antocianinas de jambolÃo (syzygium cumini comparaÇÃo de

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE NUTRIÇÃO ANTOCIANINAS DE JAMBOLÃO (SYZYGIUM CUMINI): COMPARAÇÃO DE DIFERENTES MÉTODOS DE EXTRAÇÃO E AVALIAÇÃO DA ESTABILIDADE FRENTE A pH, TEMPO E TEMPERATURA SARA SAYONARA DA CRUZ NASCIMENTO NATAL-RN 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE NUTRIÇÃO

ANTOCIANINAS DE JAMBOLÃO (SYZYGIUM CUMINI):

COMPARAÇÃO DE DIFERENTES MÉTODOS DE

EXTRAÇÃO E AVALIAÇÃO DA ESTABILIDADE

FRENTE A pH, TEMPO E TEMPERATURA

SARA SAYONARA DA CRUZ NASCIMENTO

NATAL-RN

2017

SARA SAYONARA DA CRUZ NASCIMENTO

ANTOCIANINAS DE JAMBOLÃO (SYZYGIUM CUMINI):

COMPARAÇÃO DE DIFERENTES MÉTODOS DE

EXTRAÇÃO E AVALIAÇÃO DA ESTABILIDADE

FRENTE A pH, TEMPO E TEMPERATURA

Orientadora: Profª. Drª. Thaís Souza Passos

NATAL-RN

2017

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado ao Curso de Graduação em

Nutrição da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte como requisito final

para obtenção do grau de Nutricionista.

SARA SAYONARA DA CRUZ NASCIMENTO

ANTOCIANINAS DE JAMBOLÃO (SYZYGIUM CUMINI):

COMPARAÇÃO DE DIFERENTES MÉTODOS DE

EXTRAÇÃO E AVALIAÇÃO DA ESTABILIDADE

FRENTE A pH, TEMPO E TEMPERATURA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Nutrição da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito final para obtenção do grau de

Nutricionista.

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________________________

Profª. Drª. Thaís Souza Passos

__________________________________________________________

Profª. Drª. Renata Alexandra Moreira das Neves

_____________________________________________________________

Profª. Drª. Liana Galvão Bacurau Pinheiro

Natal, _____ de ________________ de 2017.

AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradeço a Deus pelo dom da vida, por me dar saúde, força,

sabedoria, por me proporcionar a oportunidade de estar concluindo uma etapa tão importante

da vida, e estar comigo em todos os momentos.

À minha orientadora Thaís Souza Passos, pela confiança, por todo empenho,

dedicação, paciência, ensinamentos, amizade, por não medir esforços e estar disponível em

todos os momentos, me incentivando e ajudando a superar os desafios encontrados.

Aos meus pais e a toda minha família, pelo amor, carinho, apoio, incentivo, por

estarem comigo em todos os momentos, me ajudando a seguir mesmo em meio as

dificuldades e me dando suporte para o alcance dos meus objetivos.

Aos meus amigos e colegas, pelas palavras amigas, compreensão, carinho,

momentos compartilhados, por sempre estarem ao meu lado, apoiando, aconselhando e me

dando força em todos os momentos. Em especial a Thainá e Renata, por não medirem

esforços em me disponibilizarem os Jambolões para a realização deste trabalho.

Agradeço também a todos os departamentos, professores, doutorandos e

mestrandos que disponibilizaram seus laboratórios e equipamentos para a realização das

análises, em especial ao laboratório de Análises dos alimentos.

À equipe do Laboratório de Técnica Dietética pela força, incentivo, alegrias e

momentos compartilhados.

E a todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação, o meu

muito obrigado.

“Porque dEle e por Ele, e para Ele, são todas as

coisas; glória, pois, a Ele eternamente.”

(Romanos 11:36)

NASCIMENTO, S. S. C. Antocianinas de jambolão (Syzygium cumini): Comparação de

diferentes métodos de extração e avaliação da estabilidade frente a pH, tempo e

temperatura. 2017. 30 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Nutrição) – Curso

de Nutrição, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2017.

A cor é um atributo sensorial de grande importância para os alimentos, pois desempenha um

papel importante no sucesso de um produto no mercado consumidor. Desta forma, a indústria

alimentícia utiliza corantes sintéticos devido ao baixo custo, estabilidade e brilho. Entretanto,

no último século, os corantes artificiais tem sido citados como responsáveis por acarretar

inúmeros riscos toxicológicos à saúde humana. Com isso, vêm crescendo as pesquisas para a

utilização de substâncias de origem natural. As antocianinas são pigmentos empregados como

corante alimentício natural, sendo estudadas também pelas inúmeras atividades biológicas.

