nutriçãoº-8.pdfo saudável desenvolvimento do seu bebé. É uma questão de estatística, não...

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#08 Nº8 maio 2014 | Quadrimestral | Distribuição Gratuita ESTAR GRÁVIDA NO VERÃO Conselhos úteis para dias de calor COMO CONCILIAR FAMÍLIA E TRABALHO NASCIMENTO DE UMA MÃE E DE UM PAI DIREITOS DOS PAIS NUTRIÇÃO NA GRAVIDEZ Necessidades específicas nos nove meses

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#08Nº8 maio 2014 | Quadrimestral | Distribuição Gratuita

Estar Grávida no VerãoConselhos úteis para dias de calor

como conciliarfamília etrabalho

nascimEnto de uma mãe e de um pai

dirEitos dos pais

nutrição

na graVidez Necessidades específicas nos nove meses

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editorial

Os dados, opiniões, e conclusões expressos nesta publicação não refletem necessariamente os pontos de vista de Bial, mas apenas os dos Autores. Bial não se responsabiliza pela atualidade da informação, por quaisquer erros, omissões ou imprecisões.

Com a chegada dos dias quentes preparamos uma edição especial para os futuros pais que esperam a chegada do elemento mais novo da família. Convidámos a Dra. Marcela Forjaz para nos falar sobre a importância da alimen-tação durante a gravidez. Neste artigo poderá encontrar alguns conselhos práticos sobre como manter uma dieta equilibrada e polifracionada. Não se esqueça ainda de insistir no consumo de bastantes líquidos, sobretudo nos dias quentes. Durante o verão e com o aumento da temperatura muito dos desconfortos asso-ciados com a gravidez podem agravar-se. Por isso, nesta edição encontra algumas sugestões para a ajudar a aproveitar o verão na sua plenitude. O nascimento de um filho traz uma perspetiva nova às nossas vidas, pois com o nascimento de uma criança, nasce também uma nova mãe e um novo pai. Quando a rotina diária começa a girar em torno do novo elemento nem sempre é fácil harmo-nizar todos os aspetos da nossa vida. Foi nesta perspetiva que preparamos um artigo especial para a ajudar a conciliar a sua vida familiar e profissional. Esperamos que goste e aproveitamos ainda para felicitar os pais neste momento tão especial que estão a viver.

Dra. Anabela Serranito Gestora Médica BIAL

A alimentação na gravidez

Grávida no verão

A hipertensão na gravidez

Direitos dos futuros pais

Conciliar a vida pessoal e profissional

Nove meses para nascer uma mãe e um pai

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índice

PROPRIEDADE GRUPO BIALEDITOR GOODY S.A. • Sede Social Avenida Infante D. Henrique, Nº 306, Lote 6, R/C – 1950-421 Lisboa - Tel. 218 621 530 • Diretor Geral António Nunes • Assessor da Direção Geral Fernando Vasconcelos • Diretora de Publicações de Saúde Violante Assude - E-mail [email protected] • Redação Iolanda Veríssimo, Margarida Marques e Sofia Patrício • Fotografia Dreamstime • Design Gráfico Sofia Marques • Paginação Cláudia Correia • Coordenador de Produção Externa António Galveia • Coordenador de Produção Interna Paulo Oliveira • Tiragem 15.000 exemplares • Pré-Impressão e Impressão Multitema

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A alimentação na gravidezSaiba quais as necessidades alimentares específicas durante a gravidez e quais os principais cuidados para o aporte nutricional adequado ao feto.

ra quase inevitável abordar este tema referin-do o velho cliché de que na gravidez não é de todo necessário “comer por dois”. Substituindo este por um outro – “dividir para reinar” – ficamos muito próximos do que é a chave para uma alimentação correta na gravidez, a dieta polifracionada, faltando apenas a escolha sábia de alimentos, de forma a ga-rantir o aporte de nutrientes adequado à grávida e por consequência ao feto. Assim, há conceitos base que têm de estar presentes quando a grávida plani-fica as suas refeições.

dieta polifracionadaEm primeiro lugar o que referimos como dieta po-lifracionada. A grávida deve ingerir entre seis a sete refeições por dia, reduzindo a importância das re-feições ditas principais. É o tal “dividir para reinar”. A divisão é fácil de perceber... mas reinar o quê? Reinar e controlar o aumento de peso, os aumentos súbitos e fugazes da concentração de açúcar no san-gue, o risco de diabetes, de hipertensão, de bebés

grandes demais para a idade gestacional, o risco de virem eles próprios a ter diabetes, reinar sobre a sua condição física e fatores de risco para a saúde do bebé. Entre as várias desvantagens de um aumento disparatado do peso, a estética é, na verdade, a de menor importância.

diversificar a alimentaçãoO segundo conceito base, é diversificar a alimen-tação. Mesmo que não perceba coisa nenhuma de nutrição, quanto mais diversificar mais probabi-lidades a grávida tem de “acertar” em nutrientes necessários ou mesmo fundamentais para si e para o saudável desenvolvimento do seu bebé. É uma questão de estatística, não falha!

ter um prato coloridoO terceiro conceito base será, para aumentar essa probabilidade, ter em mente que alimentos de co-res diferentes serão provavelmente ricos em diversos nutrientes.

