o adventismo em foco i - ellen white e os cinco pontos do calvinismo

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Primeira Edição Fevereiro de 2012 Baruch Ben Avraham Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinismo Uma análise profunda do pensamento adventista à luz das doutrinas apelidadas de os cinco pontos do calvinismo.Mergulhe profundamente no pensamento soteriológico e antropológico de Ellen Gould White, a escritora cujas obras são hoje consideradas parte do Espírito de Profeciacom autoridade próxima a da Bíblia.

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Page 1: O Adventismo Em Foco I - Ellen White e Os CInco Pontos Do Calvinismo

Primeira Edição Fevereiro de 2012

Baruch Ben Avraham

Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinismo

Uma análise profunda do

pensamento adventista à luz

das doutrinas apelidadas de

“os cinco pontos do

calvinismo.” Mergulhe

profundamente no pensamento

soteriológico e antropológico

de Ellen Gould White, a

escritora cujas obras são hoje

consideradas parte do “Espírito

de Profecia” com autoridade

próxima a da Bíblia.

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2 CCaappííttuulloo II -- EElllleenn WWhhiittee ee ooss CCiinnccoo PPoonnttooss ddoo CCaallvviinniissmmoo

EEddiiççõõeess CCoommuunniiddaaddee ddee IIssrraaeell

RRuuaa MMiissssiioonnáárriioo GGuunnaarr VViinnggrreenn,, 11992222

CCEEPP 7788996644--225500 BBaaiirrrroo NNoovvaa BBrraassíílliiaa..

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3 CCaappííttuulloo II -- EElllleenn WWhhiittee ee ooss CCiinnccoo PPoonnttooss ddoo CCaallvviinniissmmoo

Índice

I - Apresentação – Arminius e o Arminianismo 5 II - Ellen White e a Doutrina da Depravação Total da Alma Humana 16 18. A origem metodista e a doutrina da Sra. White. 18. Sua defesa da libertação universal da vontade. 19. O livre arbítrio do homem atual e o de Adão no Éden. 20. A natureza completamente depravada do homem. 21. A Alma Humana Está Paralisada por Satanás: 21. Só uma ação sobrenatural torna o homem inimigo de Satanás: 21. É Elohim quem infunde vida sobrenatural:

III - Ellen White Diante da Doutrina da Eleição Incondicional 23 24. Ellen White nega que a eleição seja incondicional: 24. A salvação depende de nossa própria conduta: 25. Toda a obra é de Adonay do princípio ao fim: 25. Confundindo perdidos com eleitos: 28. Elohim escolhe a Saulo inimigo de Yeshua: 29. Elohim nos escolheu na eternidade para sermos santos: 30. Foi Maschiach que nos escolheu e não nós a Ele:

IV - Ellen White e a Expiação Limitada de Yeshua 32 36. O Messias não morreu para que Elohim nos amasse: 36. A expiação se completou no madeiro: 37 A expiação está sendo feita hoje diante do Pai: 38. O Messias morreu por seu povo e expiou seus pecados: 39. O Messias levou a culpa de todos, até de Caifás: 40. Ninguém pode dizer que está salvo: 40. É preciso ter certeza da salvação: 41. Yeshua prometeu salvar a muitos: 42. O Maschiach guarda aqueles que comprou por seu sangue: 43. O Maschiach intercedeu somente pela kehilah (Igreja): 44. Maschiach salva aqueles que Elohim escolhe:

V - Ellen White e a Doutrina da Graça Irresistível 46 47. O homem pode resistir à graça: 47. Confundindo predestinação bíblica com antinomismo: 48. Elohim revela sua glória aos eleitos: 49. O Maschiach usou de poder irresistível para converter os corações: 49. Shaul foi salvo por irresistível evidência: 50. O espírito é concedido livremente a todos os homens: 51. Escravos perecem sem receber luz dos homens: 52. Pagãos salvos sem receber luz de instrumentos humanos:

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53. Nenhum poder finito pode restringir a ação do Espírito: 54. É o poder divino que traz vida à alma morta em pecados:

VI - Ellen White e a Doutrina da Perseverança dos Santos 55 56. A Prova da doutrina da perseverança dos santos: 57. Nenhum homem se guarda a si mesmo: 58. Se Maschiach é meu Salvador tenho vida para sempre: 59. O homem precisa cumprir condições antes de se tornar um eleito: 59. Nossa obediência inscreve nossos nomes no livro da vida do cordeiro: 60. Impeçam que seu nome seja riscado do livro da vida: 61. Se vosso nome está no livro da vida tudo estará bem: 61. A purificação do santuário já se completou: 63. Quem tem o nome escrito no livro da vida: 65. A literatura adventista e a perseverança dos santos: 65. O pecador pode dizer: Elohim me salvará agora: 66. A justificação é um perdão absoluto: 66 Maschiach nunca abandonará aquele por quem morreu: 66. Nenhum dos que recebem a Maschiach pode se perder 67. O mesmo Elohim que começa a obra a termina: 67. Estamos eternamente livres: 67. Elohim nunca mais se lembrará do pecado: 68. O seguidor de Maschiach tem certeza clara da salvação: 68. Devemos estar felizes porque nosso nome está no livro da vida: 68. Precisamos crer que somos eleitos de Elohim: 68. A Sra. White permanece indefinida quanto à perseverança do crente: 70. Oferecendo tributo a um o poder que o diabo não tem: 71. Conclusão: Elohim não retira a misericórdia de seus filhos:

VII - Apêndice - Juízo Investigativo uma Doutrina Adventista 80. O crente precisa ter certeza de que seu nome está no livro da vida: 81. Todos os que entraram para o serviço têm seu nome escrito no livro da vida: 82. O que vai a Maschiach de maneira nenhuma será lançado fora: 83. Trabalharam para Elohim e não foram escritos no livro da vida: 84. A dinâmica e o perigo da evangelização do medo: 85. Confundindo o livro da vida com o livro dos viventes: 86. Pessoas escritas no livro da vida não serão destruídas: 88. Incoerências da doutrina adventista do juízo investigativo: 89. Uma doutrina que anula cada atributo de Elohim: 90. O valor de ter o nome no livro da vida: 92. Do farolete para o farol:

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I - Apresentação – Arminius e o

Arminianismo

Jacó Arminío, o teólogo holandês, autor de muitos livros e

nascido na era dos grandes debates teológicos e filosóficos veio ao

mundo em Oudewater, Utrecht como Hermanszoon Jakob, seu

nome em holandês. Jacó Armínio (1560-1609) foi educado na

teologia reformada aos pés de Theodore de Beza (1519-1605),

substituto de João Calvino (1509-1564). Sobreviveu a ambos não

como discípulo do calvinismo, que atribuía a salvação somente à

graça soberana que liberta o arbítrio de forma irresistível, mas como

fundador do arminianismo, que atribui a salvação ao livre arbítrio

que livremente responde e coopera com a graça.

JJaaccóó AArrmmíínniioo ((11556600--11660099)) ffooii eedduuccaaddoo nnaa tteeoollooggiiaa rreeffoorrmmaaddaa aaooss

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JJaammeess AArrmmiinniiuuss ((11556600--11660099)),, TThheeooddoorree ddee BBeezzaa ((11551199--11660099)) JJooããoo CCaallvviinnoo ((11551199--11660055))

IImmaaggeennss ddee ddoommíínniioo ppúúbblliiccoo.. FFoonnttee WWiikkiippeeddiiaa,, aa EEnncciiccllooppééddiiaa LLiivvrree

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Órfão de pai ainda criança, aos 15 anos sua mãe morreu no

massacre espanhol de Oudewater. A morte da mãe em 1575 parecia

anunciar ao jovem Arminius que ele estaria no centro de

controvérsias religiosas que abalariam as estruturas da própria fé

reformada. Aprovado pelo pastor Theodorus Aemilius, como aluno

de Teologia, Arminío recebeu apoio de Rudolph Snellius (1546-

1613), um professor que o levou à Universidade de Marburg na

Alemanha, de onde retornou em 1603 para lecionar na Universidade

de Leiden, fundada em 1575 por Willem van Oranje (1533-1584),

herói da independência holandesa frente aos espanhóis e da

transformação da Holanda numa potência militar e naval a serviço

da fé reformada que ajudou a mudar o mapa religioso da Europa.

Em 1582, como parte de seu aperfeiçoamento acadêmico

Armínio se mudou para Genebra na Suíça, então o foco do

protestantismo calvinista. Seu objetivo era ouvir a exposição de

Romanos ministrada pelo próprio Theodore de Beza (1519-1605).

Beza, francês como seu amigo pessoal João Calvino (1509-1564),

abraçou a teologia reformada em 1548, veio a ser o herdeiro natural

do grande mestre de Genebra e se tornou um peso pesado da

teologia reformada.

Voltando a Holanda Arminío recebeu o cargo de pastor, sendo

ordenado em 1588 na cidade de Amsterdã e a tarefa de enfrentar as

críticas de Dirk Volkertzoon Koornhert (1522-1590), à teologia

calvinista da predestinação presente no Catecismo de Heidelberg,

redigido por Zacharias Ursinus (1534-1583) e Caspar Olevianus

(1536-1587), obra encomendada pelo Eleitor Frederico III, soberano

do Palatinado para combater a influência católica no seu reino.

Dois pontos dessa obra podem ter sido fundamentais para

despertar Koornhert a se indignar contra a doutrina reformada, o

primeiro a resposta à pergunta 52 onde se afirmava que somente os

eleitos seriam levados à vida eterna e a 54 onde ensinava que a

verdadeira kehilah ou igreja estava amarrada pelo decreto da eleição

e destinada seguramente à vida eterna desde antes da fundação do

mundo até a consumação da história. Os pontos são como seguem:

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52. Que consolo traz a você a volta de Cristo "para julgar

os vivos e os mortos"?

R. Que, em toda miséria e perseguição, espero, de cabeça

erguida, o Juiz que vem do céu, a saber: o Cristo que antes se

apresentou em meu lugar ao tribunal de Deus e tirou de mim toda

a maldição (1). Ele lançará, na condenação eterna, todos os seus e

meus inimigos (2) , mas Ele me levará para si mesmo, com todos os

eleitos na alegria e glória celestiais (3).

(1) Lc 21:28; Rm 8:23,24; Fp 3:20; 1Ts 4:16; Tt 2:13. (2) Mt

25:41-43; 2Ts 1:6,8,9. (3) Mt 25:34-36; 2Ts 1:7,10.

54. O que você crê sobre "a santa igreja universal de

Cristo"?

R. Creio que o Filho de Deus (1) reúne, protege e conserva (2)

, dentre todo o gênero humano (3) , sua comunidade (4) eleita para

a vida eterna (5). Isto Ele fez por seu Espírito e sua Palavra (6) , na

unidade da verdadeira fe (7) , desde o princípio do mundo até o fim

(8). Creio que sou membro vivo (9) dessa igreja, agora e para

semprel0).

(1) Jo 10:11; Ef 4:11-13; Ef 5:25,26. (2) Sl 129:4,5; Mt 16:18; Jo

10:16,28. (3) Gn 26:4; Is 49:6; Rm 10:12,13; Ap 5:9. (4) Sl 111:1; At

20:28; Hb 12:22,23. (5) Rm 8:29,30; Ef 1:10-14; 1Pe 2:9. (6) Is 59:21;

Rm 1:16; Rm 10:14-17; Ef 5:26. (7) Jo 17:21; At 2:42; Ef 4:3-6; 1Tm

3:15. (8) Is 59:21; 1Cor 11:26 (9) Rm 8:10; 1Jo 3:14,19-21. (10) Sl 23:6;

Jo 10:28; Rm 8:35-39; 1Co 1:8,9; 1Pe 1:5; 1Jo 2:19. 1

Apesar de fortemente apoiado com diversos textos, a doutrina

da eleição exposta no Catecismo de Heidelberg não convenceu a

Koornhert e suas críticas causaram muito mal estar na Holanda.

Assim a Igreja Reformada confiava no gênio de Armínius para os

refutar. A surpresa é que o exame das teses de Koornhert acabou

por minar suas próprias convicções e arenunciar ao calvinismo. Ele

manteve a posição paulina de que a predestinação de Elohim foi

feita antes da fundação do mundo e que todos os predestinados

para a vida serão infalivelmente salvos, mas modificou

substancialmente a posição reformada.

1 Catecismo de Heidelberg (1563) por Zacarias Ursino e Gaspar Oleviano. Fonte, página Monergismo.com visitada em 6 de março de 20112. http://www.monergismo.com/textos/catecismos/catecismo_heidelberg.htm

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Dirck Volckertszoon

Coornhert foi o homem cujos

argumentos levaram, Armínio

um pastor reformado,

educado aos pés do sucessor

de Calvino a abraçar as teses

defendidas em parte por

Pelágio, o homem é livre para

aceitar a oferta de salvação ou

para a rejeitar. A graça é

soberana no sentido de ser

oferecida a todos e não no

sentido de determinar quem

se salva. Nascia assim em

1609 o arminianismo, a

doutrina que mais

influenciaria o protestantismo.

Arminius manteve ainda

a posição de que o homem

com a queda perdeu o livre

arbítrio, mas passou a ensinar

que auxiliado pela graça ele

pode decidir livremente

nascer de novo ou

permanecer em seus pecados.

A predestinação eterna,

segundo ele foi o ato de

Elohim escolher para vida

aqueles que Ele sabia que

aceitariam o convite da graça

e decidiriam nascer de novo e

escolher para a morte aqueles

que viu que jamais aceitariam

esse chamado. O homem

voltava ao centro da teologia.

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11559900)).. AAfftteerr CCoorrnneelliiss CCoorrnneelliisszz.. vvaann

HHaaaarrlleemm ((11556622––11663388)).. DDoommíínniioo PPùùbblliiccoo

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9 CCaappííttuulloo II -- EElllleenn WWhhiittee ee ooss CCiinnccoo PPoonnttooss ddoo CCaallvviinniissmmoo

A diferença básica entre os dois sistemas, portanto não é a

crença de que todo o homem já vem a esse mundo predestinado

para a vida ou para a morte, mas a base ou causa dessa

predestinação. Enquanto os calvinistas creem numa predestinação

estabelecida com base na escolha do próprio Elohim, os arminianos

acreditam que a base única da predestinação é a graça

discriminadora e infalível de Elohim pela qual Ele livremente decidiu

o que faria de cada indivíduo particularmente pecador e merecedor

das chamas do fogo eterno. Esta é pois a controvérsia arminio-

calvinista, não a predestinação em si, mas a causa da predestinação.

Após a morte de Arminius sua posição foi modificada pelos seus

discípulos e exposta na forma de um documento conhecido como

remonstratio. Os remonstrenses, como passaram a ser chamados

diziam que:

Todos os homens têm o poder natural de decisão quanto ao

chamado da graça.

O Maschiach não morreu para salvar efetivamente a ninguém

em particular, e logo não existem eleitos no sentido pleno da

Palavra, ele morreu para tornar possível a salvação de todos

os homens.

O homem pode resistir eficazmente e inclusive derrotar a

graça de Elohim se esforça em salvá-lo.

Elohim não predestina pessoas, mas grupo de pessoas e logo

a predestinação é completamente condicional.

Os santos podem cair da graça e se perder eternamente.

Esta visão teológica, que nem é calvinista porque nega a livre e

soberana escolha de Elohim e nem é arminiana porque nega que os

santos são perseverados até o fim e infalivelmente salvos tornou-se

a base teológica dos chamados novos protestantes como os

mórmons, as testemunhas de Jeová, os pentecostais e os

adventistas. Mas muito tempo antes, os cristãos reformados se

reuniram em Dortrecht na Holanda com o fim de tomar uma posição

acerca das revisões propostas tanto pelos arminianos como pelos

remonstrenses com relação à doutrina da predestinação tal como

defendida por Agostinho e pelos três grandes reformadores,

Calvino, Lutero e Zuinglio.

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O Sínodo de Dort

se inspirou na palavra

Tulip que dá o nome à

mais famosa flor da

Holanda para criar um

acróstico por meio do

qual os cinco pontos

definidos como base na

exposição da salvação

pudessem ser

conhecidos.

A doutrina da graça

soberana foi comparada

pelo Sínodo de Dort ao

belo e precioso símbolo

do país das flores. Cada

letra da Tulip se refere a

um aspecto da doutrina

da salvação tal como

vista pelos teólogos

holandeses.

O T se refere a TOTAL DEPRAVAÇÂO da alma humana e sua

incapacidade para fazer qualquer coisa por sua própria salvação.

O U se refere à ELEIÇÂO INCONDICIONAL e não dependente de

nada próprio do homem.

O L se refere à LIMITADA EXPIAÇÃO de Yeshua apenas e somente

por suas ovelhas.

O I se refere à IRRESISTÍVEL GRAÇA pela qual o Eterno ordena que

os mortos em delitos e pecados sejam trazidos à vida espiritual e salvos

sem que estes possam impedir a sua obra.

O P se refere à PERSEVERANÇA DOS SANTOS pela qual eles são

infalivelmente guardados até o fim, de todo o poder do maligno de de

qualquer apostasia irremediável. Uma vez salvos, para sempre salvos.

A doutrina da graça

soberana foi comparada

pelo Sínodo de Dort ao belo

e precioso símbolo do país

das flores. Cada letra da

Tulip se refere a um aspecto

da doutrina da salvação tal

como vista pelos teólogos

holandeses.

Tulip por Anna Cervova Public Domain Pictures.net

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TUPLIP Uma Descrição dos Cinco Pontos do Calvinismo

Total Depravation – Depravação Total

Todos os homens nascem em pecado1 estão mortos em seus delitos,2 totalmente depravados3 e seus pensamentos são continuamente maus,4 por isso permanecem pecando enquanto vivem.5 Em seu estado natural são incapazes de buscar a Elohim6 entender as coisas espirituais7 ou amar a luz da verdade8 e não podem cooperar jamais com a graça a menos que sejam a isso dispostos por Aba Yah..9 (1 Sl 51:5, 2 Ef 2:1-5,3 Jr 17:9, 4 Gn 6:4, 5 1Rs

8:46, 6Rm 3:9-23, 7 1 Co 2:14, 8 Jo 1:8-10 e 9 Jo 6:44.)

Unconditional Election – Eleição Incondicional

A eleição é Incondicional1 e não se baseia na escolha do homem,2 mas na decisão de deus de aproximar de si os que Ele quer que o adorem,3 não fomos escolhido porque seríamos santos, mas para sermos santos.4 Fomos escolhidos pelo beneplácito exclusivo da vontade divina para o louvor de sua glória.5 Todos os que assim foram predestinados serão um a um chamados, justificados e glorificados,6 já que isso depende somente da graça e determinação de Elohim estabelecida antes dos tempos eternos.7 A estes Elohim dá a fé que não vem dos homens.8 Assim ele se torna autor e também consumador9 da fé que pertence aos eleitos e somente a eles. 10 (1 Dt 7:6-7, 2 Jo 15:16, 3 Sl 65:4, 4 Ef 1:4, 5 1:5,11, 6 Rm 8:28-30, 7 2Tm 1:9, 8 Ef

2:8, 9 Hb 12:2, 10 Tt 1:1)

Limited Atonement – Expiação Limitada

A expiação é limitada unicamente às ovelhas de Deus1 e se destina a salvar apenas aos que ouvem o evangelho2 um número fixo de homens de todas as nações.3 A expiação não pode ser separada do propósito de salvar, e o Maschiach antes de morrer não orou pelo mundo, mas apenas por aqueles que o Pai lhe deu.4 Seu sangue foi derramado pela igreja5 ele não morreu para tornar possível a salvação de todos, mas para tornar real e infalível a salvação daqueles em favor dos quais intercedeu.6 A morte do Maschiach é suficiente para todos, mas eficiente somente para os eleitos,7 pois seu sangue foi derramado em favor de muitos. 8 (1 Jo 10:15, 2 Ap 22:17, 3 5:9, 4 Jo 17:9,20, 5 Ef 5:25, 6 Is 53:11-13, 7 Ro 8:33-34, 8 Mr 14:24).

Irresistible Grace – Graça Irresistível

A graça opera o novo nascimento1 naqueles que nascem da vontade de Elohim2 de forma soberana e sem consultar seus desejos naturalmente escravos do pecado3 inclinados ao mal e incapazes de entender ou buscar as coisas espirituais.4 Assim embora Elohim chame a muitos com a chamada geral,5 só os eleitos são separados desde o ventre7 e chamados por seu elo propósito.8 Todos aqueles em quem esse novo nascimento opera são irresistivelmente levados à fé e ao arrependimento.9 Essa não é uma obra de Elohim e do homem, mas uma obra do Pai, que leva ao Filho todos aqueles que lhe deu.10 ( 1 Jo3:8, 2 1:12-

13, 3 8:34, 4 Sl 14:2, 5 Mt 22:14, 6 Gl 1:15-16, 7 Ro 8:28, 8 At 13:48, 9 Jo 6:44.

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Perseveraince of Saints – Perseverança dos Santos

Os que são assim gerados segundo a vontade divina1 são guardados em incorruptibilidade pela palavra de de Elohim,2 são preservados até ao fim no estado de adoção de filhos3 e ainda que pequem e sejam severamente castigados4 jamais serão lançados fora,5 pelo contrário tendo sido entregues pelo Pai nas mãos do Filho,6 eles serão infalivelmente guardados de todo o mal7 até que a obra iniciada neles se consume gloriosamente no dia do Maschiach 8 e recebam a coroa da justiça que lhes está guardada9 já que são sustentados pelas mãos onipotentes do Pai e do Filho e não podem perecer,10 porque de Elohim é poderoso para lhes guardar de tropeço e os apresentar imaculados no dia de sua glória.11 (1

Tg 1:18, 2 1Pd 1:23, 3 Ro 8:16, 4 2Sm 7:11-15, 5 Jo 6:37, 6 17:12, 7 2 Tm 4:18, 8 Fp 1:6, 9 2Tm 4:8, 10 Jo 10:27-29, 11 Jd 1:24.

É claro que além do arminianismo que ensina que Elohim

predestinou para a vida eterna aqueles que ele sabia que pela fé

abraçariam a graça e nela perseverariam até o fim, do calvinismo

que afirma que Elohim elegeu não conforme a presciência da fé

visto que ele mesmo é seu autor, mas de acordo com sua

presciência daqueles que ele mesmo criaria para a salvação e do

remonstrensismo, que ensina que Elohim não elege a ninguém em

particular, mas apenas o grupo dos salvos, existem outras visões.

O universalismo com sua visão de uma apokatastasis ou

reconciliação final de todas as criaturas com Deus, nega que o lago

de fogo seja de duração eterna e ensina que ele durará apenas o

tempo suficiente para que finalmente o próprio Satan venha a

converter-se e Elohim seja então tudo em todos.2 Há ainda aqueles

que como o profeta americano William Marrion Branham (1909-

1965) o fundador e pai do movimento Tabernáculo da Fé. Estes e

outros interpretam as Escrituras de forma alegórica e concluem que

Eva não comeu nenhum fruto proibido. Segundo eles Eva acasalou

literalmente com a serpente e desse contato sexual nasceu Caim.

Para uma descrição pormenorizada dessa doutrina e sua refutação

consulte nosso artigo Identidade Cristã x Israelismo Britânico.

2 Nem todos os universalistas concordam com essa visão inicialmente ensinada por Orígenes de Alexandria (185 -254?). John Murray, (1741-1815), o pai do universalismo moderno ensinou que o Maschiach morreu por toda a humanidade pagando os pecados de todos, e que por isso afinal todos serão infalivelmente salvos. Esta posição parece deixar os diabos de fora do pacto salvífico. De igual posição foi o grande teólogo suíço Karl Barth (1886-1968), para quem o único homem predestinado para a morte foi Yeshua, que morto na carne ressuscitou em espírito a fim de que toda a raça humana, originalmente predestinada para a vida seja infalivelmente salva.

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13 CCaappííttuulloo II -- EElllleenn WWhhiittee ee ooss CCiinnccoo PPoonnttooss ddoo CCaallvviinniissmmoo

Eles acreditam que uma parte da humanidade descende

diretamente da serpente através de Caim e está destinada à

perdição. A outra parte descende de Sete, sendo os legítimos

descendentes de Adão, e, portanto predestinados infalivelmente à

bem aventurança eterna. Naturalmente este sistema ignora a

revelação bíblica que mostra que Rebeca concebeu de um só, de

Ytzchak nosso pai, e apesar disso teve um filho eleito e outro

rejeitado.

Os adventistas optaram em sua maioria por uma

predestinação impessoal. Elohim não predestinou pessoas, mas

caracteres perfeitos dizem. A salvação é como uma disputa olímpica,

não se sabe que é o vencedor até o final da prova. Quem atinge esse

caráter perfeito até o dia em que seu nome for passado em revista

no juízo investigativo é configurado nessa predestinação e

destinado à glória. É claro que esse é um esquema legalista que

despreza o caráter substituto da vida do Maschiach. A maioria

esmagadora dos pastores e membros adventistas acredita numa

perfeição ontológica a ser alcançada ainda nesta vida. Deplorando

essa idéia, aqueles entre os adventistas que enfatizam a vida

substituta de Maschiach dizem que ao aceitar a Yeshua como

Salvador o crente adquire seu caráter por imputação e que com os

méritos do Filho de Elohim o crente é declarado mais do que

vitorioso e que isso em nada depende das obras ou do caráter do

próprio indivíduo.