Syzygium cumini, conhecida como jambolão, é uma arvore com frutos de coloração roxa

intensa, em forma de baga, rico em antocianinas. Apesar da grande variedade de pigmentos de

origem natural, existem limitações quanto à aplicação, por apresentarem uma menor

estabilidade e maior custo. O presente estudo teve como objetivos determinar a melhor forma

de extração das antocianinas do jambolão, combinando tipo de amostra e solvente, e

determinar a estabilidade desses pigmentos em diferentes condições de pH, temperatura e

tempo. Foram avaliados cinco tratamentos diferentes de extração (fruta in natura sem caroço;

fruta in natura sem caroço triturada no liquidificador; fruta in natura sem caroço triturada no

liquidificador e concentrada no desidratador (50ºC/10h); fruta in natura sem caroço triturada

no liquidificador e liofilizada; e fruta in natura sem caroço seca em estufa ventilada (55ºC/

20h) e moída em liquidificador), combinadas a diferentes solventes (água destilada, água

contendo ácido cítrico a 1 e 2 %, e água contendo ácido acético a 1 e 2%). A extração ocorreu

por maceração (1:6 p/v). As antocianinas foram quantificadas por espectrofotometria UV-

visível. No estudo de estabilidade, o extrato de antocianinas foi submetido a diferentes

condições de pH (2,5; 3,5 e 4,5), temperatura (55; 65 e 75°C) e tempo (1; 5 e 10 minutos). A

análise estatística foi realizada utilizando o software GraphPad Prism 5.03, por meio de

ANOVA com pós-teste de Tukey (p<0,05). Os resultados mostraram que a melhor forma de

extração foi utilizando amostra seca em estufa ventilada e água contendo ácido acético (1% -

27,75 e, 2% - 28,79 mg/100g de jambolão, p>0,05). O teste de estabilidade apontou que as

antocianinas possuem maior estabilidade em pH na faixa de 2,5 a 3,5, resistindo a altas

temperaturas e, a degradação ocorreu de forma mais acentuada em pH 4,5. Desta forma, foi

possível observar o melhor método de extração das antocianinas, e comprovar a estabilidade

das antocianinas em pH ácido, sendo necessários mais estudos utilizando técnicas que possam

viabilizar a utilização desses pigmentos em alimentos com pH maior que 3,5.

Descritores: Corante natural. Obtenção. Espectrofotometria UV-visível.

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO .............................................................................................................. 8

ARTIGO CIENTÍFICO ...................................................................................................... 9

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 12

2. MATERIAL E MÉTODOS .............................................................................................. 13

2.1 Processamento da polpa de jambolão e obtenção do extrato contendo as antocianinas

............................................................................................................................................ 13

2.2 Avaliação da estabilidade do extrato de antocianinas de jambolão ........................... 15

2.3 Análise estatística ......................................................................................................... 16

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................................................... 16

3.1 Obtenção e caracterização do extrato de antocianinas do jambolão .......................... 16

3.2 Avaliação da estabilidade do extrato rico em antocianinas de jambolão ................... 19

4. CONCLUSÕES ............................................................................................................... 23

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 23

ANEXOS ............................................................................................................................ 25

ANEXO 1 – NORMAS DA REVISTA ................................................................................ 25

APRESENTAÇÃO

O projeto da Profª Drª Thaís Souza Passos desenvolvido a partir da ideia de

utilizar o Jambolão (Syzygium cumini) como fonte de pigmentos naturais, deu origem ao

projeto de iniciação cientifica intitulado: “Obtenção e avaliação da estabilidade de

antocianinas oriundas de jambolão (Syzygium cumini)”. O objetivo foi avaliar a melhor

condição de extração de antocianinas do jambolão, bem como analisar a estabilidade do

extrato frente a diferentes condições envolvidas no processamento e armazenamento de

alimentos.

A pesquisa foi realizada em laboratório utilizando a fruta em cinco condições

de processamento diferentes, combinadas a cinco solventes, para a avaliação do melhor

método de extração das antocianinas. Foi avaliada também a estabilidade do extrato rico em

antocianinas de jambolão, submetendo-o a condições de pH, temperatura e tempo, geralmente

utilizadas no processamento de alimentos na indústria.

Este trabalho foi de grande relevância, visto a necessidade de aprofundar os

conhecimentos e pesquisas em corantes de origem natural. Abrindo também um leque de

novas pesquisas buscando o aperfeiçoamento de técnicas que possibilitem a utilização do

extrato de Jambolão como corante natural, sendo útil para projetos de iniciação científica,

trabalhos de conclusão de curso e, instrumento de estudo para estudantes e profissionais das

áreas de Saúde e Ciência de Alimentos.

Minha participação se deu por meio da execução das análises, submetendo a

fruta a diferentes condições de processamentos, realizando a extração das antocianinas com os

diversos solventes, a quantificação das antocianinas, e a avaliação da estabilidade do extrato

frente às diferentes condições propostas.

Os dados obtidos foram utilizados para elaboração do corrente trabalho de

conclusão de curso da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, sendo formatado como

artigo, escrito para ser submetido à Revista Food Science and Technology (Campinas).

ARTIGO CIENTÍFICO

Relevância do trabalho

Em virtude da escassez de dados publicados na literatura a cerca das antocianinas oriundas de

Jambolão (Syzygium cumini), o presente estudo buscou mostrar o melhor método de extração

desses pigmentos comparando diferentes formas da fruta (processada e não processada) e

solventes empregados. Além de avaliar a estabilidade do extrato frente a diferentes condições

envolvidas no processamento de alimentos, dentre elas pH, tempo e temperatura.