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// alimentação na gravidez

garantir uma boa hidratação O quarto e último conceito base, mas de todo não menos importante, será garantir uma boa hidrata-ção, ou seja, ingerir líquidos em quantidade sig-nificativa. Esta medida simples tenderá a ajudar a controlar uma série de parâmetros, que vão desde a óbvia ação sobre os rins, forçando-os a funcionar e dessa forma a eliminar também líquidos que de outra forma acumularia, até à contribuição para um trânsito intestinal regular e mesmo ao controlo das contrações antes do tempo... Um músculo bem hidratado é um músculo relaxado, e o útero é maio-ritariamente composto por músculo; desta forma, uma primeira medida para controlar um aumento da atividade contráctil é a hidratação forçada.

o que ingerir e em que proporçõesAssentes estes princípios, a grávida deve ainda ana-lisar os grupos alimentares de forma a decidir o que ingerir e em que proporções. Insisto, no entanto, que se seguir o conceito de que o prato deverá es-

tar colorido, para ter representadas várias cores no seu prato será impossível enchê-lo, por exemplo, de batatas fritas... e só este conceito permitir-lhe-á proteger-se dos desvarios tradicionalmente associa-dos aos “desejos” da grávida.

pirâmide alimentarA representação gráfica de uma alimentação saudá-vel pode fazer-se pela conhecida pirâmide alimen-tar, que representa os vários grupos de alimentos na proporção em que devem ser ingeridos. A sua base será representada pelos cereais (melhor ainda se integrais), gorduras saudáveis e fruta e legumes.

cereais na sua forma integralOs cereais integrais não só são ricos em ácido fóli-co, como fornecem fibras facilitadoras do trânsito intestinal e são ainda a melhor fonte de hidratos de carbono essenciais para o fornecimento de energia para o nosso organismo. Basta referir que as células do sistema nervoso central só utilizam como fonte

«o iodo deve, à semelhança do ácido fólico, ser iniciado antes da gravidez já que a sua falta pode condicionar o desenvolvimento e desempenho intelectual da criança. .»Dra. Marcela Forjaz, Médica

Ginecologista-Obstetra

em cima A alimentação saudável deve ser representada por vários grupos de alimentos na proporção adequada.

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de energia os hidratos de carbono; energias alter-nativas é coisa que desconhecem! O facto de serem integrais torna mais lenta a sua digestão prevenindo as oscilações da glicemia e deixando a grávida sacia-da por mais tempo. Não será necessário o funda-mentalismo de ingerir cereais apenas na sua forma integral, mas é perfeitamente exequível substituir metade da ração diária de cereais comuns por inte-grais, como por exemplo trocar uns cereais matinais cheios de chocolate e açúcares de absorção rápida (como a glicose, o açúcar comum) por cereais inte-grais ou por pão integral e um dos acompanhamen-tos de uma das principais refeições (arroz ou massa) passar a ser também integral.

gorduras saudÁveisFalamos de gorduras saudáveis e franzimos o sobro-lho. Associar as palavras gordura e saudável parece um contrassenso. E que tal abolir gorduras? Nada disso. Até estas são necessárias, nomeadamente para a absorção de um grupo de vitaminas, chamadas lipossolúveis (vitaminas A, D, E e K). Opta-se as-sim pelas gorduras monoinsaturadas como o azeite e as polinsaturadas provenientes de óleos vegetais (milho, girassol, soja e amendoim) e do peixe, que são benéficas para o equilíbrio entre o chamado co-lesterol “bom” e o “mau”, desde que consumidas

com moderação. Outras fontes de gorduras insa-turadas são as nozes, abacate e peixes gordos como o salmão, sardinha, cavala e atum. Entre os ácidos gordos fornecidos por estes alimentos encontram--se os ómega 3, importantes para a formação do cérebro, nervos, retina e restantes órgãos sensoriais e ainda com um papel importante na memória e concentração. Percebe-se a preocupação em incluir gorduras saudáveis no regime alimentar da grávida. Em oposição, podemos recomendar a erradicação das gorduras trans da dieta da grávida; estas são obtidas por hidrogenação das gorduras insaturadas, transformando óleos vegetais em gorduras sólidas, alterado as suas propriedades químicas. Favorecem a acumulação do colesterol mau sendo prejudiciais para o organismo.

legumes e frutaOs legumes e fruta são uma fonte diversificada de fibras, vitaminas e sais minerais, mas também de açúcar (frutose). Moderação na sua ingestão é o se-gredo para o equilíbrio, não devendo ser ultrapassa-das as duas (no máximo três) peças de fruta por dia, o que se torna difícil conseguir de algumas grávidas, entusiasmadas pela ação preventiva de várias doen-ças. A laranja, os morangos e os legumes são fonte significativa de ácido fólico.

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A grávida deve ingerir entre seis a sete refeições por dia.

quanto mais diversificada a alimentação, mais probabilidades tem de obter os nutrientes adequados.

se tiver um prato bem colorido, provavelmente aumentará a diversidade de nutrientes à refeição.

deve garantir uma boa hidratação, ou seja, ingerir líquidos em quantidade significativa.

«há conceitos base que têm de estar presentes quando a grávida planifica as suas refeições.»Dra. Marcela Forjaz, Médica

Ginecologista-Obstetra

em baiXo Sendo as proteínas parte fundamental de uma dieta, sublinha-se a importância da escolha de proteínas saudáveis, ou seja, as que estão associadas a gorduras saudáveis (como o peixe).

proteÍnasNo patamar seguinte da pirâmide alimentar encontramos dois grupos de alimentos: um, das castanhas, nozes, amêndoas, amendoins, feijão, grão, lentilhas e tofu... ou seja, as pro-teínas vegetais e outro, carne, peixe e ovos, o das proteínas animais. As aves, ovos, sardi-nha e os frutos secos são excelentes fontes de ferro. Sendo as proteínas parte fundamental de uma dieta, sublinha-se a importância da escolha de proteínas saudáveis, ou seja, as que estão associadas a gorduras saudáveis (como o peixe), ou menor quantidade de gorduras saturadas (como o frango e o peru). O ovo, embora contendo níveis relativamente altos de colesterol, é uma boa fonte de proteínas.