É claro que o debate adventista está longe de se encerrar. De

modo geral a igreja professa uma fé remonstrense, mas é possível

também encontrar alguns membros e ministros arminianos dentro

do movimento e ocasionalmente algum calvinista não declarado, já

que o sistema é abertamente contra cada um dos cinco pontos do

calvinismo. Eles supõem que a principal formadora de opinião

dentro do adventismo, a Sra. Ellen Gould White (1834-1915),

reputada por muitos como profetiza era arminiana ou remonstrense.

No presente estudo demonstrarei que longe de ter uma posição

consensual a Sra. White, a julgar pelos livros e artigos publicados em

seu nome jamais se definiu.

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14 CCaappííttuulloo II -- EElllleenn WWhhiittee ee ooss CCiinnccoo PPoonnttooss ddoo CCaallvviinniissmmoo

Com ampla pesquisa à

literatura adventista sobre o

tema da eleição este estudo

mostra como resultado que

é um equívoco muito

grande invocar o

testemunho de a Sra. White

a favor ou contra a doutrina

da eleição, pois sua posição

vai desde o calvinismo

moderado até ao

arminianismo, passando

pelo remonstrensismo, o

que revela a ausência

completa de uma linha

teológica orientada em suas

declarações relativas a esse

assunto.

Apesar disso ele se

revelará muito útil em

demonstrar que adventistas

que conhecem a Bíblia e

creem sem reservas naquilo

que Elohim falou através

dos Profetas, de seu

Messias e dos seus

Apóstolos, podem cimentar

sua exposição teológica

com citações da Sra. White

a fim de se defenderem.

Esse é um detalhe importante porque a maioria dos

adventistas conhece apenas a veia arminiana e remonstrense da Sra.

Ellen White, e a usa com muito mais frequência para alijar a doutrina

da eleição do debate tão logo ela surge, mas em contrapartida

desconhece quase completamente sua veia calvinista.

E um equívoco muito grande

invocar o testemunho da Sra,

White a favor ou contra a

doutrina da eleição, pois sua

posição vai desde o

calvinismo moderado até ao

arminianismo, passando

pelo remonstrensismo, o que

revela a ausência completa

de uma linha teológica

orientada em suas

declarações relativas a esse

assunto.

Ellen White, 1889,Wikipedia, Domínio Público

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15 CCaappííttuulloo II -- EElllleenn WWhhiittee ee ooss CCiinnccoo PPoonnttooss ddoo CCaallvviinniissmmoo

Embora eu esteja firmemente alinhado com a posição

reformada no que diz respeito à predestinação, a qual me parece ser

a única que se harmoniza com as Escrituras, procurei sem imparcial

no uso das fontes bibliográficas atribuídas à Sra. White. Fazendo

assim dou a oportunidade a todos de mergulharem num dos temas

mais controversos do mundo cristão e tirarem suas próprias

conclusões livres da pressão de textos que se comparados com

outros se revelam indefinidos e contraditórios.

Meu desejo sincero e minha oração é para que os filhos de

Yah que congregam no adventismo possam evoluir para uma

teologia bíblica e saudável como alternativa a uma teologia humana

e doentia. Que Elohim abençoe a todos, especialmente os sinceros, e

que aquilo que a Sra. White desejou em seus devaneios, o

surgimento de um povo que creia na Bíblia e na Bíblia só, se

concretize na alma de cada um deles.

“Mas Deus terá sobre a Terra um povo que mantenha a

Bíblia, e a Bíblia só, como norma de todas as doutrinas e base

de todas as reformas. As opiniões de homens ilustrados, as

deduções da ciência, os credos ou decisões dos concílios

eclesiásticos, tão numerosos e discordantes como são as

igrejas que representam, a voz da maioria - nenhuma destas

coisas, nem todas em conjunto, deveriam considerar-se como

prova em favor ou contra qualquer ponto de fé religiosa. Antes

de aceitar qualquer doutrina ou preceito, devemos pedir em

seu apoio um claro – „Assim diz o Senhor‟”. (Ellen White, O

Grande Conflito. 36ª ed. 1988. pp. 595.).

Com o anelo de que isso se cumpra, e que em breve nenhum

adventista sincero use Ellen White para apoiar ou denunciar

qualquer doutrina sem antes passar pela Bíblia e considerar que ela

se basta sozinha para definir a nossa fé.

Rosh Messiânico Baruch Ben Avraham

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16 CCaappííttuulloo II -- EElllleenn WWhhiittee ee ooss CCiinnccoo PPoonnttooss ddoo CCaallvviinniissmmoo

II - Ellen White e a Doutrina da Depravação

Total da Alma Humana

A coluna básica de

toda a doutrina da

predestinação jaz por

incrível que pareça na

própria natureza do homem.

Se for verdade que o

homem não está

espiritualmente morto, mas

apenas atordoado pelo

pecado, e que ele é uma

espécie de zumbi espiritual

capaz de sair de sua

necrópole por sua própria

decisão então tem de ser

verdade ele é capaz de

caminhar para Yeshua

impelido pela força de seu

livre arbítrio e a

predestinação não existe.

Nesse caso se o

homem pode recriar seu

destino, determinar sua

própria regeneração,

conversão e perseverança

até ao fim então a

predestinação mencionada

na Bíblia seria desnecessária

ou arbitrária.

Se for verdade que o homem

não está espiritualmente

morto, mas apenas atordoado

pelo pecado, e que ele é uma

espécie de zumbi espiritual

capaz de sair de sua necrópole

por sua própria decisão então

tem de ser verdade ele é capaz

de caminhar para Yeshua

impelido pela força de seu livre

arbítrio e a predestinação não

existe.

Cemitério por Anna Cervova, Domínio Público Public Domain Pictures.net

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17 CCaappííttuulloo II -- EElllleenn WWhhiittee ee ooss CCiinnccoo PPoonnttooss ddoo CCaallvviinniissmmoo

Seria desnecessária porque Elohim estaria decretando aquilo

que a própria vontade do homem já tinha decidido ou arbitrária

porque Elohim escolheria o homem a despeito de sua decisão

desconsiderando a vontade de muitos que naturalmente se

inclinariam para a graça que lhes seria negada.

Por outro lado, se o

homem não pode dar

nenhum passo em direção à

luz, se ele não está meio

morto, mas completamente

morto, se ele não é um

zumbi espiritual, mas um

cadáver encerrando num

mausoléu lacrado de

maldade e incapacidade de

perceber as coisas do

espírito a tal ponto que não

pode nem mesmo desejar ou

decidir nascer de novo,

converter-se e permanecer

na graça, então só a

predestinação livre, soberana

e infalível pode garantir a sua

ressurreição espiritual e sua

salvação. Nisso reside toda a

questão e é sobre isso que

Ellen White será chamada a

opinar. Contudo, ao

analisarmos sua opinião será

difícil não admitir

pronunciadas ambigüidades

em suas posições. Assim,

antes de tudo é bom lembrar

o contexto religioso em que

Ellen se desenvolveu e as

influências que recebeu.

Por outro lado, se o homem

não pode dar nenhum passo

em direção à luz, se ele não

está meio morto, mas

completamente morto, se ele

não é um zumbi espiritual,

mas um cadáver encerrando

num mausoléu lacrado de

maldade e incapacidade de

perceber as coisas do espírito

a tal ponto que não pode

nem mesmo desejar ou

decidir nascer de novo,

converter-se e permanecer

na graça, então só a

predestinação livre,

soberana e infalível pode

garantir a sua ressurreição

espiritual e sua salvação.

Anjo por Francisco Farias Jr Domínio Público Public Domain Pictures.net

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18 CCaappííttuulloo II -- EElllleenn WWhhiittee ee ooss CCiinnccoo PPoonnttooss ddoo CCaallvviinniissmmoo

A origem metodista e a doutrina da Sra. White: Ellen

Harmon, nasceu em 1827 em Gorham, Maine. Tendo crescido no

seio de uma devota família metodista, nenhum sistema teológico a

influenciou tanto como o arminianismo wesleyano. Admiradora de

Wesley, Ellen White elogia sua posição acerca da predestinação e

dos decretos divinos que dela procedem dizendo:

“A doutrina dos decretos divinos, que inalteravelmente fixam o

caráter dos homens, havia conduzido muitos à rejeição virtual da lei de

Deus. Wesley perseverantemente se opôs aos erros dos ensinadores

antinomistas, demonstrando que esta doutrina que levava ao antinomismo

é contrária às Escrituras.3”

O fato de Wesley se opor aos antinomistas não significa

necessariamente que a doutrina da predestinação conduza ao

antinomismo e nem mesmo que Wesley não defendesse a

predestinação, pois como arminiano ele cria numa predestinação

baseada na presciência das obras como se pode notar nessa

declaração citada por Severino Silva.

“As Escrituras dizem-nos claramente o que é predestinação – é Deus

designar de antemão para a salvação os crentes obedientes, não sem antes

conhecer antecipadamente todas as obras deles, mas segundo sua

presciência dessas obras, desde a fundação do mundo... De igual modo

predestina ou designa de antemão todos os incrédulos desobedientes para

a condenação, não sem conhecer antecipadamente todas as obras deles,

mas segundo sua presciência dessas obras desde a fundação do mundo.”4

Sua defesa da libertação universal da vontade: Inspirada em

João Wesley a Sra. White declarou que “com o próprio sangue

assinou Ele (Cristo) a carta de emancipação da raça humana.5” Ela diz

ainda: “ A cada ser humano é dada a liberdade de escolha. A ele

compete decidir se quer permanecer sob o negro estandarte da

rebelião, ou sob a bandeira ensangüentada do Príncipe Emanuel.6”

Mas o adventismo não precisa encerrar-se dentro destes

parâmetros.

3 Ellen White, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, 1993, pág. 252. 4 John Wesley, citado por Severino Pedro da Silva, em A Doutrina da Predestinação, CPAD, Rio de Janeiro, 1999, pág. 35. 5 Ellen White, Ciência do Bom Viver, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, pág. 90 6 Ellen White, Nos Lugares Celestiais, Casa Publicaodra Brasileira, pág. 361.

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19 CCaappííttuulloo II -- EElllleenn WWhhiittee ee ooss CCiinnccoo PPoonnttooss ddoo CCaallvviinniissmmoo

Se estas declarações devem se harmonizar com outros de seus

escritos como deseja todo o bom adventista então nao resulta difícil

concluir que ela as expressões toda a raça e a cada ser humano

citadas acima nao se referem a todos e cada um dos homens, mas

somente aqueles que são efetivamente libertos pela graça, pois em

momentos de acentuado progresso teológico ela reconheceu como

o fazem os calvinistas que se a decisão acerca da salvação fosse

deixada na mão do homem este jamais a aceitaria.

“Não podemos dar um passo na vida espiritual, a não ser que Jesus

atraia e fortaleça a alma, e nos leve a experimentar aquele

arrependimento que jamais decepciona.” 7

O livre arbítrio do homem atual e o de Adão no Éden: Uma

pesquisa imparcial me leva a concluir que ninguém precisa presumir

que a Sra. White acreditava numa liberdade da vontade a

semelhança daquela que Adão possuía no Éden, pelo contrario há

indícios de que ela cria no livre arbítrio pleno de apenas dois

homens, Maschiach e Adão. “Em Sua humanidade, Ele (Cristo) tinha o

mesmo livre-arbítrio que tinha Adão no Éden.”8

Ao admitir que Maschiach veio com a mesma liberdade de

Adão antes da queda a autora lembra que essa liberdade não e

desfrutada pelo resto dos homens caídos, já que “era tão difícil para

Ele conservar-Se ao nível da humanidade como era para o homem

levantar-se acima do seu nível de natureza depravada, e ser

participante da natureza divina.”9

Por natureza depravada ela entendia aquilo que qualquer

calvinista entende, a capacidade nata de fazer qualquer coisa reta na

presença de Elohim. Lembre que a autora afirmava que antes da

queda os anjos entretinham conversações regulares com nossos

primeiros pais e os teriam ensinado que “se, porém, cedessem uma

vez à tentação, sua natureza se tornaria tão depravada que não

teriam em si poder nem disposição para resistir a Satanás. ”10

7 Ellen White, Mensagens Escolhidas 1, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, pág. 391. 8 Ellen White, Nossa Alta Vocação, Casa Publicadora Brasileira, pág. 130. 9 Ellen White, No Deserto da Tentação, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, pág. 103. 10 Ellen White, Patriarcas e Profetas, Casa Publcidora Brasileira, Tatuí, pág. 53

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20 CCaappííttuulloo II -- EElllleenn WWhhiittee ee ooss CCiinnccoo PPoonnttooss ddoo CCaallvviinniissmmoo

A natureza completamente depravada do homem: Ainda

segundo a autora, consumada a queda, os anjos teriam se recusado

a aceitar a promessa de futura fidelidade de nossos primeiros pais

argumentando que sua natureza ficara depravada pelo pecado;

haviam diminuído sua força para resistir ao mal, e aberto o caminho

para Satanás ganhar mais fácil acesso a ele. Em sua inocência tinham

cedido à tentação; e agora, em estado de culpa consciente, teriam

menos poder para manter sua integridade.”11 Ela admitia ainda que a

queda atingiu em cheio a toda a raça representada em Adão e que

“sua posteridade se tornou depravada.”12 O que essa depravação

significa para o homem no que se relaciona a obediência a Lei de

Elohim, e o quanto o homem atual difere do primeiro homem pode

ser dado nestas palavras:

“Impossível é ao homem, de si mesmo, guardar essa lei; pois a

natureza do homem é depravada, deformada, e inteiramente diversa do

caráter de Deus. As obras do coração egoísta são como coisa imunda; e

"todas as nossas justiças, como trapo da imundícia". Isa. 64:6. ”13

“O caráter humano é depravado, deformado pelo pecado e muito

diferente do caráter do primeiro homem, quando acabou de ser formado

pelas mãos do Criador.“14

A autora entendia a depravação como uma incapacidade

natural de seguir numa direção reta.

“A fim de entender direito esta questão, cumpre-nos lembrar que

nosso coração é naturalmente depravado, e somos incapazes, por nós

mesmos, de seguir uma reta direção. “15

A Alma Humana Está Paralisada por Satanás: Mas em

nenhum outro lugar Ellen White foi tão calvinista e defendeu tão

enfaticamente a doutrina da depravação total da vontade e dos

sentidos e a completa incapacidade do homem de entender o plano

de Elohim o apreciar sua natureza do quando disse:

11 Ellen White, A Verdade Sobre os Anjos, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, pág. 61. 12 Ellen White, Cristo Triunfante, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, 2002, pág. 245. 13 Ellen White, O Maior Discurso de Cristo, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, pág. 53. 14 Ellen White, E Recebereis Poder, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, 1999, pág. 57. 15 Ellen White, O Cuidado de Deus, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, 1995, pág. 179.

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21 CCaappííttuulloo II -- EElllleenn WWhhiittee ee ooss CCiinnccoo PPoonnttooss ddoo CCaallvviinniissmmoo

“O homem, pelo pecado, excluiu-se da vida de Deus. Sua alma é

tomada de paralisia, pelas armadilhas de Satanás, o autor do pecado. De si

mesmo é ele incapaz de sentir o pecado, incapaz de apreciar a natureza

divina e dela se apropriar. Fosse ela colocada ao seu alcance, não veria

nela coisa alguma que seu coração natural desejasse. Está sobre ele o

enfeitiçante poder de Satanás. Todos os engenhosos subterfúgios que o

diabo possa sugerir são-lhe apresentados ao espírito, para impedir todo

bom impulso. Toda faculdade e poder que lhe são dados por Deus foram

usados como arma contra o Benfeitor divino. Assim, embora Deus o ame,

não seria seguro comunicar-lhe os dons e bênçãos que bem lhe desejaria

conceder. ”16

Só uma ação sobrenatural torna o homem inimigo de

Satanás: Como pode se salvar o homem cuja natureza má e

perversa é descrita com cores tão vívidas pela autora? Esta questão

pode ser respondida pelos adventistas calvinistas com o texto que

aparece a seguir:

“Deus declara: "Porei inimizade." Esta inimizade não é entretida

naturalmente. Quando o homem transgrediu a lei divina, sua natureza se

tornou má, e ele ficou em harmonia com Satanás, e não em desacordo

com ele. Não existe, por natureza, nenhuma inimizade entre o homem

pecador e o originador do pecado. Ambos se tornaram malignos pela

apostasia. O apóstata nunca está em sossego, exceto quando obtém

simpatia e apoio, induzindo outros a lhe seguir o exemplo. Por este motivo

os anjos decaídos e os homens ímpios se unem em desesperada união. Se

Deus não Se houvesse interposto de maneira especial, Satanás e o homem

teriam entrado em aliança contra o Céu; e, ao invés de alimentar

inimizade contra Satanás, toda a família humana se teria unido em

oposição a Deus.17

É Elohim quem infunde vida sobrenatural: Resumidamente,

os textos atrás referidos nos apresentam uma Ellen White defensora

da doutrina da depravação total tal como ensinada pelos

reformadores e pelos calvinistas em geral, sejam eles presbiterianos,

metodistas ou batistas e sedimentam as bases para o surgimento de

um calvinismo adventista apesar de ser evidente que a literatura

adventista está repleta de ambigüidades e que por vezes o novo

nascimento deixa de se monergista e passa a ser sinergita, 16 Ellen White, Mensagens Escolhidas Vol. 1, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, 1967, pág. 340. 17 Ellen White, O Grande Conflito, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, 1993, pág 505.

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22 CCaappííttuulloo II -- EElllleenn WWhhiittee ee ooss CCiinnccoo PPoonnttooss ddoo CCaallvviinniissmmoo

Nesse momento, o novo nascimento que nos textos anteriores

parece ser apenas monergista, isso é uma ação do Criador é

apresentado como uma obra realizada com a participação e

permissão do homem morto em delitos e pecados, como quando se

diz que “este novo nascimento é o resultado de receber Cristo como a

Palavra de Deus,”18 os adventistas que acreditam na soberania da

graça e na completa incapacidade da natureza depravada podem

prevalecer sobre os arminianos com o texto a seguir que revela que

esse novo nascimento depende apenas e tão somente da ação

soberana do Espírito Santo sobre a alma morta em delitos e

pecados.

“Não é o instrumento humano que deve infundir vida. O Senhor,

Deus de Israel, fará essa parte, avivando a natureza espiritual sem vida e

pondo-a em atividade. O fôlego do Senhor dos Exércitos precisa penetrar

nos corpos inanimados. No juízo, quando forem revelados todos os

segredos, saber-se-á que a voz de Deus falou através do instrumento

humano, despertando a consciência entorpecida, avivando as faculdades

sem vida, e levando pecadores ao arrependimento e contrição, e ao

abandono de pecados. Então se verá claramente que através do

instrumento humano foi comunicada fé à alma, e infundida vida espiritual

procedente do Céu a quem estava morto em delitos e pecados, e ele foi

avivado espiritualmente.”19

O texto é por demais evidente e fala por si só que a obra da

regeneração é completamente monergista, isto é depende

exclusivamente de Elohim. Nem poderia ser diferente, pois criaturas

mortas em seus delitos e pecados não podem romper as barreiras

de seu túmulo e sair para fora, eles precisam de um poder de fora

que os insufla com a vida, antes de que o chamado para sair possa

ser sequer entendido. Agora bem, se é verdade que é o Senhor

Elohim de Israel que faz essa parte de insuflar vida na alma morta

em pecados, se isso é uma obra soberana realizada à parte do

querer do homem, então porque nem todos nascem de novo. Isso

nos leva ao segundo ponto da Tulip. A doutrina da eleição

incondicional que tal como a da depravação total pode ser

encontrada na literatura adventista.

18 Ellen White, Atos dos Apóstolos, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, pág. 520. 19 Ellen White, E Recebereis Poder, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, 1999, pág. 45.

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23 CCaappííttuulloo II -- EElllleenn WWhhiittee ee ooss CCiinnccoo PPoonnttooss ddoo CCaallvviinniissmmoo

III - Ellen White Diante da Doutrina da

Eleição Incondicional

Se for verdade que o

homem está totalmente

depravado. Se for verdade

que ele não pode dar um

passo sequer em direção a

Elohim. Se for verdade que

por natureza ele é incapaz

de entender a natureza de

seu Criador e que mesmo

que ela lhe seja oferecida ele

não a desejará como o

demonstrou a presença do

Messias entre seu povo

Israel. Então, nesse caso

deve ser verdade que a

escolha de Elohim tem de

ser incondicional e deve

repousar única e

exclusivamente no arbítrio e

na munificência de Elohim.

Segue-se então que Elohim

não tem candidatos à vida

eterna, mas eleitos, e que

sua eleição não se baseia em

nenhuma condição dos

eleitos, mas apenas na

condição da graça, é uma

eleição incondicional.

Vejamos porém o que diz

Ellen White.

Se for verdade que o homem está

totalmente depravado, que ele

não pode dar um passo sequer em

direção a Elohim, que por

natureza ele é incapaz de

entender a sua natureza, e que

mesmo que ela lhe seja oferecida

ele não a desejará, então deve ser

verdade que a escolha divina tem

de ser completamente

incondicional e deve repousar

única e exclusivamente no

arbítrio e na munificência de

Elohim.

Mexican President Vicente Fox voting during the 2003 elections. Wikimedia, Domínio Público

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24 CCaappííttuulloo II -- EElllleenn WWhhiittee ee ooss CCiinnccoo PPoonnttooss ddoo CCaallvviinniissmmoo

Ellen White nega que a eleição seja incondicional: Não é

surpresa que a maioria esmagadora dos teólogos adventistas utiliza

os escritos da Sra. White como elemento básico para combater a

doutrina da eleição incondicional. Os parágrafos a seguir onde ela

nega enfaticamente que a eleição seja incondicional, que Abel tenha

sido previamente escolhido por Elohim para ser salvo e que Caim

tenha sido escolhido para ser rejeitado e que Jacó tivesse sido

escolhido de forma soberana e finalmente que a salvação dependa

somente da vontade de Elohim são bastante conhecidos.

“ Na Palavra de Deus não há essa coisa de eleição incondicional -

uma vez na graça, sempre na graça.... Aqueles que mantêm a doutrina da

eleição, uma vez salvo, salvo para sempre, estão contra o claro: " Assim

diz o Senhor."20

“Caim tivera, como Abel, a oportunidade de saber e aceitar estas

verdades. Não foi vítima de um intuito arbitrário. Um irmão não fora eleito

para ser aceito por Deus, e o outro para ser rejeitado. Abel escolheu a fé e

a obediência; Caim, a incredulidade e a rebeldia. Nisto consistia toda a

questão.”21

“Não houve uma preferência arbitrária da parte de Deus, pela qual

ficassem excluídas de Esaú as bênçãos da salvação. Os dons de Sua graça

por Cristo são gratuitos a todos. Não há eleição senão a própria, pela qual

alguém possa perecer. Deus estabeleceu em Sua Palavra as condições

pelas quais toda a alma será eleita para a vida eterna: obediência aos Seus

mandamentos, pela fé em Cristo. Deus elegeu um caráter de acordo com

Sua lei, e qualquer que atinja a norma que Ele exige, terá entrada no reino

de glória.”22

A salvação depende de nossa própria conduta: Alguns

arminianos adventistas acrescentam a esta lista ainda outro texto

onde a Sra. White apela à ação do homem, e pressupõem que o

texto em si está dizendo que o homem é deixado para operar a sua

própria salvação e que tudo o que se relaciona com ela depende

inteiramente deste.

20 Ellen White, A Fé Pela Qual Vivo, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1959, pág. 157. 21 Ellen White, Patriarcas e Profetas, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, pág. 72. 22 Idem, pág. 208.

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25 CCaappííttuulloo II -- EElllleenn WWhhiittee ee ooss CCiinnccoo PPoonnttooss ddoo CCaallvviinniissmmoo

“Em certo sentido somos deixados na dependência de nossas

próprias energias; devemos procurar diligentemente ser zelosos e

arrepender-nos, limpar as mãos e purificar o coração de toda

contaminação; devemos alcançar a norma mais elevada, crendo que Deus

nos ajudará em nossos esforços. Precisamos buscar, se queremos achar, e

buscar com fé; temos de bater, para que nos seja aberta a porta. A Bíblia

ensina que tudo quanto se relaciona com nossa salvação depende de

nossa própria conduta. Se perecermos, a responsabilidade recairá

inteiramente sobre nós mesmos. Tendo sido feita a provisão e se

aceitarmos as condições de Deus, podemos tomar posse da vida eterna.

Temos de ir a Cristo com fé, temos de ser diligentes e confirmar a nossa

vocação e eleição.”23

Contudo, esse último texto não é claro por si só, e não chega a

defini-la nem como arminiana nem como calvinista. É claro que ao

dizer que “a Bíblia ensina que tudo quanto se relaciona com nossa

salvação depende de nossa própria conduta,” a autora parece ter

resvalado perigosamente para um sinergismo onde a glória pela

salvação do homem deve ser atribuída parcialmente a Elohim e

parcialmente ao homem.

