonstrados na Tabela 11, foi possível fazer o plot dos

gráficos do período de indução (P.I.), em função das concentrações dos

antioxidantes natural (AN) e comercial, (AC), conforme apresentado na Figura 28 (a)

e (b), podendo assim avaliar o desempenho de ambos antioxidantes.

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Figura 28: Estabilidade oxidativa das misturas (a) contendo Diesel/Biodiesel 10% (v/v) (b) contendo

Diesel/Biodiesel 15% (v/v) e antioxidantes.

Nas Figuras 28 (a) e (b), comparando-se os resultados para as amostras

isentas de antioxidantes, observa-se que o aumento da concentração do biodiesel

de 10% (v/v) para 15% (v/v), diminui o período de indução, o que sugere uma

tendência maior à oxidação da amostra devido ao maior teor de biodiesel. Este

comportamento deve estar associado a presença de compostos oxigenados e

insaturados no biodiesel que aumenta com o teor do biocombustível na mistura com

diesel, já que a oxidação do biodiesel ocorrerá principalmente com a quebra das

ligações insaturadas. Os compostos flavonoides, encontrados nos antioxidantes,

(a)

(b)

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como aqueles encontrados na romã, atuarão capturando os radicais livres e

estabilizando por ressonância no anel aromático.

Existe uma tendência ao aumento do período de indução com a adição dos

antioxidantes, e a eficiência para ambos é aumentada à medida que se aumenta sua

concentração de 1000 para 2000 mg/kg. Entretanto, para o gráfico com 15 % de

biodiesel, Figura 28 (b), a eficiência de ambos os antioxidantes é reduzida em

função do aumento da concentração de substâncias propícias à oxidação, no

antioxidante natural (AN) quando comparado ao antioxidante comercial (AC).

Percebe-se pelos resultados obtidos para o antioxidante natural apresenta

uma eficiência em torno de 70 % em relação ao comercial, o que sugere sua

utilização na substituição parcial ou até mesmo total do antioxidante comercial, uma

vez que apresenta vantagens, como ser obtido de fontes naturais, com baixo custo,

é biodegradável, gerando menos resíduos ambientais, e não altera as propriedades

do combustível.

Segundo Carvalho (2010), a temperatura do teste de estabilidade oxidativa

influencia no período de indução, havendo um aumento de PI quando se reduz a

temperatura e, no geral a análise é feita em um equipamento Rancimat, nas

temperaturas de 90°C e 110°C. O ensaio de estabilidade oxidativa realizado neste

trabalho, foi utilizou um equipamento PetroOXY, que é operado à temperatura de

140°C, o que pode ter influenciado os resultados, principalmente, para o caso do

antioxidante natural, uma vez que os compostos naturais podem sofrer alterações

nesta temperatura.

5.8 Espectroscopia de infravermelho com transformada de Fourier (FTIR)

Com os espectros de FTIR das amostras contendo antioxidante comercial e

natural, derivado da romã, foi possível observar às absorções dos grupos funcionais

ativos presentes nas misturas. As principais bandas de absorção ativas nas

amostras estão apresentadas na Figura 29 e destacadas no Quadro 4.

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Figura 29: Espectros de FTIR para as amostras S10B10 isentas de antioxidante e com antioxidante comercial.

De acordo com os espectros obtidos, verifica-se que não há diferença

significante entre elas, mas é possível identificar a presença dos picos

característicos dos grupos ativos, em suas respectivas regiões de absorção no

infravermelho. Os espetros obtidos para as amostras foram sobrepostos para a

verificação da interferência provocada pelo surgimento de novas bandas de

absorção características de cada substância.

Percebeu-se que a adição destas substâncias antioxidantes não afetou as

estruturas moleculares e consequentemente as propriedades das misturas

Diesel/Biodiesel, pois não foi evidenciado o surgimento de novas bandas espectrais

que justificassem a presença destes antioxidantes, uma vez que os espectros se

mantiveram visivelmente similares.

A absorção de cada grupo funcional, evidenciada em cada região e seus

respectivos números de onda estão dispostos no Quadro 6.

Quadro 6: Vibração e Número de onda dos grupos funcionais das amostras.

Número de onda (cm

-1)

Vibração

2952 Deformação axial assimétrica da ligação C-H do grupo CH3

2922 Deformação axial assimétrica de C-H do CH2

2854 Deformação axial simétrica de C-H do CH2

1745 Estiramento da ligação C=O de ésteres alifáticos saturados

1196 e 1168 Deformação axial C–O de ésteres

1462 Deformação angular de C-H CH2 e CH3

1377 Deformação angular assimétrica do grupamento CH3

722 Deformação angular assimétrica no plano de CH2, característico de cadeias

longas (CH2)n.

Fonte: Silverstein, 2016.

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6. CONCLUSÃO

Os resultados encontrados ao longo dessa pesquisa indicaram que o

aumento no teor de biodiesel até 15%v/v no diesel, não provocou alterações

consideráveis nas propriedades físico-químicas analisadas para as amostras de

Diesel/Biodiesel, sendo esta uma importante informação, uma vez que respalda a

redução do uso de combustíveis fósseis, e atende às recentes Portarias da ANP,

que indica a perspectiva de uso do diesel com 15% v/v de biodiesel até 2019.

Os resultados para o biodiesel da RPCC comparados ao biodiesel produzido

com o CAT 1 e O CAT2 apresentaram-se similares, o que demonstra que o biodiesel

de soja formado com ambos catalisadores apresentou boa qualidade, quando

comparado com o da RPCC, podendo assim até mesmo ser comercializado.

O antioxidante proveniente da casca do maracujá apresentou o melhor

resultado, o que leva a busca de novas metodologias para a sua obtenção e

inserção no biodiesel, com possibilidades de substituir os antioxidantes sintéticos,

além do reaproveitamento de material da agroindústria, para produtos de maior valor

industrial.

Os catalisadores obtidos com o uso de uma sílica alternativa (MP1), também

agrega valor ao produto final obtido, uma vez que apresentaram eficiência na reação

de transesterificação para a obtenção de biodiesel, com resultados satisfatórios.

O uso do antioxidante natural extraído do fruto da romã, associado à adição

de até 15% de biodiesel nas formulações de diesel S10, não provocaram alterações

nas amostras, para fins de comercialização, uma vez que estas permaneceram

dentro das especificações exigidas pela ANP.

O antioxidante natural apresentou desempenho satisfatório comparado ao

comercial, uma vez que apresentou uma atividade antioxidante em torno de 70 %

comparado ao antioxidante comercial nas formulações de Diesel/Biodiesel, tendo

uma ótima relação de custo/benefício.

Como perspectivas futuras, serão avaliados processos de liofilização dos

antioxidantes, para minimizar a adição do álcool e a utilização de novos

catalisadores heterogêneos, a base de sílicas alternativas. Serão efetuados testes

utilizando antioxidantes provenientes de maracujá e do cravo em misturas de

biodiesel/diesel.

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REFERÊNCIAS

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