leite e derivadosTerceiro patamar da Pirâmide: leite e deri-vados. Este já corresponde ao patamar de alimentos a consumir com moderação, prin-cipalmente pela gordura saturada contida nestes alimentos. O leite é uma fonte pre-ciosa de cálcio e também de proteínas, zinco, vitaminas A, B12 e D. O queijo, o iogurte, os vegetais de cor verde-escura são também importantes fontes de cálcio e, não sendo o

leite afinal o alimento perfeito pelo seu teor em gorduras saturadas, terá que recorrer a truques para mesmo assim garantir uma in-gestão equilibrada. Assim, se optar pelo leite magro ou pelo meio gordo, terá exatamen-te as mesmas proteínas e cálcio que o leite “inteiro”, mas menos gordura. Se num dia a grávida ingerir 2 copos de leite meio-gordo, 1 iogurte magro natural e 30 g de queijo fla-mengo, disponibilizará 1000 mg de cálcio ao seu organismo, o que supre as suas necessida-des diárias deste mineral.

evitar as carnes vermelhasFinalmente chegamos ao topo da Pirâmi-de, onde estão representados os alimentos a evitar. O primeiro grupo é constituído pelas carnes vermelhas e manteiga. O consumo fre-quente de carne vermelha está associado a um aumento de risco de cancro do cólon e, se esse hábito for trocado pelo de ingerir peixe, fran-go, feijão, tofu, o impacto sobre o colesterol será notável. A porção de carne vermelha que pode consumir numa refeição não deve ultra-passar as 85 g. A carne é rica em proteínas, ferro e vitamina B12, é-o também em gordu-ras saturadas, mesmo depois de lhe retirada a

// alimentação na gravidez

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gordura visível. A manteiga é rica em colesterol e gorduras saturadas, sendo constituída por 80-82% de gordura e 18-20% de corpos lácteos.

evitar produtos refinadosO segundo grupo do topo da Pirâmide é represen-tado pela batata, arroz e massa brancos, farinhas refinadas, pão branco, bebidas açucaradas, doces, açúcar e sal. A farinha refinada é destituída de todas as suas fibras e vitaminas originais. A batata está in-cluída neste grupo porque, tal como os outros ele-mentos, é digerida rapidamente tendo um índice glicémico elevado, ou seja, uma subida rápida da glicemia, com consequente subida da insulina.

nutrientes essenciais à grÁvidaFeita esta síntese de princípios, e acredite que por si suficientes para ter uma alimentação adequada, podemos aprofundar quais os nutrientes funda-mentais e onde ir buscá-los sem recorrer a uma far-mácia, exceção feita ao ácido fólico (vitamina B9), cujo aporte alimentar é insuficiente para a grávida.

Ácido fÓlicoAlimentos ricos em folatos são os vegetais verdes, a laranja, o ovo, os produtos lácteos fermentados e

os cereais e feijão. Deve iniciar-se este suplemento ainda na fase preconcecional.

ferroNas primeiras vinte semanas de gravidez as necessi-dades de ferro são pequenas e não há, habitualmen-te, indicação médica para se suplementar a grávida com ferro. Além disso, no primeiro trimestre o fer-ro pode ser responsável pelo agravamento de náuse-as e vómitos. Por outro lado, a mulher, não mens-truando, também reduz as suas perdas de ferro. Porém, na segunda metade da gravidez assiste-se a um aumento da quantidade de glóbulos vermelhos maternos (cerca de 450 ml) e, para o fabrico destes é necessário ferro. Nesta fase, os depósitos maternos e o ferro obtido nos alimentos são insuficientes.

iodoO iodo deve, à semelhança do ácido fólico, ser iniciado antes da gravidez já que a sua falta pode condicionar o desenvolvimento e desempenho intelectual da criança. Na dieta, poderá encontrar iodo em produtos do mar (peixe, marisco, bivalves, algas…), alguns produtos hortícolas (dependendo do teor do solo em iodo e por isso da localização ge-ográfica) e no leite, não só pelo enriquecimento em

«a porção de carne vermelha que pode consumir numa refeição não deve ultrapassar as 85 g.»Dra. Marcela Forjaz, Médica

Ginecologista-Obstetra

«outras fontes de gorduras insaturadas são as nozes, abacate e peixes gordos como o salmão, sardinha, cavala e atum.»Dra. Marcela Forjaz, Médica Ginecologista-Obstetra

SaibaRecorra a truques para controlar a fome no dia a dia:

Respeite os intervalos curtos entre as refeições.Se tiver muita fome, enquanto cozinha, petisque umas quatro nozes ou amendoins (ricos em ómega 3). Dica: coloque-as num prato, para evitar ter o pacote aberto perto de si e comer mais do que a conta.

mais

em cima Tenha em mente que alimentos de cores diferentes serão provavelmente ricos em diversos nutrientes.

iodo das rações mas porque a desinfecção an-tes da ordenha se faz com produtos iodados, que são parcialmente absorvidos. Porém, está à vista que poderá não bastar o aporte de iodo fornecido pela dieta para se conseguir níveis suficientes para um desenvolvimento ótimo do bebé. O rim é um filtro que excreta as substâncias que podem ser tóxicas ou que não nos fazem falta, mas na grávida comporta-se como um filtro menos perfeito, como um passador com a rede um pouco mais larga, e deixa passar substâncias que afinal até fazem alguma falta. O iodo é uma dessas substân-cias, estando as perdas renais aumentadas na gravidez.

cÁlcioAs necessidades de cálcio permanecem inal-teradas esteja grávida ou não. A quantidade de cálcio depositado no feto e sobretudo nas fases mais avançadas da gravidez repre-senta 2,5% do cálcio materno total, que se encontra no osso e é mobilizado facilmente para o crescimento fetal. Se a dieta mater-na já contemplava as necessidades de cálcio (ou seja, 1200 mg/dia), não há com que se

preocupar. Um litro de leite de vaca fornece cerca de 1000 mg por dia e hoje em dia há uma infinidade de oferta de produtos lácteos. Além disso, também o cálcio, na gravidez, vê a sua absorção facilitada pelo intestino mater-no. Como se a grávida otimizasse o processo de absorção dos nutrientes de que necessita, o que é um mecanismo sábio. Desta forma, só será necessário suplementar com cálcio as grávidas que não ingiram qualquer produto lácteo, eventualmente até por não tolerarem e que também não consigam substituir por de-rivados da soja enriquecidos (leites e iogurtes enriquecidos).

outros suplementos O magnésio é outro mineral prescrito com frequência, com ação no controlo da ativida-de muscular, como as cãibras e as contrações.