Apesar disso, um exame desapaixonado dessa declaração

permite supor que ela está apelando aos eleitos para que aceitem as

condições impostas pela graça, a saber, a fé, a fim de que confirmem

sua vocação e eleição.

Toda a obra é de Adonay do princípio ao fim: É bom

recordar, que mesmo a sra. White, por vezes admite que é Elohim

quem circuncida o coração do homem e que toda a obra relativa À

salvação pertence só a ele, do princípio ao fim. Quando faz isso em

insinua que o homem só pode operar onde Elohim opera e que a

forte e viva fé dos que seguem ao Maschiach é o resultado da

influencia de Elohim resultante da ação de sua graça eletiva,

soberana e infalível.

“É Deus quem circuncida o coração. Toda a obra é do Senhor, de

princípio ao fim.”24

23 Ellen White, Fé e Obras, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, pág. 48. 24 Ellen White, Mensagens Escolhidas Vol. 1, Tatuí, pág. 392.

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26 CCaappííttuulloo II -- EElllleenn WWhhiittee ee ooss CCiinnccoo PPoonnttooss ddoo CCaallvviinniissmmoo

“As faculdades com que Deus dotou o homem devem ser ampliadas.

"Amarás ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma,

e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento e ao teu próximo

como a ti mesmo." Luc. 10:27. O homem não tem possibilidade de fazer

isto por si mesmo; ele precisa do auxílio divino. Que parte deve o

instrumento humano desempenhar? "Operai a vossa salvação com temor e

tremor; porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar,

segundo a Sua boa vontade." Filip. 2:12 e 13.”25

“"Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação, pela

santificação do Espírito e fé na verdade." II Tess. 2:13. Neste versículo são

reveladas os dois instrumentos na salvação do homem: a influência divina

e a forte e viva fé dos que seguem a Cristo.”26

Confundindo perdidos com eleitos: Assim,

independentemente do fato de a Sra. White não ter sido

suficientemente clara nessa questão, deve-se compreender que o

arminianismo do adventismo é uma questão de opção consciente.

Teólogos adventistas preferem ignorar os textos onde a doutrina da

eleição é ensinada, enquanto garimpam em busca daquelas

declarações obscuras onde a eleição incondicional é negada.

“Na Palavra de Deus não há essa coisa de eleição incondicional -

uma vez na graça, sempre na graça. No segundo capítulo da segunda

epístola de Pedro o assunto é tornado claro e distinto. Depois de se referir a

alguns que seguiram um caminho mau, a explicação é dada: "os quais,

deixando o caminho direito, ... seguindo o caminho de Balaão, filho de

Bosor, que amou o prêmio da injustiça." II Ped. 2:15. ... Esta é uma classe de

pessoas das quais nos adverte o apóstolo: "Porque melhor lhes fora não

conhecerem o caminho da justiça, do que, conhecendo-o, desviarem; se do

santo mandamento que lhes fora dado." II Ped. 2:21.”27

É claro que essa declaração ignora completamente o sentido

das Escrituras. O segundo capítulo de Pedro começa falando não de

verdadeiros seguidores de Maschiach, mas de falsos profetas, não

de pessoas salvas pelo Senhor (gr. kurios), mas de pessoas

simplesmente resgatadas ou compradas pelo Soberano (gr.

Despotes).

25 Ellen White, Conselhos Sobre Educação, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, pág. 232. 26 Ellen White, Fundamentos da Educação Cristã, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, pág. 189. 27 Ellen White, Fé Pela Qual Vivo, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1959, pág. 157.

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27 CCaappííttuulloo II -- EElllleenn WWhhiittee ee ooss CCiinnccoo PPoonnttooss ddoo CCaallvviinniissmmoo

Ellen admite que Yeshua não teria morrido apenas para salvar,

mas também “para garantir o direito de destruir aquele que tinha o

império da morte, isto é, o diabo.”28 Nesse caso, os que negam a

Adonay que os resgatou não são pessoas salvas pelo sangue de

Yeshua, mas pessoas que negam sua soberania e seu reinado. Kefa

alude que se trata de pessoas dissolutas e de “palavras fingidas;”

para as quais “o juízo lavrado a longo tempo não tarda, e a sua

destruição não dorme.”(v. 2,3) Não se trata aqui de pessoas piedosas,

as quais “Adonay sabe livrar da tentação,” mas de injustos

reservados para o dia do juízo, “que andam em imundas paixões, e

menosprezam qualquer governo,”(v.9,10) e que são como “brutos

irracionais naturalmente feitos para presa e destruição,” (v. 12) que

abandonando o reto caminho se extraviaram pelo caminho de

Balaão, “os quais são como fontes sem água” (v.15-17).

Estas pessoas conheceram sim o caminho da justiça, e

temporariamente se apartaram das contaminações do mundo, mas

não passaram de porcas lavadas por fora, que voltaram par ao

lamaçal, porcos que voltam ao vômito. (v. 20-23) Nada há aqui que

nos permita falar de eleitos sendo perdidos. Dizer que não há

eleição incondicional porque falsos profetas sobre os quais a

sentença de destruição já foi anteriormente lavrada e porque com

eles se cumpre o provérbio que fala da porca lavada voltando ao

espojadouro da lama é uma contradição de termos, pois se tais

pessoas foram escolhidas com certeza não foi para a salvação, pois

são como bestas feitas para ser destruídas. Eis o exemplo do uso de

um texto que não honra a perspicácia de ninguém e que deveria ser

abandonado em favor de outros onde há mais coerência com as

Escrituras. Investiguei melhor esse texto porque é raro um estudo

sobre eleição entre adventistas que ele não seja citado. Mas os

teólogos adventistas precisam saber que ao lado dessa Ellen White

remonstrense que confunde falsos profetas antecipadamente

sentenciados para a destruição com eleitos para a vida eterna e

emprega esse equivoco para negar a eleição incondicional, existe

uma Ellen White arminiana e também para surpresa, uma Ellen

White calvinista, uma Ellen de três faces, as vezes de mais.

28 Ellen White, Testemunhos Para Ministros, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1968, pág. 134.

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28 CCaappííttuulloo II -- EElllleenn WWhhiittee ee ooss CCiinnccoo PPoonnttooss ddoo CCaallvviinniissmmoo

Elohim escolhe a Saulo inimigo de Yeshua: Outros textos

dela apresentam a eleição incondicional de forma tão clara como o

fizeram os calvinistas. Um exemplo disso é quando ela narra a

conversão de Saulo, o homem que odiava o nome de Yeshua acima

de qualquer coisa.

“Na maravilhosa conversão de Paulo, vemos o miraculoso poder de

Deus. ... Jesus, cujo nome ele aborrecia e desprezava acima de todos os

outros, revelou-Se a Paulo a fim de deter-lhe a louca, se bem que sincera

direção, de modo que pudesse tornar esse instrumento nada promissor em

um vaso escolhido para levar o evangelho aos gentios.”29

“”Depois da morte de Estêvão, Saulo foi eleito membro do conselho

do Sinédrio, em consideração à parte que desempenhara naquela ocasião.

Durante algum tempo foi um instrumento poderoso nas mãos de Satanás

para promover sua rebelião contra o Filho de Deus. Logo, porém, este

implacável perseguidor deveria ser empregado em edificar a igreja que

agora estava a derribar. Alguém, mais poderoso que Satanás, escolhera

Saulo para tomar o lugar do martirizado Estêvão, a fim de pregar e sofrer

pelo Seu nome e propagar extensamente as novas da salvação por meio de

Seu sangue.”30

Tente harmonizar estes dois textos com alguns dos textos

precedentes e você terá grandes dificuldades. É evidente que Saulo

havia sido escolhido de antemão. Isso não só não pode ser negado à

luz da Bíblia como é admitido pela autora. Também é claro que isso

não dependia do desejo de Shaul, que aborrecia a Yeshua e à Sua

Palavra e povo, mas somente do desejo de Elohim.

“Saulo foi levado diretamente à presença de Cristo. Foi uma pessoa

designada por Cristo para uma importantíssima obra, alguém que devia

ser "um vaso escolhido" (Atos 9:15), para Ele; no entanto o Senhor não lhe

disse imediatamente qual a obra para ele designada. Embargou-lhe o

caminho e convenceu-o do pecado...”31

“Quando os irmãos souberam da visão de Paulo, e o cuidado que Deus

teve com ele, sua ansiedade em seu favor aumentou; compreenderam que ele era

sem dúvida um vaso escolhido do Senhor para levar a verdade aos gentios.”32

29 Ellen White, Vidas que Falam, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1971, pág. 339. 30 Ellen White, Atos dos Apóstolos, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, pág. 102. 31 Idem, pág. 120. 32 Ellen White, História da Redenção, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, pág. 279.

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29 CCaappííttuulloo II -- EElllleenn WWhhiittee ee ooss CCiinnccoo PPoonnttooss ddoo CCaallvviinniissmmoo

Quem ousaria dizer que Shaul não fora escolhido muito antes

de seu nascimento para aquela obra e que mercê dessa escolha

incondicional que não consultara os gostos pervertidos de Shaul,

mas o desígnio divino de colocá-lo diante de uma obra muito mais

gloriosa do que a que ele e satanás imaginaram para si mesmo. Foi

ele mesmo quem disse: “Mas quando aprouve a Elohim, que desde o

ventre de minha mãe me chamou e me separou para a sua graça,

revelar seu Filho em mim, não consultei carne nem sangue.” (Gl 1:16).

Elohim nos escolheu na eternidade para sermos santos:

Contudo, as declarações de Ellen White acerca da eleição

incondicional não se restringem a Shaul de maneira alguma.

Ela admite que “se Deus nos escolheu desde a eternidade, é

para que fôssemos santos, tendo a consciência purificada de obras

mortas para servirmos ao Deus vivo,” 33 que “ o Senhor nos salvará

das corrupções do mundo porque Ele nos escolheu em Cristo antes da

fundação do mundo para que fossemos santos e sem mancha diante

dele em amor,”34 e que “desde a eternidade, Deus escolheu homens

para serem santos”35

Estas declarações são típicas do calvinismo clássico. Revelam

primeiro que Elohim não escolheu ninguém porque seria santo, mas

para que seja santo. Mostram que não venceremos as corrupções do

mundo para que nos tornemos escolhidos, mas que nossa vitória é o

resultado seguro da eleição acontecida desde a eternidade. Ainda

mais claros são os três textos relacionados a seguir.

“Deus escolheu homens para a santidade “Nossa santificação é o

objetivo de Deus em toda a Sua conduta conosco. Ele nos escolheu desde a

eternidade, para que sejamos santos.”36

“Cristo salva aqueles a quem Deus elege. ... Recebemos do Redentor

que nos elegeu desde a fundação do mundo a apólice de seguro que nos

concede direito à vida eterna.”37

33 Ellen White, Mensagens Escolhidas 1, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1967, pág. 200-201 (ano 1898) 34 Ellen White, (Signes of The Times 2 de Maio de 1892) 35 Ellen White, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, 1999, EE RReecceebbeerreeiiss PPooddeerr,, ppáágg.. 9966.. ((aannoo 11990022)).. 36 Ellen White, O cuidado de Deus, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, 1995, ppáágg.. 332200.. ((aannoo 11990044)).. 37 Ellen White, Comentário Bíblico Adventista 7A, Casa Editora Sudamericana, Buenos Ayres, 1994, pág. 955. (ano 1904)

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30 CCaappííttuulloo II -- EElllleenn WWhhiittee ee ooss CCiinnccoo PPoonnttooss ddoo CCaallvviinniissmmoo

“ Em todo o Seu trato com o Seu povo, o objetivo de Deus é a

santificação da igreja. Ele os escolheu desde a eternidade para que fossem

santos. Deu-lhes Seu Filho para morrer por eles, a fim de que pudessem ser

santificados pela obediência à verdade,...”38

Ora, o princípio básico da doutrina da eleição condicional

defendida pelos arminianos é que Elohim nos escolheu porque sabia

que seriamos santos mediante a ação consentida de sua graça em

nossa alma. Não negamos que Elohim sabia que a graça santificaria

aqueles que foram eleitos justamente para isso, para sejam santos,

mas sabemos que não é por causa da santidade prevista neles que

eles foram escolhidos, mas por causa de seu plano. Observe que os

textos mencionados falam de escolha para a santidade, não por

causa dela.

Foi Maschiach que nos escolheu e não nós a Ele: Ainda mais

enfática são as seguintes declarações onde a autora expõe a

doutrina da eleição incondicional de forma inconfundível ao dizer

que não fomos nós que escolhemos a Yeshua.

“Cremos em Jesus Cristo. Unimos nossa vida a Cristo. Ele diz: "Não

Me escolhestes vós a Mim, mas Eu vos escolhi a vós, e vos nomeei, para

que vades e deis fruto. ... Isto vos mando: que vos ameis uns aos outros".

João 15:16 e 17.”39

“Homens e mulheres de espírito nobre hão de ser ainda

acrescentados ao número dos de quem está escrito: "Não Me escolhestes

vós a Mim, mas Eu vos escolhi a vós, ... para que vades e deis fruto." João

15:16.”40

Portanto, qualquer adventista que creia na soberania e

liberdade da graça e que prefira utilizar Ellen White como fonte para

expor a sua convicção pode dizer: “Conheço os textos onde a autora

defende a eleição condiciona a previsão de fé e obediência, mas

prefiro aqueles em que ela se apresenta como uma mulher madura

e coloca a eleição em seu devido lugar, como ato soberano de Elohim.

38 Ellen White, Atos dos Apóstolos, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, pág. 559, (ano 1911). 39 Ellen White, Casa Publicadora Brasileira, PPaarraa CCoonnhheeccêê--lloo,, 117733,, ((aannoo 11889933)).. 40 Ellen White, TTeesstteemmuunnhhooss SSeelleettooss 33,, CCaassaa PPuubblliiccaaddoorraa BBrraassiilleeiirraa,, TTaattuuíí,, ppáágg.. 119999.. ((aannoo 11999988)).. 1998).

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31 CCaappííttuulloo II -- EElllleenn WWhhiittee ee ooss CCiinnccoo PPoonnttooss ddoo CCaallvviinniissmmoo

Uma evidência disso é quando ela diz: “Cristo pousa para ser

retratado em cada discípulo. A todos predestinou Deus para serem

"conformes à imagem de Seu Filho". Rom. 8:29.”41 Aqui fica evidente

que a predestinação de Elohim contempla somente a seus

discípulos. E se a predestinação é somente pelos seus, segue-se que

a expiação também o é como veremos a seguir.

41 Ellen White, Desejado de Todas as Nações, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, 1993, pág. 887722..

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32 CCaappííttuulloo II -- EElllleenn WWhhiittee ee ooss CCiinnccoo PPoonnttooss ddoo CCaallvviinniissmmoo

IV - Ellen White e a Expiação Limitada de

Yeshua

Um dos dilemas mais

cruciais do arminianismo

remonstrense, o sistema

religioso predominante entre os

cristãos protestantes da

atualdiade, é definir qual o

verdadeiro objetivo da morte de

Yeshua. Ora o principal alicerce

da confiança do crente de que

virá a se salvar deriva da

doutrina da morte de Yeshua

como garantia, substituto, e

pagamento da dívida do

homem diante da justiça do

Criador.

Logo a primeira pergunta

que todo o crente precisa fazer

com relação a expiação de

Yeshua é se ele morreu para

salvar as suas ovelhas ou para

tornar possível a salvação dos

bodes e das ovelhas? A resposta

a essa pergunta define se a sua

expiação é limitada como

afirmava o Sínodo de Dort ou é

universal como acreditam os

remonstrenses em geral e

adventistas em particular.

a primeira pergunta que todo

o crente precisa fazer com

relação a expiação de Yeshua

é se ele morreu para salvar as

suas ovelhas ou para tornar

possível a salvação dos bodes

e das ovelhas? A resposta a

essa pergunta define se a sua

expiação é limitada como

afirmava o Sínodo de Dort ou

é universal como acreditam os

remonstrenses em geral e

adventistas em particular.

Pygora Goat, Oregon Zoo, ArranET, http://www.flickr.com/photos/arran_edmonstone_photography/4995279544/

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33 CCaappííttuulloo II -- EElllleenn WWhhiittee ee ooss CCiinnccoo PPoonnttooss ddoo CCaallvviinniissmmoo

Antes de mergulhar de

novo na literatura adventista

deixem-me apresentar o

argumento de John Owen

(1616-1683), um dos mais

influentes pregadores puritanos

de toda a história. O pastor que

por sua eloquencia e profundo

conhecimento da graça chegou

a ser capelão de Oliver

Cromwell durante a curta

república inglesa escreveu um

livro publicado em 1648 que

lida especificamente com o

debate em torno da morte do

Maschiach.

A obra, A Morte da Morte

na Morte de Cristo, 42 é uma

resposta eficiente a proposta

remonstrense que seduziu o

mundo protestante com a ideia

de que a expiação de Yeshua é

universal, e de destina a todos

mas ainda assim não garante a

salvação de ninguém em

particular a menos que esse

alguém a aceite. Num

argumento poderoso ele

dispara:

“De fato, dizer que Cristo morreu por todos os homens é a

maneira mais rápida de provar que Ele não morreu por ninguém. Porque

se Ele morreu em lugar de todos, e, contudo, nem todos são salvos,

então Ele falhou em Seu propósito.”43

42 No Brasil a obra foi publicada pela PES – Publicações Evangélicas Selecionadas, uma livrara dedicada

à literatura reformada, só que saiu com o título Por quem Cristo Morreu? 43 John Owen, Por quem Cristo Morreu? Publicações Evangélicas Selecionadas, São Paulo, pág. 32.

“De fato, dizer que Cristo

morreu por todos os

homens é a maneira mais

rápida de provar que Ele

não morreu por ninguém.

Porque se Ele morreu em

lugar de todos, e,

contudo, nem todos são

salvos, então Ele falhou

em Seu propósito.” John Owen (1616-1683) em a

“Morte da Morte na Morte de

Cristo.”

John Owen, by John Greenhill (died 1676). Wikipedia Domínio Público. Pygora Goat, Oregon Zoo, ArranET, http://www.flickr.com/photos/arran_edmonstone_photography/4995279544/

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34 CCaappííttuulloo II -- EElllleenn WWhhiittee ee ooss CCiinnccoo PPoonnttooss ddoo CCaallvviinniissmmoo

Antes disso ele já havia dito:

“Não devemos descrever a salvação de nenhuma maneira

diferente daquela que a Bíblia a descreve. E a Bíblia não diz, em lugar

algum, que Cristo morreu "por todos os homens", ou por cada homem

em particular. Ela diz que Cristo deu Sua vida "em resgate de todos";

entretanto, isso não pode provar que signifique mais que "todas as Suas

ovelhas" ou "todos os Seus eleitos". Se estudarmos cuidadosamente

qualquer versículo que emprega a palavra "todos" e o examinarmos em

seu contexto, logo estaremos convencidos de que, em lugar algum, as

Escrituras dizem que Cristo morreu por todos os homens, sem exceção

de nenhum.”44

John Owen entedia apropriadamente que Yeshua não pode ter

redimido a todos a menos que todos sejam de fato salvos.

“Uma outra palavra que a Bíblia usa para descrever aquilo que Cristo

obteve mediante Sua morte, é a palavra reconciliação: "... inimigos ... vos

reconciliou." (Colossenses 1 :21). Reconciliação quer dizer restaurar as

relações de amizade entre duas partes que anteriormente eram inimigas. Na

salvação, da qual a Bíblia nos fala, Deus é reconciliado conosco e nós somos

reconciliados com Deus. Estas duas coisas têm que ser verdadeiras; a

reconciliação de uma parte e da outra são dois atos separados, mas ambos

são necessários para tornar uma reconciliação completa. É uma tolice sugerir

que Deus, por intermédio da morte de Cristo, agora está reconciliado com

todos os homens, mas que somente alguns homens estão reconciliados com

Ele. Espero que ninguém sugira que Deus e todos os homens estão

reconciliados desta maneira. Isso seria uma reconciliação capenga! Não há

verdadeira reconciliação a menos que ambas as partes estejam reconciliadas

uma com a outra. O efeito da morte de Cristo foi a reconciliação tanto de Deus

com os homens como os homens com Deus; "fomos reconciliados com Deus

pela morte de seu Filho" (Romanos 5: 10) e "nosso Senhor Jesus Cristo, pelo

qual agora alcançamos a reconciliação." (Romanos 5: 11). Ambas as

reconciliações são, também, mencionadas em II Coríntios 5: 19-20 - "Deus ...

reconciliando consigo", e "vos reconcilieis com Deus". Ora, como esta dupla

reconciliação pode ser "reconciliada" com a noção de que a morte de Cristo é

para todos os homens, eu não posso entender! Porque, se todos os homens

são, pela morte de Cristo, assim duplamente reconciliados, como pode

acontecer que a ira de Deus esteja sobre alguns? (João 3:36). Sem dúvida

alguma, Cristo somente pode ter morrido por aqueles que estão realmente

reconciliados.”45

44 John Owen, Por quem Cristo Morreu? Publicações Evangélicas Selecionadas, São Paulo, pág. 27. 45 John Owen, Por quem Cristo Morreu? Publicações Evangélicas Selecionadas, São Paulo, pág. 31

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35 CCaappííttuulloo II -- EElllleenn WWhhiittee ee ooss CCiinnccoo PPoonnttooss ddoo CCaallvviinniissmmoo

Outra grave implicação da doutrina da expiação universal dos

remonstrenses é a doutrina da propicioação. Uma Yeshua fez

propiciação pelos nossos pecados, ou seja, pagou a nossa dívida

deve ser certo que Adonay não pode mais cobrar essa dívida.

Contudo, no esquema remonstrense Elohim é apresentado

como se fosse um comerciante que cobra a mesma dívida duas

vezes. Primeiro ele a demanda do Fiador, que vai à loja e quita a

dívida do comprador inadimplente e depois que a dívida está paga

ele torna a cobrar mesma dívida de novo sob a alegação de que o

devedor tinha de ter se reconciliado com o Fiador primeiro. Ora, isso

não faz o menor sentido, ou Elohim cobra a dívida de Yeshua e

estamos livres da condenação ou cobra de nós. É evidente que o

Sínodo de Dort admite que o devedor se reconciliará com o Fiador,

porém ele se reconcilia justamente por que já está reconciliado

mediante a morte de Yeshua. Owen trabalha bem esse argumento.

“A satisfação requerida para pagar nosso pecado é a morte - "o

salário do pecado é a morte'(Romanos 6:23). As leis de Deus nos acusam,

expressando a justiça e a verdade de Deus. Perante elas estamos

convictos de que somos seus transgressores, merecendo, portanto,

morrer. A salvação só é possível se Cristo pagar nosso débito e, assim,

satisfazer a justiça de Deus. Sua morte é chamada de uma "oferta"

(Efésios 5:2) e de "propiciação" (l João 2:2). A palavra oferta significa um

sacrifício de expiação ou um sacrifício para fazer reparação devido o

pecado. Propiciação significa uma oferta para satisfazer a justiça

ofendida.

Dessa forma, podemos usar corretamente a palavra satisfação para

abranger todo o ensino bíblico quanto ao significado da morte de Cristo.

Ora, se Cristo pela Sua morte realmente fez uma satisfação por alguns,

então Deus precisa agora estar completamente satisfeito com eles. Deus

não pode requerer licitamente um segundo pagamento de qualquer

espécie. Então, como pode ser que Cristo tenha morrido por todos os

homens e ainda muitos vivam e morram como pecadores sob a

condenação da lei de Deus? Reconciliem essas coisas aqueles que

podem! Afirmo que somente os que estão realmente livres do débito

nesta vida podem ser aqueles pelos quais Cristo pagou a satisfação.”46

46 John Owen, Por quem Cristo Morreu? Publicações Evangélicas Selecionadas, São Paulo, pág. 31,32.

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36 CCaappííttuulloo II -- EElllleenn WWhhiittee ee ooss CCiinnccoo PPoonnttooss ddoo CCaallvviinniissmmoo

Os universalistas gostam muito de citar essa passagem:

“Porque o amor de Maschiach nos constrange, julgando nós assim:

que, se um morreu por todos, logo todos morreram?” (2 Coríntios

2:14) Mas ninguém precisa confundir-se quanto a isso, pois Shaul

está falando da kehilah e relembrando que o amor de Maschiach a

constrange a pensar que se Maschiach morreu por todos, todos

estão mortos para si mesmos. O “todos” mencionado aqui se

restringe à kehilah que deve viver “para aquele que por eles morreu

e ressuscitou.” (2 Coríntios 2:15).

Dito isso, estamos prontos para mergulhar profundamente na

doutrina da expiação de Maschiach pelos diversos caminhos

propostos por Ellen White, caminhos nem sempre convergentes,

mas ainda assim, por vezes fascinante. Não raro, um crente

adventista consegue encontrar joias do pensamento de Ellen sobre a

grandeza do amor pelo qual Elohim expiou as culpas de seu povo.

Faremos preceder cada declaração de um subtítulo para tornar mais

fácil a formulação do debate.