Título em inglês: Anthocyanins from jambolon (Syzygium cumini): Comparison of different

methods of extraction and evaluation of stability against pH, time and temperature.

Título para cabeçalho: Antocianinas de jambolão: extração e estabilidade.

Nome: *Thais Souza Passos (Passos, T. S.)

E-mail: [email protected]

Nome: Sara Sayonara da Cruz Nascimento (Nascimento, S. S. C.)

E-mail: [email protected]

*Corresponding author: Departamento de Nutrição da Universidade Federal do Rio Grande do

Norte. Tel e FAX: 3342-2291. Avenida Senador Salgado Filho, Lagoa Nova, Natal, Rio

Grande do Norte, Brasil. CEP: 59078-970

Abstract

Anthocyanins are pigments used as natural food coloring. Syzygium cumini, known as

jambolan, is a tree with fruits rich in anthocyanins. The objective of this study was to

determine the best way to extract the anthocyanins by combining sample type and solvent,

and to determine the stability of these pigments under different conditions of pH, time and

temperature. Five types of jambolan samples (fresh fruit, processed fruit, processed and

concentrated fruit (50ºC/10h), processed and lyophilized fruit, and dried fruit (ventilated

oven) were evaluated, combined with different solvents (water, 1 and 2% of citric acid and

acetic acid). The extraction occurred by maceration (1:6 p/v). Anthocyanins were quantified

by UV-visible spectrophotometry. In the stability study, the anthocyanins extract was

submitted to different conditions of pH, time and temperature. Statistical analysis was

performed by ANOVA with Tukey post-test (p <0.05). The results showed that the best form

of extraction was using dried sample in a ventilated oven and water containing acetic acid

(1% - 27,75 and 2% - 28,79 mg/100g of jambolan, p>0,05). The stability test showed that the

anthocyanins have a higher pH stability in the range of 2.5 to 3.5, resisting high temperatures

and, the degradation occurred from pH 4,5.

Practical application: Use of jambolan anthocyanins for application as a natural food coloring.

Keywords: Natural dye. Obtaning. UV-visible Spectrophotometry.

Palavras-chave: Pigmento natural. Obtenção. Espectrofotometria UV-visível.

12

1. INTRODUÇÃO 1

A cor é um atributo sensorial de extrema importância para os alimentos, por exercer grande 2

influência na qualidade dos produtos e, consequentemente na escolha do consumidor no 3

momento da compra. Por meio dela, o consumidor avalia sabor, segurança, entre outros 4

critérios importantes (Burrows, 2009). 5

A indústria alimentícia utiliza corantes sintéticos em diversos alimentos industrializados, para 6

repor e intensificar a coloração perdida ao longo das etapas de processamento e 7

armazenamento. Tais substâncias são muito utilizadas devido ao baixo custo, estabilidade e 8

brilho comparadas aos corantes naturais. Entretanto, no ultimo século, verificou-se que essa 9

classe de aditivo é responsável por gerar riscos toxicológicos à saúde humana, sendo umas das 10

principais causas de reações de intolerância observadas na população mundial (Hayder et al, 11

2011). Com isso, diversos corantes sintéticos, com base em comprovação científica de 12

potencial cancerígeno, já foram banidos em alguns países (Kobylewski & Jacobson, 2012). 13

As crianças são os principais consumidores de alimentos coloridos, mas existe um índice de 14

ingestão diária recomendado para cada substância, que não deve ser ultrapassado. Esses 15

índices são calculados de acordo com o peso do indivíduo, sendo estabelecido em miligramas 16

por quilo. Sendo assim, visto que as crianças possuem um peso menor, a quantidade diária 17

permitida é alcançada e ultrapassada, em decorrência do grande consumo de alimentos 18

coloridos por esse grupo (Moreira et al, 2012). 19

Os corantes obtidos a partir de fontes naturais têm importantes atividades biológicas e efeitos 20

benéficos à saúde, despertando cada vez mais o interesse dos consumidores (Valls et 21

al., 2009; Paik et al., 2012). Apesar de existir inúmeros tipos de pigmentos derivados de 22

fontes naturais, estes possuem mais limitações quanto à aplicação comparado aos corantes 23

artificiais. Em geral, são mais caros e apresentam uma menor estabilidade (Rodriguez-Amaya, 24