Não há indicação para suplementar as grá-vidas com flúor.

Finalmente, nas grávidas que não têm uma alimentação que inclua carne surge a neces-sidade de suplementar com vitamina B12.

Dra. Marcela Forjaz, Ginecologista Obstetra

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// alimentação na gravidez

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9meses // estar grávida no verão

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Estar grávida no verãoSaiba como estar confortável durante o tempo de calor e quais os cuidados a ter para desfrutar do verão em segurança.

m dos grandes desafios para a grávida no verão é proteger-se do sol e do calor, ao mesmo tempo que lida com os sintomas habituais da gravidez.

lidar com os enjoosEspecialmente no primeiro trimestre de gravidez, é natural que os enjoos a perturbem e que o calor pare-ça piorar a situação. Para atenuar o problema, faça re-feições ligeiras durante o dia, em intervalos frequen-tes, e opte por ficar em casa nas horas de maior calor.

aliviar os edemasPara prevenir ou aliviar o desconforto de edemas ou inchaços nas mãos, nos pés e tornozelos durante a gravidez, deve beber bastantes líquidos, descansar vá-rias vezes ao longo do dia, se possível, com as pernas levantadas, e evitar permanecer demasiado tempo de pé ou sentada.

manchas na peleAs manchas cutâneas provocadas pelas alterações hor-monais características da gravidez podem ser agrava-das pela exposição solar. Por isso, a grávida deve usar um protetor solar adequado para a sua pele, resistente à água, para além de evitar sair nas horas mais quen-tes, entre as 11 da manhã e as 5 da tarde.

O consumo de produtos que contenham vitamina C, como laranjas ou brócolos, também pode ajudar a controlar a produção de melanina, a proteína pro-duzida pelos melanócitos, células responsáveis pela pigmentação da pele.

sol na gravidezOs banhos de sol durante a gravidez não são proibi-dos. No entanto, é importante garantir alguns cuida-dos. A exposição aos raios ultravioleta A (UVA) e B (UVB) prejudica a saúde de todas as pessoas, mas es-

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pecialmente da grávida, cuja pele fica mais sensível perante a multiplicidade de alterações hormonais durante o período de gestação.

A exposição excessiva aos raios ultravioleta pode conduzir à desidratação e contribuir para a dimi-nuição dos níveis de ácido fólico no organismo, vitamina essencial para o desenvolvimento sau-dável do bebé. Além do uso de protetor solar, é importante utilizar chapéu e óculos de sol.

iodo na água do mar: mito ou verdade?A água do mar contém minerais como o iodo. Contudo, o facto de tomar banho na praia não substitui a necessidade de suplementação deste mineral durante a gravidez.

vestir-se para o verão O uso de roupas claras e leves e a opção por sa-patos abertos e frescos pode fazer a diferença em

termos de conforto. Escolha roupas práticas e pri-vilegie as peças de linho e algodão. Lembre-se que durante a gravidez é natural ter mais vontade de ir à casa de banho, pelo que o uso de roupa que se vista e dispa facilmente pode tornar este aspeto mais simples. Os vestidos e saias são escolhas inte-ligentes e combinam bem com a estação.

medidas de segurança em viagemSe estiver a pensar viajar durante o verão, escolha um destino onde possa descansar e relaxar. Estar grávida não deve ser um impedimento para viajar, mas é preferível planear um itinerário menos pre-enchido do que aqueles em que tenta visitar todas as atrações turísticas de uma cidade.

Durante a gravidez poderá viajar em qualquer meio de transporte, desde que assegure cuidados como a utilização do cinto de segurança, e reserve tempo para descansar, ir à casa de banho e comer com frequência.

«a exposição excessiva aos raios ultravioleta pode conduzir à desidratação e contribuir para a diminuição dos níveis de ácido fólico no organismo.»

«a água do mar contém minerais como o iodo. contudo, o facto de tomar banho na praia não substitui a necessidade de suplementação deste mineral durante a gravidez.»

6Pratique atividade física ao ar livre de manhã cedo ou ao anoitecer, quando o sol não está tão forte e as temperaturas estão mais amenas.

Fique em casa nas horas de maior calor e aproveite para descansar num ambiente fresco.

Privilegie as roupas claras e leves.

Tire proveito da fruta e legumes da época, e leve uma garrafa de água consigo, para onde quer que vá.

Aplique protetor solar de largo espetro e à prova de água antes de sair de casa. Use um chapéu de abas largas e uns óculos de sol adequados.