O Messias não morreu para que Elohim nos amasse: E essa

Kehilah pela qual Maschiach morreu que é amada, amada não em

virtude da expiação, mas amada antes dela. Aliás sobre isso há um

pensamento maravilhoso nos livros atribuídos à Sra. White.

“Não devemos abrigar a ideia de que Deus nos ama porque Cristo

morreu por nós, antes que ele nos amou de tal maneira que deu Seu Filho

Unigênito para que morresse por nós.”47

A expiação se completou no madeiro: Um outro fator quase

desconhecido pelos adventistas é que a Sra. White, se bem que

nunca tenha se retratado de sua posição de que a expiação ainda se

realizava no lugar santíssimo em seus dias, a partir do momento em

que enveredou por uma linha mais evangélica passou a falar muito

mais de uma expiação completa, consumada e passada do que de

uma hipotética expiação continuada. Estes fatos são muito evidentes

a partir dessas declarações.

47 Ellen White, Comentário Bíblico Adventista Del Séptimo Dia, Vol. 7ª Asociación Casa Editora Sudamericana, Buenos Ayres, 1994, pág., 470

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37 CCaappííttuulloo II -- EElllleenn WWhhiittee ee ooss CCiinnccoo PPoonnttooss ddoo CCaallvviinniissmmoo

“A vida está na viva e vital corrente de sangue, o qual foi dado pela

vida do mundo. Cristo efetuou uma expiação completa, dando Sua vida

como resgate por nós.”48

“Quando Ele Se ofereceu na cruz, foi feita uma expiação perfeita

pelos pecados das pessoas.”49

É verdade que Ellen White fez do tema da expiação no

santuário um cavalo de batalha muito grande, mas é a existência

destes textos que salvou a imagem da Igreja Adventista desgastada

pela manutenção de uma doutrina que anula virtualmente o poder

do madeiro, a de que a expiação ainda continua. Ela admite

entretanto que a expiação deveria ser feita na terra ao dizer que “o

Filho de Deus entrou no plano conhecendo todos os passos de Sua

humilhação, para que descesse a fazer uma expiação pelos pecados

de um mundo condenado, em sofrimento,”50 e que ele deixou “as

cortes celestiais e veio a este mundo para fazer uma expiação por

nós.”51

A expiação está sendo feita hoje diante do Pai: Apesar de

ter dito que “agora esse Salvador é nosso intercessor, fazendo

expiação por nós diante do Pai,”52 que ele está “fazendo por nós o

sacrifício da expiação,”53 que agora está “fazendo Sua intercessão

final,” e que “esta expiação é feita tanto pelos justos mortos como

pelos justos vivos.,”54

Não há como negar que isso são reminiscências de uma

pessoa cujas posições teológicas estavam num processo de

metamorfose em direção à ideia universalmente aceita de que a

obra da expiação se completou por ocasião da morte de Maschiach

e imediatamente depois quando ele entrou no lugar santíssimo.

Pode-se ver isso nessa declaração aparecida na Review de 24 de

setembro de 1901.

48 Ellen White, Exaltai-O, Casa Publicadora Brasileira, Tatui, 1992, pág. 346. 49 Idem, pág.320. 50 Ellen White, Para Conhecê-lo, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1965, pág. 68. 51 Ellen White, Olhando Para o Alto, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1983, pág. 147. 52 Ellen White, Cristo Triunfante, Casa Publicadora Brasileira, Tatui, 2002, pág. 287. 53 Ellen White, Fundamentos da Educação Cristã, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 370. 54 Ellen White, Primeiros Escritos, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1978, pág. 256.

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“Ele (Cristo) plantou a cruz entre o Céu e a terra, e quando o Pai

considerou o sacrifício de seu Filho, se inclinou em reconhecimento de sua

perfeição. “Basta – disse – a expiação está completa. “55

“Ele morreu morte vergonhosa, e fez pleno e completo sacrifício,

para que ninguém perecesse, mas todos viessem ao arrependimento. Fez

expiação para toda pessoa contrita e crente, de maneira que todos

pudessem nEle encontrar um portador de pecados.56

O Messias morreu por seu povo e expiou seus pecados: A

indefinição da Sra. White não se efetiva somente na questão de

quando e onde o Senhor fez a sua expiação, mas também acerca de

quem é beneficiado por ela, em outras palavras: por quem

Maschiach morreu. Ela fala de Maschiach fazendo expiação pelo

mundo, o que sugere todos os habitantes do mundo, mas também

fala de uma expiação pelo povo, o que sugere apenas os seus filhos,

e finalmente declara positivamente que essa expiação se limita aos

remidos, que são os pecados destes que ele leva.

“Reuni as mais vigorosas declarações afirmativas atinentes à

expiação que Cristo fez pelos pecados do mundo. Mostrai a necessidade

dessa expiação, e dizei aos homens e mulheres que se se arrependerem e

se tornarem leais à lei de Deus, podem ser salvos. Carta 65, 1905.”57

“Nosso grande Sumo Sacerdote completou a oferta sacrifical de Si

mesmo quando sofreu fora da porta. Foi feita então uma expiação perfeita

pelos pecados do povo. Jesus é nosso Advogado, nosso Sumo Sacerdote,

nosso Intercessor.”58

“Somente alguém que fosse perfeito poderia ser ao mesmo tempo o

portador e o perdoador do pecado. Se põe de pé diante da congregação

dos remidos como sua garantia oprimida pelo pecado e manchada pelo

pecado, mas os pecados que leva são os pecados deles.”59

É claro que esse debate exige que se explique a declaração de

Shaul de que Maschiac “se deu a si mesmo em preço de redenção por

todos, para servir de testemunho a seu tempo.” (2 Timóteo 2:6).

55 Ellen White, Comentário Bíblico Adventista Del Séptimo Dia, Vol. 7ª Asociación Casa Editora Sudamericana, Buenos Ayres, 1994, pág., 457. 56 Ellen White, Para Conhecê-lo, Casa Publicadroa Brasileira, Santo André, 1965, pág. 100. 57 Ellen White, Evangelismo, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, pág. 187. 58 Ellen White, Para Conhecê-lo, Casa Publicadroa Brasileira, Santo André, 1965, pág. 73. 59 Ellen White, Comentário Bíblico Adventista Del Séptimo Dia, Vol. 7ª Asociación Casa Editora Sudamericana, Buenos Ayres, 1994, pág., 459.

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39 CCaappííttuulloo II -- EElllleenn WWhhiittee ee ooss CCiinnccoo PPoonnttooss ddoo CCaallvviinniissmmoo

Ao contrário dos universalistas que vêem aqui a exposição de

uma redenção universal, os calvinistas explicam esse texto de duas

maneiras que conservam a redenção limitada: 1) A expiação de

Maschiach é suficiente para todos, mas eficiente somente para os

eleitos, e 2) tem o objetivo de redimir não só os judeus, mas a todos

os tipos de homens que há no mundo.

O Messias levou a culpa de todos, até de Caifás: Como já

vimos a Sra. White expõe esse tema de forma que as duas correntes,

a da expiação universal e a da expiação limitada podem se valer dela

ao mesmo tempo.

Mas atualmente entre os adventistas prevalece a impressão de

que “ninguém tem por que perder-se, todos foram redimidos,”60 e que

a “expiação de Cristo inclui a toda a família humana.”61 Se estes

textos se referem a todos e a cada um dos homens e não a todos os

homens eleitos, Maschiach “levou inclusive a culpa de Caifás, ainda

que conhecia a hipocrisia que havia em sua alma enquanto rasgava

seu manto em um alarde externo.”62

Ora, se é verdade que a dívida de Caifás foi cobrada de

Maschiach, deveria ser igualmente verdade que Caifás não deve

mais nada e que sua culpa foi cancelada. Neste caso ele foi

declarado justo e sem pecado e estará entre os salvos. Esta é

conclusão lógica dos unitarianos e universalistas: Maschiach morreu

por todos, logo todos viverão. Já o univeralismo hipotético admite

que Maschiach expiou os pecados de Caim e Caifás, os perdoou e os

declarou justos e sem pecado, e apesar disso os condenará no dia

da Sua vinda.

É essa forma de universalismo que a Sra. White expõe acima.

Naturalmente isso trará profundos desdobramentos quando ela tem

de definir se um crente deve ou não se considerar salvo. Neste tema

o pêndulo de seus escritos balançará entre o legalismo e a graça,

entre a certeza e desconfiança, entre a fé e a incredulidade.

60 Ellen White, Comentário Bíblico Adventista Del Séptimo Dia, Vol. 7ª Asociación Casa Editora Sudamericana, Buenos Ayres, 1994, pág., 385) 61 Ellen White, Comentário Bíblico Adventista Del Séptimo Dia, Vol. 7ª Asociación Casa Editora Sudamericana, Buenos Ayres, 1994, pág., 462. 62 Ellen White, Comentário Bíblico Adventista Del Séptimo Dia, Vol. 7ª Asociación Casa Editora Sudamericana, Buenos Ayres, 1994, pág., 224.

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40 CCaappííttuulloo II -- EElllleenn WWhhiittee ee ooss CCiinnccoo PPoonnttooss ddoo CCaallvviinniissmmoo

Ninguém pode dizer que está salvo: O que muitos ignoram

é que o universalismo hipotético tem enormes implicações. Se

“Cristo morreu por todos os homens,” e “resgatou todos os homens,

dando a vida na cruz.,”63 então não resulta difícil concluir que Ele

“deu Sua vida a fim de tornar possível que eles tenham a vida eterna.” 64 Sendo assim Maschiach não morreu para tornar a salvação um

fato, mas uma possibilidade, já que nem todos se salvam. Essa

posição conduz naturalmente à conclusão de que ninguém pode ter

certeza da salvação antes que a graça se perca na glória, e foi isso o

que a Sra. White declarou na última década do século XIX.

“Jamais devemos repousar num estado de satisfação, e deixar de

fazer progresso, dizendo: "Estou salvo." Se é entretida esta idéia, deixam de

existir os motivos para a vigilância, a oração, o esforço sincero em seguir

para a frente, rumo de realizações mais elevadas. Nenhuma língua

santificada será encontrada pronunciando essas palavras antes que venha

Cristo, e entremos pelas portas da cidade de Deus.” 65

É preciso ter certeza da salvação: Mas apesar de os

adventistas preferirem declarações como estas, os adventistas

evangélicos não estão sem amparo dentro da literatura

denominacional. Uma Ellen White mais madura e coerente com a

doutrina apostólica declara:

“Oh! que certeza esta de que o amor de Deus pode habitar no

coração de todos os que nEle crêem! Oh! que salvação é provida; pois Ele

pode salvar totalmente os que por Ele se chegam a Deus.”66

“Quando possuirmos certeza clara e evidente de nossa salvação,

manifestaremos a satisfação e alegria, próprias de todo seguidor de Jesus

Cristo.”67

Estes textos se harmonizam perfeitamente com a revelação de

Adon Yeshua que deixou claro que sua vida foi entregue em favor

de seu povo quando disse: “Este cálice é o novo testamento no meu

sangue, que é derramado por vós.” (Lc 22:20).

63 Idem, pág. 345. 64 Ellen White, A Ciência do Bom Viver, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, págs. 143 e 144. 65 Ellen White, Maranata, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1977, pág. 234. 66 Ellen White, Fundamentos da Educação Cristã, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, pág. 178. 67 Ellen White, Evangelismo, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, pág. 630.

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41 CCaappííttuulloo II -- EElllleenn WWhhiittee ee ooss CCiinnccoo PPoonnttooss ddoo CCaallvviinniissmmoo

Ele veio “para servir e dar a sua vida em resgate de muitos,” (Mc

10:45) e todos aqueles em favor dos quais morreu hão de ser salvos

seguramente. “Ele verá o fruto do trabalho da sua alma, e ficará

satisfeito; com o seu conhecimento o meu servo, o justo, justificará a

muitos; porque as iniqüidades deles levará sobre si. Por isso lhe darei

a parte de muitos, e com os poderosos repartirá ele o despojo;

porquanto derramou a sua alma na morte, e foi contado com os

transgressores; mas ele levou sobre si o pecado de muitos, e

intercedeu pelos transgressores.” (Is 53:11-12).

Yeshua prometeu salvar a muitos: A especificidade e

limitação da obra redentora foi ainda confirmada por ocasião da

ceia quando Maschiach disse: “Isto é o meu sangue, o sangue do

novo testamento, que por muitos é derramado.” (Marcos 14:24). Mas

embora muitos ignorem, o princípio da expiação limitada de

Maschiach é amplamente exposto na literatura denominacional

adventista. Assim, numa exposição calvinista a Sra. White afirma que

quando o homem caiu os anjos “ofereceram a vida deles,” mas que

Yeshua, “lhes disse que pela Sua morte salvaria a muitos.”68

Ligando sua morte destinada a salvar a muitos à obra da

intercessão ela diz que o Messias só agüentou a sua traição e

julgamento porque Deu lhe mostrou todos os resultados de sua

obra salvadora, e viu que valia à pena tomar sobre si o pecado dos

remidos. Trata-se de uma paráfrase de Yeshaiah/Is 53, capítulo da

Bíblia que prova que Maschiach não morreu por todos os homens

do mundo, mas por homens de todo o mundo.

“Viu o resultado do trabalho de sua alma e ficou satisfeito.

Teve uma visão da expansão da eternidade, e viu a felicidade dos que

receberiam perdão e vida eterna por meio de sua humilhação. Ferido

foi por seus pecados; foi golpeado pro suas iniqüidades. O castigo de

sua paz foi posto sobre ele, e por seus acoites eles foram sarados. Seu

ouvido captou o clamor dos remidos. Ouviu os redimidos enquanto

cantavam o cântico de Moises .”69

68 Ellen White, Primeiros Escritos, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, 1991, págs. 149 e 150.. 69 Ellen White, Comentário Bíblico Adventista Del Séptimo Dia, Vol. 7ª Asociación Casa Editora Sudamericana, Buenos Ayres, 1994, pág., 459.

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42 CCaappííttuulloo II -- EElllleenn WWhhiittee ee ooss CCiinnccoo PPoonnttooss ddoo CCaallvviinniissmmoo

O Maschiach guarda aqueles que comprou por seu sangue:

Finalmente ela admite que essa intercessão e proteção de

Maschiach é especifica em favor daqueles pelos quais Ele morreu.

“Se Ele (Cristo) deixa de sustentar-nos por um momento Satanás

está preparado para destruir-nos. Aos que foram comprados por Seu

sangue os guarda agora mediante sua intercessão.”70

Curiosamente os adventistas tão dispostos a sedimentarem

sua doutrina em base do que a Sra. White diz tendem a rejeitar

essas preposições o que torna de manifesto que seu problema não

jaz exclusivamente nos escritos da autora, mas na própria tendência

doutrinária que desejam esposar. Muito há em sua literatura para

que se inclinem para direita do arminianismo ou para a esquerda do

calvinismo, mas eles preferem a direita.

Dizem que a morte de Maschiach manifesta a intenção divina

de salvar a todos com a condição de que creiam, e gostam de citar

as palavras de Maschiach: “Porque Elohim amou o mundo de tal

maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele

crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (Yochana/Jo 3:16) Mas esse

texto mostra que a morte de Maschiach não tem o objetivo de salvar

os que não crêem nem de impedir a sua perdição. Portanto, há um

pecado que a entrega do Filho de Elohim não pode redimir, a

incredulidade. É por isso que sua intercessão deixou de fora o

mundo incrédulo. “Não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me

deste, porque são teus,” (Yochana/Jo 17:9) foram suas palavras. Se

aquele que “blasfemar contra o Espírito Santo, nunca obterá perdão,

mas será réu do eterno juízo,” (Marcos 3:28-29) é evidente que nem

todos os pecados foram expiados. É verdade que ao derramar seu

sangue pelas ovelhas o Senhor decidiu que seu Espírito continue a

operar nos bodes impedindo que eles desenvolvam toda a sua

maldade e destruam a seu povo, e que nesse sentido o sangue de

Maschiach também os santifica, isso é os torna mais dóceis, mas

apesar disso, eles considerarão de pouco valor o sangue do sacrifício

e finalmente o desprezarão.

70 Ellen White, Comentário Bíblico Adventista Del Séptimo Dia, Vol. 7ª Asociación Casa Editora Sudamericana, Buenos Ayres, 1994, pág., 300.

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43 CCaappííttuulloo II -- EElllleenn WWhhiittee ee ooss CCiinnccoo PPoonnttooss ddoo CCaallvviinniissmmoo

“De quanto maior castigo cuidais vós será julgado merecedor

aquele que pisar o Filho de Elohim, e tiver por profano o sangue da

aliança com que foi santificado, e fizer agravo ao Espírito da graça?”

(Hebreus 10:29)

Se o pecado contra o Espírito Santo não pode ser perdoado, e

se existem pessoas que pecam contra o Espírito Santo, é evidente

que Maschiach não expiou ou perdoou a todos os pecados de todos

os homens. Ninguém pode ser perdoado e condenado ao mesmo

tempo. Uma decisão exclui a outra. Assim, mesmo que não se

apercebam, quando os editores adventistas afirmam que Yeshua

“em seus sofrimentos e morte, fez expiação para todos os pecados de

ignorância; mas não foi preparado remédio para a cegueira

voluntária,”71estão manifestando, contraditoriamente que Maschiach

não pode ter morrido por Caim ou Caifás, homens que

voluntariamente decidiram permanecer em sua cegueira.

Mas a teologia arminiana, da qual o adventismo mais se

alimenta é cercada de dificuldades por todos os lados. Raras vezes

os arminianos se dão por conta que quando afirmam que Maschiach

morreu para tornar possível a salvação de todos os que crêem, estão

admitindo que Maschiach não morreu para tornar possível a

salvação dos incrédulos, e, portanto não morreu por todos

indistintamente, mas por todos os membros de um grupo, o dos

crentes. Ao afazer isso admitem que há uma categoria de pecadores

que foi deixada fora do pacto da graça, a dos incrédulos. Não se

trata de uma posição definida, mas não deixa de ter seu valor.

O Maschiach intercedeu somente pela kehilah (Igreja): Não

há dúvidas de que a Sra. White terminou esposando, a doutrina da

expiação limitada ainda que ambiguamente. Ela deixa claro que a

intercessão de Maschiach em Yochana/Jo 17 é exclusiva em favor da

kehilah. E que ele desejava tê-la consigo. Ellen admite ainda que

ninguém além daqueles que crêem no nome do Filho de Elohim lhe

foi dado pelo Pai, e que foi por estes que o Pai lhe deu que Ele

intercedeu.

71 Ellen White, Comentário Bíblico Adventista Del Séptimo Dia, Vol. 7ª Asociación Casa Editora Sudamericana, Buenos Ayres, 1994, pág., 262.

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“Oh!, como anelava Cristo ter a sua igreja consigo! Participaram

com ele em seu sofrimento e humilhação e o gozo máximo de Cristo é tê-

los consigo para que sejam participantes de Sua glória. Cristo demanda o

privilégio de ter a sua igreja consigo. “Aqueles que me deste quero que

onde estou, também eles estejam comigo.” Tê-los está de acordo com a

promessa do pacto e o contrato que fez com Seu Pai.”72

“ Nesta oração prossegue declarando o que está abarcado pela obra

que fez, e que lhe foram dados todos os que crêem em Seu nome.”73

Ela terminou assumindo a posição calvinista de que a morte de

Maschiach tem por objetivo único o resgate de seu povo, ou seja

dos eleitos quando fala de sua intercessão assim que termina sua

obra no Calvário.

“Faz retirar a hoste Angélica até que esteja na presença de Jeová, e

então apresenta seu pedido em favor de Seus eleitos.”74

“Jesus não quis receber a homenagem dos seus até que soube que

seu sacrifício havia sido aceito pode seu Pai, e até que recebeu segurança

de Deus mesmo de que sua expiação pelos pecados de Seu povo havia sido

ampla e completa, e que mediante seu sangue poderiam ganhar vida

eterna... Cristo suplicou de forma sumamente explícita por Sua igreja.”75

Maschiach salva aqueles que Elohim escolhe: A obra

redentora é exposta em linhas claras como se destinando a salvar

apenas e tão somente aqueles que foram escolhidos por Elohim.

“Cristo salva aqueles a quem Deus elege. ... Recebemos do Redentor

que nos elegeu desde a fundação do mundo a apólice de seguro que nos

concede direito à vida eterna.”76

É verdade que noutros escritos a Sra. White fala de uma

expiação universal nos moldes do arminianismo, mas não se pode

ignorar que quando ela descreve uma visão panorâmica do discurso

de Maschiach no juízo final ela admite que a expiação de Maschiach

foi especifica em favor de Seu povo.

72 Ellen White, Comentário Bíblico Adventista 7A, Casa Editora Sudamericana, Buenos Ayres, 1995, pág. 1122 (ano 1893). 73 Idem, pág. 1119. (ano 1899) 74 Idem, pág. 1120. (ano 1899) 75 Idem, pág. 1125. 76 Idem, pág. 955. (ano 1904).

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45 CCaappííttuulloo II -- EElllleenn WWhhiittee ee ooss CCiinnccoo PPoonnttooss ddoo CCaallvviinniissmmoo

“Ele olha para os remidos, renovados em Sua própria imagem,

trazendo cada coração a impressão perfeita do divino, refletindo cada rosto

a semelhança de seu Rei. Contempla neles o resultado das fadigas de Sua

alma, e fica satisfeito. Então, com voz que atinge as multidões congregadas

dos justos e ímpios, declara: "Eis a aquisição de Meu sangue! Por estes sofri,

por estes morri, a fim de que pudessem morar em Minha presença pelas

eras eternas."77

Mas se Maschiach morreu para salvar a seus eleitos, à sua

kehilah, os que foram dados pelo Pai, os que hão de crer em seu

nome, então para quem é enviada a graça e porque nem todos são

salvos. Este tema tem a ver com outro ponto polêmico, a graça de

Elohim pode ser resistida, ou é invencível como o declaram os

calvinistas.

Também aqui temos aporte farto na literatura adventista,

apesar desse material ser virtualmente desconhecido. Nosso

objetivo através da presente obra é eliminar essa falta de dados

dando a nossos irmãos adventistas bem como aos investigadores do

tema aporte suficiente para um debate amplo, aberto e bem

sustentado.

77 Ellen White, Grande Conflito, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, 1993, pág. 671.

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V - Ellen White e a Doutrina da Graça

Irresistível

A compreensão de que a

graça é soberana levou Shaul a

proclamar a doutrina da

predestinação segundo a qual

Elohim pera de maneira

irresistível sobre seus eleitos que

não podem nunca obstaculizar

sua obra ou impedir sues

propósitos sendo por isso

mesmo resgatados.

A figura mais apropriada

para descrever o método como

Elohim salva seus eleitos é a do

pastor que resgata sua ovelha

perdida no campo,

Isso foi claramente

ensinado por Yeshua em sua

monumental parábola da ovelha

perdida. Nela o pastor procura a

extraviada até encontrá-la e

quando a encontra não se limita

a chamá-la, mas vai até ela, a

toma em seus braços, coloca-a

sobre seus ombros, e

segurando-a firmemente retorna

alegremente com ela para a

segurança do redil enquanto

prepara a festa pelo achado.

A figura mais apropriada

para descrever o método

como Elohim salva seus

eleitos é a do pastor que

apanha sua ovelha perdida

no campo, a põe sobre seus

ombros e retorna com ela

para o redil segurando-a

firmemente em seus braços.

Le bon Pasteur, James Joseph Jacques Tissot (1836–1902, Wikipedia, Domínio

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47 CCaappííttuulloo II -- EElllleenn WWhhiittee ee ooss CCiinnccoo PPoonnttooss ddoo CCaallvviinniissmmoo

Infelizmente a força dos ensinos da parábola da ovelha

raramente é entendida pelo adventismo. De forma quase geral os

adventistas negam que Elohim exerça seu poder onipotente para

salvar o homem. Dizem que isso seria incompatível com a liberdade

de seu reino já que desta forma não estaria salvando agentes morais

livres, mas autômatos. Esta é também a posição predominante nos

escritos da Sra. White ou a ela atribuídos pelos seus editores.

O homem pode resistir à graça: Durante a maior parte de

sua vida Ellen White assumiu a posição arminiana de que a graça de

Elohim é dispensada a todos os homens para que creiam, que eles

podem resistir a esta graça e se perderem ou aceitá-la e serem

salvos. Isso ocorre por exemplo no texto a seguir:

“Poderá o pecador resistir a esse amor; poderá recusar-se a ser

atraído para Maschiach. Se, porém, não se opuser, será levado para Ele. O

conhecimento do plano da salvação levá-lo-á ao pé da cruz, arrependido

de seus pecados, que causarbam os sofrimentos do amado Filho de

Deus.”78

Confundindo predestinação bíblica com antinomismo:

Outro texto largamente empregado pelos adventistas arminianos é a

descrição que Ellen White faz de algumas posições extremadas do

calvinismo e que mereceram segundo ela a crítica de Wesley. Para

efeito de consideração esse texto é incluído aqui.

“O declínio espiritual ocorrido na Inglaterra precisamente antes do

tempo de Wesley, foi em grande parte o resultado do ensino antinômico.