2016; Wrolstad & Culver, 2012). 25

13

As antocianinas podem desempenhar inúmeras atividades biológicas, tais como: antioxidante, 26

anti-inflamatória, antimicrobiana e anticarcinogênica. Além de induzir apoptose, proteger o 27

sistema nervoso, e apresentar efeitos benéficos nos vasos sanguíneos e plaquetas, que podem 28

levar à redução do risco de doenças coronárias (Castañeda-Ovando, 2009). 29

Segundo Jing & Giust (2005), elas possuem colorações rosa, vermelha, roxa, violeta e azul, 30

que estão presentes em frutas, vegetais e flores. Devido aos inúmeros benefícios à saúde, 31

pesquisadores chamam a atenção para o uso das antocianinas como corante natural em 32

alimentos (Shipp & Abdel-Aal, 2010). 33

Syzygium cumini (L.), conhecida como jambolão, é uma árvore que apresenta frutos roxos 34

escuros do tipo baga, assemelhando-se às azeitonas (Migliato et al., 2006). A semente fica 35

envolvida por uma polpa carnosa e comestível, doce, mas adstringente, sendo agradável ao 36

paladar. No Brasil, o fruto é geralmente consumido in natura, porém esta fruta pode ser 37

processada na forma de compotas, geleias, tortas, doces, entre outras formas (Vizzoto & 38

Fetter, 2009). 39

A casca, polpa, as sementes e folhas desta planta são frequentemente utilizadas na medicina 40

popular para o tratamento de Diabetes Mellitus. Atividades digestiva, diurética, anti-41

inflamatória, antifúngica, entre outras relacionadas às diferentes partes da planta, também têm 42

sido relatados na literatura (Ayyanar & Subash-Babu, 2012; Saravanan & Pari, 2008). 43

O presente estudo visa determinar a melhor forma de extração das antocianinas do jambolão 44

(Syzygium cumini), combinando diferentes tratamentos (amostra e solvente), e avaliar a 45

estabilidade frente a diferentes condições envolvidas no processamento de alimentos. 46

2. MATERIAL E MÉTODOS 47

2.1 Determinação do melhor método de extração das antocianinas do jambolão 48

Os jambolões maduros foram colhidos na cidade de Macaíba (RN), no período de novembro 49

de 2016 a janeiro de 2017, sendo selecionados pela coloração roxa intensa presente na casca, 50

14

e transportados para o laboratório em embalagens plásticas fechadas. Posteriormente, foram 51

lavados em água corrente, para remoção de sujidades e, higienizados com solução de 52

hipoclorito de sódio (200 ppm) por 15 minutos e, lavados novamente em água corrente para 53

retirar a solução de hipoclorito. Por fim, foram armazenados em freezer a -18C até a 54

realização dos experimentos. Esses procedimentos foram realizados no Laboratório de 55

Técnica Dietética do Departamento de Nutrição da Universidade Federal do Rio Grande do 56

Norte. 57

Para determinar o melhor método de extração, foi realizado um estudo combinando diferentes 58

condições, envolvendo amostras de jambolão e solventes. Foram avaliados cinco tratamentos 59

de extração, sendo eles: fruta in natura sem caroço; fruta in natura sem caroço triturada no 60

liquidificador; fruta in natura sem caroço triturada no liquidificador e concentrada no 61

desidratador (50ºC/10h); fruta in natura sem caroço triturada no liquidificador e liofilizada; e 62

fruta in natura sem caroço seca em estufa ventilada (55ºC/ 20h) e, posteriormente moída em 63

liquidificador. 64

Para cada tipo de amostra foi realizada a extração por meio de maceração (1:6 p/v), utilizando 65

cinco condições: água destilada, água contendo ácido cítrico (1 e 2%), e água contendo ácido 66

acético (1 e 2%). Todas as amostras foram protegidas da luz e levadas ao shaker por 15 67

minutos a 90 rpm. Posteriormente, as soluções foram filtradas em filtro de papel qualitativo e 68

o volume ajustado com água destilada para 30 mL. 69

Para a quantificação das antocianinas foi utilizada a metodologia de pH diferencial proposta 70

por Giusti & Wrolstad (2001). O extrato foi analisado em espectrofotômetro (BEL-1105), e as 71

absorbâncias foram mensuradas em 520 e 700 nm. A concentração de antocianinas 72

monoméricas totais (mg/mL) foi determinada utilizando as equações cromáticas, propostas 73

por Giusti & Wrolstad (2001). Sendo elas: Equação 1: A = (A520 – A700)pH 1,0 – (A520 - 74

A700)pH 4,5; Equação 2: Antocianinas monoméricas totais (mg/100g de jambolão) = (A x 75

15

PM x FD x 100)/Ԑ x 1, nas quais A é a absorbância da amostra, PM é o peso molecular da 76

antocianina predominante na amostra, FD é o fator de diluição, e Ԑ é a absortividade molar. 77