À noite, tenha sempre uma toalha molhada na mesa-de-cabeceira, para poder colocar na testa caso sinta muito calor.

em cima Privilegie o uso de roupas confortáveis, leves e claras.

o que levar consigo, quando viajaEm viagem, garanta que leva consigo a me-dicação e os suplementos que estiver a to-mar, o Boletim de Saúde da Grávida, e todos os contactos que podem ser úteis em caso de urgência.

faça exercício ao ar livreEstar grávida na estação quente oferece di-versos aspetos positivos. Este é um período especialmente apetecível para praticar ativi-dade física fora de casa, por exemplo, permi-tindo-lhe nadar, passear na praia e toda uma série de outras atividades ao ar livre.

ingira alimentos frescosDo mesmo modo, a abundância de fruta e vegetais frescos da época permite-lhe bene-ficiar de uma série de vitaminas e nutrientes

essenciais para o desenvolvimento saudável do bebé.

descanse e relaxeO verão é também sinónimo de férias e estar grávida nesta altura pode significar ter mais tempo para relaxar, afastar-se do stresse do trabalho ou ir ao cinema com o seu com-panheiro.

outros truquesEm casa, mantenha um ambiente fresco. À noite, tenha sempre uma toalha molhada na mesa-de-cabeceira, para poder colocar na testa caso sinta muito calor.

Iolanda Veríssimo, Jornalista

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// estar grávida no verão

ideiaschave

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9meses // a hipertensão na gravidez

14 15maio 2014

A hipertensão na gravidezA tensão alta durante a gravidez não tem de ser sinónimo de complicações, mas deve ser alvo de especial cuidado. Saiba como prevenir problemas.

ma grávida é considerada hipertensa quando a sua tensão sistólica (máxima) é igual ou superior a 140 mmHg e a diastólica (mínima) igual ou su-perior a 90 mmHg, em duas medições diferentes, separadas por um período de seis horas.

Quer tenha sido desenvolvida antes da gravidez (hipertensão crónica) ou induzida pela gestação, a hipertensão exige cuidados especiais, mas não tem de implicar o aparecimento de complicações.

O controlo da hipertensão é feito com repouso, uma dieta equilibrada, atividade física e, se neces-sário, medicação apropriada, sempre prescrita e acompanhada pelo médico assistente, para segu-rança da grávida.

Impactos da hIpertensãoO coração de uma grávida com hipertensão neces-sita de trabalhar mais para bombear o sangue pelo corpo e fazê-lo chegar aos órgãos vitais. Quando

a tensão arterial está estável, os vasos sanguíneos estão relaxados e permitem a passagem fluída do sangue. Este processo possibilita a oxigenação e nutrição de órgãos importantes como o útero ou a placenta. Quando a tensão arterial aumen-ta, os vasos contraem-se e dificultam a passagem do sangue para estes órgãos, comprometendo o crescimento do feto e aumentando o risco de in-suficiência cardíaca, descolamento da placenta ou pré-eclampsia. controlar a tensão arterIalQuando a hipertensão é anterior à gravidez, é natural que a grávida já esteja medicada para o problema. Neste caso, é importante informar o médico assistente da situação, para que este pos-sa adaptar o tratamento e garantir a segurança da mãe e do bebé.

Nos casos em que a hipertensão é induzida pela

U gravidez, as precauções mais importantes para prevenir complicações são o descanso e a ma-nutenção de um estilo de vida saudável.

VIgIar a hIpertensãoA realização de check-ups pré-natais de forma regular é crucial para monitorizar as condições de saúde da grávida e assegurar que o bebé está a desenvolver-se bem. É também importante medir a tensão com frequência.

manter-se atIVaA prática de atividade física diária, como ca-minhar ou nadar, pode ajudar a combater a hipertensão. No entanto, deve aconselhar--se com o seu médico assistente em relação a este tema, pois no caso de haver sinais de pré-eclampsia, a recomendação é o repouso absoluto.

segUIr Uma dIeta eqUIlIbradaA opção por uma dieta saudável e o controlo da quantidade de sal nas refeições pode dimi-nuir a tensão arterial. É importante ainda que monitorize regularmente o seu peso e cumpra a toma dos suplementos pré-natais.

elImIne eVentUaIs VícIosEvite fumar, beber álcool, e não tome qualquer medicação antes de consultar o seu médico.

Eliminar os vícios não só ajuda a prevenir problemas de hipertensão, como aumenta as hipóteses de ter uma gravidez saudável e de o bebé nascer bem.

Iolanda Veríssimo, Jornalista

«o controlo da hipertensão é feito sobretudo com repouso, uma dieta equilibrada e a prática de exercício físico.»

Medir a tensão arterial regularmente ajuda a prevenir complicações.

a prática de atividades como nadar ou caminhar contribui para manter os níveis controlados.

Uma dieta equilibrada e a redução da quantidade de sal nas refeições permite combater a hipertensão.

3ideiaschave

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em cIma Para prevenir a hipertensão, é essencial adotar uma dieta saudável e monitorizar regularmente o peso.

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9meses // Direitos dos futuros pais

16 17maio 2014

Conheça o que diz a lei sobre os direitos da mãe e do pai durante a gravidez e a seguir ao bebé nascer.

Direitos dos

futuros pais

maternidade e a paternidade constituem valores fundamentais. Por isso, as mães e os pais trabalhadores devem estar bem informados e esclarecidos sobre a proteção da parentalidade. Um dos primeiros passos é terem conhecimento de quais as modalidades de licença parental que podem usufruir.

LICENÇA PARENTAL INICIALA mãe e o pai trabalhadores têm direito, por nascimento de filho, a licença parental inicial de 120 ou 150 dias consecutivos, que podem partilhar após o parto.No caso de os pais optarem por partilhar a licença parental inicial e cada um goze, em exclusivo, isto é, sem ser ao mesmo tempo, um período de 30 dias consecutivos ou dois períodos de 15 dias consecutivos após as seis semanas obrigatórias da mãe, o período de licença de 120 ou 150 dias e respetivo subsídio, consoante a opção, é acrescido de 30 dias.A licença de 120 dias fica assim com a duração de 150 dias e a de 150 dias com a duração de 180 dias. Este acréscimo de 30 dias pode ser gozado apenas por um dos pais ou partilhado por ambos.Nada impede que a partilha possa ser efetuada do seguinte modo: a mãe goza o período inicial normal da licença (120 ou 150 dias) e o pai goza imediatamente a seguir os 30 dias de acréscimo.No caso de nascimentos múltiplos, o período de licença é acrescido de 30 dias por cada gémeo além do primeiro.