Muitos afirmavam que Cristo abolira a lei moral, e que, portanto, os

cristãos não estão na obrigação de a observar; que o crente está livre da

"servidão das boas obras". Outros, admitindo embora a perpetuidade da

lei, declaravam não ser ela necessária aos ministros a fim de exortarem o

povo à obediência de seus preceitos, desde que aqueles a quem Deus

elegera para a salvação "seriam, pelo impulso irresistível da graça divina,

levados à prática da piedade e virtude", ao passo que os que estavam

destinados à condenação eterna "não tinham força para obedecer à lei

divina".79

78 Ellen White, Cuidado de Deus, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, 1995, pág. 110. 79 Ellen White, Grande Conflito, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, 1993, pág. 264,265.

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48 CCaappííttuulloo II -- EElllleenn WWhhiittee ee ooss CCiinnccoo PPoonnttooss ddoo CCaallvviinniissmmoo

Esse texto, embora seja usado com frequência não tem o peso

que os arminianos lhe querem dar. O texto em si, portanto, não é

um ataque nem mesmo à doutrina da graça irresistível, mas ao mau

uso dessa doutrina por parte de algumas pessoas. Contudo, é

preciso admitir que a doutrina dos decretos divinos é revista por

Ellen White de forma a dar sustentação aos ensinos de Wesley

contrários à doutrina da graça irresistível, pois ela diz:

“A doutrina dos decretos divinos, que inalteravelmente fixam o

caráter dos homens, havia conduzido muitos à rejeição virtual da lei de

Deus. Wesley perseverantemente se opôs aos erros dos ensinadores

antinomistas, demonstrando que esta doutrina que levava ao antinomismo

é contrária às Escrituras. "A graça de Deus se há manifestado, trazendo

salvação a todos os homens." "Isto é bom e agradável diante de Deus

nosso Salvador, que quer que todos os homens se salvem, e venham ao

conhecimento da verdade. Porque há um só Deus, e um só Mediador entre

Deus e os homens, Jesus Cristo homem, o qual Se deu a Si mesmo em

preço de redenção por todos." Tito 2:11; I Tim. 2:3-6. O Espírito de Deus é

concedido livremente, para habilitar todos os homens a apoderar-se dos

meios de salvação. Assim Cristo, "a verdadeira Luz", "ilumina a todo o

homem que vem ao mundo". João 1:9. Os homens não conseguem a

salvação, pela recusa voluntária da luz da vida.”80

Elohim revela sua glória aos eleitos: Amparados nesses

textos a maioria dos adventistas recusa a doutrina da graça

irresistível, o que eles não sabem é que, essa doutrina que faz parte

dos pilares do calvinismo é noutro lugar defendida efusivamente

pela Sra. White. Ela diz, por exemplo, que a glória de Elohim só é

revelada aos eleitos.

“Emanuel está entre Deus e o crente, revelando a glória de Deus a

Seus eleitos e cobrindo seus defeitos e transgressões com as vestes de sua

própria justiça imaculada.”81

“O Pai dedica Seu amor aos Seus eleitos que vivem entre os homens.

Eles são o povo que Cristo redimiu com o preço de seu próprio sangue, e

como correspondem a atração de Cristo mediante a soberana misericórdia

de Deus são eleitos para ser salvos como seus filhos obedientes.”82

80 Idem, pág. 262. 81 Ellen White, Comentário Bíblico Adventista Del Septimo Dia, Vol 7ª Casa Editora Sudamericana, pág. 11111155.. ((aannoo 11889977)) 82 Idem, Vol. 7ª pág. 11111144 ((aannoo 11889933))

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49 CCaappííttuulloo II -- EElllleenn WWhhiittee ee ooss CCiinnccoo PPoonnttooss ddoo CCaallvviinniissmmoo

O Maschiach usou de poder irresistível para converter os

corações: Pode-se afirmar que ao se aproximar do fim de seu

ministério o pensamento de Ellen White experimentou uma forte

inclinação pelas grandes verdades calvinistas. Em 1905, quando

contava com 77 anos de idade, a Sra. White escreveu:

“Havia ocasiões em que Cristo falava com uma autoridade que

fazia com que Suas palavras penetrassem com irresistível força, com um

senso avassalador da grandeza dAquele que falava, e os instrumentos

humanos recuavam até à insignificância em comparação com Aquele que

estava diante deles. ... Ao Ele convidar as pessoas para ouvir, sentiam-se

fascinadas, arrebatadas, e sobrevinha-lhes a convicção. Cada palavra

encontrava lugar, e os ouvintes criam e recebiam as palavras a que não

tinham poder de resistir.” (Manuscrito 118, 1905).”83

Shaul foi salvo por irresistível evidência: Impossível não

detectar o marcado contraste deste texto com outros de seus

primeiros escritos onde ela afirma que os homens têm poder para

resistir vitoriosamente ao Espírito Santo. Mais tarde, em 1911,

quando ela completou seus 82 anos, ela admitiu o ensino Paulino de

que a mudança de sua vida fora obra da graça irresistível.

“ Paulo declarava que sua mudança de fé não tinha sido gerada por

impulso ou fanatismo, mas fora resultado de irresistível evidência.”84

É claro que isso traz à lume uma questão séria. Se houve

momentos em que Maschiach fazia com que suas palavras

penetrassem o ouvido de seu auditório com irresistível força, e que

quando isso acontecia, os homens eram infalivelmente levados à

conversão, então porque Maschiach não fazia isso sempre? Esta

questão é respondida pelo próprio Salvador em sua oração

sacerdotal. “Assim como lhe deste poder sobre toda a carne, para que

dê a vida eterna a todos quantos lhe deste.” (Yochanan/Jo 17:2). O

Messias jamais desejou acrescentar uma única pessoa à lista

daqueles que o Pai lhe havia entregado. Ele agradeceu ao pai não só

pelo fato de que os pequeninos foram iluminados, mas também

porque os grandes foram deixados em trevas.

83 Ellen White, Filhos e Filhas de Deus, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1956, pág. 303, 84 Ellen White, Atos dos Apóstolos, Santo André, 1968, pág. 125.

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50 CCaappííttuulloo II -- EElllleenn WWhhiittee ee ooss CCiinnccoo PPoonnttooss ddoo CCaallvviinniissmmoo

“Naquele tempo, respondendo Yeshua, disse: Graças te dou, ó

Pai, Senhor do céu e da terra, que ocultaste estas coisas aos sábios e

entendidos, e as revelaste aos pequeninos” . (Matytyahu/Mt 11:25).

O espírito é concedido livremente a todos os homens: Duas

palavras são aqui empregadas, revelar; que é o mesmo que trazer à

luz, e ocultar; que é o mesmo que esconder ou manter em trevas.

Foi exatamente isso que o Salvador fez. Houve pessoas às quais Ele

mostrou a luz e houve outras às quais a luz foi ocultada. Diante

disso adventistas arminianos têm apelado para as palavras da Sra.

White que dizem que

“O Espírito de Deus é concedido livremente, para habilitar todos os

homens a apoderar-se dos meios de salvação. Assim Cristo, "a verdadeira

Luz", "ilumina a todo o homem que vem ao mundo". João 1:9. Os homens

não conseguem a salvação, pela recusa voluntária da luz da vida.”85

É claro que ao dizer que Maschiach é a luz que ilumina a todo

o homem que vem a este mundo, Yochana/Jo não se refere à

proclamação do evangelho, e pode nem estar se referindo ao

presente século, mas ao juízo, pois é sabido que o evangelho nem

chega a todos os homens indistintamente e que aqueles a quem é

pregado não conseguem vê-lo na mesma luz. Ninguém pode negar

que existem pessoas a quem Elohim ilumina e pessoas que são

conservadas em trevas. Este fato está explicito na oração de Yeshua.

“Naquele tempo, respondendo Yeshua, disse: Graças te dou, ó

Pai, Senhor do céu e da terra, que ocultaste estas coisas aos sábios e

entendidos, e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque assim te

aprouve. Todas as coisas me foram entregues por meu Pai, e

ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai,

senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar.”

(Matytyahu/Mt 11:25-27) Ninguém pode negar que existem pessoas

para as quais o evangelho permanece encoberto porque as tais

foram cegadas por Satan a fim de que não lhes resplandeça a luz da

glória do Messias.

85 Idem, pág. 262.

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51 CCaappííttuulloo II -- EElllleenn WWhhiittee ee ooss CCiinnccoo PPoonnttooss ddoo CCaallvviinniissmmoo

Isso é ensinado por Shaul. “ Mas, se ainda o nosso evangelho

está encoberto, para os que se perdem está encoberto. Nos quais o

Elohim deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que

lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Maschiach, que

é a imagem de Elohim.” (2 Coríntios 2:4-3).

Escravos perecem sem receber luz dos homens: Insistir em

que João esteja se referindo a iluminação da alma para a salvação é

o resultado de uma exegese fraca e defeituosa que desconsidera o

conjunto das Escrituras. Adventistas que acreditam na inspiração dos

escritos da Sra. White e em suas alegadas visões são por seus

próprios escritos levados a um ponto em que tem que aceitar uma

declaração em detrimento da outra. Se admitirem que é verdade

que Elohim ilumina a todos os homens dando-lhes igual

oportunidade de se apoderar da salvação, os exegetas adventistas

têm que negar a inspiração da declaraçãod a Sra. White quanto ao

destino dos afrodescendentes norte-americanos então guardados

sob o infame regime de escravidão. É que ela acreditava,

alegadamente com base numa revelação, que existem homens que

perecem em completa ignorância acerca de Elohim ou de Sua

Palavra, os quais não se salvarão, mas serão considerados

inexistentes.

“Vi que o senhor de escravos terá de responder pela salvação de

seus escravos a quem ele tem conservado em ignorância; e os pecados dos

escravos serão visitados sobre o senhor. Deus não pode levar para o Céu o

escravo que tem sido conservado em ignorância e degradação, nada

sabendo de Deus ou da Bíblia, nada temendo senão o açoite do seu senhor,

e conservando-se em posição mais baixa que a dos animais. ... Permite-lhe

ser como se nunca tivesse existido.”86

Se esta visão deve ser admitida como certa, então não há

como os adventistas negarem que existem homens que são

deixados fora do pacto da graça. Este é um texto chave no debate

sobre a predestinação entre os adventistas. Ele anula virtualmente a

tese de que Elohim dá as mesmas oportunidades a todos os

homens, que alguns ficam se essas oportunidades e perecem.

86 Ellen White, Primeiros Escritos, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1978, pág. 276.

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Bem ele fala de escravos morrendo sem oportunidade alguma

e tratados por Elohim como animais destituídos de razão, enquanto

os severos juízos são vertidos sobre seus senhores que desprezaram

as oportunidades. Insisto diante deste texto o pilar básico do

arminianismo adventista, que é de Elohim para ser justo tem de se

empenhar no sentido de que todos os homens sejam chamados e

tenham idênticas oportunidades é esmiuçado e desfeito em mil

pedaços. Claro que esse não é um problema bíblico, não são as

Escrituras que dizem que o gentio que não foi evangelizado

perecerá, mas Ellen White que afirma que Adonay faz por eles o

melhor que pode, sendo ele um Elohim justo e bom, nem os salva

por graça e nem os condena por justiça, apenas os considera como

inexistentes. Por um momento parece que a salvação depende

inteiramente dos instrumentos humanos, seja do pregador que

anuncia ou do ouvinte que corresponde. Mas bem, também nisso a

Sra. White não definiu exatamente o papel. Ela também fala dos

bons gentios que nunca ouviram mensagem e ainda se salvarão.

Pagãos salvos sem receber luz de instrumentos humanos:

Mas há outro problema o texto. Ele limita a ação da graça

exclusivamente àqueles a quem os instrumentos humanos levam o

conhecimento da salvação, posição posta de lado pela própria

autora em artigo publicado quarenta anos mais tarde quando disse:

“Há, entre os gentios, almas que servem a Deus ignorantemente, a

quem a luz nunca foi levada por instrumentos humanos; todavia não

perecerão. Conquanto ignorantes da lei escrita de Deus, ouviram Sua voz a

falar-lhes por meio da natureza, e fizeram aquilo que a lei requeria. Suas

obras testificam que o Espírito Santo lhes tocou o coração, e são

reconhecidos como filhos de Deus.”87

“Nas profundezas do paganismo os homens que não tiveram

conhecimento da lei escrita de Deus, que nunca ouviram o nome de Cristo,

têm sido bondosos com Seus servos, protegendo-os com o risco da própria

vida. Seus atos mostram a operação de um poder divino. O Espírito Santo

implantou a graça de Cristo no coração do selvagem, despertando nele a

simpatia contrária à sua natureza e à sua educação. ...”88

87 Ellen White, Desejado de Todas as Nações, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, pág. 638. 88 Ellen White, Minha Consagração Hoje, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1989, pág. 237.

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53 CCaappííttuulloo II -- EElllleenn WWhhiittee ee ooss CCiinnccoo PPoonnttooss ddoo CCaallvviinniissmmoo

Estes dois textos são paradoxais. Escravos ignorantes se

perdem porque a luz nunca lhes foi levada por instrumentos

humanos enquanto selvagens nas mesmas condições são salvos. É

evidente que o choque irreconciliável entre os dois textos só poderia

ser eliminado através da mesma doutrina que os adventistas

decidiram abominar a da eleição livre de Elohim.

Nenhum poder finito pode restringir a ação do Espírito:

Mas nenhuma declaração dos livros adventistas evidencia tão

claramente a natureza irresistível da graça como quando dizem que

o Espírito Santo atua como o vento sobre as árvores e que ninguém

pode impedir a sua obra.

“Conquanto não possamos ver o Espírito de Deus, sabemos que os

homens que estão mortos em ofensas e pecados ficam convencidos e

convertidos sob Sua atuação. O irrefletido e desgarrado torna-se sério. O

empedernido arrepende-se de seus pecados, e o incrédulo crê. O jogador, o

bêbado, o licencioso, tornam-se ajuizados, sóbrios e puros. O rebelde e

obstinado torna-se manso e semelhante a Cristo. Ao vermos essas

modificações no caráter, podemos ter a certeza de que o poder divino de

conversão transformou o homem todo. Não vimos o Espírito Santo, mas

vimos a evidência de Sua obra no caráter transformado dos que haviam

sido pecadores endurecidos e obstinados. Assim como o vento move com

sua força as árvores altaneiras e derruba-as, também o Espírito Santo pode

atuar nos corações humanos, e nenhum homem finito pode restringir a

obra de Deus.”89

Por vezes os adventistas estiveram a um passo de assumir a

posição da fé reformada de que o processo de criar vida onde havia

morte é semelhante ao poder empregado para ressuscitar os mortos

ou para restituir o movimento aos paralíticos.

“Nada menos que poder criador exigia o restituir à saúde aquele

decadente corpo. A mesma voz que comunicou vida ao homem criado do

pó da terra infundira vida ao paralítico moribundo. E o mesmo poder que

dera vida ao corpo renovara o coração. Aquele que, na criação, "falou, e

tudo se fez", que "mandou, e logo tudo apareceu" (Sal. 33:9), comunicara

vida à alma morta em ofensas e pecados.”90

89 Ellen White, Evangelismo, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1978, pág. 288. 90 Ellen White, A Ciência do Bom Viver, Casa Publicadora Brasileira, Santo ndré, pág. 77.

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54 CCaappííttuulloo II -- EElllleenn WWhhiittee ee ooss CCiinnccoo PPoonnttooss ddoo CCaallvviinniissmmoo

É o poder divino que traz vida à alma morta em pecados:

Sinceramente falando, não vejo dificuldade alguma para que os

adventistas abracem as chamadas doutrinas calvinistas entre as

quais se encontra a da graça irresistível, pois apesar das

discrepâncias vistas aqui ou ali, os adventistas verdadeiramente

evangélicos podem se servir de uma bateria inumerável de textos

amplamente favoráveis a estas verdades como o que menciono a

seguir:

“Não é o agente humano que inspira vida. O Senhor Deus de Israel

fará essa parte avivando a atividade na natureza espiritualmente morta. O

alento do Senhor dos Exércitos deve entrar nos corpos mortos. No juízo,

quando se descubram os segredos todos os segredos, se saberá que a voz

de Deus falou mediante o agente humano, despertou a consciência

letárgica, comoveu as faculdades mortas e impulsionou os pecadores ao

arrependimento. Então se verá claramente que, mediante o agente

humano se comunicou fé em Cristo à alma humana, e que desde o Céu foi

comunicada vida espiritual ao que estava morto em delitos e pecados e foi

vivificado com vida espiritual.”91

Toda a obra é do Senhor e em nada depende do homem. Lá

está Lázaro, já se passaram quatro dias desde a sua morte, ali na

tumba não há desejo nem poder que o faça levantar-se dos mortos,

mas um poder renovador se apoderou daquela massa de corrupção

e a fez voltar à vida outra vez. É exatamente isso o que acontece

com os homens, e é isso o que todo o crente adventista precisa

entender. “Estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou

juntamente com Maschiach (pela graça sois salvos.” (Efésios 2:5).

Amém.

91 Ellen White, Comentário Bíblico Adventista Vol. 7ª, Casa Editora Sudamericana, Buesnos Ayres, 1995, pág. 175.

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VI - Ellen White e a Doutrina da Perseverança

dos Santos

A doutrina da

perseverança dos santos é a

culminação lógica da doutrina

da predestinação que afirma que

todas as ovelhas de Elohim

entrarão seguramente no reposo

eterno sob a condução de

Yeshua, o Maschiach a quem

Aodnay ergueu como sumo

pastor de Israel.

Yeshua declarou: “As

minhas ovelhas ouvem a minha

voz e me seguem e eu dou-lhes

a vida eterna e jamais perecerão.

Meu Pai que mas deu é maior

que todos e da mão de meu pai

ninguém pode arrebatá-las.”

Yochanan/Jo 10:29-30. O que

Yeshua ensina não dá espaço

para a conclusão de que as

ovelhas podem perseverar pela

fé ou se desviar pela

incredulidade sendo arrebatadas

pelo lobo para se perderem

eternamente. Em tal caso, o

fracasso não seria delas, mas do

pastor que falhou em protegê-

las de todo mal.

O que Yeshua ensina não dá

espaço para a conclusão de

que as ovelhas podem

perseverar pela fé ou se

desviar pela incredulidade

sendo arrebatadas pelo

lobo para se perderem

eternamente. Em tal caso, o

fracasso não seria delas,

mas do pastor que falhou

em protegê-las de todo mal.

Pastor de ovelhas, USDA Agricultural , Stephen Ausmus Research Service, Domínio Pùblico, Wikipedia

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Se o homem está tão depravado que é incapaz de buscar a

Elohim (Romanos 3:11) se ele é escolhido de forma incondicional

(Yochanan/Jo 6:37; 15:16), se os benefícios da morte do Messias são

limitados apenas a seu povo (Yeshayahú/Is 53:11; Matytyahú/MT

1:21) e se o homem é levado ao Salvador por uma graça invencível

(Yochanan/Jo 6:44 Romanos 9:16) então é claro que os santos

devem perseverar até o fim. Estes fatos são confirmados por

inúmeras e irrefutáveis provas das Escrituras e conhecessem os

crentes à Bíblia e suas maravilhosas promessas jamais se

escandalizariam com a mais doce de todas as garantias da Bíblia, a

de que os crentes, estão, uma vez salvos, salvos para sempre.

A Prova da doutrina da perseverança dos santos: Ao lado

da verdade de que a salvação é somente por graça e que a

justificação e somente por fé, as Bíblia nos mostram que os santos,

uma vez salvos são eternamente salvos e perseveram até o fim, ou

antes são preservados pelo Salvador como o provam estes textos:

“Todo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de

maneira nenhuma o lançarei fora.” (Yochanan/Jo 6:37)

“As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas

me seguem; e dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e

ninguém as arrebatará da minha mão. Meu Pai, que mas deu, é maior

do que todos; e ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai.”

(Yochanan/Jo 10:27-29)

“ Estando eu com eles no mundo, guardava-os em teu nome.

Tenho guardado aqueles que tu me deste, e nenhum deles se perdeu,

senão o filho da perdição, para que a Escritura se cumprisse.”

(Yochanan/Jo 17:12)

“ Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os

anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o

porvir, nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura

nos poderá separar do amor de Elohim, que está em Yeshua

Maschiach nosso Senhor.” (Romanos:8:38-39)

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57 CCaappííttuulloo II -- EElllleenn WWhhiittee ee ooss CCiinnccoo PPoonnttooss ddoo CCaallvviinniissmmoo

“ Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou

a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Yeshua Maschiach.”

(Filipenses 1:6)

“E o SENHOR me livrará de toda a má obra, e guardar-me-á

para o seu reino celestial; a quem seja glória para todo o sempre.

Amém.” (1 Timóteo 4:18)

“Estes combaterão contra o Cordeiro, e o Cordeiro os vencerá,

porque é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis; vencerão os que estão

com ele, chamados, e eleitos, e fiéis.” (Apocalipse 17:14)

Nenhum homem se guarda a si mesmo: O grande pregador

metodista Charles Finney, reputado como o mais famoso e bem

sucedido herdeiro de João Wesley, apesar de arminiano convicto diz:

“Nenhum santo então guarda-se a si mesmo, exceto por ser

guardado pela graça, pelo Espírito Santo e pelo poder de Deus. Não há,

portanto, nenhuma esperança para qualquer santo e nenhuma razão para

fazer cálculos sobre a salvação de qualquer pessoa, a menos que Deus

evite que essa pessoa caia ou pereça. Todos aqueles que foram salvos

ainda o serão, são, por este motivo, salvos por meio e através da graça que

é dada gratuitamente, e que prevalece acima do livre-arbítrio, isto é

através da graça que é dada gratuitamente e assegura a conformidade do

livre-arbítrio. ... Os eleitos são, ou serão, cada um deles convertidos e

salvos.”92

A sra. White que parece ter nutrido uma admiração por esse

professor metodista do Oberlin Colegge, 93 infelizmente não se

deixou influenciar pelo conjunto de seu pensamento como prova

essa declaração, mas ignorando a própria Bíblia ela diz: “Na Palavra

de Deus não há essa coisa de eleição incondicional - uma vez na

graça, sempre na graça.... Aqueles que mantêm a doutrina da eleição,

uma vez salvo, salvo para sempre, estão contra o claro: " Assim diz o

Senhor."”94

92 Charles Finney, Teologia Sistemática, Casa Publicadora das Assembléias de Deus, Rio de Janeiro, 2001, pág. 669, 670. 93 Veja Conflito dos Séculos, pág. 377. 94 Ellen White, A fé Pela Qual Vivo, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1959, pág. 157.

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58 CCaappííttuulloo II -- EElllleenn WWhhiittee ee ooss CCiinnccoo PPoonnttooss ddoo CCaallvviinniissmmoo

Se Maschiach é meu Salvador tenho vida para sempre:

Apesar dessa declaração infeliz seria injusto não registrar sua

afirmação de que “se Cristo é meu Salvador, meu sacrifício, minha

expiação, então jamais perecerei, crendo nEle, tenho vida para

sempre. ”95 Contudo isso demanda uma pergunta: O que levou a

mulher que escreveu que o Messias ensinou que “todo aquele que O

recebesse com fé, ... havia de ter a vida eterna,” e que “nenhum se

podia perder,” a contradizer esse mesmo postulado e declarar que o

pecador não “ não deve nunca atrever-se a dizer: "Estou salvo?"96 A

meu ver a causa principal dessa indefinição teológica foi a crença

num juízo investigativo capaz de expedir um decreto condenatório

contra os mesmos que foram justificados e salvos e receberam vida

para sempre.

Essa doutrina, mantida pelos adventistas desde o começo de

sua existência atua como uma barreira à compreensão do evangelho

e deveria ser reordenada pela sua própria inconsistência já que o

próprio Yeshua declarou: “Na verdade, na verdade vos digo que

quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida

eterna, e não entrará em condenação, mas passou da morte para a

vida.” (Yochanan/Jo 5:24)

Aqui está a raiz da questão. O tribunal de Maschiach se destina

a justificar os eleitos e não a condená-los. “E Elohim não fará justiça

aos seus escolhidos, que clamam a ele de dia e de noite, ainda que

tardio para com ele? (Lucas 18:7)

É verdade que “todos devemos comparecer ante o tribunal de

Maschiach, para que cada um receba segundo o que tiver feito por

meio do corpo, ou bem, ou mal,” (2 Coríntios 5:10) mas isso não

significa que algum dos eleitos de Elohim possa perder mais do que

uma parte de seu galardão em virtude do que fez ou deixou de

fazer. A justificação e conseqüentemente a salvação não estão em

jogo. Os eleitos são defendidos pelo Salvador e justificados pelo

próprio Elohim.

95 Ellen White, Mensagens Escolhidas Vol. 2, Casa Publicadora Brasileira, pág. 381. 96 Ellen White, Mensagens Escolhidas, Vol. 1, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1967, pág.

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59 CCaappííttuulloo II -- EElllleenn WWhhiittee ee ooss CCiinnccoo PPoonnttooss ddoo CCaallvviinniissmmoo

“Quem intentará acusação contra os escolhidos de Elohim? É

Elohim quem os justifica. Quem é que condena? Pois é Maschiach

quem morreu, ou antes quem ressuscitou dentre os mortos, o qual

está à direita de Elohim, e também intercede por nós.” (Romanos

8:33-34).