As antocianinas foram calculadas como cianidina-3-glucosídeo (previamente caracterizadas 78

por espectrofotometria de varredura UV-visível), utilizando o coeficiente de extração molar 79

de 26.900 e peso molecular de 449,2. Para a maioria das condições, empregou-se o fator de 80

diluição igual a 15, com exceção do extrato obtido da amostra in natura seca em estufa, que 81

foi igual a 20. 82

Cabe ressaltar que, ao avaliar o melhor método de extração foram também realizados testes 83

para determinar o tempo de extração mais eficaz, para isso foram estabelecidos tempos de 15 84

minutos, 1 e 2 horas. 85

2.2 Avaliação da estabilidade do extrato de antocianinas de jambolão 86

Após a determinação da melhor condição de extração, 5 Kg de frutas sem caroço foram 87

submetidos à secagem em estufa ventilada a 55°C por 20 horas. Ao final desse processo, os 88

materiais foram submetidos à moagem em liquidificador. 89

Para extração das antocianinas, o material moído recebeu adição de água destilada com ácido 90

acético a 1%, e foram realizadas extrações a cada 2h (totalizando três), sendo a primeira com 91

a proporção amostra solvente 1:3 (p/v), e as duas últimas 1:2 (p/v). A cada 2h as amostras 92

foram filtradas em filtro de papel, com auxílio de uma bomba a vácuo para recuperação do 93

extrato rico em antocianinas. 94

Os extratos ricos em antocianinas obtidos foram armazenados sob congelamento e proteção 95

da luz. Foi realizado o processo de concentração do extrato utilizando rotaevaporador (Buchi 96

Rotavapor R-3) a 25°C. Em seguida, o extrato concentrado foi liofilizado (LIOTOP - L101) a 97

-57°C por 48 horas. O material liofilizado foi armazenado em frascos de vidro sob 98

congelamento (-18ºC) e sob proteção da luz. 99

16

O estudo foi realizado para estabelecer o efeito do aquecimento em diferentes valores de pH e 100

tempo, sobre a estabilidade do extrato rico em antocianinas do jambolão. Sendo assim, o 101

mesmo foi submetido a diferentes condições de pH (2,5; 3,5 e 4,5), temperatura (55; 65 e 102

75°C) e tempo (1; 5 e 10 min) combinadas entre si, totalizando 27 tratamentos. 103

O extrato de antocianinas do jambolão foi diluído utilizando a proporção de 300 mg de extrato 104

liofilizado/mL de água destilada, de forma a obter absorbância inicial em torno de 0,9 (520 105

nm). O pH foi ajustado utilizando ácido clorídrico (PA) e/ou hidróxido de sódio (40%). As 106

análises foram realizadas em triplicata e as amostras submetidas a banho-maria (TECNAL), 107

de acordo com cada tempo e temperatura utilizados. As concentrações de antocianinas 108

monoméricas totais (mg/100g de jambolão) foram determinadas, seguindo as equações 109

cromáticas propostas por Giusti & Wrolstad (2001). 110

2.3 Análise estatística 111

A análise estatística foi realizada utilizando o software GraphPad Prism 5.03. Os resultados 112

foram comparados entre si por meio de Análise de Variância, ocorrendo diferença 113

significativa (p<0,05), as médias foram analisadas pelo pós-teste de Tukey. Foi considerado o 114

valor de p<0,05 para determinação de diferença significativa entre as médias. 115

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 116

3.1 Obtenção e caracterização do extrato de antocianinas do jambolão 117

A Tabela 1 mostra os resultados obtidos no estudo realizado para determinar a melhor forma 118

de extração das antocianinas do jambolão. Foi observado que, a água contendo ácido acético 119

foi o solvente que promoveu a maior extração (p<0,05) em praticamente todas as condições, 120

exceto na fruta in natura sem caroço (A1) e fruta sem caroço triturada no liquidificador (A2), 121

nas quais a água pura e/ou a água contendo ácido cítrico mostraram melhores resultados. 122

17

Tabela 1 - Concentração de antocianinas monoméricas totais obtidas utilizando tratamentos diferentes

de extração.

Amostra

Concentração de antocianinas monoméricas totais (mg/100g de jambolão)

Água

destilada

Ác. Cítrico

1%

Ác. Cítrico

2%

Ác. Acético

1%

Ác. Acético

2%

A1 16,28 (0,02)Aa

14,99 (0,53)Aab

16,43 (0,20)Aa

14,68 (0,24)Ab

8,24 (0,92)Ac

A2 12,84 (0,38)Ba

9,31 (0,23)Bb

7,01 (0,44)Bc

9,82 (0,15)Bb

4,22 (0,49)Bd

A3 6,76 (0,28)Ca

4,30 (0,20)Cb

3,62 (0,30)Cb

5,77 (0,14)Cc

6,42 (0,36)ABac

A3 23,51 (0,32)Da

23,07 (0,30)Da

21,37 (2,03)Da

27,75 (0,05)Db

28,79 (0,08)Cb

A4 19,18 (0,19)Ea

13,15 (0,58)Eb

8,18 (0,09)Bc

16,67 (0,49)Ed

16,77 (1,85)Dad

*A1 - fruta in natura sem caroço; A2 - fruta in natura sem caroço triturada no liquidificador; A3 - fruta in

natura sem caroço triturada no liquidificador e concentrada no desidratador (50ºC/10h); A4 - fruta in natura sem caroço seca em estufa ventilada (55ºC/ 20h) e, posteriormente moída em liquidificador e; A5 - fruta in

natura sem caroço triturada no liquidificador e liofilizada *Médias de três repetições (desvio padrão). *Letras maiúsculas iguais, na mesma coluna, não diferem significativamente segundo o teste de Tukey (p>0,05). *Letras minúsculas iguais, em linhas iguais, não diferem significativamente segundo o teste de Tukey (p>0,05).