LICENÇA PARENTAL EXCLUSIVA DA MÃEA mãe pode gozar até 30 dias da licença parental inicial antes do parto.É obrigatório o gozo, por parte da mãe, de seis semanas de licença a seguir ao parto.

LICENÇA PARENTAL EXCLUSIVA DO PAIÉ obrigatório o gozo pelo pai de uma licença parental de 10 dias úteis, seguidos ou interpolados, nos 30 dias seguintes ao nascimento do filho, cinco dos quais gozados de modo consecutivo imediatamente a seguir a este.

A

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9meses // Direitos dos futuros pais

18 19maio 2014

Após o gozo da licença, o pai tem ainda di-reito a 10 dias úteis de licença, seguidos ou interpolados, desde que gozados em simul-tâneo com o gozo da licença parental inicial por parte da mãe.No caso de nascimentos múltiplos, à licença prevista acrescem dois dias por cada gémeo além do primeiro.

LICENÇA PARENTAL INICIAL A gO-zAR PELO PAI POR IMPOSSIbILIDADE DA MÃE

O pai ou a mãe tem direito a licença nos ca-sos seguintes: incapacidade física ou psíquica do progenitor que estiver a gozar a licença, enquanto esta se mantiver; morte do proge-nitor que estiver a gozar a licença.

DIREITO AOS SUbSíDIOS PARENTAISO subsídio parental é um valor em dinheiro que é pago ao pai ou mãe que estão de licença por nascimento de filho e destina-se a substituir os rendimentos de trabalho perdidos durante

o período de licença, conforme a opção dos pais. Relativamente aos valores, os pais podem calcular antecipadamente quais os valores que vão receber enquanto estiverem de licença, de acordo com a opção de licença parental.

Calcula-se através da remuneração de refe-rência, que é a média de todas as remunerações declaradas à Segurança Social pela entidade empregadora nos primeiros seis meses dos úl-timos oito meses (a contar do 2º mês anterior àquele em que começa o impedimento para o trabalho).

AbONO DE fAMíLIA PRé-NATALO abono de família pré-natal é um apoio em dinheiro pago mensalmente às mulheres grávi-das que tenham atingido a 13.ª semana de gra-videz. Este pode ser pedido durante a gravidez a partir da 13ª semana ou após o nascimento da criança durante 6 meses contados a partir do mês seguinte ao do nascimento.

Margarida Marques, Jornalista especializada em Saúde

«As mães e os pais trabalhadores devem estar bem informados e esclarecidos sobre a proteção da parentalidade.»

À ESQUERDA O subsídio parental é um valor em dinheiro que é pago ao pai ou mãe que estão de licença por nascimento de filho.

EM CIMA Os pais podem calcular antecipadamente quais os valores que vão receber enquanto estiverem de licença.

SaibaConheça os seus principais direitos de dispensa no trabalho:

A mãe tem direito a dispensa para consulta pré-natal pelo tempo e número de vezes necessários.

O pai tem o direito a três dispensas do trabalho para acompanhamento a consultas pré-natais.

A mãe que amamenta o filho tem direito a dispensa de trabalho para o efeito, durante o tempo que durar a amamentação.

Os pais têm dispensa no trabalho para assistência a filho.

mais

ContactosPara mais informações consulte um balcão da Segurança Social ou em www.seg-social.pt ou 808 266 266, dias úteis das 8h00 às 20h00.

SUbSíDIOS PARENTAIS

Nas situações em que a remuneração de referência é muito baixa, a lei estabelece um limite mínimo de € 11,18 por dia, igual a 80% de 1/30 do Indexante de Apoios Sociais (IAS). O valor do IAS em 2011 é de € 419,22.

SITUAÇÃO DURAÇÃO DE LICENÇA QUANTO RECEbE

PARENTAL INICIAL120 dias150 dias

100%80%

PARENTAL INICIAL PARTILHADA (desde que, após o gozo

das 6 semanas pela mãe, tanto o pai como a mãe gozem, cada um

e em exclusivo, um período de 30 dias seguidos ou dois períodos

de 15 dias seguidos)

150 dias (120 + 30)180 dias (150 + 30)

100%83%

géMEOS30 dias por cada gémeo,

para além do primeiro100% (qualquer que

seja o período de licença)

PARENTAL INICIAL EXCLUSIVA DO PAI

10 dias úteis obrigatórios10 dias úteis facultativos

100%

maio 2014

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A informação contida no presente artigo não dispensa a consulta da lei.

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9meses

20 21maio 2014 maio 2014

Conheça as principais estratégias no dia a dia para alcançar o equilíbrio adequado entre a vida familiar e a carreira.

Conciliar a vida pessoal e profissional

sociedade mudou muito nos últimos anos. Se há apenas duas gerações era o homem quem tra-balhava para sustentar a casa, enquanto a mulher ficava encarregue de cuidar dos filhos e das tarefas domésticas, hoje esta realidade soa a algo muito longínquo no tempo. Primeiro, porque não é assim tão vulgar quanto isso que apenas um dos elemen-tos da família consiga sustentar uma casa. Depois, porque as diferenças de género se esbateram e as mulheres já têm [porque podem ter] ambições pro-fissionais, sendo que muitas delas ocupam cargos de chefia. Por outro lado, os homens estão mais presentes no seu papel de pai, dividem com a mu-lher as tarefas domésticas e ambos, marido e mu-lher, trabalham a tempo inteiro.

desafios dos casais com filhosSe estas mudanças representam um inegável avanço das sociedades desenvolvidas, a verdade é que tam-bém trazem desafios aos casais com filhos, sendo que a conciliação entre a vida pessoal e profissional