O homem precisa cumprir condições antes de se tornar um

eleito: Contudo, ignorando muitas vezes que a eleição ocorreu

antes da fundação do mundo, a Sra. White diz que nesse tempo

“foram tomadas medidas, no concílio do Céu, para que os homens,

embora transgressores, não houvessem de perecer em sua

desobediência, mas, mediante a fé em Cristo como seu substituto e

fiador, se pudessem tornar eleitos de Deus”97 Se Elohim em vez de

escolher seu povo, apenas tomou providências para que os homens

se tornassem seus filhos, então há algo que o homem precisa fazer

antes de se tornar eleito? Sim, era isso o que a Sra. White pensava a

maior parte do tempo, tanto que escreveu:

“Certas condições precisam ser aceitas por parte do homem, e se ele

recusar aceitá-las, não poderá tornar-se o eleito de Deus.”98

Nossa obediência inscreve nossos nomes no livro da vida

do cordeiro: Dominada por esse raciocínio a Sra. White foi incapaz

de compreender que o nome dos santos foi escrito no livro da vida

antes da fundação do mundo, apesar de as Escrituras tornarem isso

muito claro: “A besta que viste foi e já não é, e há de subir do abismo,

e irá à perdição; e os que habitam na terra (cujos nomes não estão

escritos no livro da vida, desde a fundação do mundo) se admirarão,

vendo a besta que era e já não é, mas que virá.” (Apocalipse 17:8).

Parece certo que ela jamais admitiu que isso fosse apenas um

ato da graça soberana de Elohim. Havia sempre algo de graça infusa

envolvida em sua visão sobre o tema. Ela fala que precisamos

purificar a nossa alma de toda a injustiça antes que isso aconteça e

que é a obediência às ordens de Maschiach que inscreverá nossos

nomes no livro da vida do cordeiro. 97 Ellen White, Nossa Alta Vocação, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1962, pág. 76. 98 Ellen White, Mensagens escolhidas Vol. 3, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, pág. 315.

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60 CCaappííttuulloo II -- EElllleenn WWhhiittee ee ooss CCiinnccoo PPoonnttooss ddoo CCaallvviinniissmmoo

“Devemos estar com Ele nessa obra, purificando o santuário de

nossa alma de toda a injustiça, para que os nossos nomes sejam escritos no

livro da vida do Cordeiro.”99

“A obediência às ordens de Deus inscreverá nossos nomes no livro

da vida do Cordeiro, "porque nos temos tornado participantes de Cristo".

Heb. 3:14. Manuscrito 28, 1899.”100

Mas o homem precisa purificar o santuário da alma e viver em

obediência aos mandamentos antes que seu nome seja escrito no

livro da vida do Cordeiro, então a permanência de seu nome nos

livros de registros divinos é algo inteiramente condicional.

Ela não somente ensinava que nosso nome só é colocado no

livro da vida quando “nos tornamos filhos de Deus” como também

dizia que esse nome “ali permanece até ao tempo do juízo

investigativo,” e que havendo pecados dos quais não houve

arrependimento “nosso nome será apagado do livro da vida, e nossos

pecados permanecerão contra nós.”

“Quando nos tornamos filhos de Deus, nosso nome é inscrito no

livro de vida do Cordeiro, e ali permanece até ao tempo do juízo

investigativo. Então se fará chamada do nome de cada indivíduo e será

examinado o seu registro. ... Se naquele dia se verificar que não houve

arrependimento completo de todas as nossas más ações, nosso nome será

apagado do livro da vida, e nossos pecados permanecerão contra nós. SDA

Bible Commentary, vol. 7, pág. 987.”101

Impeçam que seu nome seja riscado do livro da vida: A

ideia de um Mediador capaz de abandonar os seus filhos no meio

do caminho e riscar seu nome do livro da vida, a qualquer momento

no julgamento se certas condições não fossem cumpridas foi

sempre empregada pela Sra. White e os editores de suas obras

como instrumento de estímulo à piedade cristã. Era o momento em

que o medo passava a ser coadjuvante da piedade. Ainda em 1911,

aos 82 anos de idade ela mantinha essa posição.

99 Ellen White, Exaltai-O, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, 1992, pág. 217. 100 Ellen White, Este Dia com Deus, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, 1980, pág. 85. 101 Ellen White, Maravilhosa Graça, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1974, pág. 109.

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“Suplico-vos, em nome de Cristo, que confesseis vossos pecados e

reformeis vossos caminhos, a fim de que vosso nome não seja riscado do

livro da vida, mas seja confessado diante do Pai e de Seus anjos.”102

Nada há aqui sobre a perseverança do Salvador. Tudo

depende do homem. Para que seu nome permaneça nos livros do

céu ele deve suar a camiseta, lutar e batalhar, caso contrário seu

nome é riscado.

“Todos quantos haverão de ter por fim os nomes escritos no livro da

vida do Cordeiro, lutarão varonilmente as batalhas do Senhor. 103

Se vosso nome está no livro da vida tudo estará bem: Os

editores adventistas e a Sra. White bem que se esforçam por tornar

a sua visão do juízo mais consoladora para os crentes como pode se

ver nas duas declarações que se seguem:

“Se vosso nome se acha registrado no livro da vida, do Cordeiro,

então tudo está bem convosco. Estejais prontos e ansiosos para confessar

vossas faltas e abandoná-las, a fim de que vossos erros e pecados possam

ir antecipadamente a juízo, e ser apagados.”104

“"Naquele tempo, Se levantará Miguel, o grande Príncipe, que Se

levanta pelos filhos do teu povo, e haverá um tempo de angústia, qual

nunca houve, desde que houve nação até àquele tempo; mas, naquele

tempo, livrar-se-á o teu povo, todo aquele que se achar escrito no livro."

Dan. 12:1. Por aí vemos a importância de ter nosso nome inscrito no livro

da vida. Todos aqueles cujo nome ali se achar registrado, serão livrados do

poder de Satanás, e Cristo ordenará que suas vestes de trapos de imundícia

sejam removidas, e sejam revestidos de Sua justiça. "E eles serão Meus, diz

o Senhor dos Exércitos, naquele dia que farei, serão para Mim particular

tesouro; poupá-los-ei como um homem poupa a seu filho que o serve."

Mal. 3:17.”105

A purificação do santuário já se completou: Procurando

uma harmonia com esta declaração parece que a Sra. White ou

algum de seus redatores, atando em seu nome decidiu em 1905 que

era hora de varrer para trás do tapete a visão sobre a expiação.

102 Ellen White, Refletindo a Cristo, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1982, pág. 49. 103 Ellen White, Minha Consagração Hoje, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1989, pág. 321. 104 Ellen White, Mente, Caráter e Personalidade, vol. 2, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, pág. 523. 105 Ellen White, Nos Lugares Celestiais, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1968, pág. 344.

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A doutrina adventista de que Maschiach entrou no santíssimo

do santuário do céu apenas no dia 22 de outubro de 1844 é uma

das doutrinas mais confusas,controversas e fantasiosas da história

do cristianismo. Assim, em 1905, por primeira vez alguém da mais

alta cúpula admitia por primeira vez que Maschiach não efetuou

purificação nenhuma do santuário no longínquo ano de 1844 mas

exatamente quando ascendeu ao céu, e ainda antes de retornar aos

discípulos.

Se o texto foi simplesmente adaptado ou mesmo plagiado de

autores não adventista, um recurso comum duarante todo o período

da farta produção literária de Ellen White isso não vem ao caso, e se

constitui num dos maiores desafios à ortodoxia adventista. Que o

santuário tenha recebido Yeshua antes mesmo dele retornar à terra,

e exatamente a seguir a sua ressurreição e a fé comum de toda a

igreja cristã, uma fé considerada insuficiente e veja. Mas era

exatamente isso que Ellen White diria, ou alguém em seu nome. Não

há dúvidas de que era isso que queriam dizer, pois lembram que

essa purificação do santuário se deu antes dele retornar para

abençoar a seu povo.

“ Mantendo ainda a humanidade Cristo subiu ao céu, triunfante e

vitorioso. Levou o sangue da expiação para o santíssimo, aspergiu-o sobre

o propiciatório e sobre os seus próprios vestidos, e abençoou o povo.”106

Este texto deveria ter provocado uma verdadeira revolução

teológica dentro da Igreja Adventista. Doutrinas peculiares mantidas

à muito e contrárias ao testemunho das Escrituras deveriam ter sido

renunciadas, mas isso exigia coragem por parte dos dirigentes.

Coragem para mudar, para admitir que essas mudanças eram

necessárias justamente num ponto que havia sido elevado à

condição de pilar inamovível. Como admitir publicamente que

Elohim não os guiara de maneira tão direta como até então

afirmavam? Mas era tarde! Passados 60 anos de ministério a Sra.

White estava demasiado envelhecida para encetar uma reforma e os

dirigentes demasiado acomodados para se arriscar.

106 Ellen White, Signes of The Times, 15 de Abril de 1905.

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Mas a revolução que deveria acontecer com a publicação

desse texto tarda em vir. E porque? Por que a liderança adventista

está muito mais ocupada em fazer o navio de sua organização

avançar a todo o vapor do que em examinar o combustível que

sustenta esse avanço. Dessa forma uma doutrina peculiar permanece

como uma pedra no meio do caminho impedindo o avanço do povo

em direção à verdade de que Elohim jamais gastaria tempo em

escrever o nome de alguém no livro da vida do Cordeiro antes da

fundação do mundo para depois se dar ao luxo de apagar o que ele

mesmo fez.

Quem tem o nome escrito no livro da vida: Indispostos a

ceder num ponto a que os pioneiros decidiram consagrar como

inamovível, a liderança adventista prefere ignorar que a Sra. White

mesma voltou atrás na posição clássica quanto à expiação de

Maschiach no santuário e à sua purificação desvinculando-a dos

supostos 2300 dias anos e deu essa obra por encerrada após a

ressurreição. Apesar disso o adventismo ainda hoje mantém a

posição clássica de que o nome dos crentes pode ser riscado do

livro da vida e que efetivamente isso acontecerá no caso daqueles

que serão enganados por Satanás. Essa inflexibilidade coloca os

dirigentes adventistas diante de um dilema difícil de responder:

Quem afinal tem o seu nome escrito no livro da vida do Cordeiro,

quando ele é escrito ?

Em resposta a isso os escritos atribuídos à Sra. White, ainda

hoje publicados como oráculo divino sem que ao menos tenham

sido revisados e submetidos à prova escriturística simplesmente

deixam o leitor mais confuso do que qualquer coisa.

Numa posição próxima à do calvinismo tradicional ou do

arminianismo evangélico de Charles Finney a Sra. White declara que

pessoas que queriam “realizar alguma grande obra, para que fossem

admirados e lisonjeados pelos homens, mas seus nomes não foram

inscritos no livro da vida, do Cordeiro.”107

107 Ellen White, Fé Pela Qual Vivo, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1959, pág. 370.

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É uma pena que essa declaração não é única e que Ellen

declare que “o livro da vida contém os nomes de todos os que já

entraram ao serviço de Deus.”108

Os editores adventistas nem sequer se dão ao trabalho de

revisar estas posições contraditórias e decidir qual delas será

tornada pública. Estão cientes de o povo não se aperceberá dessas

contradições e continuará a encher de dinheiro as burras das

editoras que se espalham ao redor do mundo.

Não seria mais sensato simplesmente dizer; nos equivocamos,

o nome dos infiéis não será riscado do livro da vida porque afinal

nunca estiveram lá do que induzir o povo ao erro de pensar que um

ímpio tem seu nome escrito no livro da vida simplesmente porque

entrou na kehilah ou que mesmo o nome de um santo pode ser

riscado por causa de seus pecados?

Outro grande dilema para os teólogos adventistas é explicar a

“importância de ter nosso nome inscrito no livro da vida,” porque

todos “aqueles cujo nome ali se achar registrado, serão livrados do

poder de Satanás,”109 se ao mesmo tempo sugerir que “Satanás se

alegra quando pode induzir as pessoas a seguir idéias errôneas, até

que seus nomes são riscados do livro da vida e inscritos entre os

nomes dos injustos.”110

Tais declarações revelam para o adventista sincero e criterioso

aquilo que já é evidente para o mundo evangélico em geral, ou seja,

que os livros editados em nome da Sra. White não refletem a luz

pretendida, mas que pelo contrário são ao mesmo tempo fontes de

águas doces como o mel e amargas como o fel. Não seria mais

sensato dizer que o diabo não tem poder para levar Elohim a riscar o

nome de um salvo do livro da vida simplesmente porque todos os

que são escritos são eleitos de Elohim? Este tema é tão importante e

suas implicações tão tremendas que dedicaremos um apêndice

apenas para tratar do mesmo.

108 Ellen White, Patriarcas e Profetas, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, pág. 326. 109 Ellen White, Nos Lugares Celestiais, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1968, pág. 344. 110 Ellen White, Este Dia com Deus, Santo André, 1980, pág. 320.

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Antes, porém lembramos que a literatura adventista ainda

possuí alguns textos que são uma jóia preciosa nas mãos daqueles

que entendem o evangelho. Gostaríamos que aqueles que se

identificam com o adventismo evangélico conhecesse o melhor que

já foi publicado em nome da Sra. White, assim eles podem se

defender diante daquilo que é improcedente e que em parte já foi

citado aqui.

A literatura adventista e a perseverança dos santos: Não se

pode ignorar que há alguns bons evangélicos entre os adventistas e

que eles têm sabido usar o melhor que há em seus livros. Mas é

preciso ter olhos de lince e muita unção do Espírito par fazer isso,

caso contrário o gozo da salvação é ofuscado por conselhos como

esse: “nunca se deve ensinar aos que aceitam o Salvador, conquanto

sincera sua conversão, que digam ou sintam que estão salvos,”

porque “isto é enganoso.”111

Utilizando estes olhos de lince selecionei algumas notas em

defesa da doutrina da perseverança do crente que parecem jamais

ter sido escritas pela mulher que dedicou a maior parte de sua vida

a promover a doutrina de um juízo investigativo do qual pode

resultar exclusão do nome de um salvo do livro da vida. Estas notas

brilham como joias preciosas em meio à conclusões aterrorizadoras

e atentatórias à glória do evangelho. Tomara que cada adventista se

utilize dessas notas para ir à sua Bíblia e construir a partir daí uma

soteriologia livre de conceito humanos certamente não inspirada e

de valor apologético duvidoso.

O pecador pode dizer: Elohim me salvará agora:

“Pode dizer o pecador, a perecer: "Sou um pecador perdido; mas

Cristo veio buscar e salvar o que se havia perdido. Diz Ele: 'Eu não vim

chamar os justos, mas sim os pecadores.' Mar. 2:17. Sou pecador, e Ele

morreu na cruz do Calvário para me salvar. Nem um momento mais

preciso ficar sem me salvar. Ele morreu e ressurgiu para minha justificação,

e me salvará agora. Aceito o perdão que prometeu."112

111 Ellen White, Maranata o Senhor Vem, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1977, pág. 234. 112 Ellen White, A Fé Pela Qual Vivo, Casa Publicadora Brasileira, Santo André. 1959, pág. 112.

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A justificação é um perdão absoluto:

“A justificação é pleno e completo perdão do pecado. No momento

em que o pecador aceita a Cristo pela fé é perdoado. A justiça de Cristo lhe

é atribuída, e não mais deve duvidar da graça perdoadora de Deus.”113

Maschiach nunca abandonará aquele por quem morreu:

“Quando assaltados pelo inimigo, quando opressos pela tentação,

cumpre-nos apoiar em Deus a nossa fé; pois temos o penhor de Sua

palavra de que nunca seremos deixados a batalhar sozinhos. Toda pessoa

cujos pecados foram perdoados, é preciosa aos Seus olhos - mais preciosa

do que o mundo inteiro. Foi comprada a infinito custo, e Cristo nunca

abandonará a pessoa por quem Ele morreu. The Youth's Instructor, 13 de

dezembro de 1894.”114

Nenhum dos que recebem a Maschiach pode se perder:

“Novamente apelou Cristo para aqueles corações obstinados. "O que vem a

Mim de maneira nenhuma o lançarei fora." Todo aquele que O recebesse com fé,

disse Ele, havia de ter a vida eterna. Nenhum se podia perder. Não havia

necessidade de os fariseus e os saduceus discutirem quanto à vida futura. Não

mais precisariam os homens prantear, em desesperado desgosto, a morte dos

queridos. "E a vontade dAquele que Me enviou é esta: que todo aquele que vê o

Filho, e crê nEle, tenha a vida eterna; e Eu o ressuscitarei no último dia."115

Mesmo quando vencidos pelo inimigo não somos

abandonados:

“Cristo jamais abandonará a alma por quem morreu. A alma

poderá deixá-Lo, e ser vencida pela tentação; Cristo, porém, não pode

nunca Se desviar daquele por quem pagou o resgate com a própria vida.

Fosse nossa visão espiritual vivificada, e veríamos almas vergadas sob a

opressão e carregadas de desgosto, oprimidas como o carro sob os molhos,

e prestes a morrer em desalento. Veríamos anjos voando rapidamente em

auxílio desses tentados, os quais se encontram como às margens de um

precipício.”116

113 Ellen White, A Fé Pela Qual Vivo, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1959, pág. 107. 114 Ellen White, Casa Publicadora Brasileira, A Fé Pela Qual Vivo, Santo André, 1959, pág. 57. 115 Ellen White, Desejado de Todas as Nações, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, 1993, pág. 387. 116 Ellen White, Minha Consagração Hoje, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1953, pág. 94.

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O mesmo Elohim que começa a obra a termina:

“Nem sequer podemos produzir fé por nós mesmos. "É dom de

Deus." Toda a nossa salvação advém do dom de nosso Senhor e Salvador

Jesus Cristo. Como me sinto contente! Ela provém de tal fonte que não

podemos ter dúvidas a seu respeito. E Ele é "o Autor" - será que termina aí?

Será que termina aí? "O Autor e Consumador da fé." Heb. 12:2. Graças a

Deus! Ele nos assiste em todo passo do caminho até o fim, se estamos

dispostos a ser salvos da maneira designada por Cristo, mediante a

obediência a Seus requisitos. "Porque pela graça sois salvos, mediante a fé;

e isto não vem de vós; é dom de Deus." Efés. 2:8. "Desenvolvei a vossa

salvação com temor e tremor." Que significa isso? É uma contradição?

Vejamos o que diz a parte final. "Desenvolvei a vossa salvação com temor

e tremor; porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o

realizar, segundo a Sua boa vontade." Filip. 2:12 e 13. Louvado seja Deus!

Agora quem ficará desalentado? Quem irá desfalecer? Não compete a nós,

fracos e débeis mortais, efetuar nossa própria salvação à nossa maneira. É

Cristo quem opera em vós. E este é o privilégio de todo filho e filha de

Adão. Mas temos de trabalhar. Não devemos ficar ociosos. Somos

colocados aqui neste mundo para trabalhar. Não somos colocados aqui

para cruzar os braços. Manuscrito 18, 1894.”117

Estamos eternamente livres:

“Na cruz Jesus comprou para nós uma salvação que é total e

completa. Comprou para nós a salvação dos pecados do passado e do

presente. Graças a Deus comprou para nós uma vitória decisiva contra o

pecado... Somos livres, realmente livres, e estamos eternamente livres se

tão somente o crermos.”118

Elohim nunca mais se lembrará do pecado:

“Não há insulto, não há acusações ao pródigo, por motivo de seu

mau procedimento. O filho sente que o passado lhe foi perdoado e

esquecido, apagado para sempre. E assim Deus diz ao pecador: "Desfaço as

tuas transgressões como a névoa, e os teus pecados, como a nuvem." Isa.

44:22. "... perdoarei a sua maldade e nunca mais Me lembrarei dos seus

pecados." Jer. 31:34.”119

117 Ellen White, Este Dia com Deus, Casa Publicadora Brasileira, 1980, pág. 70. 118 Ellen White, Review and Herald, 20 de Abril de 1911. 119 Ellen White, Nos Lugares Celestiais, Casa Publicadora Brasileira, santo André, 1968, pág. 10.

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O seguidor de Maschiach tem certeza clara da salvação:

“Quando possuirmos certeza clara e evidente de nossa salvação,

manifestaremos a satisfação e alegria, próprias de todo seguidor de Jesus

Cristo.”120

Devemos estar felizes porque nosso nome está no livro da

vida:

“[Deus] deseja que apreciemos o grande plano da redenção, ... Ele

anseia ver gratidão brotando em nossos corações porque temos acesso ao

propiciatório, o trono de graça, porque nossos nomes estão escritos no livro

da vida do Cordeiro, porque podemos lançar todo o nosso cuidado sobre

Aquele que cuida de nós. 121

Precisamos crer que somos eleitos de Elohim:

“Temos de crer que somos escolhidos de Deus, ser salvos pelo

exercício da fé mediante a graça de Cristo e a operação do Espírito Santo; e

cumpre-nos louvar e glorificar a Deus por tão maravilhosa manifestação

de Seu imerecido favor.”122

A Sra. White permanece indefinida quanto à perseverança

do crente: Um fato marcante na obra de pregadores reformados

como Jonathan Eduardo (1703-1758) e Charles Spurgeon (1834-

1892) e mesmo de arminianos como Charles Finney (1792-1875)

aquele amado arminiano declarou ao finalizar sua memorável obra:

“Vimos que ninguém vai a Cristo, exceto quando é levado pelo Pai,

e que o Pai leva a Cristo somente aqueles que deu ao Filho. Vimos

também, que é desígnio do Pai que aqueles aos quais deu a Cristo, Ele não

perca nenhum, mas que os ressuscite no último dia. Esta é a única

esperança de que alguém será salvo. Destrua este fundamento e o que o

fará justo? Retire da Bíblia a doutrina da fidelidade determinada de Deus a

Cristo – a verdade que o Pai de a Ele certo número cuja salvação prevê que

pode e deve garantir – e eu me desespero de mim e de todas as outras

pessoas. Onde há outra base de esperança? Não sei.”123

120 Ellen White, Evangelismo, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1978, pág. 630. 121 Ellen White, Olhando Para o Alto, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1983, pág. 55. 122 Ellen White, Mente, Caráter e Personalidade, Vol. 2, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, pág. 536. 123

Charles Finney, Teologia Sistemática, Casa Publicadora das Assembléias de Deus, Rio de Janeiro, 2001, pág. 736.

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Finney sabia o que estava dizendo. Destrua-se a verdade de

que é Elohim quem conserva seus eleitos no pacto da graça até o

final e desaparecerá toda a base para a segurança do crente. Esta

verdade jamais foi captada em sua plenitude pela Sra. White. Seu

esquema de salvação é uma mistura de poderosa consolação das

Escrituras com a perplexidade inerente à obra dos homens como se

pode notar na declaração que se segue:

“Nos tribunais do Céu, Cristo está a interceder por Sua igreja -

advogando a causa daqueles cujo preço de redenção Ele pagou com o Seu

próprio sangue. Séculos e eras nunca poderão diminuir a eficácia de Seu

sacrifício expiatório. Nem a morte, nem a vida, altura ou profundidade,

nada nos poderá separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus; não

porque a Ele nos apeguemos com firmeza, mas porque Ele nos segura com

Sua forte mão. Se nossa salvação dependesse de nossos próprios esforços

não nos poderíamos salvar; mas ela depende de Alguém que está por trás

de todas as promessas.”124

É uma pena que a autora adventista não tenha parado ai e

tenha dito afinal que “enquanto nos mantivermos em união com Ele,

ninguém nos pode arrancar de Sua mão.”125 O que ela quer dizer

aqui? Que se nos desviarmos voluntariamente das mãos do Senhor

Ele não poderá nos guardar? Que se sairmos de seu aprisco por

nossos próprios meios seremos destruídos pelo devorador? Oh, a

Bíblia não permite tais conclusões.

Ela mostra que todos os filhos pródigos voltam a casa, todas

as ovelhas extraviadas são trazidas ao redil e todas as dracmas

perdidas são recuperadas. Shaul não estava simplesmente supondo

que os santos seriam salvos, ele não estava simplesmente

esperançoso de que isso viesse a acontecer e que Elohim poderia

consumar a obra iniciada em suas vidas. Ele disse: “Estou

plenamente certo disto mesmo, que aquele que em vós começou a

boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Yeshua Há Maschiach.”

Filipenses 1:6. Aqui não há o se ocorrer isso ou se não ocorrer

aquilo. Cada um dos eleitos de Elohim será infalivelmente salvo, a

despeito de sua queda e apesar de sua liberdade de escolha.

124 Ellen White, Atos dos Apóstolos, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, págs. 552 e 553. 125 Ellen White, Atos dos Apóstolos, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, págs. 552 e 553.

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Aqueles que o Maschiach salva são verdadeiramente livres, e

embora possam cair em graves pecados jamais desejarão a

escravidão e a morte, e isso porque Elohim os guarda. Fazendo

retornar a salvação às débeis mãos do homem a Sra. White esbarra

no fato de que o pacto da graça é o pacto de Elohim e será

cumprido em todas as suas partes. Oh se ela entendesse aquilo que

escrevia na ânsia de produzir material para os prelos, como quando

disse que a salvação era certa unicamente por causa da eleição

eterna.