A amostra de fruta seca em estufa ventilada (A4) apresentou um maior teor de antocianinas 123

para todos os solvente testados, sendo as maiores concentrações obtidas utilizando ácido 124

acético, não existindo diferença significativa (p>0,05) entre as concentrações de 1 e 2% 125

(27,75 e 28,79 mg/100g de jambolão). As condições que obtiveram menor teor de 126

antocianinas (p<0,05) foram utilizando fruta sem caroço concentrada no desidratador (A3) e 127

água contendo ácido cítrico a 1 e 2% (p>0,05) (4,30 e 3,62 mg/100g, respectivamente). Cabe 128

ressaltar que, a fruta concentrada (A3) foi a que apresentou o teor de antocianinas mais baixo 129

em todos os solventes utilizados. 130

Os resultados obtidos mostraram claramente a influência do tipo de amostra na extração das 131

antocianinas. Como é possível observar, a extração mais eficiente foi obtida utilizando a fruta 132

seca em estufa ventilada e moída em liquidificador (A4). Nessa condição, ao submeter o 133

jambolão à secagem em estufa, por mais que envolva o aquecimento, a matriz vegetal mais 134

preservada (sem processamento) evita a exposição e perda das antocianinas ocluídas no tecido 135

18

vegetal, por ação do calor. Ao moer essa amostra, a superfície de contato com o solvente 136

aumenta, promovendo uma melhor extração dos pigmentos. 137

Na fruta in natura (A1), pode-se observar que existe uma boa extração, mas o solvente 138

penetra com mais dificuldade e, os pigmentos estão preservados no interior da matriz vegetal. 139

Então, a extração é mais lenta quando comparada a fruta seca em estufa e triturada (A4). 140

Também é possível analisar que, nas condições que a fruta sem caroço triturada em 141

liquidificador (A2) foi utilizada obteve-se um menor teor de antocianinas, principalmente, 142

quando submetida à concentração em desidratador (A3). Isso mostra mais uma vez a ideia de 143

que o processamento do jambolão afeta o conteúdo de antocianinas. Visto que, os pigmentos 144

estão mais expostos à ação do calor, com isso a degradação ocorre de forma mais intensa. 145

A amostra liofilizada (A5), por passar por uma secagem a frio por sublimação, seria 146

teoricamente a melhor condição, mas observou-se que a fruta seca em estufa (A4) conseguiu 147

superar sua eficácia de extração, mostrando que o calor ajuda a liberar os pigmentos presentes 148

no interior da célula vegetal. E a fruta preservada ajuda a proteger os pigmentos da ação do 149

calor. 150

A adição de uma pequena quantidade de ácido ao meio de extração é uma prática relatada em 151

diversos estudos, que avaliam a extração de antocianinas. A literatura mostra que, isso 152

influencia diretamente no rendimento de extrato obtido, pois o pH ácido proporciona maior 153

estabilidade às antocianinas, além de simular o ambiente vegetal no qual estão presentes as 154

antocianinas. Por outro lado, uma concentração muito elevada de ácido conduz à hidrólise das 155

antocianinas aciladas. Portanto, o pH em torno de 3,0 proporciona condições favoráveis à 156

extração, visto que, neste pH as antocianinas estão sob a forma de cátion flavilium (Li et al, 157

2013). 158

Chaudhary & Mukhopadhyay (2012) avaliaram a otimização de solvente para a extração de 159

antocianinas de jambolão (Syzygium cumini). Os resultados sugeriram que o melhor 160

19

rendimento foi obtido ao utilizar 20% de etanol em combinação com 1% de ácido acético. A 161

metodologia é semelhante à utilizada no presente trabalho, por usar um solvente polar 162

associado a 1% de ácido acético, resultando em maior extração das antocianinas. 163

Hosseini et al (2016) avaliaram a extração de antocianinas de casca de berinjela e repolho 164

vermelho, utilizando diferentes solventes orgânicos (água, etanol absoluto, água/etanol 50:50 165

(v/v), água/etanol/ácido cítrico, água/etanol/ácido acético e água/etanol/ácido clorídrico a 166

50:48:2 v/v/v). Foram utilizadas 15g de cada amostra in natura trituradas 100 mL de solvente, 167

mantidos por 60 minutos no escuro, realizando apenas uma extração. Verificou-se que a 168

solução de ácido cítrico foi um dos melhores solventes para extração de antocianinas, sendo 169

semelhante ao encontrado no presente trabalho, pois a água contendo ácido cítrico foi mais 170

eficiente na extração das antocianinas do jambolão in natura (A1 e A2). 171

No teste realizado para avaliar o melhor tempo de extração, foi possível observar que os 172

valores encontrados nas condições avaliadas foram próximos (p>0,05). Desta forma, foi 173

escolhido o tempo de 2h para realizar a obtenção do extrato para os demais estudos 174