é, provavelmente, o maior deles todos. No entan-to, por mais que haja dias em que este equilíbrio parece ser uma quimera, tal é possível de ser al-cançado.

simplificar tarefas no dia a diaLina é jornalista e mãe de três meninas de 6, 4 e 2 anos. Como se poderá calcular – tanto pelo núme-ro de filhas, como pela (pouca) diferença de idades entre elas – é preciso ter “jogo de cintura” para con-ciliar estes dois mundos. Um jogo traduzido em al-guns truques que, como nos explica, passam muito por simplificar ao máximo uma série de tarefas do dia a dia e por ter um sentido prático. Por exemplo, ajuda recorrer “às compras online e às entregas ao domicílio”, “ter a escola ao pé de casa” ou, no caso de Lina, “viver perto do trabalho”. Não se preo-cupar demasiado com coisas irrelevantes, como “a cama que naquele dia ficou por fazer”, também é importante, o mesmo se podendo dizer da capaci-dade de aceitar que há dias em que há coisas que

A

// Conciliar a vida pessoal e profissional

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9meses

“ficam para trás”, tanto em casa, como no trabalho. Dormir também é uma palavra que vale ouro para Lina! Mas independen-temente de todas as acrobacias que possa fazer para que as suas vidas profissional e pessoal não se atropelem, Lina deixa claro que, para ela, “ser mãe não é um trabalho. É uma relação que tenho com as minhas filhas.”

o seGredo estÁ em dividir tarefas Já Patrícia Fernandes é mãe de um rapaz de 12 anos e de uma rapariga de 8, e ocupa o cargo de diretora de Relações Públicas, Marketing Central e Comunicação da Mi-crosoft Portugal. Apesar da sua função pro-fissional lhe exigir uma grande dedicação e responsabilidade, ela garante que o tão

almejado equilíbrio profissional e pessoal é atingível, “com muita organização, boa vontade e algum malabarismo”. Mas, aci-ma de tudo, defende que esta conciliação é possível graças à cumplicidade que tem com o marido, “onde cada um comple-menta a disponibilidade e indisponibilida-de do outro.”

orGaniZar aGenda semanalMas Patrícia tem mais segredos: “planeio muito bem a minha agenda, tanto a médio e longo prazo, como a curto prazo. Todos os domingos, estudo bem a agenda da se-mana, para verificar as opções chave: os dias em que tenho reuniões cedo e que não me permitem ir levar as crianças à escola, os dias em que tenho reuniões a acabar muito tarde e que não vou poder fazer o jantar, etc. São dias em que tenho de assegurar que alguém faz por mim aquilo que eu não poderei fazer.”

definir prioridades com a famÍliaApesar de profissionalmente ter uma fun-ção de topo, Patrícia dá prioridade à vida pessoal. “É importante priorizar os com-promissos pessoais (…) uma reunião na

no local de trabalho: defina qual é o seu horário. estabeleça limites. Se não for possível, tente negociar com a sua entidade patronal a sua flexibilidade.

não se distraia com situações pessoais durante o seu horário de trabalho e organize as suas tarefas. Deste modo, aumenta a sua autoeficácia e diminui a probabilidade de sobrecarga fora do horário de trabalho .

se não conseguir organizar a sua vida profissional, peça ajuda na sua empresa (recursos humanos).

«são dias em que tenho de assegurar que alguém

faz por mim aquilo que eu não poderei fazer.»

Patrícia, mãe e diretora de Relações Públicas

«ser mãe não é um trabalho. É uma relação

que tenho com as minhas filhas.»

Lina, mãe e jornalista

À direita Conciliar a vida profissional e pessoal é um grande desafio para os casais com filhos.

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// Conciliar a vida pessoal e profissional

o segredo está em reestruturar as rotinas e horários familiares e maximizar os recursos:

Deixe o trabalho fora de casa. Se tal não for possível, crie horários específicos para o fazer.

O casal não deve trabalhar ao mesmo tempo em casa, de modo a permitir que a família continue com as suas rotinas.

Não transporte o stress do trabalho para casa (que é como quem diz, para sua família). Procure criar um momento de separação de ambos os contextos.

Use e abuse das tecnologias, como o telemóvel, as agendas eletrónicas ou o email, de modo a manter-se atualizada relativamente às tarefas familiares e profissionais e, assim, organizar o seu tempo com antecedência.

Maximize a ajuda da sua rede familiar e comunitária. Aproveite a ajuda dos avós, tios, vizinhos e amigos, de forma a maximizar recursos e aproveitar ao máximo todo o tempo no emprego.

Crie momentos de vivência familiar fora da rotina, para que esta não se torne monótona e pouco compensatória.

escola das crianças, uma atividade extra-curricular que se tem de assistir, uma ida ao médico, uma intervenção cirúrgica pla-neada de algum familiar, etc. É importante que o façamos, para garantir que não temos compromissos profissionais a impedir a nos-sa presença nas atividades pessoais.”

tecnoloGias sÃo aliados para as mÃesAs tecnologias também são grandes aliadas desta mãe, que considera muito impor-tante o facto de “poder trabalhar em casa, exatamente da mesma forma que trabalho no escritório”. Neste ponto enaltece a sua empresa, por ter “um sistema de gestão de pessoas assente na meritocracia e na gestão por objetivos e não no número de horas de presença na sua sede.”

O caso de Lina e Patrícia remetem-nos para um estudo de novembro de 2012, in-titulado “Defining Success”*, realizado pela Accenture, que revelou que 56% dos inqui-ridos considerou que na base de uma car-reira bem sucedida, estava a capacidade de conciliar a vida profissional e pessoal, sendo que, neste estudo, este argumento aparecia no topo da lista; acima do vencimento ou do reconhecimento. No mesmo inquérito, 70% dos homens e mulheres ativos, acre-ditavam que era possível sentirem-se reali-zados pessoal e profissionalmente falando.