“ O Senhor nos salvará das corrupções do mundo porque Ele nos

escolheu em Cristo antes da fundação do mundo para que possamos ser

santos e sem mancha diante dele em amor.”126

Oferecendo tributo a um o poder que o diabo não tem:

Mas infelizmente não é isso o que ocorre. Amiúdo ela atribuí a

Satanás o poder de se alegrar até que homens sejam afastados do

caminho e tenham seus nomes riscados do livro da vida.

“Satanás se alegra quando pode induzir as pessoas a

seguir idéias errôneas, até que seus nomes são riscados do livro

da vida e inscritos entre os nomes dos injustos.”127

Que tributo à majestade satânica! Ele que ouviu o próprio

Messias dizer que ninguém arrebataria jamais uma única ovelha de

suas mãos escutando seguidores apaixonados do Messias de Israel

empenhados em dizer justamente aquilo que ele deseja, que ele tem

poder de frustrar os planos de Elohim e levar suas ovelhas à ruína

eterna. Quão distinta é essa nota do juramento do Eterno:

“Porque assim diz o Senhor Elohim: Eis que eu, eu mesmo,

procurarei pelas minhas ovelhas, e as buscarei. Como o pastor busca o

seu rebanho, no dia em que está no meio das suas ovelhas dispersas,

assim buscarei as minhas ovelhas; e livrá-las-ei de todos os lugares

por onde andam espalhadas, no dia nublado e de escuridão.”

Ychezkiel/Ez 34:11-12.

126 Ellen White, Signes of The Times, 2 de Maio de 1892. 127 Ellen White, Este Dia com Deus, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1980, São Paulo, pág. 320.

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71 CCaappííttuulloo II -- EElllleenn WWhhiittee ee ooss CCiinnccoo PPoonnttooss ddoo CCaallvviinniissmmoo

É claro que existem ovelhas de Adonay que por serem fortes,

ousadas e gordas, por se aventurarem em terrenos perigosos, e

serem impacientes com os débeis, precisam ser fisicamente

eliminadas em vez de morrerem de morte natural. Olhe para Sansão

que em sua teimosia buscou no amor de uma inimiga de Israel a

felicidade apenas para morrer ainda jovem em meio aos

incircuncisos. Mas significa isso que ele se perdeu? Oh, não, ovelhas

de Maschiach não se perdem, nem mesmo quando se sentem

obrigadas a por termo às suas vidas em busca da glória de Elohim. É

isso o que o Eterno diz:

“Eu mesmo apascentarei as minhas ovelhas, e eu as farei

repousar, diz o Senhor Elohim. A perdida buscarei, e a desgarrada

tornarei a trazer, e a quebrada ligarei, e a enferma fortalecerei; mas a

gorda e a forte destruirei; apascentá-las-ei com juízo. E quanto a vós,

ó ovelhas minhas, assim diz o Senhor Elohim: Eis que eu julgarei entre

ovelhas e ovelhas, entre carneiros e bodes.” Ychezkiel/Ez 34:15-17.

Assim, enquanto o Messias contou na parábola que aquela

ovelha obstinada foi buscada pelo pastor até ser achada, e que

sendo achada foi posta sob os ombros e trazida para a casa com

festa, Ellen White declara que alguns “por uma obstinada persistência

no pecado se tornam finalmente endurecidos à influencia do Espírito

Santo, seus nomes serão no juízo apagados do livro da vida, e eles

serão votados à destruição.”128

Conclusão: Elohim não retira a misericórdia de seus filhos:

Que os adventistas legalistas se agarrem a estas asperezas da

literatura denominacional enquanto eu, de minha parte, recomendo

aos que amam o evangelho, e ainda se encontram na posição de

dependência de fontes extra bíblicas para confirmar ou defender sua

fé, que prestem toda a atenção a esta Ellen White madura e senhora

de uma fé saudável que por vezes emerge do precipício das páginas

amareladas de seus muitos manuscritos para declarar para consolo

dos crentes que no Maschiach, crendo nele, temos vida, e vida para

sempre:

128 Ellen White, Patriarcas e Profetas, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1976, pág. 335.

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“Se Cristo é meu Salvador, meu sacrifício, minha expiação, então

jamais perecerei. Crendo nEle, tenho vida para sempre. Oh! se todos

quantos crêem na verdade cressem em Jesus como seu próprio

Salvador!”129

Nossa confiança está unicamente assentada na Palavra de

Elohim. “Porque os montes se retirarão, e os outeiros serão

abalados; porém a minha benignidade não se apartará de ti, e a

aliança da minha paz não mudará, diz Yah que se compadece de ti.”

Yeshayahú/Is 54:10. Portanto não há nada que aqueles a quem

Elohim adota como filhos façam que o leve a revogar sua

determinação.

Um bom filho e um mau filho procedem ambos do mesmo pai

e um filho bom pode ser recompensado enquanto um filho mau

pode ser severamente punido, mas não pode ser renegado. É isso o

que Elohim garantiu a David com relação a Shlomo, (Shmuel

Beit/2Sm 7:12-15) é isso o que garante em relação àqueles que ama.

Ele pode corrigir e castigar, mas não pode abandonar. (Ivrim/Hb

12:6-8). Nada, absolutamente nada é capaz de nos separar do amor

de Elohim. (Romanos 8:38-39)

“Quando teus dias forem completos, e vieres a dormir com teus

pais, então farei levantar depois de ti um dentre a tua descendência, o

qual sairá das tuas entranhas, e estabelecerei o seu reino. Este

edificará uma casa ao meu nome, e confirmarei o trono do seu reino

para sempre. Eu lhe serei por pai, e ele me será por filho; e, se vier a

transgredir, castigá-lo-ei com vara de homens, e com açoites de filhos

de homens. Mas a minha benignidade não se apartará dele; como a

tirei de Saul, a quem tirei de diante de ti.” Shmuel Beit/2Sm 7:12-15

“Porque Yah corrige o que ama, E açoita a qualquer que recebe

por filho. Se suportais a correção, Elohim vos trata como filhos;

porque, que filho há a quem o pai não corrija? Mas, se estais sem

disciplina, da qual todos são feitos participantes, sois então bastardos,

e não filhos.” Ivrim/Hb 12:6-8.

129 Ellen White, Mensagens Escolhidas 2, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1967, pág 381.

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73 CCaappííttuulloo II -- EElllleenn WWhhiittee ee ooss CCiinnccoo PPoonnttooss ddoo CCaallvviinniissmmoo

“ Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os

anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o

porvir, nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura

nos poderá separar do amor de Elohim, que está em Yeshua

Maschiach nosso Senhor.” (Romanos:8:38-39)

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VII - Apêndice

Juízo Investigativo uma Doutrina Adventista Por que Nenhum Nome Será Riscado do Livro da Vida do Cordeiro

Os primeiros pregadores

adventistas jamais sonharam

que aquele despertar emotivo

resultante da investigação das

profecias e do santuário sem

considerar a história sagrada de

Israel termianria em decepção e

logo numa defesa que

sustentaria o movimento, o faria

crescer e perpetuaia o medo

através da doutrina do juízo

investigativo. William Miller

(1782-1849) nunca fora

partidário de marcar a data

exata da volta de Yeshua, mas se

inclinava, por seus estudos

proféticos a pensar que ele

retornaria dentro do ano judaico

que ia de 1843 a 1844. Assim ele

escreveria: "Meus princípios são

de que em breve, Jesus Cristo

voltará a esta terra para a limpar,

purificar, e tomar posse da

mesma, com todos os santos,

em algum momento entre 21 de

março de 1843 e 21 de março de

1844 ".130

130 Dick, Everett N. (1994). William Miller and the Advent Crisis. Berrien Springs: Andrews University

Press. pp. 96–97. Fonte Wikipedia, a Enciclopédia Livre, página visitada em 7 de março de 20012.

Os primeiros pregadores

adventistas jamais sonharam

que aquele despertar emotivo

resultante da investigação das

profecias e do santuário sem

considerar a história sagrada

de Israel termianria em

decepção e logo numa defesa

que sustentaria o movimento,

o faria crescer e perpetuaria o

medo através da doutrina do

juízo investigativo.

Sumo sacerdote judeu. A HISTÓRIA DO COSTUME por Braun & Schneider - Domínio Público Wikipedia

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75 CCaappííttuulloo II -- EElllleenn WWhhiittee ee ooss CCiinnccoo PPoonnttooss ddoo CCaallvviinniissmmoo

Mas o dia 21 de março de 1844 passou, e os crentes buscaram

mais uma vez nos estudos onde poderia estar a falha, marcando

então uma seguda data, o dia 18 de abril de 1844. O arranjo tinha

sido feito baseando-se num calendário caraíta, que faria do ano

judaico correspondente um ano bissesto, com a adição de um mês a

mais,131 fazendo-o terminar portanto em 18 de abril. Esse aranjo,

apesar de ser um factóide alimentou as esperanças do grupo por

mais umas semanas. Mas no dia 19 de abril ficara óbvio que o

movimento fracassara pela segunda vez. Miller escreveu então: "Eu

confesso o meu erro, e reconheço a minha decepção,. Mas eu ainda

acredito que o dia do Senhor está perto, mesmo à porta"132

Meio aturditos, os adventistas continuaram acreditando que a

data tão almejada estava às portas. E isso recebeu novo impulco

quando numa reunião em Exceter New Hampshire, Samuel Snow

(1806-1870) expôs seu estudo sobre Daniel 8. Ignorando o fato de

que os judeus celebram até os dias de hoje a festa de Chanukah

para comemorar a purificação do santuário depois de contaminado

por Antioco, Snow insistia que o santuário ali mencionado era a

terra, que as 2300 tardes e manhãs não eram 2300 sacrifícios diários

que resultam em 1150 dias, mas 2300 anos, e que ao fim desses

2300 anos, mas no mesmo dia em que os sacerdotes purificavam o

santuário a terra seria varrida pelas chamas purificadoras e o povo

levado com Yeshua, não para Yerushalaim como se promete nas

Escrituras, mas para o céu. Miller titubeou, mas ao fim se encantou

como nunca pela nova mensagem. Do acampamento os crentes do

advento partiram para suas cidades com mias uma novidade. Dessa

vez não haveria erro, Yeshua retornaria em 22 de outubro de 1844. 131 De acordo com a Torah, o primeiro mês do calendário judaico começa logo depois do equinócio vernal

que assinala o início da primavera no hemisfério norte e do outono no hesmisfério sul. Na data do

equinócio (21 de março) o dia se iguala à noite em duração. A forte presença de raios solares incide diretamente sobre os pequenos pés de cevada, uma gramínea que cresce espontaneamente na região de

Israel. Assim, a primeira lua nova depois do equinócio é marcada com a presença da cevada nos campos.

Se ela estiver em estado de abibe, isto é de cavada madura o mês de Abibe é proclamado e se inicia o

novo ano judaico. Se as condições atmosféricas não tiverem sido as ideais por que houve muita seca e a

cevada não estiver madura a proclamação do mês da cevada, (o marcador biológico de tempo de acordo

com a Torah), é adiada. Então, nesse caso se adiciona mais um mês ao ano que teoricamente deveria ter

findado com o surgimento da lua nova. Têm-se nesse caso um ano bissexto. Quando isso acontece as

festas se retrasam e o que poderia se iniciar em fins de março vai se iniciar em abril.

132 Bliss 1853 , p. 79. Fonte Wikipedia, a Enciclopédia Livre, página visitada em 7 de março de 20012.

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76 CCaappííttuulloo II -- EElllleenn WWhhiittee ee ooss CCiinnccoo PPoonnttooss ddoo CCaallvviinniissmmoo

O fanatismo tomara conta do grupo. Quem não acreditava na

mensagem era denunciado como herege que não desejava a volta

do Messias. As igrejas foram taxadas de corruptas, e os pastores que

não apoiaram a pregaçaõ da novdiade em seus púlpitos foram

denunciados O despertar foi chamado de o movimento do sétimo

mês, por que previa que Yeshua retornaria no 10º dia do 7º mês

judaico. Ao estudar a parábola das dez virgens ficaram convencidos

de que essa tardança era profética, mas que agora chegara a hora.

Até hoje os adventistas chamam aquele conturbado e excitado

momento de sua história como o clamor da meia noite.

O movimento haveria de fracassar em tudo, a começar pelas

suas bases de cálculo. O ano judaico terminado em 29 de Adar (20

de março) não era um ano bissexto, a cevada já estava madura em

Israel, e caraítas e rabínicos celebraram o início do novo ano no

mesmo mês, entre os dias 21 e 22 de março de 1844. Naquele ano

não houve o acrescimo de um mês extra e por isso o Yom Kippur de

judaus caraítas e judeus rabínicos foi realizado a 23 de semtembro

de 1844.

O Próprio Yom Kippur, de 1844 ocorreu a 23 de setembro, e

eles marcaram a data para 22 de outubro. A desvantagem é que

viveram a fantasia por mais um mês. No dia 23 de outubro de 1844

milhares de adventistas estavam de rastro e desconsolados. Tinham

apostado todas as cartas na interpretação profética de um homem

que se proclamara o próprio profeta Eliahú, e que de tão fanático foi

abandonado pela maior parte do povo, que infelizmente se afastou

dele, mas não de suas interpretações mirabolantes. Apostaram tudo

e perderam. William Miller se recluiu, nunca foi capaz de explicar por

que errara, embora morresse 5 anos mais tarde crendo que a hora

da vinda de Yeshua estava muito próxima. Havia sinceridade em seu

coração, sinceridade suficiente para não tentar justificar o erro mais

uma vez. Um grupo adventista tradicional, que mantém o

pensamento milerita existe até hoje, a Igreja Cristã do Advento com

61 mil membros no mundo. O grupo evita qualquer revisão do

desapontamento, apenas o empurrou para baixo do tapete, foi um

erro e nada mais.

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77 CCaappííttuulloo II -- EElllleenn WWhhiittee ee ooss CCiinnccoo PPoonnttooss ddoo CCaallvviinniissmmoo

Mas uma das mais poderosas organizações cristãs da América

começaria a partir de seu moviomento, os adventistas do Sétimo Dia

que graças a interpretação de Hiran Edson (1806-1882). Segundo

ele, os adventistas havia acertado na data, mas haviam errado no

evento, era uma espécie de tiro da providência conduzindo o povo a

atirar no que viu e a acertar no que não viu. Edson levou seus

companheiros a concluir que o santuário na verdade não era a terra,

mas ficava no céu. Segundo ele, uma espécie de visão do Messias

indo para o lugar santíssimo do santuário do céu lhe havia sido

mostrada em visão.

"Nós começamos a sair, e ao passar por um campo grande eu

estava parado no meio do caminho do campo. O Céu parecia aberto, e eu

vi claramente claramente que, em vez de nosso Sumo Sacerdote sair do

Santíssimo do santuário celestial para vir a esta terra, no décimo dia do

sétimo mês, no final dos 2300 dias, Ele, pela primeira vez entrou nesse dia

no segundo compartimento no santuário, e que Ele tinha uma obra para

realizar no Santíssimo Lugar antes de vir para a terra "133

Bem, apesar de que “a visão” da passagem de Yeshua para o

lugar santíssimo, em vez de à terra, foi dada a Hiran Edson, ele

nunca foi tratado como profeta pela igreja. Esse título coube

exclusivamente a Ellen White, que com base em visões ensinou o

povo que a entrada de Yeshua no lugar santísimo fechara a porta da

graça para os não adventistas. O fato dos pioneiros terem

acreditado nos sete primeiros anos que a porta da graça tinha se

fechado para o mundo não adventista é normalmente ignorado. A

Sra. White, chamada a explicar-se disse mais de vinte anos depois:

"Durante algum tempo após o desapontamento de 1844 eu de fato

mantive, em comum com o corpo de adventistas, que a porta da

misericórdia fora então para sempre fechada para o mundo. Esta posição

foi assumida antes de minha primeira visão ter-me sido dada. Foi a luz

concedida a mim por Deus que havia corrigido o nosso erro, e nos

capacitou a ver a verdadeira posição."134

133 FD Nichol . O grito da meia-noite. p. 458. Fonte Wikipedia, a Enciclopédia Livre, página visitada em

7 de março de 20012.

134 Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, Vol. 1, p. 63.

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78 CCaappííttuulloo II -- EElllleenn WWhhiittee ee ooss CCiinnccoo PPoonnttooss ddoo CCaallvviinniissmmoo

Ora, os adventistas dizem que a Sra. White teve a primeira de

suas 2000 visões em dezembro de 1844, mas sem precisar a data.

Logo a janela para que Ellen pudesse ter ensinado a doutrina da

porta fechada era de fato muito estreira. Uma vez que o

desapontamento se deu a 22 de outubro e a primeira visão em

deezembro, supondo no dia 31 de dezembro, o que se espera é que

de acordo com a declaração acima a Sra. White haja crido na

doutrina da porta fechada por períoco nunca maior que 80 dias. E

que desde o fim de dezembro de 1844 ela tivesse corrrigido seu

pensamento com a luz do céu. Os fatos porém são perturbadores e

revelam outra realidade. Neste testemunho da Sra; White datado de

1846 ve-se claramente a Sra, White em desmente isso. A Sra. White

ensinara que a porta da graça tinha se fechado não por falta de

visões, mas com base em visões.

"Enquanto em Exeter, Maine, ao estar reunida com Israel Dammon,

Tiago, e vários outros, e muitos deles não criam numa porta fechada. Eu

sofria muito no início da reunião. A descrença parecia estar por todo lado.

Havia uma irmã ali que era considerada muito espiritual. ...Ela

havia sido verdadeiramente uma mãe em Israel. Mas uma divisão havia

surgido no grupo sobre a questão da porta fechada. Ela tinha tido grande

misericórdia, e não podia crer que a porta estava fechada. (Eu nada

soubera da diferença entre eles). A irmã Durben levantou-se para falar.

Sentia-me muito, muito triste.

Minha alma parecia em agonia o tempo todo, e enquanto ela

falava, caí de minha cadeira ao chão. Foi então que tive uma visão de

Jesus erguendo-Se de Seu trono de Mediador e indo para o Lugar

Santíssimo, como o Noivo indo receber o Seu reino. Todos estavam

profundamente interessados na visão. Todos disseram que era algo

inteiramente novo para eles. O Senhor operou com grande poder

estabelecendo a verdade em seus corações.

A irmã Durben sabia o que era o poder do Senhor, pois havia-o

sentido muitas vezes; e pouco tempo depois que eu caí, ela foi atingida, e

caiu ao chão, clamando para que Deus tivesse misericórdia dela. Quando

eu saí da visão, meus ouvidos foram saudados com o cântico e clamores da

irmã Durben em alta voz.

A maioria deles recebeu a visão, e ficaram estabelecidos quanto à

porta fechada."135

135 Ellen White, Manuscript Releases, Vol. 5, p. 97

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79 CCaappííttuulloo II -- EElllleenn WWhhiittee ee ooss CCiinnccoo PPoonnttooss ddoo CCaallvviinniissmmoo

Outras duas declarações muito fortes são essas:

"Meu anjo acompanhante me convidou a buscar ver o trabalho

pelas almas dos pecadores, como antes existia. Olhei, mas não pude vê-

lo, porque o tempo da salvação deles havia passado."136

"Enquanto orava no altar da família, o Espírito Santo veio sobre

mim, e parecia que estava sendo transportada mais e mais para o alto,

bem acima do escuro mundo. . . . Ergui os olhos, e vi um caminho reto e

estreito que se estendia muito acima do mundo. Nesse caminho o povo

do Advento estava viajando para a cidade, que se situava na sua

extremidade. Tinham por detrás e no princípio do caminho uma luz

brilhante que um anjo me assegurou ser o clamor da meia-noite. Essa luz

brilhava ao longo do caminho inteiro e fornecia luz para os seus pés de

modo a que não tropeçassem. Se mantivessem os olhos fixos em Jesus,

que estava à frente deles, conduzindo-os para a cidade, estariam seguros.

Mas logo alguns . . . negaram grosseiramente a luz atrás deles e disseram

que não fora Deus quem os conduzira até tão distante.

A luz por detrás desses extinguiu-se deixando-lhes os pés em total

escuridão, e tropeçaram e perderam de vista o marco e a Jesus, e caíram

para fora do caminho, mergulhando para o mundo escuro e ímpio em

baixo. [Era tão impossível para eles alcançar o caminho novamente e

seguir para a cidade, como também para todos o mundo ímpio que Deus

havia rejeitado]. Logo ouvimos a voz de Deus como muitas águas. . .”137

As implicações do último parágrafo foram tão fortes que nas

esdições posteriores de Experience and Views (Experiências e Visões)

publicado por primeira vez em 1851 o texto foi retirado, e de lá para

cá nunca mais publicado pela denominação. Deveria pois, ser claro

que a doutrina do santuário tal como desenvolvida pela organização

com base nos escritos da Sra. White se submete desde o princípio a

mudanças e alterações, ainda que até hoje não esteja corretamente

apresentada. Talvez o maior erro seja justamente o fato de que a

doutrina do santuário, sacramentada pela organização como

verdade inamovivel tenha se transformado numa fonte de

preocupações e de angústia por parte dos crentes temerosos de que

nesse “julgamento” Elohim os coinsidere em falta, os retire do livro

da vida, os vote com os pecadores e os destine à perdição.

136 Ellen White, Present Truth, ago., 1849. 137 Ellen White, Primeiros Escritos, 14.

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80 CCaappííttuulloo II -- EElllleenn WWhhiittee ee ooss CCiinnccoo PPoonnttooss ddoo CCaallvviinniissmmoo

A felicidade do crente longe de se estabelecer com base em

sua experiência e até mesmo em seu poder deve ser a certeza de

que seu nome está escrito no livro da vida. “Mas, não vos alegreis

porque se vos sujeitem os espíritos; alegrai-vos antes por estarem os

vossos nomes escritos nos céus.” (Lucas 10:20). A fonte de nossa paz é

a obra que Elohim faz por nós no Céu, a qual é confirmada pela

ruach ha kodesh (Espírito Santo) produzindo fé em todos os

regenerados levando-os a olhar para fora de si mesmos e não para a

obra ele realiza em nós aqui na Terra. Houvesse esse conselho de

Maschiach sido seguido e não haveria tanto desvio acerca do que é

o evangelho. Infelizmete porém, a doutrina adventista do santuário,

primeiro usada para consolar os adventistas acerca da porta fechada

aos crentes das outras denominações, uma vez mudada, se tornou

na causa de conflitos espirituais graves já que transmite mesmo aos

crentes adventistas a incerteza sobre sua vitória.

O crente precisa ter certeza de que seu nome está no livro

da vida: A Bíblia mostra que a certeza de termos nosso nome

escrito no livro da vida não deve ser tratado como um mistério

impenetrável. Shaul mostra claramente que os que amam o

evangelho e cooperam com aqueles que o proclamam, têm seu

nome escrito no livro da vida. Ele desejava ardentemente que a

kehilah de Filipos estivesse consciente desse privilégio, a através de

seu mensageiro disse: “E peço-te também a ti, meu verdadeiro

companheiro, que ajudes essas mulheres que trabalharam comigo no

evangelho, e com Clemente, e com os outros cooperadores, cujos

nomes estão no livro da vida.” (Filipenses 4:3) É bom recordar que

este não é o livro da vida dos pecadores, mas o livro da vida do

Cordeiro, e que nele estão narrados todos os atos de vitória do

Cordeiro, Daniel afirma que os que têm seu nome escrito nesse livro

serão vitoriosos. Infelizmente poucos cristãos chegaram a um

denominador comum sobre esse assunto. Isso acontece

particularmente entre os adventistas que afirmam que é importante

“ter os nossos nomes escritos no livro da vida” porque “todos aqueles

cujos nomes estão registrados ali serão livrados do poder de

Satanás.”138

138 Ellen White, Exaltai-O, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, 1991, pág. 348.

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81 CCaappííttuulloo II -- EElllleenn WWhhiittee ee ooss CCiinnccoo PPoonnttooss ddoo CCaallvviinniissmmoo

Mas ao mesmo tempo que Ellen White declarava que todos os

que tiverem seu nome no livro da vida seriam livrados do poder de

Satán ela retira todo o motivo de gozo presente do crente ao

subordinar tanto a inscrição de seu nome no livro da vida como sua

permanência ali ao esforço humano.

Todos os que entraram para o serviço têm seu nome

escrito no livro da vida: Há de se reconhecer que em seus

primórdios o adventismo era um movimento destituído da

preciosidade do evangelho e que supunha que a salvação resultava

dos esforços humanos. Ora se o homem se salva por obras, é lógico

pensar que o seu nome é escrito no livro da vida quando começa a

trabalhar para o Senhor e é riscado quando esse trabalho cessa.