realizados. Tendo em vista que, foram realizadas análises até a exaustão do extrato, e nesta 175

condição foi observado que no tempo de 2 horas foi obtido um menor volume de extrato, o 176

que acelerou o tempo de liofilização. 177

3.2 Avaliação da estabilidade do extrato rico em antocianinas de jambolão 178

Após a avaliação do melhor método de extração, foi realizada a caracterização do extrato, na 179

qual foram utilizados 5 Kg de frutas in natura sem caroço, que renderam 702 g de fruta seca 180

em estufa, que ao submeter à extração das antocianinas e, à liofilização deste extrato, 181

renderam 221 g de extrato em pó rico em antocianinas. O pH da amostra foi de 3,5, e com 182

isso foi realizada a espectrofotometria e quantificação de antocianinas, obtendo uma média 183

de 22,43 mg (0,87) de antocianinas monoméricas/100g de jambolão. 184

20

Para que haja viabilidade na aplicação de pigmentos naturais em alimentos industrializados, 185

estas substâncias devem apresentar estabilidade frente aos fatores importantes envolvidos no 186

processamento e armazenamento dos alimentos. Dentre tais fatores, os mais relevantes são o 187

pH do produto, a temperatura utilizada em processos de estabilização microbiológica, como a 188

pasteurização, além do tempo e condições de armazenamento (temperatura, luz e presença de 189

oxigênio) (Castañeda-Ovando, 2009). 190

A Tabela 2 mostra os resultados obtidos para as amostras submetidas à condição de pH igual 191

a 2,5, nas diferentes temperaturas e tempos avaliados. 192

Tabela 2. Conteúdo de antocianinas na condição de pH 2,5.

Temperatura (C)

/ Tempo (min)

Concentração de antocianinas monoméricas totais (mg/100g jambolão)

0 min 1 min 5 min 10 min

55ºC 22,43 (0,87)Aa

21,42 (0,38)Aa

21,32 (1,09)Aa

20,63 (1,66)Aa

65ºC 22,43 (0,87)Aa

22,52 (0,87)Aa

21,60 (1,63)Aa

21,40 (2,05)Aa

75ºC 22,43 (0,87)Aa

21,10 (1,69)Aa

19,94 (0,66)Aa

20,18 (1,35)Aa

*Médias de três repetições (desvio padrão). *Letras maiúsculas iguais, na mesma coluna, não diferem significativamente segundo o teste de Tukey (p>0,05). *Letras minúsculas iguais, em linhas iguais, não diferem significativamente segundo o teste de Tukey

(p>0,05).

É possível observar que, nesta condição não houve degradação significativa (p>0,05) das 193

antocianinas, mesmo quando expostas a temperatura de 75ºC por 10 minutos. Isso comprova 194

que, neste pH as antocianinas estão na forma mais estável, se apresentando 195

predominantemente como cátion flavilium. Isso refletiu na maior resistência ao calor, 196

observada nos diferentes tempos de exposição avaliados. 197

No pH 3,5, observou-se que as antocianinas, mantiveram boa estabilidade, apresentando 198

diferença significativa (p>0,05) apenas quando submetida a temperatura de 75ºC, entre os 199

tempos 0 e 5 minutos e, 5 e 10 minutos. Entretanto, não houve diferença significativa entre 0 200

e 10 minutos, mostrando que a partir desse pH as antocianinas tendem a apresentar 201

instabilidade quando submetidas a altas temperaturas (>75°C) (Tabela 3). 202

21

Em pH 4,5, é possível verificar que as antocianinas apresentaram maior instabilidade. Quando 203

comparados os tempos de exposição e as temperaturas, foi observado que existiu diferença 204

significativa (p<0,05) entre todos os tempos, aumentando gradativamente de acordo com a 205

temperatura. Sendo que em temperaturas mais altas a degradação já inicia em menores tempos 206

de exposição, comprovando que neste pH as antocianinas se apresentam instáveis, não 207

resistindo a exposição em altas temperaturas, independente do tempo (Tabela 4). 208

Resultados semelhantes são relatados na literatura. Peron et al (2017) avaliaram a cinética de 209

degradação térmica das antocianinas extraídas das uvas de juçara (Euterpe edulis M.) e 210

"Itália" (Vitis vinifera L.). No estudo de estabilidade, os extratos contendo antocianinas foram 211

submetidos a tratamentos de aquecimento em diferentes temperaturas (50, 60, 70, 80 e 90ºC). 212

Tabela 3. Conteúdo de antocianinas na condição de pH 3,5,

Temperatura (C)

/ Tempo (min)

Concentração de antocianinas monoméricas totais (mg/100g jambolão)

0 min 1 min 5 min 10 min

55ºC 22,43 (0,87)Aa

21,87 (0,17)Aa

21,00 (0,77)Aa

20,56 (1,05)Aa

65ºC 22,43 (0,87)Aa

22,00 (0,58)Aa

21,27 (1,01)Aa

20,78 (0,90)Aa

75ºC 22,43 (0,87)Aa

20,46 (0,87)Aab

19,60 (1,63)Ab

22,36 (0,24)Aa

*Médias de três repetições (desvio padrão). *Letras maiúsculas iguais, na mesma coluna, não diferem significativamente segundo o teste de Tukey

(p>0,05). *Letras minúsculas iguais, em linhas iguais, não diferem significativamente segundo o teste de Tukey

(p>0,05).