Adrian Lajtha, chief leadership officer (CLO) da Accenture, defendeu na altura, e no âmbito deste inquérito, que “enquanto os profissionais de hoje lutam para encon-trar o equilíbrio perfeito, as organizações lí-deres encontrarão formas inovadoras de aju-dá-los a desenvolver, crescer e prosperar.»

Sofía Patrício, Jornalista

* Este estudo teve por base um questionário online, respondido por 4.100 executivos de empresas de média a grande dimensão, em 33 países, com um mínimo de 100 partici-pantes de cada país. Estes executivos foram divididos por género e equilibrados por ida-de e por nível nas suas empresas.

Saibamais

6ideiaschave

maio 2014

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9meses // nove meses para nascer uma mãe e um pai

24 25maio 2014 maio 2014

Nove meses para nascer uma mãe e um paiA gravidez é um processo de ajustamento pessoal do homem e da mulher à nova realidade de serem pais, processo esse que implica uma alteração na família e na dinâmica da relação do casal.

gravidez é algo de bom que acontece na vida de ambos os pais, uma espécie de consagração do seu amor ou sonho realizado. O período da gravidez refere-se às aproxi-madamente 40 semanas que permeiam a conceção e o nas-cimento do bebé e reflete toda a história dos pais, anterior ao momento da conceção. É o primeiro tempo dos pais no processo de «tornar-se mãe» e «tornar-se pai».

Durante esse processo, e enquanto o corpo da mãe forma o feto, pai e mãe apoiam-se um ao outro numa remodelação do sentimento de identidade, na construção da vida psíqui-ca do futuro bebé e na criação de uma relação totalmente nova de três pessoas.

Se é verdade que «há tantas maneiras de ser mãe ou pai como pais e mães», conforme defende Jean Bégoin, psicana-lista e membro fundador do grupo de estudos psicanalíticos da criança e do recém-nascido, também é certo que o de-sejo de ter um filho e o desejo de se tornar mãe ou pai são

coisas diferentes. A especialista em Psicologia da Gravidez e da Parentalidade Isabel Leal defende que o desejo de ter um filho é apenas para tirar a prova de uma potencialidade biológica; já o desejo de se tornar mãe ou pai implica um investimento num projeto de filho a longo prazo. «Um filho nasce primeiro na imaginação e nos sonhos dos pais», diz--nos Eduardo Sá, psicólogo e investigador no âmbito do feto e do bebé, que defende que existimos emocionalmente antes de nascermos.

A GRAVIDEZ É UM PROCESSO DE CRESCIMENTO PARA OS PAISFilomena Bayle, psicóloga clínica especialista em Psicologia da Gravidez e da Parentalidade, propõe uma reflexão sobre qual o lugar desta criança neste projeto, neste desejo de pa-rentalidade. O que traz para o casal e qual a situação familiar nesse momento? O que representa a criança para a mãe e

a

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9meses

26 maio 2014

para o pai em relação à própria família? Segundo a psicóloga, um homem ou uma mulher que se preparam para se transformar em pai e em mãe precisam de «dar um passo atrás para melhor sal-tar», ou seja, retirar-se ou retroceder para se reor-ganizar. A gravidez constitui este ponto de vira-gem que pode acarretar a perturbação ou mesmo a alteração de modos de ser e estar habituais. Esta opinião é partilhada por vários especialistas, no-meadamente João Justo, psicólogo especialista na vinculação da Faculdade de Psicologia e de Ci-ências da Educação de Lisboa, para quem a gra-videz é um período de crise que implica muitas mudanças de natureza diversa e em momentos diferentes, mas também um crescimento sem re-trocesso. Ser pai ou mãe implica sair da posição de filho(a) para ser um cuidador.

Durante a gravidez, o desconhecido acorda na mulher fantasias inconscientes que a podem fazer sentir-se insegura, sensível e até vulnerável. Esse processo é normal e é fundamental para que a mulher se transforme numa mãe naturalmente predisposta a ir ao encontro das necessidades do seu bebé, o que Donald Winnicott, pediatra e psicanalista infantil, denominou de «preocupa-ção materna primária».

A RELAÇÃO DO PAI COM O FILHONo homem recria-se um estado semelhante que lhe vai permitir sentir-se como pai daque-la criança, o que o ajuda a descobrir-se pronto a assumir-se como agente participante e ativo para com ela. Para a mulher, a vinculação ao fi-lho pode ser mais fácil, pois o bebé cresce dentro dela, enquanto o homem só o pode fazer ao nível do imaginário. A mãe tem aqui uma influência importante nesta relação pai-bebé, incentivando o pai a participar de forma mais próxima durante a gravidez e, mais tarde, não impedindo compe-titivamente o acesso ao filho, isto é, «permitindo ao pai ser pai», como chama a atenção Teresa Fer-reira, psiquiatra e psicanalista. Tanto os pais que esperam um filho como aqueles que cuidam dele têm de aperceber-se da força e da ambivalência dos sentimentos que acompanham a gravidez.

Investigadores asseguram que a competência e a autoconfiança como pais não são talentos ina-tos das mulheres, sendo antes adquiridos no en-volvimento de ambos os pais durante a gravidez, o que se traduz numa maior disponibilidade para perceber os sinais precoces do bebé.

Teresa Abreu, Psicóloga Clínica Violante Assude, Jornalista especializada em Saúde

Quando nasce um bebé, nasce também um pai e uma mãe.

A gravidez é também o primeiro tempo no processo de «tornar-se mãe» e «tornar-se pai».

Ser pai ou mãe implica sair da posição de filho(a) para ser um cuidador.

Não há pais perfeitos.

Depois de uma gravidez, a família já não é a mesma.

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