“Quando nos convertemos em filhos de Deus, nossos nomes são

escritos no livro da vida do Cordeiro, e ali permanecem até o tempo do

juízo investigativo.... Se naquele dia aparece que não nos arrependemos

plenamente de todas as nossas más ações, nossos nomes serão riscados do

livro da vida.”139

Esta visão legalista é enfatizada na declaração seguinte: “O

livro da vida contém os nomes de todos os que já entraram para o

serviço de Deus.”140 “Quando alguém tem pecados que permaneçam

nos livros de registro, para os quais não houve arrependimento nem

perdão seu nome será omitido do livro da vida.” 141 Dificilmente

alguém poderá calcular o dano que tais declarações produzem no

coração dos amados de Elohim sugestionados a pensar que tanto a

sua entrada no reino de Elohim como a sua permanência depende

de suas boas obras. Quantos temores, quantas incertezas e quantas

dúvidas acerca da salvação semeadas por uma visão distorcida do

caráter imutável de Elohim e da sublimidade da graça. Tudo isso

porque a promessa de Maschiach: o que vencer será vestido de

vestes brancas, e de maneira nenhuma riscarei o seu nome do livro

da vida; e confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos

seus anjos,” (Apocalipse 3:5) foi desatendida.

139 Ellen White, Comentário Bíblico Adventista 7A Asociación Casa Editora Sudamericana,Buenos Ayres, 1994, pág. 428. 140 Ellen White, O Grande Conflito, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1980, pág. 484. 141 Ellen White, Idem, 486.

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82 CCaappííttuulloo II -- EElllleenn WWhhiittee ee ooss CCiinnccoo PPoonnttooss ddoo CCaallvviinniissmmoo

Um crente não pode desprezar o fato de que foi feito mais que

vencedor através de Yeshua. Ele deve lembrar que não é possível

passar outra vez ao estado de morte, já que é o beneficiário dessa

promessa: “Quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou

tem a vida eterna e não entra em condenação, mas passou da morte

para a vida.” (Yochanan/Jo 5:24).

O que vai a Maschiach de maneira nenhuma será lançado

fora: A idéia de que um salvo pode ser finalmente rejeitado porque

não se arrependeu de seus pecados contraria frontalmente as

promessas incondicionais do Senhor: “o que vem a mim de maneira

nenhuma o lançarei fora.” (Yochanan/Jo 6:37) Trata-se de um tributo

prestado ao diabo. A razão é que o próprio arrependimento é dom

de Elohim. O plano divino exposto nas Escrituras nega qualquer

possibilidade de que um justo venha a cair tão completamente que

já não possa ser levantado pela onipotente e amorosa mão de

Elohim. Davi declara: “Os passos de um homem bom são confirmados

por Yah, e deleita-se no seu caminho. Ainda que caia, não ficará

prostrado, pois Yah o sustém com a sua mão. “ (Tehilim/Sl 37:23-24)

Como isso difere da declaração abaixo:

“Satanás se alegra quando pode induzir as pessoas a seguir idéias

errôneas, até que seus nomes são riscados do livro da vida e inscritos entre

os nomes dos injustos.”142

Este é um texto perturbador para os adventistas que acreditam

na firme eleição e perseverança dos santos. Essa perspectiva é o

resultado da doutrina adventista do juízo investigativo que afirma

que a salvação de uma pessoa só é definitivamente confirmada

quando seu nome passa em revista no tribunal do Céu. Trata-se de

uma declaração que nega enfaticamente a promessa de Maschiach e

apresenta a Satanás com um ser onipotente e capaz de prevalecer

sobre as ovelhas de seu pasto, quando o próprio Senhor declarou

acerca de suas ovelhas: “Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos;

e ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai.” (Yochanan/Jo

10:29).

142 Ellen White, Este Dia com Deus, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1980, São Paulo, pág. 320.

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Trabalharam para Elohim e não foram escritos no livro da

vida: Mas não se pode ignorar a providência de Elohim dispôs as

coisas de tal maneira que os crentes adventistas cujos olhos foram

ungidos pelo colírio celestial podem encontrar importantes

mananciais de água doce. Estes crentes valem-se da seguinte

declaração certamente inspirada no mesmo espírito dos profetas

bíblicos:

“Muitos que na Terra ocuparam altos cargos como cristãos,...

Desejavam realizar alguma grande obra, para que fossem admirados e

lisonjeados pelos homens, mas seus nomes não foram inscritos no livro da

vida, do Cordeiro. "Não vos conheço", são as tristes palavras que Cristo

dirige aos tais. Mas aqueles cuja vida foi aformoseada por pequenos atos

de bondade, por ternas palavras de afeição e simpatia, cujo coração fugia

das lutas e contendas, que nunca fizeram uma grande obra com o fim de

ser louvados pelos homens, esses se acham inscritos no livro da vida do

Cordeiro. Embora o mundo os considerasse insignificantes, são aprovados

por Deus perante o Universo reunido. Ficam surpresos ao ouvir dos lábios

do divino Mestre: "Vinde, benditos de Meu Pai, possuí por herança o reino

que vos está preparado desde a fundação do mundo." Mat. 25:34. Signs of

the Times, 24 de fevereiro de 1890.”143

Ainda na mesma linha de pensamento a literatura adventista

admite que ter o nome escrito no livro da igreja não significa que

ele esteja escrito no livro da vida, pois “muitos que se acham

destituídos de vida espiritual têm os seus nomes nos registros da

igreja, mas não estão inscritos no livro da vida do Cordeiro.”144

Em vez de arengar contra a segurança da salvação e militarem

no campo oposto os adventistas deveriam lembrar que se é

verdade que existem “nomes são registrados nos livros da igreja, mas

não no livro da vida,” 145 e que “muitos há cujos nomes estão

registrados nos livros da igreja, mas não no livro da vida do

Cordeiro,”146 então também deve ser verdade as pessoas não são

rejeitadas porque pecaram e não se arrependeram, mas por que

“seus nomes não foram inscritos no livro da vida, do Cordeiro.”147

143 Ellen White, A fé Pela Qual Vivo, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1959, pág. 370. 144 Ellen White, E Recebereis Poder, Casa Publicadora Brasileira,Tatuí, pág. 45. 145 Ellen White, Mensagens aos Jovens, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, pág. 384. 146 Ellen White, Para Conhece-lo, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1965, pág. 113. 147 Ellen White, A fé Pela Qual Vivo, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1959, pág. 370.

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Estes textos produzidos dentro do mais puro espírito da

Reforma e escritos em harmonia com aquilo que o Espírito Santo

ditou aos profetas seriam suficientes para estabelecer uma teologia

sólida e consistente com a Bíblia. Eles colocam de manifesto que o

nome dos que se perdem não pode ter sido riscado do livro da vida

por uma razão muito simples, porque eles nunca estiveram lá.

Infelizmente a literatura adventista está longe de prover subsídios a

uma teologia equilibrada se alguém deseja manter a máxima de que

tudo ali é inspirado por Elohim. Os textos seguintes não se

harmonizam nem mesmo com o pensamento anteriormente

expresso, pois declara algo diametralmente oposto:

“O livro da vida contém os nomes de todos os que já entraram para

o serviço de Deus.”148

“Quando alguém tem pecados que permaneçam nos livros de

registro, para os quais não houve arependimento nem perdão seu nome

será omitido do livro da vida,”149

A dinâmica e o perigo da evangelização do medo: Com

certeza existe um momento em que as severas ameaças de Elohim

devem ser desembainhadas diante do pecador. É o momento em

que o pecador ainda não foi convertido. Mas essa não deve ser a

tônica diante de pecadores remidos por Maschiach. A meu ver esse

é o principal pecado do método evangelizador da Sra. White.

Fascinada com o poder que o medo exerce sobre as pessoas, ela

declarou que a menos que uma pessoa exerça constante vigilância e

cuidado seu nome poderá ser apagado do livro da vida com a

mesma facilidade com que foi escrito.

“Os nomes de todos os que uma vez se entregaram a Deus são

escritos no livro da vida, e seu caráter está agora sendo examinado diante

dEle. Anjos de Deus estão avaliando o valor moral. Eles observam o

desenvolvimento do caráter nos que vivem agora, para ver se os seus

nomes podem ser retidos no livro da vida. ... Os nomes de quem não serão

apagados do livro da vida? Só os nomes dos que amaram a Deus com

todas as faculdades do seu ser, e o próximo como a si mesmos.”150

148 Ellen White, O Grande Conflito, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1980, pág. 484. 149 Ellen White, Idem, 486. 150 Ellen White, Exaltai-O, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, 1992, pág. 327.

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Que se pode ganhar com isso? Uma kehilah insegura e repleta

de crentes débeis que não conhecem a seu Elohim e que vivem

atormentados pelo medo da morte repentina, da condenação no

juízo e da destruição final junto com todos os diabos. Felizmente

para os adventistas evangélicos, esta nota inspiradora de terror para

os que não conhecem a graça não é a única. Noutro lugar a Sra.

White nutre os crentes com o consolo de que se o nome deles se

encontra no livro da vida eles não tem motivo algum para temer, já

que seus pecados serão seguramente apagados.

“Se vosso nome se acha registrado no livro da vida, do Cordeiro,

então tudo está bem convosco. Estejais prontos e ansiosos para confessar

vossas faltas e abandoná-las, a fim de que vossos erros e pecados possam

ir antecipadamente a juízo, e ser apagados.”151

Confundindo o livro da vida com o livro dos viventes: Não

se pode ignorar que os arminianos em geral e os adventistas em

particular parecem ter encontrado um gancho para dependurar as

suas incertezas, o pedido de Moises ao Senhor: “Agora, pois, perdoa

o seu pecado, se não, risca-me, peço-te, do teu livro, que tens escrito.”

A resposta de Elohim: “Aquele que pecar contra mim, a este riscarei

do meu livro,” (Shemot/Ex 32:32) tem sido erroneamente empregada

como uma indicação de que o nome de uma pessoa pode ser tirado

do livro da vida do Cordeiro e ela ser levada da vida para a morte.

Mas esse é o resultado de se ignorar o fato de que uma pessoa

pode estar inscrita entre os vivos e ainda assim não estar salva.

Maschiach disse ao homem que queria tornar-se Seu discípulo:

“deixa aos mortos o enterrar os seus mortos,” (Lucas 9:60) e falou ao

ministro da kehilah de Sardes: “tens nome de que vives, mas estás

morto.” (Apocalipse 3:1) Como ignorar aqui que o Salvador fala de

pessoas iníquas, que não obstante estarem inscritos nos livros do

Céu entre os que ainda vivem, existem somente para pecar e por

isso são entregues a iniqüidades ainda maiores? A oração de Davi,

que se tornou também a de Maschiach é: “Acrescenta iniqüidade à

iniqüidade deles, e não entrem na tua justiça. Sejam riscados do livro

dos vivos, e não sejam inscritos com os justos.” (Tehilim/Sl 69:27 – 28).

151 Ellen White, Mente, Caráter e Personalidade, vol. 2, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, pág. 523.

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Uma hermenêutica saudável nos força a admitir que existe o

livro dos vivos, cuja página inicial se abre por ocasião do nascimento

e cujo relatório final se encerra com a morte. Diferentemente do

livro da vida dos justos onde é narrada a vida do Salvador e do qual

ninguém jamais foi riscado, o nome do homem pode ser omitido a

qualquer momento do livro dos vivos e ele é então entregue à

conseqüência natural do pecado que é a destruição física.

Jamais deveríamos confundir um livro com o outro. Aquele

que crê na eficácia substituta dessa vida pode dizer: “Porque se nós,

sendo inimigos, fomos reconciliados com Elohim pela morte de seu

Filho, muito mais, tendo sido já reconciliados, seremos salvos pela sua

vida.” (Romanos 5:10).

Quanto lucrariam os adventistas se eles se apercebessem que

o livro dos vivos nada tem a ver com o livro da vida do cordeiro e que

no mesmo dia em que Elohim disse: “aquele que pecar contra mim, a

este riscarei do meu livro,” (Shemot/Ex 32:33), três mil pessoas foram

mortas e eliminadas da estatísticas dos filhos de Israel e do próprio

livro dos vivos no Céu. Este pensamento pode ser apontado na

literatura adventista sob a seguinte declaração:

“ O livro a que se faz referencia aqui é o livro de registro do céu, no

qual está inscrito cada nome es estão registrado fielmente os atos de todos,

seus pecados e sua obediência.”152

Pessoas escritas no livro da vida não serão destruídas: É

ponto comum da fé messiânica que aqueles cujos nomes estão

escritos no livro da vida devem ser salvos. Esta porém não é a

posição única no adventismo. Como já vimos, sobre esse tema reina

a mais absoluta das confusões naqueles arraiais.

Assim, e lamentavelmente, depois de dizer que o livro referido

por Elohim a Moshe é o livro da vida dos pecadores, subitamente os

editores adventistas, deixam passar uma declaração atribuída à Sra.

White que aquele é o livro da vida eterna.

152 Ellen White, Comentário Bíblico Adventista Del Séptimo Dia, Vol. 7ª, Asociación Casa Editora Sudamericana, Buenos Ayres,

1994, pág. 428.

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“Por uma obstinada persistência no pecado se tornam finalmente

endurecidos à influencia do Espírito Santo, seus nomes serão no juízo

apagados do livro da vida, e eles serão votados à destruição.”153

Estamos diante de um fato que nos obriga a aceitar um texto e

rejeitar o outro. Se é verdade que o livro referido por Moshe é o

livro onde se registra os pecados de todos os homens, então não

pode ser verdade que esse livro é o livro da vida do Cordeiro, já que

o livro da vida do Cordeiro é isento do relato de pecados já que

Cordeiro de Elohim nunca pecou.

Aqueles que insistem em não desconfiar da fidelidade dos

depositários da Sra. White são obrigados a admitir que o espírito da

coesão esteve longe da pena da escritora e que nada há em sua

obra que seja digno da veneração que os adventistas insistem em

atribuir-lhe. Esse é um difícil dilema, pois se você não pode confiar

nos deposítários precisa checar cada nota atribuída à Sra. White a

fim de ilibá-la de rspisanbilidade por suas contradições e por outro

lado provar que ela escreveu aqui e não escreveu ali. Por outro lado,

se confia nos depositários está obrigado a resolver estas

dificuldades.

Não é difícil concluir isso quando nos lembramos que em seu

nome se declara que “os nomes de todos os Seus estão escritos em

Seu livro da vida,”154 e que todos estes “serão livrados do poder de

Satanás,”155 o que concorda completamente com o que Maschiach

diz acerca da alegria que o crente deve sentir: “ Mas, não vos alegreis

porque se vos sujeitem os espíritos; alegrai-vos antes por estarem os

vossos nomes escritos nos céus.” (Lucas 10:20)

Por outro lado a autora adventista declara que o nome do

crente só é realmente configurado no livro da vida depois que ele

vence. “Todos quantos haverão de ter por fim os nomes escritos no

livro da vida do Cordeiro, lutarão varonilmente as batalhas do

Senhor.”156

153 Ellen White, Patriarcas e Profetas, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1976, pág. 335. 154 Ellen White, Olhando Para o Alto, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1983, pág. 68. 155 Ellen White, Exaita-io, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, 1992, pág. 348. 156 Ellen White, Minha Consagração Hoje, Casa Publicadora Brasileira, Sano André, 321.

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88 CCaappííttuulloo II -- EElllleenn WWhhiittee ee ooss CCiinnccoo PPoonnttooss ddoo CCaallvviinniissmmoo

Incoerências da doutrina adventista do juízo investigativo:

Estes fatos nos forçam a declarar que dificilmente se encontrará no

chamado mundo cristão doutrina mais confusa e carente de coesão

lógica do que a chamada doutrina do juízo investigativo exposta

pela Sra. White ou a ela atribuída.

Abaixo listamos algumas das contradições adventistas mais

visíveis acerca da doutrina do juízo investigativo:

Ela afirma que todos os que tem seu nome no livro da vida serão

vitoriosos, mas também diz que muitos serão riscados desse livro

e votados à destruição.

Diz que todos os que entram para o serviço de Elohim têm seu

nome escrito no livro da vida, mas diz também que muitos dos

que trabalham para Elohim nunca tiveram seu nome escrito no

livro da vida.

Diz que o nome de uma pessoa é posto no livro da vida quando

ele crê, mas diz também que isso só acontece quando uma pessoa

se torna vencedora.

Isso nos força a concluir que a doutrina do juízo investigativo

adventista se presta praticamente a qualquer tendência religiosa do

cristianismo. A razão disso é que ela não é uma doutrina, é um

amontoado de posições controversas e indefinidas, é uma mistura

de fé e obras, de graça e mérito, de dom e empréstimo, enfim uma

verdadeira colcha de retalhos tão confusa em seus padrões que

adquire uma cor para cada olho que a contempla.

Calvinistas adventistas encontrarão base para a posição de que

aqueles cujos nomes foram escritos no livro da vida nunca serão

rejeitados e serão infalivelmente salvos.

Já os remonstrenses poderão afirmar que ter o nome escrito

no livro da vida do Cordeiro não dá garantia de vida eterna a

ninguém a menos que essa pessoa permaneça assim até o fim, e

sempre haverá dúvida sobre a salvação já que alguém pode não ter

tido tempo ou ter sido seduzido por Satanás a não confessar seus

últimos pecados e nesse caso ficará sem perdão e será destruído.

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89 CCaappííttuulloo II -- EElllleenn WWhhiittee ee ooss CCiinnccoo PPoonnttooss ddoo CCaallvviinniissmmoo

Uma doutrina que anula cada atributo de Elohim:

Diferentemente destas teses confusas e desconexas produzidas por

autores sem a direção do Espírito e sem compromisso algum com a

coerência, Yeshua produziu uma bela doutrina de perseverança dos

santos que se choca frontalmente com a idéia de um Elohim confuso

que parece não saber o que está fazendo. De fato a conclusão de

que o Senhor escreve no livro da vida o nome daqueles que

finalmente serão votados à morte, simplesmente para apagá-los

depois depõe contra cada atributo de Elohim.

A onisciência – Se Elohim sabe todas as coisas não há

motivo para que Ele salve, justifique e escreva no livro

da vida o nome daqueles que ele sabe que não se

salvarão.

A Onipotência – Se Elohim é onipotente e tem poder

para guardar seu povo de tropeços, não faz sentido

que ele permita que Satanás seduza e arraste alguns

deles para a perdição.

A imutabilidade – Se Elohim é imutável não faz sentido

que ele justifique e salve alguém hoje e o condene e

destrua amanhã.

A justiça: Se Elohim é justo e condenou pecado do

crente na pessoa de Yeshua, não faz sentido que ele

decida condenar aqueles sobre os quais decidiu não

imputar pecado.

A graça – Se Elohim salva somente pela graça não faz

sentido riscar do livro da vida alguém que morreu

antes de poder pedir perdão.

A longanimidade – Se Elohim é longânimo para com

seu povo, então não faz sentido que ele permita que

alguém que eles já justificou morra a morte do ímpio.

A misericórdia – Se as misericórdias de Elohim são a

causa de não sermos consumidos, não faz sentido que

essa misericórdia nos falte porque nos esquecemos de

confesar um pecado quando no Gólgota o Filho disse:

“Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem.”

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90 CCaappííttuulloo II -- EElllleenn WWhhiittee ee ooss CCiinnccoo PPoonnttooss ddoo CCaallvviinniissmmoo

A doutrina da perseverança dos santos faz parte da mensagem

de nosso Adon Yeshua. Ele mesmo diz: “O que vencer será vestido de

vestes brancas, e de maneira nenhuma riscarei o seu nome do livro da

vida.” (Apocalipse 3:5) A ruach ha kodesh falou a Seu povo:

“Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em

Yeshua Ha Maschiach.” (Romanos 8:1). Rejeitamos qualquer espírito

que proclame a possibilidade, ainda que mais remota de um salvo

vir a perder-se ou de um justificado vir a ser condenado. “Porque

todo o que é nascido de Elohim vence o mundo; e esta é a vitória que

vence o mundo, a nossa fé.” (1 Yochana/Jo 5:4). Não existe hipótese

de que os que nasceram de Elohim sejam derrotados. É certo que,

enquanto nesse mundo, teremos lutas para travar, mas “em todas

estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos

amou.” (Romanos 8:37).

O valor de ter o nome no livro da vida: A compreensão

acerca da importância de nosso nome estar no livro da vida se

estabelece por contraste. Se por um lado devemos alegrar-nos não

por que os demônios nos obedecem, mas porque nosso nome

esteja no livro da vida, pois isso é nossa única garantia de vitória,

por outro lado a submissão à besta por parte daqueles cujos nomes

não estão no livro da vida do Cordeiro é certa. O vidente de Patmos

fala do poder da besta e diz que “adoraram-na todos os que habitam

sobre a terra, esses cujos nomes não estão escritos no livro da vida do

Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo.” (Apocalipse

13:8). É lamentável que os editores adventistas não manifestem a

mínima preocupação em filtrar de seus livros as contradições que

expõem a falta de harmonia nos escritos atribuídos a sua principal

fonte literária, a Sra. White, o que certamente não contribui para que

sua obra seja vista como coerente. Eles tanto deixam passar uma

frase que diz que “ninguém tem por que perder-se,” porque “todos

foram redimidos,”157 como uma que declara algo totalmente oposto,

a saber, que os que se perderão são justamente aqueles que não

foram determinados para a vida: “A grande questão que está tão

próxima eliminará aqueles a quem Deus não designou....”158

157 Ellen White, Comentário Bíblico Adventista Del Séptimo Dia, Buenos Ayres, 1994, Tom 7ª pág. 385

158 Ellen White, Eventos Finais, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, 1994, pág. 155,

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91 CCaappííttuulloo II -- EElllleenn WWhhiittee ee ooss CCiinnccoo PPoonnttooss ddoo CCaallvviinniissmmoo

As Escrituras declaram que quando a besta se levantar “os que

habitam na terra (cujos nomes não estão escritos no livro da vida,

desde a fundação do mundo) se admirarão, vendo a besta que era e já

não é, mas que virá.” (Apocalipse 17:8). As decisões de Elohim com

relação a salvação dos homens foram tomadas na eternidade, são

fixas e inalteráveis. No final o Rei dirá “aos que estiverem à sua

direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que

vos está preparado desde a fundação do mundo.” (Matytyahú/MT

25:34).

Aqueles dentre o adventismo que professam uma fé calvinista

lembram que sua escritora não só falou que Elohim eliminaria

aqueles que Ele não designou como também que acrescentaria à

kehilah aqueles judeus que foram antecipadamente designados para

a salvação.

“Haverá muitos conversos entre os judeus, e esses conversos

ajudarão a preparar o caminho do Senhor, e fazer no deserto caminho

direito para o nosso Deus... Nascerá uma nação em um dia. Como? Por

homens que Deus designou se converterem à verdade.”159

Trata-se de uma nota claramente harmoniosa com a Palavra,

pois mostra que Elohim não vai simplesmente encher o vagão da

salvação destinado aos judeus com qualquer israelita, mas com uma

nação de homens designados para abraçarem a verdade.

Shaul fez questão de informar a kehilah que ela precisava ter

em mente um fato, o endurecimento de Israel contra Elohim tinha

um propósito definido, a salvação dos gentios e era limitada até ao

tempo da restauração de todas as coisas.

“Porque não quero, irmãos, que ignoreis este segredo (para que

não presumais de vós mesmos): que o endurecimento veio em parte

sobre Israel, até que a plenitude dos gentios haja entrado. E assim

todo o Israel será salvo, como está escrito: De Sião virá o Libertador, E

desviará de Jacó as impiedades.” (Romanos 11:25-26)

159 Ellen White, Evangelismo, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1978, pág. 579.

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Descrevendo as cenas do juízo final, quando a vasta multidão

de justos e ímpios se congregarem diante de Elohim e de seu trono,

o apóstolo Yochana/Jo viu que “aquele que não foi achado escrito no

livro da vida foi lançado no lago de fogo.” (Apocalipse 20:15). O reino

de Elohim foi preparado para os herdeiros da vida eterna. Na cidade

santa “não entrará nela coisa alguma que contamine, e cometa

abominação e mentira; mas só os que estão inscritos no livro da vida

do Cordeiro.” (Apocalipse 21:27).

Do farolete para o farol: Que pode fazer o adventista amante

da verdade e da coerência? Voltar-se para a doutrina do Salvador

abandonando faroletes cuja luz difusa em todas as direções mais

atrapalham do que ajudam a caminhada cristã. É fato corrente entre

os adventistas que a Sra. White declarou sua obra, pomposamente

chamava de Testemunhos do Espírito de Profecia, uma luz menor

para guiar a Bíblia como a luz maior. Se entendo bem a ilustração

posso comparar a necessidade de seus livros à necessidade de uma

lanterna de pilhas na mão de um homem que se encontra do lado

oposto de uma montanha onde está localizado um farol. Enquanto

ele está subindo a montanha sua lanterna pode ser útil para evitar

um desastre na noite escura como breu, mas uma vez descendo o

outro lado, quando os raios brilhantes de um holofote já incidem

sobre seu caminho o manter a lanterna acesa seria um capricho

desnecessário.

É isso o que os adventistas deveriam entender. Jamais uma

lanterna pode iluminar um farol, e uma pessoa sensata apagará a

lanterna diante do brilho do mesmo. O problema da maioria deles,

especialmente os da plebe, já que os clérigos à muito decidiram

estabelecer sua própria teologia desvinculada das proibições e

permissões simultâneas e das afirmações e negações dos mesmos

fatos.

FIM