Tabela 4. Conteúdo de antocianinas na condição de pH 4,5.

Temperatura (C)

/ Tempo (min)

Concentração de antocianinas monoméricas totais (mg/100g jambolão)

0 min 1 min 5 min 10 min

55ºC 22,43 (0,87)Aa

19,92 (1,53)Aab

20,48 (0,94)Aab

18,45 (1,64)Ab

65ºC 22,43 (0,87)Aa

20,43 (0,93)Aabc

18,53 (1,96)Abc

18,32 (1,20)Ac

75ºC 22,43 (0,87)Aa

13,26 (0,64)Bb

19,07 (1,39)Ac

19,12 (1,16)Ac

*Médias de três repetições (desvio padrão). *Letras maiúsculas iguais, na mesma coluna, não diferem significativamente segundo o teste de Tukey

(p>0,05). *Letras minúsculas iguais, em linhas iguais, não diferem significativamente segundo o teste de Tukey (p>0,05).

22

Os resultados mostraram que a taxa de degradação das antocianinas foi aumentada de acordo 213

com o aumento da temperatura. Resultado semelhante ao encontrado no presente estudo, onde 214

o aumento da temperatura foi um agravante da degradação de antocianinas, principalmente 215

em pH 4,5, no qual as antocianinas apresentaram maior instabilidade (22,43 (0,87) a 19,12 216

(1,16) mg/100g de jambolão). 217

Sipahli et al (2017) avaliaram a cinética de estabilidade e degradação de extratos brutos de 218

antocianina de Hibiscus (H. sabdariffa). A amostra foi submetida à secagem em estufa, e as 219

antocianinas extraídas com quatro solventes (ácido clorídrico (37%): etanol (1:99, v: v); ácido 220

fórmico (85%): metanol (3:97, v: v); Ácido cítrico (1 M): metanol (3:97, v: v) e metanol: 221

ácido acético: água (25: 1: 24 v: v: v)). O teste de estabilidade foi realizado utilizando 222

temperaturas de 50 a 80ºC por 6 horas e valores de pH que variavam de 1 a 9, com as 223

absorbâncias verificadas nos tempos de 0 e 48h, 7 dias e 14 dias. Os resultados mostraram que 224

houve um declínio no conteúdo total de antocianinas nas amostras, de acordo com o aumento 225

da temperatura. Quando avaliados a estabilidade ao pH, as antocianinas apresentaram uma 226

maior estabilidade em torno do pH 2, e a degradação foi crescente de acordo com o aumento 227

dos valores. Esses resultados corroboram com os obtidos no presente estudo, visto que em pH 228

ácido as antocianinas se mostraram estáveis (20,18 (1,35) mg/100g de jambolão), e quando 229

comparados a pH mais altos (4,5) sua instabilidade foi maior, mesmo nas mais baixas 230

temperaturas (13,26 (0,64) mg/100g de jambolão). Cabe reforçar que, as antocianinas do 231

jambolão conseguiram resistir até pH 3,5 nas diferentes condições de tempos e temperaturas 232

avaliados (22,36 (0,24) mg/100g de extrato). 233

Com base nesses resultados, pode-se perceber que as antocianinas de jambolão, apresentaram 234

maior estabilidade em pH 2,5 e, 3,5. E a temperatura mostrou ser um agravante da degradação 235

desses compostos, sendo maior em valores de pH de 4,5. Desta forma, nota-se a necessidade 236

de aumentar o potencial de utilização das antocianinas do jambolão em alimentos, por 237

23

exemplo, por meio da técnica de encapsulação, visando dar maior proteção a essas substâncias 238

frente aos fatores envolvidos no processamento e armazenamento de alimentos. 239

4. CONCLUSÕES 240

Por meio desse estudo foi possível determinar o melhor método de extração das antocianinas 241

do jambolão (Syzygium cumini), dentre os avaliados, sendo este utilizando a fruta seca em 242

estufa ventilada, moída em liquidificador e extraída com água contendo ácido acético a 1% e 243

2%. Os resultados obtidos mostram o quanto o processamento da fruta influencia diretamente 244

na extração das antocianinas. Quanto à estabilidade do extrato em diferentes condições de pH, 245

tempo e temperatura, foi possível comprovar a estabilidade das antocianinas em pH ácido, 246

mesmo em altas temperaturas. Entretanto, são necessários mais estudos para aumentar o 247

potencial de aplicação em alimentos com valores de pH acima de 3,5, e submetidos ao calor. 248

Com isso, observa-se a necessidade de utilizar técnicas que promovam o aumento da 249

estabilidade. 250

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ANEXOS 310

ANEXO 1 – NORMAS DA REVISTA 311

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